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Universidade de Aveiro 2010
Departamento de Engenharia Mecânica
Igor André Almeida Ribeiro
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
Universidade de Aveiro 2010
Departamento de Engenharia Mecânica
Igor André Almeida Ribeiro
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Automação industrial, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Vítor M. Ferreira dos Santos, Professor Associado do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Aveiro.
o júri
presidente Prof. Doutor Filipe Miguel Teixeira Pereira da Silva professor auxiliar da Universidade de Aveiro
Prof. Doutor António Paulo Gomes Mendes Moreira professor auxiliar da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Prof. Doutor Vítor Manuel Ferreira dos Santos professor associado da Universidade de Aveiro
agradecimentos
Agradeço de forma muito especial aos meus Pais, o apoio incondicional que mantiveram ao longo do meu percurso permitindo, assim, a concretização de um sonho. À minha Namorada, pela forma como sempre me apoiou, incitando sempre a fazer melhor, e pela sua presença em todos os momentos. Ao meu Orientador, Prof. Dr. Vítor M. Ferreira dos Santos, pela incansável disponibilidade e pelo incentivo e interesse que me despertou na área de visão industrial. À empresa Infaimon S.L., nomeadamente ao Eng. Paulo Santos e Henry Simões, pelo empréstimo de equipamento para apoio no trabalho. À empresa ColepCCL Portugal, S.A., designadamente ao Eng. Carlos Rodrigues, e à empresa Ilhaplast - Sociedade Transformadora de Plásticos, Lda., designadamente ao Eng. Jorge Jesus, pelo fornecimento de amostras. Por fim a todas as pessoas, que de algum modo contribuíram para tornar este trabalho melhor.
palavras -chave
Automação Industrial, Inspeçcão de Embalagens, Sherlock, Projecto de Equipamento Industrial
resumo
O presente trabalho teve como objectivo o desenvolvimento de um sistema de visão industrial para controlo de qualidade de embalagens. Foi ainda projectada uma aplicação em visão para inspeccionar determinadas características em cúpulas de aerossóis e detectar não conformidades. As não conformidades a inspeccionar nas embalagens de plástico inclui pontos pretos na superfície externa da embalagem, excesso ou falta de material no gargalo, circularidade do gargalo e inclinação do gargalo. A primeira etapa do trabalho consistiu em estudar o problema e encontrar soluções em algoritmos de visão que atingissem resultados satisfatórios considerando os objectivos propostos. Após a análise do problema, e definição exacta das não conformidades a detectar, foi seleccionado o equipamento e componentes de hardware necessários para a montagem completa do sistema tendo como base em ensaios laboratoriais. A selecção abrange os componentes de visão (câmaras, ópticas, sistema integrado e iluminação), os sensores, as electro-válvulas, os actuadores pneumáticos e os componentes do quadro eléctrico. Outra fase importante foi projectar uma estrutura que permitisse a integração do sistema numa linha de montagem padrão; A estrutura deve eliminar a influência da iluminação exterior de forma a tornar a solução robusta. A componente principal, e mais relevante, deste trabalho foi aplicação de visão desenvolvida com recurso ao programa Sherlock. A aplicação detecta não conformidades em embalagens através de várias metodologias e ferramentas disponíveis. A aplicação, em conjunto com os sensores e actuadores, retira, no caso de detectar uma não conformidade, a embalagem da linha de produção. Seguindo indicações dadas pela indústria, e potenciais utilizadores do sistema, este é totalmente personalizável através de uma interface em que se poderá ajustar os níveis e limites das não conformidades das embalagens, dado que nem todos os clientes exigem o mesmo nível de controlo. Em ensaios laboratoriais, utilizando equipamentos industriais, a aplicação foi testada em 60 embalagens, entre as quais 12 não conformes. Para este conjunto de embalagens a taxa de eficácia na detecção foi de 100% provando-se a robustez da solução. Na instalação final em unidade fabril e na sua operação inicial serão admissíveis ainda adaptações finais do sistema.
keywords
Industrial Automation, Flask Inspection, Sherlock, Design of Industrial Equipment
abstract
This study aimed to develop an industrial vision system for quality control of plastic flasks. Also, some analyses have been made to inspect some characteristics of aerosols domes, and solutions were also proposed to detect defects. Non-conformities to be detect on the plastic flask include black dots on the outer surface, excess or shortage of material in the neck, roundness and inclination of the neck.The first stage of this work was to study the problem and to devise solutions with artificial vision to reach satisfactory results to the manufacturing requirements. After analyzing the problem and having defined precisely the defects to inspect, the necessary equipment and hardware components were selected based also on several laboratorial tests that were carried out. The selection covers the components of vision (cameras, lenses, integrated system and lighting), sensors, solenoid valves, pneumatic actuators, and components of the switchboard. Another important phase has been the design of a structure to allow the integration of the system on a standard assembly line; this structure takes into account precautions against the influence of outdoor lighting for additional robustness of the system. The central and most relevant component of the work was the vision application developed using the Sherlock industrial software. The developed application detects non-conformities in flasks through various methodologies and available tools. The application, by means of sensors and actuators, also removes the faulty flasks out of the production line, whenever they are found. Following indications of manufacturers, and potentially the future operators of the developed system, this equipment is fully customizable at the user interface stage in order to adjust the levels and thresholds of defects in flasks, since not all customers require the same level of quality control. In laboratories tests, using industrial equipment, and real flasks the application was tested in 60 units, 12 of which had various non-conformities. The effective detection rate was 100% for this set showing the preliminary robustness of the solution. Further adjustments will still be possible during the final installation on the shop floor and even during operation.
A
Índice
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.1 INSPECÇÃO DE CÚPULAS DE AEROSSÓIS .................................................................................. 2
1.2 INSPECÇÃO DE EMBALAGENS DE PLÁSTICO .............................................................................. 3
1.2.1 Características do processo ......................................................................................... 5
1.2.2 Soluções existentes no mercado .................................................................................. 6
1.3 SISTEMA DE VISÃO INDUSTRIAL ............................................................................................... 7
1.3.1 Componentes de um sistema de visão industrial ......................................................... 9
1.3.1.1 Unidade de processamento ................................................................................................. 10 1.3.1.2 Câmaras............................................................................................................................... 12 1.3.1.3 Ópticas ................................................................................................................................. 14 1.3.1.4 Fornecedores/software ........................................................................................................ 15 1.3.1.5 Iluminação ............................................................................................................................ 19
2 SOLUÇÃO DE INSPECÇÃO DE CÚPULAS ................... .......................................................... 23
2.1 AMBIENTE DE TRABALHO ....................................................................................................... 24
2.2 DETECÇÃO DE FALTA DE BORRACHA NA PARTE INTERIOR DA CÚPULA. ..................................... 25
2.3 FALHAS NO REBORDO SUPERIOR DA CÚPULA, FOLHA/REBORDO FENDIDO ................................. 28
2.4 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 31
3 PROPOSTA PARA O SISTEMA DE INSPECÇÃO DE EMBALA GENS DE PLÁSTICO ........ 33
3.1 SISTEMA DE VISÃO PARA INSPECÇÃO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS ........................................... 38
3.1.1 Sistema Integrado ....................................................................................................... 39
3.1.2 Câmaras ..................................................................................................................... 40
3.1.3 Ópticas ........................................................................................................................ 42
3.1.4 Iluminação .................................................................................................................. 43
4 ESTRUTURA FÍSICA DE SUPORTE DO SISTEMA DE INSP ECÇÃO .................................... 45
4.1 APOIOS PARA CÂMARAS ....................................................................................................... 46
4.2 APOIOS PARA ILUMINAÇÃO .................................................................................................... 47
4.3 APOIO PARA SENSORES ........................................................................................................ 49
4.4 APOIO PARA ACTUADORES PNEUMÁTICOS .............................................................................. 50
4.5 PORTA ................................................................................................................................. 51
4.6 MONTAGEM COMPLETA DA ESTRUTURA ................................................................................. 51
5 AUTOMAÇÃO E QUADRO ELÉCTRICO ................. ................................................................ 53
5.1 COMPONENTES PNEUMÁTICOS ............................................................................................. 53
5.2 SENSORES FOTOELÉCTRICOS ............................................................................................... 54
B
5.3 QUADRO ELÉCTRICO/COMPONENTES ELÉCTRICOS ................................................................. 55
5.3.1 Protecção .................................................................................................................... 57
5.3.2 Fontes de alimentação ............................................................................................... 58
5.3.3 Relés ........................................................................................................................... 58
6 SOFTWARE E PROGRAMAÇÃO ............................ ................................................................ 59
6.1 APLICAÇÃO .......................................................................................................................... 60
6.2 ROTINA PRINCIPAL (MAIN) .................................................................................................... 60
6.3 SUBROTINAS ........................................................................................................................ 64
6.3.1 Subrotina “Nome do operador” ................................................................................... 65
6.3.2 Subrotina “Parametrização ou modo contínuo” .......................................................... 66
6.3.3 Subrotina “Parametrização (Operador) ” .................................................................... 67
6.3.4 Subrotina “Ficheiro de texto” ...................................................................................... 69
6.3.5 Subrotina “Ficheiro de texto 1” ................................................................................... 70
6.3.6 Subrotina “detecção de pontos pretos” ...................................................................... 71
6.3.7 Subrotina “detecção de excesso ou falta de material no gargalo” ............................. 78
6.3.8 Subrotina “inclinação do gargalo” ............................................................................... 80
6.3.9 Subrotina “inspecção de circularidade” ...................................................................... 82
7 RESULTADOS E CONCLUSÕES ..................... ....................................................................... 87
7.1 ENSAIOS .............................................................................................................................. 87
7.2 RESULTADOS/ESTATÍSTICAS ................................................................................................. 90
7.3 PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................................................... 91
7.4 CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 94
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 95
ANEXOS .......................................................................................................................................... 97
C
Lista de figuras Figura 1 – Cúpula de aerossol ........................................................................................................... 2
Figura 2 – Frasco de plástico branco opaco ...................................................................................... 2
Figura 3 – Borracha na orla interior da cúpula ................................................................................... 3
Figura 4 – Exemplos de não conformidades a detectar .................................................................... 4
Figura 5 – Distâncias entre embalagens ........................................................................................... 6
Figura 6 – Sistema de Visão para detecção de não conformidades em embalagens plásticas [1] .. 7
Figura 7 – Composição de uma imagem [3] ...................................................................................... 8
Figura 8 – Representação de uma imagem através de uma matriz .................................................. 9
Figura 9 – Sistema típico de visão industrial .................................................................................... 10
Figura 10 – Conector GigaE [7] ........................................................................................................ 11
Figura 11 – Características dos distintos sistemas de transmissão digital de imagem [7] .............. 12
Figura 12 – Imagem obtida com diferentes tempos de exposição [12] ........................................... 13
Figura 13 – Dimensões do sensor CCD [13] ................................................................................... 13
Figura 14 – Exemplos de classificação de sensores quanto às suas dimensões [14] .................... 14
Figura 15 – Distancia focal [16] ........................................................................................................ 14
Figura 16 – Sistema de visão da Omron [17] ................................................................................... 16
Figura 17 – Software Vision Builder AI 2009 [18] ............................................................................ 16
Figura 18 – Ambiente de Trabalho NeuroCheck [19]....................................................................... 17
Figura 19 – Aspecto do ambiente de trabalho do software Sherlock 7.1.3.0 .................................. 18
Figura 20 – Resultados da utilização de diferentes técnicas de iluminação [20] ............................ 19
Figura 21 – Sistema de iluminação frontal [14] ................................................................................ 20
Figura 22 – Iluminação difusa [21] ................................................................................................... 20
Figura 23 – Retro-iluminação [22] .................................................................................................... 21
Figura 24 – Luz estruturada [23] ...................................................................................................... 21
Figura 25 – Cúpula de aerossol ....................................................................................................... 23
Figura 26 – Falha no rebordo superior da cúpula, cúpula conforme e não conforme,
respectivamente ............................................................................................................................... 24
Figura 27 – Falta de borracha na parte interior da cúpula, cúpula conforme e não conforme
respectivamente ............................................................................................................................... 24
Figura 28 – Sistema integrado de visão VA41 ................................................................................. 25
Figura 29 – Câmara JAY CVA1 e sistema de iluminação difusa ..................................................... 25
Figura 30 – Diagrama de fluxo para detecção de falta de borracha ................................................ 26
Figura 31 – Da esquerda para a direita, peça com borracha e sem borracha respectivamente ..... 26
Figura 32 – Da esquerda para a direita: peça com borracha, zona a preto, peça sem borracha,
zona a branco, peça com algumas partes sem borracha, zonas a branco ..................................... 27
Figura 33 – Aspecto do ambiente de trabalho, resultado para produto conforme ........................... 27
Figura 34 – Da esquerda para a direita, peça conforme e não conforme respectivamente ............ 28
D
Figura 35 – Diagrama de fluxo para detecção de falhas no rebordo ............................................... 29
Figura 36 – Da esquerda para a direita, peça conforme e não conforme respectivamente ............ 30
Figura 37 – Aspecto do ambiente de trabalho ................................................................................. 30
Figura 38 – Sistema que utiliza manipulador e “caixa negra” .......................................................... 34
Figura 39 – Sistema para detecção de não conformidades em embalagens plásticas ................... 35
Figura 40 – Distribuição das câmaras .............................................................................................. 36
Figura 41 – Parte de embalagem vista lateralmente ....................................................................... 37
Figura 42 – Localização da câmara que capta imagens da embalagem “vista de cima” ................ 37
Figura 43 – Embalagem “vista de cima” .......................................................................................... 38
Figura 44 – Sistema integrado VA61 [24] ........................................................................................ 39
Figura 45 – Painel traseiro VA61 [24] .............................................................................................. 40
Figura 46 – Câmara Genie M1400-1/2” [25] .................................................................................... 42
Figura 47 - Disposição da iluminação .............................................................................................. 43
Figura 48 – Iluminação Difusa DOMO [26] ...................................................................................... 44
Figura 49 – Estrutura base do sistema ............................................................................................ 46
Figura 50 – Apoio da câmara em perfil de alumínio 20x20 ............................................................. 46
Figura 51 – Disposição das câmaras na estrutura........................................................................... 47
Figura 52 – Apoio e montagem da câmara colocada no topo ......................................................... 47
Figura 53 – Montagem de perfil 30x30 para apoios da iluminação ................................................. 48
Figura 54 – Montagem da iluminação na estrutura.......................................................................... 48
Figura 55 – Montagem da iluminação Domo na estrutura ............................................................... 49
Figura 56 – Suporte para reflectores................................................................................................ 49
Figura 57 – Montagem dos suportes para sensores fotoeléctricos e reflectores na estrutura ........ 50
Figura 58 – Suporte para o actuador pneumático ............................................................................ 50
Figura 59 – Montagem dos suportes dos actuadores na estrutura ................................................. 51
Figura 60 – Montagem da Porta na estrutura .................................................................................. 51
Figura 61 – Montagem completa...................................................................................................... 52
Figura 62 – Embalagens encostadas ............................................................................................... 54
Figura 63 – Símbolo pneumático de Electro-válvula 5/2 vias mono-estável ................................... 54
Figura 64 – Localização do quadro eléctrico ................................................................................... 56
Figura 65 – Função principal (Main) da aplicação .......................................................................... 61
Figura 66 – Botão de modo contínuo ............................................................................................... 62
Figura 67 – Fluxograma geral da aplicação ..................................................................................... 63
Figura 68 – Inicio da execução da aplicação ................................................................................... 65
Figura 69 – Opções para chamada de subrotina ............................................................................. 66
Figura 70 – Subrotina Parametrização ou modo contínuo .............................................................. 67
Figura 71 – Tipos de caixa de diálogo; De cima para baixo tipo inclusão da resposta e tipo
sim/não, respectivamente ................................................................................................................ 67
Figura 72 – Subrotina Parametrização (Operador) .......................................................................... 68
E
Figura 73 – Subrotina Ficheiro de texto ........................................................................................... 69
Figura 74 – Exemplo de ficheiro de texto gerado ............................................................................ 70
Figura 75 – Subrotina Ficheiro de texto 1 ........................................................................................ 70
Figura 76 – Exemplo de ficheiro gerado pela subrotina ficheiro texto 1 .......................................... 70
Figura 77 – Subdivisão de uma ROI ................................................................................................ 71
Figura 78 – Aplicação de diferentes pré-processamentos na mesma embalagem ......................... 72
Figura 79 - Disposição das ROIs na imagem para a subrotina detecção de pontos pretos............ 73
Figura 80 – Pré-processamento da ROI que define o alinhamento ................................................. 74
Figura 81 – Menu para criar alinhamentos ...................................................................................... 74
Figura 82 – ROIs para procura de pontos pretos ............................................................................. 75
Figura 83 – Parâmetros do algoritmo “Connectivity-Binary” para procura de pontos pretos........... 76
Figura 84 – Exemplos de resultados obtidos com a subrotina detecção de pontos pretos............. 77
Figura 85 – Pré-processamento da ROI que define o alinhamento na subrotina excesso de
material e menu de configuração de alinhamento ........................................................................... 78
Figura 86 – Exemplos de resultados obtidos com a subrotina detecção de excesso/falta de
material ............................................................................................................................................. 79
Figura 87 – Parametrização do algoritmo “Connectivity – Binary” ................................................... 80
Figura 88 – Parâmetro de análise para avaliar inclinação do gargalo ............................................. 81
Figura 89 – Resultado da inspecção da inclinação do gargalo, de cima para baixo produto
conforme e não conforme respectivamente ..................................................................................... 82
Figura 90 - Parâmetros de uma circunferência ................................................................................ 82
Figura 91 - Imagem exemplo utilizada na subrotina inspecção de circularidade ............................ 83
Figura 92 – Exemplo de binarização de imagem ............................................................................. 84
Figura 93 – Localização do furo do gargalo através do algoritmo “Connectivity-Binary” (embalagem
conforme) ......................................................................................................................................... 84
Figura 94 – Parâmetros de configuração do algoritmo “Connectivity – Binary” .............................. 85
Figura 95 – Características devolvidas pelo algoritmo “Connectivity – Binary” ............................... 85
Figura 96 - Resultado da execução da subrotina inspecção de circularidade ................................ 86
Figura 97 – Setup montado para ensaio da aplicação .................................................................... 89
Figura 98 – Tempo de execução da aplicação ................................................................................ 91
Figura 99 – Integração do manipulador com o sistema de visão .................................................... 92
Figura 100 – Processamento de embalagens transparentes .......................................................... 93
F
Lista de tabelas Tabela 1 (Iluminações sugeridas para vários tipos de aplicações) [21] .......................................... 22
Tabela 2 (Resultados do ensaio) ..................................................................................................... 31
Tabela 3 (Características eléctricas dos componentes a utilizar) .................................................... 56
Tabela 4 (Resultados do ensaio final) .............................................................................................. 90
G
Lista de anexos Anexo 1 ............................................................................................................................................ 97
Anexo 2 .......................................................................................................................................... 109
Anexo 3 .......................................................................................................................................... 117
Anexo 4 .......................................................................................................................................... 125
Anexo 5 .......................................................................................................................................... 127
Anexo 6 .......................................................................................................................................... 139
Anexo 7 .......................................................................................................................................... 149
Anexo 8 .......................................................................................................................................... 173
Anexo 9 .......................................................................................................................................... 177
1
Capítulo 1
Introdução
A qualidade dos produtos oferecidos por uma empresa é um dos parâmetros
essenciais da sua afirmação no mercado. O controlo de qualidade (inspecção
industrial) recorre cada vez mais a processos automáticos que permitem uma
inspecção rigorosa e integral de todos produtos. É neste contexto que a visão
industrial se insere e se aplica cada vez mais.
Na visão industrial, o princípio baseia-se em utilizar informação visual para
distinguir o que é útil do que não é a um determinado processo. Uma solução só pode
ser implementada em casos onde a aprovação ou rejeição de produtos não se baseia
em atributos subjectivos ou não mensuráveis. A utilização da visão industrial permite,
ainda, desenvolver aplicações de elevada complexidade e fiabilidade usando um
baixo número de componentes. Esta área tem evoluído de tal forma que,
actualmente, é usual encontrar aplicações em vários ramos da indústria, como por
exemplo na indústria alimentar (cor e medição de fruta), na indústria da reciclagem
(classificação de plásticos), na indústria automóvel (classificação e medida de
componentes), entre outras inúmeras aplicações.
O presente trabalho abordará a utilização da visão industrial em duas
aplicações específicas, a inspecção de cúpulas de aerossóis (Figura 1), fabricadas
por prensagem, e a inspecção de embalagens plásticas (Figura 2), fabricados por
moldagem por sopro. Para este último, foi ainda desenvolvido o projecto completo do
sistema incluindo as infra-estruturas de suporte e integração na linha de produção
bem como o projecto eléctrico e pneumático.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
2
Figura 1 – Cúpula de aerossol
Figura 2 – Frasco de plástico branco opaco
1.1 Inspecção de cúpulas de aerossóis
A inspecção de cúpulas de aerossóis surge da necessidade de controlar
determinadas características da cúpula e classificá-la como produto conforme ou não
conforme, isto é, realizar o controlo de qualidade.
Um dos objectivos do estudo supracitado é permitir o contacto efectivo com
componentes de visão que possibilitará o desenvolvimento e aquisição de
competências na área de visão de forma a, posteriormente, se desenvolver um
sistema completo para inspecção de embalagens plásticas.
O processo de fabrico deste componente do aerossol passa por sucessivas
prensagens de uma folha de chapa até ficar com a forma observada na Figura 3.
Além das prensagens, existe um mecanismo para aplicação de borracha na orla
interior da cúpula.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
3
Figura 3 – Borracha na orla interior da cúpula
Em relação aos objectivos específicos, pretende-se analisar as seguintes
características:
• Falhas no rebordo superior da cúpula (folha/rebordo fendido);
• Falta de borracha na orla interior da cúpula.
De referir ainda que a linha de produção que fabrica este tipo de componentes
têm uma cadência de produção até 320 peças por minuto; isto faz com que surja um
objectivo latente que é o de a aplicação a desenvolver não poder ultrapassar os 180
milissegundos de tempo de execução.
1.2 Inspecção de embalagens de plástico
O sistema a desenvolver para esta aplicação vai envolver não só a aplicação
em visão industrial mas também o projecto eléctrico, o projecto pneumático e o
projecto da estrutura de suporte de equipamentos e integração com uma linha de
produção padrão, dentro do contexto e especificações dadas pela empresa envolvida.
O sistema deve classificar as embalagens como produto conforme ou não
conforme através de grandezas bem definidas e dentro de certos limites que poderão
ser configurados pelo operador através de uma interface integrada com o sistema de
inspecção.
As propriedades e características a inspeccionar são:
• Excesso ou falta de material no gargalo;
• Inclinação do gargalo;
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
4
• Pontos na superfície visível da embalagem (material não pertencente à
embalagem);
• Circularidade do gargalo.
Na Figura 4 pode-se observar alguns exemplos típicos de não conformidades a
detectar em embalagens.
Figura 4 – Exemplos de não conformidades a detectar
Pretende-se também que o sistema tenha como output um ficheiro ASCII
(ficheiro de texto) onde será guardada informação sobre a produção, tal como a
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
5
contagem de embalagens produzidas (conformes e não conformes) e a data e hora
da detecção de embalagens não conformes.
Sempre que não se verificarem os critérios de conformidade definidos para uma
embalagem será desencadeado um procedimento de rejeição que a expulsará da
linha de produção.
1.2.1 Características do processo
A solução a implementar deve ter por base o que indústria procura, sendo
essencial que o sistema seja suficientemente versátil para implementar em linhas de
produção padrão de unidades fabris. Neste contexto, efectuou-se uma visita a uma
instalação onde se fabrica embalagens plásticas do tipo das que se pretende
inspeccionar, verificando-se que a produção obedece ao seguinte procedimento:
• São produzidas duas embalagens de cada vez, uma por molde.
• Como as embalagens são produzidas em dois moldes diferentes seguem
caminhos diferentes. Uma percorre um tapete com cerca de 15 metros
de comprimento e a outra desloca-se noutro tapete de menor
comprimento;
• A determinada altura, as duas embalagens juntam-se no mesmo tapete
(com cerca de 5 metros de comprimento) onde é efectuado um teste de
estanquicidade;
• Como o processo é sequencial e ordenado, a distância entre as duas
embalagens é sempre a mesma, aproximadamente, 10 centímetros.
Entre o par formado e um novo par, a distância é de cinquenta
centímetros (Figura 5);
• A cadência de produção é de quarenta embalagens por minuto;
• As embalagens são moldadas por sopro;
• No final do tapete, um operador verifica se a embalagem está conforme
e efectua, manualmente, o embalamento para as caixas.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
6
Figura 5 – Distâncias entre embalagens
De referir ainda que a iluminação do local é variável, podendo ser artificial ou
natural. Isto, apesar de não ser um aspecto associado à produção da embalagem em
si é um parâmetro que influencia o sistema de visão e, portanto, deve ser tido em
consideração.
1.2.2 Soluções existentes no mercado
Antes de se avançar para uma solução procurou-se no mercado sistemas de
visão que permitem extrair propriedades de embalagens plásticas e classifica-las
tendo em consideração essas propriedades e os intervalos de valores que elas
podem tomar, ou seja, um sistema que faculte resolver o problema em estudo.
Apesar de algumas empresas apresentarem como produtos soluções para a
detecção de não conformidades em embalagens plásticas, a informação
disponibilizada é muito pouca. No entanto, foi encontrado um sistema de visão da
empresa Intravis GmbH em que é apresentado a sua implementação física (Figura 6)
mas nunca divulgados pormenores sobre o tipo de equipamento de visão utilizado e
muito menos aspectos relacionados com soluções específicas para determinadas não
conformidades [1].
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
7
Figura 6 – Sistema de Visão para detecção de não co nformidades em embalagens plásticas [1]
O sistema, segundo a empresa, permite:
• Performance até seis embalagens por segundo;
• Detectar pontos pretos;
• Verificar a circularidade do gargalo;
• Verificar se o gargalo têm excesso ou falta de material;
• Verificar características geométricas do gargalo [1].
1.3 Sistema de visão industrial
Um sistema de visão industrial é destinado, geralmente, para o controlo de
qualidade permitindo realizar a inspecção de 100% das peças sempre com o mesmo
critério. Isto é vantajoso, no sentido em que, numa linha de produção, a inspecção de
100% das peças por um operador é uma tarefa que geralmente não é possível de
realizar, seja pela cadência da linha, seja pelo custo de se ter um operador
continuamente a realizar essa inspecção. Além disso, é natural que o operador tenha
uma avaliação subjectiva do que considera um produto conforme ou não conforme,
ao longo do tempo. A monotonia da tarefa, o cansaço e os diferentes operadores,
estão entre os factores que podem afectar a avaliação das características da
embalagem. Ainda como vantagens da visão industrial podem-se mencionar os
seguintes pontos:
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
8
Redução de custos de não qualidade:
• Prevenção de retorno de lotes com produtos não conformes;
• Redução dos custos associados ao atendimento das reclamações de
mercado;
• Detecção imediata de desvios de processo e consequente eliminação
dos custos com perda de material;
Redução dos riscos para a marca da empresa:
• Eliminação do risco de falha humana;
• Protecção da marca e preservação da imagem de alta qualidade da
empresa;
• Demonstração, para os clientes, de forte compromisso com a qualidade;
Redução do custo operacional de inspecção:
• Eliminação dos custos atribuídos à inspecção não automatizada [2].
Os sistemas de visão trabalham sobre os pixels (“Picture Element”) da imagem,
extraindo características que permitem definir o que está dentro de determinados
parâmetros e daí tirar conclusões. O processo de amostragem de uma imagem
define-se por uma amostragem espacial, o que implica um número limitado (finito) de
pixels nas duas dimensões (Figura 7). Numa imagem, a amostragem de amplitude e
intensidade em cada ponto (pixel) é representada por um número que traduz os
níveis de cinzento (intensidade luminosa global) ou, no caso de uma imagem a cores,
cada ponto é representado por mais do que um número, normalmente, três ou quatro
(por exemplo, o sistema RGB: vermelho, verde e azul).
Figura 7 – Composição de uma imagem [3]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
9
Uma imagem pode ser definida como uma função z=f(x,y) em que z representa
a intensidade e x,y a localização do ponto (linha, coluna). Sabendo que a imagem é
organizada por colunas e linhas é possível representá-la por uma matriz de dimensão
NxM (Figura 8).
Figura 8 – Representação de uma imagem através de u ma matriz
Quando se fala na unidade de medida resolução de uma imagem, por exemplo,
uma câmara com uma resolução de 640 x 480 significa que a imagem possui 640
pixels em cada linha, sendo constituída por 480 linhas, ou seja, uma matriz de
640x480 [4].
1.3.1 Componentes de um sistema de visão industrial
Um sistema típico de visão industrial (Figura 9) é constituído por vários
componentes:
• Unidade de processamento que pode conter dispositivos de entrada e
saída para actuações em elementos mecânicos, framegrabber e o
software de visão;
• Câmaras;
• Iluminação;
• Sensores;
• Monitor;
• Actuadores para rejeição ou selecção de peças.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
10
Figura 9 – Sistema típico de visão industrial
1.3.1.1 Unidade de processamento
A unidade de processamento contempla vários módulos, um computador
“tradicional”, entradas e saídas para permitir a interacção com o processo,
framegrabber para aquisição de imagens através das câmaras (caso estas não sejam
câmaras Firewire, ou Gigabit Ethernet, ou o sistema não suporte estes formatos de
comunicação) e um software de visão de forma processar os dados recebidos da(s)
câmara(s).
O computador/software é responsável pelo pré-processamento e
processamento de dados recebidos dos vários componentes do sistema. Depois de
tratados os dados são tomadas decisões em concordância com as especificações e,
caso necessário, actuar no processo através das entradas e saídas [5]. De notar que,
caso se utilizem câmaras inteligentes, a unidade de processamento torna-se
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
11
desnecessária pois todo o trabalho é realizado pelas próprias câmaras, tendo
inclusive entradas e saídas para permitir a interacção com o processo.
O framegrabber é utilizado para converter imagens de vídeo para um formato
digital. Além disto, o dispositivo contém ainda outras funcionalidades como, por
exemplo, a compensação de fracas condições de iluminação. Este dispositivo pode
ser dispensado caso se utilizem câmaras Firewire, Gigabit Ethernet ou USB.
A comunicação por Firewire, também designada como norma IEEE 1394,
oferece comunicações de alta velocidade e é utilizada em computadores pessoais e
aparelhos digitais de vídeo e de áudio. Esta tecnologia tornou-se um padrão para
consumidores e profissionais depois de amplamente adoptada por fabricantes de
periféricos digitais [6].
Actualmente existem duas versões: 1394a e 1394b. O padrão “a” utiliza cabo de
cobre e atinge taxas de transferência até 400 Mbits/s, enquanto que o padrão “b”
atinge taxas até 3200 Mbits/s. A blindagem utilizada permite elevadas velocidades de
transferência deste protocolo de comunicação sem perda de dados.
A comunicação Firewire permite maiores velocidades em comparação com a
ligação USB sendo, por isso, a mais indicada entre os dois tipos de comunicação
para aplicações de visão industrial [5].
A comunicação por Gigabit Ethernet (Figura 10) materializa-se por cabo UTP
(par trançado) padrão Cat5 e permite comunicar com taxas de transferência até 1
Gigabit por segundo (1.000 Mbps).
Figura 10 – Conector GigaE [7]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
12
Na Figura 11 pode-se observar um quadro resumo com as características dos
tipos de comunicação abordados.
Figura 11 – Características dos distintos sistemas de transmissão digital de imagem [7]
1.3.1.2 Câmaras
A câmara, cujo nome deriva do latim camara obscura ("câmara escura”), é um
dispositivo que converte energia luminosa em eléctrica e que captura imagens
(fotografias) ou sequência de imagens (vídeo).
De modo geral, o princípio de funcionamento baseia-se numa caixa preta com
um orifício por onde é captada a imagem. Por essa abertura entram os raios do
espectro visual ou outras partes de espectro electromagnético [8].
Uma câmara digitaliza directamente a luz original reflectida pelo objecto,
decompondo imediatamente esse padrão de luz numa série de valores de pixels [9].
A aquisição de imagem, materializa-se, então, por meios electrónicos, podendo-
se utilizar um sensor CCD (charge coupled device) ou um sensor CMOS
(complementary metal oxide semiconductor).
Num sensor CCD, a imagem é projectada num “array” de condensadores que
constituem a região fotoactiva do sensor. Assim, cada condensador acumula a carga
eléctrica proporcional à intensidade da luz recebida. Um “array” unidimensional,
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
13
usado em scans lineares, permite capturar apenas uma linha da imagem, enquanto
que um “array” bidimensional permite capturar a totalidade da imagem ou apenas
uma porção rectangular.
Após a exposição dos condensadores à imagem a capturar, o circuito de
controlo faz com que cada condensador transfira o seu conteúdo para o condensador
vizinho. O último condensador do “array” transfere a sua carga para um amplificador
que converte a carga eléctrica em voltagem. O circuito de controlo converte o
conteúdo de todos os condensadores do “array” para uma sequência de tensões que
é processada e armazenada sobre a forma de uma imagem [10].
Outro componente importante neste processo é o obturador, dispositivo
mecânico que abre e fecha controlando, assim, o tempo de exposição à luz do
sensor. O seu accionamento acontece quando a câmara recebe instruções para
iniciar a aquisição de imagem [11].
A quantidade de tempo que o obturador leva para abrir e fechar determina o
tempo de passagem da luz que vai actuar no CCD para formar a imagem. Um tempo
de exposição menor significa menor luz absorvida no interior da máquina, logo é
necessária uma maior abertura do diafragma para se obter uma exposição correcta
(Figura 12) [12].
Figura 12 – Imagem obtida com diferentes tempos de exposição [12]
A dimensão do sensor, em geral, é medida em polegadas (uma convenção que
remonta aos tempos das câmaras tubulares). Por exemplo, um sensor de formato 1”
significa que este pode ser colocado no interior de um tubo com diâmetro interior de
1” e que a sua diagonal mede 16mm (relação 3:4 entre as dimensões do sensor)
(Figura 13).
Figura 13 – Dimensões do sensor CCD [13]
Os sensores podem ser classificados quanto às suas dimensões em vários
formatos, tal como se mostra na Figura 14.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
14
Figura 14 – Exemplos de classificação de sensores q uanto às suas dimensões [14]
Relativamente aos sensores CMOS, e abordando de uma forma geral, são
fabricados por processos semelhantes ao de microprocessadores, no qual se utilizam
dois tipos de transístores MOSFET. Nestes sensores, os foto-díodos estão
directamente acoplados a resistências permitindo uma transformação contínua da
quantidade de luz recebida para um sinal eléctrico proporcional.
1.3.1.3 Ópticas
As ópticas permitem transmitir a luz ao sensor da câmara de uma forma
controlada e, assim, obter uma imagem focada de um ou vários objectos. Incorporam
um sistema de regulação da abertura, o diafragma em íris, que permite ajustar a
quantidade de luz que se pretende deixar entrar para o sensor
Um sistema óptico numa câmara pode ser constituído por uma lente ou por uma
montagem de lentes, sendo os dois parâmetros principais a abertura máxima e a
distância focal. A abertura máxima limita a intensidade de luz da imagem e a
velocidade máxima à qual o obturador pode trabalhar. A abertura determina também
a profundidade de campo (distância à frente e atrás do plano de focagem para a qual
os objectos aparentam estar focados) [15]. De referir que, regra geral, a profundidade
de campo e a abertura variam inversamente um com o outro.
A distância focal, fisicamente é designada pela distância entre o centro óptico
de uma lente e os seus pontos de foco (Figura 15) [16].
Figura 15 – Distancia focal [16]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
15
Para escolher qual a objectiva a utilizar para uma dada aplicação, deve-se ter
em consideração os seguintes parâmetros:
• Dimensão do sensor da câmara;
• Distância do objecto;
• Campo de visão (Field of Vision - representa a área visível que o sensor
capta do objecto, ou seja, a região do objecto que preenche e sensibiliza
a área do sensor).
Uma vez conhecidos estes parâmetros, a equação (1) relaciona e permite
calcular a objectiva a utilizar:
����â���� ���� = �����ℎ� �� ������ � ����â���� �� ������ℎ������ �� ���ã� (��)
(1)
1.3.1.4 Fornecedores/software
Existem vários fornecedores de equipamento de visão e de software, sendo os
mais comuns os seguintes:
• Omron Corporation
• National Instruments Corporation
• NeuroCheck GmbH
• Dalsa Corporation
Omron Corporation
A Omron Corporation comercializa sistemas de visão no formato de sensores,
como por exemplo, o modelo ZFV. São sistemas compactos que incluem o sistema
óptico e a iluminação num único bloco (Figura 16).
Possibilitam um ajuste intuitivo e visualização imediata da imagem através do
visor LCD incorporado. O conceito do sistema é “Apontar-Ensinar-Ir” (Target-Teach-
Go), ou seja, o seu funcionamento baseia-se na comparação entre uma
imagem/objecto alvo (produto conforme) e a imagem/objecto actual na linha de
produção.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
16
Existe ainda a possibilidade de através de um software de configuração, o
Vision Composer Net, utilizado a partir de um computador central, configurar um ou
vários sistemas de visão ligados em rede [17].
Figura 16 – Sistema de visão da Omron [17]
National Instruments Corporation - Vision Builder A I 2009
A National Intruments Corporation disponibiliza o software Vision Builder AI
2009 (Figura 17) que apresenta um ambiente gráfico no qual é possível escolher o
tipo de algoritmos de visão a utilizar para inspecção automática. Permite também o
controlo de dispositivos I/O (Input/Output) digitais e a comunicação através da porta
série ou de uma ligação de rede com outros dispositivos tais como os PLC’s
(programmable logic controller).
A National Instruments Corporation fornece ainda sistemas completos de visão,
framegrabbers e câmaras para utilizar com a aplicação [18].
Figura 17 – Software Vision Builder AI 2009 [18]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
17
NeuroCheck GmbH – Industrial Vision Systems
A empresa NeuroCheck GmbH disponibiliza um software de visão
(NeuroCheck) que permite a utilização de algoritmos de visão para inspecção
automática através de uma interface gráfica (Figura 18).
Um programa em Neurocheck consiste numa estrutura hierárquica de várias
acções que são executadas de forma sequencial.
O fabricante disponibiliza ainda outros equipamentos para implementar
sistemas de visão, tais como: câmaras de captura digital [19].
Figura 18 – Ambiente de Trabalho NeuroCheck [19]
Dalsa Corpotation
O fabricante Dalsa Corporation disponibiliza, por sua vez, o software de visão
Sherlock concebido para facilitar o desenvolvimento de aplicações de visão para
inspecção automática (Figura 19).
O software permite efectuar várias acções, das quais se destacam:
• Organizar graficamente a estratégia de visão industrial;
• Experimentar, de forma interactiva, todas as funções da biblioteca;
• Confirmar o rendimento do sistema desenhado;
• Parametrizar algoritmos de visão;
• Iniciar e ler os sinais das entradas e saídas;
• Configurar as aplicações a partir de um ambiente "point-and-click"
admitindo que o utilizador não tenha conhecimentos prévios de
programação;
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
18
• Utilizar até cinco algoritmos de processamento de imagem por região de
interesse;
• Criar ferramentas, fórmulas, subrotinas e eventos de entrada/saída de
forma gráfica,
• Criar relatórios que se podem enviar para diversos destinos;
• Conexão simples com outras aplicações industriais, tanto a nível de
hardware como de software.
Entre outras aplicações, este software é, usualmente, utilizado na verificação de
montagens, calibração, detecção de imperfeições, presença/ausência, OCV
(verificação óptica de caracteres), condução de Robôs, códigos de barras e OCR
(reconhecimento óptico de caracteres).
Figura 19 – Aspecto do ambiente de trabalho do soft ware Sherlock 7.1.3.0
O fabricante apresenta também soluções de hardware para a implementação de
sistemas de visão como é o caso dos sistemas integrados (por exemplo VA61 e
GEVA) de câmaras (GENIE M1400).
Disponibiliza ainda o software iNspect, que em comparação com o Sherlock é
mais limitado em termos de funções e, por isso, utilizado em aplicações que não
requerem algoritmos complexos de visão.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
19
1.3.1.5 Iluminação
A iluminação é uma das variáveis mais importantes de um sistema de visão, e
influencia de forma indubitável a qualidade da imagem obtida. Uma correcta escolha
do tipo iluminação permite realçar características, e desta forma diminuir o trabalho
necessário ao nível de algoritmos de visão a utilizar. Na Figura 20 pode-se observar o
resultado da utilização de diferentes técnicas de iluminação no mesmo objecto, e de
onde se conclui que dependendo do padrão de características a observar a escolha
por um determinado tipo de iluminação pode facilitar posteriormente a programação
da componente de visão industrial.
Figura 20 – Resultados da utilização de diferentes técnicas de iluminação [20]
Actualmente, existem no mercado sistemas de iluminação baseados em
iluminação por LED’s, lâmpadas halogéneas, laser, fibra óptica e fluorescente
(normalmente de alta frequência).
Um parâmetro fundamental da iluminação é a técnica de iluminação
(metodologias para aplicação da luz sobre uma cena) que quando seleccionada
correctamente permite simplificar a extracção de propriedades. Entre as técnicas
principais e, portanto, mais utilizadas, destacam-se:
• Directa ou frontal;
• Iluminação difusa (não directa);
• Retro-iluminação (backlight);
• Luz estruturada.
Iluminação directa ou frontal
Esta técnica é utilizada em aplicações onde o resultado obtido atinge desde
logo as especificações e, por conseguinte, não é necessário utilizar nenhuma das
técnicas mais elaboradas.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
20
A técnica, como o próprio nome indica, consiste em fazer incidir directamente
raios de luz no objecto (Figura 21).
Figura 21 – Sistema de iluminação frontal [14]
Iluminação difusa
A iluminação difusa é uma técnica em que a luz incidente no objecto é
proveniente de diferentes direcções com a finalidade de eliminar sombras e reflexos
(Figura 22). É utilizada em objectos com características superficiais menos evidentes
ou suaves. Pode também ser utilizada em objectos cilíndricos (embalagens) de forma
a obter uma iluminação uniforme em toda a superfície cilíndrica, ou seja, evitar que
existam zonas com maior incidência de iluminação.
Figura 22 – Iluminação difusa [21]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
21
Retro-iluminação ( backlight )
A retro-iluminação (Figura 23) permite obter imagens binárias onde só a
geometria dos objectos tem interesse, ou seja, existe uma clara definição do que é
objecto e do que é fundo.
Figura 23 – Retro-iluminação [22]
Luz estruturada
A luz estruturada é uma técnica de iluminação em que são projectados pontos,
linhas ou grelhas com um determinado ângulo na superfície de trabalho (sobre a cena
ou objectos) com o objectivo de, posteriormente, se obter uma percepção
tridimensional do objecto (Figura 24). Pode ser obtida utilizando diferentes fontes de
luz, sendo a mais utilizada a proveniente de um feixe de laser.
Por exemplo, através do padrão linear é possível determinar variações
dimensionais do objecto sabendo o ângulo da linha de luz e observando distorções
da linha do feixe.
Figura 24 – Luz estruturada [23]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
22
Em suma, o conhecimento das diferentes técnicas de iluminação permite ter
uma percepção geral do resultado final, não sendo, no entanto, uma regra absoluta,
pois nem sempre se obtêm o teoricamente previsto com a aplicação da técnica
escolhida.
A opção por um tipo de iluminação para um sistema de visão carece, portanto,
da realização de testes para a aplicação a desenvolver. Posteriormente, a
observação dos resultados obtidos irá permitir a escolha definitiva por um
determinado tipo de iluminação.
Na Tabela 1 é apresentado um resumo dos diferentes tipos de iluminação e
que, possivelmente, melhores resultados terão em alguns tipos de aplicações.
Tabela 1 (Iluminações sugeridas para vários tipos d e aplicações) [21]
Aplicação Tipo de objecto a inspeccionar
Iluminação sugerida
Redução de especulações Objectos brilhantes Iluminação difusa frontal ou lateral
Iluminação uniforme Qualquer tipo de objectos Iluminação difusa frontal, ou axial
Realce de defeitos de superfície Objectos planos (2D) Iluminação direccional simples, Iluminação estruturada
Realce de textura de objectos com sombra
Qualquer tipo de objectos Iluminação direccional ou Iluminação estruturada
Redução de sombras Objectos com irregularidades 3D
Iluminação difusa frontal, axial, ou em anel circular.
Realce de defeitos de objectos Objectos transparentes Retro iluminação
Contornos do objecto Qualquer tipo de objecto Retro iluminação
Perfil de objectos 3-D Objectos com irregularidades
Luz estruturada
23
Capítulo 2
Solução de inspecção de cúpulas
Da necessidade de uma empresa da área realizar o controlo de qualidade da
sua produção e num contexto de testar algumas técnicas relacionadas com a visão
industrial realizou-se uma aplicação em visão para inspecção de não conformidades
em cúpulas de aerossóis (Figura 25). Estas peças, como já referido anteriormente
são produzidas a uma cadência de 300 por minuto, podendo chegar a um máximo de
320 (aproximadamente 5.3 peças por segundo, ou seja, 190 milissegundos por peça).
Figura 25 – Cúpula de aerossol
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
24
As não conformidades a detectar através da utilização de um sistema de visão
são:
• Falhas no rebordo superior da cúpula, folha/rebordo fendido (Figura 26);
Figura 26 – Falha no rebordo superior da cúpula, cú pula conforme e não conforme, respectivamente
• Falta de borracha na parte interior da cúpula (Figura 27).
Figura 27 – Falta de borracha na parte interior da cúpula, cúpula conforme e não conforme respectivamente
2.1 Ambiente de trabalho
O equipamento utilizado para a realização desta aplicação em visão foi o
sistema integrado de visão VA41 da Dalsa (Figura 28), que inclui o software Sherlock
7.1.3.0, a câmara CVA1 da JAY e um sistema de iluminação difusa (Figura 29).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
25
Figura 28 – Sistema integrado de visão VA41
Figura 29 – Câmara JAY CVA1 e sistema de iluminação difusa
2.2 Detecção de falta de borracha na parte interior da cúpula.
A primeira não conformidade a detectar é a falta de borracha na parte interior
da cúpula. O programa desenvolvido em Sherlock começa por binarizar a imagem
(estabelecendo um limiar de nível de cinzento, tudo o que estiver acima fica preto e
abaixo fica branco). Depois, através do furo central da peça é realizado um
alinhamento de uma ROI (região de interesse) anelar para a zona da borracha e é
aplicada, novamente, uma binarização, mas só nessa região. Finalmente, compara-
se na ROI anelar, a área total da(s) zona(s) branca(s) (correspondentes a zonas
sem borracha) com um limiar de área em pixels. Caso a área total da(s) zona(s)
branca(s) seja menor que o limiar, o produto tem borracha suficiente e, portanto, está
conforme. Se a área total da(s) zona(s) branca(s) for maior que o limiar é porque não
existe borracha suficiente e, por conseguinte, o produto é não conforme. O resultado
é guardado numa variável e é aceso um LED (disponível como um dos outputs do
sistema integrado de visão) caso o produto seja não conforme (Figura 30).
Controlo de Qualidade de Em
Figura 30 – Diagrama de fluxo para detecção de falta de borrach a
Na Figura 31 pode-
através da câmara CVA1
executar a aplicação desenvolvida
uma cúpula com borracha e outra sem borracha.
Figura 31 – Da esquerda para a direita, peça com borracha e sem borracha respectivamente
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
26
Diagrama de fluxo para detecção de falta de borrach a
-se observar imagens monocromáticas de
através da câmara CVA1 sem qualquer tipo de processamento, ou seja, ainda sem
executar a aplicação desenvolvida. São apresentados dois casos típicos de cúpulas,
com borracha e outra sem borracha.
Da esquerda para a direita, peça com borracha e sem borracha respectivamente
usando Visão Industrial
de cúpulas obtidas
, ou seja, ainda sem
is casos típicos de cúpulas,
Da esquerda para a direita, peça com borracha e sem borracha respectivamente
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
27
Ao executar o programa observa-se que na zona de análise (ROI anelar)
existem duas “cores”: preto que corresponde à borracha e branco que corresponde a
zonas sem borracha (Figura 32).
Figura 32 – Da esquerda para a direita: peça com bo rracha, zona a preto, peça sem
borracha, zona a branco, peça com algumas partes se m borracha, zonas a branco
Na Figura 33 é possível observar um exemplo do aspecto do ambiente de
trabalho da aplicação onde se vê o processamento da imagem e o resultado da
variável que informa se o produto é conforme ou não conforme. É ainda visível o
tempo de execução, constatando-se que é de cerca de 120 milissegundos, portanto,
inferior ao máximo permitido - 190 milissegundos (tempo no qual é fabricada uma
peça).
Figura 33 – Aspecto do ambiente de trabalho, result ado para produto conforme
Controlo de Qualidade de Em
2.3 Falhas no rebordo superior da cúpula, folha/rebordo fendido
O programa desenvolvido para esta não
igual ao anterior, começa por binarizar a imagem passando de níveis de cinzento
para preto e branco. Através do furo central da peça é realizado um alinhamento de
uma ROI anelar, neste caso,
Na Figura 34 pode
processamento, antes da execução da aplicação
Figura 34 – Da esquerda para a direita, peça conforme e não con forme respectivamente
A decisão de se é uma peça conforme ou não
transições de branco para preto
circunferência, colocada por cima da ROI anelar e que
o trabalho da binarização já realizada
circular significa que existe uma falha no rebordo
conformidade. A Figura 35
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
28
Falhas no rebordo superior da cúpula, folha/rebordo fendido
O programa desenvolvido para esta não conformidade na sua parte
, começa por binarizar a imagem passando de níveis de cinzento
Através do furo central da peça é realizado um alinhamento de
, neste caso, para a zona do rebordo da cúpula.
pode-se observar as imagens sem qualquer tipo de
, antes da execução da aplicação.
Da esquerda para a direita, peça conforme e não con forme respectivamente
A decisão de se é uma peça conforme ou não conforme passa por procurar
transições de branco para preto, utilizando uma nova ROI definida por uma
olocada por cima da ROI anelar e que utiliza o mesmo alinhamento e
ação já realizada. Uma transição de branco para preto na ROI
existe uma falha no rebordo, tratando-se, assim
35 mostra o diagrama de fluxo para aplicação em causa
usando Visão Industrial
Falhas no rebordo superior da cúpula, folha/rebordo fendido
sua parte inicial é
, começa por binarizar a imagem passando de níveis de cinzento
Através do furo central da peça é realizado um alinhamento de
se observar as imagens sem qualquer tipo de
Da esquerda para a direita, peça conforme e não con forme respectivamente
conforme passa por procurar
utilizando uma nova ROI definida por uma
utiliza o mesmo alinhamento e
transição de branco para preto na ROI
assim de uma não
diagrama de fluxo para aplicação em causa.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
29
Figura 35 – Diagrama de fluxo para detecção de falh as no rebordo
O aspecto do processamento da imagem pode-se observar na Figura 36, em
que é possível verificar que no rebordo na zona da falha os pixels tomam o valor 0
(preto).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
30
Figura 36 – Da esquerda para a direita, peça confor me e não conforme respectivamente
Depois de obtido o resultado do processamento da imagem, pode-se guardar
a decisão numa variável e/ou actuar mecanicamente na linha de produção através
das saídas do sistema.
Na Figura 37 observa-se o aspecto do ambiente de trabalho em Sherlock, onde
também é possível verificar que o tempo de execução da aplicação circunscreve-se
no intervalo de 174 a 178 milissegundos, portanto, abaixo do limite máximo exigível
para o processo (190 milissegundos).
Figura 37 – Aspecto do ambiente de trabalho
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
31
2.4 Conclusões
Foram testadas 30 peças das quais 5 tinham falta de borracha e 3 rebordo
fendido. Na Tabela 2 pode-se observar os resultados finais da aplicação onde se
constata que houve 100% de detecções de peças não conformes.
Tabela 2 (Resultados do ensaio) Nº de
Peças analisadas
Nº de não conformes
Percentagem Detecções
Falsos Positivos
1ª Não Conformidade (borracha)
30 5 100% 0%
2ª Não Conformidade (Rebordo)
30 3 100% 0%
Um outro objectivo a atingir era desenvolver uma aplicação com um tempo de
execução inferior a 180 milissegundos, algo que se verificou como verdadeiro nos
ensaios anteriores. De notar que ainda se poderia baixar mais o tempo de execução,
utilizando computadores com maior capacidade de processamento ou diminuindo o
tempo de aquisição de imagem, através de câmaras com maior velocidade de
captura.
Constata-se que, utilizando a técnica de iluminação adequada, o ataque e
resolução do problema tornou-se simples, utilizando apenas um pré-processamento
(binarização), limite de área (em pixels) e passagem de zona branca para preta,
conseguiu-se classificar as peças como conformes ou não conformes correctamente.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
33
Capítulo 3
Proposta para o sistema de
inspecção de embalagens de
plástico
As soluções a implementar na inspecção de embalagens de plástico, como já
referido, devem ter em conta o que a indústria pretende, sendo essencial que o
sistema seja suficientemente robusto para implementar em linhas de produção de
unidades fabris. O processo começa pela moldagem por sopro de duas embalagens
em simultâneo, que depois de processadas percorrem dois tapetes diferentes até
chegarem a um comum. No final deste tapete de transporte é realizado o
embalamento e inspecção por um operador. De referir que, os 2 metros finais de
tapete estão livres, vislumbrando-se um local para implementar uma solução
integrada de visão.
Considerando o exposto, deve-se desenvolver uma solução que se adapte a
linha de produção. As soluções genéricas que se podem propor são:
• Utilizar um manipulador para pegar na embalagem que segue no tapete
e transporta-la até uma “caixa negra” onde se colocará o sistema de
visão.
• Utilizar só uma “caixa negra” onde se colocará o sistema de visão.
A primeira solução consistiria em utilizar um manipulador para pegar na
embalagem que segue no tapete, e transporta-la até uma “caixa negra” onde se teria
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
34
condições de iluminação controladas, e se realizaria a inspecção da embalagem. A
inspecção utilizaria duas câmaras, uma no próprio manipulador que captaria a
embalagem “vista de cima”, e a outra captaria parte do corpo da embalagem, sendo a
percepção total do corpo conseguida através da rotação que manipulador iria impor à
embalagem (Figura 38).
O manipulador caso o resultado da inspecção seja um produto conforme
acondiciona o produto final segundo as normas de embalamento, ou, no caso de o
resultado ser um produto não conforme, coloca a embalagem num contentor para
peças não conformes retirando-a do processo.
Esta solução surge, no essencial, da necessidade de automatizar
completamente o processo de produção de embalagens, isto é, ao incluir um
manipular o que se pretende na realidade é retirar todo o trabalho feito manualmente
pelo operador. Ora, se o sistema de visão efectua o controlo de qualidade e o
manipular embala o produto (além das tarefas de apoio ao sistema de visão) atinge-
se a situação em que o operador deixará de efectuar qualquer tipo de tarefa de
interferência directa na linha de produção.
Figura 38 – Sistema que utiliza manipulador e “caix a negra”
A segunda solução concebida consistiria também numa “caixa negra” que teria
condições de iluminação controladas mas sem recurso ao manipulador. A caixa seria
equipada com câmaras, sendo uma colocada no topo e as restantes distribuídas num
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
35
plano horizontal. Um tapete de transporte passaria por dentro da caixa levando a
embalagem para o seu interior onde será actuado o sistema de visão (Figura 39).
Figura 39 – Sistema para detecção de não conformida des em embalagens plásticas
A escolha da solução a implementar teve em consideração essencialmente dois
aspectos, contacto com uma indústria da área e o factor económico.
A nível económico as duas soluções são díspares, já que a utilização de um
manipulador implica um investimento muito maior do que uma solução só com caixa.
A utilização do manipulador apresenta como ponto distintivo o facto de ser uma
solução completa, isto é, além da componente de visão (controlo de qualidade) tem a
componente de embalamento do produto final.
A solução com caixa por sua vez tem a vantagem de ser uma solução “não
invasiva”, isto é, todo o sistema pode ser montado e colocado a funcionar sem ser
necessária qualquer alteração à linha de produção, inclusivamente a montagem do
sistema não implica a paragem da linha de produção. De notar também que, outra
grande vantagem desta solução é que, mais tarde, ela poderá eventualmente evoluir
para a solução do manipulador mais caixa sem ser necessário alterações de fundo.
Aparentemente a solução que poderá obter maior aceitação na indústria é a
solução só com caixa pois é uma solução que, tal como referido, é não invasiva. Isso
mesmo confirmou-se através de reuniões efectuadas com uma empresa local que
produz este tipo de embalagens e em que foi mostrado um maior interesse nessa
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
36
solução. Considerando os pontos positivos e o feedback da empresa desenvolver-se-
á a solução só com caixa.
Relembrando, define-se como uma estrutura em que o tapete transportador
passará por dentro de uma “caixa negra”, onde estão colocadas várias câmaras e um
sistema de iluminação associada a cada uma delas. Irá contemplar dois actuadores
pneumáticos, um na entrada para controlar a passagem de embalagens para a caixa
e um na saída para, se necessário, retirar do processo as embalagens não
conformes. Quatro das câmaras estarão dispostas horizontalmente com um ângulo
de 90º entre si (Figura 40) para captar imagens de toda a superfície da embalagem,
corpo da embalagem e gargalo.
Figura 40 – Distribuição das câmaras
Cada uma destas câmaras captará parte um ponto de vista da embalagem e
será sobre essa parte que se irá aplicar diferentes pré-processamentos e algoritmos
de visão. Será ainda associado a cada câmara um sistema de iluminação que irá
possibilitar iluminar de forma uniforme a superfície correspondente ao campo de
visão de cada câmara.
Pretende-se com estas câmaras dispostas horizontalmente inspeccionar a parte
lateral da embalagem (Figura 41) nos seguintes aspectos:
• Pontos pretos;
• Inclinação do gargalo;
• Excesso/falta de material no gargalo;
Controlo de Qualidade de Em
Figura 41 – Parte de embalagem vista lateralmente
De notar que, com três câmaras dispostas horizontalmente com um ângulo de
120º entre si, tinha-se
embalagem mas, de forma a permitir alguma redundância
milímetros por pixel, optou
Uma quinta câmara permite captar ima
(Figura 42) e terá, também associad
Figura 42 – Localização da câmara que capta imagens da embalage m “vista de cima”
Com esta câmara pretende
da embalagem relativamente aos parâmetros
• Circularidade do gargalo
• Material no interior da embalagem
Na Figura 43 pode-se observar uma imagem tipo captada pela câmara.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
37
embalagem vista lateralmente
que, com três câmaras dispostas horizontalmente com um ângulo de
também capacidade para captar toda a superfície
e forma a permitir alguma redundância e uma maior relação
optou-se por utilizar quatro câmaras.
quinta câmara permite captar imagens da embalagem vista de cima
também associado, um sistema de iluminação.
Localização da câmara que capta imagens da embalage m “vista de cima”
pretende-se inspeccionar as não conformidades do
relativamente aos parâmetros:
Circularidade do gargalo
Material no interior da embalagem
se observar uma imagem tipo captada pela câmara.
usando Visão Industrial
que, com três câmaras dispostas horizontalmente com um ângulo de
capacidade para captar toda a superfície da
e uma maior relação de
gens da embalagem vista de cima
Localização da câmara que capta imagens da embalage m “vista de cima”
as não conformidades do gargalo
se observar uma imagem tipo captada pela câmara.
Controlo de Qualidade de Em
Figura 43 – E mbalagem “vista de cima”
Por último, haverá uma porta que possibilita
negra”, e ainda, uma plataforma desimpedida na parte inferior da estrutura onde será
colocado o quadro eléctrico.
3.1 Sistema de visão para inspecção de embalagens plásticas
O projecto de visão é a infra
de determinados parâmetros as embalagens
(conformes ou não conforme). O sistema
imagem e recolhimento de car
observados os vários sistemas/softwares de visão a escolha recaiu sobre o software
Sherlock 7.1.3.0 do fabricante Dalsa. Esta decisão deve
preliminares em que foi possível concluir q
resultados fiáveis e também porque na zona de Aveiro existe um distribuidor Dalsa
que possibilita a realização desses mesmo
conseguinte testes com equipamento preparado para
Um aspecto a antever
• A primeira captura
mais próximas
• A segunda captura utilizará
Este facto deve-se a interferência que a iluminação poderia causar no caso de
captura simultânea de imagem em todas as câmaras.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
38
mbalagem “vista de cima”
averá uma porta que possibilitará o acesso ao interior da “caixa
uma plataforma desimpedida na parte inferior da estrutura onde será
colocado o quadro eléctrico.
para inspecção de embalagens plásticas
O projecto de visão é a infra-estrutura que terá como missão classificar
determinados parâmetros as embalagens relativamente a sua qualidade
mes ou não conforme). O sistema assenta no princípio
de características usando algoritmos específicos.
observados os vários sistemas/softwares de visão a escolha recaiu sobre o software
Sherlock 7.1.3.0 do fabricante Dalsa. Esta decisão deve-se a
preliminares em que foi possível concluir que através deste software garantia
também porque na zona de Aveiro existe um distribuidor Dalsa
que possibilita a realização desses mesmos testes com material do fornecedor e por
eguinte testes com equipamento preparado para utilizar em ambiente industrial
antever, é que se irá ter dois momentos de captura de imagem:
A primeira captura de imagens utilizará duas câmaras horizontais (as
mais próximas da entrada do sistema) e a câmara colocada no topo;
captura utilizará as restantes câmaras horizontais.
se a interferência que a iluminação poderia causar no caso de
captura simultânea de imagem em todas as câmaras.
usando Visão Industrial
o acesso ao interior da “caixa
uma plataforma desimpedida na parte inferior da estrutura onde será
para inspecção de embalagens plásticas
estrutura que terá como missão classificar através
a sua qualidade
de extracção de
acterísticas usando algoritmos específicos. Depois de
observados os vários sistemas/softwares de visão a escolha recaiu sobre o software
se a alguns ensaios
ue através deste software garantia-se
também porque na zona de Aveiro existe um distribuidor Dalsa
testes com material do fornecedor e por
utilizar em ambiente industrial.
s momentos de captura de imagem:
utilizará duas câmaras horizontais (as
e a câmara colocada no topo;
tantes câmaras horizontais.
se a interferência que a iluminação poderia causar no caso de
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
39
3.1.1 Sistema Integrado
Tendo-se definido o software existem duas possibilidades para implementar o
sistema; utilizar um computador convencional com placas de aquisição de imagem
(framegrabber) e uma carta de entradas e de saídas; ou utilizar um sistema integrado
do fabricante Dalsa.
A utilização de um computador convencional com placas de aquisição de
imagem e uma carta de entradas e de saídas é economicamente mais desvantajoso
em comparação com o sistema integrado pois é necessário ainda adquirir hardware e
software necessário para a aplicação, e que já vem implementado no sistema
integrado, além de que implica a utilização de mais espaço.
O sistema integrado, por sua vez, é uma solução especialmente criada para
trabalhar em ambiente industrial, compacto e robusto. Com o software e respectivas
licenças de aquisição de imagem já instalados, torna-se economicamente mais
atractiva que computador convencional, como já referido.
A escolha do modelo em concreto do sistema levou em conta o facto de ter-se
que utilizar cinco câmaras de resolução considerável e, portanto, o sistema terá que
obrigatoriamente ter capacidade de processamento suficiente para lidar com isso. O
modelo que permite atingir estas especificações é o sistema integrado VA61 (Figura
44).
Figura 44 – Sistema integrado VA61 [24]
O equipamento possui uma carta de entradas e de saídas (8 entradas e 8
saídas) que permite interacção com o ambiente de trabalho em conjunto com
sensores. Para a aplicação em causa, permite fazer a sincronização das câmaras
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
40
com o software e enviar sinais de controlo para as electro-válvulas e para os relés
(controlo da iluminação).
Para comunicações, o equipamento possui várias opções que incluem
comunicação por RS-232, USB e por Ethernet (Figura 45).
Figura 45 – Painel traseiro VA61 [24]
Adicionalmente, o equipamento traz dois softwares de análise pré-instalados, o
Sherlock 7.1.3.0 e o iNspec. O primeiro é utilizado para aplicações mais complexas,
enquanto que, o segundo é utilizado para aplicações menos exigentes, quer a nível
de algoritmos de visão quer a nível de interacção com o ambiente de trabalho.
3.1.2 Câmaras
A escolha das câmaras obedece a dois factores: a identificação do pior caso
para detecção e cálculos para o mesmo, e o modo como são transmitidos os dados.
Neste último ponto, sabendo que o sistema integrado tem entradas para duas
câmaras analógicas e duas por Gigabit Ethernet uma solução viável passará sempre
por utilizar cinco câmaras iguais Gigabit Ethernet, e através de um switch fazer a
interface para o sistema integrado. De notar que as câmaras têm que ser iguais pois
o software Sherlock não permite utilizar câmaras diferentes. Isto porque, para
configurar as câmaras tem que se recorrer a um aplicativo do Sherlock que gera um
ficheiro de texto com os respectivos parâmetros de configuração da câmara. A
localização deste ficheiro deverá ser indicada no Sherlock, permitindo que ao iniciar
consiga carregar toda a informação contido ficheiro de configuração. Como o
Sherlock apenas consegue carregar um único ficheiro de configuração de cada vez é
obrigatório que as câmaras sejam todas iguais para que sejam suportadas pelo
mesmo ficheiro de configuração.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
41
A não conformidade mais exigente, e aquela em que é necessária maior
resolução das câmaras, diz respeito aos pontos pretos na embalagem. Sabendo que
as embalagens podem ter como dimensões 62mm de diâmetro e 157mm de altura ou
57mm de diâmetro e 170mm de altura tem que se dimensionar as câmaras para
analisar o maior diâmetro e a maior altura, ou seja, os cálculos terão que ser feitos
para o diâmetro 62mm e a altura 170mm.
Utilizando a equação (2) para uma câmara com resolução de 1360 x 1024 e
colocando o CCD de forma ao largura da embalagem (diâmetro) corresponder a
resolução 1024 e a altura a 1360, a resolução em milímetros/pixel:
����çã� ��/����� = ����������� (��)������çã�
(2)
����çã� ��/����� = ����������� (��)������çã� = 62
1024 = 0.06 ��/�����
����çã� ��/����� = ����������� (��)������çã� = 170
1360 = 0.125 ��/�����
Uma boa técnica de visão é ter no mínimo 5 pixels para tomar uma decisão
sobre uma determinada propriedade, sendo o ideal ter cerca de 10 pixels. Sabendo
que os pontos pretos no pior dos caso tem 1mm2 de área pode-se concluir que a
resolução 1360x1024 garante no mínimo 8 pixels (1mm/0.125mm/pixel) para tomar
uma decisão. Na realidade como os pontos pretos nunca serão apenas uma linha
vertical, ter-se-á sempre mais de 8 pixels no pior caso.
A câmara de topo terá também uma resolução de 1360x1024 e irá analisar uma
circunferência, no pior dos casos, de 62mm de diâmetro. Portanto, se a situação a
analisar é mais favorável que anterior, pode-se concluir que esta câmara também
permite atingir os objectivos de detecção de pontos pretos (pior caso). Contendo na
resolução 1024 o diâmetro total da embalagem (62mm) a relação mm/pixel obtêm-se
utilizando equação (2):
����çã� ��/����� = ����������� (��)������çã� = 62
1024 = 0.06 ��/�����
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
42
Por último, será necessário processar uma imagem no mínimo a cada 3
segundos sendo que, normalmente, as câmaras de visão para a indústria atingem
valores muito superiores.
Tendo em consideração a utilização das câmaras no sistema integrado VA61 e
a recomendação feita pelo próprio fabricante as câmaras Genie M1400 de 15fps
(frames per second) e uma resolução de 1360x1024 serão uma escolha que
permitem atingir os objectivos (Figura 46) [25].
Figura 46 – Câmara Genie M1400-1/2” [25]
3.1.3 Ópticas
A escolha das ópticas a utilizar na aplicação deriva do afastamento da câmara
relativamente ao objecto e do tamanho do campo visual.
No caso das câmaras colocadas na horizontal sabe-se que o campo visual terá
que ser no mínimo de 170mm (altura máxima da embalagem) e no caso da câmara
de topo 62mm (diâmetro máximo da embalagem).
Quanto ao afastamento das câmaras, deve-se ter em consideração que deverá
ser o mínimo possível de forma a tornar a solução compacta. As distâncias propostas
entre as câmaras e a embalagem, consideradas ajustadas a dimensão da estrutura,
serão para as horizontais de 500mm e para a de topo 250mm.
Através da equação (1) pode-se chegar as distâncias focais:
��������� ���� = 6.4 ∗ 500170 = 18.8��
��������� ���� = 6.4 ∗ 25062 = 25.8��
A escolha recai para ópticas manuais de alta resolução sendo que se optou por
ópticas com distâncias focais de 25mm. Este valor é proposto considerando o cálculo
realizado anteriormente e ajustando para valores normalizados.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
43
3.1.4 Iluminação
Umas das principais características a influenciar a escolha da iluminação é o
facto de as embalagens serem cilíndricas, logo, deverá garantir-se que a superfície
da embalagem tenha a mesma incidência de iluminação. Após alguns testes, o tipo
de iluminação que melhores resultados demonstrou foi a barra de leds difusora; no
entanto, para se assegurar uma imagem com a superfície da embalagem iluminada
de forma uniforme junto de cada câmara horizontal, incluir-se-ão duas barras de leds
difusoras. A iluminação destas duas barras de leds irá incidir na região da
embalagem que a câmara capta promovendo nesse espaço uma iluminação o mais
uniforme possível e, portanto, resultados mais fiáveis.
Figura 47 - Disposição da iluminação
Para a câmara de topo, pretende-se que na análise do gargalo não se tenha
sombras, permitindo assim extrair o máximo de características. A iluminação que
possibilita a eliminação de sombras e reflexos, bem como a majoração de
características superficiais menos evidentes, é do tipo difusa, em concreto a técnica
DOMO.
A técnica DOMO consiste na utilização de uma semiesfera em que a sua
superfície interior é reflectora. Para esta superfície será projecta luz que depois será
novamente projectada para o objecto a iluminar de forma difusa, ou seja, oriunda de
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
44
todas as direcções fazendo com que se elimine sombras no objecto. No topo da
semiesfera existe uma abertura que permite à câmara captar imagens (Figura 48).
Figura 48 – Iluminação Difusa DOMO [26]
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
45
Capítulo 4
Estrutura física de suporte do
sistema de inspecção
Globalmente, o sistema contemplará apoios para as câmaras, para as
iluminações, para os sensores fotoeléctricos e para os actuadores. Deverá ter ainda
local para o quadro eléctrico, bem como uma porta para facilitar o acesso aos
componentes que serão instalados dentro da caixa.
Utilizou-se, sempre que possível, componentes standard de forma a facilitar
quer a montagem quer a aquisição dos mesmos. A utilização de componentes
standard permite ainda obter componentes com um custo inferior comparando com
os feitos “à medida”.
Para a estrutura base (Figura 49) utilizou-se perfil de alumínio de 45x45mm,
suficiente para suportar todo o equipamento a instalar, para os apoios das câmaras
foram utilizados perfis de 20x20mm e para as iluminações perfis de 30x30mm.
A caixa terá como dimensões gerais 1390x1600x1200 (Comprimento x altura x
profundidade).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
46
Figura 49 – Estrutura base do sistema
4.1 Apoios para Câmaras
Para os apoios das câmaras colocadas horizontalmente (Figura 50) é utilizado
perfil de 20x20mm, porque a exigência a nível mecânico é pequena. Em condições
normais o único esforço exigível ao apoio é o peso de uma câmara para aplicações
industriais, que usualmente ronda os 150g.
Figura 50 – Apoio da câmara em perfil de alumínio 2 0x20
Foi necessário ainda projectar dois apoios (Anexo 1) para montar as câmaras
no perfil. São necessários dois apoios diferentes porque estando as câmaras na
horizontal, dispostas de 90º entre si, e apontando para o mesmo ponto, tem-se que
ter um apoio para as câmaras nos ângulos 0º e 180º e outro para as câmaras nos
ângulos 90º e 270º.
A montagem das câmaras na estrutura base pode ser observada na Figura 51.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
47
Figura 51 – Disposição das câmaras na estrutura
Para a câmara colocada no topo foi projectado também um apoio para fixar a
câmara no perfil. O apoio e a montagem na estrutura podem ser observados na
Figura 52.
Figura 52 – Apoio e montagem da câmara colocada no topo
4.2 Apoios para Iluminação
Na iluminação sabe-se que cada câmara colocada horizontalmente terá duas
barras de LEDS difusoras como iluminação, logo, a montagem terá que ser diferente
(Figura 53) de forma a não colocar a iluminação no campo de visão das câmaras.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
48
Figura 53 – Montagem de perfil 30x30 para apoios da iluminação
O perfil utilizado neste caso é de 30x30, porque a barra de leds já tem um peso
considerável (aproximadamente 1Kg) e também por isso a fixação já não acontece
num só ponto (Figura 54), mas sim em dois de forma a tornar mais rígida a fixação.
Figura 54 – Montagem da iluminação na estrutura
De notar que os apoios que fixam as barras de Leds ao perfil (Anexo 2)
permitem orientar a iluminação e assim procurar a configuração que melhores
resultados apresente.
Para a iluminação de topo, que será iluminação Domo, foi utilizado perfil 45x45
e foram também projectados dois apoios (Anexo 3) que permitem posicionar a
iluminação na configuração que proporcionar melhores resultados. Este
posicionamento pode ser realizado quer ao longo da barra central quer na sua
perpendicular através dos referidos apoios (Figura 55).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
49
Figura 55 – Montagem da iluminação Domo na estrutur a
4.3 Apoio para sensores
Para fazer o trigger das câmaras (sinal dado para captura de imagem) vão ser
utilizados dois sensores fotoeléctricos, e respectivos reflectores, colocados no interior
da caixa. É utilizado perfil 20x20 e foi projectado um apoio (Anexo 3) para permitir a
ligação entre o perfil e o reflector e o ajuste da posição (Figura 56).
Figura 56 – Suporte para reflectores
Os reflectores são fixados directamente no perfil 20x20, enquanto que, os
sensores e reflectores e a sua estrutura de suporte são fixadas à estrutura na base
central da caixa (Figura 57).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
50
Figura 57 – Montagem dos suportes para sensores fot oeléctricos e reflectores na estrutura
4.4 Apoio para actuadores pneumáticos
Como há dois actuadores pneumáticos são necessários dois suportes para
eles; além disto, com os actuadores pneumáticos são necessários dois sensores
fotoeléctricos que conjuntamente com outras condições de programação definem se
os actuadores serão ou não actuados. Para os suportes utilizou-se perfil de 45x45mm
e foi projectado um apoio (Anexo 5) para fixar o actuador à estrutura (Figura 58).
Figura 58 – Suporte para o actuador pneumático
Na Figura 59 pode-se observar a montagem dos suportes na estrutura; de notar
que é também montado um suporte no lado oposto ao do actuador onde irá ser
colocado o reflector do sensor fotoeléctrico. O sensor fotoeléctrico é colocado junto
ao actuador e é fixo directamente no perfil.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
51
Figura 59 – Montagem dos suportes dos actuadores na estrutura
4.5 Porta
A montagem da porta (Figura 60) tem dois aspectos relevantes a mencionar: no
perfil exterior é colocado uma borracha de forma a garantir que nenhuma luz exterior
entra na “caixa negra” (Anexo 6); e o fecho é concluído por um íman fixo na estrutura
Figura 60 – Montagem da Porta na estrutura
4.6 Montagem completa da estrutura
Para completar a estrutura faltam ainda as bases e as laterais, que serão
fixadas aos perfis e serão também de alumínio. Caso o teste real do equipamento
mostrasse que as “paredes” da caixa reflectissem demasiado a luz proveniente da
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
52
iluminação e isso interferisse negativamente na qualidade das imagens, a solução a
adaptar seria utilizar um revestimento de um material não reflector. Usualmente nas
aplicações de visão esse material é a alcatifa preta.
No projecto tentou-se, sempre que possível, que as posições dos
componentes/suportes na estrutura fossem ajustáveis de forma a possibilitar em fase
de testes adaptações que permitam a obtenção de melhores resultados. Resumindo,
os componentes da montagem são:
• Estrutura base
• Apoios para câmaras
• Apoios para iluminações
• Apoios para sensores
• Apoios para actuadores pneumáticos
Na Figura 61 pode-se observar o aspecto final da montagem (Anexo 7) com todos os
componentes.
Figura 61 – Montagem completa
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
53
Capítulo 5
Automação e quadro eléctrico
Até ao momento foi abordada a parte de componentes de visão industrial do
sistema e estrutura física de suporte, no entanto, para automatizamo-lo é necessário
proceder a implementação de outros componentes. Se por um lado, são
indispensáveis os sensores e componentes pneumáticos para promover uma ligação
do sistema de visão com a linha de produção, por outro não deve ser descurado a
componente eléctrica do sistema (protecção e fontes de alimentação). Nos próximos
pontos serão desenvolvidos aspectos relacionados com os componentes
pneumáticos, componentes eléctricos e sensores.
5.1 Componentes Pneumáticos
O sistema precisa de dois actuadores pneumáticos de dupla acção, um na
entrada da caixa e outro na saída. Na entrada do sistema é necessário controlar o
fluxo de entrada de embalagens, para garantir que não se terá uma embalagem
imediatamente a seguir à outra (embalagens encostadas). A consequência de se ter
embalagens encostadas é o facto de que as câmaras nesse caso captarem uma
imagem com duas embalagens, sendo que uma parte da embalagem iria ficar
“ocultada” e por conseguinte não seria possível de analisar (Figura 62).
Na saída, o actuador pneumático é necessário para retirar do processo
embalagens não conformes (kicker).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
54
Figura 62 – Embalagens encostadas
A pressão dos actuadores deverá ser consideravelmente baixa porque a força
que se irá exigir é também baixa. As embalagens de plástico pesam cerca de 100
gramas e sendo este o único esforço exigido a pressão de trabalho poderá ser entre
os 2 e 6 bar.
Para a actuação necessita-se de duas electro-válvulas 5/2 vias mono-estáveis
(Figura 63) com retorno mecânico. Quando actuadas as electro-válvulas fazem
avançar os respectivos cilindros, retirado o sinal de actuação recuam pelo efeito de
uma mola e, por conseguinte, fazem recuar os cilindros associados a elas.
Por fim, necessita-se ainda de um regulador de pressão para colocar a
montante dos actuadores de forma a controlar a sua pressão de funcionamento
(Anexo 8).
Figura 63 – Símbolo pneumático de Electro-válvula 5 /2 vias mono-estável
5.2 Sensores fotoeléctricos
Os sensores fotoeléctricos têm como função transmitir informações ao sistema
integrado sobre o estado do processo possibilitando a execução de acções
específicas. Ter-se-á um sensor colocado na entrada do sistema, ainda fora da “caixa
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
55
negra”, de forma a comandar o actuador pneumático da entrada. O sensor é colocado
a jusante do actuador para que quando detectar uma embalagem ela já tenha
ultrapassado a zona de trabalho do actuador. O principio de funcionamento
pretendido é que o sensor após detectar uma embalagem envie um sinal para o
software e este após receber esse sinal envie um outro sinal, durante um
determinado período de tempo, para a electro-válvula que comanda o actuador de
entrada fazendo-o avançar e retendo dessa forma a embalagem que vem a
imediatamente a seguir a que o sensor detectou. Desta forma, controla-se o fluxo de
entrada de embalagens no caixa negra e evita-se o risco de se ter câmaras a captar
imagens onde apareçam duas embalagens. De notar que as embalagens nunca vêm
“coladas” umas às outras; de facto, em metade dos casos o actuador nem irá reter
nenhuma embalagem, no entanto, nos restantes casos este procedimento é
necessário.
O segundo sensor é colocado para detectar embalagens dentro da caixa e
servirá para fazer o trigger de três câmaras (duas horizontais e a de topo) bem como
controlar a iluminação associada a estas câmaras.
O terceiro sensor é colocado também dentro da “caixa negra” e servirá para
fazer o trigger das duas câmaras restantes e controlar a iluminação associadas a
elas.
Por fim, o ultimo sensor colocado já fora da “caixa negra” (na saída) irá permitir
que embalagens não conformes sejam retiradas da linha de produção. Quando o
sensor detecta uma embalagem, o programa em Sherlock, que previamente analisou
essa embalagem, verifica se é um produto não conforme: se for é enviado um sinal
para a electro-válvula que faz avançar o actuador da saída expulsando a embalagem
da linha de produção.
Os sensores deveram ser de três fios, dois para alimentação e um para o sinal,
e do tipo sensor-reflector.
5.3 Quadro eléctrico/Componentes eléctricos
O sistema deve ainda incluir o quadro eléctrico que será composto por dois
tipos de componentes eléctricos, protecção de pessoas e bens e fontes de
alimentação para os diversos equipamentos.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
56
O quadro eléctrico ficará localizado na parte inferior da estrutura, conforme
ilustrado na Figura 64.
Figura 64 – Localização do quadro eléctrico
Depois de seleccionados os componentes, foi elaborado o projecto eléctrico
para o sistema (Anexo 9) que permite deixar um registo documentado numa
linguagem comum a técnicos de electricidade. O documento foi produzido com
recurso ao software Eplan Electric P8.
A selecção dos componentes eléctricos deriva de dois tipos de especificações:
• Voltagens e consumos eléctricos;
• Protecção de pessoas e equipamentos.
As tensões de funcionamento dos equipamentos estabelecem o tipo de fontes
de alimentação. A tensão de alimentação das câmaras é de 12V e a tensão dos
sensores, sistema integrado, iluminação, electro-válvulas e relés é de 24V (Tabela 3).
Tabela 3 (Características eléctricas dos componente s a utilizar) Componentes
Câmaras Sistema integrado
Iluminação DOMO
Iluminação barra de
LEDs
Sensores fotoeléctricos
Electro válvula
Relé
Tensão (V) 12 24 24 24 24 24 24
Potência (W)
4 60 14 18 0,4 1,8 5,52
Corrente (A)
0,333 2,5 0,58 0,75 0,016 0,075 0,23
Quantidade 5 1 1 4 2 2 2
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
57
Sabendo quais os componentes a utilizar e as suas características eléctricas
pode-se dimensionar e escolher o equipamento que irá constituir o circuito de
protecção. O consumo estimado é de aproximadamente 185W, dividido pelas
voltagens de 12 e 24 Volt.
A tensão de funcionamento das câmaras, como já referido é, de 12 V e sabendo
que o sistema irá utilizar 5 câmaras com uma potencia de 4W cada pode-se chegar a
corrente necessária a fornecer através da equação (3):
+ = , ∗ - (3)
⟺ - = 2012 ⟺ - = 1.67 /
Por sua vez, a 24V ter-se-á a funcionar os sensores, o sistema integrado, a
iluminação, as electro-válvulas e os relés que perfazem um total de potência
consumida de 162W. Calculando a corrente utilizando a equação (3):
- = 16224 ⟺ - = 6.75 /
A partir do conhecimento das características dos material a utilizar no sistema
(Tabela 3) e das correntes envolvidas pode-se dimensionar os componentes de
protecção do circuito bem como as fontes de alimentação e os relés.
5.3.1 Protecção
Para o accionamento do sistema será colocado um seccionador de 3 pólos mais
neutro pois a tensão numa fábrica é normalmente distribuída por três fases, contudo
depois do seccionador será apenas utilizada uma fase e neutro (230V).
Para protecção propriamente dita seleccionou-se contra curto-circuitos um
interruptor diferencial com sensibilidade de 300 mA (suficiente para garantir a
protecção de pessoas) e corrente de 24A, para sobrecargas seleccionou-se
disjuntores DPN de 20A. Esta selecção de correntes de corte para sobrecargas
acontece por se estar a dimensionar com alguma margem de forma a permitir
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
58
upgrades futuros no sistema (entenda-se mais componentes e por consequência
mais consumo de energia).
5.3.2 Fontes de alimentação
As fontes de alimentação, atendendo as características mencionadas, terão que
ser duas: de 24V e 12V, sendo as potencia necessárias no mínimo de 162 W e 20W
respectivamente (potências determinadas pela soma de consumos dos respectivos
componentes).
Outro aspecto importante é que as fontes serão colocadas no armário eléctrico
e portanto devem ser próprias para colocar em calhas.
5.3.3 Relés
A utilização de relés deve-se ao facto de se querer controlar os momentos em
que a iluminação está ligada. Como já referido, ter-se-ão dois momentos de captura
de imagem, precisamente porque se pretende que as iluminações das câmaras
horizontais não interfiram entre si. Isto é, se as câmaras capturassem imagem todas
ao mesmo tempo, certamente estando as 8 barras de LEDs em funcionamento iria
existir interferência da iluminação entre câmaras opostas. Utilizando relés e
capturando a imagens em dois momentos diferentes pode-se controlar a iluminação
ligando ou desligando conforme for útil.
Serão necessários 2 relés, um para controlar a iluminação correspondente às
câmaras da primeira captura de imagens (duas horizontais e uma de topo) e o
segundo para controlar a iluminação que corresponde a captura de imagens das
restantes duas câmaras horizontais. Terão que ser relés em que a tensão de
accionamento da bobina seja de 24V pois as saídas do sistema integrado VA61 são
de 24V e são estas que irão controlar o respectivo accionamento. Os contactos
devem ser normalmente abertos e só será necessário utilizar um contacto em cada
relé devendo, no entanto, suportar passagem de corrente superior á 2.1A
(correspondente à soma das correntes de duas barra de LEDs e da iluminação
DOMO).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
59
Capítulo 6
Software e Programação
O software utilizado, como já referido, é o Sherlock 7.1.3.0 cujo a programação
é do tipo gráfica, isto é, os objectos estão previamente definidos e organizados em
várias janelas por tipo de função competindo ao programador deslocar os objectos
para a estrutura do programa e definir as suas características.
A aplicação elaborada executará de forma sequencial, sendo subdividida em
vários módulos/subrotinas que são chamadas no programa principal, uma, ou varias
vezes. O processamento das imagens é realizado através de regiões de interesse
(ROI) que podem ser fixas, ficando sempre na mesma posição em todas as imagens,
ou dinâmicas, posicionando-se dinamicamente em cada imagem através de um
alinhamento por referência (por exemplo pontos específicos associados a
características da imagem). Na ROI será possível aplicar pré-processadores e
algoritmos.
Outra das características do software é que as imagens podem ser carregadas
como ficheiros ou através de aquisição directa. No programa pode-se ainda fazer a
leitura de sinais externos e gerar sinais para interagir com outros equipamentos.
Todas as variáveis geradas quer pela aplicação dos algoritmos quer as criadas
pelo programador são do tipo global e podem ser utilizadas em qualquer parte da
aplicação.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
60
6.1 Aplicação
A aplicação em Sherlock gere todo o processo/dinâmica do sistema e terá
também uma forte interacção com o utilizador. Esta necessidade de interacção
advém de especificações da própria indústria, isto é, a produção e o próprio controlo
de qualidade tem diferentes parâmetros associados a si e que variam conforme o
cliente em causa; assim sendo, o operador deverá ter a possibilidade de os
configurar. Estes diferentes parâmetros podem variar desde diferentes tipos de
embalagem (dimensão) a diferentes restrições no controlo de qualidade (por vezes o
que é uma não conformidade para um cliente não o é para outro). A parametrização
destas características será realizada através de pedidos específicos ao operador.
Como output, a aplicação gerará dois ficheiros no formato ASCII (ficheiro .txt) e
decidirá um sinal de controlo que pode actuar uma electro-válvula. Os ficheiros de
texto permitem um registo de parâmetros da produção podendo depois estes dados
ser utilizados, por exemplo, para um registo estatístico da produção. Num dos
ficheiros é registada a produção global: o número e tipo de embalagens produzidas,
quantas são não conformes, e a data da produção; no outro ficheiro são registadas as
datas e horas em que se encontraram embalagens não conformes na produção e tipo
de não conformidade. A actuação da electro-válvula define a posição do actuador
pneumático que retira, ou não, a embalagem da linha de produção.
6.2 Rotina Principal ( Main )
A rotina principal (Main) está organizada em várias subrotinas que vão sendo
chamadas ao longo da execução conforme sejam necessárias (Figura 65).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
61
Figura 65 – Função principal ( Main ) da aplicação
A aplicação começa por mostrar ao operador uma caixa de diálogo em que é
pedido o seu nome, sendo este passo executado apenas uma vez, quando a
aplicação é iniciada, em todos os outros casos é ignorado. Quando o operador
colocar a aplicação em modo contínuo (Figura 66) é pedido uma serie de parâmetros
relativos à inspecção a realizar, este passo só é realizado na primeira execução após
o início de modo contínuo. Estes dois primeiros passos não são mais que a recolha
de informação necessária ao funcionamento da aplicação, sendo que posteriormente,
entenda-se em ciclo automático de inspecção, não irão ser executados.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
62
Figura 66 – Botão de modo contínuo
Após a parametrização inicial e com conhecimento do tipo de embalagem
(especificada pelo operador), o software foi programado para alinhar as ROIs
conforme o tipo de embalagem a inspecionar. Após alinhadas as ROIs, a aplicação
avança para a inspecção propriamente dita.
De notar que a inspecção está também dependente da recolha de imagens
(lateral e topo da embalagem) e portanto só avançará depois de realizado o trigger
(trigger 1 e trigger 2), ou seja, após os sensores ligados às entradas para esse efeito
da unidade de processamento VA61 darem o sinal de comando para câmara efectuar
a aquisição de imagem.
Poderão ser efectuadas quatro inspecções de forma sequencial com a seguinte
ordem: pontos pretos, excesso ou falta de material no gargalo, inclinação do gargalo
e circularidade do gargalo; A realização de cada uma em específico está dependente
da parametrização que o operador efectivou ou, no caso das últimas três, da não
detecção de uma não conformidade na inspecção precedente.
No caso de detecção de não conformidade é activado um sinal de controlo para
uma electro-válvula e escrito num ficheiro de texto a informação sobre a não
conformidade (tipo, valor padrão e valor decorrente da inspecção). O fluxograma
apresentado na Figura 67 descreve de uma forma genérica o funcionamento da
aplicação.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
63
Figura 67 – Fluxograma geral da aplicação
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
64
6.3 Subrotinas
A estrutura do programa, como já referido, traduz-se por uma rotina principal
(Main) que vai chamando subrotinas conforme forem necessárias. Além disso, é
possível definir subrotinas que executem em determinados momentos, como por
exemplo, no final de um ciclo contínuo.
Na aplicação em causa logo que a aplicação é carregada é executada a
subrotina “Nome do operador” que tem como função mostrar uma caixa de diálogo ao
operador pedindo-lhe o seu nome e, naturalmente, guardar essa informação.
A subrotina “Colocar cabeçalho geral ficheiro texto1” também executa após
carregada a aplicação e tem como função definir uma variável que comandará a
colação do cabeçalho no ficheiro de texto que guarda a informação global da
produção. Estas duas subrotinas estão definidas para executar apenas quando a
aplicação é carregada no Sherlock e não serão chamadas em nenhuma outra
situação.
A subrotina “Parametrização ou modo contínuo” por sua vez é executada
quando é carregada a aplicação mas também no final de uma execução continua.
Tem como função definir uma variável que por sua vez irá decretar se o programa
deve entrar em modo contínuo de inspecção ou se o próximo passo seja mostrar ao
operador, sequencialmente, varias caixas de diálogo que permitem a definição de
parâmetros do processo de inspecção.
A subrotina “Ficheiro de texto 1” é executada sempre que um ciclo contínuo seja
interrompido e tem como função gerar um ficheiro ASCII com informação acerca da
produção global desse ciclo contínuo.
As restantes subrotinas a apresentar são chamadas na rotina principal (Main)
se ocorridos determinados pressupostos. A subrotina “Parametrização (Operador) ”
tem como função mostrar, sequencialmente, várias caixas de diálogo ao operador de
forma a este especificar determinadas características da inspecção. As subrotinas
“Detecção de pontos pretos”, “Excesso de Material”, “Inclinação do Gargalo” e
“Circularidade do gargalo” tem como função inspeccionar características da
embalagem e caracteriza-las como produto conforme ou não conforme.
Por fim, a subrotina “Ficheiro de texto”, chamada sempre que ocorre uma não
conformidade, tem como função gerar um ficheiro ASCII com informação sobre as
embalagens não conformes (por exemplo, informação do tipo de não conformidade).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
65
6.3.1 Subrotina “Nome do operador”
Ao iniciar o Sherlock com a aplicação na primeira interacção com o operador é
pedido que insira o seu nome numa janela para o efeito (Figura 68). A função
utilizada para proceder a esta acção pertence ao conjunto de funções de sistema e é
denominada Input Box em que os parâmetros inseridos são guardados no formato
String. Posteriormente, o nome do operador será utilizado nos ficheiros de texto de
forma a identificar quem estava responsável pela produção na altura da recolha dos
dados.
Figura 68 – Inicio da execução da aplicação
A subrotina é executada apenas quando é carregada a aplicação no Sherlock
pois supõe-se que o operador que iniciar a aplicação seja o mesmo durante toda a
produção diária; caso não o seja, terá que se iniciar a aplicação novamente para o
novo operador introduzir o seu nome.
A execução de subrotinas pode ser configurada segundo alguns parâmetros, e
um deles é precisamente definir que a subrotina é chamada apenas quando se
carrega a aplicação que é, de facto, o que se pretende (Figura 69).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
66
Figura 69 – Opções para chamada de subrotina
6.3.2 Subrotina “Parametrização ou modo contínuo”
Esta subrotina define como verdadeira uma variável booleana, que por sua vez
irá decretar que o próximo passo a executar seja pedir ao operador um conjunto de
especificações relativas ao controlo de qualidade. Depois de inseridos os parâmetros,
se estes forem valores válidos, a variável booleana será colocada a falso e a
aplicação entrará em modo contínuo sem voltar ao pedido de especificações.
Esta subrotina será chamada em três situações:
• Quando é carregada a aplicação.
• Antes de uma execução contínua da aplicação.
• Se o operador introduziu dados inválidos.
A colocação da variável no valor true quando é carregada a aplicação e antes
de uma execução contínua acontece para que se por alguma razão o operador parou
ou fechou a aplicação quando voltar a iniciar seja pedido, novamente, o conjunto de
especificações e desta forma garantir que se irá efectivamente analisar aquilo que o
operador pretende e não dados de anteriores execuções (Figura 70).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
67
Figura 70 – Subrotina Parametrização ou modo contín uo
6.3.3 Subrotina “Parametrização (Operador) ”
É a subrotina que contêm a programação necessária para a interacção com o
operador e onde são guardados os valores ou opções por ele inseridos.
A execução desta subrotina está associada à variável booleana da subrotina
Parametrização ou modo contínuo, ou seja, só é executada caso a variável seja
verdadeira.
Nesta subrotina são utilizadas dois tipos de janelas de diálogo (Figura 71), uma
solicita ao operador um valor ou letra para determinada especificação e guarda-o
numa String, a outra solicita uma resposta do tipo sim/não que devolve uma variável
do tipo numérico específico para o tipo de resposta (no caso de sim devolve o
numero 6 no caso não devolve o numero 7).
Figura 71 – Tipos de caixa de diálogo; De cima para baixo tipo inclusão da resposta e tipo sim/não, respectivamente
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
68
A execução desta subrotina inicia com a solicitação ao operador para
especificar o tipo de embalagem a inspeccionar (dimensões da embalagem), para
posteriormente ajustar as ROI’s ao tipo de embalagem.
Depois de especificado o tipo de embalagem é solicitado para especificar as
propriedades a inspeccionar através caixas de diálogo do tipo sim/não, relembrando:
detectar pontos pretos, detectar inclinação do gargalo, inspeccionar a circularidade do
gargalo e detectar excesso ou falta de material no gargalo. Para as três primeiras é
ainda solicitado a área mínima a partir da qual os pontos pretos devem ser
detectados, a percentagem máxima de inclinação do gargalo e a percentagem
máxima de deformação na circularidade do gargalo. Depois de inseridos esses
valores são guardados numa variável tipo String e posteriormente convertidos para
variáveis numéricas.
Por fim, se os valores inseridos não corresponderem a opções válidas é gerada
uma mensagem de erro e é novamente colocada a true a variável associada à
execução desta subrotina. Assim serão novamente apresentadas as opções ao
operador permitindo-lhe introduzir opções válidas (Figura 72).
Figura 72 – Subrotina Parametrização (Operador)
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
69
6.3.4 Subrotina “Ficheiro de texto”
Esta subrotina é executada sempre que é detectada uma embalagem não
conforme e utiliza funções do tipo I/O File que permitem a manipulação de ficheiros
(na aplicação em causa no formato ASCII). A subrotina inicia com a abertura do
ficheiro numa localização específica (ou caso ainda não exista faz a sua criação) e,
posteriormente, adiciona informação ao mesmo (Figura 73).
Figura 73 – Subrotina Ficheiro de texto
A informação a adicionar provém de variáveis obtidas no processamento e
resultado de algoritmos de visão, de dados inseridos pelo operador e de dados do
próprio sistema. Os dados concretos a adicionar no ficheiro serão:
• Data e hora da não conformidade;
• Tipo de embalagem;
• Tipo de não conformidade;
• Caso seja umas das não conformidades em que se definiu área ou
percentagem adiciona-se o valor inserido pelo operador e o valor do
resultado da não conformidade obtido (Figura 74).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
70
Figura 74 – Exemplo de ficheiro de texto gerado
6.3.5 Subrotina “Ficheiro de texto 1”
Esta subrotina ao contrário da anterior só executa no final de uma investigação
contínua. A função desta subrotina é recolher um registo da produção total dessa
investigação, logo só tem interesse executa-la efectivamente no final da investigação
(Figura 75).
Figura 75 – Subrotina Ficheiro de texto 1
A subrotina recolhe dados previamente obtidos de diferentes fontes de
informação (inseridos pelo próprio operador, do sistema e resultados do
processamento da imagem).
Utiliza funções do tipo I/O File para criar ou adicionar informação a um ficheiro
ASCII (Figura 76).
Figura 76 – Exemplo de ficheiro gerado pela subroti na ficheiro texto 1
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
71
6.3.6 Subrotina “detecção de pontos pretos”
A subrotina para detectar pontos pretos no corpo da embalagem é executada se
o operador definir na fase de parametrização que pretende analisar a embalagem
para esse tipo de não conformidade. É uma subrotina em que se irá analisar imagens
recolhidas da embalagem vista lateralmente.
Para esta subrotina convêm mencionar um ponto prévio: sendo a embalagem
cilíndrica existirá zonas com menor incidência de luz, mesmo utilizando uma
iluminação adequada que minimize esse aspecto não é possível elimina-lo
totalmente.
Na subrotina são definidas várias ROIs com o intuito de aplicar o pré-
processamento de binarização a cada uma delas. Cada um destes pré-
processamentos, associados a diferentes ROIs, terá parâmetros diferentes
precisamente para eliminar o facto de haver zonas mais “escuras” na embalagem
cilíndrica. A consequência de, hipoteticamente, utilizar uma única ROI em toda a
imagem é que se teria de aplicar o mesmo limiar de binarização que iria conduzir a
um resultado sem utilidade para o efeito pretendido. Resumindo, a utilização de
várias ROIs permite adaptar a binarização conforme a zona a analisar.
De notar que se poderia utilizar uma binarização local adaptativa numa única
ROI que englobasse toda a embalagem. Nesse tipo de binarização é permitido definir
uma altura e largura em pixels de um rectângulo que irá subdividir a própria ROI em
regiões de análise com essas dimensões (Figura 77).
Figura 77 – Subdivisão de uma ROI
A esse rectângulo será aplicado um método de cálculo que dará limiar de
threshold a aplicar nessa subdivisão (o método é definido pelo programador). Por
exemplo, um dos métodos é denominado a “média mínima” que se traduz pelas
equações (4), (5), (6) e (7) (usando a simbologia da Figura 77):
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
72
0�� 2���� = 1/� 3 �4
5
467
(4)
� = 0é��� 2���� − min (�7, �=, … , �5)
(5)
?��� = �ℎ���ℎ���(������� ���� ���@�������) × �
(6)
B���� ���� �� �ℎ���ℎ��� = 0é��� 2���� + ?��� (7)
Para a inspecção em causa, ao utilizar a binarização local adaptativa, o
resultado final varia muito com pequenas variações nas condições de iluminação,
além de que é menos intuitiva a sua utilização em comparação com binarizações
“normais”. Ainda em relação à utilização da binarização local adaptativa, o limiar de
threshold é obtido através de cálculos que implicam a utilização de médias, logo, o
valor de um pixel influência a sua vizinhança o que não é também favorável para a
utilização pretendida. Na Figura 78 pode-se observar um exemplo de inspecção
utilizando binarização local adaptativa e binarizações “normais” na mesma
embalagem podendo-se concluir que com a utilização de binarização local adaptativa
se obtêm mais ruído e o ponto preto não é detectado na sua real dimensão.
Resumindo, a utilização de binarizações “normais” permite atingir o resultado
pretendido de forma expedita e relativamente imune a pequenas variações de
iluminação.
Figura 78 – Aplicação de diferentes pré-processamen tos na mesma embalagem
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
73
A localização das várias ROIs teve por base zonas de diferentes alturas em
relação a iluminação; por exemplo, o corpo da embalagem está mais perto da
iluminação que a zona do gargalo. Na Figura 79 pode-se observar a disposição das
ROIs na imagem.
Figura 79 - Disposição das ROIs na imagem para a su brotina detecção de pontos pretos
Um aspecto a mencionar é que a localização das ROIs vai sendo ajustada, ou
seja, é realizado um alinhamento dinâmico tendo por base uma referência da
imagem. Na Figura 79 atente-se à ROI “RectB” localizada na zona do gargalo que
tem, precisamente, a função de definir uma referência para o alinhamento dinâmico
das restantes ROIs. Esta é uma ROI fixa em que primeiro é realizado uma
binarização, sendo depois aplicado o algoritmo “Connectivity – Binary”. Este
algoritmo, como o próprio nome indica, procura regiões de pixels pretos ou brancos
(com valor zero 0 ou 255) caracterizando-as depois através de vários parâmetros
descritores, entre eles a altura, a largura, a área e o perímetro. Neste caso, o
algoritmo é aplicado de forma a chegar-se à região superior do gargalo e obter o seu
centro geométrico para posteriormente o utilizar como ponto de referência (Figura
80).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
74
Figura 80 – Pré-processamento da ROI que define o a linhamento
O software Sherlock permite utilizar pontos de referência para fazer o
alinhamento dinâmico de outras ROIs através do menu opções da imagem, na janela
alinhamento. Na janela “Point readings” são mostrados todos os pontos de referência
possíveis de utilizar para criar novos alinhamentos, que no caso em questão será o
centro geométrico da ROI RectB.
Figura 81 – Menu para criar alinhamentos
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
75
De notar ainda que este alinhamento, como utiliza apenas o centro geométrico
como referência, não irá fazer alinhamentos com ângulos, isto é, se as ROIs
estiverem dispostas horizontalmente, como de facto acontece, mesmo depois do
alinhamento, elas irão continuar horizontais só que com uma localização diferente, se
assim tiver sido determinado. O alinhamento com ângulos é possível utilizando outros
parâmetros de referência, no entanto, para a aplicação em causa, esse tipo de
alinhamento não é necessário.
Nas várias ROIs é aplicado o pré-processamento binarização mas com
parâmetros diferentes entre elas de forma a considerar diferentes incidências de
iluminação. Esta forma de atacar o problema resulta tendo como base o
conhecimento de que as condições de iluminação se mantêm constantes, o que
dentro da “caixa negra” se garante pois a única iluminação presente é a que tem
origem nos sistemas de iluminação. Posteriormente será aplicado o algoritmo
“Connectivity – Binary” não nestas ROIs mas numa nova ROI de uma nova imagem
colocada por cima daquele que foi o trabalho realizado pelo conjunto de ROIs
inicial(Figura 82), ou seja, utilizará as binarizações já efectuadas.
Figura 82 – ROIs para procura de pontos pretos
Esta estratégia foi utilizada de forma a diminuir o trabalho de processamento,
isto é, poder-se-ia aplicar este algoritmo às várias ROIs e obter o mesmo resultado,
no entanto, ter-se-ia que fazer o mesmo processo para todas as ROIs, logo,
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
76
utilizando uma ROI que aproveite as binarizações realizadas e utilize o algoritmo
“Connectivity – Binary” para procurar pontos pretos, simplifica-se o processo
diminuindo o tempo de processamento. Apesar de ainda não ter sido referido, antes
da aplicação do algoritmo têm-se que obrigatoriamente aplicar o alinhamento
dinâmico das ROIs e fazer uma binarização, mesmo considerando que os pixels a
analisar já estão “binarizados”, no entanto, como foi criada uma nova imagem o
software considera-a como se estivesse em níveis de cinzento.
O algoritmo “Connectivity – Binary” utiliza no seu parâmetro área mínima o valor
pedido na parametrização inicial (Figura 83), em que o operador foi instruído a
colocar a área mínima a partir da qual os pontos pretos na embalagem serão
detectados.
Figura 83 – Parâmetros do algoritmo “Connectivity-B inary” para procura de pontos pretos
Esta área é pedida naturalmente em milímetros quadrados, mas sabendo-se
previamente a relação mm por pixels chega-se ao valor da área em pixels. Ao colocar
este valor calculado de área em pixels como área mínima de zonas pretas a
encontrar, o algoritmo irá ignorar todas as zonas com menor área.
Na Figura 84 pode-se observar o resultado do processamento de algumas
imagens nesta subrotina.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
77
Figura 84 – Exemplos de resultados obtidos com a su brotina detecção de pontos pretos
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
78
6.3.7 Subrotina “detecção de excesso ou falta de ma terial no gargalo”
A subrotina para detectar excesso ou falta de material no gargalo é executada
se o operador definir na fase de parametrização que pretende analisar a embalagem
para esse tipo de não conformidade e se a subrotina precedente (“detecção de
pontos pretos”) não tiver encontrado nenhuma não conformidade. É uma subrotina
em que se analisarão imagens recolhidas da embalagem vista lateralmente.
Esta subrotina, tal como a anterior, através de uma ROI fixa na zona superior do
gargalo, calcula o centro geométrico dessa parte do gargalo. Posteriormente, será
utilizado como referência de alinhamento para a ROI que irá efectuar a “inspecção”
(Figura 85).
Figura 85 – Pré-processamento da ROI que define o a linhamento na subrotina excesso de material e menu de configuração de alinhamento
Na ROI alinhada aplica-se o pré-processamento binarização e o algoritmo
“Connectivity – Binary”, sendo que este último é ajustado para procurar regiões
brancas e ignorar regiões com poucos pixels (ruído) de forma a permitir obter apenas
as características do gargalo.
Das características é possível extrair a área a branco (área do gargalo) e
comparando com um valor padrão (em pixels) decidir se existe excesso ou falta de
material (Figura 86).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
79
Figura 86 – Exemplos de resultados obtidos com a su brotina detecção de excesso/falta de material
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
80
6.3.8 Subrotina “inclinação do gargalo”
A subrotina é executada se o operador na fase de parametrização especificou
que pretendia realizar esta inspecção e se a subrotina precedente (“excesso/falta de
material”) não tiver encontrado nenhuma não conformidade. É uma subrotina em que
se irá analisar imagens recolhidas da embalagem vista lateralmente.
O operador foi ainda instruído, na fase de parametrização, a inserir um valor,
em percentagem, que será utilizado como a variação máxima na inclinação do
gargalo. A titulo de exemplo, se o operador inseriu 1% de desvio máximo o gargalo
poderá ter uma inclinação máxima de 89.1º ou 0.9 º (inclinação para “fora” e para
“dentro” respectivamente).
Esta subrotina, à semelhança das duas anteriores, através de uma ROI fixa na
zona superior do gargalo, calcula o centro geométrico dessa parte do gargalo para
posteriormente ser utilizado como referência de alinhamento para a ROI que irá
efectuar a “inspecção”.
Na ROI alinhada aplica-se o pré-processamento binarização e o algoritmo
“Connectivity – Binary”, sendo que este último é ajustado para procurar regiões
brancas e ignorar regiões com poucos pixels (ruído), isto de forma a permitir obter
apenas as características do gargalo (Figura 87).
Figura 87 – Parametrização do algoritmo “Connectivi ty – Binary”
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
81
Na parametrização do algoritmo “Connectivity – Binary” especificou-se o
parâmetro enable moment-related calculations para true de forma ao algoritmo
calcular o ângulo da elipse que se forma através dos extremos. Este ângulo será o
parâmetro da análise da imagem que será usado para avaliar a inclinação do gargalo
(Figura 88).
Figura 88 – Parâmetro de análise para avaliar incli nação do gargalo
Caso a embalagem seja conforme, o valor obtido rondará os 90º e caso o
gargalo esteja ligeiramente inclinado será inferior (Figura 89).
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
82
Figura 89 – Resultado da inspecção da inclinação do gargalo, de cima para baixo produto
conforme e não conforme respectivamente
6.3.9 Subrotina “inspecção de circularidade”
A subrotina é executada se o operador na fase de parametrização especificou
que pretendia inspeccionar a circularidade do gargalo (subrotina parametrização) e se
a subrotina precedente (“inclinação do gargalo”) não detectar nenhuma não
conformidade. Além disso, o operador na fase de parametrização é instruído a inserir
o desvio máximo que o gargalo poderá ter na sua circularidade (em percentagem).
Antes de avançar para a explicação da subrotina expõem-se a definição do
parâmetro circularidade utilizado nesta inspecção. Observando a Figura 90 um
objecto de forma circular ou oval pode ser definida por uma altura e uma largura.
Figura 90 - Parâmetros de uma circunferência
Controlo de Qualidade de Em
Se o objecto for uma circunferência
portanto recorrendo à
conhecimento da altura e largura da circunferência “perfeita”, neste caso do gargalo,
utilizando a equação (9) consegue
“circunferência” em relação à teoricamente “perfeita”.
"Circularidade
"Circularidade�%�"
Voltando ao software, n
embalagem (Figura 91);
permitir definir se o gargalo, mais concretamente a sua circularidade, se encontram
dentro das especificações inseridas pelo operador
Figura 91 - Imagem exemplo utilizada na subrotina inspecção de circularidade
É definida uma ROI quadrada que engloba toda a imagem
processamento binarização
permite configurar os parâmetros do pré
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
83
a circunferência “perfeita” a altura e a largura serão iguais e
equação (8) o resultado obtido será zero. Tendo
conhecimento da altura e largura da circunferência “perfeita”, neste caso do gargalo,
consegue medir o desvio em percentagem de uma qualquer
“circunferência” em relação à teoricamente “perfeita”.
Circularidade�%�" /����� A 2��@���
/����� A 2��@���A 100
�%�" /������N4ON. PQ R5áT4UP� A 2��@����N4ON. PQ R5áT4UP
/������N4ON. perfeita� A 2��@����N4ON. perfeita�
Voltando ao software, nesta subrotina é captada uma imagem vista de cima da
a partir desta imagem aplicam-se os algoritmos que irão
permitir definir se o gargalo, mais concretamente a sua circularidade, se encontram
dentro das especificações inseridas pelo operador.
Imagem exemplo utilizada na subrotina inspecção de circularidade
uma ROI quadrada que engloba toda a imagem
processamento binarização. Na Figura 92 pode-se observar o aspecto do menu que
permite configurar os parâmetros do pré-processamento em Sherlock.
usando Visão Industrial
altura e a largura serão iguais e
será zero. Tendo-se
conhecimento da altura e largura da circunferência “perfeita”, neste caso do gargalo,
svio em percentagem de uma qualquer
(8)
T4UP�
�
A 100
(9)
esta subrotina é captada uma imagem vista de cima da
os algoritmos que irão
permitir definir se o gargalo, mais concretamente a sua circularidade, se encontram
Imagem exemplo utilizada na subrotina inspecção de circularidade
uma ROI quadrada que engloba toda a imagem e aplicado o pré-
se observar o aspecto do menu que
processamento em Sherlock.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
84
Figura 92 – Exemplo de binarização de imagem
Foi ainda definido para esta ROI a aplicação do algoritmo de conectividade
(“Connectivity-Binary”) com o intuito de se chegar a localização do furo do gargalo
(Figura 93) e extrair características desta região.
Figura 93 – Localização do furo do gargalo através do algoritmo “Connectivity-Binary” (embalagem conforme)
O algoritmo permite especificar o tipo de regiões a procurar e, neste caso, como
já referido, pretende-se obter a localização do furo do gargalo e extrair
características, mais em concreto a altura e largura do furo. Portanto, para se chegar
a região do furo do gargalo definiu-se algumas restrições (Figura 94):
• Procurar regiões de pixels pretos;
• Área mínima 10000 pixels;
• Ignorar regiões que tocam no bordo.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
85
Figura 94 – Parâmetros de configuração do algoritmo “Connectivity – Binary”
Ao aplicar estas restrições, o que se obterá é apenas a região correspondente
ao furo do gargalo, ou seja, as suas características. As características que se
utilizarão para inspeccionar a circularidade do gargalo são a altura e ao comprimento
do “rectângulo” que se forma com recurso aos extremos da região. Analisando a
altura e o comprimento (Figura 95) conclui-se que não são mais que o diâmetro do
gargalo medido na vertical e horizontal, ou seja, comparando com um valor padrão
(em pixels), ou utilizando a equação (9), pode-se obter o desvio em percentagem que
se têm na circularidade e com isto comparar com o inserido pelo operador e, por fim,
caracterizar a embalagem como produto conforme ou não conforme.
Figura 95 – Características devolvidas pelo algorit mo “Connectivity – Binary”
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
86
Na Figura 96 pode-se observar o processamento aplicado às imagens nesta
subrotina, sendo no caso duas embalagens com não conformidades.
Figura 96 - Resultado da execução da subrotina insp ecção de circularidade
Por fim, esta análise irá permitir não só definir a conformidade da embalagem
quanto a circularidade do seu gargalo, mas também permite detectar inclinações no
gargalo e excesso ou falta de material no gargalo, isto apesar de não ser esta a
função da subrotina. Ou seja, este aspecto introduz redundância na forma de detectar
não conformidades pois existem outros algoritmos que inspeccionaram sobre as
últimas duas características referidas.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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Capítulo 7
Resultados e conclusões
Neste capítulo será apresentado um ensaio realizado com equipamento
industrial que, apesar de não ser o proposto anteriormente, com algumas adaptações
permite obter resultados similares. Serão tiradas conclusões sobre os resultados
obtidos e será feita uma perspectiva futura para o trabalho.
7.1 Ensaios
Na realização dos ensaios finais, o equipamento utilizado, como já referido, não
foi exactamente o especificado anteriormente devido a restrições de stock da
empresa que o facultou. Para testes foi utilizada o sistema integrado VA41, que tem
as mesmas opções do VA61 diferindo no processador, a câmara Genie M600, com
uma resolução 640x480, e uma barra de LEDs difusora para a iluminação.
Ao utilizar uma câmara com uma resolução menor, e para que os resultados
sejam idênticos aos de uma câmara com resolução maior (a câmara proposta para a
implementação final tem resolução de 1360x1024), a região da embalagem a captar
terá que ser menor de forma a manter a relação mm/pixel. Portanto, sabendo que
para o comprimento a relação mm/pixel que se pretende é de 0.125 pode-se chegar
através da equação (2) ao comprimento máximo da região a analisar para manter
essa relação mas utilizando a câmara Genie M600 de resolução 640x480:
����çã� ��/����� = ����������� ������çã� ⟺ 0.125 = �����������
640 ⟺ ����������� = 80��
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Na altura manteve-se a mesma dimensão a analisar, ou seja, como a resolução
da câmara é menor a relação mm/pixel aumenta, o que significa que se esta perante
uma situação de analise mais difícil utilizando a câmara Genie M600 que a proposta
para a implementação final (Genie M1400). Pode-se assim concluir que se a
aplicação funcionar correctamente com esta câmara de ensaio então com a de maior
resolução estar-se-á numa situação ainda mais favorável. Através da equação (2)
pode-se chegar a relação mm/pixel utilizando a câmara Genie M600 com resolução
de 640x480:
����çã� ��/����� = ����������� ������çã� = 62
480 = 0.129 ��/�����
Esta relação será necessária para calcular a área em pixels utilizada na
detecção de pontos pretos.
Para a imagem vista de cima da embalagem, se se pretender manter a relação
mm/ pixel terá que, evidentemente, diminuir-se a região a analisar visto que a câmara
proposta para a implementação tem resolução de 1360x1024 e a utilizada em
ensaios tem, como referido, 640x480. Tendo conhecimento da relação mm/pixel
pretendida (0.06mm/pixel) e sabendo que se deve fazer corresponder essa relação à
resolução 480, o comprimento da região a analisar para a embalagem vista de cima
pode ser calculado utilizando novamente equação (2):
����çã� ��/����� = ����������� ������çã� ⟺ 0.06 = �����������
480 ⟺ �����������
= 28.8 ��
Conhecidas as medidas anteriores pode-se testar a aplicação muito próxima
daquilo que seria desejável (entenda-se com uma câmara de maior resolução)
apenas diferindo na área de embalagem a analisar. De qualquer forma, se a
aplicação detectar não conformidades nesta região mais pequena também a irá
detectar numa região maior utilizando uma câmara com maior resolução mas
mantendo uma relação mm por pixel igual.
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A óptica facultada foi de 25 mm, logo, sabendo que campo de visão para a
embalagem vista lateralmente é de 80mm e para a vista de topo 28,8mm pode-se
chegar às distâncias de trabalho através da equação (1):
25 = 6.4 � ����â���� �� ������ℎ�80 ⟺ ����â���� �� ������ℎ� = 312,5��
25 = 6.4 � ����â���� �� ������ℎ�28.8 ⟺ ����â���� �� ������ℎ� = 112,5��
O ensaio foi realizado em ambiente controlado, onde a única iluminação sobre a
embalagem provinha da barra de LEDs, de forma a replicar o efeito que se esperaria
utilizando a “caixa negra” projectada. A câmara e a iluminação foram montadas cada
uma num tripé, recorrendo ao auxílio de perfis de alumínio (Figura 97).
Figura 97 – Setup montado para ensaio da aplicação
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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7.2 Resultados/estatísticas
Para ensaio preparou-se um conjunto de 60 embalagens inicialmente
inspeccionadas de forma manual verificando-se 12 embalagens não conformes e 48
conformes.
Através do ensaio realizado pôde-se concluir que a inspecção automática das
embalagens resultou num desempenho de 100% de eficácia (Tabela 4) com todas as
não conformidades a serem detectas e as restantes embalagens a serem
correctamente classificadas como produto conforme. Importa também reter que se
tem redundância nas detecções, isto é, verificou-se que algoritmos desenvolvidos
para inspeccionar um determinado tipo de não conformidade detectam também
outras não conformidades para as quais não foram inicialmente projectados.
Tabela 4 (Resultados do ensaio final) Parâmetros Inspecção
manual Inspecção automática
Percentagem de sucesso da inspecção automática
Circularidade 2 2 100% Excesso/Falta de
material no gargalo
3 3 100%
Inclinação do gargalo
1 1 100%
Pontos negros 6 6 100%
Embalagens Conformes
48 48 100%
Por fim, falta ainda referir o tempo de execução da aplicação ronda os 360
milissegundos (Figura 98), no entanto, neste tempo está incluída uma componente de
300 milissegundos de aquisição da imagem, ou seja, se considerarmos só o trabalho
dos pré-processamentos e algoritmos poder-se-á concluir que o tempo necessário
para a execução é de 60 milissegundos. De notar ainda que nem a câmara nem a
unidade de processamento são as projectadas para a implementação final, e
portanto, sabendo que teoricamente as utilizadas para ensaio são de uma gama
inferior, estar-se-á em condições de afirmar que este tempo deverá ainda diminuir. No
entanto, como o processo de produção de embalagens é relativamente lento
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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(aproximadamente 1 embalagem por cada 1.5 segundos) este é um ponto sem
especial relevância.
Figura 98 – Tempo de execução da aplicação
7.3 Perspectivas futuras
São duas as áreas em que se vislumbram condições de evolução para este
trabalho:
• Integração com um manipulador;
• Aplicação em embalagens transparentes.
A integração com um manipulador já foi referida anteriormente, pois foi uma das
soluções passíveis de implementar para atingir os objectivos propostos para este
trabalho. No entanto, verificou-se que economicamente teria outras exigências. A
utilização de um manipulador em conjunto com o sistema de visão iria permitir
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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automatizar totalmente a linha de produção no que diz respeito à inspecção e
embalamento do produto final.
O manipulador começaria por pegar na embalagem conduzida pelo tapete, e
levá-la-ia até uma “caixa negra” onde as condições de iluminação seriam controladas.
A inspecção da embalagem seria realizada utilizando duas câmaras, uma no
próprio manipulador que captaria a embalagem “vista de cima”, e a outra na “caixa
negra” captaria parte do corpo da embalagem, sendo que a captação total do corpo
seria conseguida através da rotação que manipulador iria impor à embalagem (Figura
99).
O resultado da inspecção definirá se o manipulador embala o produto final
conforme as especificações, ou, coloca a embalagem num contentor para peças não
conformes. A primeira situação ocorre caso o resultado seja um produto conforme e a
segunda caso seja um produto não conforme,
O sistema projectado neste trabalho teria que ser adaptado a esta nova
realidade, desde logo, a aplicação em Sherlock teria que evoluir para integrar a
componente de interacção com o manipulador.
Figura 99 – Integração do manipulador com o sistema de visão
A aplicação em embalagens transparentes é também um upgrade que poderá
ser implementado no sistema, sendo que irá exigir um estudo das condições de
iluminação e o desenvolvimento de novas subrotinas para detectar não
conformidades neste tipo de embalagens.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
93
De forma a perspectivar uma solução futura, foi desenvolvida uma rotina em
Sherlock que detecta pontos pretos neste tipo de embalagens. O algoritmo utilizado
foi praticamente o mesmo para as embalagens opacas mas com parâmetros
diferentes.
Verificou-se que ensaiando com o mesmo equipamento que foi utilizado para
as embalagens opacas a detecção não era alcançada, contudo, os pontos são
detectados mas numa dimensão menor do que na realidade se apresentam (Figura
100). A avaliação não será, portanto, correcta, sendo necessária uma abordagem
diferente de forma a obter-se maior eficácia.
Uma das soluções possíveis é alterar o tipo de iluminação, teoricamente
justifica-se utilizar a retro-iluminação. O efeito esperado é de que os raios luminosos
atravessem a embalagem transparente excepto nos pontos pretos que os reterão.
Nesse caso, após o pré-processamento e aplicação do algoritmo “Connectivity –
Binary” facilmente serão detectados na sua dimensão total.
Figura 100 – Processamento de embalagens transparen tes
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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7.4 Conclusões
A utilização de um sistema de visão para inspecção de embalagens plásticas
afigurou-se como uma opção ajustada. A realização de ensaios com equipamento
que actualmente é o utilizado em indústria permitiu atestar a fiabilidade do sistema,
verificando-se uma eficácia de 100% no controlo de não conformidades. Foram
ensaiadas 60 embalagens das quais 12 com não conformidades de vários tipos
verificando-se que o sistema classificou todas as embalagens correctamente.
Os algoritmos utilizados aproximaram-se da mesma metodologia nas várias
subrotinas de detecção de não conformidades mudando apenas na forma como são
aplicados. Inicialmente é efectuada uma binarização “normal” e depois aplicado um
algoritmo de análise de regiões e seus descritores (“Connectivity – Binary”) que
retorna várias características do parâmetro a inspeccionar, sendo finalmente tomadas
decisões considerando essas mesmas características.
A aplicação fornece ainda um registo histórico (ficheiros de texto) onde entre outras
informações é registada a produção total em cada ciclo automático de inspecção, a
produção não conforme, as datas da produção e o operador responsável.
O tempo de processamento previsível da aplicação rondará os 60
milissegundos, ao qual se terá que adicionar a componente de aquisição de imagem.
Resumindo, é proposta a implementação de um sistema completo de inspecção de
embalagens plásticas, onde se engloba o projecto da estrutura física, o projecto de visão,
o projecto pneumático e o projecto eléctrico e de automação.
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
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Referências
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Anexos
Anexo 1 (Desenhos 2D dos apoios iluminação incluindo desenho de conjunto)
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109
Anexo 2
(Desenhos 2D dos apoios iluminação, desenho de conjunto)
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
117
Anexo 3 (Desenhos 2D dos apoios iluminação Domo desenho de conjunto)
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125
Anexo 4 (Desenhos 2D dos apoios sensores e reflector desenho de conjunto)
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
133
Anexo 5 (Desenhos 2D dos apoios do cilindro pneumático incluindo desenho de conjunto)
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
139
Anexo 6
(Desenhos 2D da porta incluindo desenho de conjunto)
Controlo de Qualidade de Embalagens usando Visão Industrial
149
Anexo 7 (Desenhos 2D de todo o conjunto e lista de componentes)