Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro...
Transcript of Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro...
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical
Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de
floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro,
Roraima, Brasil.
Juan Gabriel Soler Alarcón
2005
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de JaneiroEscola Nacional de Botânica Tropical
Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de
floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro,
Roraima, Brasil
Juan Gabriel Soler Alarcón
Dissertação apresentada ao Programa dePós-Graduação em Botânica, EscolaNacional de Botânica Tropical, doInstituto de Pesquisas Jardim Botânicodo Rio de Janeiro, como parte dosrequisitos necessários para a obtenção dotítulo de Mestre em Botânica.
Orientador: Ariane Luna Peixoto
Rio de Janeiro2005
ii
Levantamento florístico e etnobotânico em um hectare de
floresta de terra firme na região do Médio Rio Negro,
Roraima, Brasil.
Juan Gabriel Soler Alarcón
Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de BotânicaTropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, comoparte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof. Dra. Ariane Luna Peixoto - Orientador
Prof. Dra. Alpina Begossi
Prof. Dra. Rejan R. Guedes Bruni
Em 23/02/2005
Rio de Janeiro2005
iii
Soler Alarcón, Juan GabrielS685L Levantamento florístico e etnobotânico em
um hectare de floresta de terra firme na região doMédio Rio Negro, Roraima, Brasil. – Rio deJaneiro, 2005.
ix, 121 f. : il. ; 28 cm.
Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas JardimBotânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical,2005.
Orientadora: Ariane Luna Peixoto.Banca examinadora: Alpina Begossi, Rejan R. Guedes Bruni.Bibliografia.
1. Etonobotânica. 2. Florística. 3. Fitossociologia. 4. FlorestaAmazônica. 5. Plantas úteis. I. Título. II. Escola Nacional de BotânicaTropical.
CDD 581.61
iv
Este trabalho é dedicado a
meus pais, Germán e Myriam, e a meu irmão por me apoiarem e acreditarem sempre emmim;
ao povo brasileiro que abriu as portas do país, desde que nele pisei, permitindo-mecaminhar nesta terra maravilhosa;
à comunidade de Caicubi por ter me acolhido e compartilhado comigo aventurasinesquecíveis.
v
Agradecimentos
Quero agradecer especialmente à Ariane Luna Peixoto pela excelente orientação
e paciência que teve comigo durante este etapa especial da minha vida. A minha família
por terem apoiado sempre, mesmo nos momentos difícies. Ao Beto e à Pascale pelo
apoio que me deram quando cheguei no Rio de Janeiro. Ao instituto Caiuá por financiar
o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter acreditado em nosso trabalho. À
comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a Ernane Fontes Barbosa pela
ajuda e dedicação no campo, a Pedrinho Jazinto Ogasti “Wilson”, José dos Santos
“Passarinho”, Juzelino Ferreira da Silva, Duacir de Melos das Chagas “Gavião”, Elio
Brasão “Gari”, Arlindo Mendes da Costa, Elizabeth Araújo da Costa, Plinia de Melo,
Alberto Cerrão dos Santos “Mutum” e Esteban Brás Monteiro pela colaboração e
dedicação no campo; a Mana Fé por ser uma das mulheres mais bondosas que eu já
conheci durante minha vida. Aos meninos da comunidade pelas altas pescarias que
realizamos durante meu transcurso na comunidade. A Santiago Palacios, um grande e
velho amigo, que me acolheu em Manaus, fazendo me sentir em casa. A Maria de Paula
por compartir momentos inesquecíveis no Rio de Janeiro e me ensinar coisas que os
livros não podem. A todos meus companheiros do mestrado que tantas estórias
vivemos. Aos parceiros do Anexo que virou um lugar de irmandade e camaradagem,
Valeu irmãos! A Daniela Caride fiel parceira de escalada que passamos por aventuras
inesquecíveis no estado do Rio de Janeiro virando irmãos para sempre. Ao Programa de
Pos-graduação do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela
oportunidade de realização do trabalho. A secretaria da ENBT por todo o apoio
logístico durante estes dois anos. A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável apoio no herbário
do INPA. A Pablo Assunção pelo auxílio na confirmação das identificações no herbário
do INPA. Aos especialistas Alberto Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro,
vi
Michael Hopkins pela identificação de espécies de famílias de suas especialidades. A
CAPES pela bolsa de mestrado concedida.
vii
Resumo
Este estudo trata sobre a florística, fitossociologia e etnobotânica das plantas
(indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas) com DAP > 10cm encontradas em 1ha de
floresta de terra firme na zona de interflúvio Rio Negro-Rio Branco (01°01’43”S,
62°05’21”W), município de Caracaraí, estado de Roraima, Brasil. Na florística e
fitossociologia encontrou se que a altura média da floresta foi de 16,63m, com árvores
emergentes que alcançaram alturas de 58m, 48m e 47m. Foram encontrados 544
indivíduos pertencentes a 194 espécies, das quais cinco estavam representadas por
lianas e duas por hemiepífitas. A família de maior riqueza específica foi Leguminoseae.
A espécies com densidade maior foi Clathrotropis macrocarpa. No total 17 famílias e
76 gêneros estiveram representadas por apenas uma espécie; enquanto 40 gêneros e 106
espécies estiveram representados por apenas um indivíduo. A família com maior Valor
de Importância (VI) foi Leguminosae. O maior VI para as espécies foi encontrado em
Clathrotropis macrocarpa. A área basal total encontrada foi de 26,35m2. O índice de
Shannon (H’) encontrado foi de 4,66 e a equabilidade (J) de 0,88. A região de
interflúvio entre o Rio Branco e o Rio Negro, em relação à flora era dita como
insuficientemente conhecida mais de provável importância. Os dados e informações
aqui apresentados e discutidos apontam a importância florística da floresta de terra
firme desta área. Na etnobotânica realizou-se um estudo com os caboclos da vila de
Caicubí, município de Caracaraí, envolvendo o seu conhecimento sobre as espécies com
indivíduos com DAP > 10 cm no hectare de floresta de terra firme. Foram entrevistados
11 informantes chaves com idades entre 34 a 74 anos. Foram analisadas 191 espécies
das quais 187 (98%) mostrarão ser de alguma utilidade; das 43 famílias encontradas, 42
(98%) apresentam espécies úteis. A família com maior valor de uso para comunidade
foi Arecaceae. A espécie com maior valor de uso foi Bertholletia excelsa. As
Arecaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaram em várias
categorias de uso. As categorias com maior valor de uso foram combustível, tecnologia
e construção, sendo tecnologia a categoria com maior quantidade de usos. O valor de
uso médio por espécie foi de 1,6. Os recursos mais utilizados da floresta foram madeira,
folhas e espinho e exsudatos.
viii
Abstract
A floristic, phytosociolocal and ethnobotanical inventory of plants (trees, lianas and
hemiepiphytes) with DBH > 10 cm was realized in a 1ha. of terra firme forests in the
region between Rio Negro-Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W). In the floristic and
phytosocilogical inventory were found that the media height of the forest was 16,63m,
with canopy trees of 58m, 48m e 47m. The plot had 544 individuals, 194 species, of
which five were represented by lianas and two by hemiepiphytes. The richest family
was Leguminoseae. The species with highest density was Clathrotropis macrocarpa. A
total of 17 families and 76 genera were represented only by one species; meanwhile 40
genera and 106 species were represented only by one individual. The family with the
highest important value (IV) was Leguminoseae. The highest IV for the species was
found in Clathrotropis macrocarpa. The basal area was of 26,35 m2. The Shannon
Index (H’) found was of 4,66 and the equitability (J) 0,88. This region that is localized
between the rivers Rio Branco and Rio Negro is been poorly studied with respect of the
flora but it is been said of probable importance. The data and information presented in
this study shows the floristic importance of terra firme forest in this area. In the
ethnobotanical inventory results are presented with the caboclos of the village of
Caicubi, Caracarai county, state of Roraima. The study involved the knowledge of the
caboclos among the species, with individuals of DBH > 10 cm, in a 1ha of terra firme
forest. A total of 11 informants were interviewed with ages between 34 and 74 years
old. From the 191 species analyzed, 187 (98%) were useful for the caboclos. The family
with the highest use value for the community was Arecaceae. The species with the
highest used value was Bertholletia excelsa. The Arecaceae, Lecythidaceae and
Sapotaceae were the families that show the highest use values between the categories of
use. The categories with the highest use values were firewood, technology and
construction; technology was the category with the more uses. The mean use value for
species was 1,6. The resources more utilized in the forest were wood, leaves, spines and
exudates.
ix
Sumário
Resumo...........................................................................................................................viii
Abstract............................................................................................................................ix
Introdução Geral………………………....……………....................................................1
Referências Bibliográficas.................................................................................................3
Artigo. Florística e Fitossociologia de um Hectare de Floresta de Terra Firme no Estado
de Roraima, Amazônia, Brasil...........................................................................................4
Resumo..................................................................................................................6
Abstract..................................................................................................................7
Introdução..............................................................................................................8
Materiais e métodos.............................................................................................10
Área de estudo..........................................................................................10
O método..................................................................................................12
Resultados e discussão.........................................................................................14
Conclusão.............................................................................................................42
Agradecimientos..................................................................................................43
Referências Bibliográficas...................................................................................43
Artigo. Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos Caboclos da
Vila de Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil.................................................................47
Resumo................................................................................................................48
Abstract................................................................................................................49
Introdução……….......…………………………………………………….........49
Área de estudo ....................................................................................................51
Métodos...............................................................................................................52
Resultados e discussão.........................................................................................56
Conclusões ..........................................................................................................91
Agradecimentos...................................................................................................93
Referências Bibliográficas...................................................................................93
Anexo 1................................................................................................................96
Conclusões e recomendações........................................................................................115
Anexo.............................................................................................................................116
x
Introdução Geral
A região de influência do Rio Negro exibe extensas áreas intactas de floresta. Duas
características de sua vegetação merecem destaque: a alta diversidade em uma região de solos
extremamente pobres e o grande número de espécies endêmicas (Oliveira et al. 2001).
A região do Rio Negro constitui-se em um grande laboratório para pesquisas, pois a sua
extensa área de floresta tropical ainda está pouco fragmentada pela ação do homem. Esse fato
reveste-se de importância, especialmente para o futuro, tendo em vista que ainda é possível
planejar a ocupação e o uso de seu solo, buscando conciliar a utilização dos recursos naturais e a
conservação da biodiversidade, garantindo assim a continuidade da floresta com toda a sua
riqueza (Vicentini, 2001).
A densidade demográfica, 1,3 habitante por 100 hectare, vem se alterando pelo rápido
crescimento populacional no baixo Rio Negro. A extração de madeira e de outros produtos
naturais e a queima de áreas para o plantio e criação de pastagens direcionadas à pecuária, vêm
provocando a destruição de grandes trechos da floresta (Zeiderman, 2001). O bem-estar das
populações tradicionais locais será sacrificado se não se criar mecanismos para estabelecimento
de áreas mínimas necessárias para conservação. Um bom conhecimento botânico da Amazônia é
imprescindível para todas as atividades relacionadas ao uso e à conservação da floresta
(Vicentini, 2001).
Atualmente a Bacia do Rio Negro é ocupada por dois grupos principais: o índio e o
caboclo. Apesar de existirem diferenças marcantes entre estes dois grupos étnicos, semelhanças
amplamente difundidas podem ser apontadas, destacando-se a similaridade na agricultura de
corte-queima com base no cultivo da mandioca, dieta baseada principalmente em proteína
fornecida por animais silvestres, baixa densidade populacional, uma cultura de tecnologia
material simples, incluindo ferramentas e utensílios de fibras vegetais (German, 2001).
Diversas e complexas estratégias de utilização de recursos transformam o ambiente em
uma rica base de subsistência para esses povos (German, 2001). Entretanto, a alta diversidade
biológica condicionada à baixa densidade da maioria das espécies vegetais e animais dificulta a
atividade de coleta e extração e determina uma relação custo-benefício, na maioria dos casos,
desfavorável à exploração intensa de um único recurso (German, 2001). Soma-se a isto o fato dos
solos alagáveis do Rio Negro serem muito ácidos e pobres em nutrientes, não se prestando para a
agricultura. Assim diversas adaptações culturais a essas características ecológicas fundamentam
1
as práticas de subsistência das populações tradicionais, erroneamente percebidas como primitivas
(German, 2001). Nesse contexto, o extrativismo é parte de um sistema diversificado e integrado
nas práticas de subsitência, junto com a agricultura, a pesca, e outros, e não se constitui em uma
atividade isolada de sutento (German, 2001).
O projeto que originou a presente dissertação teve o objetivo de 1) estudar a florística e a
estrutura de um trecho de um hectare de floresta de terra firme na região do médio Rio Negro e 2)
identificar as espécies vegetais utilizadas por uma comunidade de caboclos ribeirinhos que
habitam a vila de Caicubi, no igarapé Caicubi, afluente do Rio Jufari, determinando a importância
e o valor de uso das espécies.
Tal conhecimento poderá ajudar na implementação de projetos de sustentabilidade da
floresta, visando à conservação da Bacia do Rio Negro. Também poderá auxiliar projetos já em
desenvolvimento em comunidades da Amazônia, com aporte de novos conhecimentos sobre
comunidades tradicionais amazônicas.
O projeto também se insere no conjunto de estudos já realizados no Brasil sobre
comunidades de ribeirinhos amazônicos, dando continuidade à busca de conhecimento sobre o
saber destas comunidades tradicionais. O Ministério do Meio Ambiente em 2001 listou 168
trabalhos publicados sobre caboclos/ribeirinhos amazônicos. Destes trabalhos 54 (32,1%)
envolveram estudos de etnoconhecimento (Diegues & Arruda, 2001). A comunidade que habita a
vila de Caicubi ainda não foi contemplada com estudos desta natureza. A região de interfluvio
Rio Branco-Rio Negro é apontada como área de alta importância biológica, prioritária para
conservação da biodiversidade, com ausência de unidades de conservação é reconhecida como de
Alta Importância Biológica para aves, mamíferos, répteis e anfíbios (Capobianco, 2001). As
florestas da região são ditas como prioritárias para inventários, sendo classificadas como uma
Área Insuficientemente Conhecida mas de Provável Importância (Capobianco, 2001).
Optou-se pela apresentação dos resultados da pesquisa na forma de dois artigos
científicos. O primeiro deles, intitulado “Florística e fitossociológia de um hectare de floresta de
terra firme no estado de Roraima, Amazônia, Brasil” trata do inventario das espécies arbóreas,
lianas e hemiepifitas com diâmetro igual ou maior de 10 cm ocorrentes em 1 ha. de floresta de
terra firme. Buscou, além do inventário florístico, determinar a riqueza, densidade, freqüência,
dominância e valor de importância das espécies da área. Este artigo foi submetido à revista
científica Acta Amazônica, publicada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, e está
2
apresentado segundo as normas da revista.
O segundo artigo, intitulado “Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos
Caboclos da Vila de Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil” trata da identificação das espécies
vegetais de terra firme utilizadas pela comunidade de caboclos da vila de Caicubi e da
compreensão e importância das espécies vegetais do ponto de vista da comunidade de Caicubi.
No artigo buscou-se resgatar, sistematizar e categorizar as informações sobre as espécies vegetais
ocorrentes em 1 ha. de floresta de terra firme utilizadas pela comunidade de Caicubi, calculando
o valor de uso. Este artigo será enviado para a revista científica Economic Botany, publicada pelo
New York Botanical Garden.
Referências Bibliográficas
Capobianco, J.P.R. (Org.). 2001. Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Ed. Estação
Liberdade/Instituto Socioambiental. São Paulo, SP. 540 p.
Diegues A.C. & Arruda R. S. V. 2001. Saberes Tradicionais e Biodiversidade no Brasil.
Biodiversidade 4. Ministério do Meio Ambiente. Brasília. 176 p.
German L. 2001. Cap. 7. Formas Tradicionais de Exploração e Conservação das Florestas. In:
Oliveira A.A. & Daly, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden,
New York. 221-253
Oliveria A.A., Daly D. C., Vicentini A., Cohn-Haft M. 2001. Cap. 6. Florestas sobre Areia:
Campinaranas e Igapós. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.). Florestas do Rio Negro. The New
York Botanical Garden, New York. 179-219
Vicentini A. 2001. Cap. 5. As Florestas de Terra Firme. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.). 2001.
Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 143-177
Zeidermann V.K. 2001. Cap. 2. O Rio das Águas Negras. In: Oliveira A.A.& Daly, D. (ed.).
Florestas do Rio Negro. The New York Botanical Garden, New York. 61-87
3
Artigo
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLÓGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA
FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL
4
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA
FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL¹,²
Juan Gabriel Soler ALARCÓN³
Ariane Luna PEIXOTO4
¹Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, desenvolvida na Escola Nacional de
Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
² Apoio financeiro e logístico da Fundação Caiuá de Gestão Ambiental.
³ Mestrando, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.Bolsista Capes;
4 Pesquisadora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão
2040, 22460-038, Horto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Bolsista CNPq.
5
FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE UM HECTARE DE FLORESTA DE TERRA
FIRME NO ESTADO DE RORAIMA, AMAZÔNIA, BRASIL
RESUMO. São apresentados dados florísticos e fitossociológicos de 1 ha. de floresta de terra
firme localizada na região do baixo Rio Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W), Roraima, Brasil. A
amostragem incluiu os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas com DAP > 10cm. A altura
média da floresta é de 16,63m, com árvores emergentes que alcançaram alturas de 58m, 48m e
47m. Foram encontrados 544 indivíduos pertencentes a 194 espécies, das quais cinco estavam
representadas por lianas e duas por hemiepífitas. As famílias de maior riqueza específica foram
Leguminoseae, Cecropiaceae, Burseraceae, Chrysobalanaceae e Moraceae. Os gêneros de maior
riqueza específica foram Pourouma, Inga, Licania, Protium e Pouteria. As espécies com
densidades maiores foram Clathrotropis macrocarpa, Bocageopsis multiflora, Eschweilera
coriacea, Euterpe precatoria, Inga alba, Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata. Dezessete
famílias e 76 gêneros estiveram representados por apenas uma espécie; 40 gêneros e 104 espécies
representados por apenas um indivíduo. As famílias com maiores Valor de Importância (VI)
foram Leguminosae, Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae e Arecaceae. Os maiores VI para
espécies foram encontrados em Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis
multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria. A área basal total encontrada foi de
26,35m2. O índice de Shannon (H’) encontrado foi de 4,66 e a equabilidade (J) de 0,88. A região
de interfúlvio entre o Rio Branco e o Rio Negro, em relação à flora era dita como
insuficientemente conhecida, mas de provável importância. Os dados e informações aqui
apresentados e discutidos comfirmam a importância florística da floresta de terra firme desta
área. Também se procura fornecer dados que permitirão comparar esta pesquisa com outras
similares, realizadas na Amazônia.
6
Palavras-chave – inventário florístico, estrutura fitosociologica, floresta de terra firme,
Amazônia brasileira.
ABSTRACT. (Floristic compositon and structure in one hectare of terra firme forest, state of
Roraima, Amazon, Brazil) A quantitative floristic and phytosociological inventory in a 1 ha. of
terra firme forests were conducted in the region of the lower Rio Branco (01°01’43”S,
62°05’21”W), Roraima State, Brazil. This study included trees, lianas and hemiepiphytes with
dbh > 10cm. The media height of the forest was 16,63m, with canopy trees of 58m, 48m e 47m.
The plot had 544 individuals, 194 species, of which five were represented by lianas and two by
hemiepiphytes. The richest families were Leguminoseae, Cecropiaceae, Burseraceae,
Chrysobalanaceae and Moraceae. The richest genera were Pourouma, Inga, Licania, Protium e
Pouteria. The species with highest densities were Clathrotropis macrocarpa, Bocageopsis
multiflora, Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria, Inga alba, Pourouma cf. tomentosa subsp.
apiculata. A total of 17 families and 76 genera were represented by only one species; 40 genera
and 104 species by only one individual. The families with the highest important value (IV) were
Leguminosae, Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae e Arecaceae. The highest IV for the
species was found in Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis multiflora,
Eschweilera coriacea, Euterpe precatoria. The basal area was of 26,35m2. The Shannon Index
(H’) found was of 4,66 and the equitability (J) 0,88. This region, which is localized between the
rivers Rio Branco and Rio Negro is said to have been poorly studied with respect of the flora but
of probable importance. The data and information presented shows the floristic importance of the
forest of terra firme in this area and looks forward to provide tools that will permit to compare
this study with similar ones carried out in the Amazons.
Key words – floristic composition, structure phytosociology, terra firme forest, Brazilian
Amazon.
7
Introdução
A região Amazônica ocupa uma área aproximada de seis milhões de km2 na América do
Sul, dos quais cerca de 60% encontra-se em território brasileiro (Pires, 1980). O relevo é um dos
fatores principais para determinar o tipo de vegetação, e esta está dividida em dois grupos
principais: a vegetação de terra firme e a vegetação que sofre inundação (Pires & Prance, 1985).
Outra forma prática para expressar as diferenças entre tipos de vegetações é de correlacionar as
diferenças entre índices de biomassa: tipos de vegetação similar contém aproximadamente a
mesma biomassa (área basal por hectare)(Pires & Prance, 1985). Com estes dois fatores Pires &
Prance (1985) dividem os principais tipos de vegetação na Amazônia. O presente estudo foi
desenvolvido em floresta densa de terra firme, segundo esta classificação e muitas vezes chamada
na literatura de floresta de terra firme (Milliken, 1998; Campbell et al. 1986; Ferreira & Prance,
1999, entre outros). As florestas de terra firme são reconhecidas no sistema de Veloso et al.
(1991) como Florestas Ombrófilas Densas.
Embora a literatura hoje disponível sobre inventários florísticos e fitossociológicos em
florestas de terra firme, várzea e igapó seja considerável, muitas vezes é difícil comparar os
resultados entre os diferentes inventários devido à diferença entre os métodos empregados, os
critérios de inclusão de indivíduos e a grande diversidade local.
Campbell et al. (1986) tecem comentários sobre a dificuldade de se fazer comparações
entre diferentes inventários realizados na Amazônia por muitos deles utilizarem distintos critérios
de inclusão. Apresentam uma tabela contendo 20 inventários realizados, incluindo o deles, que
amostraram entre 0,5 e 3,8ha com formato de área variado e critério de inclusão, entre 8 e 15cm
de DAP.
Oliveira & Nelson (2001), fazem uma analises da composição florística, a nível genérico,
entre 12 localidades da Amazônia Brasileira, uma na Bolívia e uma Costa Atlântica Brasileira
8
com base em inventários publicados. Não analisaram os dados a nível específico por
reconhecerem a existência de problemas de indentificação botânica e nomenclatura das espécies.
Nelson & Oliveira (2001) escrevendo sobre o estado de conhecimento florístico da
Amazônia, comentam sobre inventários quantitativos de árvores em florestas de terra firme e em
florestas periodicamente inundadas, desde os primeiros realizados na região em 1934, até os mais
recentes. Apresentam uma tabela síntese de 37 destes inventários. Comentam sobre as
dificuldades para comparações entre os diferentes estudos devido à variedade de metodologias,
principalmente quanto à forma e tamanho da área amostral e diâmetro de inclusão. Ressaltam as
dificuldades de se obter boas amostras de material testemunho e a complexidade de identificações
destas amostras, o que dificulta ainda mais as comparações florísticas e estruturais ao nível de
espécies.
Embora já seja significativo o conhecimento sobre a florística e a estrutura da floresta
Amazônica, quando se considera o tamanho e a diversidade biológica da região, a informação
ainda é insuficiente para uma interpretação satisfatória da fitogeografia e da fitossociologia da
Amazônia (Milliken, 1998). Na revisão de literatura sobre inventários apresentada por Nelson &
Oliveira (2001), não há nenhuma citação para trabalhos realizados em Roraima. Entretanto, a
região de interfúlvio Rio Branco-Rio Negro, onde o presente trabalho foi realizado, é apontada
como área de alta importância biológica, prioritária para biodiversidade, com ausência de
unidades de conservação, é reconhecida como de Alta Importância Biológica para aves,
mamíferos, répteis e anfíbios. Também suas florestas são ditas como prioritárias para inventários,
sendo reconhecidas como uma Área Insuficientemente Conhecida, mas de Provável Importância
(Capobianco, 2001).
O presente estudo objetivou a busca de conhecimento sobre a estrutura e a composição
florística de um hectare da floresta de terra firme, considerando-se apenas árvores, lianas e
9
hemiepífitas arbóreas com diâmetro altura do peito (DAP) > 10cm. Esta pesquisa faz parte de um
estudo etnobotânico que visa identificar a utilização das espécies do trecho de floresta estudado
pela comunidade ribeirinha da vila de Caicubi. Os dados e informações aqui apresentados e
discutidos visa contribuir também para uma futura interpretação mais acurada do vasto espaço
florestado da Amazônia, fornecendo ferramentas para a conservação.
Materiais e Métodos
Área de estudo
O estudo foi realizado em um hectare de floresta de terra firme, localizado próximo à vila
Caicubi (com coordenada central de 01°01’43”S e 62°05’21”W, altitude de 50 msnm). Esta vila,
habitada por 400 pessoas em 72 famílias (Com. Pes. Orange Ferreira), localiza-se na margem do
igarapé Caicubí, afluente do rio Jufarí, na região do baixo Rio Branco (interfluvio Rio Branco/
Rio Negro), município de Caracaraí, Roraima (Fig. 1). As cidades mais próximas à vila de
Caicubi são Barcelos e Manaus (Amazônia) localizadas no Rio Negro, e Caracaraí, Roraima no
Rio Branco. Segundo a classificação de Veloso et al. (1991), a área de estudo caracteriza-se
como Floresta Ombrófila Densa das terras baixas e segundo a classificação de Pires & Prance
1985 a floresta densa de terra firme.
10
Figura 1 Mapa de localização do trecho de floresta de terra firme próximo à vila de Caicubi,Município de Caracaraí, Estado de Roraima, Brasil.
Vila Nova et al. (1976), apresentam dados climatológicos de Barcelos (0o59’S, 62o55’W)
onde se localiza a estação meteorológica mais próxima a Caicubi e apontam, em uma série de 30
anos (1931-1960), temperatura media anual de 26 °C; pluviosidade média anual de 1999 mm,
sendo os meses mais chuvoso s abril, maio e junho; umidade relativa de 86%. O clima da região é
tipicamente quente e úmido (Afi de Köepen). O trabalho desenvolvido pelo RADAMBRASIL
(1978) identifica o trecho estudado como pertencente à Formação Solimões;
geomorfologicamente está classificado como Interflúvio tabular de relevo de topo aplainado, cujo
solo é do tipo Latossolo Amarelo Álico (RADANBRASIL, 1978).
A escolha do trecho selecionado para o estudo foi feita numa área que, de acordo como a
população local, teve pouca intervenção, tendo sido extraídos produtos não madeiráveis,
principalmente de espécies como: açaí (Euterpe precatória), bacaba (Oenocarpus bacaba), cipó
11
titica (Heteropsis cf. flexuosa), arumã (Ishnosiphon sp.), castanha (Bertholletia excelsa), ubim
(Geonoma spp.).
O método
O método escolhido para o estudo florístico e fitossociológico foi o de parcelas, de modo
geral empregado em estudos similares na Amazônia (Campbell et al. 1986, Milliken, 1998,
Ferreira & Prance, 1999, entre outros). Na área previamente escolhida delimitou-se 1 ha. em
forma de retângulo (200m x 50m), sob oreintação Norte-Sul subdividido em parcelas de 10m x
10m. Optou-se por um retângulo, pois ao tentar se delimitar um quadrado de 100m x 100m se
encontrou castanhais nos quais a população local coleta frutos e para tal limpam parcialmente um
trecho correspondente ao diâmetro das copas das castanheiras. Mas a diferença de forma da
parcela entre quadrado e retângulo, das dimensões empregadas, parece não influenciar
significativamente analises relativas à riqueza de espécies (Laurance et al. 1998); retângulos mais
estreitos (10m x 1000m), entretanto, podem capturar maior riqueza (Laurance et al. 1998).
Dentro das parcelas foram numerados seqüencialmente, com pequenas placas de material
plástico, todos os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitas com diâmetro a altura do peito
(DAP) > a 10cm. Quando as árvores apresentavam sapopemas, o DAP foi medido acima destas.
Para todos os indivíduos anotou-se em planilhas dados de altura total, altura do fuste, DAP e
características morfológicas, como cor do ritidoma, exsudatos (látex, seiva, resina, goma), odor,
ou outros caracteres que pudessem auxiliar na identificação, bem como o nome popular. No
período de novembro de 2003 a fevereiro de 2004, em duas estadias que totalizaram 56 dias na
vila de Caicubi, foram coletados ramos de todas as morfo-espécies, com exceção Astrocaryum
aculeatum, Attalea maripa, Euterpe precatoria, Oenocarpus bacaba e Jacaranda copaia. A
12
coleta foi realizada com tesoura de alta poda e, para os indivíduos com copas acima de 14 m, foi
necessário escalar as árvores utilizando peconha, técnica amplamente utilizada pelos habitantes
da região, para a coleta de alguns recursos vegetais das palmeiras de açaí (Euterpe precatoria),
bacaba (Oenocarpus bacaba) e patauá (Oenocarpus bataua), entre outras. As amostras botânicas
foram prensadas em jornal e preservadas em álcool durante todo o período de permanência no
campo. Após cada um dos dois períodos no campo as amostras foram secas em estufa nos
laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). A coleção completa das
amostras foi depositada no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e duplicatas de
exemplares férteis encontram-se depositadas no herbário do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA).
A identificação taxonômica foi realizada inicialmente no campo, utilizando-se dois
manuas de campo muito empregados em identificação de árvores (Gentry, 1993; Ribeiro et al.
1999). As identificações foram realizadas com literatura especializada e comparando as amostras
coletadas com exemplares depositados nos herbários do INPA e RB. Para algumas famílias as
identificações foram confirmadas pelos seus especialitas: Lauraceae (A. Vicentini ), Burseraceae
(D. Daly), Moraceae (J. E. Ribeiro) e Leguminoseae (M. Hopkins). Não foi possível identificar
três espécimes as quais foram tratadas como um grupo à parte, denominado Indeterminadas.
Estes espécimes permaneceram desfolhados durante toda a permanência em campo, o que
impossibilitou também suas coleta para constituir exemplares testemunhos. Três morfo-espécies,
idênticas a táxons ainda não descritos táxonômicamente, porém citados em Ribeiro et al. (1999),
são citadas como nesta obra (Ocotea sp. E, Aniba aff. williamsii, Qualea sp.1).
O tratamento das famílias adota o sistema de classificação de Cronquist (1981), exceto
para Leguminosae que foi considerada como família única, como indicadod por Polhill & Raven
(1981). Optou-se por este procedimento para possibilitar uma melhor comparação entre o trecho
13
estudado e outros estudos realizados na região Amazônica. A grafia dos nomes das espécies foi
conferida em revisões taxonômicas ou no Index Kewensis, versão on line. Os nomes dos autores
dos táxons encontram-se abreviados segundo Brummit & Powel (1992). Os nomes populares
foram indicados por 11 colaboradores da vila de Caicubí que auxiliaram nos trabalhos de campo.
O programa Fitopac 1 (Shepherd, 1995) foi utilizado para analisar os parâmetros
fitossociológicos. No caso das espécies e das famílias foram calculados os valores absolutos e
relativos de densidade, freqüência e dominância e os valores de importância (VI) (Müller-
Dombois & Ellenberg, 1974), assim como o índice de diversidade de Shannon (H’) e a
Equabilidade (J) (Magurran, 1988).
Resultados e discussão
No trecho de um hectare de floresta de terra firme foram encontrados 544 indivíduos,
distribuídos em 43 famílias, 106 gêneros e 192 espécies. Com respeito ao hábito, 185 eram de
espécies arbóreas (em 100 gêneros), seguido pelas lianas com cinco espécies (em 4 gêneros e
uma indeterminada) e hemiepífitas com duas espécies (em dois gêneros).
A Tabela 1 apresenta as espécies ocorrentes na área de estudo, em ordem alfabética de famílias,
juntamente com os nomes populares pelos quais são reconhecidas pelos moradores locais e seus
respectivos números de coleta do exemplares testemunhos.
14
Tabela 1. Espécies arbóreas, lianas e hemiepífitas com DAP >10cm amostradas em 1 ha. defloresta de terra firme na vila de Caicubi, Caracaraí, Roraima, Brasil,, seus nomes comunsutilizados localmente e número de coleta de Juan G. Soler A. (hemiepífita*, lianas**, nomesutilizados por Ribeiro et al. ***).
FAMÍLIAS/ESPÉCIES NOMES POPULARES NoCol.
ANACARDIACEAETapirira guianensis Aubl. 132
ANNONACEAEBocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr Envira-surucucu, envira-ferro, envira-
preta4
Fusaea longifolia Safford. envira-ferro 160Guatteria citriodora Ducke Envira-pimenta, envira 44Xylopia aff polyantha R.E.Fr. Envira-preta, envirera 12Xylopia amazonica R.E.Fr. Envira-vasourinha, envira-surucucu-
vermelha40
APOCYNACEAEAmbelania acida Aubl. Pepino-do- mato 7Couma guianensis Aubl. Sorva, sorvão 57Odontadenia cognata (Stadelm.)Woodson **
Cipó-cururu 141
Rhigospira quadrangularis Miers. Balatarana 204
AQUIFOLIACEAEIlex divaricata Mart ex Reiss. 86
ARALIACEAESchefflera morototoni(Aubl.)Maguire,Steyerm. & Frodin
Morototo, murucututu 8
ARECACEAEAstrocaryum aculeatum Wallace Tucumã S/CAttalea maripa Mart. Inajá S/CEuterpe precatoria Mart. Açaí S/COenocarpus bacaba Mart. Bacaba, bacabeira S/C
BIGNONIACEAEJacaranda copaia D.Don Para-pará S/C
BOMBACACEAEQuararibea ochrocalyx Visch. Envira-branca 25Rhodognaphalopsis cf. duckei A. 168
15
Robyns
BORAGINACEAECordia bicolor A.DC. ex Dc. 18Cordia exaltata Lam. Envira-pimenta, envira-tai 38Cordia nodosa Lam. Ovo-de-mucura, saco-de-mucura 261Cordia panicularis Rudge Envira-preta, embira 76Cordia sp. 216
BURSERACEAECrepidospermum cf. rhoifolium(Benth.) Triana & Planchon
Muela –de-inambu, tintarana, breu-xicantã
99
Dacryodes cf. hopkinsii Daly Breeira, tinturana 187Dacryodes sclerophylla Cuatrec. Breu-cicantaá 289Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly Breera, breu-cajarana 178Protium grandifolium Engl. Breu-cicantaá, cicantaá-de-inambú 133Protium hebetatum Daly Breu-cicantaá, breu 53Protium opacum Swart subsp. Opacum Moela-de-inambu, breeira-da-folha-
graúda70
Protium subserratum Engl. Moela-de-inambu, tinturana 158Protium trifoliolatum Engl. Breu 15Trattinnickia boliviana ( Swart.) Daly Breu-cicantaá 109Trattinnickia glaziovii Swart. Breera-breu xicantá, cajarana 77
CARYOCARACEAECaryocar glabrum (Aubl.)Pers. subsp.parviflorum (A.C.Sm.) Prance & M.F.da Silva
Piquiarana 312
Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. subsp.Glabrum
Piquiarana 50
CECROPIACEAECecropia distachya Huber Imbaúba-branca, imbaúba-da-folha-
graúda69
Coussapoa sprucei Mildbr.* Mata-pau 251Pourouma cf. cuspidata Warb. &Mildbr.
Imbauba, imbaubarana 60
Pourouma cf. tomentosa subsp.apiculata (Benoist) C.C. Berg & Van
Imbaubão, cucuraí, imbaúba-da-terra-firme
20
Pourouma cucura Standl. & Cuatrec. Imbaúba-branca, imbaúba, cucura 111Pourouma ferruginea Standl. Imbaúba, cucurarana, cucura 205Pourouma guianensis Aubl. subsp.guianensis
Imbaúba-bengüe, caimbe, cucura-do-mato 202
Pourouma melinonii Benoist subsp.melinonii
Imbaubão, cucura, imbaúba 19
16
Pourouma minor Benoist Imbaúba-branca, imbaúba, imbaúba-de-folha-miúda
36
Pourouma ovata Trec. Imbaúba-branca, cucurarana, cucura, 284Pourouma tomentosa Miq. subsp.essequiboensis (Stand.) C.C. Berg &Heusden
Imbaúba-branca, cucura–do-mato 218
Pourouma tomentosa Miq. subsp.tomentosa
Imbaúba, cucurai, imbaúba-branca 148
Pourouma villosa Trecúl Imbaúba-bengüe, caimbe, cucurarana 105
CELASTRACEAEGoupia glabra Aubl. Cupiúba 11
CHRYSOBALANACEAECouepia aff. obovata Ducke Cumanda, macucuí 270Hirtella racemosa var. hexandra(Willdenow ex Roemer & Schultes)Prance
Caraipé branco, caraipé, jutaí-pororoca 78
Licania canescens Benoist Caraiperana, uchibravo, caraipé 282Licania caudata Prance Macucuí 101Licania cf. prismatocarpa Spruce exHook. F.
Macucuí 255
Licania heteromorpha Benth. subsp.Heteromorpha
Macucuí, macucuí-preto 172
Licania hirsuta Prance Macucuí, macucuí-legitimo, macucuí-branco
114
Licania micrantha Miq. Caraipe, Guará, , caraipé-preto, Uararana,Ararana
75
Licania octandra subsp. pallida(Hooker f.) Prance
Caraipé, caraipé-de-casca fina, caraipé-preto
122
Licania sothersiae Prance Macucuí, macucuí-branco 88Licania unguiculata Prance Macucuí-branco 143
CLUSIACEAEClusia grandiflora Splitg. * Apuí 264Symphonia globulifera L. Bacurizinho, Anani, Ananirana,
pachiubarana106
Tovomita schomburgkii Planch. &Triana
Pachiubarana, pachiubinha, Ananirana 13
DILLINIACEAEPinzona coriacea Mart. & Zucc. ** Cipó-d´agua 241
ELAEOCARPACEAESloanea cf. synandra Spruce ex. Benth. Urucurana 113
17
Sloanea pubescens Benth. Urucurana 278Sloanea rufa Planch. ex Benth. Canala-de-velho, canela-de-maçarico 211Sloanea sp.1 Urucurana 279
EUPHORBIACEAEAlchornea schomburgkii Klotzsch 165Alchornea triplinervia Mull. Arg. 22Croton lanjouwensis Jabl. Dima 128Hieronyma mollis Muell. Arg. 212Euphorbiaceae sp1 210
FLACOURTIACEAELaetia procera Eichl. Pau-judeu, matutexi, matute 9Laetia sp.1 235Lindackeria cf. paludosa Gilg. 47
GNETACEAEGnetum leyboldii Tul.** Cipó-curucuda, cipó-tuiri 250
HUGONIACEAEHebepetalum humiriifolium (Planch.)Jackson
Suim 6
LAURACEAEAniba aff. williamsii O. C. Schmidt *** Louro-rosa, abacaterana, louro-chumbo 208Licaria guianensis Aubl. Louro-alitú, louro-gavali 98Mezilaurus subcordata (Ducke)Kosterm
214
Ocotea nigrescens A. Vicentini Louro-preto, louro-santo, louro-chumbo,marirana
42
Ocotea rhodophylla A. Vicentini Louro-rosa, louro-bosta, louro-alitu,marirana
197
Ocotea sp. E *** Abacaterana, louro-bosta 162Ocotea subterminalis H. van der Werff Louro-santo 82Pleurothyrium vasquezii H. van derWerff
Louro-chumbo, louro-abacaterana 283
LECYTHIDACEAEBertholletia excelsa Humb & Bonpl. Castanheira S/CEschweilera bracteosa Miers Matamata-preto, matamata 45Eschweilera coriacea Mart. ex O.Berg Ripeira, matamata, matamata-preto,
matamatá-folha-graúda54
Eschweilera grandifolia Mart ex DC. Matamata-branco, sapucaia-castanha,catanharana
125
Eschweilera pedicellata Matamata-preto, matamata-folha-miúda, 199
18
(Richard)S.A.Mori canhizeraGustavia augusta Amoen. Acad. Envira-de-cutia, periquito-castanha,
ripeira220
Lecythis poiteaui O.Berg. Envira-de-cutia, envira-de-periquito,cuyombo, ripeira
273
Lecythis retusa Spruce ex O.Berg Envira-de-cutia, matamata, castanha-sapucaia, cajurana
226
Lecythis zabucaja Aubl. Castanha-sapucaia, piquiteira, ripeira 269
LEGUMINOSAECAESALPINIOIDEAEBahuinia guianensis Aubl. ** Escada-de-jabuti 27Dicorynia paraensis Benth. Coração-de-negro, tintarana 96Sclerolobium aff. setiferum Ducke Tachi-preto, tachi 134Sclerolobium chrysophyllum Poepp. &Endl.
Tachi-vermelho, tachi 276
Sclerolobium setiferum Ducke Tachi-preto, tachi 41Tachigali myrmecophila Ducke Tachi, tachi-preto, tachi-vermelho, 66Tachigali venusta Dwyer Tachi-preto, tachi 84MIMOSOIDEAECedrelianga cataeniformis (Ducke)Ducke
Cedrarana, cedrão-vermelho 300
Dinizia excelsa Ducke Angelim, paracaxii, angelim-pedra,cavivi-da-terra firme
246
Enterolobium schomburgkii Benth. Angelim, sucupira, cavivi-da-terra-firme 267Inga aff. bicoloriflora Ducke Ingá, ingarana, ingá-xixica 236Inga aff. Capitata Desv. Ingá-de-macaco, ingá-xixica, ingá-pretp 153Inga alba (Swartz) Willd. Ingá-xixica, ingarana 73Inga cf. laurina Willd. Ingá-xixica, ingarana 238Inga cf. paraensis Ducke Ingá-de-macaco 245Inga grandiflora Ducke Ingarana 206Inga paraensis Ducke Ingá-de macaco, ingá-xixica, ingá-preto,
ingaí, cumanda 48
Inga rhynchocalyx Sandwith Ingá-xixica, ingarana 37Inga thibaudiana DC. Ingarana, ingá-xixica, ingá-preto 189Inga umbratica Poepp. & Endl. Ingarana, ingá-de-macaco, ingá-xixica, 31Parkia sp. Piradabi-do-mato 90Parkia nitida Miq. Piradabi-do-mato, angelirana, piradabi-
da-terra-firme, fava80
Pseudopiptadenia psilostachya (DC.)G.Lewis & M.P.M. de Lima
Angelim-babão, cavivi-da-terra-firme,sucupira-branca
244
Stryphnodendrom paniculatum Poepp.& Endl.
Taquarirana, tachi, tachirana 68
Zygia racemosa (Ducke) Barneby &J.W.Grimes
Pau-santo, rabo-de-tatu, angelim, cavivi-da-terra-firme
28
19
PAPILIONOIDEAEAndira micrantha Ducke Sucupira-amarela, cavari-babão 237Clathrotropis macrocarpa Ducke Amarelinho, cavari, baudera, paratari 92Papilionoideae sp. 1 127Ormosia aff. nobilis Tul. var. nobilis Tento, tento-vermelho 112Ormosia grossa Rudd. Tento 277Pterocarpus officinalis Jacq. Sucupira-preta, jutaí-pororoca, cavivirana 222Swartzia cf. dolichopoda R.S.Cowan Coração-de-nego 157Swartzia corrugata Benth. Tento, tenturana 81
MELASTOMATACEAEMiconia traillii Cogn. Goiaba-de-anta, canelha-de-velha,
buchucho193
MELIACEAEGuarea guidonia (L.) Sleumer 285Guarea silvatica C.DC. 234
MORACEAEClarisia racemosa Ruiz & Pav. Guariuba 136Helianthostylis sprucei Baill. Anani-branco 290Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.)Macbride
Muiratinga, pé-de-jabuti, fruta-de-jabuticaba
24
Maquira sclerophylla (Ducke)C.C.Berg.
Muiratinga, abiurana-branca 192
Moraceae sp1 Paratari-branco, saboarana-da-terra-firme,mirapiringa
33
Naucleopsis glabra Spruce ex Pittier Muiratinga, pé-de-Jabuti 43Perebea guianensis Aubl. Muiratinga, pé-de-jabuti, jaboticaba 39Perebea mollis (Planch. & Endl.) Hubersubsp mollis
Muiratinga, pé-de-jabuti, tinteira,jaboticaba
239
Pseudolmedia laevis (Ruiz &Pav.)Macbride
Muiratinga, taquari-da-terra-firme,muiratinga, manichi
35
Sorocea guilleminiana Gaudich. Piranha caã, matacalado, língua-de-tucano 155
MYRISTICACEAEIryanthera juruensis Warb. Copeira, punã, lacre, taquari, 5Iryanthera coriacea Ducke Copeira, punã, jiigua 123Iryanthera grandis Ducke Punarana, virola 175Osteophloeum platyspermum Warb. Marupa-vermelho, pau-pra-tudo, miracêe,
uicui, copeira203
Virola calophylla Warb. Envirola, ucuuba, puna-da-folha graúda,ucuuba, lacre
156
Virola enlongata (Benth.) Warb. Ucuuba-vermelha, puna, puna-branca 312Virola theiodora Warb. Virola-branca, ucuuba-vermelha, copeira, 21
20
punã, virola, ucuubaVirola venosa Warb. Punarana, virola, taquari, copeiro-branco 173
MYRSINACEAECybianthus aff. detergens Mart. Tintarana-da-terra-firme 23
MYRTACEAECalycolpus sp. Araçarana, araçá, pau-mulato 169Eugenia aff. florida DC. Daicú, tintarana, caçari-da-terra firme,
araçá150
Eugenia cf. cuspidifolia DC. Pau vidro, guajabinha, caçari-da-terra-firme
85
Eugenia cf. omissa McVaugh Pau-vidro, araçá, araçarana 182Eugenia sp.1 Chumberi, tamandaré, araçá-do-mato 271Myrcia aff. rufipila McVaugh Pau-vidro, araçá, mustinha, ouvido-de-
peixe256
Myrcia sylvatica DC. Araçarana, caçari-da-terra-firme, araçá,pau-mulato
46
OLACACEAEMinquartia guianensis Aubl. Acariquarana, acariquara 16
QUIINACEAEQuiina florida Tul. Macucuirana, louro, macucui, lourinho 170Touroulia guianensis Aubl. Paratari, paracaxi-do-vermelho,
taperebarana16
ROSACEAEPrunus myrtifolia Urb. Carapitiu-da-terra-firme, daicurana, pau-
cravo225
RUBIACEAEBorojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec. Apuruí 249Ferdinandusa rudgeoides Wedd. Itaubarana 51Ferdinandusa sp1. Itaubarana-da-folha-miúda 72
SABIACEAEOphiocaryon aff. manausense(W.A.Rodrigues)Barneby
Tamaquarerana 223
SAPINDACEAECupania scrobiculata Rich. 136
SAPOTACEAEChrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Abiurana 281
21
BaehniMicropholis guyanensis (A.DC.) Pierresubsp. Guyanensis
Cedrinho, cedro-branco, caramuri,balatarana
93
Pouteria caimito Radlk. Abiurana-ferro, abiurana 145Pouteria cuspidata (A.DC.)Baehni Mortinha 120Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Abiurana, abiurana-ferro 74Pouteria glomerata Radlk. Abiurana, abiurana-ferro, araru 131Pouteria guianensis Aubl. Abiurana-ferro, abiurana 34Pouteria sp.1 Taquari, goiaba-de-jabuti 257
SIMAROUBACEAESimaba polyphylla (Cavalcante)W.W.Thomas
Cajurana 117
Simarouba amara Aubl. Marupá, marupa-branco 63
STERCULIACEAETheobroma microcarpa Mart. Envira, biriba, biriba-do-mato, cupuí-
bravo89
Theobroma obovatum Klotzch exBernoulli
Cupuí-bravo 14
Theobroma speciosa Willd. ex Spreng. Cacau, cupu-do-mato 110Theobroma subincanum Mart. Cupuí 55Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart. Cacau 83
STRELITZIACEAEPhenakospermum guyanense (L. C.Rich.) Endl.
Sororoca, bananeira-do-mato 78
TILIACEAEApeiba echinata Gaertn. Biriba-do-mato, biribarana, bolacheira,
bolacharana83
VIOLACEAEPaypayrola sp. Abacaterana 91
VOCHYSIACEAEErisma bracteosum Ducke Ripeira 140Qualea paraensis Ducke Cafearana-branca, cafearana 64Qualea sp.1 *** Cupiubarana 243Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm. Macucui-da-branca 108
INDETERMINADASIndet. sp.1 S/CIndet. sp.2 ** S/CIndet. sp.3 S/C
22
A família com maior riqueza foi Leguminosae com 32 espécies, 17 delas pertencem à
subfamília Mimosoideae, oito à subfamília Papilionoideae e sete à subfamília Caesalpinoideae.
As outras famílias com maior riqueza de espécies foram Cecropiaceae (13 espécies), Burseraceae
(11), Chrysobalanaceae (11) e Moraceae (10). Foram encontradas 17 famílias representadas por
apenas uma espécie.
A família Leguminosae, também se caracterizou por apresentar o maior número de
indivíduos (102), pertencendo 46 deles à subfamília Papilionoideae, 43 a Mimosoideae e 13 a
Caesalpinioideae. As outras famílias com maior número de indivíduos foram Cecropiaceae (51),
Lecythidaceae (46), Annonaceae (42) e Arecaceae (32). Foram encontradas 10 famílias
representadas por apenas um indivíduo (Tabela 2).
Tabela 2. Famílias listadas em ordem decrescente de valor de importância (VI), com número deindíviduos (No. Ind.), espécies (N. Spp.) coletados na vila de Caicubi, município de Caracaraí,Roraima, Brasil.
Família No.Ind No.Spp VILeguminosae 102 32 59.77Cecropiaceae 51 13 24.91Lecythidaceae 46 9 24.60Annonaceae 42 5 19.79Arecaceae 32 4 14.26Celastraceae 9 1 14.15Moraceae 30 10 13.61Myristicaceae 25 8 11.13Burseraceae 20 11 10.39Chrysobalanaceae 19 11 9.29Clusiaceae 14 3 7.56Euphorbiaceae 11 5 7.42Sapotaceae 13 8 7.29Lauraceae 15 8 7.27Sterculiaceae 16 5 7.14Rubiaceae 14 3 6.80Caryocaraceae 5 2 6.42
23
Flacourtiaceae 7 3 4.33Simaroubaceae 5 2 4.08Vochysiaceae 5 4 4.05Apocynaceae 7 4 3.72Myrtaceae 7 7 3.05Boraginaceae 5 5 2.96Bignoniaceae 2 1 2.66Hugoniaceae 4 1 2.63Elaeocarpaceae 5 4 2.48Quiinaceae 5 2 2.41Araliaceae 2 1 2.26Bombacaceae 4 2 1.58Myrsinaceae 1 1 1.46Strelitziaceae 3 1 1.34Indet 3 3 1.34Meliaceae 2 2 1.05Rosaceae 2 1 0.92Melastomataceae 2 1 0.90Tiliaceae 1 1 0.83Aquifoliaceae 1 1 0.74Sapindaceae 1 1 0.60Gnetaceae 1 1 0.50Anacardiaceae 1 1 0.50Dilliniaceae 1 1 0.46Violaceae 1 1 0.46Sabiaceae 1 1 0.45Olacaceae 1 1 0.44
Os gêneros que apresentaram maior riqueza de espécies foram Pourouma (11 espécies),
Inga (10), Licania (9), Protium (7) e Pouteria (6). Estiveram representados por apenas uma
espécie 76 gêneros (Fig. 2).
24
1 1 1 0 9 6 6 5 5 4 4 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
7 6
01 02 03 04 05 06 07 08 0
Pour
oum
a In
gaLi
cani
aPr
otiu
mPo
uter
iaCo
rdia
Theo
brom
a Es
chw
eile
raEu
geni
aO
cote
aSl
oane
aV
irola
Irya
nthe
raLe
cyth
isSc
lero
lobi
umTr
attin
icki
aA
lcho
rnea
Cary
ocar
Dac
ryod
esFe
rdin
andu
saG
uare
aLa
etia
Myr
cia
Orm
osia
Park
iaPe
rebe
aQ
uale
aSw
artz
iaTa
chig
ali
Xyl
opia
Out
ros
Gêneros
No
de e
spéc
ies
Figura 2. Número de espécies por gênero em um trecho de floresta de terra firme na vila deCaicubi, Roraima (Outros = gêneros representados por uma espécie).
Em relação ao número de indivíduos por gênero observa-se também Pourouma foi o mais
abundante, com 45 indivíduos, seguido por Clathrotropis (39), Eschweilera (35), Bocageopsis
(30) e Inga (29). Gêneros representados por apenas um indivíduo, somam 40.
O gênero Pourouma se destacou como o mais abundante, porque somou os indivíduos de
dois táxons bem representados na área, P. cf. tomentosa subsp. apiculata (15 indivíduos) e P.
minor (13 indivíduos). As outras nove espécies estiveram assim representadas: duas espécies
com quatro indivíduos, duas espécies com dois indivíduos e cinco espécies com apenas um
indivíduo.
As espécies com maior número de indivíduos foram Clathrotropis macrocarpa (39),
Bocageopsis multiflora (30), Eschweilera coriacea (21), Euterpe precatoria (20), Inga alba (15)
e Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (15). Estas seis espécies representaram 3% do total
de espécies, porém 25,7% dos indivíduos amostrados (Fig. 3).
25
Espécies
39
30
21 20
15 1513 12 12 12
10 9 8 7 6 6 6 5 5 5 5 5 5 5 5 4 4 4 4 4 4 4 4 4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
No
de in
diví
duos
Figura 3. Número de indivíduos por espécies, amostrados pelo menos quatro vezes em um trechode floresta de terra firme na vila de Caicubi, Município de Caracaraí, Roraima, Brasil. 15espécies foram amostradas três vezes; 39 duas vezes; 104 uma vez.
Do total de 192 espécies do trecho estudado apenas 11 estiveram representadas por 10 ou
mais indivíduos, as quais juntas representam 38,2% dos indivíduos. Também, é interessante
ressaltar que as 25 espécies com densidades maiores representam 51,6% do total dos indivíduos.
Isto corrobora com Pires & Prance (1985) quando afirmam que não existe uma espécie
dominante nas florestas úmidas tropicais; entretanto sempre vai existir um grupo de espécies
dominantes, entre cinco a dez ou às vezes até trinta, que quando somados os indivíduos destas
ultrapassam 50% do total.
O surgimento progressivo de novas espécies amostradas encontra-se representado na
curva espécies/área (curva do coletor) (Fig. 4). O número de espécies amostradas em cada
subparcela de 10m x 10m variou de 1 a 10. Observa-se que embora tenha havido dois pontos de
aparente estabilidade entre 0,52 a 0,56ha e entre 0.85 a 0.88ha, não há, no final da amostragem
uma estabilidade, demonstrando que a área é insuficiente para uma boa representação da riqueza
da floresta de terra firme. Tal informação corrobora com pesquisas realizadas por Milliken (1998)
26
e Campbell et al. (1986), que observaram também que os dados de 1 ha. na floresta de terra firme
da Amazônia não são suficientes para uma avaliação acurada da riqueza de espécies.
0
50
100
150
200
250
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2Area amostral=1ha
núm
ero
de e
spéc
ies
Figura 4. Curva do coletor em um trecho de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Municípiode Caracaraí, Roraima, Brasil.
As espécies representadas por apenas um indivíduo somam 104, ou seja, 54,2% do total
(Fig. 5). As cinco espécies de lianas e as duas espécies de hemiepífitas amostradas estiveram
representadas por apenas um indivíduo. Considerando como espécies raras aquelas representadas
por apenas um indivíduo em um hectare, Martins (1991) compara alguns trabalhos realizados em
florestas brasileiras e cita três inventários em áreas de 1 ha. na Amazônia que utilizaram como
critério de inclusão, árvores com DAP>10cm: Pires et al. em 1953, em floresta de terra firme em
Castanhal, Pará, encontraram 45 espécies raras (25,14%); Black et al. em 1950, em floresta de
terra firme em Tefé, Amazonas, encontraram 42 de espécies raras (53,16%); Porto et al. em 1976
em “mata de baixio” em Manaus, Amazonas, encontraram 58 espécies raras (50,88%) (apud.
Martins, 1991).
27
54,2%
20,3%
7,8%4,7% 4,2%
1,6% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5% 1,6% 0,5% 1,0% 0,5% 0,5% 0,5% 0,5%
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
número de indivíduos
% d
e es
péci
es
* A classe 22 corresponde a 30 indivíduos amostrados, e a classe 23 a 39 indivíduos amostrados.
Figura 5. Porcentagem de espécies em relação ao de número de indivíduos amostrados em umtrecho de floresta de terra firme na vila de Caicubi, município de Caracaraí, Roraima, Brasil.
O índice de Shannon (H’) encontrado foi de 4,652 e a equitabilidade (J) foi de 0,885. Os
altos valores para o índice de Shannon (H’) e de equitabilidade (J) podem ser atribuídos ao
grande número de espécies raras (54,2%). Considerando apenas as espécies arbóreas os valores
para H’ e J foram 4,616 e 0,884, respectivamente. O número de espécies raras encontrado em
Caicubi, foi maior do que qualquer outro citado acima, e os altos valores do índice de diversidade
e da equitabilidade vem corroborar com o indicativo exposto em Capobianco (2001) que o
interfluvio entre os rios Branco e Negro é uma área de alta diversidade e que é necessário estudos
para inventariar a sua biota.
As cinco famílias de mais alto VI no trecho estudado foram Leguminosae (59,77),
Cecropiaceae (24,91), Lecythidaceae (24,60), Annonaceae (19,79) e Arecaceae (14,26) (Tabela
2).
28
A Tabela 3 apresenta as espécies com seus respectivos parâmetros fitossociológicos. As
cinco espécies com maior VI foram Clathrotropis macrocarpa, Goupia glabra, Bocageopsis
multiflora, Eschweilera coriacea e Euterpe precatoria representando, juntas, 21,87% dos
indivíduos amostrados e 23,8% da área basal. C. macrocarpa foi a espécie de maior VI pela sua
abundância (39 indivíduos), tendo alcançado as maiores densidade e freqüência relativas. C.
macrocarpa é uma árvore de porte médio, sua altura total variou de 8m a 28m, sendo a altura
media de 16 m, seu DAP variou de 10,2cm a 37,9 cm sendo o DAP médio de 20cm. Bocageopsis
multiflora, Eschweilera coriacea e Euterpe precatoria, com 30, 21 e 20 indivíduos,
respectivamente, também tem destaque por sua abundância e freqüência na área estudada.
Tabela 3. Espécies listadas com os parâmetros fitossociológicos, em ordem decrescente de valorde importância (VI), na Vila de Caicubi, município de Caracaraí, Roraim, Brasil.N: número de indivíduos; DR: densidade Relativa; DA: Densidade Absoluta; DoR: DominânciaRelativa; DoA: Dominância Absoluta; FR: Freqüência Relativa; FA: Freqüência Absoluta; VI:Valor de importância.
Especie N DA DR DoA DoR FA FR VIClathrotropis macrocarpa 39 39 7,17 1,40 5,29 33 6,41 18,87Goupia glabra 9 9 1,65 2,75 10,44 9 1,75 13,84Bocageopsis multiflora 30 30 5,51 0,69 2,62 26 5,05 13,18Eschweilera coriacea 21 21 3,86 1,16 4,42 18 3,5 11,77Euterpe precatoria 20 20 3,68 0,27 1,02 18 3,5 8,2Cedrelianga cataeniformis 1 1 0,18 1,99 7,55 1 0,19 7,93Inga alba 15 15 2,76 0,60 2,27 12 2,33 7,36Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata 15 15 2,76 0,58 2,21 12 2,33 7,3Pourouma minor 13 13 2,39 0,52 1,99 12 2,33 6,71Symphonia globulifera 12 12 2,21 0,46 1,75 12 2,33 6,29Eschweilera pedicellata 12 12 2,21 0,36 1,37 11 2,14 5,71Caryocar glabrum subsp. parviflorum 3 3 0,55 1,12 4,26 3 0,58 5,4Ferdinandusa rudgeoides 12 12 2,21 0,21 0,82 12 2,33 5,35Oenocarpus bacaba 10 10 1,84 0,25 0,94 10 1,94 4,72Parkia nitida 3 3 0,55 0,86 3,26 3 0,58 4,39Ormosia grossa 1 1 0,18 1,05 3,98 1 0,19 4,36Bertholletia excelsa 5 5 0,92 0,51 1,95 5 0,97 3,84Virola theiodora 8 8 1,47 0,19 0,71 8 1,55 3,74Simaruba amara 4 4 0,74 0,52 1,96 4 0,78 3,48
29
Laetia procera 5 5 0,92 0,36 1,37 5 0,97 3,26Euphorbiaceae sp.1 3 3 0,55 0,52 1,97 3 0,58 3,1Licania octandra subsp. pallida 7 7 1,29 0,12 0,44 7 1,36 3,09Trattinickia glaziovii 5 5 0,92 0,30 1,12 5 0,97 3,01Xylopia aff. Polyantha 5 5 0,92 0,24 0,93 5 0,97 2,82Helicostylis tomentosa 6 6 1,1 0,11 0,42 6 1,17 2,69Jacaranda copaia 2 2 0,37 0,48 1,84 2 0,39 2,59Guatteria sp.1 4 4 0,74 0,28 1,08 4 0,78 2,59Perebea guianensis 6 6 1,1 0,08 0,32 6 1,17 2,59Cecropia distachya 5 5 0,92 0,17 0,63 5 0,97 2,52Hebepetalum humiriifolium 4 4 0,74 0,26 0,98 4 0,78 2,49Tachigali myrmecophila 6 6 1,1 0,10 0,38 5 0,97 2,45Inga paraensis 5 5 0,92 0,11 0,41 5 0,97 2,3Iryanthera juruensis 5 5 0,92 0,10 0,37 5 0,97 2,26Schefflera morototoni 2 2 0,37 0,38 1,44 2 0,39 2,2Qualea paraensis 1 1 0,18 0,47 1,8 1 0,19 2,18Theobroma subincanum 5 5 0,92 0,09 0,33 4 0,78 2,03Theobroma microcarpa 4 4 0,74 0,09 0,36 4 0,78 1,87Iryanthera coriacea 4 4 0,74 0,09 0,33 4 0,78 1,84Couma guianensis 3 3 0,55 0,17 0,64 3 0,58 1,77Zygia racemosa 4 4 0,74 0,07 0,25 4 0,78 1,76Pseudolmedia laevis 4 4 0,74 0,05 0,21 4 0,78 1,72Pourouma melinonii subsp. melinonii 2 2 0,37 0,25 0,95 2 0,39 1,71Pourouma cf. cuspidata 4 4 0,74 0,05 0,19 4 0,78 1,7Pourouma cucura 4 4 0,74 0,04 0,17 3 0,58 1,49Croton lanjouwensis 3 3 0,55 0,13 0,51 2 0,39 1,45Lecythis retusa 2 2 0,37 0,18 0,67 2 0,39 1,43Cybianthus aff. detergens 1 1 0,18 0,28 1,05 1 0,19 1,43Ocotea rhodophylla 3 3 0,55 0,07 0,28 3 0,58 1,41Aniba aff. williamsii 3 3 0,55 0,06 0,22 3 0,58 1,36Ocotea nigrescens 3 3 0,55 0,06 0,22 3 0,58 1,35Sorocea guilleminiana 3 3 0,55 0,05 0,21 3 0,58 1,34Naucleopsis glabra 3 3 0,55 0,05 0,2 3 0,58 1,33Quiina florida 3 3 0,55 0,04 0,16 3 0,58 1,3Sloanea rufa 2 2 0,37 0,14 0,53 2 0,39 1,29Crepidospermum cf. rhoifolium 3 3 0,55 0,04 0,14 3 0,58 1,27Theobroma sylvestris 3 3 0,55 0,04 0,13 3 0,58 1,27Phenakospermum guyanense 3 3 0,55 0,03 0,11 3 0,58 1,24Alchornea triplinervia 2 2 0,37 0,11 0,42 2 0,39 1,18Moraceae sp.1 2 2 0,37 0,11 0,42 2 0,39 1,18Clarisia racemosa 2 2 0,37 0,11 0,41 2 0,39 1,17Licania micrantha 2 2 0,37 0,10 0,36 2 0,39 1,12Perebea mollis subsp. mollis 2 2 0,37 0,09 0,35 2 0,39 1,1Sclerolobium setiferum 1 1 0,18 0,19 0,73 1 0,19 1,1Micropholis guyanensis subsp. guyanensis 2 2 0,37 0,09 0,34 2 0,39 1,09
30
Sclerolobium aff. setiferum 2 2 0,37 0,09 0,32 2 0,39 1,08Quararibea ochrocalyx 3 3 0,55 0,03 0,13 2 0,39 1,07Pouteria caimito 2 2 0,37 0,08 0,31 2 0,39 1,06Xylopia amazonica 2 2 0,37 0,07 0,28 2 0,39 1,04Pouteria guianensis 1 1 0,18 0,17 0,64 1 0,19 1,02Alchornea schomburgkii 2 2 0,37 0,06 0,25 2 0,39 1Pouteria durlandii 2 2 0,37 0,06 0,24 2 0,39 1Protium hebetatum 2 2 0,37 0,06 0,23 2 0,39 0,99Touroulia guianensis 2 2 0,37 0,05 0,18 2 0,39 0,94Pouteria cuspidata 2 2 0,37 0,05 0,18 2 0,39 0,94Inga rhynchocalyx 2 2 0,37 0,05 0,18 2 0,39 0,93Cordia bicolor 1 1 0,18 0,15 0,55 1 0,19 0,93Licania hirsuta 2 2 0,37 0,04 0,15 2 0,39 0,9Lecythis zabucaja 2 2 0,37 0,04 0,15 2 0,39 0,9Licaria guianensis 2 2 0,37 0,04 0,14 2 0,39 0,9Virola venosa 2 2 0,37 0,04 0,14 2 0,39 0,89Pourouma villosa 2 2 0,37 0,03 0,12 2 0,39 0,88Protium opacum subsp. opacum 2 2 0,37 0,03 0,12 2 0,39 0,87Theobroma obovatum 2 2 0,37 0,03 0,11 2 0,39 0,87Dicorynia paraensis 1 1 0,18 0,13 0,48 1 0,19 0,86Stryphnodendrom paniculatum 2 2 0,37 0,03 0,1 2 0,39 0,86Caryocar glabrum 2 2 0,37 0,03 0,1 2 0,39 0,86Prunus myrtifolia 2 2 0,37 0,02 0,09 2 0,39 0,85Pouteria glomerata 2 2 0,37 0,02 0,09 2 0,39 0,84Inga grandiflora 2 2 0,37 0,02 0,08 2 0,39 0,84Protium grandifolium 2 2 0,37 0,02 0,08 2 0,39 0,83Theobroma speciosa 2 2 0,37 0,02 0,07 2 0,39 0,83Miconia traillii 2 2 0,37 0,02 0,07 2 0,39 0,83Ambelania acida 2 2 0,37 0,02 0,07 2 0,39 0,82Vochysia vismiaefolia 2 2 0,37 0,02 0,06 2 0,39 0,82Virola calophylla 2 2 0,37 0,02 0,06 2 0,39 0,82Protium amazonicum 1 1 0,18 0,11 0,42 1 0,19 0,8Apeiba echinata 1 1 0,18 0,11 0,42 1 0,19 0,8Osteophloeum platyspermum 2 2 0,37 0,05 0,2 1 0,19 0,76Virola enlongata 1 1 0,18 0,09 0,36 1 0,19 0,74Ilex divaricata 1 1 0,18 0,09 0,33 1 0,19 0,71Couepia aff. obovata 1 1 0,18 0,07 0,28 1 0,19 0,66Eschweilera grandiflora 1 1 0,18 0,07 0,26 1 0,19 0,64Tovomita schomburgkii 1 1 0,18 0,06 0,25 1 0,19 0,62Hieronyma mollis 1 1 0,18 0,05 0,2 1 0,19 0,58Attalea maripa 1 1 0,18 0,05 0,2 1 0,19 0,58Parkia cf. decussata 1 1 0,18 0,05 0,19 1 0,19 0,57Cupania scrobiculata 1 1 0,18 0,05 0,19 1 0,19 0,57Ferdinandusa sp.1 1 1 0,18 0,05 0,19 1 0,19 0,57Pourouma guianensis subsp. guianensis 1 1 0,18 0,05 0,19 1 0,19 0,57
31
Pourouma tomentosa subsp. tomentosa 1 1 0,18 0,05 0,18 1 0,19 0,56Guarea guidonia 1 1 0,18 0,04 0,17 1 0,19 0,55Hirtella racemosa var. hexandra 1 1 0,18 0,04 0,14 1 0,19 0,52Cordia panicularis 1 1 0,18 0,04 0,14 1 0,19 0,52Cordia sp. 1 1 0,18 0,04 0,14 1 0,19 0,52Inga cf. laurina 1 1 0,18 0,04 0,14 1 0,19 0,51Swartzia cf. dolichopoda 1 1 0,18 0,04 0,14 1 0,19 0,51Andira micrantha 1 1 0,18 0,04 0,13 1 0,19 0,51Lecythis poiteaui 1 1 0,18 0,03 0,13 1 0,19 0,51Pseudopiptadenia psilostachya 1 1 0,18 0,03 0,12 1 0,19 0,5Enterolobium schomburgkii 1 1 0,18 0,03 0,12 1 0,19 0,49Myrcia aff. Rufipila 1 1 0,18 0,03 0,11 1 0,19 0,49Protium trifoliolatum 1 1 0,18 0,03 0,11 1 0,19 0,48Pourouma ovata 1 1 0,18 0,03 0,1 1 0,19 0,48Pleurothyrium vasquezii 1 1 0,18 0,03 0,1 1 0,19 0,48Eschweilera bracteosa 1 1 0,18 0,03 0,1 1 0,19 0,48Fusaea longifolia 1 1 0,18 0,03 0,1 1 0,19 0,48Odontadenia cognata 1 1 0,18 0,03 0,1 1 0,19 0,47Sclerolobium chrysophyllum 1 1 0,18 0,03 0,09 1 0,19 0,47Eugenia aff. florida 1 1 0,18 0,02 0,09 1 0,19 0,47Licania sothersiae 1 1 0,18 0,02 0,09 1 0,19 0,47Gnetum leyboldii 1 1 0,18 0,02 0,09 1 0,19 0,47Tapirira guianensis 1 1 0,18 0,02 0,09 1 0,19 0,46Erisma bracteosum 1 1 0,18 0,02 0,08 1 0,19 0,46Pouteria sp.1 1 1 0,18 0,02 0,08 1 0,19 0,46Astrocaryum aculeatum 1 1 0,18 0,02 0,07 1 0,19 0,44Helianthostylis sprucei 1 1 0,18 0,02 0,06 1 0,19 0,44Simaba polyphylla 1 1 0,18 0,02 0,06 1 0,19 0,44Dacryodes sclerophylla 1 1 0,18 0,01 0,06 1 0,19 0,43Pourouma ferruginea 1 1 0,18 0,01 0,06 1 0,19 0,43Chrysophyllum sanguinolentum 1 1 0,18 0,01 0,06 1 0,19 0,43Guarea silvatica 1 1 0,18 0,01 0,06 1 0,19 0,43Inga umbratica 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Laetia sp.1 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Inga thibaudiana 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Licania heteromorpha subsp.heteromorpha 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Sloanea cf. synandra 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Licania canescens 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Tachigali venusta 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Protium subserratum 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Pterocarpus officinalis 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Inga aff. Bicoloriflora 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Coussapoa sprucei 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43Pinzona coriacea 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,43
32
Licania unguiculata 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Paypayrola sp. 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Ormosia aff. nobilis var. nobilis 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Eugenia sp.1 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Trattinickia boliviana 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Ocotea subterminalis 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Calycolpus sp. 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Licania cf. prismatocarpa 1 1 0,18 0,01 0,05 1 0,19 0,42Qualea sp.1 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Ocotea sp.E 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Cordia exaltata 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Indet sp.3 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Pourouma tomentosa subsp.essequiboensis 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Ophiocaryon aff. manausense 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Rhigospira quadrangularis 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Indet sp.2 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Myrcia sylvatica 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,42Gustavia augusta 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,41Maquira sclerophylla 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,41Sloanea pubescens 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,41Swartzia corrugata 1 1 0,18 0,01 0,04 1 0,19 0,41Mezilaurus subcordata 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Licania caudata 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Dacryodes cf. hopkinsii 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Borojoa claviflora 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Bahuinia guianensis 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Clusia grandiflora 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Inga aff. capitata 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Lindackeria cf. paludosa 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Eugenia cf. omissa 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Eugenia cf. cuspidifolia 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Dinizia excelsa 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Rhodognaphalopsis cf. duckei 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Indet sp.1 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Iryanthera grandis 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Leg: Papilionoideae sp.1 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Cordia nodosa 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Minquartia guianensis 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41Sloanea sp.1 1 1 0,18 0,01 0,03 1 0,19 0,41
Por outro lado, Goupia glabra com nove indivíduos e Cedrelinga cataeniformis com
apenas um indivíduo, têm valores baixos de densidade e freqüência relativas, apresentando os
33
maiores valores de dominância relativa (DoR), 10,44% e 7,55%, respectivamente, o que as
coloca entre as seis espécies de maiores VI. Este padrão também se repete para Caryocar
glabrum subsp. parvifolium com três indivíduos e DoR de 4,26%, Parkia nitida com três
indivíduos e DoR de 3,26% e Ormosia grossa com um indivíduo e DoR de 3,98%.
Além das quatro espécies de maiores populações (C. macrocarpa, B. multiflora, E.
coriaceae, E. precatoria), as espécies Inga alba (15 indivíduos), Pourouma cf. tomentonsa
supbsp. apiculata (15), Pourouma minor (13), Eschweilera pedicellata (12), Symphonia
globulifera (12), Ferninandusa rudgeoides (12) e Oenocarpus bacaba (10) apresentam
populações com mais de 10 indivíduos e valores elevados na freqüência relativa, mostrando
assim a distribuição uniforme destas espécies dentro do trecho estudado.
Os 544 indivíduos amostrados, dentro dos parâmetros estabelecidos, somaram uma área
basal de 26,35m². Pires & Prance (1985) citam que florestas densas podem ultrapassar 40m2 de
área basal e que florestas abertas encontram-se entre 18 a 24 m2. Os resultados indicam que se
trata de uma floresta densa com uma baixa área basal.
Na distribuição das árvores por classes de diâmetro (Fig. 6), observa-se uma
predominância de indivíduos (45,96%) na classe diamêtrica de 10-15cm. 23,35% dos indivíduos
estão inseridos na classe de >15-20 cm; 10,85% na classe >20-25 cm; 6,6% na classe de >25-30;
3,49% na classe de >30-35; 3,3% na classe >35-40; os demais, totalizando 6,43%, dividem-se
em classes diamêtricas acima deste valor. O maior diâmetro foi de 159,15cm, encontrado no
único indivíduo de Cedrelinga cataeniformis. O diâmetro médio foi de 20,15 cm incluindo todos
os indivíduos da amostragem e excluindo as lianas o diâmetro foi de 20,24 cm. A curva formada
pelos valores no conjunto de classes estabelecidas mostra a configuração de J invertido,
demonstrando que há uma maior quantidade de indivíduos de menor porte e poucos indivíduos
34
emergentes. Isto é esperado que ocorra com o incremento do diâmetro dos indivíduos, pois a
distribuição de classes de tamanho é conseqüência da dinâmica da floresta onde a quantidade de
espaço constringe o número de árvores que podem se acomodar em um determinado tamanho de
classe (Swaine, 1989).
250
127
5936
19 18 8 8 3 4 2 2 1 1 0 1 0 1 1 1 0 1 10
50
100
150
200
250
300
>10-
15
>15-
20
>20-
25
>25-
30
>30-
35>3
5-40
>40-
45
>45-
50
>50-
55>5
5-60
>60-
65
>65-
70
>70-
75
>75-
80>8
0-85
>85-
90
>90-
95
>95-
100
>100
-105
>105
-110
>110
-115
>115
-120
>120
No
de in
diví
duos
Classes diamétricas (cm)
Figura 6. Distribuição da freqüência das classes de diâmetro de todas os indivíduos amostradosem um 1 ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubi, Roraima, Brasil.
Agruparam-se os indivíduos amostrados em 12 classes de altura (Figura 7), variando a
amplitude de alturas entre 3m a 58m. O maior número de indivíduos concentrou-se na segunda
(31,25%) e terceira classes (30,15%). A classe de maior altura apresentou apenas um indivíduo,
Ormosia grossa, representada na área por um único indivíduo. O pequeno número de amostras na
primeira classe deveu-se ao fato de varias árvores desta classe se apresentaram com a copa
quebrada (o que diminuía a sua altura total), e 46% dos indivíduos desta classe possuíam alturas
de 7m, encontrando-se próximo à altura da segunda classe (>7-12m). A altura media encontrada
foi de 16,41m (excluindo as lianas), sendo as árvores emergentes, indivíduos de Ormosia grossa
(58m de altura), Jacaranda copaia (48m), Laetia procera (48m) e Cedrelinga cataeniformis
35
(47m). Jacaranda copaia e Laetia procera estavam representadas por dois e cinco indivíduos
respectivamente e as duas outras espécies por apenas um indivíduo.
26
170 164
83
43
17 22 151 2 0 1
020406080
100120140160180
>3-7
>7-1
2
>12-
17
>17-
22
>22-
27
>27-
32
>32-
37
>37-
42
>42-
47
>47-
52
>52-
57 >57
Classes de altura (m)
No d
e In
diví
duos
Figura 7. Distribuição da freqüência das classes de altura dos indivíduos amostrados em 1 ha. defloresta de terra firme na vila de Caicubi, município de Caracaraí Roraima, Brasil.
Na Vila de Maré (61º15’W, 1º45”S), em terras Waimiri Atroari, Milliken (1998),
inventariou 1 ha. de floresta de terra firme utilizando método de parcela e tendo como parâmetro
de inclusão DAP de 10cm, sendo esta a área mais próxima àquela estudada em Caicubi.
Encontrou 662 indivíduos, em 216 espécies e 41 famílias, sendo 17 lianas em 14 espécies e 8
famílias e uma estranguladora. O número de espécies e de famílias é aproximado ao que foi
encontrado no presente estudo. O número de indivíduos, porém, é maior (118 indivíduos).
Ao comparar as dez famílias com maior VI apresentadas por Milliken (1998) com aquelas do
presente estudo, sete delas são comuns, sendo Leguminosae a de maior VI em ambas as áreas. As
demais aparecem em diferentes ordenações. Em relação às espécies, Cathrotropis macrocarpa é
a de maior VI nas duas áreas: em Vila de Maré apresentou VI de 24,7 e 72 indivíduos; em
Caicubi apresentou VI de 18,87 e 39 indivíduos. Eschweilera coriacea é a segunda espécie de
maior VI em Vila de Maré (VI de 18,2 e 53 indivíduos) e é a quarta de maior VI em Caicubi (VI
de 11,77 e 21 indivíduos). Além destas duas espécies não há outras espécies comuns entre as 10
36
espécies de maior VI, em ambas as áreas. Dentre as 10 mais importantes da área de Vila Maré,
quatro não foram nem mesmo amostradas em Caicubi. A Tabela 4 sintetiza os dados
apresentados acima para a Vila da Maré e para outros dois estudos realizados na Amazônia
Central e Sudeste.
Tabela 4. Número de indivíduos, de espécies, gêneros, famílias e área basal encontrados emquatro estudos fitossociológicos realizados trechos de 1 ha em florestas de terra firme naAmazônia. (*** incluindo lianas).
Trabalhos comDAP>10cm
Noind
Espécies Gêneros Famílias A.Basal T.
Boom, 1986 649 94 62 28 21,48Campbell et al. 1986 (1) 393 133 76 33 27,63
Campbell et al. 1986 (2) 567 162 83 33 32,14Campbell et al. 1986 (3) 46 118 72 33 28,68Ferreira & Prance, 1999(1)
639 144 36 32,8
Ferreira & Prance, 1999(2)
669 159 41 37,8
Ferreira & Prance, 1999(3)
713 137 37 40,2
Milliken, 1998*** 662 216 >109 41 ca 31Nosso estudo*** 544 194 68 43 26,353
Ferreira & Prance (1999) amostraram 3ha de floresta alta no Parque Nacional Jaú (1º
90’–3º 00´S, 61º 25’–63º50’W), usando DAP≥10cm. Encontraram uma media de 146,7
espécies/ha e densidade média de 673,7 árvores/ha; o mais rico apresentou 159 espécies e o de
maior densidade apresentou 713 indivíduos. Em dois dos hectares por eles amostrados cinco das
famílias de maiores VI estão incluídas entre as 10 de maiores VI em Caicubi (Leguminosae por
eles tratada em três famílias). No outro hectare, são seis famílias que estão entre as 10 de maiores
VI em Caicubi. Escweilera coriacea é a única espécie comum entre as 10 de maiores VI entre um
dos hectares estudados por Ferreira & Prance (1999) e Caicubi. Também esta é a única espécie
comum entre as dez de maiores VI entre o estudo de Milliken (1998) e de Ferreira & Prance
37
(1999). Os outros dois hectares, de Ferreira e Prance (1999), não possuem espécies em comum
com Caicubi, quando se observam as dez espécies de maiores VI (Tabelas 5, 6).
Campbell et al. (1986), em O Deserto, no Rio Xingu, Pará (3º 29’ S/ 51º 40’ W), amostraram três
hectares de floresta de terra firme, utilizando também como critério de inclusão DAP > 10cm.
Encontraram 393, 567 e 460 indivíduos em cada um dos hectares estudados; e 133, 162 e 118
espécies respectivamente; encontraram 33 famílias nos três hectares estudados. Das dez famílias
com maiores VI, cinco estão entre as dez de maiores VI em Caicubi. Nenhuma espécie, entre as
10 de maiores VI, são comuns ao trecho estudado em Caicubi (Tabelas 5, 6).
Boom (1986) em Beni, Bolívia (11o45´S, 66o02´W), amostrou um hectare de floresta de
terra firme, utilizando um DAP > 10 cm. Encontrou 649 indivíudos, 94 espécies e 28 famílias.
Das dez famílias com maiores VI sete estão entre as dez de maiores VI em Caicubi, mas não há
nenhuma espécie em comum entre as 10 de maiores VI (Tabelas 5, 6).
38
Tabela 5. Comparação das dez famílias com maiores VI entre estudos realizados em trechos de 1 ha. de terra firme na Amazônia
Caicubi Milliken, 1998
Ferreira &Prance, 1999(Hectare 1)
Ferreira &Prance, 1999(Hectare 2)
Ferreira &Prance, 1999 (Hectare 3)
Campbell et al.1986 Boom, 1986
Leguminosae Leguminosae Chrysobalanaceae Myristicaceae Lecythidaceae Leguminosae MoraceaeCecropiaceae Lecytidaceae Myristicaceae Burseraceae Myristicaceae Arecaceae MyristicaceaeLecythidaceae Sapotaceae Bombacaceae Leguminosae Leguminosae Lecythidaceae ArecaceaeAnnonaceae Burseraceae Burseraceae Bombacaceae Lauraceae Moraceae LeguminosaeArecaceae Moraceae Leguminosae Lauraceae Burseraceae Bombacaceae Melastomataceae Celastraceae Lauraceae Sapotaceae Lecythidaceae Leguminosae Meliaceae Cecropiaceae
Moraceae Chrysobalanaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Chrysobalanaceae Sterculiaceae Vochysiaceae
Myristicaceae Myristicaceae Lauraceae Leguminosae Sapotaceae Nyctaginaceae Annonaceae Burseraceae Meliaceae Lecythidaceae Cecropiaceae Bombacaceae Chrysobalanaceae ChrysobalanaceaeChrysobalanaceaeAnnonaceae Cecropiaceae Combretaceae Euphorbiaceae Sapotaceae Rubiaceae
Tabela 6. Comparação das dez espécies com maiores VI entre estudos realizados em trechos de 1 ha. de terra firme na Amazônia
39
Caicubi Milliken, 1998
Ferreira &Prance, 1999(Hectare 1)
Ferreira &Prance, 1999(Hectare 2)
Ferreira &Prance, 1999(Hectare 3)
Campbell etal. 1986(Hectare 1)
Campbell et al.1986 (Hectare2)
Campbell etal. 1986(Hectare 3) Boom, 1986
Clathrotropismacrocarpa
Clathrotropismacrocarpa
Alexagrandiflora
Scleronemamicrantum
Alexagrandiflora
Cenostigmamacrophyllum
Cenostigmamacrophyllum
Cenostigmamacrophyllum
Iryantherajuruensis
Goupia glabra Eschweileracoriacea
Scleronemamicrantum Pourouma sp
Scleronemamicrantum Orbygnia sp. Orbygnia sp. Orbygnia sp.
Pseudolmedialaevis
Bocageopismultiflora
Protiumhebetatum
Pouroumasp.1
Alexagrandiflora
Iryantherasp.1
Alexaimperatricis Neea altissima Inga sp.10
Euterpeprecatoria
Eschweileracoriacea
Protiumapiculatum
Iryantherasp.1 Protium sp.1
Protiumpedicellatum
Rinoreajuruana
Theobromaspeciosum
Theobromaspeciosum
Pseudolmediamacrophylla
Euterpeprecatoria
Eschweileragrandiflora
Eschweileracoriacea
Iryanthera sp1
Iryantheratricordis
Ceibapentandra
Guatteriaschomburgkiana
Protiumopacum
Socrateaexorrhiza
Cedrelingacataeniformis
Oenocarpusbacaba Protium sp.1
Alchorneopsis sp.1
Berhtolletiaexcelsa
Theobromaspeciosum Hirtella piresii Lecythis retusa
Vochisiavismiifolia
Inga alba Pouteriaglomerata
Iryantheratricordis Protium sp.2
Micropholissp.3
Sterculiapruriens
Euterpeoleracea
Guatteriamacrophylla
Iryantheratessmanii
Pourouma cftomentonsasupbsp.apiculata Swartzia ulei
Orbygniaspeciosa
Buchenaviasp.2 Couepia sp.1 Trichilia sp.1 Matisia sp.1 Neea altíssima
Cecropiasciadophylla
Pouroumaminor Guarea scabra Protium sp.2
Tetragastrissp.1 Micrandra
Coccolobacoronata Lecythis retusa
Astrocariummombaca
Sclerolobiumchrysophyllum
Symphoniaglobulifera
Emmotun cffagifolium
Couepialongipendula
Orbygniaspeciosa
Sclerolobiumsp 2 Acacia sp.1
Guareamacrophylla Matisia sp.1
Diplotropispurpurea
40
Os dados encontrados em Caicubi e nos quatro últimos trabalhos acima citados
corroboram com Nelson & Oliveira (2001) quando afirmam que a composição das florestas
amazônicas varia em função de sua fisionomia e da distância entre sítios amostrados, e vem a
trazer aporte de dados para a confirmação da hipótese de que a floresta de terra firme é um
mosaico de florestas com variada composição e estrutura.
A família Leguminosae, quando considerada como um só táxon, é de modo geral a de
maior importância fitossociológica nos estudos acima citados, excetuando Boom (1986) que
encontrou Moraceae como a família dominante. A família Leguminosae também é apontada
como de grande importância em outros estudos realizados na Amazônia (Nelson & Oliveira,
2001). Entretanto, em relação às espécies, não há nenhuma que possa ser considerada como de
destaque no conjunto de trechos estudados, o que vem corroborar com Campbel et al. (1986)
quando afirmam que a Amazônia é um grande mosaico de florestas e com Campbel et al. (1986)
e Nelson & Oliveira (2001) quando alertam para se ter cuidado ao se tentar fazer generalizações
para a Amazônia a partir de dados florísticos e estruturais oriundos de amostras pontuais.
A família Lecythidaceae alcança sua maior expressão nas florestas de terra firme da
Amazônia, e a presença de muitas espécies dessa família pode ser considerada como indicadora
de florestas preservadas (Mori, 2001). Os dados encontrados em Caicubi comprovam este fato.
Foram encontradas nove espécies de árvores desta família, uma delas representadas por 21
indivíduos (Eschweilera coriacea), uma por 12 indivíduos (E. pedicellata), uma com cinco
indivíduos (Bertholetia excelsa), duas com dois e quatro por apenas um indivíduo. E. coriacea é
uma espécie comum e de distribuição ampla na Amazônia e apontada entre as espécies com
destaque em diversos inventários (Salomão et al. 1988; Ferreira & Prance, 1999; Milliken, 1998)
sendo a quarta espécie em VI no trecho estudado.
Em Caicubi, Cecropiaceae é a segunda família de maior VI. Das 13 espécies amostradas,
11 pertencem ao gênero Pourouma, um gênero de árvores de floresta. Uma espécie pertence a
41
Coussapoua, um gênero de estranguladoras, e uma espécie de Cecropia que é um gênero que
agrega predominantemente espécies pioneiras (Ribeiro et al. 1999). Cecropiaceae não aparece
como família de destaque no trecho estudado por Milliken (1998), embora seja este o trecho
mais próximo de Caicubi, o mesmo ocorrendo nos trechos estudados por Campbel et al.(1986).
Em Ferreira & Prance (1999) não ocorre com destaque em um dos trechos e é a décima em VI
nos outros dois trechos estudados por estes autores.
Conclusão
O trecho estudado na vila de Caicubi, Caracarí, RR, em termos de estrutura, diversidade e
composição florística, dentro dos limites estabelecidos pela metodologia utilizada, vem a
corroborar com as características estruturais apontadas por diferentes autores para as florestas de
terra firme da Amazônia.
As famílias mais importantes representadas no estudo realizado são de modo geral
aquelas encontradas em outros trabalhos realizados na Amazônia sendo elas Leguminosae,
Cecropiaceae, Lecythidaceae, Annonaceae, Arecaceae, Moraceae, Myristicaceae, Burseraceae,
Chrysobalanaceae, Sapotaceae e Lauraceae.
A importância particular das Leguminosas, encontrada no trecho estudado, parece ser
uma característica de várias florestas de terra firme da Amazônia, especialmente daquelas na
bacia do Rio Negro. Ao nível específico a similaridade não é muito evidente e detectável
principalmente por espécies mais amplamente distribuídas.
A composição de espécies encontrada difere substancialmente de outros inventários
conduzidos na Amazônia, suportando as premissas de que a floresta de terra firme é um mosaico
de florestas e que para a manutenção da biodiversidade local deve-se levar em conta a
preservação de pedaços grandes de floresta.
42
Embora os inventários em pequenas áreas (1 ha., no contexto da Amazônia) não sejam
adequados para amostrar toda a diversidade de espécies, como explicitado pela de coletor,
estudos em áreas deste tamanho podem espelhar as diferenças em composição de espécies de
distintos trechos de floresta de terra firme.
Devido a diferenças em metodologias aplicadas em inventários na floresta de terra firme
da Amazônia, é difícil fazer comparações entre resultados encontrados por diferentes autores que
estudaram estas florestas. Listagens completas de espécies e seus exemplares de referência,
tabelas contendo dados de estrutura são essenciais para a comparação entre os trabalhos
possibilitando conclusões mais abrangentes sobre estas florestas.
Agradecimentos
Ao instituto Caiuá por financiar o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter
acreditado em nosso trabalho. À comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a
Ernane Fontes Barbosa pela ajuda e dedicação ao campo; A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável
apoio no herbário do INPA. A Paulo Assunção pelo auxílio na confirmação das identificações no
herbário do INPA. Aos especialistas Alberto Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro,
Michael Hopkins pela identificação de espécies de famílias de suas especialidades. A CAPES
pela bolsa de mestrado concedida. Ao Programa de Pos-graduação do Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela oportunidade de realização do trabalho.
Bibliografia Citada
Boom, B. M. 1986. A forest Inventory in Amazonian Bolivia. Biotropica, 18(4): 287-294
Brummitt, R.K.; Powel, C.E. 1992. Authors of plants names. Royal Botanic Gardens, Kew, UK.
732 p.
43
Campbell D. G.; Daly D. C., Prance G. T.; Maciel U. N. 1986. Quantitative ecological inventory
of terra firme and várzea tropical forest on the Rio Xingu, Brazilian Amazon. Brittonia, 38
(4): 369-393
Capobianco, J.P.R. (Org.). 2001. Biodiversidade na Amazônia Brasileira. Ed. Estação
Liberdade/Instituto Socioambiental. São Paulo, SP. 540 p.
Cronquist, A. 1981. An Integrated System of Classification of Flowering Plants. The New York
Botanical Garden. Columbia University Press. New York, USA. 1262 p.
Ferreira, L. V.; G. T. Prance. 1999. Ecosystem recovery in terra firme forests after cutting and
burning: a comparison on species richness, floristic composition and forest structure in the
Jaú National Park, Amazonia. Botanical Jounal of the Linnean Society, 130: 97-110
Gentry, H.A. 1993. A Field Guide to the families and genera of wood plants of Northwest South
America (Colombia, Ecuador, Peru) with supplementary notes on herbaceous taxa.
Conservation International, Washigton, USA, 895p.
Laurance, W.F.; Ferreira L. V.; Rankin-de-Merona; J. M.; Hutchings R. W. 1998. Influence of
Plot Shape on Estimates of Tree Diversity and Community Composition in Central
Amazônia. Biotropica 30(4): 662-665.
Martins, F. R. 1991. Estrutura de uma floresta mesófila. Ed.UNICAMP, Campinas, SP.246p
Magurran, A. E. 1988. Ecological diversity and its measurement. Princeton University Press,
Princeton, New Jersey, USA. 179 p.
Milliken, W. 1998. Structure and composition of one hectare of central Amazonian terra firme
forest. Biotropica, 30(4): 530-537.
Mori, S.A. 2001. A família da castanha-do-pará: símbolo do Rio Negro. Capítulo 4. In Oliveira,
A. A.; Daly D. C. (Eds.). Florestas do Rio Negro. Ed. Companhia das Letras/UNIP.119-
141p.
44
Mueller-Dombois, D.; Ellenberg, H. 1974 Aims and methods of vegetation ecology. John Wiley;
Sons. New York, USA.547p.
Nelson, B.W.; Oliveira, A. 2001. Área de Botânica. In Capobianco, J.P.R. (Ed.) Biodiversidade
na Amazônia Brasileira. Ed. Estação Liberdade/Instituto Socioambiental. São Paulo, SP.
p.132-153
Oliveira, A.; Nelson, B.W. 2001. Floristic relationships of terra firme forests in the Brazilian
Amazon. Forest Ecology and Management, 146: 169-17
Pires, J. M. 1980. Tipos de vegetação da Amazônia. Vegetalia-Escritos e Documentos, (IBILCE.
UNESP) 4: 1-31.
Pires , J. M. ; Prance, G. T. 1977 The Amazon Forest: A Natural Heritage to be Preserved. In:
Prance, G. T.; Ellias, T. S. (Orgs.). Extintion is Forever. New York Botanical Garden, New
York, USA. 158-194 p.
Pires, J.M.; Prance, G.T. 1985. The vegetation types of the Brazilian Amazon. In Prance, G.T.;
Lovejoy, T.E. (Eds.). Key environments Amazônia, Pergamon Press, New York, USA.p.109-
145
Polhil R. M.; Raven P.H. 1981. Advances in Legume Systematics, Part 1. Royal Botanical
Garden, Kew.425 p.
Radambrasil. 1978 (Projeto Radambrasil, Ministério das Minas e Energia). Levantamento dos
Recursos Naturais, Volume 18. Folha AS. 20 Manaus; Geologia, geomorfologia, pedologia,
vegetação e uso potencial da terra. Rio de janeiro. 628 p., 7 mapas.
Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G; Vicentini, A.; Sothers, C. A.; Costa, M.A.S.; Brito, J.M.;
Souza, M.A.D.; Martins, L.H.P; Lohmann,L.G.; Assunção, P.A.C.L.; Pereira, E.C.; Silva,
C.F.; Mesquita, M.R.& Procópio, L.C. 1999. Flora da Reserva Ducke. Guia de
identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme na Amazônia Central.
INPA-DFID. Manaus, AM. 800 p.
45
Salomon, R. P; Silva, M. F. F; Rosa, N. A. 1988. Inventário ecológico em floresta tropical de
terra firme, Serra Norte, Carajás, Pará. Bol. Mus. Paraense Emílio Goeldi, v.4, n.1, 1-46
Shepherd, G. I. 1995. Fitopac 1. Manual do Usuário. Universidade Estadual de Campinas.
Campinas, SP. 93 p.
Swaine, M.D. 1989. Population dynamics of tree species in tropical forests. In Holm-Nielsen,
L.B., Nielsen, I.C. & Balslev, H. Tropical forests, botanical dynamics, speciation and
diversity. University of Aberdeen, Scotland, UK. p.101-110
Veloso, H. P., Rangel Filho, A. L. R.; Lima, J.C.A., 1991. Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. IBGE. Rio de Janeiro, RJ.123 p.
Villa Nova, N.A.; Salati, E.; Matsui, E. 1976. Estimativa da evaporatranspiração na Bacia
Amazônica. Acta Amazônica, 6(2): 215-228.
46
Artigo
Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos Caboclos
da Vila de Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil
47
Estudo Quantitativo sobre o Uso da Floresta de Terra Firme pelos Caboclos da Vila de
Caicubi, no Médio Rio Negro, Brasil.
Resumo
Juan Gabriel Soler A. & Ariane Luna Peixoto (Escola Nacional de Botânica Tropical, Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 2040, CEP 22460-030, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil). ESTUDO QUANTITATIVO SOBRE O USO DA FLORESTA DE TERRA FIRME
PELOS CABOCLOS DA VILA DE CAICUBI, NO MÉDIO RIO NEGRO, BRASIL. Economic
Botany--Realizou-se um estudo etnobotânico com os caboclos da vila de Caicubí, estado de
Roraima, Brasil. Esta vila localiza-se na área de interfluvio Rio Negro/Rio Branco (01°01’43”S,
62°05’21”W). Os dados foram coletados em 1 ha. de floresta de terra firme e envolveu o
conhecimento dos caboclos sobre as espécies com indivíduos de DAP > 10 cm. Foram
entrevistados 11 informantes chaves com idades entre 34 a 74 anos. Foram analisadas 191
espécies das quais 187 (98%) mostraram ser de alguma utilidade; das 43 famílias encontradas 42
(98%) apresentam espécies úteis. A família com maior valor de uso para comunidade foi
Arecaceae. A espécie com maior valor de uso foi Bertholletia excelsa. As Arecaceae,
Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaram em várias categorias de uso. As
categorias com maior valor de usos foram combustível, tecnologia e construção, sendo
tecnologia a categoria com maior quantidade de usos. O valor de uso médio por espécie foi de
1,6. Os recursos mais utilizados da floresta foram madeira, folhas e espinho e exsudatos.
Palavras chaves: Inventário etnobotânico, floresta amazônica, conhecimento tradicional, plantas
úteis.
48
Abstract
Results are presented for an ethnobotanical study with the caboclos of the village of Caicubi,
state of Roraima, Brazil. This village is localized in the area between the rivers Negro and
Branco (01°01’43”S, 62°05’21”W). The data was collected in a 1 hectare of terra firme forest
and involved the knowledge of the caboclos among the species with individuals of DBH > 10
cm. A total of 11 informants were interviewed with ages between 34 and 74 years old. From the
189 species analyzed, 185 (98%) were useful for the caboclos. The family with the highest use
value for the community was Arecaceae. The species with the highest used value was
Bertholletia excelsa. The Arecaceae, Lecythidaceae and Sapotaceae were the families that show
the highest use values between the categories of use. The categories with the highest use values
were firewood, technology and construction; technology was the category with the more uses.
The mean use value for specie was 1,6. The resources more utilized in the forest were wood,
leaves, spines and exudates.
Key words: Ethnobotanical inventory, Amazon forest, traditional knowledge, use of plants.
Introdução
Estudos etnobotânicos têm procurado resgatar o conhecimento de diferentes comunidades
tradicionais. Métodos quantitativos vem sendo utilizados para analisar o conhecimento
tradicional, por fornecerem maior confiabilidade na informação coletada, analisada e na
comprovação das hipóteses (Phillips 1996). Na Amazônia estudos quantitativos de 1 ha. têm sido
realizados com o objetivo de demonstrar o quanto é útil uma floresta para as comunidades
tradicionais em termos do número e proporção de espécies e famílias (Phillips et al. 1994).
Embora estes tipos de trabalhos sejam poucos até o momento, podem-se citar alguns realizados
com indígenas (Boom 1988, 1989, 1990; Baleé 1986, 1987; Milliken et al. 1992; Prance et al.
49
1987; Paz y Miño et al. 1995) e com comunidades tradicionais não indígenas (Pinedo-Vasquez et
al. 1989; Phillips & Gentry, 1993a, 1993b, Phillips et al. 1994).
Prance (1995) enfatiza a importância de se trabalhar com comunidades tradicionais não
indígenas, as quais têm sido pouco valorizadas pelos etnobotânicos; provavelmente muito do
conhecimento e usos das plantas por estas comunidades provêem das culturas indígenas, algumas
já extintas. Além do estilo de vida, o conhecimento destas comunidades na Amazônia está
desaparecendo rapidamente pela expansão da pecuária, instalação de hidroelétricas, mineração e
outros projetos em desenvolvimento. Por outro lado, o resgate do conhecimento destas
comunidades pode ser usado para um desenvolvimento mais racional destas regiões (Prance
1995) devido ao tempo de convivência destas comunidades com a floresta. É interessante
ressaltar que algumas comunidades indígenas têm adaptado conhecimento de comunidades
tradicionais não indígenas (Campos & Ehringhaus 2003).
Os caboclos da Amazônia são descendentes de índios e portugueses e apesar de existirem
muitas diferenças entre o índio e o caboclo, semelhanças amplamente difundidas indicam uma
lógica comum de ocupação e de usos dos recursos da região (German 2001). Mas os caboclos ao
serem menos exóticos que os indígenas e se apresentarem menos interessantes para alguns
pesquisadores, seu conhecimento, uso e manejo dos recursos na Amazônia têm sido pouco
estudado (Parker 1989). Na Amazônia Brasileira, os caboclos têm se mantido como uma
população discreta, e nesta região se concentra a grande identidade e expressão de sua cultura
(Parker 1989).
Até o momento não se têm estudos quantitativos em 1 ha. de floresta de terra firme com
caboclos na Amazônia Brasileira. Este estudo tem a finalidade de conhecer e quantificar o uso
das plantas com DAP> 10 cm em 1 ha. de terra firme utilizados pelos caboclos da vila de
Caicubi, município de Caracarai, estado de Roraima, Brasil.
50
Área de estudo
A vila de Caicubi localiza-se no igarapé Caicubi, afluente do Rio Jufari na região do
médio Rio Negro, na área de interflúvio Rio Negro/ Rio Branco (com coordenada central de
01°01’43”S, 62°05’21”W) (Fig. 1). Pertence politicamente ao município de Caracaraí, estado de
Roraima e é habitada por cerca de 400 habitantes em 72 famílias. As cidades mais próximas à
vila são Barcelos e Manaus (localizadas no Rio Negro) e Caracaraí (no Rio Branco). Mas estas
cidades ficam relativamente longe para seus habitantes (12 horas de motor de rabeta até
Barcelos, dois dias de barco até Manaus ou três dias de barco para Caracaraí) o que dificulta o
comércio entre os moradores da vila e as cidades, o que acaba sendo feito através de
intermediários. A vila possui uma escola com ensino até oitava série do primeiro grau e um posto
de saúde com condições precárias de atendimento. O principal credo religioso é o cristianismo,
havendo duas igrejas, uma católica e outra Universal do Reino de Deus. A comunidade vive
principalmente da pesca, caça, agricultura de subsistência e extrativismo dos recursos da floresta.
A principal fonte de renda é a venda de castanha (Bertholletia excelsa) e cipó-titica (Heteropsis
spp.) na época das chuvas e de peixes ornamentais no período da seca. Alguns artesanatos como
tupés e balaios, feitos principalmente de Arumã (Ischnosiphom sp.) e cestos ou paneiros, feitos
de Ambé-coroa (Phlilodendron sp.), são vendidos esporadicamente. Os primeiros habitantes de
Caicubí chegaram na década de 1940, fixando-se no local para extração da castanha. Pouco a
pouco outros habitantes foram chegando, oriundos de várias regiões da Amazônia, porém,
principalmente de diferentes regiões do Rio Negro (Alto, Médio e Baixo Rio Negro), e também
do Rio Solimões e de algumas regiões de Roraima. A língua principal é o português, mas
algumas pessoas, dentre as mais idosas, provenientes da região do Alto e Médio Rio Negro,
também falam a Língua Geral, ainda muito usada no alto Rio Negro (Ricardo F. P. et al. 2005).
51
A caracterização da área de estudo, sua geomorfología, clima e análise florística e
estrutural da floresta de terra firme encontra-se em Soler & Peixoto (ined.)
Figura 1. Mapa de Localização da vila de Caicubi, município de Cararacaí, RR, Brasil.
Métodos
O método utilizado para o estudo foi aquele desenvolvido por Phillips & Gentry (1993a,
1993b) que se baseia no consenso dos informantes. Entretanto algumas adaptações nessa
metodologia foram feitas e são a seguir especificadas: (1) Na organização dos dados trabalhou-se
com os nomes científicos das espécies e não com os nomes populares devido à grande variação
de nomes dados para cada espécie entre os informantes; (2) Os informantes não foram escolhidos
ao acaso, e sim pelo reconhecimento da comunidade sobre o saber que detinham acerca das
plantas. A permanência na vila de Caicubí se deu por dois períodos entre novembro de 2003 e
fevereiro de 2004, totalizando 56 dias. Na primeira semana de permanência, após a apresentação
do projeto de pesquisa à comunidade, buscou-se fazer um reconhecimento prévio da floresta no
52
entorno da vila, caminhando-se através de três trilhas que partiam da comunidade em direção às
roças chegando até a floresta. Escolheu-se uma destas trilhas, usada pela comunidade para
coletar castanhas no inverno. Em uma área sem exploração dentro da floresta delimitou-se uma
unidade amostral de 50 m x 200 m (1 ha.).
A coleta de material botânico e informações foi realizada em duas etapas: na primeira
delimitou-se 0.5ha que subdividido em parcelas de 10m x 10m. Dentro destas parcelas foram
numerados todos os indivíduos arbóreos, lianas e hemiepífitos, com diâmetro a altura do peito
(DAP) ≥ 10 cm.. De todos os indivíduos foram coletados ramos que, além de armazenados em
sacos plásticos para posterior herborização, eram colocados ao lado da árvore para auxiliar os
informantes no processo de identificação das plantas. Para cada indivíduos anotou-se
informações relativas à altura total, altura do fuste e DAP, além de características morfológicas
que pudessem auxiliar na posterior identificação taxonômica. Ao final de cada dia de trabalho as
amostras de plantas eram prensadas e preservadas em álcool.
Uma vez marcados e coletados todos os indivíduos, foram escolhidas seis pessoas,
apontadas pela própria comunidade, como conhecedores da flora local os quais estavam
dispostos a colaborar como informantes chaves na pesquisa. Nesta etapa só foram entrevistados
homens, com idades entre 34 e 65 anos. Utilizou-se a metodologia “caminhado na floresta”
(Alexiades, 1996), onde cada informante percorreu todo o trecho de 0,5ha, mostrando-lhe cada
árvore numerada e coletada, e perguntado-lhe: se a planta era conhecida, por qual nome era
conhecida e se tinha algum tipo de uso. Os usos eram anotados assim como as partes empregadas
eram especificadas. Objetivando diminuir o cansaço do informante optou-se por argüir sobre
todas as espécies presentes na área e não sobre todos os indivíduos. Quando uma planta ocorria
mais de uma vez na área perguntava-se apenas até se ter assegurado que não havia variação na
resposta da identificação. Foi considerado um evento o processo de perguntar ao informante, em
um dia, a respeito dos usos de cada espécie (Phillips & Gentry, 1993a). Porém, se em um dia a
53
espécie era encontrada mais de uma vez, a resposta do informante era combinada com as outras
entrevistas, com exceção apenas para o caso do informante fornecer um nome popular diferente
para a mesma espécie (Phillips & Gentry, 1993a).
Uma vez terminada esta etapa, o material coletado foi herborizado no herbário do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Manaus, procedendo-se também a
identificação taxonômica dos exemplares.
Na segunda etapa da pesquisa delimitou-se 0,5ha, seguindo-se os mesmos procedimentos,
porém das espécies já identificadas não se coletou novos exemplares para herborização. Nesta
etapa foram entrevistados também seis informantes, cinco dos quais distintos daqueles da
primeira etapa, sendo duas mulheres e quatro homens, com idades entre 34 e 74 anos.
Cada informante foi entrevistado individualmente para que suas respostas não fossem
influenciadas pelos demais. Dos onze informantes entrevistados, dez permaneceram todo o dia
em atividade no campo.O outro foi contratado para ajudar no trabalho de campo e foi
entrevistado durante vários dias.
Elaborou-se uma base de dados, em planilha EXCELL, com registros para cada espécie
de planta indicada pelos informantes como útil, contendo os seguintes itens: nome científico,
família, número dos indivíduos (de árvores, lianas ou hemiepífitas) do hectare estudado, número
do coletor, nomes populares, tipos de usos, partes da planta utilizadas e nome do informante.
Os usos indicados foram tratados de uma perspectiva etic, a qual conceitualiza e organiza
a informação etnobotânica do ponto de vista do pesquisador (Zent, 1996). Os usos foram tratados
em oito categorias: construção, tecnologia, medicina, comércio, alimentar, artesanato,
combustível e outros. A definição das categorias de uso para construção, medicinal, alimentação
e tecnologia seguiu, de modo geral, aquelas indicadas por Galeano (2000). A categoria
artesanato foi tratada separadamente segundo Pinedo-Vasquez et al. (1989); combustível foi
54
tratado como Baleé (1987); a categoria outros foi tratado com Prance et al. (1994) acrescentando
frutos que servem para caça.
Seguem-se as categorias com suas respectivas definições:
Construção: casas, cercas e postes.
Tecnologia: material de pesca, caça, agricultura, utensílios de cozinha, canoas, móveis, folhas
para fumar.
Medicinal: substâncias utilizadas para curar e aliviar doenças.
Comércio: uso econômico.
Alimentar: alimento para o homem.
Artesanato: cascas para tingir fibras para cestaria; ripas para a borda de cestaria; folha para
tecer, sementes para anéis e brincos
Combustível: lenha, carvão e resinas voláteis.
Outros: plantas ritualísticas, brinquedos, frutos para alimentação de animais silvestres.
O valor de uso para cada espécie foi calculado seguindo a metodologia de Phillips &
Gentry 1993a, através da qual se obtém um valor de uso da espécie por cada informante (a), para
depois obter o valor de uso da espécie (b):
a) VUis = ∑Uis / nis
Onde Uis é o número de usos mencionados em cada evento pelo informante i para a
espécie s, e nis é o numero de eventos por espécie s com o informante i
b) VUs = ∑UVis / ns
onde ns é igual a o número de informantes entrevistados para a espécie s
O valor de uso para cada família foi calculado seguindo a metodologia de Phillips &
Gentry 1993a, onde
VUF= ∑VUs / nf
55
Onde VUs = valor de uso das espécie
nf = número de espécies na família.
Os valores de uso das dez espécies mais importantes foram comparados estatisticamente
com a teste não paramétrico “Mann-Whitney test” (Zar, 1996) para ver se existiam diferenças
significativas entre elas.
As amostras botânicas encontram-se depositadas no herbário do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro (RB), e as duplicatas de espécimes férteis, no herbário do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA). O número de coleta de J.G.Soler A. para cada espécime
encontra-se em Soler & Peixoto (ined).
Resultados e Discussão
No trecho de 1 ha. de floresta de terra firme estudado foram analisadas 189 espécies, das
quais 185 (98%) foram reconhecidas pelos informantes como de alguma utilidade, enquanto as
outras quatro espécies não foram reconhecidas por nenhum dos informantes (Ilex divaricata,
Laetia sp.1, Guarea guidonia, Leguminosae: Papilionoideae sp.1). Além destas, três espécies
arbóreas permaneceram dormentes durante o período de estudo, não sendo, portanto utilizadas
para as entrevistas no presente estudo. Dentre as 43 famílias amostradas, 42 (98%) têm espécies
apontadas como úteis. Neste trecho, dentro do critério de inclusão adotado (DAP ≥ 10 cm),
encontram-se 541 indivíduos entre os quais 537 (99%) são reconhecidos como de alguma
utilidade. Quando os dados são analisados sem a categoria de combustível, a que agrega a maior
número de espécies e indivíduos, observa-se que 180 espécies (95%) têm utilidade e 98% dos
indivíduos e 93% das famílias têm utilidade. O Anexo 1 apresenta as espécies ocorrentes em 1
ha. de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Caracaraí, Roraima, Brasil, em ordem alfabética
de família, seguido de nome científico, nome comum e usos indicados pelos caboclos.
56
Foram obtidos 1763 eventos independentes. A média de usos por espécie em 1 ha. foi de
5,4. No total 110 usos foram descritos para as espécies no trecho estudado (Tabela 1). O maior
número de usos atribuído a uma espécie foi 14 encontrado apenas em Berthollethia excelsa; 34
espécies apresentaram cinco usos e nove espécies um uso (Fig. 2).
Tabela 1. Usos da floresta pelos caboclos de Caicubi, Roraima, Brasil. Listadas por categorias.
Construção Tecnologia
Caibros, linhas, travessas, esteio.
Cabo de enxada, machado, terçado, faca,
foice.Cascas para paredes. Embira para paneiro, peçonhas, como corda.Tábuas para paredes de casas e sualho. Talheres.Folha para tecer cobertura de casas.
Folha de sobreposição em telhados de
palha. MóveisEstacas e moirão de cercas. Espinhos para caçar garfanhotos.Ripas para estrutura de forno de farinha,
construção de casas e cercas. Pecíolo para fazer pipas.Compensado. Pecíolo para ponta de flechas.Barrote, pernamancas. Pecíolo colher látex.Postes.
Arcos.Medicinal Caniço.Látex para distenção muscular. Breu para afastar morcêgos e carapanas.Raiz para anemia. Breu para calafetar canoas.Breu para dor de cabeça. Construção de canoas, barcos e batelão.Estípula para puxar tumor. Bucha de motor e de bomba.Resina para desinflamar pancadas e
torções.
Folha para empalhar carne seca evitando
varejera.Opérculo para carne crescida. Casca para tingir linhas de pesca.
Seiva contra veneno de cobra.
Ripa para instrumentos de pesca de peixinhos
ornamentais.Casca contra veneno de cobra. Látex como cola.
Casca para diarréia.
Sapopemas para tábuas de lavar roupa, leme
de barco e remos.Semente para apendicite. Fruto pixidio como pilhão.Folha para tirar panema de cachorro Ripa para cabeceira de lanterna.
Casca para males dos rins.
Jaticá, cabo de zagaia e astia p/ pesca de peixe
boi.Seiva para dor de dente. Folha para cobertura de caiera de fazer carvão.Seiva como antiséptico e cicatrizante. Tronco como rolete para deslizar
57
embarcações.Seiva como coagulante. Latex como veneno para caça.Semente contra dor de urina. Balsas.Látex como veneno. Espinho para tira espinho.Seiva contra vômito. Semente para plantarCasca contra hemorroides. Abanos.
Casca para hemorragia em aborto.
Folha na prensa de farinha para não grudar a
massa com a prensa.Casca para o sapinho na boca das crianças. Coronha de espingarda
Casca para friera brava (micose), curuba.
Folha para botar a caça encima para tirar o
couro.Casca para sarna do cachorro (pirento) Pecíolo para apitar e chamar anta.Estípula para barriga d’ água. Látex para fazer balata.Casca contra câncer. Tronco como adubo para canteiro.Folha para banho de crianças quando
choram muito. Folha para lixar.
Látex para matar piolho.
Meristema apical e de troncos velhos onde se
cira mixigua usada como isca de pesca.
Casca para matar piolho.
Folha para torrar massa de farinha para
massoca.Seiva para derrame. Folha para fumar.Casca para diabetes. Jirao para assar peixe.
Fruto como isca para pescar com espinhel. Combustible Folha para fazer sabão.Lenha e carvão. Fruto como timbó para mata peixe. Breu para fazer fogo. Casca para fazer fogão de barro.Casca para queimar.Pericarpo da catanha para carvão. Outros
Defumação de pessõas para afastar e tirar
doenças.Artesanato Fruto no chão para caçar inambu, anta.Folha nova para cestaria, chapéu. Tronco para fazer brinquedosSemente para anéis e brincos. Breu para queimar quando vem temporal.Ripa para borda de cestaria. Breu para afastar os maus espiritos.Casca para tingir fibras. Folha para estragar pessoas.
Casca para pegar mulher.AlimetarFruto comestível. ComércioPalmito. Sementes Âmago e larva (michigua) que se cria
dentro do tronco dentro do tronco. Breu e LátexSeiva para beber. Palmito vendeSemente comestível. Galhos vendem para turistasLátex para beber.
58
Folha para chá.
5 %
8 %
1 1 % 1 1 %
1 8 %
1 2 %1 1 % 1 1 %
6 %
3 %2 %
1 % 1 % 1 %
0 %
2 %
4 %
6 %
8 %
1 0 %
1 2 %
1 4 %
1 6 %
1 8 %
2 0 %
1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2 1 3 1 4
Número de usos por espécie
porc
enta
gem
das
spp
. úte
is
Figura 2. Número de usos por espécie (%) com DAP > 10cm de 1 ha. de floresta de terra firmeindicado pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil.
A Tabela 2 mostra que dentro dos 109 usos, 44 (40%) estão na categoria tecnologia, seguida por
medicinal (27%), construção (8%), alimentar (6%), comércio (3%), combustível (3%), artesanato
(3%), outros (6%). A madeira é o recurso mais utilizado (26%) dentro dos usos descritos;
seguidos pelas exsudatos (látex, resina e seiva) (22%), folhas e espinhos (21%), casca (15%),
frutas e semente (13%), meristema apical (envolve o palmito e uma larva usada como alimento)
(4%), raízes (2%) e estípula (2%).
Quando analisado os usos por categoria (Tabela 2), observa se que em tecnologia os
recursos mais utilizados são a madeira (36%) e as folhas e espinhos (34%); na categoria de
construção a madeira é o recurso mais utilizado (88%); na categoria de comércio quatro itens
(madeiras, frutos e sementes, exsudatos e coração do tronco) totalizaram 100% com a mesma
proporção (25%) para cada um deles. Na categoria medicinal as cascas e os exsudatos são os
recursos mais utilizados com 37% para cada categoria. Na categoria alimentar os recursos mais
utilizados são frutos e sementes (28,6%), exsudatos (28,6%) e meristema apical de palmeira
(28,6%). Na categoria combustível os recursos estão igualmente dividido em madeiras, frutos e
59
sementes, exsudatos e cascas (25% para cada item). Em artesanato os recursos estão divididos
em madeiras, frutos e sementes, folhas e espinhos e cascas com 25% para cada item. Para a
categoria de outros usos predomina o uso de exsudatos 43%.
Tabela 2. Partes utilizadas das árvores, cipós e hemiepifitas com DAP > 10cm pelos caboclos davila Caicubi, Caracaraí, Roraima, Brasil, distribuídas por categorias de usos. (Cons: construção;Tec: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte: artesanato; Comb: combustível, Com:comércio, Outr: outros).
Parte Utilizada Cons Com Med Alim Tec Comb Arte Outr Total %TotalMadeira 8 1 0 0 16 1 1 1 28 26%frutos, sementes, 0 1 3 2 5 1 1 1 14 13%Exsudatos 0 1 11 2 4 1 0 3 22 20%folhas e espinhos 1 0 2 1 15 1 1 21 19%Casca 0 0 11 0 3 1 1 1 17 15%Raízes 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1%coraçao do tronco * 0 1 0 2 1 0 0 0 4 4%Estípula 0 0 2 0 0 0 0 0 2 2%Total de usos
utilizados 9 4 30 7 44 4 4 7 109 100%*coração do tronco envolve ao âmago e uma larva que se cria dentro do tronco quando este cai.
Phillips et al. 1994 enfatizam que o simples processo de totalizar o número de espécies
úteis e o número de usos por espécie em uma área é somente uma forma muito crua de mostrar a
importância cultural da floresta e que estes resultados têm que ser interpretados com cautela. A
figura 3 sustenta este fato quando mostra as 30 espécies com maiores números de uso e
paralelamente mostra seus VU. Observa-se que estes valores não seguem o mesmo padrão. Estas
inconsistências refletem o fato de existirem usos ocasionais para quase todos as espécies de
árvores, mais só algumas espécies são intensamente utilizadas (Phillips et al. 1994).
A maioria das espécies (23%) apresenta valor de uso (VU) entre >0,5 e 1,5 (Fig. 4). VU
altos estão concentrados em poucas espécies. O VU médio por espécie é 1,59; o VU médio por
espécie para combustível é 0,43; tecnologia de 0,43; construção de 0,39; alimentação 0,14;
medicinal de 0,13; artesanato de 0,02; comércio de 0,02 e para outros 0,04. As espécies com
maior VU são Bertholletia excelsa seguida por Pouteria glomerata, Eschweilera pedicellata,
60
Eschweilera coriacea, Euterpe precatória (Tabela 6). A lista das espécies com VU totais e por
categoria, sua abundância relativa, número de eventos, e número de informantes encontram-se na
Tabela 3.
0 ,0 0
2 ,0 0
4 ,0 0
6 ,0 0
8 ,0 0
1 0 ,0 0
1 2 ,0 0
1 4 ,0 0
1 6 ,0 0
Berth
olet
iaEs
chw
eile
raV
irola
thei
odor
aEs
chw
eile
raIn
ga a
lba
Pout
eria
Boca
geop
sisG
uatte
ria sp
1Po
urou
ma
cf.
Oco
tea
Gus
tavi
a au
gusta
Pout
eria
cai
mito
Xyl
opia
Oen
ocar
pus
Xyl
opia
aff
Gou
pia
glab
raSy
mph
onia
Lica
riaEs
chw
eile
raH
elic
osty
lisIr
yant
hera
Pout
eria
Crep
idos
perm
umA
ttale
a m
arip
aEu
terp
eCe
crop
iaLi
cani
a ca
udat
aLi
cani
a hi
rsut
aA
niba
aff
.O
cote
a
Val
ores
VUTotalnutotal
Figura 3. Trinta espécies com maior número de usos totais e com seus respectivos valores de uso(VU Total) citados pelos caboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil.
12 %
2 3%2 1 %
1 5 %
1 1 %
7 % 8 %
2 % 1 % 1 % 0% 1 %0 %
5 %
1 0 %
1 5 %
2 0 %
2 5 %
0,17
- 0,
5
>0,5
- 1
>1 -
1,5
>1,5
- 2
>2 -
2,5
>2,5
- 3
>3 -
3,5
>3,5
- 4
>4 -
4,5
>4,5
- 5
5 - 5
,5
5,5
- 6
Valor de uso
Porc
enta
gem
das
spp.
úte
is
Figura 4. Distribuição dos valores de uso (UV) para as 185 espécies utilizadas pelos caboclos davila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil, encontradas em 1 ha. de floresta terra firme.
61
Tabela 3. Lista de plantas apontadas como úteis pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil, encontradas em 1 ha. de floresta deterra firme, mostrando o valor de uso total (VUTot), valor por categoria de uso (VUCons = construção; VUCom = comércio; VUAli =alimentar; VUMed = medicinal; VUTec = tecnología; VUComb = combustível; VUArt = artesanato; VUOu = outros usos), número de usos(nu), número de entrevistas (ne), número de informantes (ni), densidade relativa (DRe).
Espécies VUTot VUCons VUCom VUAli VUMed VUTec VUComb VUArt VUOu nu ne ni D.Re ANACARDIACEAETapirira guianensis Aubl. 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 1 6 6 0,18ANNONACEAEBocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr. 3,56 0,92 0,00 0,00 0,09 1,63 0,92 0,00 0,00 10 25 11 5,51Fusaea longifolia Safford. 3,33 0,50 0,00 0,00 0,00 2,00 0,83 0,00 0,00 6 6 6 0,18Guatteria citriodora Ducke 2,08 0,63 0,00 0,00 0,10 0,85 0,50 0,00 0,00 10 16 10 0,74Xylopia aff. polyantha R.E.Fr. 3,12 1,06 0,00 0,00 0,00 1,18 0,88 0,00 0,00 9 20 11 0,92Xylopia amazonica R.E.Fr. 2,95 1,09 0,00 0,00 0,00 1,05 0,82 0,00 0,00 9 12 11 0,37APOCYNACEAEAmbelania acida Aubl. 1,23 0,00 0,09 0,91 0,00 0,18 0,05 0,00 0,00 4 12 11 0,37Couma guianensis Aubl. 2,39 0,09 0,18 1,09 0,27 0,73 0,03 0,00 0,00 5 14 11 0,55Odontadenia cognata (Stadelm.) Woodson 0,83 0,00 0,00 0,00 0,83 0,00 0,00 0,00 0,00 1 6 6 0,18Rhigospira quadrangularis Miers. 0,83 0,00 0,00 0,00 0,17 0,33 0,33 0,00 0,00 4 6 6 0,18ARALIACEAESchefflera morototoni (Aubl.)Maguire,Steyern. & Frodin 0,55 0,27 0,00 0,00 0,00 0,18 0,09 0,00 0,00 3 12 11 0,37ARECACEAEAstrocaryum aculeatum Wallace 3,50 0,00 0,17 1,50 0,00 0,67 0,00 1,17 0,00 6 6 6 0,18Attalea maripa Mart. 3,50 1,00 0,00 1,50 0,00 0,83 0,00 0,17 0,00 8 6 6 0,18Euterpe precatoria Mart. 3,86 1,09 0,09 1,41 1,00 0,27 0,00 0,00 0,00 8 14 11 3,68Oenocarpus bacaba Mart. 3,09 0,98 0,00 1,56 0,09 0,45 0,00 0,00 0,00 9 16 11 1,84BIGNONIACEAEJacaranda copaia D.Don 1,00 0,58 0,00 0,00 0,00 0,17 0,25 0,00 0,00 3 9 6 0,37BOMBACACEAEQuararibea ochrocalyx Visch. 0,86 0,14 0,00 0,00 0,00 0,36 0,36 0,00 0,00 6 13 11 0,55Rhodognaphalopsis cf. duckei A. Robyns 1,33 0,50 0,00 0,00 0,00 0,67 0,17 0,00 0,00 4 6 6 0,18BORAGINACEAECordia bicolor A.DC. ex DC. 0,50 0,33 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 2 6 6 0,18Cordia exaltata Lam. 1,67 0,33 0,00 0,00 0,00 0,83 0,50 0,00 0,00 5 6 6 0,18Cordia nodosa Lam. 0,50 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 1 6 6 0,18
62
Cordia panicularis Rudge 1,17 0,33 0,00 0,00 0,00 0,50 0,33 0,00 0,00 5 6 6 0,18Cordia sp. 0,67 0,00 0,00 0,17 0,33 0,00 0,17 0,00 0,00 4 6 6 0,18BURSERACEAECrepidospermum cf. rhoifolium (Benth.) Triana & Planchon 1,82 0,00 0,05 0,09 0,05 0,64 0,59 0,00 0,41 9 17 11 0,55Dacryodes cf. hopkinsii 2,17 0,17 0,17 0,00 0,00 0,33 0,83 0,00 0,67 5 6 6 0,18Dacryodes sclerophylla Cuatrec. 3,40 0,00 0,20 0,00 0,20 0,80 1,40 0,00 0,80 7 5 5 0,18Protium amazonicum (Cuatrec.) Daly 1,17 0,33 0,00 0,17 0,00 0,17 0,33 0,00 0,17 4 6 6 0,18Protium grandifolium Engl. 1,83 0,25 0,00 0,00 0,00 0,50 0,58 0,00 0,50 6 8 6 0,37Protium hebetatum Daly 2,68 0,00 0,09 0,00 0,00 0,77 1,14 0,00 0,68 7 12 11 0,37Protium opacum Swart subsp. Opacum 2,22 0,06 0,11 0,06 0,11 0,33 1,00 0,00 0,56 7 10 9 0,37Protium subserratum Engl. 0,80 0,00 0,00 0,00 0,00 0,40 0,20 0,00 0,20 3 5 5 0,18Protium trifoliolatum Engl. 1,83 0,33 0,00 0,00 0,00 0,50 0,67 0,00 0,33 5 6 6 0,18Trattinickia boliviana (Swart.) Daly 2,50 0,33 0,00 0,00 0,17 0,67 0,50 0,00 0,83 6 6 6 0,18Trattinickia glaziovii Swart. 2,77 0,10 0,05 0,00 0,21 0,79 0,98 0,00 0,65 8 28 11 0,92CARYOCARACEAECaryocar glabrum (Aubl.)Pers. subsp. parviflorum 1,60 0,33 0,00 0,10 0,50 0,67 0,00 0,00 0,00 5 12 10 0,55Caryocar glabrum Pers. 1,75 0,42 0,00 0,00 0,50 0,67 0,17 0,00 0,00 5 7 6 0,37CECROPIACEAECecropia distachya Huber 1,41 0,18 0,00 0,00 0,32 0,43 0,47 0,00 0,00 8 19 11 0,92Coussapoa sprucei Mildbr. 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 1 5 6 0,18Pourouma cf. cuspidata Warb. & Mildbr. 1,18 0,00 0,00 0,18 0,21 0,24 0,55 0,00 0,00 7 16 11 0,74Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (Benoist) C.C.
Berg & Van
1,04 0,10 0,00 0,07 0,13 0,31 0,44 0,00 0,00 10 23 10 2,76
Pourouma cucura Standl. & Cuatrec. 1,08 0,04 0,00 0,00 0,25 0,38 0,42 0,00 0,00 4 10 6 0,74Pourouma ferruginea Standl. 1,33 0,17 0,00 0,33 0,17 0,17 0,50 0,00 0,00 5 6 6 0,18Pourouma guianensis Aubl. guianensis 1,50 0,00 0,00 0,17 0,17 0,67 0,50 0,00 0,00 4 6 6 0,18Pourouma melinonii Benoist subsp. melinonii 1,20 0,20 0,00 0,20 0,10 0,20 0,50 0,00 0,00 6 10 10 0,37Pourouma minor Benoist 1,00 0,00 0,00 0,09 0,18 0,27 0,45 0,00 0,00 7 20 11 2,39Pourouma ovata Trec. 1,00 0,00 0,00 0,20 0,20 0,20 0,40 0,00 0,00 4 5 5 0,18Pourouma tomentosa Miq. subsp. essequiboensis 0,67 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,33 0,00 0,00 3 6 6 0,18Pourouma tomentosa Miq. subsp. tomentosa 0,75 0,00 0,00 0,00 0,00 0,25 0,50 0,00 0,00 2 4 4 0,18Pourouma villosa Trec. 1,00 0,00 0,00 0,00 0,30 0,40 0,30 0,00 0,00 6 10 10 0,37CELASTRACEAEGoupia glabra Aubl. 2,68 1,11 0,00 0,00 0,18 0,68 0,70 0,00 0,00 9 15 11 1,65CHRYSOBALANACEAECouepia aff. obovata Ducke 0,50 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,33 0,00 0,00 2 6 6 0,18Hirtella racemosa var. hexandra (Willdenow ex Roemer & 1,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,17 0,50 0,00 0,00 4 6 6 0,18
63
Schultes) PranceLicania canescens Benoist 0,50 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,33 0,00 0,00 2 6 6 0,18Licania caudata Prance 2,33 0,67 0,00 0,00 0,17 0,83 0,67 0,00 0,00 8 6 6 0,18Licania cf. prismatocarpa Spruce ex Hook. f. 2,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,50 0,83 0,33 0,00 5 6 6 0,18Licania heteromorpha Benth. subsp. heteromorpha 3,00 0,83 0,00 0,00 0,00 1,17 0,67 0,33 0,00 6 6 6 0,18Licania hirsuta Prance 3,75 0,83 0,00 0,00 0,17 1,42 0,83 0,50 0,00 8 7 6 0,37Licania micrantha Miq. 1,25 0,25 0,00 0,00 0,00 0,33 0,67 0,00 0,00 5 9 6 0,37Licania octandra subsp. pallida (Hooker f.) Prance 2,26 0,22 0,00 0,00 0,00 1,15 0,89 0,00 0,00 5 17 11 1,29Licania sothersiae Prance 2,67 0,67 0,00 0,00 0,17 0,83 0,83 0,17 0,00 7 6 6 0,18Licania unguiculata Prance 1,83 0,67 0,00 0,00 0,00 0,50 0,67 0,00 0,00 3 6 6 0,18CLUSIACEAEClusia grandiflora Splitg. 0,67 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 1 6 6 0,18Symphonia globulifera L. 1,80 0,36 0,00 0,07 0,09 0,75 0,43 0,00 0,09 9 15 11 2,21Tovomita schomburgkii Planch. & Triana 1,33 0,33 0,00 0,00 0,00 0,50 0,50 0,00 0,00 5 6 6 0,18DILLINIACEAEPinzona coriacea Mart. & Zucc. 1,50 0,00 0,00 0,67 0,67 0,00 0,17 0,00 0,00 6 6 6 0,18ELAEOCARPACEAESloanea cf. synandra Spruce ex. Benth. 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33 0,00 0,00 3 6 6 0,18Sloanea pubescens Benth. 1,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00 0,00 0,00 2 6 6 0,18Sloanea rufa Planch. Ex Benth. 0,67 0,00 0,00 0,08 0,17 0,08 0,33 0,00 0,00 5 11 6 0,37Sloanea sp.1 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,17 0,00 0,00 3 6 6 0,18EUPHORBIACEAE Alchornea schomburgkii Klotzsch 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,50 0,00 0,00 3 9 6 0,37Alchornea triplinervia Mull. Arg. 0,42 0,25 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 2 7 6 0,37Croton lanjouwensis Jabl. 1,42 1,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,08 0,00 0,00 2 8 6 0,55Euphorbiaceae sp.1 0,67 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,33 0,00 0,00 3 6 6 0,55Hieronyma mollis Muell. Arg. 0,47 0,00 0,00 0,08 0,11 0,00 0,28 0,00 0,00 7 13 6 0,18FLACOURTIACEAELaetia procera Eichl. 0,75 0,36 0,00 0,00 0,05 0,18 0,16 0,00 0,00 6 16 11 0,92Lindackeria cf. paludosa Gilg. 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,17 2 6 6 0,18GNETACEAEGnetum leyboldii Tul. 1,00 0,00 0,00 0,80 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 2 5 5 0,18HUGONIACEAEHebepetalum humiriifolium (Planch.) Jackson 0,86 0,18 0,00 0,09 0,18 0,00 0,41 0,00 0,00 6 15 11 0,74LAURACEAEAniba aff. Williamsii O. C. Schmidt. (Guia Ducke) 3,03 1,42 0,00 0,00 0,00 1,33 0,28 0,00 0,00 8 11 6 0,55Licaria guianensis Aubl. 3,55 1,82 0,00 0,00 0,00 1,36 0,36 0,00 0,00 9 12 11 0,37
64
Mezilaurus subcordata (Ducke) Kosterm 0,40 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,40 0,00 0,00 1 5 5 0,18Ocotea nigrescens A. Vicentini 3,20 1,50 0,00 0,00 0,00 1,35 0,26 0,00 0,09 10 17 11 0,55Ocotea rhodophylla A. Vicentini 3,06 1,06 0,00 0,00 0,00 1,42 0,58 0,00 0,00 8 13 6 0,55Ocotea sp. E (guia Ducke) 2,50 1,33 0,00 0,00 0,00 0,83 0,33 0,00 0,00 5 6 6 0,18Ocotea subterminalis H. van der Werff 1,83 0,83 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33 0,00 0,00 5 6 6 0,18Pleurothyrium vasquezii H. van der Werff 1,33 0,50 0,00 0,00 0,00 0,50 0,33 0,00 0,00 6 6 6 0,18LECYTHIDACEAEBertholetia excelsa Humb & Ponpl. 5,55 0,86 0,80 1,00 1,02 1,59 0,27 0,00 0,00 14 15 11 0,92Eschweilera bracteosa Miers 2,50 1,00 0,00 0,00 0,50 0,50 0,50 0,00 0,00 5 2 2 0,18Eschweilera coriacea Mart. ex O.Berg 4,24 1,14 0,00 0,00 0,00 1,93 0,97 0,20 0,00 13 26 11 3,86Eschweilera grandifolia Mart ex DC. 3,17 1,17 0,00 0,17 0,00 1,17 0,67 0,00 0,00 9 6 6 0,18Eschweilera pedicellata (Richard)S.A.Mori 4,35 1,17 0,00 0,00 0,00 2,02 0,95 0,22 0,00 11 16 10 2,21Gustavia augusta Amoen. Acad. 2,60 1,00 0,00 0,20 0,00 0,80 0,40 0,20 0,00 10 5 5 0,18Lecythis poiteaui O.Berg. 1,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,17 0,50 0,00 0,00 3 6 6 0,18Lecythis retusa Spruce ex. O.Berg 1,42 0,58 0,00 0,25 0,00 0,33 0,25 0,00 0,00 7 9 6 0,37Lecythis zabucajo Aubl. 2,67 0,92 0,00 0,42 0,17 0,75 0,42 0,00 0,00 8 9 6 0,37LEGUMINOSAE CAESALPINIOIDEAEBahuinia guianensis Aubl. 1,17 0,00 0,00 0,00 0,67 0,50 0,00 0,00 0,00 3 6 6 0,18Dicorynia paraensis Benth. 0,33 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 2 6 6 0,18Sclerolobium aff. Setiferum Ducke 2,08 0,92 0,00 0,00 0,17 0,50 0,50 0,00 0,00 7 7 6 0,37Sclerolobium chrysophyllum Poepp. & Endl. 1,00 0,20 0,00 0,00 0,20 0,40 0,20 0,00 0,00 5 5 5 0,18Sclerolobium setiferum Ducke 1,33 0,67 0,00 0,00 0,00 0,17 0,50 0,00 0,00 4 6 6 0,18Tachigali myrmecophila Ducke 1,85 0,55 0,00 0,00 0,18 0,58 0,55 0,00 0,00 7 14 11 1,1Tachigali venusta Dwyer 1,20 0,60 0,00 0,00 0,20 0,20 0,20 0,00 0,00 5 5 5 0,18LEGUMINOSAE MIMOSOIDEAECedrelianga cataeniformis (Ducke) Ducke 2,17 1,33 0,00 0,00 0,00 0,67 0,17 0,00 0,00 6 6 6 0,18Dinizia excelsa Ducke 2,17 0,50 0,00 0,00 0,00 0,83 0,83 0,00 0,00 7 6 6 0,18Enterolobium schomburgkii Benth. 1,67 0,67 0,00 0,00 0,00 0,33 0,67 0,00 0,00 6 6 6 0,18Inga aff. bicoloriflora Ducke 1,00 0,17 0,00 0,00 0,33 0,33 0,17 0,00 0,00 6 6 6 0,18Inga aff. capitata Desv. 0,83 0,17 0,00 0,33 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 2 6 6 0,18Inga alba (Swartz) Willd. 1,96 0,14 0,00 0,26 0,27 0,18 0,75 0,36 0,00 11 22 11 2,76Inga cf. laurina Willd. 2,33 0,17 0,00 0,33 0,50 0,50 0,83 0,00 0,00 7 6 6 0,18Inga grandiflora Ducke 1,27 0,00 0,00 0,45 0,00 0,09 0,64 0,09 0,00 4 12 11 0,37Inga paraensis Ducke 1,46 0,14 0,00 0,37 0,09 0,18 0,65 0,03 0,00 8 22 11 0,92Inga rhynchocalyx Sandwith 1,22 0,11 0,00 0,33 0,00 0,22 0,56 0,00 0,00 4 10 9 0,37Inga thibaudiana DC. 1,50 0,17 0,00 0,33 0,00 0,17 0,67 0,17 0,00 5 6 6 0,18Inga umbratica Poepp. & Endl. 1,17 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,83 0,00 0,00 3 6 6 0,18
65
Parkia nitida Miq. 1,42 0,75 0,00 0,00 0,00 0,42 0,25 0,00 0,00 5 7 6 0,55Parkia sp. 1,00 0,50 0,00 0,00 0,17 0,00 0,33 0,00 0,00 4 6 6 0,18Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.Lewis & M.P.M.
de Lima
1,83 0,67 0,00 0,00 0,00 0,50 0,67 0,00 0,00 6 6 6 0,18
Stryphnodendrom paniculatum Poepp. & Endl. 0,64 0,09 0,00 0,00 0,18 0,09 0,27 0,00 0,00 4 11 11 0,37Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.Grimes 2,02 0,68 0,00 0,00 0,05 0,41 0,89 0,00 0,00 8 17 11 0,74LEGUMINOSAE PAPILIONOIDEAE Andira micrantha Ducke 1,83 0,17 0,00 0,00 0,33 0,50 0,83 0,00 0,00 7 6 6 0,18Clathrotropis macrocarpa Ducke 2,75 0,25 0,00 0,00 1,29 0,25 0,96 0,00 0,00 8 12 8 7,17Ormosia aff. Nobilis Tul. var. nobilis 1,67 0,17 0,17 0,00 0,17 0,33 0,50 0,00 0,33 5 6 6 0,18Ormosia grossa Rudd. 2,33 0,83 0,17 0,00 0,67 0,33 0,33 0,00 0,00 8 6 6 0,18Pterocarpus officinalis Jacq. 1,50 0,33 0,00 0,00 0,17 0,33 0,67 0,00 0,00 5 6 6 0,18Swartzia cf. dolichopoda R.S.Cowan 1,20 0,40 0,00 0,00 0,00 0,40 0,40 0,00 0,00 5 5 5 0,18Swartzia corrugata Benth. 0,83 0,17 0,00 0,00 0,17 0,33 0,17 0,00 0,00 5 6 6 0,18MELASTOMATACEAEMiconia traillii Cogn. 1,17 0,33 0,00 0,17 0,00 0,08 0,58 0,00 0,00 5 11 6 0,37MELIACEAEGuarea silvatica C.DC. 0,50 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,17 0,00 0,00 3 6 6 0,18MORACEAE Clarisia racemosa Ruiz & Pav. 1,41 0,14 0,00 0,27 0,00 0,82 0,18 0,00 0,00 8 12 11 0,37Helianthostylis sprucei Baill. 0,17 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1 6 6 0,18Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.) Macbride 1,69 0,20 0,14 0,53 0,03 0,24 0,51 0,05 0,00 9 21 11 1,1Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg. 0,83 0,17 0,17 0,00 0,00 0,17 0,33 0,00 0,00 4 7 6 0,18Moraceae sp1 0,75 0,08 0,00 0,08 0,17 0,25 0,17 0,00 0,00 8 11 6 0,37Naucleopsis glabra Spruce ex Pittier 1,18 0,09 0,09 0,18 0,00 0,18 0,45 0,00 0,18 7 12 11 0,55Perebea guianensis Aubl. 0,73 0,09 0,03 0,23 0,00 0,00 0,33 0,00 0,05 5 13 11 1,1Perebea mollis (Planch. & Endl.) Huber subsp. mollis 1,08 0,08 0,00 0,33 0,08 0,00 0,50 0,00 0,08 4 11 6 0,37Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.)Macbride 0,73 0,05 0,05 0,09 0,00 0,32 0,23 0,00 0,00 8 16 11 0,74Sorocea guilleminiana Gaudich. 1,23 0,00 0,00 0,00 0,91 0,09 0,23 0,00 0,00 6 12 11 0,55MYRISTICACEAEIryanthera coriacea Ducke 1,55 0,40 0,00 0,00 0,40 0,25 0,50 0,00 0,00 7 12 10 0,74Iryanthera grandis Ducke 0,83 0,33 0,00 0,00 0,33 0,00 0,17 0,00 0,00 5 6 6 0,18Iryanthera juruensis Warb. 2,05 0,61 0,00 0,00 0,42 0,41 0,61 0,00 0,00 9 19 11 0,92Osteoplhoeum platyspermum Warb. 1,33 0,33 0,00 0,00 0,67 0,17 0,17 0,00 0,00 5 8 6 0,37Virola calophylla Warb. 1,36 0,36 0,00 0,00 0,32 0,23 0,45 0,00 0,00 7 12 11 0,37Virola enlongata (Benth.) Warb. 2,50 0,50 0,00 0,00 0,75 0,75 0,50 0,00 0,00 8 4 4 0,18Virola theiodora Warb. 2,20 0,48 0,00 0,00 0,74 0,36 0,63 0,00 0,00 12 23 11 1,47
66
Virola venosa Warb. 0,95 0,36 0,00 0,00 0,23 0,14 0,23 0,00 0,00 7 12 11 0,37MYRSINACEAECybianthus aff. detergens Mart. 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 1 6 6 0,18MYRTACEAECalycolpus sp. 2,67 0,83 0,00 0,33 0,00 0,50 1,00 0,00 0,00 6 6 6 0,18Eugenia aff. Florida DC. 2,33 0,50 0,00 0,33 0,00 0,67 0,83 0,00 0,00 6 6 6 0,18Eugenia cf. cuspidifolia DC. 1,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 0,83 0,00 0,00 2 6 6 0,18Eugenia cf. omissa McVaugh 2,00 0,83 0,00 0,17 0,00 0,17 0,83 0,00 0,00 5 6 6 0,18Eugenia sp.1 0,50 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,17 0,00 0,17 3 6 6 0,18Myrcia aff. rufipila McVaugh 1,17 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,83 0,00 0,00 3 6 6 0,18Myrcia sylvatica DC. 2,00 0,33 0,00 0,67 0,17 0,00 0,83 0,00 0,00 5 6 6 0,18OLACACEAEMinquartia guianensis Aubl. 3,33 2,17 0,00 0,17 0,00 0,33 0,67 0,00 0,00 8 6 6 0,18QUIINACEAEQuiina florida Tul. 1,00 0,27 0,00 0,00 0,00 0,18 0,55 0,00 0,00 4 13 11 0,55Touroulia guianensis Aubl. 0,45 0,05 0,00 0,00 0,09 0,05 0,27 0,00 0,00 4 12 11 0,37ROSACEAEPrunus myrtifolia Urb. 0,33 0,00 0,00 0,08 0,08 0,00 0,17 0,00 0,00 2 12 6 0,37RUBIACEAEBorojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec. 2,17 0,33 0,00 1,00 0,00 0,17 0,67 0,00 0,00 4 6 6 0,18Ferdinandusa rudgeoides Wedd. 2,55 1,21 0,00 0,00 0,00 0,68 0,65 0,00 0,00 7 21 11 2,21Ferdinandusa sp1. 0,50 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 3 6 6 0,18SABIACEAEOphiocaryon aff. manausense (W.A.Rodrigues)Barneby 0,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,20 0,40 0,00 0,00 2 5 5 0,18SAPINDACEAECupania scrobiculata Rich. 0,17 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,00 0,00 1 6 6 0,18SAPOTACEAEChrysophyllum sanguinolentum (Pierre) Baehni 3,00 0,83 0,00 0,00 0,00 1,17 1,00 0,00 0,00 6 6 6 0,18Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre subsp. guyanensis 1,55 0,73 0,00 0,00 0,00 0,41 0,41 0,00 0,00 7 12 11 0,37Pouteria caimito Radlk. 3,45 1,05 0,00 0,18 0,00 1,23 1,00 0,00 0,00 10 12 11 0,37Pouteria cuspidata (A.DC.)Baehni 0,50 0,09 0,00 0,00 0,00 0,09 0,32 0,00 0,00 3 11 11 0,37Pouteria durlandii (Standl.) Baehni 2,59 0,73 0,00 0,27 0,00 1,05 0,55 0,00 0,00 11 11 11 0,37Pouteria glomerata Radlk. 4,92 1,50 0,17 0,50 0,00 1,83 0,92 0,00 0,00 9 9 6 0,37Pouteria guianensis Aubl. 3,33 1,33 0,00 0,50 0,00 0,67 0,83 0,00 0,00 8 6 6 0,18Pouteria sp.1 0,83 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 3 5 6 0,18SIMAROUBACEAESimaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 2 6 6 0,18
67
Simaruba amara Aubl. 1,67 1,17 0,00 0,00 0,06 0,28 0,00 0,00 0,17 6 8 6 0,74STERCULIACEAETheobroma microcarpa Mart. 1,39 0,27 0,00 0,14 0,00 0,64 0,34 0,00 0,00 8 19 11 0,74Theobroma obovatum Klotzch ex Bernoulli 1,75 0,08 0,00 0,67 0,00 0,50 0,50 0,00 0,00 6 10 6 0,37Theobroma speciosa Willd. ex Spreng. 1,70 0,00 0,10 1,20 0,10 0,10 0,20 0,00 0,00 6 11 10 0,37Theobroma subincanum Mart. 1,88 0,09 0,00 1,00 0,36 0,09 0,33 0,00 0,00 5 13 11 0,92Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart. 1,75 0,00 0,08 1,33 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 5 8 6 0,55STRELITZIACEAEPhenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl. 3,23 1,05 0,00 0,09 1,14 0,95 0,00 0,00 0,00 7 12 11 0,55TILIACEAEApeiba echinata Gaertn. 0,67 0,17 0,00 0,00 0,00 0,50 0,00 0,00 0,00 3 6 6 0,18VIOLACEAEPaypayrola macrophylla 1,00 0,20 0,00 0,00 0,00 0,40 0,40 0,00 0,00 4 5 5 0,18VOCHYSIACEAEErisma bracteosum Ducke 1,83 0,67 0,00 0,00 0,00 0,50 0,67 0,00 0,00 5 6 6 0,18Qualea paraensis Ducke 1,17 0,83 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 5 6 6 0,18Qualea sp.1 (Guia Ducke) 0,50 0,17 0,00 0,00 0,00 0,17 0,17 0,00 0,00 3 6 6 0,18Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm. 0,33 0,08 0,00 0,00 0,00 0,00 0,25 0,00 0,00 2 9 6 0,37
TOTAL 306,14 73,31 3,18 27,22 25,32 82,44 82,24 3,98 8,44 5,52 1739 98,46
68
Foram encontradas quatro espécies de lianas com DAP > 10cm, representadas cada uma
por um indivíduo; a média dos VU para estas espécies foi de 1,12; sendo que o 48% deste valor
correspondeu à categoria de medicina, 33% à categoria alimentar, 11 % à categoria tecnologia e
8% à categoria combustível. No hábito hemiepífito foram encontradas duas espécies com dois
indivíduos, a média dos VU para as espécies foi de 0,42; sendo que o 100% deste valor provêem
da categoria medicinal. No hábito arbóreo o VU médio por espécie foi de 1,61 e as categorias
mais importantes são tecnologia, combustível e construção (Tabela 4).
Tabela 4. Contribuição dos valores de uso por categoria e por hábito encontrados em 1 ha. defloresta de terra firme utilizados pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil (VU:valor de uso; Cons: construção; Tec: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte:artesanato; Comb: combustível, Com: comércio, Outr: outros, No de spp.: número de espécies).
Hábito %VU
Tec
%VU
Cons
%VU
Comb
%VU
Med
%VU
Alim
%VU
Arte
%VU
Com
%VU
Outr
No de
spp.Arvoreo 27,2 24,7 27,2 7,4 8,7 1,3 1,1 2,4 183Lianas 11,1 0 8,1 48,1 32,6 0 0 0 4Hemiepífito 0 0 0 100 0 0 0 0 2Total 26,9 23,9 26,9 8,3 8,9 1,3 1 3 189
As categorias com maior VU são combustível, tecnologia e construção. Estas três
categorias juntas somam 78,1% do total dos VU (Fig. 5). É interessante destacar que o 91% das
espécies úteis no hectare estudado têm utilidade para combustível, enquanto 83% em tecnologia
e 75% em construção (Fig. 6). Poucas destas espécies têm uso exclusivo numa categoria, apenas
3% das espécies são exclusivas para a categoria de combustível e 1% para a categoria de
construção; não há nenhuma espécie exclusiva na categoria de tecnologia. Ao analisar figura 6
se observa que foram citados mais espécies com usos medicinal que alimentar (44% a 35%), por
outro lado as porcentagens nos VU para estas categorias têm pouca diferença entre elas (8,2% e
9,0% respectivamente) mostrando que no conhecimento agregado existe maior quantidade de
plantas medicinais conhecidas que alimentar, mas a floresta esta sendo utilizada na mesma
69
proporção para estas duas categorias de uso (Fig. 5). O mesmo ocorre com as categorias
combustível e tecnologia e com as categorias de comércio e artesanato (Fig. 5,6).
2 6 ,8 % 2 7 ,0 %2 4 ,3 %
9 ,0 % 8 ,2 %
2 ,4 % 1 ,3 % 1 ,0 %
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
Com
bustí
vel
Tecn
olog
ia
Cons
truçã
o
Alim
enta
r
Med
icin
al
Out
ros
Arte
sana
to
Com
êrci
o
Categorias de uso
Porc
enta
gem
de
valo
res d
e us
o
Figura 5. Contribuição dos valores de uso por categoria encontrados em 1 ha. de floresta de terrafirme utilizados pelos caboclos da vila de Caicubi, Caracaraí, RR, Brasil.
91 %8 3%
7 5%
3 5%4 4%
1 1% 8 % 1 1%3 % 0% 1% 1% 2% 0 % 0 % 0 %
0%1 0%2 0%3 0%4 0%5 0%6 0%7 0%8 0%9 0%
10 0%
Com
bust
ível
Tec
nolo
gia
Con
stru
ção
Alim
enta
r
Med
icin
al
Out
ros
Art
esan
ato
Com
êrci
o
Categoria de Uso
porc
enta
gem
das
spp
. úte
is Todas as spp usadasnesta categoriaExclusivas da categoria
Figura 6. Distribuição das espécies com potencial de uso entre as categorias encontradas em 1ha. de floresta de terra firme pelos caboclos da vila Caicubí, Cararacaí, RR, Brasil.
As categorias de artesanato, comércio e outros são categorias com baixos porcentagens
nos VU e no número de espécies úteis (Fig 5, 6), mostrando que as espécies (considerando os
indivíduos com DAP>10cm) oferecem poucos recursos para esta comunidade nestas categorias.
70
Seria interessante fazer outros estudos abrangendo DAP menores para melhor analisar os
resultados nestas categorias. Sabe-se que espécies de Heteropsis, conhecidas como cipó-titica e
de Ischnosiphom, conhecidas com arumã, encontradas comumente na parcela (porem não
amostradas porque não alcançavam o critério de inclusão) são espécies muito utilizadas no
artesanato e no comércio local.
Famílias e espécies
Ao analisar as dez famílias com maior VU (Tabela 5), observa-se que as Arecaceae são
as de maior VU, isto também foi encontrado para quatro comunidades indígenas e uma de
“mestizos” dentro da Amazônia (Prance et al. 1987; Phillips & Gentry 1993a). A razão deste
valor no presente estudo deve-se a que a família é importante em várias categorias, mostrando
destaque nos VU nas categorias de alimentar, artesanato, comércio, em medicinal, construção e
tecnologia. As famílias Olacaceae e Strelitziaceae, posicionadas nos VU totais em segunda e
terceira posição respectivamente, ambas representadas por uma espécie, têm destaque porque
apresentam VU altos em uma determinada categoria: Olacaceae encontra-se na primeira posição
na categoria construção e em sexta posição na categoria combustível; Strelitziaceae se destaca na
categoria medicinal (primeira posição) e na categoria de construção (quarta posição). As
Lecythidaceae é a quarta família no VU total, tendo destaque nos VU em várias categorias: no
comércio, tecnologia, em artesanato, construção e alimentar. Annonaceae, tem destaque em VU
nas categorias de construção e combustível. Celastraceae tem destaque nos VU de construção,
combustível, tecnologia e medicinal. Sapotaceae tem destaque nas categorias de tecnologia,
construção, combustível, comércio e alimentação. Lauraceae tem destaque em construção
(terceira) e tecnologia (quartas). Burseraceae se destaca nas categorias outros (primeiras),
combustível (terceiras) e comércio (quartas). Chrysobalanaceae tem destaque em combustível
(sétimas) e tecnologia (oitavas).
71
Estes resultados apontam famílias que se destacam em várias categorias de uso
mostrando flexibilidade para ser utilizadas em várias categorias: Arecaceae e Lecythidaceae em
seis categorias, Sapotaceae em cinco categorias e Celastraceae em quatro categorias. . Por outro
lado as Burseraceae têm destaque em três categorias; as Olacaceae, Strelitzeacea, Annonaceae,
Lauraceae e Chrysobalanaceae têm destaque apenas em duas categorias, mostrando que são
famílias com utilidades mais especificas.
As categorias alimentar e outros estão citados em apenas oito famílias; a categoria
artesanato em quatro famílias (Tabela 5), mostrando pouca riqueza para estas categorias
considerando-se o critério de inclusão utilizado.
Ao analisar as dez espécies com maior VU total, Bertholletia excelsa, foi a de valor mais
alto (Tabela 6). B. excelsa se destacou entre as dez espécies com maiores VU nas categorias:
comércio (primeira posição), medicinal (terceira posição), alimentar (oitava posição).
Bocageopsis multiflora, em sétima posição dos VU total, destacou-se apenas na categoria de
tecnologia (quinta posição). Cada uma das outras oito espécies se destacaram em duas
categorias de uso (Tabela 7). Os testes de Mann Whitney mostram que Bertholletia excelsa
possui diferenças significativas no valor de uso total com cinco das dez espécies mais
importantes. Pouteria glomerata mostrou diferenças significativas com as espécies Bocageopsis
multiflora e Euterpe precatoria. As outras espécies não mostraram diferenças significativas entre
elas (Tabela 6). Isto mostra que os usos estão distribuídos em várias espécies, mostrando a
grande oferta de usos da floresta de terra firme para a comunidade.
Tabela 5. Famílias com maiores valor de uso por categoria apresentados no hectare (VU: valorde uso; Cons: construção; Tecn: tecnologia; Alim: alimentar; Med: medicinal; Arte: artesanato;Comb: combustível, Com: comercio, Outr: outros)
72
Família N spp. VUTotal Família N spp. VUConsArecaceae 4 3,49 Olacaceae 1 2,17Olacaceae 1 3,33 Celastraceae 1 1,11Strelitziaceae 1 3,23 Lauraceae 8 1,06Lecythidaceae 9 3,05 Strelitziaceae 1 1,05Annonaceae 5 3,01 Lecythidaceae 9 0,92Celastraceae 1 2,68 Annonaceae 5 0,84Sapotaceae 8 2,52 Sapotaceae 8 0,82Lauraceae 8 2,36 Arecaceae 4 0,77Burseraceae 11 2,11 Bignoniaceae 1 0,58Chrysobalanaceae 11 1,92 Simaroubaceae 2 0,58
Familia N spp. VUTec Família N spp. VUAlimAnnonaceae 5 1,34 Arecaceae 4 1,49Lecythidaceae 9 1,04 Sterculiaceae 5 0,87Strelitziaceae 1 0,95 Gnetaceae 1 0,80Lauraceae 8 0,93 Dilliniaceae 1 0,67Sapotaceae 8 0,80 Apocynaceae 4 0,50Celastraceae 1 0,68 Rubiaceae 3 0,33Caryocaraceae 2 0,67 Myrtaceae 7 0,24Chrysobalanaceae 11 0,64 Lecythidaceae 9 0,22Elaeocarpaceae 4 0,56 Sapotaceae 8 0,18Arecaceae 4 0,56 Moraceae 10 0,17
Familia N spp. VUMed Família N spp. VUCombStrelitziaceae 1 1,14 Annonaceae 5 0,79Dilliniaceae 1 0,67 Myrtaceae 7 0,76Caryocaraceae 2 0,50 Burseraceae 11 0,75Myristicaceae 8 0,48 Celastraceae 1 0,70Meliaceae 1 0,33 Sapotaceae 8 0,69Apocynaceae 4 0,32 Olacaceae 1 0,67Arecaceae 4 0,27 Chrysobalanaceae 11 0,66Clusiaceae 3 0,25 Melastomataceae 1 0,58Leguminosae 31 0,19 Lecythidaceae 9 0,56Celastraceae 1 0,18 Rubiaceae 3 0,49
Familia N spp. VUOutr Família N spp. VUComBurseraceae 11 0,53 Lecythidaceae 9 0,08Flacourtiaceae 2 0,08 Apocynaceae 4 0,07Simaroubaceae 2 0,08 Arecaceae 4 0,06Moraceae 10 0,03 Burseraceae 11 0,06Clusiaceae 3 0,03 Moraceae 10 0,05Myrtaceae 7 0,02 Sterculiaceae 5 0,04Lauraceae 8 0,01 Sapotaceae 8 0,02Leguminosae 31 0,01 Leguminosae 31 0,01
Familia N spp. VUArteArecaceae 4 0,33Chrysobalanaceae 11 0,12
73
Lecythidaceae 9 0,07Leguminosae 31 0,02
Tabela 6. Dez espécies com maiores VU total em 1 ha. de floresta de terra firme indicados peloscaboclos da vila de Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. As letras representamdiferenças estatísticas encontradas com testes Mann-Whitney.
Familia Gênero sp VUTotalLecythidaceae Bertholletia excelsa 5,55 aSapotaceae Pouteria glomerata 4,92abLecythidaceae Eschweilera pedicellata 4,35acLecythidaceae Eschweilera coriacea 4,24acArecaceae Euterpe precatoria 3,86cChrysobalanaceae Licania hirsuta 3,75bcAnnonaceae Bocageopsis multiflora 3,56cLauraceae Licaria guianensis 3,55bcArecaceae Astrocaryum aculeatum 3,50acArecaceae Attalea maripa 3,50bc
Tabela 7. Dez espécies com maiores VU por categoria em 1 ha. indicados pelos caboclos da vilade Caicubi, Município de Caracaraí, RR, Brasil. (VU=valor de uso; Const=construção; Tecno=tecnologia; Alim= alimentar; Med= medicinal; Arte= artesanato; Comb= combustível, Com=comércio; Outros= outros).
Familia Gênero sp VUConstOlacaceae Minquartia guianenses 2,17Lauraceae Licaria guianensis 1,82Lauraceae Ocotea nigrescens 1,50Sapotaceae Pouteria glomerata 1,50Lauraceae Aniba aff. williamsii 1,42Euphorbiaceae Croton lanjouwensis 1,33Lauraceae Ocotea sp. E 1,33Leguminosae Cedrelianga cataeniformis 1,33
74
Sapotaceae Pouteria guianensis 1,33Rubiaceae Ferdinandusa rudgeoides 1,21
Familia Gênero sp VUTecnLecythidaceae Eschweilera pedicellata 2,02Annonaceae Fusaea longifolia 2,00Lecythidaceae Eschweilera coriacea 1,93Sapotaceae Pouteria glomerata 1,83Annonaceae Bocageopsis multiflora 1,63Lecythidaceae Bertholletia excelsa 1,59Chrysobalanaceae Licania hirsuta 1,42Lauraceae Ocotea rhodophylla 1,42Lauraceae Licaria guianensis 1,36Lauraceae Ocotea nigrescens 1,35
Familia Gênero sp VUAlimeArecaceae Oenocarpus bacaba 1,56Arecaceae Astrocaryum aculeatum 1,50Arecaceae Attalea maripa 1,50Arecaceae Euterpe predatoria 1,41Sterculiaceae Theobroma sylvestris 1,33Sterculiaceae Theobroma speciosa 1,20Apocynaceae Couma guianensis 1,09Lecythidaceae Bertholletia excelsa 1,00Rubiaceae Borojoa claviflora 1,00Sterculiaceae Theobroma subincanum 1,00
Familia Gênero sp VUMedLeguminosae Clathrotropis macrocarpa 1,29Strelitziaceae Phenakospermum guyanense 1,14Lecythidaceae Bertholletia excelsa 1,02Arecaceae Euterpe predatoria 1,00Moraceae Sorocea guilleminiana 0,91Apocynaceae Odontadenia cognata 0,83Myristicaceae Virola enlongata 0,75Myristicaceae Virola theiodora 0,74Clusiaceae Clusia grandiflora 0,67Dilliniaceae Pinzona coriacea 0,67Leguminosae Bahuinia guianensis 0,67
Familia Gênero sp VUComercioLecythidaceae Bertholletia excelsa 0,80Burseraceae Dacryodes sclerophylla 0,20Apocynaceae Couma guianensis 0,18Arecaceae Astrocaryum aculeatum 0,17Burseraceae Dacryodes cf. Hopkinsii 0,17Leguminosae Ormosia aff. nobilis var. nobilis 0,17Leguminosae Ormosia grossa 0,17Moraceae Maquira sclerophylla 0,17
75
Sapotaceae Pouteria glomerata 0,17Moraceae Helicostylis tomentosa 0,14
Familia Gênero sp VUArteArecaceae Astrocaryum aculeatum 1,17Chrysobalanaceae Licania hirsuta 0,50Leguminosae Inga alba 0,36Chrysobalanaceae Licania cf. prismatocarpa 0,33
Chrysobalanaceae
Licania heteromorpha subsp.
heteromorpha 0,33Lecythidaceae Eschweilera pedicellata 0,22Lecythidaceae Gustavia augusta 0,20Lecythidaceae Eschweilera coriacea 0,20Arecaceae Attalea maripa 0,17Chrysobalanaceae Licania sothersiae 0,17
Familia Gênero sp VUOutrosBurseraceae Trattinickia boliviana 0,83Burseraceae Dacryodes sclerophylla 0,80Burseraceae Protium hebetatum 0,68Burseraceae Dacryodes cf. hopkinsii 0,67Burseraceae Trattinickia peruviana 0,67Burseraceae Trattinickia glaziovii 0,65Burseraceae Protium opacum subsp. opacum 0,56Burseraceae Protium grandifolium 0,50Burseraceae Crepidospermum cf. rhoifolium 0,41Burseraceae Protium trifoliolatum 0,33
Familia Gênero sp VUCombBurseraceae Dacryodes sclerophylla 1,40Burseraceae Protium hebetatum 1,14Burseraceae Protium opacum subsp.opacum 1,00Myrtaceae Calycolpus sp. 1,00Sapotaceae Chrysophyllum sanguinolentum 1,00Sapotaceae Pouteria caimito 1,00Burseraceae Trattinickia glaziovii 0,98Lecythidaceae Eschweilera coriacea 0,97Leguminosae Clathrotropis macrocarpa 0,96Lecythidaceae Eschweilera pedicellata 0,95
Construção
Das 139 espécies utilizadas na categoria construção (75% das espécies úteis), Minquartia
guianeneis, conhecida pela comunidade como acariquara é a que apresentou maior VU nesta
76
categoria (Tabela 7). Esta espécie é bem conhecida na Amazônia e muito utilizada em
construção. Para os índios Tembé é também a mais importante na categoria construção (Prance
et al, 1987). Na vila Caicubí é utilizada para construção de casas (caibros, travessas, linhas,
pilares e esteios), postes e estacas. Observa-se que dentro das dez espécies mais importantes,
quatro pertencem à família Lauraceae; esta família é de grande importância madeireira na
Amazônia (Vicentini et al. 1999). Outra espécie importante é Cróton lanjouwensis, conhecida
como dimã: sua madeira é muito apreciada e utilizada para construção de casas (caibros,
travessas e linhas), porém foi reconhecida pelos informantes como pouco resistente à umidade,
sendo utilizada predominantemente no interior das casas. Pouteria glomerata e P.guianensis
conhecidas por quase todos os informantes como abiurana ou abiurana-ferro (indiferentemente)
são espécies utilizadas para construção de casas, tábuas, estacas e pilares.
Tecnologia
Das 153 espécies utilizadas nesta categoria (83% das espécies úteis), Eschweilera
pedicellata e E. coriacea se destacam pelos altos VU nesta categoria (Tabela 7). Estas duas
espécies, geralmente conhecidas em Caicubi como ripeira ou matamatá, são utilizadas para tirar
ripa do tronco a qual é muito utilizada para fazer instrumentos de pesca chamados de cacuri e
rapiche, em cabeceira de lanterna (estrutura que se coloca para que a lanterna funcione presa à
cabeça em atividades de pesca e caça); para tecer folhas de ubim (várias espécies de Geonoma)
para os tetos das casas; nas estruturas dos fornos de barro (categoria de construção). O tronco
dessas duas espécies também é utilizado para construção de zagaias, cabo de ferramentas
(machado, enxada e boca de lobo); suas cascas fornecem embira de boa qualidade, utilizadas
para amarrar diversas coisas, fazer peconhas e alças de paneiros para transportar mandioca. Suas
tábuas são utilizadas na confecção de canoas, porém, são consideradas de baixa qualidade.
Pouteria glomerata, chamada de abiurana-ferro ou abiurana, por sua resistência, é considerada
77
pelos informantes uma da melhores madeiras para fazer cabo de ferramentas, em especial cabo
de machado, também para fazer zagaias e jaticá; é empregada para construção de embarcações
pela sua durabilidade dentro d’água. Outras espécies importantes nesta categoria são Fusaea
longifólia e Bocageopsis multiflora, conhecidas como envira-surucucu (que na língua geral
significa cobra brava devido a seu ritidoma assemelha uma cobra), envira-preta ou envira-ferro.
Seus troncos são utilizados para confecção de cabo de ferramentas (machado, enxada e boca de
lobo) e para caniço; sua casca é utilizada como embira para paneiros e para amarrar coisas, com
ressalva de que a embira de B. multiflora só é utilizada quando seus indivíduos são jovens.
Licania hirsuta, conhecida como macucuí, tem seu tronco utilizado na confecção de cabo de
ferramentas (machado, enxada e boca de lobo), cabo de zagaia, enquanto sua casca é empregada
para tingir linhas de pesca como forma de evitar apodrecimento das mesmas. Licaria guianensis,
conhecida por quase todos os informantes como louro-alitú ou louro- gavali, é empregada na
confecção de canoas e remos por sua durabilidade na água. Também serve para fazer cabo de
ferramentas (machado, enxada e boca de lobo), assim como cabo de zagaia e jaticá. Bertholletia
excelsa, a castanheira, é importante nesta categoria, pois que sua casca é utilizada como estopa
para calafetar canoas com látex; também sua casca serve como embira para amarrar coisas
quando o tronco é jóvem. O tronco algumas vezes é usado para fazer canoas e remos. Ocotea
rhodophylla, O. nigrescens e Licaria guianensis, três espécies de Lauraceae, são muito utilizadas
na confecção de canoas e outras embarcações, remos, cabo de ferramentas, cabo de zagaia e
jaticá e móveis; as duas primeiras são comumente chamadas de louro-preto, louro-bosta, louro-
chumbo e às vezes de louro-alitú, Licaria guianensis é conhecida como louro-alitú. Licania
octandra subsp. pallida, conhecida como caraipé, embora não esteja entre as dez espécies de
maior VU nesta categoria, tem sua casca utilizada para construir fogão de barro para cozinhar.
Esta casca é misturada com barro (tabatinga) para moldar fogareiros, ainda muito utilizados
pelos moradores embora alguns já utilizem fogão a gás.
78
Alimentar
Das 65 espécies que são utilizas na categoria alimentar (35% das espécies úteis), a família
Arecaceae é a mais importante. Dentre as dez espécies com maior VU nesta categoria (Tabela 7)
Oenocarpus bacaba (bacaba), Attalea maripa (inajá), Astrocaryum aculeatum (tucumã) e
Euterpe precatória (açaí) são bem utilizadas pela população. Os frutos da bacaba e açaí para
fazer suco (chamado de vinho, em Caicubi) e óleo para cozinhar; os frutos de tucumã se comem
após cozimento e os de inajá se come in natura. Nas quatro espécies anteriormente mencionadas,
o meristema apical, chamado de palmito, é utilizado para a alimentação. Além disto, no estipe da
bacaba é na semente de inajá se desenvolve uma larva chamada de “michigua” usada como
alimento e medicamento para a asma. Na família Sterculiaceae, encontram-se as espécies
Theobroma sylvestris e T. speciosa, conhecidas como cacau, cuja polpa é utilizada na
alimentação e a semente para fazer chocolate. A polpa T. subincanum, cupuí, é também de uso
alimentar. Couma guianensis (sorva), da família Apocynaceae, tem fruto comestível é seu látex é
bebido misturado com café. Os informantes afirmam que se deve usar em pequenas quantidades,
por ser adstringente e causar constipação. Borojoa claviflora (apuruí), da família Rubiaceae, tem
seu fruto utilizado para fazer suco. As sementes de Bertholletia excelsa (castanheira) são
utilizadas in natura, e quando amassadas e espremidas produz um “leite” usado na elaboração de
um bolo com farinha de mandioca conhecido como “pé de moleque”.
Medicinal
Das 82 espécies apontadas como de uso medicinal (44% das espécies úteis),
Clatrhotropis macrocarpa, geralmente chamada de cavari ou amarelinho, é a espécie de maior
VU para esta categoria (Tabela 7). A casca é utilizada para tratamento de impigem, curuba,
diarréia e banho como estimulante para ativar o corpo. Apresenta ainda uso veterinário em
79
cachorros pirentos. Entre os índios Waimiri Atroari a casca desta espécie é utilizada como
veneno para peixe (Milliken et al. 1992). Phenakospermum guyanense,chamada de sororoca, tem
sua seiva utilizada como coagulante para cicatrizar feridas quando alguém se corta e para
tratamento de mordida de cobra (em forma oral e colocando-a diretamente sobre a ferida).
Berholletia excelsa, castanheira, tem sua casca colocada em água e utilizada no tratamento de
diabetes, dor no corpo e para diarréia. As raízes novas de Euterpe precatoria, açaí, são utilizadas
para anemia. Sorocea guilleminiana, mais conhecida como piranha-caã, tem látex é venenoso
(quando ingerido pode matar a pessoa) e utilizado para matar piolhos e no tratamento de
impigem. Odontadenia cognata, conhecida como cipó-cururu, e Clusia grandiflora, conhecida
como apuí, têm o látex utilizado para distensões musculares (ex. peito aberto). Os moradores
aplicam o látex na região afetada e o cobrem com um pano, deixando até que este “emplasto”
caia. Virola enlongata e V. theiodora conhecidas como punãs ou ucuubas, sendo esta última
também denominada copeira, têm a seiva avermelhada usada como analgésico para dor de dente,
anti-séptico de feridas e também ingeridas para o tratamento de diarréia e vômito. A seiva de V.
theiodora é utilizada também para matar piolhos. Os Yanomami utilizam a casca desta espécie
no paricá, um rapé alucinógeno (Prance 1972). A casca de Bahunia guianensis, conhecida como
escada-de-jabuti, é utilizada em forma de chá para o tratamento de diarréia e como
antiinflamatório.
É importante esclarecer que estes usos foram descritos pelos informantes, não querendo dizer
que são realmente eficientes, testes químicos teriam que ser feitos para comprovar seu
verdadeiro valor.
Comércio
Das 21 espécies da categoria comércio (11% das espécies úteis), Bertholletia excelsa é a
de maior VU nesta categoria (Tabela 7) e umas das principais espécies que propicia a entrada de
80
moeda para comunidade no inverno. Espécies de Heteropsis, conhecidas como cipó-titica são
economicamente importantes pelo mesmo motivo, porém não foram amostradas no presente
estudo. As outras nove espécies com maior VU nesta categoria são espécies com pouco valor
comercial, pois fornecem produtos que não são vendidos fora da comunidade: As duas espécies
de Dacryodes fornecem breus vendidos para calafetar canoas ou para defumação; Couma
guianensis cujo látex foi importante no Ciclo da Borracha para fazer balata. Pouteria glomerata
foi apontada porque também foi utilizada para fazer balata. As duas espécies de Moraceae,
Maquira sclerophylla e Helocostylis tomentosa, chamadas de muiratinga têm seus galhos
vendidos para turistas devido a sua forma fálica, embora turistas nesta área não sejam freqüentes,
este uso foi indicado por informantes que moravam em Barcelos, local muito turístico. As duas
espécies de Ormosia, chamadas de tento, têm suas sementes vendidas para confecção de
artesanato. O Astrocaryum aculeatum, tucumá, a folha nova serve para fazer abanos e chapéus,
enquanto sua semente é utilizada para fazer brincos e anéis, mais sua comercialização e escassa.
Artesanato
A Tabela 7 mostra as dez espécies com maior VU para esta categoria. Das 14 espécies
usadas para artesanato (8% das espécies úteis), Astrocaryum aculeatum (tucumã) é a espécie
com maior VU nesta categoria. Suas folha novas são utilizas para fazer chapéus e abanos,
enquanto suas sementes para fazer brincos. Dentro da família Chrysobalanaceae encontram-se
três espécies de Licania, chamadas de macucuí, enquanto em Leguminosae encontram-se Inga
alba, chamada de ingá-xixica, cujas cascas são usada para tingir várias espécies de Ischnosiphon,
conhecido na região como arumã, empregadas para tecer tupés e para tingir fibras de
Philodendron sp, ambe-coroa, utilizadas para fazer cestos ou paneiros. As três espécies de
Lecythidaceae, Eschweilera pedicellata, E. coriacea e Gustavia augusta, a ripa do tronco são
81
utilizadas para fazer a cabeceira dos balaios de arumã. Attalea maripa (Inajá) suas sementes
servem para fazer brincos e anéis.
Combustível
Esta é a categoria que reuniu o maior número de espécies (168 espécies ou 91% das
espécies úteis) devido ao fato de que a maioria das espécies é usada como lenha e carvão. As
espécies que apresentaram maiores VU foram os breus (quatro espécies das 10 mais importantes,
Tabela 7), isto se deve a que seu exsudato chamado de breu é um combustível considerado
ótimo. Sua madeira também fornece lenha e carvão.
Outros
Esta categoria agrega usos diversos que não puderam ser incluídos em nenhuma das
categorias anteriores e engloba 20 espécies (11% do total das espécies úteis). A tabela 7 mostra
as dez espécies com maior VU para esta categoria, predominando entre elas os chamados breus,
muito utilizados num ritual chamado defumação, feito quando as crianças estão doentes, com
falta de ar (asma) ou com paralisia infantil. O ritual é dirigido por numa pessoa que tem o
conhecimento de reza (geralmente transmitido de pai para filho); o breu é ascendido no momento
de rezar à criança; também o breu é indicado para queimar no interior das casas para afastar
maus espíritos. Outra espécie utilizada para defumar com as mesmas finalidades é Simarouba
amara, utilizando-se, neste caso as folhas. Lindackeria cf paludosa tem suas folhas utilizadas em
banhos para “estragar a pessoa”.
Comparações com outros trabalhos
Prance et al. (1987) comparam o uso de plantas por quatro comunidades indígenas em
diferentes trechos de 1 ha. de florestas de terra firme na Amazônia considerando indivíduos com
82
DAP > 10 cm. Ao analisarem seus dados suprimiram as categorias de combustível e caça já que
quase todas as árvores estariam incluídas nestas categorias. Milliken (1992) utiliza a mesma
metodologia com uma comunidade de indígenas Waimiri Atroari. Os resultados de Prance et al.
(1987), assim como os de Milliken (1992) e os que compõem o presente estudo (aqui excluindo
as categorias de combustível e outros, para possibilitar comparações mais acuradas) são a seguir
comparados (Tabela 8).
Observa-se que o presente estudo apresenta maior porcentagem de plantas utilizadas que
as outras comunidades estudadas. Nas categorias de construção e tecnologia as porcentagens são
bem mais altas do que nos demais estudos (quase o dobro das outras comunidades). É importante
ressaltar que Prance et al. (1987) e Milliken (1992) agrupam os usos da floresta de uma forma
diferente do tratamento aqui adotado, como por exemplo: a construção de canoas foi incluída em
construção nos trabalhos citados, enquanto neste estudo foi incluída em tecnologia. Ainda assim
pode-se reconhecer uma maior utilidade das florestas pelos caboclos de Caicubi nas categorias
de construção e tecnologia. Na categoria medicinal observa-se também uma maior porcentagem
em relação aos outros estudos. Estes resultados mais elevados de usos pelos caboclos de Caicubi
podem ser atribuídos a duas razões: (1) os caboclos entrevistados poderiam ter identificado
errado as árvores, dando uma maior utilidade a algumas espécies. Mas este erro pode ocorrer em
qualquer trabalho usando esta metodologia; (2) os informantes provêm de várias regiões da
Amazônia trazendo conhecimento de vários lugares. Ao contrário das comunidades indígenas
cujo conhecimento provém de um só lugar e ao mesmo tempo por habitar a mais tempo o lugar
possuem maior domínio sobre a área e acurácia no reconhecimento das espécies. Assim sendo
pode-se pensar que os caboclos de Caicubi usam os recursos de uma forma mais generalista,
agregando fontes diferenciadas de saber popular e as comunidades indígenas de uma forma mais
especialista. Mesmo assim ressalta-se o comentário feito por Phillips et al. (1994) que o processo
de simplesmente totalizar os usos das espécies numa área determinada é uma forma crua de
83
mostrar a importância cultural das florestas e estes resultados devem ser interpretados com
cautela.
Tabela 8. Comparação das porcentagens das plantas utilizadas encontradas em 1 ha. de florestasde terra firme com diferentes comunidades na Amazônia, sem adicionar as espécies que servempara caça e para combustível. (WA= Waimiri Atroari; * estão juntas as categorias tecnologia eoutros).
Comunidade Sp. Úteis Alimentar Construção Tecnologia Medicinal ComercioKa’apor * 76,3% 34,3% 20,2% 19,2% 21,2% 2%Tembé * 61,3% 21,8% 30,3% 21% 10,9% 5%Chácabo * 78,7% 40,4% 17% 18,1% 35,1% 1%Panare * 48,6% 34,3% 2,9% 43,0% 7,1% 4%WA ** 79% 27% 32% 31% * 15% 0%O Presente 95% 35% 75% 83% 44% 11%* Dados incorporados de Balée & Boom, apresentados em Prance et al. (1987).** Dados apresentados em Milliken et al. 1992.
Ao comparar com outras comunidades tradicionais não indígenas se observa que numa
comunidade de “mestizos” de Tambopata, Madre de Dios, Peru (Phillips et al. 1994)
encontraram que em duas florestas de terra firme as espécies úteis totalizaram 89,3% e de 85,7%
das espécies, predominando os VU das categorias de construção, alimentar e comércio. Num
estudo com os afro-americanos do Pacífico Colombiano, Chocó (Galeano 2000), encontrou
62,8% de espécies úteis (com critério de inclusão DAP > 5 cm) e nos VU as categorias mais
importantes foram construção, tecnologia e combustível. Os VU encontrados por Galeano (2000)
se assemelham aqueles do presente estudo (Fig. 7).
84
25%28% 28%
9% 8%
1%
32% 30%
9%
5% 4%
21%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Cons
truçã
o
Tecn
olog
ia
Com
bustí
vel
Alim
enta
r
Med
icin
al
Com
érci
o
Categorias de Uso
Porc
enta
gem
do
VU
spp.
Caicubí
Chocó
Figura 7. Comparação dos VU das espécies indicadas pelos caboclos da vila de Caicubi e osafro-americanos do Chocó, Colômbia (Galeano 2000).
Estes resultados mostram o grande conhecimento que as comunidades tradicionais detêm
do seu ambiente. Ressalta-se que as florestas neotropicais constituem um grande mosaico de
florestas, abrangendo e oferecendo uma grande diversidade de recursos para estas comunidades.
Assim os usos das plantas por comunidades tradicionais em diferentes regiões envolvem
predominantemente dois atributos: o conhecimento das plantas e a oferta de recursos de cada
floresta.
Os resultados do presente estudo mostram o alto conhecimento da floresta pelos caboclos
de Caicubi, ratificando, o exposto por Prance (1995) quando diz que estas comunidades
tradicionais não indígenas carregam um grande conhecimento da flora e que é muito importante
continuar fazendo estudos com este tipo de comunidades.
85
Conclusões
A família com maior VU para a comunidade de Caicubi é Arecaceae. Esta família
também foi apontada como de grande importância em outros etnobotânicos na Amazônia. As
Arecaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae são famílias que se destacaramm em várias categorias de
uso, mostrando a grande importância destas famílias tanto para a comunidade de Caicubi, como
para a conservação da floresta amazônica.
A espécie com maior VU foi Bertholletia excelsa. Esta espécie embora apresente vários
usos em quase todas as categorias de uso, é mais utilizada na alimentação e comercialização de
sua castanha. Embora B. excelsa tenha apresentado o maior VU e o maior número de usos, não
se pode considerá-la essencial para a comunidade; existe um grande numero de espécies úteis e
utilizadas pela comunidade.
Embora existam espécies mais conhecidas e mais utilizadas pela comunidade, também há
espécies de uso exclusivo por um número pequeno de pessoas.
As categorias com maior quantidade de usos e mais utilizadas pelos caboclos de Caicubi
são combustível, tecnologia e construção; isto se reflete principalmente no hábito arbóreo. Entre
as lianas e as hemiepífitas a categoria mais importante foi medicinal, embora o tamanho amostral
tenha sido baixo para estes dois hábitos, seria interessante fazer estudos mais detalhados com
estes hábitos para obter resultados mais acurados.
Um total de 98% das plantas do trecho estudado são reconhecidas como de alguma
utilidade mostrando o alto conhecimento da floresta de terra firme pela comunidade de Caicubi.
O resgate desta informação mostra a importância de se continuar trabalhando com comunidades
tradicionais não indígenas pela riqueza do saber ai acumulado.
A quantificação de usos pela metodologia de valor de uso é uma forma complementar à
citação de usos. O valor de uso ressalta as espécies mais utilizadas para a comunidade enquanto a
86
citação de usos dá uma informação ampla do uso das espécies. A utilização dessas metodologias
em conjunto são imprescindíveis para o estabelecimento de prioridades conservacionistas.
Os resultados parecem indicar que esta comunidade de caboclos utiliza maior quantidade
de plantas que outras comunidades indígenas na Amazônia para as categorias de construção,
tecnologia e medicinal. É necessário continuar-se aprofundando no conhecimento sobre estas
comunidades tanto indígenas como não indígenas para poder entender melhor suas culturas e
suas maneiras de lidar com as florestas.
Reitera-se que ao comparar dados quantitativos entre diferentes comunidades é
importante considerar que cada floresta oferece diferentes recursos e cada comunidade poderá
utilizar a floresta pela quantidade de recursos oferecidos e pelo seu grau de conhecimento.
Acredita se que o uso de um maior número de categorias tornem a analise quantitativa
mais acurada. Entretanto é importante padronizar as categorias de uso para possibilitar
comparações mais aprofundadas. O uso de réplicas em trabalhos etnobotânicos são necessários
para possibilitar comparação dos resultados dentro da comunidade estudada e posteriormente
entre comunidades.
Os resultados desta pesquisa são baseados no conhecimento dos usos que os informantes
detêm da floresta, não querendo dizer que todos as espécies e seus usos fazem parte da vida
diária da comunidade. Para poder saber o que realmente utilizam teria que se fazer um
monitoramento detalhado para observar os usos atuais; mesmo assim com estes resultados
observa-se o vasto conhecimento que os caboclos detêm da floresta.
87
Agradecimentos
Ao instituto Caiuá por financiar o projeto, e principalmente a Walo Leuzinger por ter
acreditado em nosso trabalho. À comunidade Caicubi pela acolhida carinhosa, em especial a
Ernane Fontes Barbosa pela ajuda e dedicação ao campo, a Pedrinho Jazinto Ogasti “Wilson”,
José dos Santos “Passarinho”, Juzelino Ferreira da Silva, Duacir de Melos das Cahagas
“Gavião”, Elio Brasão “Gary”, Arlindo Mendes da Costa, Elizabeth Araújo da Costa, Plinia de
Melo, Alberto Cerrão dos Santos “Mutum” e Esteban Brás Monteiro pela colaboração e
paciência; A C.A.Cid Ferreira pelo inestimável apoio no herbário do INPA. A Pablo Assunção
pelo auxílio na confirmação das identificações no herbário do INPA. Aos especialistas Alberto
Vicentini, Douglas Daly, José Eduardo Ribeiro, Michael Hopkins pela identificação de espécies
de famílias de suas especialidades. A CAPES pela bolsa de mestrado concedida. Ao Programa de
Pos-graduação do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro pela oportunidade de
realização do trabalho.
Referências Bibliográficas
Alexiades, M. 1996. Collecting Ethnobotanical Data: An Introduction to Basic Concepts and
Techniques in Selected Guidelines for Ethnobotanical Research: A Field Manual. Chapter 3.
The New York Botanical Garden. 53-94
Balée, W. 1986. Análise preliminar de inventário florestal e a etnobotânica Ka’apor (Maranhão).
Boletim Museu Paraense Emilio Goeldi 2 (2):141-167
Balée, W. 1987. A Etnobotânica Quantitativa dos Índios Tembé (Rio Gurupi, Pará)1 . Bol. Mus.
Par. Emilio Goeldi, ser. Bot., 3(1). 29-50
Boom, B. M. 1988. The Chácabo Indians and their Palms. Advances in Economic Botany 6:91-
97
Boom, B. M. 1989. Use of Plant Resources by the Chácabo. Advances in Economic Botany 7:
88
78-96
Boom, B.M. 1990. Useful Plants of the Panare Indians of the Venezuelam Guyana. Advances in
Economic Botany 8: 57-76
Campos, M. T. & Ehringhaus C. 2003. Plant Virtues in the Eyes of the Beholders: A Comparison
of Known Palm Uses Among Indigenous and Folk Communities of Southwestern
Amazônia. Economic Botany 57 (3): 324-44
Galeano, G. 2000. Forest Use at the Pacific Coast of Chocó, Colombia: A Quantitative
Approach. Economic Botany 54(3): 358-376
German, L. 2001. Cap 7: Formas Tradicionais de Exploração e Conservação das Florestas in
Oliveira A.A. & Daly, D. (ed.). 2001. Florestas do Rio Negro. The New York Botanical
Garden, New York. 221-253
Milliken, W., R.P. Miller, S. R. Pollard & E. V. Wandelli 1992. The Ethnobotany of the Waimiri
Atroari Indians of Brazil.Royal Botanical Gardens Kew. 145p
Parker, E. P. 1989. A Neglected Human Resource in Amazonia: the Amazon Caboclo. Advances
in Economic Botany 7: 249-259
Paz y Miño, G.; H. Baslev & V. Renato. 1995. Useful Lianas of the Siona-Secoya Indians from
Amazonian Ecuador. Economic Botany 49(3)269-275
Phillips, O. 1996. Some Quantitative Methods for Analyzing Ethnobotanical Knowledge, in
Alexiades, M., 1996. Selected Guidelines for Ethnobotanica Research: A Field Manual.
Chapter 9, New York Botanical Garden. 171-197
Phillips, O & A.H. Gentry 1993a. The Useful Plants of Tambopata, Peru: I. Statistical
Hypotheses Tests with a New Quantitative Technique. Economic Botany 47 (1): 15-32
Phillips, O & A.H. Gentry. 1993b. The Useful Plants of Tambopata, Peru: II. Additional,
Hypothesis Testing in Quantitative Ethnobotany. Economic Botany 47(1): 33-43
Phillips, O; A.H Gentry; C. Reynel; P.Wilkin, & C. Gálvez-Durand, 1994. Quantitative
89
Ethnobotany and Amazonian Conservation. Conservation Biology Vol 8(1): 225-248
Prance, G. T. 1972. An ethnobotanical comparison of four tribes of Amazonian Indians. Acta
Amazônica 2 (2): 7-27
Prance, G. T. 1995. Ethnobotany Today and in the Future. in Ethnobotany: Evolution of a
Discipline. (Eds) Schultes R. E. & Reis S. Timber Press, Cambridge, U. K. 60-71
Prance, G.T., W. Baleé, B. M. Boom & L. R. Carneiro. 1987 Quantitative ethnobotany and the
case for conservation in Amazônia. Conservation Biology 1 (4): 296-310
Ricardo, F.P., F.B.L.B.Vianna, M.P. Rufino, P.L. Mesquita & V. Macedo. 2005. Povos
Indígenas no Brasil. www.sociambiental.org /pib/portugues/linguas/linger.shtm#t2
Soler-Alarcon, J.G. & Peixoto, A.L. Ined. Florística e Fitossociologia de um Hectare de Floresta
de Terra Firme no Estado de Roraima, Amazônia, Brasil.
Vicentini, A. 1999. Lauraceae. in Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G; Vicentini, A.; Sothers, C.
A.; Costa, M.A.S.; Brito, J.M.; Souza, M.A.D.; Martins, L.H.P; Lohmann,L.G.; Assunção,
P.A.C.L.; Pereira, E.C.; Silva, C.F.; Mesquita, M.R.& Procópio, L.C. 1999. Flora da
Reserva Ducke. Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra-firme
na Amazônia Central. INPA-DFID. Manaus, AM. 150-179
Zar, J. H. 1996. Biostatistical Analysis. Third Edition. Prentice Hall. 662 p
Zent, S. 1996 Behavioral Orientations towards Ethnobotanical Quantification in Alexiades, M.,
1996. Selected Guidelines for Ethnobotanica Research: A Field Manual. Chapter 9, New
York Botanical Garden. 199-239
90
Anexo 1. Espécies ocorrentes em 1ha de floresta de terra firme na vila de Caicubí, Caracaraí,Roraima, Brasil, em ordem alfabética de família, seguido de nome científico, nomes comuns eusos indicados pelo ribeirinhos.
ANACARDIACEAETapirira guianensis Aubl
Sem nome comumLenha
ANNONACEAEBocageopsis multiflora (Mart.) R.E. Fr
Envira-preta, envira-surucucu, envireira, envira, envira-ferro.Tronco: madeira para casas, estacas, tábuas, móveis, cabo de zagaia, cabo de ferramentascaniço, lenha, carvão; embira (quando jovem); sumo da casca p/mordida de cobra;
Fusaea longifolia Safford.Envira-ferro, envira-surucucu, envira-preta, envira.Tronco: construção de casas, cabo de enxada, caniço, cabo de zagaia, lenha, carvão; embirapara paneiro.
Guatteria citriodora Ducke
Embireira, envira-surucucu, samaumera-de-terra-firme, envira-preta, envira-preta-de-casca-fina, envira-pimenta, envira, envira-pindaiba.Tronco: madeira para casas, tábuas, estacas, cabo de enxada, caniço, cabo de zagaia, lenha,carvão; casca p/ fazer paredes, p/ mordida de cobra; embira (quando jovem)..
Xylopia aff. polyantha R.E.Fr.Envira-preta, envireira, envira-vasourinha, envira-vassoura, envira-ferro, envira, envira-taí,envira-verde, envira-branca, biribarana.Tronco: Construção de casas, tábuas, estacas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, caniço,carvão; casca p/ fazer paredes; embira para amarrar.
Xylopia amazonica R.E.Fr.Envira-vasourinha, envira-surucucu-vermelha, envira-ferro, envira-vassoura, envira-preta,envira, envira-fina.Tronco: construção de casas, tábuas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, carvão, arcos,cabo de jaticaceira e zagaia; embira (quando jovem).
APOCYNACEAEAmbelania acida Aubl.
Pepino-do-mato, pepino, cururú, pepino-brancoCaule: lenha, látex vendido como balata e p/ pegar passarinhos; fruto comestível.
Couma guianensis Aubl.Sorva, sorvão, sorveiraLátex: para calafetar canoas, tomar com café, p/ diarréia e comercializado; fruto comestível.
Odontadenia cognata (Stadelm.) Woodson
91
Cipó-cururú, cipó-sucuúbaLátex como emplastos p/ distenções musculares e peito aberto.
Rhigospira quadrangularis Miers.BalataranaMadeira p/ fazer talheres, lenha; látex para calafetar canoas;.
AQUIFOLIACEAEIlex divaricata Mart ex Reiss.Sem nome comum.Sem utilidade.
ARALIACEAESchefflera morototoni (Aubl.)Maguire,Steyern. & Frodin
Morototo , imbaúba-da-terra-firme, pará-pará-da-terra-firme, morocotutu, imbaubeira.Tronco: tábuas, móveis, balsas.
ARECACEAEAstrocaryum aculeatum WallaceTucumã
Palmito; folhas novas: balaios, chapéus; espinhos p/caçar gafanhotos; fruto comestível;semente p/ artesanato e p/ plantar.
Attalea maripa Mart.Inajá
Estipe: para prensar farinha, adubo para canteiro, criação de uma larva de besouro (michigua)que se come e se usa para pescar; o broto p/ palmito; folha: p/ cobrir casas; pecíolo/baínhapara fazer papagaios e pontas de flechas; fruto: comestível; semente p/ artesanato.
Euterpe precatoria Mart.AçaíEstipe para assoalho e parede de casas; broto p/ palmito; raiz: p/ falta de sangue, anemia,tirizia (cansaço); folha para prensar massa de farinha (para não unir a prensa com a farinha);pecíolo/baínha para colher (como jarra); fruto comestível, comercializado em Barcelos,vinho, óleo.
Oenocarpus bacaba Mart.Bacaba, bacabeiraEstipe: cabo de astia e zagaia, arcos, ripa para cercas; criação de uma larva de besouro( michigua) usado p/ asma; broto p/ palmito; folha proteger tetos de palha; fruto: vinho, óleo.
BIGNONIACEAEJacaranda copaia D.Don
Pará-paráTábuas, móveis, lenha.
BOMBACACEAEQuararibea ochrocalyx Visch.
Envira-branca, envira-de-porco, canhiceira, envira
92
Tronco: cabo de enxada, cabo de zagaia e jaticaceira, canhicera, construção de casas(caibros) lenha e carvão; embira.
Rhodognaphalopsis cf. duckei A. RobynsPiriquiteira, munguba, munguba-arana, munguba-da-terra-firmeTronco: construção de casas, tábuas, lenha e carvão; embira:amarrar diversas coisas e p/arriata.
BORAGINACEAECordia bicolor A.DC. ex DC.
Louro-cururúTronco: tábuas, embira p/ paneiro.
Cordia exaltata Lam.Envira-pimenta, envira-tahi, envira, envira-pretaTronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha, carvão; embira p/paneiro.
Cordia nodosa Lam.Ovo-de-mucura, saco-de-mucuraLenha, carvão
Cordia panicularis RudgeEnvira-preta, envira, chapéu-de-solTronco: construção de casas, cabo de enxada, balsas, lenha e carvão; embira.
Cordia sp.SuinTronco: lenha; casca contra piolhos e frieira brava (micose); fruto comestível.
BURSERACEAECrepidospermum cf rhoifolium (Benth.) Triana & Planchon
Moela-de-inambú, tintarana, breu, breu-xicantã, breero.Tronco: cabo de enxada, lenha e carvão; breu: calafetar canoas, defumação de crianças,espantar morcegos, dor de cabeça, fazer fogo, para vender; fruto comestível
Dacryodes cf hopkinsiiBreera, tinturana, breero, breu.Tronco: construção de casas, lenha e carvão; breu para defumação, calafetar canoas, vender.
Dacryodes sclerophylla Cuatrec.Breu-xicantã, breera, breero, breu.Tronco: madeira: lenha, carvão; breu: espantar morcegos, para calafetar canoas, defumação,dor de cabeça, fazer fogo, vender.
Protium amazonicum (Cuatrec.) DalyBreera, breu-cajarana , Apichuna.Tronco: tábuas, lenha, carvão; breu: calafetar canoas, defumação.
93
Protium grandifolium Engl.Breera-branca, tintarana, breu, breu-xicantã, breera, xicantã-de-inhambúTronco: tábuas, lenha e carvão, cabo de zagaia; breu: defumação, calafetar canoas, fazerfogo.
Protium hebetatum DalyBreu-xicantã, breera, breu.Tronco: lenha, carvão; breu: defumação, espantar morcegos e mosquitos, calafetar canoas, p/dor de cabeça, fazer fogo, vender.
Protium opacum Swart subsp. opacumTatapiririca, breera-da-folha-grauda, farinha-seca, breera, breu-xicantã, breu.Tronco: moirão, lenha e carvão; breu: espantar morcegos, defumação,calafetar canoas, dor decabeça, fazer fogo.
Protium subserratum Engl.Moela-de-inhambú, breera, tinturana.Tronco: lenha e carvão; breu:defumação, calafetar canoas.
Protium trifoliolatum Engl.Breu, breeraTronco: tábuas, lenha e carvão; breu: defumação, calafetar canoas, fazer fogo.
Trattinickia boliviana Breu-xicantã, breera, breu.Tronco: tábuas, lenha e carvão; breu: calafetar canoas, dor de cabeça, defumação, fazer fogo.
Trattinickia glaziovii Swart.Breera, cajarana, breu-xicantãTronco: madeira, tábuas, cabo de sagaia, lenha e carvão; breu: defumação, dor de cabeça,calafetar canoas, espantar morcegos, fazer fogo, vender.
CARYOCARACEAECaryocar glabrum (Aubl.) Pers. subsp. parviflorum
Piquiarana, assacúTronco: tábuas para assoalho, bucha de motor, canoas; casca: p/ frieira brava (micose);fruto: para tinguijar peixe (mistura com barro e joga na água).
Caryocar glabrum Pers.Piquiarana Tronco: tábuas, canoas, bucha de motor, lenha, carvão; casca p/ frieira brava.
CECROPIACEAECecropia distachya Huber
Imbaúba-branca, imbaúba-de-folha-grauda, imbaúba-legitima, imbaúba.Tronco: balsa, bucha de motor, tábuas, lenha e carvão; estípula: p/ barriga d’água, (bebe-se aágua da estípula), p/ puxar forúnculos; folha: empalhar a carne para não dar varejera, parafumar.
94
Coussapoa sprucei Mildbr.Apuí, apuizeiro, pau-de-pachiuba, mata-pau.Látex: p/ peito aberto.
Pourouma cf cuspidata Warb. & Mildbr.Imbaubarana, imbaúba-branca, cucuraí, Imbaúba, cucurarana, cucuraTronco: balsas, bucha de motor, lenha e carvão; casca para disenteria; folha para fumar;estípula para puxar tumor; fruto comestível.
Pourouma cf. tomentosa subsp. apiculata (Benoist) C.C. Berg & VanImbaubão, cucuraí, Imbaúba-preta, imbaúba-da-terra-firme, imbaúba, cucuraranaTronco: balsas, bucha de motor, tábuas, cabo de machado, lenha e carvão; casca p/ dor debarriga; folha: empalhar carne, fumar, estipula p/ puxar furúnculo; fruto comestível;
Pourouma cucura Standl. & Cuatrec.Imbaubão, cucura, imbaúba-branca, Imbaúba, cucuraí-brancaTronco: balsas, bucha de motor, lenha: estípula p/ puxar furúnculo.
Pourouma ferruginea Standl.Imbaubão, imbaúba, cucurarana, cucura.Tronco: tábuas, lenha; folha para empalhar carne; estípula p/ puxar furúnculo; frutocomestível.
Pourouma guianensis Aubl. subssp. guianensis Caimbé, imbaúba-vic, cucura-do-mato.Tronco: madeira, lenha e carvão; folha para lixar; resina p/ pancadas; fruto comestível.
Pourouma melinonii Benoist subspp. melinoniiImbaubão, Imbaúba, cucurarana, cucuraTronco: construção de casas (baixa qualidade), balsas, lenha e carvão; folha p/ empalharcarne, estípula para puxar furúnculo; fruto comestível.
Pourouma minor BenoistImbaúba branca, cucuraí-da-folha-miuda, cucuraí, imbaúba, imbaubarana, imbaúba-da-folha-míuda, cucura-do-matoTronco: balsas, bucha de motor, lenha e carvão; casca para disenteria; folha: fumar; estípula:para puxar furúnculo: fruto comestível.
Pourouma ovata Trec.Imbaúba-branca, imbaúba, caimbe, cucurarana, cucura.Trono: lenha e carvão; folha para fumar; estípula p/ puxar furúnculo; fruto comestível,
Pourouma tomentosa Miq. subsp. essequiboensis Cucura do mato, imbaúba, cucurarana, imbaúba-brancaTronco: lenha; estípula puxa forúnculo, fruto comestível.
Pourouma tomentosa Miq. subsp. tomentosa
95
Imbaúba, cucurai, imbaúba-brancaTronco: balsas, lenha.
Pourouma villosa Trec.Imbaúba-vic, cucurairana, imbaúba-bengüe, imbaúba, caimbe, cucuraranaTronco: bucha de motor, balsas, lenha e carvão; seiva para baques (quedas); folha: p/ fumar,estípula: puxar furúnculo.
CELASTRACEAEGoupia glabra Aubl.
Cupiúba Tronco: tábuas, moirão, canoas, cabo de ferramenta, móveis, remos, lenha e carvão; casca:disenteria, banho para tirar moleza.
CHRYSOBALANACEAECouepia aff. obovata Ducke
Cumanda, macucuíTronco: carvão; casca: impingem (raspa e coloca num pouco d’água).
Hirtella racemosa var. hexandra (Willdenow ex Roemer & Schultes) PranceCaraipé-branco, caraipé, jutaí-pororocaTronco: estacas, cabo de enxada, barrote, carvão, lenha.
Licania canescens BenoistCaraiperana, uchibravo, caraipéTronco: lenha e carvão; casca para fazer fogão com barro.
Licania caudata PranceMacucuíTronco: construção de casas, barrote, estacas, cabo de enxada e machado, cabo de zagaia,lenha e carvão; casca: tingir linha, dor de estômago,
Licania cf. prismatocarpa Spruce ex Hook. F.MacucuíTronco: construção de casas, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingir artesanato e linhade pesca.
Licania heteromorpha Benth. subsp. heteromorphaMacucuí, macucui-preto, cumateTronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca:tingir linhas e artesanato.
Licania hirsuta PranceMacucuí, macucuí-legítimo, macucuí-brancoTronco: construção de casas, estacas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha e carvão;casca: tingir linhas e artesanato, dor de barriga.
Licania micrantha Miq.Caraipé, guara, caraipé-preto, uararana, pajurá
96
Tronco: construçãorução de casas, cabo de ferramentas, lenha e carvão, astia; casca: parafazer fogareiros.
Licania octandra subsp. pallida (Hooker f.) PranceCaraipé-branco, caraipé, caraiperana, caraipé-de-casca-fina, caraipé-preto, caraipé-verdadeiro, caraipé-da-terra-firmeTronco: construção de casas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, carvão e lenha; casca: parafazer caraipé para fogão e cerâmicas.
Licania sothersiae PranceMacucuí, macucuí-brancoTronco: construção de casas, barrote, cabo de ferramentas, lenha e carvão; casca: tingir linhae arumã, dor de estômago.
Licania unguiculata PranceMacucuí-branco, macucuíTronco: construção de casas, cabo de enxada, lenha e carvão.
CLUSIACEAEClusia grandiflora Splitg.
ApuíLátex: distenção muscular, peito aberto.
Symphonia globulifera L.Bacurizinho, anani, ananirana, bacuri, breera, breu, pachiubarana, apuizeiroTronco: construção de casas, tábuas, canoas, lenha e carvão; fruto: comestível, como isca noespinel; breu: calafetar canoas, cheira para dor de cabeça, defumar.
Tovomita schomburgkii Planch. & TrianaPachiubaarana, pachiubinha, ananirana Tronco: construção de casas, estacas, ripa para instrumentos de pesca de peixinho ornamental(rapiche, cacuri, pusa), carvão; látex como cola.
DILLINIACEAEPinzona coriacea Mart. & Zucc.
Cipá-d'aguaSeiva: para beber e para diarréia, derrame, tirizia (cansaço), mordida de cobra; caule: carvão.
ELAEOCARPACEAESloanea cf. synandra Spruce ex. Benth.
UrucuranaTronco: cabo de machado, enxada, carvão; sapopemas: para remos, tábua de lavar roupa.
Sloanea pubescens Benth.UrucuranaTronco: cabo de ferramenta; sapopemas: remos, tábuas de lavar roupa.
Sloanea rufa Planch. ex Benth.
97
Canela-de-velho, canela-de-maçarico, cacauaçu, Tronco: lenha e carvão; galho: talher para mingau; casca: febre, dor de estômago; folha: chápara beber.
Sloanea sp1UrucuranaTronco: cabo de ferramentas, carvão; sapopemas: remos, tábuas de lavar roupa.
EUPHORBIACEAEAlchornea schomburgkii Klotzsch
Sem nome comumTronco: cabo de enxada, carvão.
Alchornea triplinervia Mull. Arg.Língua-de-tucanoTronco: tábuas, lenha.
Croton lanjouwensis Jabl.Dima Tronco: construção de casas (não pode molhar), tábuas.
Euphorbiaceae sp1UxiranaLenha e carvão
Hieronyma mollis Muell. Arg.Abiurana, abiurana-ferro, itaubarana, uchirana, macucui, sapucaia-castanha
Tronco: construção de casas, estacas, carvão; sapopemas: remos; casca: curuba (diretamenteno corpo ou em beberagem), disenteria; fruto comestível.
FLACOURTIACACEAELaetia procera Eichl.
Pau-judeu, matutexi, matute, garotera,Tronco: construção de casas, tábuas, astia de arpão, cabo de ferramentas, carvão; casca p/vômito.
Laetia sp.1sem utilidade
Lindackeria cf. paludosa Gilg.Sem nomeTronco: carvão; folha: banho para estragar a pessoa.
GNETACEAEGnetum leyboldii Tul.
Cipó-curucuda, cipó-tuiriFruto cozido comestível; carvão
HUGONIACEAE
98
Hebepetalum humiriifolium (Planch.) JacksonSuimTronco: tábuas, cercas, lenha e carvão; casca, em chá para disenteria, dor de corpo e cólicas;fruto comestível.
LAURACEAEAniba aff. williamsii O. C. Schmidt. (Guia Ducke)
Louro-rosa, abacaterana, louro-chumboTronco: construção de casas, canoas e embarcações, tábuas, pernamancas, cabo deferramentas, remos, móveis, lenha e carvão.
Licaria guianensis Aubl.Louro-alitu, louro-gavaliTronco: construção de casas, tábuas, canoas e embarcações, remos, cercas, barrote, cabo deferramentas, cabo de zagaia e jatica, móveis, lenha e carvão.
Mezilaurus subcordata (Ducke) KostermSem nomecarvão
Ocotea nigrescens A. VicentiniLouro-preto, louro-santo, louro-chumbo, louro-bosta, louro-gavali, louro-alituTronco: tábuas, estacas, barrote, construção de casas, móveis, cabo de ferramentas, cabo dezagaia, embarcações e canoas, remos, lenha e carvão
Ocotea rhodophylla A. Vicentini
Louro-preto, louro-bosta, louro-abacaterana, louro-chumbo, louro-alitu, marirana, louro- rosaTronco: construção de casas, tábuas, móveis, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, canoas eembarcações, remos, carvão.
Ocotea sp. E Abacaterana, louro-bosta, louroTronco: construção de casas, tábuas, remos, canoas, lenha e carvão.
Ocotea subterminalis H. van der WerffLouro santo, louroTronco: construção de casas, tábuas, canoas, remos, lenha e carvão
Pleurothyrium vasquezii H. van der WerffLouro-abacaterana, louro-chumboTronco: tábuas, cercas;canoas e embarcações, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha ecarvão.
LECYTHIDACEAEBertholetia excelsa Humb & Ponpl.
Castanheira Tronco: construção de casas, canoas, embarcação, pernamanca, remos, carvão; casca:remédio p/dor no corpo, canseira (tirizia), diabetes, diarréia, e estopa de canoas; envira: para
99
amarrar; opérculo do fruto: para carne crescida; casanha contra veneno de cobra, comestível,comercialização.
Eschweilera bracteosa MiersMatamata-preto, matamataTronco: construção de casas, estacas, lenha e carvão; embira: para paneiros; casca: banhopara coceira de curuba.
Eschweilera coriacea Mart. ex O.BergMatamata-preto, matamata, ripeira, matamata-folha-graudaTronco: construção de casas, canoas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, cabo de zagaia,ripa para estrutura de forno e tetos, ripa para cacuri (cabeceira de lanterna) e ripa paraartesanato, lenha e carvão; embira: amarrar.
Eschweilera grandifolia Mart ex DC.Matamata-branco, sapucaia-castanha, sapucaiarana, castanha-aranaTronco: construção de casas, canoas estacas, tábuas, ripa, cabo de enxada, machado e zagaia,lenha e carvão: envira: amarrar.
Eschweilera pedicellata (Richard)S.A.MoriRipeira, matamatá-da-folha-miuda, caniceira, matamata-preto, matamatazeiroTronco: construção de casas, estacas, ripa, tábuas, cabo de ferramentas, zagaia ripa paracabeceira de lanterna e cacuri, rapiche (instrumentos de pesca de peixinho ornamental), ripapara balaios, lenha e carvão; embira: amarrar coisas.
Gustavia augusta Amoen. Acad.Envira-de-cutia, periquito castanha, ripeiraTronco: construção de casas, moirão, tábuas, barrote, cabo de enxada, canoas, ripa parabalaios, ripa para cabeceira de lanterna, lenha e carvão; fruto comestível
Lecythis poiteaui O.Berg.Envira-de-cutia, envira-de-periquito, cuiombo, ripeiraTronco: construção de casas, carvão; embira: paneiro. .
Lecythis retusa Spruce ex. O.Berg Envira-de-cutia, matamata, castanha-sapucaia, sapucaia castanha-cajuranaTronco: construção de casas, canoas e barcos, tábuas, estacas, carvão; embira: paneiros;semente comestível.
Lecythis zabucajo Aubl.Piquiteira, sapucaia, sapucaia-castanha, ripeiraTronco: construção de casas, canoas e barcos, tábuas, moirão, lenha e carvão; casca: curuba(friera brava); envira: paneiro, semente comestível.
LEGUMINOSAELEG: CAESALPINIOIDEAEBauhinia guianensis Aubl.
Escada-de-jabuti
100
Embira: amarrar; casca p/ diarréia e inflamação.
Dicorynia paraensis Benth.Coração-de-nego, tintaranaTronco: construção de casas, embarcações.
Sclerolobium aff. setiferum DuckeTachi-preto, tachiConstrução de casas, tábuas, estacas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão; cascadiarréia.
Sclerolobium chrysophyllum Poepp. & Endl.Tachi-vermelho, tachiTronco: tábuas para casas, cabo de zagaia, jirão (para assar peixe), lenha e carvão: casca:para diarréia.
Sclerolobium setiferum DuckeCumanda, tachizeiro, tachiTronco: construção de casas, tábuas, cabo de enxada, lenha e carvão.
Tachigali myrmecophila DuckeTachi, tachizeiro, tachi-preto, tachi-vermelho, tachi-de-terra-firme Tronco: tábuas, cabo de zagaia, cabo de enxada, lenha e carvão; casca para diarréia.
Tachigali venusta DwyerTachi-preto, tachi Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de zagaia, lenha e carvão; casca: para diarréia evômito.
LEG: MIMOSOIDEAECedrelianga cataeniformis (Ducke) Ducke
Cedroarana, cedrão-vermelho, cedrãoTronco: construção de casas, tábuas, pernamancas, canoas, móveis, carvão.
Dinizia excelsa DuckeAngelim-vermelho, paracaxii, angelim, angelim-pedra, cavivi-da-terra-firmeTronco: construção de casas, canoas, tábuas, móveis, pilão, cabo de zagaia (quando jovem),lenha e carvão.
Enterolobium schomburgkii BenthSucupira, angelim, cavivi-da-terra-firme, angelimTronco: construção de casas, canoas, tábuas, barrote, móveis, lenha e carvão.
Inga aff. bicoloriflora DuckeInga, ingarana, ingá-xixicaTronco: tábuas, canoas, lenha e carvão; casca: tingir linhas, disenteria, hemorróides.
Inga aff. capitata Desv.Ingá-de-macaco, ingá-xixica, ingá-preta, ingá, ingarana
101
Lenha e carvão; fruto comestível.
Inga alba (Swartz) Willd.Ingarana, ingá-xixicá, ingá-de-macaco, ingá- xixi, ingá-do-matoTronco: Construção de casas, tábuas, móveis, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingirlinhas, artesanato, hemorróides e disenteria; folha: banho para crianças que choram muito;fruto comestível.
Inga cf. laurina Willd.Ingá-xixica, ingaranaTronco: madeira de casas, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: tingir artesanato, curarsapinho na boca das crianças (raspa e passa na boca), dor de barriga; fruto comestível.
Inga grandiflora DuckeIngarana, ingá, ingá-preta, ingá-peludo, ingá-xixica, ingá xixi, ingá de macacoCabo de machado, fruto comestível, casca para tingir aruma lenha e carvão
Inga paraensis DuckeIngá-de-macaco, ingá-xixica, ingá, ingá-branca, ingá-preta, ingaí, cumanda, ingazeira,ingaranaTronco: construção de casas, cercas de quintal, astia, cabo de ferramentas, carvão, lenha;casca: tingir arumã, como anti-séptico para feridas; fruto comestível.
Inga rhynchocalyx SandwithIngarana, ingá-xixicá, ingá, ingarana, tamanqueira
Tronco: madeira de casas, cabo de enxada, machado, boca de lobo, carvão; fruto:comestível.
Inga thibaudiana DC.Ingarana, ingá-xixica, ingá-preta, ingá, ingá-xixica-vermelhaTronco: tábuas, cabo de enxada, carvão; casca: tingir arumã e cestos; fruto comestível.
Inga umbratica Poepp. & Endl.Ingá-de-macaco, ingarana, ingá-xixica, jutaí-pororoca, ingáTronco: lenha e carvão; casca: curar sapinho na boca das crianças (raspa e passa na boca);fruto comestível.
Parkia nitida Miq.Piradabi-do-mato, angelirana, piradabi-da-terra-firme, fava
Tronco: construção de casas, móveis, tábuas, lenha e carvão; sapopemas: tábuas para lavar roupae remos.
Parkia sp.Piradabi da terra firme Tronco: construção de casas, tábuas, carvão; casca: p/disenteria.
Pseudopiptadenia psilostachya (DC.) G.Lewis & M.P.M. de LimaAngelim-babão, cavivi-da-terra-firme, cavivi, iurara, sucupira-branca
Tronco: construção de casas, canoas, móveis, moirão de cerca, cabo de zagaia, lenha e carvão.
102
Stryphnodendrom paniculatum Poepp. & Endl.Taquarirana, tachirana, iuraraTronco: construção de casas, lenha e carvão; látex: curar coceira, veneno para matar caça.
Zygia racemosa (Ducke) Barneby & J.W.GrimesPau-santo, piradabi-da-folha-grauda, rabo-de-tatu, angelim, cavivi-da-terra-firme,angelinzeiro, paracachi, cavivirana
Tronco: construção de casas, móveis, canoas, tábuas, moirão de cerca;cabo de ferramentas ezagaia, carvão e lenha; casca para disenteria.
LEG: PAPILIONOIDEAEAndira micrantha Ducke
Sucupira-amarela, cavari, cavari-babãoTronco: construção de casas, móveis, acabamentos de embarcações, cabo de enxada eterçado, lenha e carvão; casca: p/ dor de barriga e hemorroides.
Clathrotropis macrocarpa Ducke
Cavari, amarelinho, baudera, paratari, saboeiroTronco: tábuas, carvão: casca: banho em cachorro pirento (com sarna), p/ curuba e em pessoas,
diarréia, p/ tirar a moleza do corpo; folha: p/ feridas, p/empalhar farinha, fazer sabão.
Leg: Papilionoideae sp. 1sem utilidade
Ormosia aff. nobilis Tul. var. nobilisTento, tentera, tento-vermelhoTronco: tábuas, móveis, lenha e carvão; semente: p/ jogar dominó, p/ dor de urina, venda.
Ormosia grossa Rudd.TentoTronco: construção de casas, canoas, tábuas, móveis, lenha e carvão; chá para abortar e paraos rins; semente p/ vender.
Pterocarpus officinalis Jacq.Sucupira-preta, jutaí pororoca, caviviranaTronco: esteio de casas, móveis, canoas, lenha e carvão; casca: p/ disenteria.
Swartzia cf. dolichopoda R.S.CowanCoração de negoConstrução de casas,estacas, cabo de machado construção de batelão, lenha e carvão
Swartzia corrugata Benth.Tento, tenturanaTronco: construção de casas, móveis, cabo de enxada, lenha e carvão; casca: p/ dor de rins.
MELASTOMATACEAEMiconia traillii Cogn.
Goiaba-de-anta, canela-de-velha, buchucho, buchuchorana, goiaba-do-mato
103
Tronco: construção de casas, moirão, cercas, cabo de machado, lenha e carvão; fruto comestível(pouco).
MELIACEAEGuarea guidonia (L.) Sleumer
sem nomesem utilidade.
Guarea silvatica C.DC.sem nomeTronco: lenha e carvão; casca: dor de cabeça, disenteria.
MORACEAEClarisia racemosa Ruiz & Pav.
GuariubaTronco: construção de canoas, casas, móveis, cabo de ferramentas, carvão; látex: calafetarcanoas e cola; fruto comestível.
Helianthostylis sprucei Baill.Anani-brancoConstrução de casas
Helicostylis tomentosa (Poepp. & End.) MacbrideMuiratinga, pé-de-jabuti, fruta-de-jaboticaba, jaboticaba,
Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de enxada e de zagaia, carvão, galho para vender aturistas; fruto comestível.
Maquira sclerophylla (Ducke) C.C.Berg.Muiratinga, abiurana-branca
Tronco: fazer tapiriri (casinha pequena), cabo de machado, lenha e carvão, galho para vender aturistas.
Moraceae sp1Paratari-branco, pé-de-jabuti, mirapiringa
Tronco: construção de casas, cabo de zagaia, machado, móveis, lenha e carvão; casca p/
disenteria, dor no corpo; fruto comestível.
Naucleopsis glabra Spruce ex PittierMuiratinga, muiratinga-verdadeiro, pé-de-jabuti
Tronco: construção de casas, cabo de enxada, arcos, galho para vender a turistas e brinquedos,lenha e carvão; fruto comestível.
Perebea guianensis Aubl.Pé-de-jabuti, muiratinga, cauchurana, jaboticabaTronco: construção de casas, lenha e carvão, galho para vender a turistas e brinquedo; frutocomestível.
104
Perebea mollis (Planch. & Endl.) Huber subsp mollisMuiratinga, pé-de-jabuti, jaboticabaLenha e carvão; látex para impigem; fruto comestível.
Pseudolmedia laevis (Ruiz & Pav.)MacbrideTaquari-da-terra-firme, manichi, muiratinga, cauchurana Tronco: construção de casas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão, galhos paravender a turistas; látex: como cola; fruto comestível.
Sorocea guilleminiana Gaudich.Matacalado, piranheira, piranhacãa, língua-de-tucanoTronco: cabo de enxada, lenha e carvão; látex: como veneno, p/ matar piolhos e frieira brava,p/ estancar o sangue após a mordida do morcego.
MYRISTICACEAEIryanthera coriacea Ducke
Copeira, Punã, jiiguaTronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, talheres de pau, lenha e carvão;seiva: p/ dor de dente; casca p/ disenteria.
Iryanthera grandis DuckePunarana, virolaTronco: tábuas, compensado, lenha e carvão; seiva: p/ dor de dente, limpar feridas.
Iryanthera juruensis Warb.Copeira, punã, envira, lacre, copero, envira-amarela, taquari, abiurana-branca
Tronco: construção de casas, tábuas, talheres de pau, cabo de ferramentas, lenha e carvão;envira: amarrar; seiva: p/dor de dente, disenteria, matar impigem.
Osteoplhoeum platyspermum Warb.Marupa-vermelho, miracêe, uicui, copeira, pau-pra-tudoTronco: construção de casas, móveis, lenha e carvão; seiva: disenteria e p/lavar feridas.
Virola calophylla Warb.Envirola, ucuuba, puna-da-folha-graúda, virola, ucuuba-da-terra-firme, lacre, coperoTronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, talheres de pau, lenha e carvão;seiva p/ dor de dente, p/ matar impinge na pele,
Virola enlongata (Benthan) Warb.Ucuuba-vermelha, punã, puna-brancaTronco: cabo de ferramentas, móveis, construção de casas, tábuas, lenha e carvão; seiva: p/diarréia (bebe-se com água), p/ cicatrizar feridas, dor de dente.
Virola theiodora Warb.Copeira, copeira-vermelha, puna, ucuuba-branca, ucuuba, envirola, puna-branca, virola,punarana, ucuuba-vermelha, ucuuba-da-terra-firmeTronco: construção de casas, tábuas, móveis, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, talheresde pau, lenha e carvão; seiva p/ dor de dente, diarréia, cicatrizar feridas, matar piolhos; cascap/ vômito.
105
Virola venosa Warb.Punarana, virola, taquari, copero-brancoTronco: colher de pau, tábuas e compensado, cabo de machado, lenha; seiva: p/dor de dente,
cicatrizar feridas.
MYRSINACEAECybianthus aff. detergens Mart.
Tintarana-da-terra-firmeLenha e carvão
MYRTACEAECalycolpus sp.
Araçarana, araçá, pau-mulatoTronco: esteio de casas, estacas, cabo de enxada, carvão, vara de pesca (quando novo); frutocomestível.
Eugenia aff. florida DC.Daicú, tintarana, caçari-da-terra-firme, araçáTronco: estacas, barrotes, cabo de zagaia, cabo de ferramentas, lenha e carvão; frutocomestível.
Eugenia cf. cuspidifolia DC.Pau-vidrio, guajabinha, caçari-da-terra-firme Tronco: lenha e carvão, fruto p/ suco.
Eugenia cf. omissa McVaughPau-vidro, araçá, araçarana Tronco: esteio de casas, estacas, cabo de enxada, carvão; fruto comestível.
Eugenia sp.1Chumberi, tamandare, araçá-do-matoTronco: lenha e carvão; casca: para matar a pira do cachorro (sarna), e para pegar mulher(macumba).
Myrcia aff. rufipila McVaughAraça, mustinha, ouvido-de-peixe, pau-vidrioTronco: moirão de cercas, cabo de ferramentas, lenha e carvão.
Myrcia sylvatica DC.Araçarana, caçari-da-terra-firme, goiaba-de-anta, araça, pau-mulatoTronco: construção de casas, cercas, lenha e carvão; casca p/ curuba; fruto comestível.
OLACACEAEMinquartia guianensis AublAcariquarana, AcariquaraTronco: cabo de enxada, esteio de casas, postes de luz, cabo de ferramentas, barrote, estacas,lenha e carvão; fruto comestível.
106
QUIINACEAEQuiina florida Tul.Macucuirana
Tronco: construção de casas, tábuas, cabo de ferramentas, carvão.
Touroulia guianensis Aubl.Paratari, paracaxi-do-vermelho, taperebaranaTronco: construção de casas, móveis, lenha e carvão; casca p/ mordida de cobra.
ROSACEAEPrunus myrtifolia Urb.
Carapitiu-da-terra-firme, daicurana-de-terra-firme, pau-cravo.Tronco: lenha e carvão; casca p/ dor de estômago.
RUBIACEAEBorojoa claviflora (K.Schum.)Cuatrec.ApuruiTronco: esteio de casas, cabo de machado, moirão, carvão; fruto comestível.
Ferdinandusa rudgeoides Wedd.ItaubaranaTronco: esteio de casas, tábuas, cercas, barrote, cabo de ferramenentas, astias, canoas, carv.
Ferdinandusa sp1.Itaubarana-da-folha-miudaTronco: cabo de ferramentas, construção de casas, lenha e carvão.
SABIACEAEOphiocaryon aff. manausense (W.A.Rodrigues)Barneby
Tamacuarerana. Lenha
SAPINDACEAECupania scrobiculata Rich
Sem nomeCarvão
SAPOTACEAEChrysophyllum sanguinolentum (Pierre) BaehniAbiuranaTronco: construção de casas, cercas, cabo de ferramentas; arcos, jaticá e cabo de zagaia,lenha e carvão.
Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre subsp. guyanensisCedrinho, cedro-branco, caramuri, balataranaTronco: construção de casas, tábuas, estacas, cabo de ferramentas, móveis, canoas e barcos,lenha e carvão.
107
Pouteria caimito Radlk.Abiurana-ferro, abiuranaTronco: tábuas, estacas, esteio de casas, cabo de ferramentas, batelão, cabo de zagaia e jaticá,arcos, bulinete para prensa de farinha, lenha e carvão; fruto comestível.
Pouteria cuspidata (A.DC.)BaehniMortinhaTronco: construção de casas, madeira, cabo de enxada, lenha e carvão.
Pouteria durlandii (Standl.) Baehni Abiurana (E,W,J,G)Abiurana-ferroTronco: construção de casas, tábuas, moirão, estacas, barrote, cabo de ferramentas, zagaia ejaticaceira, arcos, carvão; látex para fazer balata; fruto comestível.
Pouteria glomerata Radlk.Abiurana, abiurana-ferro, AraruTronco: construção de casas, embarcações, estacas, móveis, jaticá e zagaia, cabo deferramentas, lenha e carvão; látex para vender; fruto comestível.
Pouteria guianensis Aubl..Abiurana-ferro, abiurana, abiurana-da-terra-firmeTronco: construção de casas, tábuas, estacas, barrote, cabo de ferramentas, astia e jaticá,lenha e carvão; fruto comestível.
Pouteria sp.1Taquari, goiaba-de-jabutiTronco: estacas, construção de casas, lenha e carvão.
SIMAROUBACEAESimaba polyphylla (Cavalcante) W.W.Thomas
CajuramaTronco: coronha de espingarda, lenha e carvão.
Simaruba amara Aubl.Marupá, marupa-brancoTronco: tábuas, balsas, cercas, móveis, casca para diarréia; folha: defumação.
STERCULIACEAETheobroma microcarpa Mart.
Envira-ferro-de-folha-miúda , cacau, envira, envira-branca, biriba, cupuí-bravo, cupuíTronco: construção de casas, tábuas, canoas, cabo de ferramentas, cabo de zagaia, lenha ecarvão, embira para amarrar; fruto comestível.
Theobroma obovatum Klotzch ex BernoulliCupui-bravoTronco: construção de casas, cabo de zagaia, cabo de machado, embira, lenha e carvão; frutocomestível.
Theobroma speciosa Willd. ex Spreng.
108
Cacau, cupui, cupu-do-matoTronco: cabo de machado, lenha e carvão; casca: p/ disenteria; fruto: comestível; semente:fazer chocolate e vende;
Theobroma subincanum Mart. Cupuí, cacau, cupu-do-matoTronco: construção de casas, cabo de martelo, lenha e carvão; casca p/ disenteria; fruto
comestível.
Theobroma sylvestris Aubl. ex Mart.Cacau, cupui, cacau-de-jacaréTronco: cabo de ferramentas, carvão; fruto comestível, semente faz chocolate e vende.
STRELITZIACEAEPhenakospermum guyanense (L. C. Rich.) Endl.
Sororoca, bananeira-do-matoTronco: água do tronco (olho) para mordida de cobras (bate, tira água e bebe) e paracicatrizar feridas, ripas para tecer; folha: cobertura de casas, botar a caça acima para retirar ocouro; pecíolo: apito de chamar anta, embira para amarrar.
TILIACEAEApeiba echinata Gaertn.
Biribarana, biraba-do-mato, bolacheira, bolachaaranaTronco: balsas, tábuas; embira para paneiro
VIOLACEAEPaypayrola macrophylla
AbacateranaTronco: construção de casas, cabo de enxada, cabo de zagaia, lenha e carvão
VOCHYSIACEAEErisma bracteosum Ducke
RipeiraTronco: construção, ripas p/ construção, cercas, cacuri (para lanterna), lenha e carvão.
VOCHYSIACEAEQualea paraensis Ducke
Cafearana branca, cafearanaTronco: construção de casas, tábuas, barrotes, canoas, móveis.
Qualea sp.1 CupiubaranaTronco: canoas, cercas, carvão.
Vochysia vismiaefolia Spruce ex Warm.Sem nome
Madeira p/ construção de casas, carvão.
109
Conclusões e Recomendações
Os trabalhos de fitossociologia são importantes ferramentas auxiliares para
implementação de estratégias de conservação; estes trabalhos mostram a riqueza e a diversidade
de áreas pré-estabelecidas e indicam as espécies de maior valor de importância local. O presente
estudo apresentou dados de um hectare, o que possibilitou a comparação com outros estudos
similares realizados na Amazônia. Entretanto, como foi mostrado na curva de coletor, seria
interessante continuar fazendo o levantamento fitossociologico até estabilizar a curva de coletor
para poder afirmar com mais precisão a riqueza e diversidade desta área biogeográfica e poder
afirmar sua importância botânica.
Os dados fitossociológicos mostraram que Leguminosae é a família com maior VI, dado
também compartilhado com outros estudos realizados na Amazônia. Os dados etnobotânicos
mostraram que o maior VU foi encontrado em Arecaceae sendo Leguminosae a 17ª família em
VU. Por outro lado, Arecaceae ocupa a 5ª posição em VI. Ao comparar as dez famílias com
maiores VI com as dez famílias com maiores VU encontraram-se cinco famílias em comum
porém em diferentes posições (Arecaceae, Lecythidaceae, Annonaceae, Burseraceae,
Chrysobalanacea). Ao nível de espécie, ao comparar as dez espécies com VI mais altos com as
dez espécies com VU mais altos observam-se três espécies em comum (Eschweilera coriacea,
Bocageopsis multiflora, Euterpe precatoria). Isto sugere uma relação entre os dados
fitossociologicos e etnobotânicos. Análises mais detalhadas são necessárias para esclarecer estas
relações.
Demostrou-se que os caboclos da vila de Caicubi possuem um conhecimento detalhado
da floresta de terra firme. É interessante continuar fazendo estudos em outro tipo de florestas
como, por exemplo, as florestas de igapó, um ecossistema que os caboclos da vila de Caicubi
supostamente utilizam também.
Resgatar o conhecimento das comunidades tradicionais é de suma importância para se
entender quais são os recursos principais e essências para estas comunidades. Tal conhecimento
poderá ser utilizado em estratégias de conservação, auxiliando na preservação do ambiente e de
sua cultura.
A inclusão de exempleras de referência (voucher), oriundos inventários fitossociológicos
e etnobotânicos, em coleções de hervários são essenciais para respaldar os dados e as
informações desses estudos. Tais exemplares possibilitam maior acuracia entre trabalhos
pretéritos e atuais.
110
ANEXO. Algumas fotografias que mostram a floresta de terra firme onde foi realizado o estudo,
os informantes chaves que colaboraram na parte etnobotânica e atividades realizadas pelos
caboclos da vila de Caicubi.
111