Imagens que passais pela retina Dos meus olhos, porque não vos fixais? Que passais como a água...
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Imagens que passais pela retina
Dos meus olhos, porque não vos fixais?
Que passais como a água cristalina
Por uma fonte para nunca mais!...
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Ou para o lago escuro onde termina
Vosso curso, silente de juncais,
E o vago medo angustioso domina,
Porque ides sem mim, não me levais?
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Sem vós o que são os meus olhos abertos?
O espelho inútil, meus olhos pagãos!
Aridez de sucessivos desertos...
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O Meu Coração DesceO meu coração desce,
Um balão apagado...
Melhor fora que ardesse,
Nas trevas, incendiado.
Na bruma fastidienta.
Como um caixão à cova...
Porque antes não rebenta
De dor violenta e nova?!
Que apego ainda o sustém?
Átomo miserando...
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Se o esmagasse o trem Dum comboio
arquejando...
O inane, vil despojo Da alma egoísta e fraca! Trouxesse-o o mar de rojo, Levasse-o a ressaca.
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Simbolismo Brasileiro
Inicia em 1893 com a publicação das obras
“Missal” e “Broqueis”de Cruz e Sousa
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Alphonsus Guimarães (1870-1921) Nome literário de Afonso
Henriques da Costa Guimarães, foi importante expressão do simbolismo brasileiro. Sua poesia é marcada pela espiritualidade, misticismo, atmosfera religiosa, sonho e mistério. Influenciado por Verlaine, também apresenta melancolia e ternura. A morte da amada é tema recorrente.
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Alphonsus Guimarães.
“Ser poeta é cantar chorando,
Entre mágoas celestiais;
É viver, sem saber quando
Terão fim seus ais.”
Alfhonsus Guimarães.
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A Morte da Mulher Amada Marcado pela perda da
mulher amada (Constança), a cosmovisão do poeta ordena-se em torno do...
►Misticismo/Religiosidade. ► Amor (por uma mulher
morta) e pela Virgem Maria),
►Morte.
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São intensas em sua obra as presenças constantes da morte da mulher amada, os tons fúnebres de cemitérios e enterros, a nostalgia de um medievalismo romântico, além do seu famoso marianismo (culto a Virgem Maria).
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TRANSCENDENTALISMO# Doutrina segundo a qual todos os
fenômenos são explicáveis racionalmente sem observação nem análise.
# Transcender – ser superior, muito elevado, que transcende do sujeito para alguma coisa fora dele.
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Espiritualismo
# Crença na vida espiritual.
# Crença no reencontro com a mulher amada num plano transcendente.
# Devoção à Virgem Maria.
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O Lirismo Amoroso O lirismo amoroso de Alfhonsus
Guimarães constitui uma espécie de biografia de seu drama intimo. Na maioria das vezes espiritualizado o amor conduz a deificação da mulher que universalizada com inicial maiúscula se identifica com a Virgem Maria ou tida como Santa, Anjo, ao invés de mulher-matéria, interessa-lhe a mulher espírito que despojada de sua carnalidade surge ao poeta como puro espírito participante do plano da transcendência cristã.
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Hão de chorar por ela os cinamomos
Murchando as flores ao tombar do dia
Dos laranjais hão de cair os pomos
Lembrando-se daquela que os colhia.
As estrelas dirão: - “Ai, nada somos,
Pois ela se morreu silente* e fria...”
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.
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A lua que lhe foi mãe carinhosa
Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.
Os meus sonhos de amor serão defuntos...
E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - “Por que não vieram juntos?”
Silente: silencioso, secreto.
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Morte e Decadentismo“Alfhonsus foi o grande poeta da ausência, da distancia, do além. Via com os olhos da fantasia, ouvia sons irreais, respirava perfumes de flores inexistentes, cantava figuras que tinham com a realidade concreta o mínimo contato real.”
Alceu Amoroso Lima.
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AMOR E MORTE Temática fundamental da obra
do escritor, a morte está relacionada à lembrança da amada (Constança) que transcendeu. Seus poemas de amor são vinculados à idéias fúnebres. Amor e morte, fórmula romântica, mas Alphonsus a trata de maneira diferente, fugindo do patético e alcançando um tom elegíaco, onde predominam a melancolia e a musicalidade.
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Mundo & Dor Em vários momentos, a dor parece mais
uma convenção poética do que propriamente um sentimento real. Seria uma possibilidade de aproximação para alcançar o enlace transcendental. Agregada à temática da morte está a atitude decadentista reconhecida através da visão de mundo concebido como palco de dores, cuja evolução só a morte pode interromper. O mundo é um caos onde tudo degenera e morre.
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Nada somos, sabeis, e que seremos
Mais do que duas miseras ossadas?
As loucas ilusões em que vivemos
São estrelas que morrem desmaiadas.
Bem longe dos espíritos blasfemos,
- Pobres crianças a ouvir contos de fadas –
Ao céu nossas almas ergueremos,
Como duas princesas encantadas.
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O silencio agoniza pelas naves...
São trindades que vão morrer no poente,
Baixando mudas como vôo de aves.
Que subam para o céu as nossas almas,
Bailoçando entre os astros suavemente,
Tão oblativas como duas palmas
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Hirta e branca... Repousa a sua áurea cabeça
Numa almofada de cetim bordada em lírios.
Ei-la morta afinal como quem adormeça
Aqui para sofrer Além novos martírios.
De mãos postas, num sonho ausente, a sombra espessa
Do seu corpo escurece a luz dos quatro círios:
Ela faz-me pensar numa ancestral Condessa
Da Idade Média, morta em sagrados delírios.
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Os poentes sepulcrais do extremo desengano Vão enchendo de luto as paredes vazias, E velam para sempre o seu olhar humano.
Expira, ao longe, o vento, e o luar,
longinquamente Alveja, embalsamando as brancas agonias Na sonolenta paz desta Câmara-ardente...
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Kyriale
• "Kyriale" tem uma atmosfera densa e pesada, remete sempre à morte, ao dia de finados, desde as palavras escolhidas pelo poeta até o tom solene. Este é um traço do Romantismo Gótico, recuperado pelos simbolistas decadentes. Nas obras posteriores é a amada ausente quem aparece com freqüência. Portanto, seus temas preferidos eram amor e morte. Guimarães também foi tradutor de Haine e de poetas chineses, a partir do francês.
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• ISMÁLIA • Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.
• No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar...
• E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar...
• E como um anjo pendeu
• As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar...
• As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar...