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AApprreesseennttaaççããoo tteeóórriiccaa ddee ttééccnniiccaa ddee JJuuddoo

ccoonnffoorrmmee pprrooggrraammaa ddee eexxaammee ddee ggrraadduuaaççããoo ppaarraa 44..ºº DDaann

一一本本背背負負投投

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 1 -

II –– IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 03

IIII –– DDEESSCCRRIIÇÇÃÃOO DDAA TTÉÉCCNNIICCAA 04

Kusushi (desequilíbrio) 05

Tsukuri (preparação – colocação do corpo) 05

Kake (execução – conclusão da técnica) 05

IIIIII –– OOUUTTRRAASS FFOORRMMAASS DDEE EEXXEECCUUÇÇÃÃOO 06

Avançando a perna direita 06

Com a perna direita entre as pernas do Uke 06

Com a perna direita pelo exterior da perna direita do Uke 07

Com o braço direito travando a perna direita do Uke 07

Com o controlo de ambos os braços do Uke 07

Com a pega à direita, executar a técnica à esquerda 08

IIVV –– DDEESSLLOOCCAAÇÇÕÕEESS EE OOPPOORRTTUUNNIIDDAADDEESS 08

Quando o Uke avança a perna direita 08

Quando o Uke avança a perna esquerda 09

Quando o Uke recua a perna direita 09

Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo

para a direita do Uke

09

Quando Tori e Uke se deslocam em círculo, para a esquerda

do Uke

09

VV –– LLIIGGAAÇÇÕÕEESS PPAARRAA OO SSOOLLOO 10

Hipótese 1: Kuzure-kami-shio-katame 10

Hipótese 2: Kuzure-kesa-gatame 11

Hipótese 3: Ude-hishigi-juji-gatame 11

VVII –– RREENNRRAAKKUU--WWAAZZAA 12

A - O Uke reage para trás, numa posição mais ou menos estática

13

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 2 -

A-1 – Combinações para a frente ou frente direita 13

Hipótese 1: Seoi-Otoshi 13

Hipótese 2: Uchi-makikomi 14

Hipótese 3: Hikikomi-gaeshi 15

A-2 – Combinações para trás ou trás direita 16

Hipótese 1: Morote-gari 16

Hipótese 2: Sukui-Nage ou Tani-Otoshi 17

Hipótese 3: O-soto-gari ou O-soto-otoshi 18

B - O Uke defende avançando a perna direita 19

Hipótese 1: Ko-uchi-gari ou Ko-uchi-makikomi 19

Hipótese 2: Kuchiki-daoshi ou Kibisu-gaeshi 20

C - O Uke defende avançando a perna esquerda 21

Hipótese 1: O-uchi-gari 21

Hipótese 2: Kata-guruma 22

VVIIII –– KKAAEESSHHII--WWAAZZAA 23

A – Contra-ataques em Nage-Waza 23

Hipótese 1: “Romper a pega” 23

Hipótese 2: Ushiro-goshi 24

Hipótese 3: Yoko-tomoe-nage 25

B – Contra-ataques em Katame-waza 26

Hipótese 1: Okuri-eri-jime 26

Hipótese 2: Gyaku-juji-jime 27

VVIIIIII –– CCOONNCCLLUUSSÃÃOO 28

AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS 29

BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA 30

NNOOTTAASS 31

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 3 -

II –– IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO::

“Ippon-seoi-nage”, numa tradução livre da língua japonesa para a língua portuguesa

significa “projecção sobre o ombro com uma mão” 1 2.

Esta técnica é, por vezes, também designada por “Katate Seoi-Nage”.

O Ippon-seoi-nage é um técnica de projecção (nage-waza) e, pelas suas natureza e

forma de execução, encontra-se classificada no grupo de técnicas de braços (te-

waza).

JUDO

Nage-waza

Tashi-waza

Te-waza

Seoi-nage

Tai-otoshi

Kata-guruma

Sukui-nage

Uki-otoshi

Sumi-otoshi

Obi-otoshi

Seoi-otoshi

Yama-arashi

Morote-gari

Kuchiki-taoshi

Kibisu-gaeshi

Uchi-mata-sukashi

Kouchi-gaeshi

Ippon-seoi-nage

Koshi-Waza (…)

Ashi Waza (…)

Sutemi-waza

Ma-sutemi-Waza (…)

Yoko-Sutemi-Waza

(…)

Katame-waza

Osaekomi-waza

(…)

Shime-waza

(…)

Kansetsu-waza

(…)

Atemi-waza

(…)

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 4 -

O Ippon-seoi-nage foi considerado, durante muitos anos, uma variante de Seoi-nage,

oitava é última técnica do 1.º grupo (Dai-ikkyo) do Go-kyo-no-waza (cinco grupos de

técnicas), após a sua revisão pelo Kodokan em 1920.

Em 1 de Abril de 1997, o Kodokan considerou o Ippon-seoi-nage como uma técnica

distinta autónoma do “grupo Seoi-nage”, integrando o Shinmeisho-no-waza (novas

técnicas aceites).

O Mestre Jigoro Kano escolheu o Ippon-seoi-nage (embora com a simples designação

de Seoi-nage) para fazer parte do conjunto de três técnicas de braços que integram o

Nage-no-kata (formas de projecção) sendo a segunda técnica do primeiro grupo deste

Kata).

-o-o-o-

IIII –– DDEESSCCRRIIÇÇÃÃOO DDAA TTÉÉCCNNIICCAA::

A presente descrição pressupõe que os dois judocas fizeram a pega à direita (Migi-

kumi-kata):

- a mão esquerda do Tori (judoca que executa a técnica) agarrando na manga do

judogi do Uke (judoca que “recebe” a técnica) junto do cotovelo direito; e,

- a mão direita do Tori agarrando a banda do judogi do Uke perto do seu peitoral

esquerdo.

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 5 -

Kusushi (desequilíbrio):

O Tori deve provocar o desequilíbrio do Uke, puxando-o para a frente

com ambas as mãos. Para tanto, o Tori pode recuar a sua perna

esquerda conseguindo portanto manter-se numa posição de

equilíbrio, e deixando simultaneamente o Uke desequilibrado.

Tsukuri (preparação – colocação do corpo):

O Tori coloca então o seu pé direito perto do pé direito do Uke e roda

virando-lhe as costas. Os pés do Tori ficam afastados, sensivelmente

a uma distância equivalente à da largura dos ombros (Shizen-hontai).

As pernas do Tori ficam flectidas, de forma a que a sua anca fique em contacto com as

coxas do Uke. Os joelhos ficam virados para a frente ou ligeiramente virados para o

exterior.

Por sua vez, aquando do movimento de rotação, o braço esquerdo do Tori não só

mantém a tracção sobre o braço direito do Uke, mantendo-o em permanente

desequilíbrio como o eleva. O braço direito do Tori (após a mão direita ter libertado a

banda do judogi do Uke) passa por baixo do braço direito do Uke e vai controlá-lo junto

da axila, apertando-o entre o braço e o antebraço. A mão direita poderá ficar cerrada

ou agarrar o judogi do Uke junto da sua clavícula direita.

A cabeça acompanha sempre o movimento de rotação do corpo, tendo uma influência

importante na execução, não só desta, como da generalidade das técnicas de Judo.

Kake (execução – conclusão da técnica)

O Tori, mantendo o Uke bem desequilibrado, com os dois braços,

controlando o braço direito do Uke, as pernas flectidas e a anca em

contacto com as coxas do Uke, inicia então um grande movimento

de flexão do tronco (como se fizesse uma grande saudação), fazendo o Uke passar

por cima do seu dorso, de forma a que caia bem à frente dos seus pés, mantendo as

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 6 -

pernas ligeiramente flectidas, sempre a controlar o Uke, sem nunca largar o seu braço

direito.

-o-o-o-

IIIIII –– OOUUTTRRAASS FFOORRMMAASS DDEE EEXXEECCUUÇÇÃÃOO::

A descrição supra corresponde à forma de execução clássica da técnica. O que não

obsta, todavia, a que o Ippon-seoi-nage possa ser executado de muitas outras formas,

como adiante, a título meramente exemplificativo, se descreve:

Avançando a perna direita:

O Tori, aquando do kuzushi, pode recuar significativamente a perna esquerda,

colocando-a quase em linha com a perna direita, de forma a que, no tsukuri, ao

colocar-se de costas para o Uke, avançando a perna direita (em vez de rodar a

esquerda), até o pé direito ficar paralelo com o pé esquerdo, puxando bem com os

braços o Uke sobre o seu dorso.

Trata-se de uma forma esplêndida de treinar Ippon-seoi-nage, pois coloca em

evidência o trabalho dos braços na execução da técnica.

Com a perna direita entre as pernas do Uke:

O Tori avança decisivamente a perna direita, por entre as pernas

do Uke, de forma a que, quando procede à rotação do corpo, o

Uke fica logo sobre o seu dorso e com grande dificuldade de

reagir ao ataque.

O atleta japonês Toshihiko Koga, exímio executante de Ippon-

seoi-nage, seu tokui-waza (técnica favorita), entrava amiúde desta forma, com grande

sucesso, que o conduziu a três medalhas de ouro e uma de bronze em Campeonatos

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 7 -

de Mundo de Judo, uma medalha de ouro e outra de prata em Jogos Olímpicos e uma

de bronze nos Jogos Asiáticos.

Com a perna direita pelo exterior da perna direita do Uke:

É também possível executar Ippon-seoi-nage posicionando a perna

direita pelo exterior da perna direita do Uke impedindo que este rode

pela sua direita, de forma a furtar-se ao ataque.

Com o braço direito travando a perna direita do Uke:

O Tori possível também impedir que o Uke esquive o ataque, rodando pela sua direita,

fazendo descer o seu braço direito e travando, no momento do Kake, o movimento da

perna direita do Uke.

Com o controlo de ambos os braços do Uke:

O Tori pode fazer uma rotação do seu braço direito, no sentido dos

ponteiros do relógio, antes de o deslocar para a esquerda,

trazendo, nesse movimento, o braço esquerdo do Uke que fica,

assim, preso no momento em que o Tori passa o braço direito por

baixo da axila direita do Uke.

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 8 -

Com a pega à direita, executar a técnica à esquerda:

O Tori pode também manter a pega com a sua mão direita na banda do judogi do Uke

e libertar a sua mão esquerda, rodando para o seu lado direito e controlando o braço

esquerdo do Uke, executando Ippon-seoi-nage à esquerda.

Tratando-se de um movimento desconcertante – ataque à esquerda com a pega à

direita – permite por vezes surpreender o Uke que não espera o ataque para aquele

lado.

Eis uma descrição feita pelo judoca português com mais participações em Jogos

Olímpicos, Mestre António Roquete: «normalmente faço ippon à esquerda, quando os

adversários andam numa posição defensiva; para o efeito, executo uma boa pega na

gola esquerda do opositor e por cima do braço esquerdo do mesmo; de seguida, entro

na técnica bastante baixo e de salto, sendo a projecção completada com o esticar das

pernas; de seguida, enrolando-me finalizo normalmente em imobilização.»3

-o-o-o-

IIVV –– DDEESSLLOOCCAAÇÇÕÕEESS EE OOPPOORRTTUUNNIIDDAADDEESS::

É possível executar Ippon-seoi-nage deslocando-nos em inúmeras direcções e

aproveitando os mais variados movimentos do Uke. Vamos apenas enumerar cinco

hipóteses:

Quando o Uke avança a perna direita:

Quando o Uke avança a perna direita, o Tori pode rodar em simultâneo a perna

esquerda, (ou recuar a perna direita e avançar a perna esquerda) ficando de costas

para o Uke e, aproveitando o seu impulso para a frente, carregá-lo sobre o dorso.

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 9 -

Quando o Uke avança a perna esquerda:

A execução do Ippon-seoi-nage torna-se amiúde ainda mais simples quando o Uke

avança a perna esquerda (reagindo o Tori da forma descrita no parágrafo anterior),

porquanto é o próprio Uke que se “auto-carrega” sobre o dorso do Tori.

Quando o Uke recua a perna direita:

Quando o Uke recua a perna direita cria um espaço que pode ser aproveitado para o

Tori avançar e rodar, executando Ippon-seoi-nage, devendo todavia precaver-se de

que o Uke bem desequilibrado para a frente.

É possível inclusive criar esse espaço combinando com outra técnica, nomeadamente

Ko-uchi-gari, de forma a provocar essa reacção do Uke – recuo da perna – para, em

seguida, executar Ippon-seoi-nage.

Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo para

a direita do Uke:

Quando Tori e Uke se deslocam lateralmente e em simultâneo para a direita do Uke, o

Tori pode aproveitar esse impulso adiantando-se ao Uke, passando-lhe à frente

rodando um quarto de volta com a sua perna direita, no sentido contrário aos do

ponteiro do relógio, associando a tracção dos seus braços ao movimento do Uke na

sua direcção.

Quando Tori e Uke se deslocam em círculo, para a esquerda do

Uke:

De novo o Tori, obrigando o Uke a rodar bem no sentido dos ponteiros do relógio,

aproveita o seu impulso para o carregar sobre o dorso e projectá-lo para diante.

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 10 -

VV –– LLIIGGAAÇÇÕÕEESS PPAARRAA OO SSOOLLOO::

No Judo desportivo, nem sempre a execução de uma técnica de projecção é suficiente

para se garantir, de imediato, a vitória. Por vezes o Uke é projectado mas, se a

projecção não for de molde a permitir conquistar a vantagem máxima (Ippon – um

ponto), é possível continuar a trabalhar no solo, aproveitando o facto de o Uke estar

mais vulnerável.

Mutatis mutandis, perante uma situação de defesa pessoal em que, após projectar o

agressor, se poderá tornar necessário imobilizá-lo ou de alguma outra forma impedi-lo

de tornar a reunir condições para prosseguir a agressão. Sendo certo que o Ippon-

seoi-nage poderá ser efectivamente uma técnica de projecção eficaz, nomeadamente

num ataque desferido de cima para baixo, dirigido à cabeça, situação que foi

imaginada pelo Mestre Jigoro Kano como forma de execução desta técnica no Nage-

no-Kata.

A forma como se evolui de uma técnica de projecção para a execução de técnicas no

solo (Ne-waza) depende muito da situação em concreto e da posição dos judocas no

momento em que se faz a ligação para o solo. Descrevem-se, por conseguinte e

apenas, três hipóteses de ligações para o solo, partindo de uma projecção em Ippon-

seoi-nage:

Hipótese 1: Kuzure-kami-shio-katame

Se, após o Kake, o Tori ficar por detrás do Uke, pode ligar com Kuzure-kami-shio-

gatame, mantendo sempre o controlo do braço direito do Uke para impedir que este

rode de barriga para baixo.

Ippon-seoi-nage Kuzure-kami-shio-gatame

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 11 -

Hipótese 2: Kuzure-kesa-gatame

Se, durante o kake, o Tori acompanhar o movimento do Uke, e muito particularmente,

se tiver combinado Ippon-seoi-nage com Uchi-makikomi, pode ligar para o solo com

Kuzure-kesa-gatame, praticamente sem perder o contacto com o Uke durante a

execução da técnica até imobilizar.

Ippon-seoi-nage Kuzure-kesa-gatame

Hipótese 3: Ude-hishigi-juji-gatame

O Tori poderá também aproveitar o controlo do braço direito do Uke que a execução

do Ippon-seoi-nage lhe proporciona, pode ligar para o solo com Ude-hishigi-juji-

gatame, praticamente sem perder o contacto com o Uke durante a execução da

técnica até imobilizar.

Ippon-seoi-nage Ude-hishigi-juji-gatame

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 12 -

VVII –– RREENNRRAAKKUU--WWAAZZAA::

Renraku-waza significa combinação de técnicas.

Antigamente fazia-se a distinção entre Renraku-waza (combinação de técnicas em

direcções diversas) e Renzoku-waza (encadeamento de técnicas, com a mesma

direcção). Presentemente, é comum adoptar-se a expressão Renraku-waza num

sentido amplo, englobando quer a combinação de técnicas, quer o encadeamento de

técnicas. Também não faremos, por conseguinte, essa distinção, neste trabalho,

usando sempre o termo “combinação”.

São inúmeras as combinações possíveis de técnicas a partir de Ippon Seoi-Nage. O

limite será mesmo a nossa imaginação ou, até a situação que, em concreto, se colocar

perante o judoca em randori (treino livre com resistência) ou shiai (competição).

Vamos pois considerar apenas algumas hipóteses, consoante o tipo de reacção do

Uke:

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 13 -

A - O Uke reage para trás, numa posição mais ou menos estática:

A-1 – Combinações para a frente ou frente direita:

Hipótese 1: Seoi-Otoshi

Se, a reacção do Uke é estática, e não muito forte no sentido contrário ao da

projecção, é possível combinar Ippon-seoi-nage com Seoi-otoshi (queda sobre o

ombro), colocando um ou os dois joelhos no solo.

Ippon-seoi-nage

Seoi-otoshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 14 -

Hipótese 2: Uchi-makikomi

Ainda perante uma reacção estática do Uke e não muito forte no sentido contrário ao

da projecção, é possível encadear Ippon-seoi-nage com Uchi-makikomi (enrolamento

interior).

Ippon-seoi-nage

Uchi-makikomi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 15 -

Hipótese 3: Hikikomi-gaeshi

Também é possível, quando o Uke resiste numa postura muito defensiva, o Tori rodar,

virando-se novamente para o Uke e, aproveitando o facto de ter o seu braço direito

enganchado por baixo da axila direita do Uke, sacrificar o seu corpo sobre as

omoplatas, (Ma-sutemi), com o pé esquerdo bem apoiado no chão, enquanto o peito

do pé direito entra na parte interior da coxa direita do Uke impulsionando-o para cima

e para a frente, obrigando-o a rolar e a passar bem por cima do Tori - Hikikomi-gaeshi

(levar ao chão, invertendo).

Ippon-seoi-nage

Hikikomi-gaeshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 16 -

A-2 – Combinações para trás ou trás direita:

Hipótese 1: Morote-gari

Perante uma reacção forte do Uke para trás, é possível encadear Ippon-seoi-nage

com Morote-gari (ceifa com ambos os braços).

Conforme a intensidade e o timing da reacção do Uke, o Tori pode:

- inverter o movimento de rotação, rodando novamente para a sua direita, ceifando

uma ou ambas as pernas do Uke com os braços;

- continuar o movimento de rotação para a sua esquerda, ceifando as pernas do Uke

pelo lado contrário.

Ippon-seoi-nage

Morote-gari

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 17 -

Hipótese 2: Sukui-Nage ou Tani-Otoshi

Ainda perante uma reacção forte do Uke para trás, é possível encadear Ippon-

seoi-nage com Sukui-nage (projecção em colher), invertendo o Tori, uma vez mais,

o movimento inicial de rotação, rodando para a direita, passando a perna direita

por detrás das pernas do Uke e o braço esquerdo pela frente do tronco,

acentuando o desequilíbrio do Uke para trás.

É ainda possível ao Tori prosseguir para uma técnica de sacrifício lateral (Yoko-

sutemi-waza), deslizando até ao solo, sempre com a perna esquerda por detrás

das pernas do Uke, executando Tani-otoshi (queda no vale).

Ippon-seoi-nage

Sukui-nage Tani-otoshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 18 -

Hipótese 3: O-soto-gari ou O-soto-otoshi

Uma combinação particularmente interessante (quando o Tori executa Ippon-seoi-

nage agarrando o judogi com a mão direita junto da clavícula direita do Uke) é a de

inverter o sentido da rotação no momento da reacção do Uke, rodando para a direita

avançando francamente a perna esquerda, para, em seguida, executar O-soto-gari

(grande ceifa exterior) ou O-soto-otoshi (grande queda exterior), puxando todo o

membro superior direito do Uke para baixo com ambas as mãos, “quebrando-o” pelos

rins.

Ippon-seoi-nage

O-soto-gari O-soto--otoshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 19 -

B - O Uke defende avançando a perna direita:

Hipótese 1: Ko-uchi-gari ou Ko-uchi-makikomi

Se o Uke avança a perna direita para defender, reagindo simultaneamente para trás,

tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o sentido,

rodando para a sua direita, fazendo passar a sua perna direita entre as pernas do Uke

e ceifando a sua perna direita em Ko-uchi-gari (pequena ceifa interior). O braço direito

do Tori pode inclusive descer e controlar a perna direita do Uke, enquanto o braço

esquerdo mantém o desequilíbrio sobre o braço direito do Uke.

Por vezes, a dinâmica do movimento permite ao Tori enrolar sobre o ombro direito do

Uke, concluindo a combinação em ko-uchi-makikomi (pequeno enrolamento interior).

Ippon-seoi-nage

Ko-uchi-gari Ko-uchi-makikomi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 20 -

Hipótese 2: Kuchiki-daoshi ou Kibisu-gaeshi

Ainda quando o Uke avança a perna direita para defender, reagindo simultaneamente

para trás, tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o

sentido, rodando para a sua direita, deixando escorregar a sua mão direita para a

curva da perna direita do Uke, controlando-a pelo lado de dentro e, mantendo em

simultâneo, o desequilíbrio para trás e para baixo com a mão esquerda no braço

direito do Uke, para executar kuchiki-daoshi (queda da árvore morta).

Pode ainda o Tori descer mais o seu centro de gravidade, colocando mesmo o seu

joelho direito no chão e controlando com a sua mão direita, pelo interior o pé direito do

Uke junto do calcanhar, executando kibisu-gaeshi (inverter pelo calcanhar).

Ippon-seoi-nage

Kuchiki-daoshi Kibisu-gaeshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 21 -

C - O Uke defende avançando a perna esquerda:

Hipótese 1: O-uchi-gari

Se o Uke avança a perna esquerda para defender, reagindo simultaneamente para

trás, tentando contrariar o movimento de rotação do Tori, este pode inverter o sentido,

rodando para a sua direita, libertando rapidamente o braço direito para trocar a pega, e

fazendo um grande movimento de rotação com a sua perna direita pelo interior das

pernas do Uke, ceifando a sua perna esquerda em O-uchi-gari (grande ceifa interior).

Ippon-seoi-nage

O-uchi-gari

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 22 -

Hipótese 2: Kata-guruma

Ainda quando o Uke avança a perna esquerda para defender, mas com o peso mais

para a frente, pode o Tori, mantendo o braço direito enganchado debaixo da axila

direita do Uke, baixar o seu centro de gravidade e passar o seu braço esquerdo em

torno da coxa esquerda do Uke, projectando para a direita em Kata-guruma (rotação

sobre os ombros). Para tornar mais fácil a projecção, o Tori pode inclusive colocar o

seu joelho direito no solo ou até os dois joelhos.

Ippon-seoi-nage

Kata-Guruma

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 23 -

VVIIII –– KKAAEESSHHII--WWAAZZAA::

Kaeshi-waza pode ser traduzido por “técnicas de contra-ataque”.

O objecto deste capítulo é o de descrever algumas hipóteses de contra-ataque à

técnica Ippon-seoi-nage.

A – Contra-ataques em Nage-Waza:

O Ippon-seoi-nage, quando bem executado, é uma técnica difícil de contra-atacar. Não

obstante, descrevem-se, em seguida, algumas formas de contrariar e contra-atacar

aquela técnica, tendo igualmente em consideração a forma como a mesma é

executada.

Hipótese 1: “Romper a pega”

Embora não se trate de um contra-ataque, é uma forma eficaz de frustramos um

ataque em Ippon-seoi-nage quando conseguimos reagir logo no início do ataque.

Para tanto, quando a técnica é executada à direita, o Tori (aqui entendido como o

judoca que executa o contra-ataque) deve rodar a anca para a direita (tai-sabaki – tirar

o corpo), puxar de forma rápida e dinâmica o seu braço direito, tentando desfazer a

pega, enquanto a mão esquerda, empurra o dorso do Uke (aqui entendido como o

judoca que faz o Ippon-seoi-nage) para diante.

Se o Tori for bem sucedido neste movimento o Uke ficará decerto desequilibrado e

vulnerável a vários ataques por parte do Tori, consoante a posição relativa de ambos

os judocas.

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 24 -

Hipótese 2: Ushiro-goshi

Quando o Uke executa um Ippon-seoi-nage “alto” (sem flectir as pernas) é possível ao

Tori contrariar o seu movimento baixando bem o seu centro de gravidade e

deslocando o seu pé esquerdo para esquerdo, rompendo o movimento do Uke. Em

simultâneo, o braço esquerdo do Tori enlaça bem o Uke pela cintura, mantendo a mão

direita firmemente agarrada na banda do judogi do Uke, forçando um contacto forte

com o Uke e mantendo o seu centro de gravidade mais baixo do que o daquele.

De seguida, o Tori, com a ajuda de ambos os braços, impulsiona bem a barriga para

diante, projectando bem o Uke para cima, se necessário com a ajuda da perna

esquerda, criando depois o espaço para o trazer de novo para baixo, até ao chão,

recuando as pernas e rodando se necessário, um quarto de volta para a esquerda

(Ushiro-goshi: projecção para trás com a anca)

Conforme a reacção do Uke, seria ainda possível executar, em alternativa, Ura-Nage

(projecção no sentido oposto)

Ippon-seoi-nage

Ushiro-goshi

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 25 -

Hipótese 3: Yoko-tomoe-nage

Seguindo fielmente os princípios da não-resistência e do aproveitamento da acção do

oponente, o Tori pode deixar aparentemente “levar-se” pela acção do Uke e “flutuar”

sobre o seu dorso, rodando de forma a ficar, do outro lado, face a face com o Uke.

Aproveitando a rotação e o desequilíbrio do Uke, o Tori deixa-se escorregar para o

solo enquanto coloca a sua perna esquerda na barriga do Uke. Mantendo um

movimento rotativo e em sentido descendente dos braços, o Tori obriga o Uke a girar

sobre o seu pé esquerdo projectando-o em Yoko-tomoe-nage (projecção em círculo

lateral).

Seria possível a execução de outros Ma-sutemi, como Sumi-gaeshi, ou Yoko-sutemi,

nomeadamente, Uki-Waza (técnica flutuante) ou até Yoko-guruma (rotação lateral).

Ippon-seoi-nage

Yoko-tomoe-nage

Ippon-seoi-nage

一本背負投

- 26 -

B – Contra-ataques em Katame-waza:

Por vezes, não é possível contra-atacar o Ippon-seoi-nage em Nage-waza mas é

possível consegui-lo com Katame-waza (técnicas de controlo) no solo. Até porque,

sendo comum a sua execução perto do solo e/ou a sua combinação com Seoi-otoshi

(vide pág 13) é, por vezes mais simples contra-atacar já no solo.

Hipótese 1: Okuri-eri-jime

O Tori escapa pela direita do Uke e com a mão esquerda nas suas costas pressiona-o

em direcção ao solo, de forma a que aquele fique em “quatro apoios”. De seguida, o

Tori , colocando as pernas como em Kesa-gatame aplica todo o peso do seu corpo

sobre o ombro direito do Uke enquanto a sua mão esquerda controla, por dentro, o

pulso esquerdo do Uke (ou, em alternativa, pressiona com o braço esquerdo o lado

direito da cabeça). Em simultâneo, a mão direita – que ficou na banda – puxa-a

firmemente para a direita estrangulando o Uke, numa variante de Okuri-eri-jime

(estrangulamento com deslize da gola) 4. Se este ainda assim resistir, deitando-se

eventualmente, pode o Tori rodar para a esquerda, em círculo. até aquele desistir.

Ippon-seoi-nage

Oku-eri-jime

Ippon-seoi-nage

一本背負投

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Hipótese 2: Gyaku-juji-jime

O Tori escapa novamente pela direita do Uke e com a mão esquerda nas suas costas

pressiona-o em direcção ao solo, de forma a que aquele fique em “quatro apoios”. O

Tori, contrariamente ao contra-ataque anterior, não fica ao lado do Uke, passando

antes para a sua frente, apoiado apenas na ponta dos pés e com todo o peso sobre o

Uke. Em simultâneo a sua mão direita, sem nunca largar a banda do judogi do Uke,

roda, de forma que o antebraço direito fique sobre a nuca do Uke. A mão esquerda do

Tori passa então por baixo do seu braço direito, em cruz, e vai controlar a o judogi do

Uke do outro lado da sua cabeça, estrangulando-o em Gyaku-juji-jime

(estrangulamento cruzado ao contrário)5

Ippon-seoi-nage

Gyaku-juji-jime

Ippon-seoi-nage

一本背負投

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VVIIIIII –– CCOONNCCLLUUSSÃÃOO::

No Judo, como na Vida, por cada escolha que fazemos, vários caminhos nos surgem

pela frente, proporcionando-nos novas escolhas, num eterno devir.

Foi isto que senti quando comecei a investigar e a realizar este pequeno trabalho:

cada “ligação para o solo”, cada “combinação”, cada “contra-ataque” seleccionados

transportavam-me para novas ideias, novas pistas, outras hipóteses, novas

soluções…

Agora que me encontro perante a necessidade de lhe colocar um ponto final, apodera-

se- de mim um sentimento contraditório, de satisfação por tudo aquilo que relembrei

ou aprendi durante a sua elaboração, e de angústia por tudo aquilo (e foi tanto!) que

ficou por dizer.

Impetro-vos assim que o leiam com a benevolência que conseguirem ter para com

alguém que ainda não percorreu senão uma pequeníssima parte do Caminho.

Lisboa, 13 de Novembro de 2011

Ippon-seoi-nage

一本背負投

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AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS::

Este trabalho não ficaria completo sem uma referência a três pessoas que tiveram

uma contribuição decisiva para a sua elaboração, sem prejuízo de todos os demais

Judocas que quotidianamente treinam comigo e me oferecem a sua Amizade:

- O Mestre Bastos Nunes, meu Mestre de sempre.

- Jerónimo Ferreira, que muito me tem ajudado, em tudo, e particularmente nesta

minha preparação para exame de graduação para 4.º dan, sempre com a

generosidade e a boa disposição habituais.

- Luís Filipe Figueiredo, que há muitos anos vem partilhando comigo treinos,

estágios, demonstrações, competições de katas e preparações para exames, sem

nunca regatear esforços, sempre disposto a ir mais além.

Para eles o meu MUITO OBRIGADO!

Fernando Seabra

Ippon-seoi-nage

一本背負投

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BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA::

Costa, Emílio M., “JUDO”, Livraria Popular Francisco Franco, 1982

Daigo, Toshiro, “KODOKAN JUDO THROWING TECHNIQUES”, Kodansha

International, 2005

Gleeson, Geof, “JUDO”, Publicações Europa-América, 1975

Inman, Roy, “THE JUDO HANDBOOK”, Silverade Books, 2004

Kano, Jigoro “KODOKAN JUDO”, Kodansha International, 1986

Kiyoshi Kobayashi, “KYU & DAN”, Obun Intereurope, 1975

Robert, Louis, “O JUDO”, Editorial Notícias, 1968

Veloso, Rui e outros, “UMA ABORDAGEM DIDÁCTICA DO JUDO, UTAD, 2010

“NAGE-WAZA– VARIOUS TECHNIQUES AND THEIR NAMES”, Kodokan DVD

Series

“KATAME-WAZA – VARIOUS TECHNIQUES AND THEIR NAMES”, Kodokan DVD

Series

http://www.fpj.pt/

http://judoinfo.com

http://www.judokai.pt/

http://www.kodokan.org/

http://pt.scribd.com/doc/44458112/Apostila-completa-Terminologia-Judo-e-

Traducao

http://thebestjudo.com/significado-das-tecnicas-do-judo/

(sem prejuízo de muitos outros consultados de forma pontual e que não justificam a sua

enumeração)

Ippon-seoi-nage

一本背負投

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NOTAS:

1 Tradução usada pelo Mestre Kiyoshi Kobayashi na obra «Kyu & Dan», pág. 82

2 Encontrámos no site brasileiro http://thebestjudo.com/significado-das-tecnicas-do-

judo/, a seguinte tradução que cremos absolutamente livre mas muito interessante,

para Ippon-seoi-nage: “EM BUSCA DO GOLPE PERFEITO”

3 In, “Judo”, Emílio M. Costa, pág. 59

4 Esta técnica é referenciada como uma variante de Okuri-eri-jime no DVD com o título

“Katame-Waza” editado pelo Kodokan. Todavia, a mesma técnica é considerada uma

variante de Kata-ha-jime (estrangulamento com controlo de um lado) pelo Mestre

Kiyoshi Kobayashi no seu livro “Kyu & Dan», pág. 114

5 Esta técnica é classificada como Sode-guruma-jime (estrangulamento com a gola)

pelo Mestre Kiyoshi Kobayashi no seu livro “Kyu & Dan», pág. 119