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II ANNO__ QOMING-O, 16 DE FEVEREIRO DE 1903 N -“ 3 l
issignaíMPa f| hpIilpMí) ! 1'! í V K T P ’ fl i* TVPÍ!Í'P \ ÍM1Í 1 PtiWIeaçócsAnno. iSooo reis; semestre, 5oo reis. Pagamento adeantado. H l l u l / i i u y i i ” | A i/ ílllm O I l lr H jíiU L 1 l í I n J l l . u 111:1 | | Annuncios— i . a publicação, 40 réis a linha, nas seguintes,Na cobranca pelo correio, accresce o premio co vale. À ------------- (] 20 réis. Annuncios na 4-:l pagina, contracto esp.cial. Os auto-
a tu !» , no-dia da pubiicação,,o réis * 16 — L A R G O D A M I S E R I C Ó R D I A — i 6 ' | l 8raphoL t° nlS ,,le: ? “em T ou pcEDITOR — Jose Augusto Saloio f| a l d k g a l l i x í a £ PROPRIETÁRIO — Jose Augusto Saloio
SEM A N A R IO E A G R ÍC O L A
e x p e d i e n t e
Acccit:ssK-se cosbb gratidão qsaaes^Eaer EEoíielas « n e s e j a na «le i a B á c r e s s e paaMâí-o.
82" h o j e <í«se v a m o s ps*«- e e d e r á e o f c r a E f i d o s e g u n d o s e s n e s í a ^ e . c o n i i a - d a : jo sb*. B ^ l l i p p e da 11“ v a . e s p e r a n d o d o s s so s - sos b o n d o s o s a m i g o s o f a v o r d e s a t i s f a z e r e m a v e s p e e í 5 v a i ebb p o r í :t sa c i a sao aeío d e I I í c s s c r e a s i e n t r e g t i e s o s c o m p e t e s t - t e s r e c i b o s , o q u e asauilio a g a ^ a d e e e a a ao s .
AMOR DE FAMILIA
Na aurora dos tempos, ligou Deus a humanidade pelo nó instinctivo e providencial, que vincula a natureza physica e moral dos sexos. A base e modelo de todas as sociedades é a familia. A humanidade, em toda a sua extensão, é uma mesma familia, embalada no mesmo berço e filha do mesmo pae. A terra e o céo são o seu patriotismo commum, emquanto, vi- ctimado á paixão daquella, 0 homem se não desherda da propriedade celestial, que a redempção lhe gran- geou no reino eterno.
A mais hábil legislação éo »aquella que, dirigindo a grande familia constituída em nação, melhor soube deduzir a lei dos princípios que regem a familia individual e particular.
A palavra familia resume o complexo de virtudes sociaes e nobres instinctos, que engrandecem o homem e lhe dão ao espirito esses maravilhosos attributos, que a historia do christianismo nos faz admirar nos seus lances heroicos, na sua magestosa philosophia.
Os doces liames de familia são a candura nas af- ieições, que não se esvaem com o tempo; são os sacrifícios espontâneos, agra- daveis, que não cançam o coração do pae dedicado ao filho; é o affecto de mãe, ferverosa de ternura, que estabelece a extremosa so
ciedade d’irmãos, fomentando o amor fraternal entre seus filhos.
A Providencia não deu aos homens mais dulciíi- cante vida que a dos laços de familia, se considerarmos a humanidade no que ella tem de melhor, temporal mente falando.
Esse sublime modelo, esse formoso quadro de virtudes sociaes, devemol-o ao Evangelho. Sem elle a humanidade não compre- hendera o que ha ahi mais sublime em suas mutuas relações. Foi necessário a revelação evangelica para que o homem se levantasse da sua ignorancia, abys- mo cavado pela culpa, trevas interpostas aos seus nobres instinctos e á gracaO >divina.
Na instituição da sociedade, qual Genesis nol-o revela, se nos deparam os caracteres que constituem as leis eternas porque deve ser regida a familia humana durante a sua passagem na terra.
Deus creou o homem á sua imagem, e da substancia do homem formou-lhe a companheira da existencia.
A rasão de todos os dogmas que constituem a primitiva unidade da familia humana, acha-se inscripta nessa prodigiosa fecundação, enlace mysterioso e nó indossoluvel, que santifica os vinculos conjugaes.
O pae do genero humano comprehendera o sublime desse mysterio, quando exclamou: Os ex ossi- bus meis, el de caro de carne mêa.
O poder e a primazia, a intelligencia e a força são a prerogativa do pae, que, obrigado por seus mesmos privilégios, deve á familia a protecção, que reclamam as necessidades do corpo como alimento, e as do espirito como educação.
A soberania do amor e da brandura, os attributos da graça e da belleza, estes são a terna compensação, que constituem a mãe um ente vigoroso e debil ao mesmo tempo: vigoroso no império que tem com
seus conselhos, e ás vezes com suas lagrimas; debil pela sujeição em que voluntariamente se dá aos preceitos do marido, renunciando, sem reserva, os direitos que pela sua intelligencia poderia exercitar na intelligencia de seus li- lhos, entregues á conquista das posições sociaes.
O amor de mãe é o raio mais ardente que se irradia daquelle fóco de amor de familia. Ao seu calor levedam-se no coração do filho sentimentos brandos, que não soubera a meiguice de um pae lá germinai-os. As lagrimas são raras no homem, e essas poucas, simuladas pelos atlèctos do coração e pelas paixões violentas da alma, não seriam bom exemplo para filhos. Mas a mulher, anjo das lagrimas, quando o é da sensibilidade, essa chora sempre, e faz chorar os que a contemplam com os olhos innocentes e vendados ainda para as impurezas que endurecem o coração e atrophiam a sensibilidade. Não estão nesta lastimavel situação seus filhos, que aprendem o melindre, a meiguice, os sentimentos ternos, na ternura de sua mãe, no mimo daquellas sensações e na meiguice que aformoseia suas lagrimas. E de todo este complexo de alegrias e tristezas modesticas, gera-se o fogo que alimenta a luz pe- renne no altar do amor.
A palavra familia symbolisa a suprema das venturas mundanas, o sacra rio mysterioso onde se divini- sam as grandes virtudes, que depois se apresentam á luz da publicidade, no commercio do mundo, para serem admiradas.
O C A R N A V A LEM ALDEGALLEGA
Não foi o que podia ser devido o tempo o não per- mittir, pois a boa vontade, paciência e gosto de grande numero de individuos
|desta terra, mostrou-nos Ique mais urna vez, o car- | naval, seria bastante ani
mado como é de costume em todos os annos que o máu tempo se esquece de todos aquelles a quem os pós e a agua servem de go- so, e lhes dão prazer.
No domingo tivemos o gosto de ver algumas mascaras que agradaram, não só pelos engraçados trajos, como pelas suas representações mimicas. Na rua do Caes, emquanto um indivíduo, com um cartucho de papelão, ladrava ás pernas dos transeuntes, (diga- mol-o em abono da verdade : parecia mesmo um cão) dois pediam dinheiro para a compra duma bomba, que, segundo diziam, devia ser descommunal. Effecti- vamente a bomba não deixou de ser uma boa idéa para estes mágicos consolarem os papinhos de bifes.
— Eram do assêm?Na segunda-feira, ape
nas algumas Irongas sem piléria, e isto pretexto para fazer galanteios ao form oso deus Baccho.
Podéra! elle é tão bom! e a 3o réis o litro! Dizem os bêbedos: «Quem não gosta de vinho não adora a Deus».
— E é uma verdade.Na terça-feira, apesar de
chover todo o dia, ainda sahiram alguns carros lindamente enfeitados, e puxados por boas parelhas.
No Novo Club e Sociedade Phylannonica /.° de Dezembro, realisaram-se, conforme noticiámos no ultimo numero d’0 Domingo, os bailes de mascaras, no domingo e terça-feira, que se sustentaram bastante animados, em ambas as noites, dançando-se até de madrugada.
LISBOA
Poeira e lama... eis em que consistiu o carnaval por toda a Lisboa.
Resuscitaram-se este anno os cartuchos de pós que estavam prohibidos ha tempo e por esse facto em todas as ruas era um tiroteio aguerrido desses projectis que atirados desalmadamente, quasi sempre com a força de um alentado carregador da alfandega, iam
offender os transeuntes, obrigando até alguns a ir curar-se ás pharmacias, em risco de ficarem cegos. Para amostra de graça e de espirito, não fomos mal.
Mascaras... poucas e todas ellas sensaboronas, sem a mais pequena coisa que as recommendasse... o costumado pretexto para pedir esmola disfarçada com toques e cantigas de fado, com versos feitos a mar- tello, onde a metrificação soífria tractos de polé.
Em summa, o carnaval deste anno foi mais um pretexto para se pôr em relevo a brutalidade e a má creação indigena, que, vamos com Deus, n este ponto pode pôr-se a par dos Pelles Vermelhas ou dos hottentotes.
Onde houve mais animação foi nos bailes. Dançou-se com enthusiasmo até pela manhã, arranjou- se intrigas, fizeram-se conquistas, esqueceram-se, emfim, por momentos, as maguas e os revezes da vida.
E todos esses mascarados, faltos de gosto e de espirito, quando acordam na quarta-feira de Cinza, moidos de cansaço, pelas tropelias que fizeram por essas ruas, correndo e saltando como doidos, exclamam com uma satisfação intima:
«Muito me diverti este anno!»
Que Deus os receba na reino dos céos!
. SAMOUCO
Como éra de esperar, correu animadíssimo o entrudo neste apprazivel logar. A chuva não impediu que sahissem mascaras até quarta-feira de Cinza. Verdadeiros devotos do santo* Entrudo!
Alguns individuos de Aldegallega, foram alli aos bailes do Club e da antiga casa da Sociedade, exhibir imitações burlescas, despertando geral gargalhada.
Bons cómicas!:A L C O C H E T E
N’esta importante villa o carnaval decorreu, desani-
2 O D O M I N G O
madissimo em consequen- cia da muita chuva, não tendo apparecido, sequer, uma unica mascara de gosto. Não houve bailes.
No dia 8 do corrente, o menor Francisco de Sá, natural daquella villa, achava-se pescando de dentro duma falua, que estava amarrada á ponte-caes. O infeliz rapaz passado algum tempo resolveu sahir do barco e, dando um salto para a ponte, não poude alcançal-a cahindo ao mar. Como não soubesse nadar, e não tivesse alli quem lhe acudisse, o desditoso rapaz momentos depois deixava- se roubar por uma das mortes mais afflictivas.
Francisco de Sá, seguia a profissão de barbeiro, e tinha approximadamente quinze annos.
LUZ ELECTRICA
Já foi apresentado na Camara dos Deputados, pelo ex.n’° sr. Pereira Lima, um dos deputados por este circulo, o projecto de lei para a isenção do pagamento de direitos de todo o material a importar para a installação da luz electrica, para o fornecimento da illuminação publica e particular desta villa.
A ggressão
Queixou-se na administração d’este concelho, Manuel Pereira, sapateiro, morador no sitio denominado Boroega, freguezia de S. Jorge de Sarilhos Grandes deste concelho, de que no dia 11 do corrente, pelas 9 horas da noite e no referido sitio, João Carraça e Joaquim Brinca, trabalhadores e moradores no sitio denominado Chão Duro, o offenderam corpo- ralmente com um chapéo de chuva e dentadas, do que resultou ficar bastante maguado e ferido.
E x p o siçã o de aves
O máu estado de tempo não tem permittido que se faça a abertura desta exposição, ficando, por este motivo, transferida para quando o tempo o consentir.
Aos srs. expositores, a quem, por qualquer motivo, não tenha sido entregue o aviso de adiamento e depois a indicação definitiva da inauguração, sirvam-lhes de regulamento as noticias dos periodicos, pedindo-lhes a direcção desculpa de qualquer irregularidade que possa haver.
E ’ h o je qu e vam os p ro ced er á cobrança «lo se gu n d o sem estr e , confiada ao sr . F iiip p c da ftsil- va, esp eran d o d o s n o s so s b o n d o so s am igos o fa v o r de sa tis fa zerem a resp ec tiv a im p ortân cia no acto de lh e s serem en treg u es o s cosnpctcn- te s rec ib o s , o q u e m u ito agrad ecem os.
De visita a suas familias, chegaram a esta terra no dia 9 do presente mez o ex.'"° sr. José dos Santos Oliveiro, mui digno e intel- ligente alferes de infanteria n.° n , (Setúbal) e sua esposa, a ex."Kl sr.a D. Firmi- na Rita dos Santos Oliveira.
Retiraram no dia 13 para sua casa, em Setúbal.
Que tivessem um feliz regresso.
C O F R E P B P É R O L A S
A L T I V A . . .E uma costureira, uma creança pobre...E ' muito nova, e... uns quinze annos talvez... Mas tem no seu andar um não sei quê de nobre... No porte magestoso energica altivez.{Eu vejo-a de manhã... se junto de mim passa, Sinto em todo o meu ser um prolongado abalo... E uma caslellã da mais antiga raça Que dispensa um olhar ao infimo vassallo.Dezembro de 1897.
JOAQUIM DOS ANJOS.
A M I N H A A M A N T E(IN É D ITO )
E u tinha por amante uma varina, mulher que não me deixa nem me larga; de que eu gosto p ia pose genuina, porque olha para mim de mão na ilharga.
Ao pé delia qualquer outra mais fina, palestrando comigo não se alarga; senão a minha — que é uma ladina, põe no chão a canastra e a vo? lhe embarga.
E eu que a tenho na conta dum peixão, por isso que é nutrida e bem formada, e não uma cachopa dc algodão...
custa-me a lide em que ella asafamada, fa\ ouvir dia a dia — o seu pregão:« Quem compra as ricas postas de pescada».
AN TO N IO JOSÉ I-IENRIQ UES.
P E N S A M E N T O SUma superstição dura mais que uma religião.— Theo-
philo Gautier.•— Iía corações com que se podiam talhar diaman
tes.— E Wertheimér.— A opinião publica é muitas ve~es o laço mais forte
da união conjugal.— E. Wertheimer.
€9 TemporaB
Tem chovido torrencialmente, noite e dia, tornando-se impossível andar na rua, não só pela abundancia dagua que invadia as ruas, como tambem pelo vento fortíssimo que, ou nos impedia a jornada ou nos fazia corrrer sem vontade.
Na sexta-feira, trovejou. Hontem, um dia explendi- do, primaveril. Já fazia lembrar as hortas.
A N E C D O T A S
Um janota desses que param ás esquinas com provisão de graças e amabilidades para as damas, vendo passar unia menos mal conservada, fe^-lhe presente do inevitável epilheto de bonita.
— Sinto não poder di\er outro tanto, respondeu ella ao amavel cavalheiro.
Elle sem se desconcertar, e no mesmo tom, retrucou: --M inta como eu.
Um velhote conquistador:— A menina devia corresponder ao seu amor.— Porquê? não me dirá?— Porque o homem e a mulher foram criados para
se estimarem um ao outro.— Sim? porque não vae então procurar minha avó?
ANTONIO FRANCISCO MOREIRA DE SA’
Tem passado bastante incommodado de saude, este nosso excellente amigo, phrenetico companheiro de redacção.
Ao nosso tão leal quanto valioso amigo, estimamos o mais rapido e completo restabelecimento.
C rise v in ico la
Esta-se notando grande descontentamento nos viticultores de Aldegallega para a futura colheita.
Se Aldegallega tiver a infelicidade de mais um ou dois annos como o presente, ai dos desgraçados que tudo produzem! esses é que spffrerão todo o castigo, a miséria, a fome. Depois serão incitados, para vingarem aquelles que sem escrupulos se conservaram tranquillos sem preverem essa tristeza que se des- offusca.
Que miséria!O povo dorme... o go
verno gosa...Triste situação é a nossa!
LITTERATURA
O p in to r de W cim a r
— Sim, senhora, ha dez annos que os meus pés não pisam a entrada da casa paterna.
«Tinha quinze annos quando a deixei; desde en- :ão tenho vagado pela Ita- lia e Allemanha, não me achando bem em parte alguma, inquieto, infeliz e preoccupado com a minha arte, que eslá bem longe de me satisfazer. O ideal nas artes e nas affeições tornou-se meu inimigo, constantemente me persegue e atormenta. Desejaria criar uma obra immor- tal, primorosa, sublime, e esforço-me em vão por conseguil-o. Quando acabo um quadro, todos ao principio o admiram; e eu, vendo-lhe pouco a pouco
3 i FOLHETIM
Traducçáo de J. DOS ANJOS
A ULTIMA CRUZADAX X X V I
— Pode explicar-me, disse ella porque se introduz assim em minha casa, como um ladrão?
Esta palavra, que ella frisara muito, flagellou Taillemaure como uma bofetada.
Comtudo conteve-se e. se náo fossem as pupillas, rrdendo em febre, que luziam, e a chaga sangrenta dos
labios que mordia, poderiam julgar que estava morto.
— Preciso falar-lhe e que me ouça sem colera, disse elle lentamente. Juro-lhe que. antes de bater á sua porta, antes de implorar o seu perdão, andei mendigando por toda Paris, baixei-me a pessoas a que 11 ha oito dias não terias cumprimentado na rua, importunei todo^ 03 meus amigos com pedido s... Mas quando estamos cahidos, ninguém nos conhece, ninguém nos estende mão valedou- r a . . . E agora não espero senão em si. Só a senhora pode impedir que os seus filhos sejam mandados ao tribunal como falsarios!...
A voz desorientada de Taillemaure custava a ouvir.
O fn al das phrases apagava-se n'um estertor inintelligivel.
A criada enxugava os olhos, silenciosamente.
A princeza tossia com ar ironico, e tomava de quando uma pitada.
Nem s quer lhe offereceu uma cadeira e durante alguns instantes pareceu hesitar em responder, como e quizésse saborear aquella horrivel
angustia.— Realmente, di ,se a fina! erguen
do a cabeça, o meu querido filho ima ginou que viria enternecer-me com as suas choradeiras? De mais a mais o seu formoso Credito Continent: 1 fez- me perder sessenta mil fra m o s... E é a mim que vem pedir esmola!
Elle balbuciou palavras sem nexo.— O que tinha a fazer era vigiar
sua mulher, continuou a prinoeza. F. o dever de todos os m arid os!...
Agora soffra as consequencias da sua tolice .. Pela minha parte, declaro- lhe pela ultima vez, não pagarei um «sou», nunca reconhecerei a minha assignatura falsificada!
— Mas p o d e ...— Sim, sim, para recomeçar a mes
ma farça d’aqui a um mez, para me roubarem assim, a pouco e pouco, o resto que possuo. Apesar de velha, a pri ce^a de Champaubert não será tão tola como isso!
Taillemaure cambaleou e, na suprema angustia, arrastou-se de joe lhos pelo sobrado, dirigindo suppli- cas desesperadas á velha avarenta.
Mas. fria, impassível, a princeza obstinava-se na sua resposta lacónica e má.
— Não, não pagarei n a d a !... Se j forem conden.nados melhor para vo- ‘
rês, porque o merecem bem ?...
O marquez comprehendeu então que debalde exgotava as forças n’a- quella lueta inútil. Levantou-se e, tão desprezado agora como tinha sido humilde e curvado, medindo a velha bem de cara, altivo como um justiceiro, exclamou:
— A senhora é uma miserável!
E na escada ouviu-a rir ás gargalhadas", com o riso agudo de uma rapariga endiabrada que tivesse pregado uma peça a alguem ...
X X X V II
Era no fim de um dia chuvoso; a noite ia escoreccndo a pouco e pouco o aposento.
iC on tn ua) .
muitos defeitos, denuncio-os; penso depois em c o r r i g ' i l - o s , mas meditando muito para isso, os meus rivaes no entanto trabalham, intrigam, alcançam a vantagem sòbre mim. Então irrito-me, indigno- me de uma injustiça, como se isto não fosse natural nos homens. Só uma affei- ção profunda e intensa seria capaz de me consolar; procuro-a, e não a encon-
' trando, torno a entrar na solidão que sinto em torno de mim, no meio da sociedade».
O mancebo que assim falava, dava o braço a uma senhora edosa.
Era alto, longos cabellos cahiam sobre um dos lados da sua larga testa. Tinha a cabeça descoberta para gozar do fresco agradavel de uma noite deliciosa depois de um bello dia de verão: o seu rosto parecia abatido, estava pallido, nelle se divisivam algumas rugas; mas comtudo seus olhos eram scintillantes, e patenteavam a chamma interior que o devorava.
A senhora apoiava-se com força sobre o seu braço, e parecia interessar-se nas suas palavras.
Perto delle vinha, silenciosa, uma senhora moça de uma grande belleza. A sua estatura esbelta e elegante se desenhava pura e admiravel em todas as suas proporções, e cada um dos seus movimentos revelava uma nova graça.
Um esculptor teria talvez achado algumas incorrecções em seu rosto, que nada tinham daqueile modelo antigo que a mediocridade dos pintores e es- culptores vulgares reproduz incessantemente; maso todo harmonioso de suas feições, o encanto de suas fórmas sobre as quaes os olhos se esparziam com delicias, sua physionomia mobil e galante; uma alma terna, occulta debaixo de timidos exteriores; um olhar meigo e affavel, a tornavam um ente encantador, sobrenatural.
Ella caminhava com a cabeça algum tanto inclinada.
Muito ao longe atraz d elles vinha uma pesada diligencia, pela qual os ca- vallos puchavam num caminho escabroso; donde se descobriam as bellas planícies da Saxonia cobertas de collinas, e a immensidade de uma paisagem ornada de ruinas, de uma verdura de setembro, e dos reflexos obliquos do sol que se escondia entre dois montões de nuvens avermelhadas.
— Sois bem digno de
lastima, lhe respondeu a senhora de edade.
A moça abaixou o seu véo fracamente agitado pela viração.
— Acontece muitas vezes eu encerrar-me no meu quarto mezes inteiros, e viver com as feições do meu pincél; alli ao menos sou feliz, porque me rodeio de entes conformes com o meu coração, sou amado do mesmo modo que amo! No publico sou tão affe- ctuoso! é tão facil fazer-me soffrer com uma palavra cruel, que na verdade custa-me a crer que haja quem entenda com um homem tão moderado como eu sou.
(Continua)
A G R I C U L T U R A
Capadtara «la fflor «las a r v o r es fr u c tlfer a s .
A capadura da flor das arvores fruetiferas tem sido recommendada como auxiliar da fecundação da flor e desenvolvimento do frueto.
Este meio é pouco conhecido e pouco usado; é esse motivo que nos leva a mencionar aqui algumas expe- riencias comparativas, que depõem bastante em seu favor, feitas ha uns annos para cá por varios agricultores.
Numa contra latada, ou corrimão de pereiras Beur- ré-Clairgeau, applicou-se o systema da capadura da flor aos primeiros indivíduos do renque, isto é, cortou-se com as unhas, ou á thesoura, o grupo de flores que sobresahe no centro de cada ramalhete floral. Foi ahi que nasceram os fruetos mais volumosos.
A’s arvores que se seguiam no mesmo alinhamento fez-se uma operação contraria: supprimi ram-se-lhes as flores de ao contrario de cada ramalhete, conservando as do meio. Foi ahi que se deram as peras mais pequenas
Finalmente a producção foi variável nas ultimas pe reiras da mesma linha, e por conseguinte situadas em condições eguaes.
Uma macieira reinetta branca, podada em forma de cordão horizontal bilateral, que foi sujeita á mes ma experiencia, capando se a flor do meio num dos braços somente, produziu nesse logar uma duzia de maçãs ao passo que o outro ramo não deu um só frueto, apesar de ter egua“ 1 oflorescencia.
Intentámos applicar este systema á vinha por ter notado que a extremidade do cacho florescia mais tard
do que o resto, e que álém efisso em Thomery cortavam esta sumidade quando o bago começava a amadurecer; nós supprimi- mol-a na occasião da florescencia.
Cepas da especie Chas- se-las-Coulard, que foram sujeitas a esta operação, produziram cachos mais grados e bellos. Seria este um excellente meio para oppôr á ressicação de certos vidonhos.
Recommendamol-a qua- si tanto como a incisão an- nular que, praticada na épocha da florescencia, e por baixo do cacho, apresenta a maturação e faz desenvolver mais as uvas, qualidades estas bem preciosas na estação das vindimas.
A incisão annular das cepas velhas tem-nos dado resultados magníficos A vara comprida, tendo- se-lhe feito a incisão na base, fructifica melhor, ao passo que o sarmento de substituição ou reserva, podado curto, se desenvolve mais.
Em summa, estes dois processos são simples, de facil execução e não can- çam as plantas. E’ trabalho que poderia ser feito convenientemente por mulheres ou creanças.
Conhecemos mais de uma operação de cultura que custa sacrifícios e não offerece as mesmas vantagens. Vingarem os fruetos em maior numero, terem um volume relativamente superior, e amadurecerem mais cedo, são já hoje títulos incontestáveis, e que bem merecem que lhes dispensemos um instante a nossa attenção.
O DOMI NGO
A N N U N C I O
- § < 3 3 S > € -
S o ía dos p reços c o rre n tes bbo naereado de ILeá- r ia , aios alias © e :! 1 de F evere iro .
Por medida de 14 litros, os seguintes generos:
Feijão branco, 860; feijão encarnado, 860; feijão ama- rello, 880; feijão frade, 5eo; grão, 700; trigo rijo, 620; trigo molle, 700; Aveia, 320; Cevada, 35o; Fava, 540; milho branco, 55o e milho amarello, 53o réis.
Batata, ( 15 kilos) 420 réis.
ANNUNCIOS
|i .11 n r ri i i i i l / L l I n L ,d U.
1)1) RIBATEJO( S .* a?cs5ílieiçriíí)
Pelo juizo de direito da comarca de Aldeia Galiega, e cartorio do escrivão Silva Coelho, no inventario orphanologico a que se procedeu por obito de D. Umbelina Rosa da Veiga, viuva, moradora que foi nesta villa; foi por sentença de 4 do corrente mez, deferida a curadoria pro- visoria dos bens do ausente Francisco da Veiga Sar- gedas, a seu primo e cunhado Manuel da Costa Veiga Junior, que nos termos do artigo 686 do Código Processo, prestará a caução exigida 110 artigo 58, do Codigo Civil.
Aldeia Galiega do Ribatejo 6 de fevereiro de 1902.
o E S C R IV Ã O
Antonio Augusto da SilvaCoelho.
Verifiquei a exactidão.
O JU IZ D E D IR E IT O
N. Souto.
A N N U N C I O
H l l l C l DE ALDEGALLEGA 1)0 RIBATEJO
(B .a PsiM icação)
Continua a haver na horta do Bessa, na rua do Poço desta villa, eucalyplos em va^os, capares de ser transplantados na presentees taça o.
Pelo juizo de direito da comarca de Aldeia Galiega do Ribatejo, e cartorio do escrivão Silva Coelho, correm editos de trinta dias, citando os herdeiros Manuel dos Santos Ro- mião e mulher Sebastiana de Miranda, ausentes em parte incerta nos Estados Unidos do Brazil, para falarem e assistirem a todos os termos, até final, do inventario orphanologico, a que se procede por obito de seu pae e sogro, Antonio dos Santos Romião, morador que foi no sitio da Barra Cheia, freguezia de Alhos Vedros, no qual é cabeça de casal a sua viuva Maria de Miranda, e n’el!e deduzirem os seus direitos, sob pena de reve lia.
Aldeia Galiega do Ribatejo, 5 de fevereiro de 1902.
o E S C R IV Ã O
Antonio Augusto da Silva Coelho.
V e r fiquei a exectidão.
O JUIZ D E D IR E IT ■
A . Souto.
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Ha para vender collec- çÕes de jornaes, taes como: Seculo, Pimpão, Parodia, Supplemento ao Seculo, e outros; assim como livros
j antigos de diversos idiomas.
Nesta redaccão se.trata.
O D 01V1 i N G O
A N T I G A M E R C E A R I A RO P O V ODK
D O M I N G «aO A N T O N I O S A L O5 ’e ste e s t a b e lc e lm e a ío e u c » s ír a - s e á v e a d a p c ío s p re ç o s su a is c o a v i-
d a t iv o s . n k i v a r ia d o s o r t im e n t o «le g é n e ro s p r o p r io s «lo s e a ra a so d c coin- m c r c lo . o fffcre ecm lo p o r Is s o as m a io re s g a ra n tia s aos segas c s t ln s a v c is ffre- g n e z e s c ao r e s p e it á v e l p ss lílico .
R U A D O C A E S — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
DO POVOA L D E G A L L E G A D O R I B A T E J O _
Grande estabelecimento de fazendas por preços limitadíssimos, pois que vende todos os seus artigos pelos preços das principaes casas de Lisboa, e alguns
A I N D A M A I S B A R A T O SGrande collecção dartigos de Retroseiro.Bom sortimento dartigos de F A N Q U E IR O .Setins pretos e de cor par aforros de fatos para homem, assim como todos os
accessorios para os mesmos.Esta casa abriu uma SECCÃO ESPECIAL que muito util é aos habitantes
desta villa, e que «^C O M P R A EM L IS B O A de todos e quaesquer artigos ainda mesmo os que não são do seu ramo de negocio; garantindo o selo na escolha, e o preço porque vendem a retalho as primeiras casas da capital.
B O A C O L L E C Ç Ã O de meias pretas para senhora e piuguinhas para creanças de todas as edades.
A CO R PRETA D’ESTE ARTIG O É GARANTIDA A divisa desta casa <! GANHAR POUCO PARA VENDER MUITO.
JOAO BENTO & NUNES DE CARVALHO88, R. DIREITA, 90 - 2 , R. DO CONDE, 2
D E P O S I T OD E
VINHOS, VINAGRES E AGUARDENTESE F A B R I C A D E L I C O R E S
GRANDE. DEPOSITO Di ACREDITADA FABRICA DE
JANSEN & C. - LISBOADK
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1
C E R V E J A S , G A Z O Z A S , P I R O L I T O SVENDIDOS PELO PRECO DA FABRICA
— L U C A S & C/ —L A R G O D A C A L D E IR A — ALDEGALLEGA DO RIBATEJO
v í ib I&os\ inho tinto de pasto de i . a. litro
» » )) y> » 2.a, »» branco » » j.a »» verde, tin to ..... » »» abafado, branco » »» de Collares, tinto » garrafa » Carcaveilos b r.co » »» de Palmella. . . . '> »» do Porto. superior »» da Madeira...... »
V i s a g re sVinagre t nto de i . a. lit ro ... . . .
>> » » 2.a, » . . ........» branco » i.a » ............
SJcoresL ico r de ginja de i.a, litro______
» » aniz » » » . . . .» » c ancila.........................» » ros‘>....................» » ho rte lã p im e n ta . . . .
G ranito.....................................Com a garrafa mais 6o réis.
rs. 40 » 70 »
100 »15o » 160 » 240 » 240 » 400 » 5oo »
60 rs. 5o » 80 » 60 »
200 180 1 So 180 180 280
l A g u a rd e n te sE Alcool 40o......................... litro| Aguardente de prova 3o°. »» inin. . 8
» de bagaço >0° » i . a>> » » 20° » 2.a» » » i8°.»» » figo 20°. »» » Evora 18 1.»
C a a s a B lra n ca............................. litro
| Cabo V erde.................................. »[ Cognac...............................garrafa
Par
§ Genebra........................... »
320 rs. 3ao >' 240 » 160 » i 5o » 14.0 » 120 » 140 »
700 rs. 600 »
1S200 » i Sooo »
36o »
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CERVEJAS, GAZOZAS E PIROLITOSPosto em casa do consu nidor
480 rs.Cerveja de Mm-ço, du.cia........» Pilcener, » ........
ã » da pipa, meio barril .ã Gazozas, du>:ia.........................í Pirolitos, caixa, 24 garrafas...
720 » 7 5o » 420 » 36o »
Capilé, iid ro SN # r é is cossa g a rra fa S-S-O r é is E M A IS B E B ID A S I ) E D IF F E R E N T E S Q U A L ID A D E S
PÃRÂ REVENDERV E N D A S A D I N H E I R O
PEDIDOS A L U C A S & C.A — ALDEGALLEGA
SALCHICHARIA MERCANTIL
IOAOCII p e d w T je s c s r e l o g io
Carne de porco, azeite de Casteilo Branco e mais qualidades, petroleo, sabão, cereaes e legumes.
Tódos estes generos são de primeira qualidade e vendidos por preços excessivamente baratos.
C ira n d e s d e s c o n to s p a r a 'o s r e v e n d e d o r e s !
5 4 a 5 6 , Largo da Praça Serpa Pinto, 5 4 a 5 6
ALDEGALLEGAJM .11 W H M * í
Cona ofU efnaD E
CORREEIRO E SELLEIRO 18, R U A DO F O R N O , 18
A&.I*Mi:«AI..Í,fli«A
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DKJOSE’ AUGUSTO SALOIO
Encarrega-se de todos os trabalhos typographicos.16, LARGO DA MISERICÓRDIA, 16
Al.<B3i5CÍAB,B,B3ttA
A FABRIL SINGEP o r Soo réis semanaes se adquirem as ceie-
fores machinas SINGER para coser.
Pedidos a AURÉLIO JO ÃO DA CRUZ, cobrador da casa AflM’©C’Si c .a e concessionário em Portugal para a venda das ditas machinas.
Envia catalogos a quem os desejar, yo, rua do Rato, yo — Alcochete.
NOVA S A L C H I C H A R I ADE
A N T O N I O J O A Q U I M R E L O G I O
€> p r o p r ie t á r io d ’este estaltelceiaa&enío peosnette t e r s e síip re fr e s c o s , e «le p r im e ir a q u a lid a d e totlos o s g e n e ro s q u e d lz e sn r e s p e it o a s a lc M c iia r ia .
PRECOS AO ALCANCE DE TODOS!o ■ <o>——S=3SS>3-—6»----------
L A R G O D A E G R E J A — A L D E G A L L E G A
MERCEARIA ALDEGALLENSEDE
Jo sé A n ton io N u n es
Neste estabelecimento encontra-se d venda pelos preços mais convidativos, um variado e amplo sortimento de generos proprios do seu ramo de commercio, podendo por isso ojferecer as maiores garantias aos seus estimáveis fregueses e ao respeitável publico em geral.
Visite pois o publico esta casa.
1 9 — L A R G - O X 3 - A . B G S E J A - i J - A
A l d e g a l l e g a «lo f & ib a t e jo
H A V A N E Z A D A P R A Ç A12:0008000 DE RÉIS
Setima loteria do anno em 21 de fevereiro de 1902
Encontra-se, dos principies cambistas, n'esta casa grande sortimento de bilhetes, meios bilhetes, quartos de bilhete, décimos, vigésimos e cautellas de todos os preços.
l is t a casa é a snaâs f e l iz aso g e n e ro !
I A A fmw ANTONIO RIBEIROPRAÇA SERIJA PINTO — ALDEGALLEGA