INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA Escola Superior...
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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
Escola Superior Agrária de Coimbra
Mestrado em Direito Alimentação e Desenvolvimento Rural
Agricultura Tropical
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
João Gomes Coimbra, Maio de 2011
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
2 Junho de 2011
Índice Índice de Tabelas ........................................................................................................................... 2
Índice de Figuras ........................................................................................................................... 2
Enquadramento Geográfico ...................................................................................................... 3
Solos .......................................................................................................................................... 3
Classificação Climática de Koeppen .......................................................................................... 6
Clima tropical ........................................................................................................................ 6
Clima temperado Frio ............................................................................................................ 6
Clima temperado quente ...................................................................................................... 6
Regiões Tropicais vs Regiões Temperadas ................................................................................ 7
Agricultura Tropical vs Agricultura Temperada ........................................................................ 9
Referencias bibliográficas ........................................................................................................... 14
Índice de Tabelas Tabela 1 -Caracterização referencia de solos................................................................................ 5
Tabela 2- Principais diferenças Edafoclimáticas entre regiões temperadas e tropicais ............... 8
Tabela 3 - Efeitos dos factores edafoclimaticos na agricultura de regiões temperadas e tropicais
....................................................................................................................................................... 9
Tabela 4 - Principais características Agricultura temperada vs Agricultura tropical................... 10
Tabela 5 - Principais culturas agrícolas nas regiões temperadas e tropicais .............................. 10
Índice de Figuras Figura 1- Divisão Climática Mundial .............................................................................................. 3
Figura 2 - Solos do Mundo ............................................................................................................ 4
Figura 3- Classificação Climática de Koeppen ............................................................................... 6
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
3 Junho de 2011
Enquadramento Geográfico
As regioes temperadas são classificadas pelo tipo de clima temperado. Estas localizam-
se na zona temperada norte entre a latitude 66º 32º N e 23º 30 N constituindo os climas
temperados frios, a zona temperada sul situa-se entre as coordenadas 23º30ºS a 66º30º S
denominando-se por clima temperado quente.
A zona temperada fria engloba a América do Norte, Europa e Àsia enquanto que a zona
temperada quente engloba América do Sul (Argentina, Chile) e Oceania.
A zona tropical situa-se entre as duas zonas temperadas e engloba América Central,
América do Sul, África, Ásia Meridional e Sudoeste Asiático.
Figura 1- Divisão Climática Mundial
Solos Os principais solos que ocorrem nas zonas temperadas são os acrisolos, luvisolos,
cambiosolos e os chemozems.
Nas zonas tropicais os solos predominantes são os solos ferraliticos.
Apresenta-se de seguida imagem e breve caracterização referencial dos solos presentes
no Mundo.
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
4 Junho de 2011
Figura 2 - Solos do Mundo
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
5 Junho de 2011
Tabela 1 –Caracterização referencia de solos
Fonte: FAO - Land Resources
DENOMINAÇÃO CARACTERIZAÇÃO REFERÊNCIA
ACRISOLSSolos com fraca acumulação subsuperficial de argila e
baixa grau de saturação
ALBELUVISOLS
Solos ácidos com horizonte lixiviado em que penetra
directamente num horizonte subsuperficial com teor de
argila alto
ALISOLSSolos com alta acumulação subsuperficial de argila e
ricos em aluminio trocável
ANDOSOLSSolos de formação jovem providos de deposição de
origem vulcânica
ANTHROSOLS
Solos em que foram submetidos numa profunda
modificação das propriedades de vido a actividades
realizadas pelo homem
ARENOSOLSSolos arenosos com uma fraca estrutura e muito pouca
formação de solo
CALCISOLSSolos com acumulação de carbonatos de calcium
secundários
CAMBISOLS Solos de estrutura fraca a moderada
CHERNOZEMSSolos com uma fina camada superficial escura, rica em
matéria orgânica com um subsolo rico em calcário
CRYOSOLS Solos com uma profundidade de 1m
DURISOLS Solos com acumulação de silica secundária
FERRALSOLS
Solos profundos, fortemente influenciados pelo clima,
quimicamente pobres mas com uma estrtura fisica de
subsolo estável
FLUVISSOLOS Solos jovens localizados em depósitos aluvionares
GLEYSOLS Solos permanentemente ou temporariamente alagados
GYPSISOLS Solos com acumulação de gesso secundario
HISTOSOLS Solos que são compostos por materiais orgânicos
KASTANOZEMS
Solos com uma camada espessa superficial rica em
matéria orgânica e um subsolo ricpo em calcáreo ou
gesso
LEPTOSOLSSolos rasos sobre rocha dura ou sobre uma superificie
não consolidada gravilhosa
LIXISOLSSolos de acumulação subsuperficial baixa de argila e
uma base altamente saturada
LUVISSOLOSSolos com acumulação subsuperficial de argilas activas
alta e uma base altamente saturada
NITISOLSSolos profundos, pardo-vermelhos ou amarelos
argilosos
PHAEOZEMSSolos com uma espessa camada superficial rica em
matéria orgânica
PLANOSOLS
Solos com uma camada sperficial lixiviada,
temporariamente saturados com um subsolo de baixa
permeabilidade
PLINTHOSOLSSolos humidos com um subsolo de composição
irreversivel de mistura de ferro, argila e quartzo
PODZOLSSolos ácidos com acumulação subsuperficial de
compostos de ferro e aluminio
REGOSOLS Solos com estrtura muito pouco desenvolvida
SOLONCHAKS Solos altamente salinos
SOLONETZSolos com acumulação subsuperfical argilosa rica em
sódio
UMBRISOLSSolos ácidos com uma camada superficial rica em
matéria orgânica
VERTISOLS Solos saturados e argilosos de cor escura
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
6 Junho de 2011
Classificação Climática de Koeppen Apresenta-se de seguida a caracterização segundo Koeppen do Clima tropical,
temperado frio e quente bem como figura que classifica em termos de clima as
diferentes regiões do planeta.
Clima tropical
Caracterizado por climas megatérmicos em que a temperatura média do mês mais frio
do ano é superior a 18 °C, não existindo estação invernosa, com forte precipitação anual
em que o principal elemento diferenciador é o facto de ser superior à evapotranspiração
potencial anual.
Clima temperado Frio
Caracterizado por Climas microtérmicos em que a temperatura média do ar no mês mais
frios é inferior a -3 °C, sendo que a temperatura média do ar no mês mais quente é
superior a 10 °C com estações de Verão e Inverno bem definidas
Clima temperado quente
Caracterizado por climas mesotérmicos, com temperatura média do ar dos 3 meses mais
frios compreendidas entre -3 °C e 18 °C, sendo que a temperatura média do mês mais
quente acima de 10 °C, compreendendo estações de Verão e Inverno bem definidas
Figura 3- Classificação Climática de Koeppen
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
7 Junho de 2011
Regiões Tropicais vs Regiões Temperadas
De modo a caracterizar a agricultura que se realiza nas regiões temperadas para as
regiões tropicais é incontornável a necessidade de começar pelo diferenciamento
climático que esta bem patente na denominação de temperado para tropical. Não só por
ser um factor que detém diferenças em todos os seus componentes como temperatura,
precipitação, vento, humidade e estações, mas o que estes em conjunto promovem na
caracterização edafica das regiões. Pode-se afirmar que o clima e os seus factores
limitam o tipo de agricultura principalmente pela sua influencia na constituição do solo.
O clima de regiões tropicais diferencia-se principalmente pela ausencia de estação
invernosa e com altos valores de pluvisidade, caracterizada pela relação entre
precipitação anual e evapotranspiração anual em que a precipitação é sempre superior à
evapotranspiração potencial anual. O clima tropical propicia fenómenos de maior
devastação e impacto nas culturas, tornando esta ainda de maior imprevisibilidade.
Nas regiões tropicais as temperaturas médias são caracterizadas por em todos os meses
do ano serem superiores a 18ºC em conjunto com noites mais quentes e longas, tendo
como consequencia um maior teor de respiração das plantas e a perda de CO2, seguido
de um fotoperiodo menor faz com que o processo fotossintético seja de menor fixação
de CO2.
Uma alta temperatura em conjunto com um teor de humidade elevado promovem um
ciclo reprodutivo das plantas e de vida dos insectos mais rápido, possibilitando em
termos agricolas um aumento de operações de colheita durante o ano inteiro mas
tambem um aumento de episodios de pragas e doenças.
As principais diferenças no que toca ás características edáficas das regiões tropicais para
as regiões temperadas prendem-se com estrutura do solo, nível de matéria orgânica,
acidez e salinidade, enquanto que os solos de regiões temperadas, face á existência de
um Inverno ganham a capacidade de retenção de humidade, com consequente aumento
de condições para que o solo sirva de reservatório de matéria orgânica e capacidade para
sua degradação gradual aumentando a fertilidade natural do solo, os solos tropicais
estão sujeitos a altos níveis de insolação o que promove uma rápida degradação da
matéria orgânica e uma alta mineralização elevando a salinidade e teor de acidez.
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
8 Junho de 2011
Promove-se assim as principais diferenças entre regiões temperadas e a tropicais no que
toca à edafoclimatologia.
Tabela 2- Principais diferenças Edafoclimáticas entre regiões temperadas e tropicais
Fonte: Autoria própria
De seguida tenta-se explicitar de forma clara e sucinta o efeito na prática agrícola de
cada um dos factores enumerados e sua diferença no que toca às regiões em causa.
Tropical Temperado
Estações 1 a 2 4
Temperatura Alta Média
Humidade Alta Média
Vento Alto Baixo
Precipitação Alta Média
Fotoperiodo Curto Alto
Intensidade de Luz Alta Baixo
Estrutura Pobre Defenida
Nivel de M.O Baixo Alto
Degradação M.O Rápida Lenta
Fertil idade natural Baixa Alta
Humidade Baixa Alta
Lixiviação Elevada Reduzida
Cli
ma
Solo
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
9 Junho de 2011
Tabela 3 - Efeitos dos factores edafoclimaticos na agricultura de regiões temperadas e tropicais
Fonte: Autoria própria
Agricultura Tropical vs Agricultura Temperada
Face ao enquadramento realizado aos factores limitantes e diferenciadores das regiões
tropicais para as regiões temperadas, importa agora especificar de uma forma geral as
principais diferenças que caracterizam os tipos de agricultura e culturas produzidas nas
zonagens propostas.
Tropical Temperado
Estações Possibilidade de culturas anuais poderem ser bi-anuais Necessidades de incorporar cultura com adaptabilidade ao frio -
as culturas são anuais
Temperatura Evaporação de água alta o que promove dificuldades de absorção
de agua no solo e plantas, eficácia do Regadio mais baixa. Em
conjunto com teores de humidades altos favoráveis ao
aparecimento de pragas e doenças
Temperatura varia conforme estação, valores que satisfazem as
necessidades dos ciclos das plantas. A existência de frio
promove uma menor propagação de pragas e doenças. A
existência de frio obriga a condições de inactividade e
hibernação fisiológica das plantas, não permitindo uma
produção constante em culturas perenes
Humidade Tendencialmente constante ao longo do ano, mas de níveis
maiores em épocas mais quentes o que promove o aparecimento
de pragas e doenças.
A humidade varia consoante as estações do ano, teor de
humidade menor nas épocas quentes, factor que limita em
comparação às regiões tropicais o impacto de doenças e pragas
Vento Aumenta a evapo-transpiração o que promove um maior
esgotamento do solo por parte das raízes. Existência de
fenómenos com grande impacto e devastação. Aumenta o grau
de imprevisibilidade
Factor com menor impacto na planificação agrícola destas
regiões, varia conforme estação, tendencialmente maior nas
estações frias
Precipitação Precipitação alta aquando maior temperatura. Períodos de
grande intensidade mas curtos. Distribuição das chuvas pelo ano
inteiro ou durante 6 meses. Promove condição essencial para um
crescimento vegetativo. Dificulta operações culturais. Promove
erosão hídrica e lixiviação de nutrientes.
Precipitação existente e limitada às estações frias, obriga a
incorporação de regadio para uma produção constante nas
épocas mais favoráveis a um crescimento vegetativo
Fotoperiodo Dias mais curtos e tendencialmente iguais pelo ano inteiro,
limita em tempo a fotossíntese diária das plantas
Maior nas épocas mais quentes o que promove uma maior
fotossíntese e produção vegetal, maiores produtividade em
culturas semelhantes, ex: milho
Intensidade de Luz Promove uma rápida degradação da matéria orgânica, afectando
a fertilidade do solo. Grande intensidade fotossintética
promovendo o esgotamento de solos por parte das raízes.
Promove a existência de sistemas consociados e agro-florestais.
Maior nas épocas quentes. Não promove a mineralização e
rápida degradação de matéria orgânica sendo um factor que
promove a disponibilidade desta em termos graduais para as
plantas.
Estrutura Solos que apesar de profundos não detêm os horizontes bem
definidos, afectando disponibilidade de agua e nutrientes às
raízes. Maior susceptibilidade a mobilizações de solo
Solos com horizontes bem definidos.
Nível de M.O
Degradação M.O
Fertilidade natural
Humidade Dada às altas temperaturas e evaporação, promove uma menor
disponibilidade hídrica ás raízes
Devido ao inverno existe a capacidade de uma retenção de
humidade grande, possibilitando condições para um bom
desenvolvimento radicular
Lixiviação Face ás grandes precipitações sentidas com consequente erosão
hidrica, uma má estrutura e uma degradação rápida da M.O, os
nutrientes têm grande susceptibilidade de serem lixiviados
limitando a sua disponibilidade para a planta
Existência de fenómenos de grande precipitação menores,
baixa degradação da M.O resulta numa capacidade de absorção
nos solos das regiões temperadas maior com consequente
aumento de disponibilidade de nutrientes para as plantas
Melhores condições de adaptabilidade a culturas. Menor
necessidade de aplicações fitossanitárias.
Factores Edafoclimáticos
Solo
Cli
ma
Um nivel baixo de M.O e consequente fertilidade natural fraca
traduz-se principalmente numa capacidade de resistencia a
ataques de pragas e doenças baixa, aumentando a necessidade
de tratamentos fitossanitários
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
10 Junho de 2011
Tabela 4 - Principais características Agricultura temperada vs Agricultura tropical
Fonte: Autoria própria
Tabela 5 - Principais culturas agrícolas nas regiões temperadas e tropicais
Fonte: Fao
Agricultura moderna e altamente
produtiva
Baixo nível de mecanização, fraco
nível de investimento agrícola
Agricultura intensiva delineada
por uma forte componente Agro-
industrial
Baixo nível de modernização geral,
excepto alguns países
Agricultura vocacionada para
indústria de transformação
Preponderância de explorações de
pequena e média dimensão
Ordenamento do território face a
estratégias agrícolas
Explorações comerciais de
monocultura para exportação
Investimento de regadio e infra-
estruturais fortes
Fazendas de grande dimensão
vistas como ostentação social
Baseada e assente em solos férteis
no geral
Propriedade da terra pouco
transparente e de má distribuição
Culturas cerealíferas predominam Agricultura de auto consumo
Agricultura altamente eficiente no
factor trabalhoMão-de-obra de baixa qualificação
Agropecuária e avicultura
desenvolvidas
Produção pecuária e leiteira de
baixo grau de desenvolvimento
Baixa taxa de população rural Taxa de população rural alta
Baixa taxa de emprego no sector
primário
Disponibilidade de mão-de-obra
agrícola
Agricultura de PrecisãoBaixo nível de agricultura
comercial
Produção alimentar promove
segurança alimentar
A produção alimentar não se
traduz numa segurança alimentar
Controlo de qualidade e higiene
existenteAcesso difícil a crédito agrícola
Uso de Sementes modificadas Latifúndios com facilidade a
credito
Utilização de RaçõesPraticas culturais ultrapassadas e
baixa produtividade
Aolicação de Fertilizantes Pecuária de baixo rendimento
Aplicação de InsecticidasBaixa aplicação de factores de
produção
Empresariado agricola
implementado
Processo produtivo promove
erosão intensa
Agricultura Temperada vs Agricultura Tropical
Trigo Cana de açucar
Milho Café
Algodão Soja
Hortofrutícolas Cacau
Soja Frutícolas
Tabaco Bovinocultura- pastagens
Gado Bovino, ovino, suíno Arroz
Centeio Floresta de madeira nobre
Aveia Banana
Cevada Feijão
Beterraba Palma
Arroz Borracha
Sorgo Chá
Cevada Tabaco
Amendoim Agro-pastoricia
Girassol Trigo
Noz Milho
Vinha Batata
Olival Inhame
Silvicultura Mandioca
Principais culturas
Agricultura Temperada vs Agricultura Tropical
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
11 Junho de 2011
Importa sublinhar que nas regiões tropicais a diversidade climática é elevada,
encontrando-se desde climas áridos a climas equatoriais, dai a capacidade de nos
trópicos ocorrer culturas com necessidades fisiológicas pouco adaptáveis a um clima
tropical como descrito por Koeppen. Em conjunto com outro factor que é a altitude os
chamados planaltos de muitos países tropicais, onde se nota uma melhoria considerável
de condições em termos de temperatura e menor variabilidade de humidade
promovendo a produção de culturas com menor incidência de pragas e doenças mas
também com uma constância maior em termos de produtividade.
De forma a caracterizar um tipo de agricultura teremos que obrigatoriamente nos
inclinar sobre o sistema fundiário das regiões e é aqui onde porventura se encontra a
grande diferença estrutural entre os dois tipos de agricultura, onde nas regiões tropicais
a posse da terra é um assunto que possibilita uma injustiça social e não permite toda
uma politica de apoio e desenvolvimento estratégico da prática agrícola. Dado que a
partir desse factor, o acesso ao crédito é negado dado não existir garantias, a limitação
de acesso a mecanismo financeiros por parte das comunidades locais limita qualquer
acção de empreendorismo privado para uma melhoria da prática agrícola e logicamente
qualquer possibilidade de expansão de área para uma maior aproveitamento e tentativa
de rentabilização em termos de escala. Qualquer ordenamento agrícola é barrado numa
realidade de campo diferente onde conflitos sociais se promovem por ocupação de terras
estatais e ou privadas. Regiões com uma fraca infra-estruturação de apoio e acesso aos
mercados não permitem o desenvolvimento de uma agricultura de vocação comercial,
promovendo-se assim uma prática agrícola de subsistência com baixo uso e aplicação de
factores de produção onde a criação de rendimento é escasso e em que a vulnerabilidade
do agricultor é de alto risco a fenómenos de pobreza e insegurança alimentar.
Em termos técnicos a principal diferença entre os dois tipos de agricultura provem do
facto da existência de Inverno. Esta estação só por si serve como elemento controlador e
recapacitante ao sobre uso do recurso natural que é o solo. O facto que ao longo do ano
nas regiões temperadas existir um período em que o crescimento vegetativo é baixo,
implica por si um menor uso do solo como também a capacidade deste renovar-se
através da capacidade de retenção de humidade e gradual degradação da matéria
orgânica. Surge então uma limitação produtiva que é de facto o que possibilitou a
formação de solos extremamente férteis e de estrutura bem definida permitindo uma
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
12 Junho de 2011
mobilização de solo com impactos menores do que em solos tropicais, em conjunto o
sistema de pousio surge também como característico de algumas regiões temperadas.
Face ás diferenças de temperatura e humidade a estabulação de animais e uma produção
mais intensiva surge nas regiões temperadas, onde a produção de forragens e o fornecer
de alimento à manjedoura evolui para sistemas de produtividade objectiva directamente
ligada á qualidade nutricional e ao fabrico das rações.
De uma forma geral pode-se afirmar que a agricultura nas regiões temperadas é de foco
comercial com uma estreita dependência do sector agro-industrial, tanto no
fornecimento de factores de produção como no escoamento dos seus produtos, enquanto
que nas regiões tropicais com excepção a grupos económicos de interesse para os
estados têm a sua implementação agrícola sobe forma de larga escala e com objectivo
de exportação, pode-se afirmar que a agricultura familiar e de media escala impera no
mundo tropical.
Na agricultura tropical surgem culturas comerciais com grande impacto no Mercado
mundial, como são o café, cana-de-açúcar, cacau, baunilha, soja e palma. Nas regiões
temperadas as culturas cerealíferas predominam.
Dada à forte insolação e teores de humidade nas regiões tropicais é bem patente e
reconhecido o teor elevadíssimo de biodiversidade. Como espécies florestais encontra-
se nestas regiões as chamadas madeiras nobres, de exemplo o mogno, e de construção
naval, caracterizadas pelo alto valor de densidade da madeira, como é a teca. É
característico os sistemas agro-florestais, sejam eles de transição ou de produção
permanente, destes realçam-se a produção de café, o palmar com criação de gado e os
sistemas forrageiros com espécies arbóreas leguminosas. A consociação de culturas é
outro factor actual de diferenciação para as duas regiões, pratica que tem como
principais exemplos nas regiões tropicais o milho com feijão e milho com sorgo.
Os solos ácidos são característicos das regiões tropicais dadas às condições climáticas a
que estão sujeitos e a todo o processo de formação das suas camadas. Face às
dificuldades estruturais de fornecimento de factores de produção a incorporação de cal
para correcção de solos é uma prática com peso muito superior numa conta de cultura
comparativamente às regiões temperadas, não só por os níveis de cal por hectare a
incorporar tem que ser obrigatoriamente mais altos e durante mais tempo mas porque a
própria cal atinge preços exorbitantes, promove-se assim as chamadas rotações de
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
13 Junho de 2011
culturas onde a inserção de culturas esgotantes intercaladas com culturas melhoradoras
promovem uma recuperação do solo em termos de fertilidade, com fixação de azoto, as
diferentes exigências nutricionais das plantas, as diferentes profundidade de raízes e
consequente aeração do solo, com a incorporação de palhas e restolhos ou a técnica de
sementeira directa, levam a um restabelecimento e correcção natural do solo, onde se
apresenta como exemplos milho-soja-sorgo, milho-mandioca-feijão.
Apesar de nesta análise comparativa não ficar demonstrado, a tendência em termos de
produção agrícola e a sua importância regional tende a deslocar-se para as regiões
tropicais, em que como exemplo aparece o Brasil. Não só pelo facto de serem regiões
com um subaproveitamento agrícola mas onde se espera que seja ai que irá existir um
aumento demográfico acentuado, dai necessidade dessas regiões implementarem
técnicas de índole mais moderna e produtiva, mas também e como ficou demonstrado,
com a necessidade e quase obrigatoriedade, face à vulnerabilidade dos sistemas agrários
a fenómenos de erosão e salinização, de implementar técnicas de conservação e
protecção de solo.
Agricultura Tropical versus Agricultura de Zonas Temperadas
14 Junho de 2011
Referencias bibliográficas
http://www.fao.org/nr/climpag/globgrids/KC_classification_en.asp
http://www.generationcp.org/
http://www.fao.org/ag/agl/agll/wrb/wrbmaps/htm/soilres.htm
Fao - sitio Land Resources disponível em http://www.fao.org/nr/land/en/ e
http://www.fao.org/ag/agl/agll/wrb/soilres.stm
Dixon,J Farming Systems and Poverty disponivel em :
ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/003/y1860e/y1860e00.pdf