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  • um prmio I&D Empresarialum prmio I&D Empresarial

    Sistema de Incentivos FiscaisSistema de Incentivos Fiscais

    nmero 13 set/nov 2002

    INESC Porto: Quando a Universidade coopera com a Industria

    EUREKA [ao encontro da] SIA: uma ponte para o Oriente

    INOVAO em Construo: Novos Materiais

    recuperam construes antigas Construir em Rede

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    n. 13 ano I setembro/novembro 2002trimestral 2,5

  • 6 notcias brevesNotcias de aplicaes no mercado de resultados de projectos da I&D e de novas iniciativas para a dinamizaode novos projectos em cooperao internacional.

    9 projectos inovadoresResultados de investimentos em I&D nos sectores da construo e dos seus materiais.

    37 destaqueIncentivos fiscais I&D empresarialComo tem sido usado este recente instrumento de apoio I&D empresarial, que ter uma importncia crescente no futuro. Simoldes, CPCIS, Oliveira & Irmo e Vulcano soalguns casos de sucesso.

    48 Instituio de I&DINESC PORTO: um bom exemplo de cooperao daUniversidade com a Indstria.

    54 InternacionalEUREKA [ao encontro da] SIA:Uma porta aberta, em Macau, para a cooperao com oOriente.

    59 apoio InovaoPropriedade Industrial,um suporte inovao.Entrevista com o Presidente do INPI, Prof. Jaime Andrez.

    i9 setembro 2002

    5 Editorial

    6 BREVES

    PROJECTOS

    9 AMMNET

    13 CARBOPONTE

    17 COMREHAB

    21 OLDRENDERS

    25 LPLTPM

    29 PARIS

    33 ENFITERE

    DESTAQUE40 SIMOLDES

    42 CPCIS

    44 OLIVEIRA & IRMO

    46 VULCANO

    ENTREVISTA58 GAPI

    INTERNACIONAL63 BENTEX

    65 Legislao

    66 N@ Net

    67 OFERTA DE TECNOLOGIA

    69 PROCURA DE TECNOLOGIA

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    editorialLINO FERNANDES PRESIDENTE CONSELHO ADMINISTRAO ADI

    objectivo central da Revista I9 divulgar resultados de projectos de Investigao

    em Consrcio entre empresas e instituies de I&D, que a AdI tem vindo a dina-

    mizar desde meados da dcada de 90. Neste nmero da I9 damos particular desta-

    que a aplicaes no sector da construo e seus materiais, enfatizando mais uma vez

    o papel que as novas tecnologias e a inovao tecnolgica pode ter na modernizao

    dos sectores tradicionais.

    Divulgamos igualmente casos de empresas, que num leque variado de sectores, tm

    vindo a tirar partido dos Incentivos Fiscais I&D Empresarial. Chame-se a aten-

    o para a relevncia da reviso deste sistema de incentivos (aplicada pela 1 vez este

    ano) que ter uma importncia crescente no futuro das polticas de incentivo

    Inovao Empresarial. O reforo significativo dos incentivos fiscais complementar

    das alteraes dos incentivos financeiros, compensando a diminuio das taxas de

    apoio no novo Programa de apoio investigao em consrcio do QCA III e criando

    condies favorveis para a introduo dos incentivos financeiros reembolsveis

    que visam criar condies de sustentabilidade a mdio/longo prazo ao apoio inves-

    tigao em consrcio, que se tem vindo a revelar um meio eficaz de dinamizar a I&D

    Empresarial, incentivando a cooperao com as instituies do sistema cientfico.

    O aumento do nmero de candidaturas, entretanto j avaliadas, e o alargamento do

    nmero de empresas concorrentes disso um indicador claro, contribuindo para uma

    acelerao ainda maior do crescimento do investimento das empresas na I&D, que se

    tem vindo a verificar nos ltimos anos, e que tem condies para ser sustentvel como

    podemos inferir do reforo da contratao de Recursos Humanos de elevada forma-

    o registado nas empresas que tm utilizado o sistema de incentivos fiscais I&D

    Empresarial.

  • Critical Software - da NASA ESAA Critical Software um spin-off da Universidade de Coimbra, criada em Julhode 1998 por trs jovens engenheiros empreendedores - Joo Carreira, Diaman-tino Costa e Gonalo Quadros.Encontra-se organizada em trs unidades de negcio: Telecom & Networking; Enterprise Solutions; e Aerospace & De-fense; que tm por base, e em comum, um comprovado know-how em confiabilidade dos sistemas de informao.O desenvolvimento da ferramenta Xception - o primeiro grande projecto deste spin-off, financiado pela Agncia de Ino-vao, que avalia a robustez e confiabilidade de sistemas de informao crticos (business and mission critical) atravsda injeco de falhas por software - e a sua adopo pela NASA, permitiu Critical consolidar a sua imagem a nvel in-ternacional. Presentemente, a Critical colabora em diversos projectos europeus, tendo assumido a liderana de alguns, nomeada-mente no mbito da European Space Agency (ESA). Os contactos com esta instituio foram promovidos pela Agn-cia de Inovao que, na sua misso de dinamizao da Inovao, facilitou tambm ligaes ao CERN e ESO.A excelncia desta PME sustentada por uma equipa altamente qualificada, alguns dos quais Doutorados e Mestrescontratados no mbito da medida de apoio Insero de Doutorados e Mestres nas Empresas gerida pela ADI, que temevidenciado franco crescimento.

    Casa do Futuro Interactiva De forma a comemorar o Dia Mundial das Telecomunicaes a 17 deMaio, a Fundao Portuguesa das Comunicaes (FPC) e a TV Cabo in-teractiva inauguraram a exposio Casa do Futuro na sede da FPC . A exposio conta j com o apoio de algumas empresas que manifesta-ram o seu interesse em integrar este projecto inovador, tendo por patro-cinadores oficiais a Ericsson, a HP, a Microsoft, a OctalTV/Novabase, aSiemens, a Sony e a TMN: por parceiros oficiais, a Lexmark, a Netcaboe a Sony-Ericsson.A Casa do Futuro interactiva pretende recriar aquela que se imagina sera casa de todos ns num futuro muito prximo. Um espao que rene,num s ambiente, grande parte das novas tecnologias de ponta e quepretende ser um verdadeiro espao multimedia e de home entertainment.

    A Agncia de Inovao apoiou des-de o incio esta iniciativa, tendo sidoassinado um protocolo que tem porobjectivo incentivar avanos tecnol-gicos nesta rea, com a atribuiode um prmio a projectos inovado-res de Investigao & Desenvolvi-mento Uma montra que estar patente portempo indeterminado e que no sevai cingir ao espao fechado de umacasa. O projecto visa desenvolver si-nergias com o mundo fora da casa,atravs das solues de comunica-o e multimdia apresentadas pe-las diversas empresas parceiras.

    BREVES

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  • Novo Servio de Informao da Lusa

    A Agncia Lusa, aNovabase e o Insti-tuto Superior Tcni-co constituram umconsrcio para de-senvolver um siste-ma de informaototalmente inovadorno mbito das agn-cias noticiosas. Comum forte impacto es-perado - quer naprpria empresa e

    no seu "modus operandi", quer nos mercados emergentesda informao "on-line" - o Lusa S21, foi recentementeapresentado ao pblico.No se conhecem at a data exemplos de agncias noti-ciosas europeias que tenham desenvolvido produtos simi-lares. O projecto Lusa S2I, sob liderana tecnolgica daNovabase, concebeu um sistema, em torno dos seguintesmdulos base: > Comrcio Electrnico: soluo que permite a requisio

    e acesso, por parte de qualquer empresa ou instituioatravs do site www.lusa.pt de elementos informativospresentes no repositrio informativo da soluo LUSAatravs da Internet;

    > Motor de busca: agente de pesquisa inteligente respon-svel pela localizao no repositrio informativo dos ele-mentos solicitados por um utilizador.

    > Arquivo: repositrio informativo de base de toda a soluo- Gesto Documental: soluo de utilizao interna da LU-SA destinada alimentao e manuteno do arquivo.

    O projecto Lusa Arquivo apresenta caractersticas inditasem Portugal e foi esta parte do projecto que contou com oapoio da Agncia de Inovao. O Lusa Arquivo um ser-vio de pesquisa personalizada e de comercializao dedocumentos em arquivo que a Lusa ir prestar a empresase a particulares, aproveitando o vasto esplio noticioso detexto e fotografias que detm. Este projecto permitir Lu-sa potenciar a comercializao de informao noticiosaatravs deste canal, ao mesmo tempo que preserva umaimensa quantidade de documentos histricos de grandevalor. A Lusa decidiu, dado o mbito do projecto, alargar oLusa Arquivo a parceiros, o que significa que o sistema irpermitir que a pesquisa seja efectuada, no s no arquivoda Lusa, como tambm nos dos seus parceiros.

    Biotecnol alia-se ASB FarmacuticaA Biotecnol SA e a ASB Farmacutica formalizaram uma par-ceria estratgica para produo, ensaios clnicos e conse-quente comercializao de vrios biofrmacos de alto valoracrescentado. No mbito deste acordo a ASB Farmacuticaadquiriu uma participao no capital da Biotecnol. Alm dis-so, esta parceria passa igualmente pela criao de uma novajoint-venture, a ASBiotech SA. A joint-venture utilizar a plata-forma tecnolgica patenteada da Biotecnol, denominadaPretty Good Expression, para a produo industrial de prin-cpios activos, sempre de acordo com as normas de qualida-de impostas pela agncia Europeia do Medicamento (EMEA). a primeira vez em Portugal que, no sector da Biotecnologia,uma parceria deste tipo estabelecida, tendo em vista a co-locao dos produtos de biotecnologia no mercado mundial. A ASB Farmacutica ter um papel central na realizao deensaios clnicos, assim como no desenvolvimento e execuoda estratgia de comercializao dos produtos da ASBiotechSA. Por outro lado, Biotecnol caber a produo industriale a implementao da tecnologia, de modo a fornecer mat-ria-prima para a formulao e estudos clnicos, assim como asua comercializao. Os esforos encetados pela Biotecnolna procura de parceiros estratgicos deram os primeiros fru-tos com a entrada da Taguspark, SA e culminaram na consti-tuio da joint-venture ASBiotech SA. Estas parcerias permi-tem Biotecnol adquirir o desejado capital de expanso nocampo da produo de protenas humanas recombinadas,para alm de mais valias na comercializao das mesmas.Instalada no Taguspark, em Oeiras, a Biotecnol opera na reade biofarmacutica desde 1997. O Projecto Protexpress,apoiado pela Agncia de Inovao atravs do programa Pra-xis XXI, foi a rampa de lanamento da Biotecnol SA. Actual-mente, a empresa maioritariamente detida por Pedro de No-ronha Pissarra. O restante capital est distribudo por admi-nistradores, colaboradores da empresa, pelo Tagusparque, aAdamastor Capital e agora tambm pela ASB.

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    The "Wine Cluster"Business and Technology Transfer ForumA Agncia de Inovao, no mbito das actividades na Rede de Centros Innovation, promoveu recentemen-te o encontro internacional "The Wine Cluster - Business and Technology Transfer Forum for the Wine Sec-tor" que reuniu profissionais ligados ao sector vitivincola. O evento teve lugar na Feira Internacional de Ex-posies - EXPONOR, em paralelo s feiras internacionais de vinhos EXPOVINIS 2002 e TECNOVINIS 2002.O objectivo deste frum foi promover a transferncia de tecnologia internacional, atravs da realizao de en-contros bilaterais entre empresas e instituies de I&D. O certame contou ainda com uma sesso especfica de divulgao doPrograma CYTED/IBEROEKA, como instrumento de cooperao tecnolgica e empresarial com a Amrica Latina, potencian-do o surgimento de projectos conjuntos entre este Continente e a Europa.

    Uma centena de Doutores e Mestres reforam capacidade tecnolgica das empresasDurante a primeira metade do ano foram aprovados mais trs dezenas de candidaturas para apoio contratao de Mes-tres e Doutores pelas empresas. Uma centena de Doutores e Mestres foram colocados em 56 empresas, com o objectivode reforar a sua capacidade tecnolgica. Entretanto, quase metade destas empresas j apresentaram com sucesso, pro-jectos de investigao em consrcio com instituies de I&D.

    Indstria dos Moldes em destaqueDe 7 a 11 de Outubro de 2002 Portugal ser a capital europeia da indstria dos moldes e pls-tico. A 3 edio do Brokerage Event Moulds and Die 2002 que decorre na Marinha Grande,desta vez, sob o tema "Sistemas sustentveis para a produtividade", incluir seminrios, con-ferncias e workshops, em que profissionais e investigadores, nacionais e internacionais, liga-dos ao sector participam com o objectivo de trocar informaes, compartilhar ideias e discutirpropostas para um desenvolvimento sustentvel da indstria internacional dos moldes. O even-to pretende ser, uma vez mais, um espao privilegiado para a discusso das principais ten-dncias tecnolgicas e resultados de projectos de Investigao & Desenvolvimento. No fim dos

    trabalhos, tero lugar, como nas edies anteriores, reunies bilaterais. Os participantes podero apresentar o seu pro-jecto, ideia ou proposta, assim como o perfil da sua empresa/organizao atravs dos posters, que sero indicados du-rante todo o evento.

    3 Frum IBEROEKAO 3 Frum IBEROEKA ir decorrer no Uruguai, cidade deMontevideu, de 13 a 15 de Outubro de 2002. Sob o temacentral "Tecnologias dos Materiais", esta Bolsa de Contac-tos indui sesses temticas abordando as seguintes reas: Materiais de Construo, Cermica e Vidro; Reciclagemde Materiais; Couro e Txtil; Polmeros e Materiais Compostos; Madeira; Biomaterais. O Secretariado CYTED e aAgncia de Inovao apoiaro a participao portuguesa, estando j confirmadas as participaes do CITEVE e doCTCV.

    Mais informaes e inscries: ADI - Jorge Pegado Liz/Isabel Caetano ou www.cyted.org

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    PROJECTO

    No sector da construo civil e obras pblicas, a introdu-o de novas tecnologias e as capacidades de inovaoda resultantes, estiveram durante muito tempo depen-dentes da dimenso das empresas. Actualmente, graas democratizao do acesso s novas tecnologias deinformao, possvel s empresas de menor dimensousufruir de potencialidades que de outra forma lhes esta-riam vedadas. A AMM - Alberto Martins Mesquita & Filhos, S.A (A.M.Mesquita) a entidade promotora do AMMnet, projecto

    co-financiado pela Agncia de Inovao, atravs da Inicia-tiva Comunitria para as Pequenas Empresas (ICPME), ecujo objectivo consistiu no desenvolvimento de um siste-ma de apoio s actividades de produo, comrcio e ges-to, atravs da implementao de infra-estruturas decomunicao associadas Internet e aos seus servios. Para concretizar os objectivos propostos, a A.M.Mesquitacontou com a parceria do INEGI - Instituto de EngenhariaMecnica e Gesto Industrial e da Universidade daMadeira.

    COM BASE NAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAO, O PROJECTO AMMNET DESENVOLVEU COM

    SUCESSO, NUMA PME DO SECTOR DA CONSTRUO CIVIL, SERVIOS E APLICAES DE SUPORTE AOS

    PROCESSOS TRADICIONAIS DA SUA ACTIVIDADE. MELHORAR A EFICCIA E RENTABILIDADE DO DESEM-

    PENHO DA EMPRESA, ATRAVS DA AUTOMATIZAO DE PROCESSOS INTRA E INTER-EMPRESA O

    PRINCIPAL OBJECTIVO DO PROJECTO.

    AMMNET

    Inovao no sector da construo

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    INOVAO E NOVOS POSICIONAMENTOSO cenrio actual do sector da construo civil nacional caracterizado por uma forte competio das empresas daUnio Europeia, em particular da Espanha, que operamno mercado com nveis de produtividade e qualidade mui-tas vezes superiores. Uma parte das empresas nacionaisdo sector reconhece que o momento actual de grandeactividade, em particular devido ao Euro 2004, limitou osimpactos negativos da falta de competitividade portugue-sa. "Para que as empresas sobrevivam e possam sus-tentar ou fortalecer as suas posies no mercado, estesdiferenciais de produtividade e qualidade tm de ser anu-lados rapidamente", defende Ana Paula Mesquita,Administradora da AMM - Alberto Martins Mesquita &Filhos, S.A.Tambm os nveis de exigncia crescentes dos clientes,compradores finais ou intermedirios relativamente aosprodutos da construo civil, obrigam a uma inovao naoferta e no posicionamento das PME's portuguesas",sustenta Ana Paula Mesquita. para fazer face a este cenrio que surge o projectoAMMnet, que consiste numa reengenharia de processosda indstria da construo civil orientada para uma socie-dade onde a gesto da informao e do conhecimentotm um papel fundamental na manuteno da competiti-vidade das empresas. No mbito do AMMnet, foram desenvolvidas e implemen-tadas vrias funcionalidades ao nvel da infra-estrutura decomunicao entre a sede, os diversos plos de activida-de da empresa e o exterior, que contriburam para umamaior simplicidade e economia no intercmbio de infor-mao. "As empresas precisam de saber gerir eficazmen-te os recursos disponveis pelas vrias obras em que estoenvolvidas, processo para o qual essencial uma efectivautilizao das novas tecnologias de informao e comuni-cao (TIC)", explica Ana Paula Mesquita. A necessidade de simultaneamente articular uma gesto

    centralizada de todas as actividades da empresa com umagesto descentralizada por estaleiros uma das caracte-rsticas prprias do sector da Construo Civil. As activi-dades em consrcio envolvem uma constante adaptaodos projectos de arquitectura e engenharia, processoefectuado de forma cooperativa e que implica inmerasreunies e deslocaes envolvendo recursos de elevadocusto e escassez. O problema agrava-se com a actual procura pelas PMEportuguesas de mercados alternativos ao nacional, emparticular em frica e no Leste Europeu. "Esta necessi-dade torna este sector um candidato ideal para provar aeficcia da utilizao das novas tecnologias baseadas naInternet, reinventando um novo modelo de negcio",defende a Administradora A.M. Mesquita .

    a implementao de uma Intranet resultou numa maioraproximao de todos os colaboradores da empresa,incluindo os presentes nos estaleiros, permitindo difun-dir informao relevante para a empresa.

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    FASES DE DESENVOLVIMENTO

    A metodologia seguida no AMMnet apoia-se em trs ver-tentes de actuao, que consistiram na transferncia de tecnologia e competncias tecnolgicas, acompanha-mento a nvel internacional de solues e tecnologias ino-vadoras adequadas a PMEs de construo civil e, por lti-mo, o envolvimento no projecto de um grupo de peritos eobservadores intimamente relacionados com o sector daconstruo civil (e.g. projectistas, fornecedores, clientes,associaes sectoriais, etc.). O AMMnet envolveu ainda trsfases evolutivas, correspondentes a trs projectos estrutu-rantes: Intranet, Stio/Homepage Internet e Extranet.No caso especfico da A.M.Mesquita, tambm a disper-so das trs delegaes da empresa - situadas no Porto,em Lisboa e na Madeira - exigia uma ferramenta que per-mitisse agilizar e tornar a comunicao mais eficiente. OSLIGO (Sistema Local de Informao e Gesto de Obra)foi adaptado e integrado nos estaleiros com o sistema deinformao central na sede da A.M.Mesquita. Tambm foi implementado um sistema de execuo eacompanhamento de quaisquer procedimentos daempresa, permitindo melhorar a sua execuo e controlo.O projecto procurou desenvolver uma Infra-estrutura deComunicaes de voz, fax e dados, que permitisse simu-lar um nico local de trabalho para todas as actividades daempresa apesar da multiplicidade de estaleiros e delega-es. "Este sistema dever, por exemplo, permitir a reali-

    zao de chamadas telefnicas atravs de extensesinternas para qualquer local de actividade da empresa, aligao entre o SLIGO estaleiro sede e a futura realizaode servios de videoconferncia", revela Ana PaulaMesquita. Ainda de acordo com esta responsvel, tal per-mitiu empresa obter ganhos econmicos significativosgraas melhoria do nvel de fiabilidade, rapidez e segu-rana na troca de informao.A implementao de uma Intranet teve por objectivomelhorar a qualidade de comunicao interna da A.M.Mesquita e resultou numa maior aproximao de todos oscolaboradores da empresa, incluindo os presentes nosestaleiros, permitindo difundir informao relevante para aempresa. A Extranet , no entender da A.M.Mesquita, uma dassolues que mais vantagens pode trazer s empresas dosector. A sua implementao na empresa foi constitudapor duas componentes: Gesto e trabalho cooperativosobre qualquer tipo de documentos em particular dese-nhos. "Neste ltimo caso, o sistema permite que um utili-zador em obra possa estar a trabalhar em tempo realsobre desenhos, conjuntamente com o projectista pre-sente no seu gabinete, efectuando as alteraes neces-srias e assegurando aos utilizadores toda a gesto e con-trolo sobre as verses", assegura Ana Paula Mesquita. A ferramenta desenvolvida permite ainda lanar consultas,direccionadas ou abertas, a fornecedores e/ou sub-empreiteiros, acompanhando todo o processo negocial de

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    uma forma eficiente, reduzindo o tempo mdio de nego-ciao e assegurando uma melhor gesto das compras.

    UMA EXPERINCIA DE SUCESSO

    Embora, no entender de Ana Paula Mesquita, ainda sejacedo para retirar concluses definitivas, dado o carcterevolutivo deste projecto, esta responsvel ressalta a impor-tncia e a necessidade do envolvimento dos quadros daempresa para o sucesso da iniciativa .Com efeito, um dos erros frequentes que se pode incor-rer num projecto deste tipo pensar que so projectos decariz tcnico, a serem implementados pelo Departamentode Sistemas de Informao para um nmero restrito deutilizadores. "S uma viso global do problema de imple-mentao de um projecto de tecnologias ligadas inter-net nas suas vrias vertentes - estratgica, organizacionale operacional - pode levar uma empresa a beneficiar inte-gralmente dos resultados obtidos, alterando profunda-mente o seu modelo de negcio", garante Ana PaulaMesquita.O projecto completou as fases de concepo e desenvol-vimento, encontrando-se actualmente em fase de testese implementao dos produtos desenvolvidos. Dado arepresentatividade da A.M.Mesquita no sector, espera-seque aplicao do AMMnet em outras empresas seja umsucesso. "Neste momento, a A.M.Mesquita est a traaruma estratgia comercial de consultoria e comercializaodas vrias solues desenvolvidas no mbito do AMMnet",revela Ana Paula Mesquita. O projecto AMMNET deu ori-gem criao de uma empresa, em parceria com oINEGI, a NetEdificar, Sistemas de Informao S.A..Em Novembro de 2001, o projecto foi apresentado numaconferncia internacional que teve como objectivo princi-pal disseminar os resultados de casos de sucesso naimplementao das tecnologias da Internet em empresasdo sector da construo. Esta vertente de demonstraoenvolve igualmente o estudo, adaptao e inovao dossistemas, recorrendo ao apoio da Technology Broker, darede SCENIC - ESPIRIT, da ICS - Imperial College, daAndersen Consulting, do CET/Portugal Telecom e daEsotrica

    A.M. MESQUITA: UM NOME NAS GRANDES OBRAS

    No mercado h mais de 40 anos, a Alberto MartinsMesquita & Filhos, S.A. nasce da capacidade empreen-dedora de Alberto Martins de Mesquita. Desde ento, aempresa no parou de crescer, encontrando-se, hoje,presente em diversos segmentos do sector da constru-o. "Encontramo-nos tambm no mercado construoindustrializada em madeira, onde somos lderes, e na car-pintaria para a construo civil", revela Ana PaulaMesquita. Este negcio gerido pela empresa associadaMesquita Madeiras, S.A. Outra empresa participada pelaAlberto Martins Mesquita & Filhos, S.A. a MesquitaImobiliria, Lda., a operar no segmento da construo epromoo de imveis para habitao.As instalaes industriais e tcnicas da empresa estosituadas na Maia, no entanto a Empresa est implantadana Regio Autnoma da Madeira h cerca de 20 anos,tendo-se verificado, em 1998, a abertura de umaDelegao em Lisboa. A construo de troos de Estradas e Auto-estradas um sector que tem merecido especial ateno por parteda empresa, que mantm actualmente participaesnos grupos AENOR e COSTA DE PRATA. Estes gruposso constitudos por capitais privados, visando a con-cepo, construo, manuteno e explorao devrios troos de Auto-estradas no Norte e Centro dePortugal por perodos de 30 anos. A A.M.Mesquita par-ticipou igualmente na construo do Pavilho Atlnticoe do novo Edifcio Administrativo da FIL, assim como doCentro de Congressos e Auditrio do EUROPARQUE,estando actualmente a construir a Casa da Msica, umdos edifcios emblemticos da Porto 2001. No sentido de acompanhar a crescente evoluo dosector ambiental, encontra-se actualmente em curso naA.M. Mesquita um projecto de parceria com uma dasmais conceituadas empresas europeias de recolha etransformao de resduos slidos urbanos. Esta apro-ximao, ir permitir empresa obter um importanteposicionamento no mercado nacional.

    s uma viso global do problema de implementao deum projecto de tecnologias ligadas internet nas suasvrias vertentes - estratgica, organizacional e operacio-nal - pode levar uma empresa a beneficiar integralmen-te dos resultados

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    PROJECTO

    A deteriorao de edifcios, pontes e viadutos resultantedo envelhecimento da construo, da falta de manuten-o e de causas acidentais (fogos, sismos) tem levado auma degradao crescente destas estruturas. A neces-sidade de reparao frequentemente combinada com anecessidade de reforo das estruturas para que possamdesempenhar com segurana novas funes, designa-damente utilizao diferente em edifcios, maiores volu-

    mes de trfego e modificao do sistema estrutural. Areparao de uma ponte ou estrada pela adio de umacamada de beto projectado, armado ou reforado comfibras uma tcnica, embora eficiente, muito trabalhosae que condiciona a sua utilizao durante as operaesde reparaes. neste contexto que, em 1997, nasce o projectoCARBOPONTE, cujo desenvolvimento envolveu empre-

    COM TECNOLOGIAS NORMALMENTE UTILIZADAS NA AERONUTICA E NO FABRICO DE COMPONENTES

    ESPECFICOS DE ELEVADAS CARACTERSTICAS MECNICAS, INVESTIGADORES PORTUGUESES DESEN-

    VOLVERAM UM PROJECTO INOVADOR NO MBITO DO REFORO E REABILITAO DE ESTRUTURAS DE

    BETO. TRATA-SE DO CARBOPONTE, CO-FINANCIADO NO MBITO DO PROGRAMA PRAXIS XXI (I&D EM

    CONSRCIO).

    CARBOPONTE

    Revoluo na reparao e recuperao de pontes

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    sas, organismos pblicos, institutos de investigao euniversidades. O consrcio reuniu a STAP S.A. (empre-sa promotora), o LNEC - Laboratrio Nacional de Enge-nharia Civil, a Junta Autnoma das Estradas, o INEGI -Instituto Nacional de Engenharia Industrial e a Faculdadede Engenharia da Universidade do Porto (FEUP). Comum co-fianciamento de 13 mil contos, o projecto teve adurao de cerca de 24 meses.Trata-se de uma investigao pioneira a nvel nacional detecnologia de ponta no reforo e reabilitao de estruturasde Engenharia Civil. Com grande experincia em trabalhosde colagem estrutural, uma tcnica que permite o reforode elementos estruturais de beto armado (vigas, lajes,pilares, etc.), atravs da fixao de chapas metlicas, "aS.T.A.P. no tinha capacidades internas para, sozinha,desenvolver esta investigao", refere Manuel BrazoFarinha, scio-gerente da TecnoCrete, empresa fundadaem Janeiro de 2000 no seio do grupo GESTIP, ao qualtambm pertence a S.T.A.P. O objectivo do consrcio eradesenvolver know-how que permitisse a aplicao destatecnologia em Portugal.

    DO AR PARA A TERRA

    O propsito inicial do CARBOPONTE consistia em acom-panhar os desenvolvimentos obtidos em outros pases nombito da aplicao de materiais compsitos. "O projectoprocurou desenvolver, aplicar e ensaiar tcnicas de au-mento de rigidez e/ou reforo de pontes usando placas demateriais compsitos avanados, nomeadamente resinasde epxido reforadas com fibras de carbono", explica

    Antnio Torres Marques, coordenador do projecto.Os materiais constituintes de um sistema compsitoincluem as resinas e as fibras. Existem ainda disponveisum conjunto alargado de resinas que tem sido formula-das para melhor se adequar s aplicaes estruturais emvista e s condies ambientais da sua cura. Os objectivos tecnolgicos do CARBOPONTE centraram-se na possibilidade de definir um processo de fabrico e apli-cao de mantas e laminados em materiais compsitospara reforo de pontes. Foram tambm desenvolvidos pro-cedimentos de controlo de qualidade para uma aplicaosustentada da nova tcnica. De salientar que a metodolo-gia da colagem de perfis curados estava a ser utilizada emoutros pases. Como refere Antnio Torres Marques, "nesteprojecto, pretendemos adquirir know-how de fabrico, decaracterizao do material (saber o que se estava a aplicare porqu) e preparao de perfis". Mas os investigadores foram mais longe. De acordo comAntnio Torres Marques, que desenvolve a sua actividadede investigao no INEGI e na FEUP, como professor asso-ciado, "para alm do fabrico de laminados e a sua posteriorcolagem na ponte usando adesivos estruturais, foramensaiadas solues de aplicao directa de pr-impregna-dos "in situ" e "cura" no local". Esta experincia utilizou tc-nicas semelhantes s aplicadas na reparao de estruturasde avio fabricadas em materiais compsitos. Por outrolado sero desenvolvidas tcnicas no-destrutivas de ava-liao da integridade estrutural das pontes "reforadas"."Estas so tcnicas que se podem aplicar sem causar danoou causando um dano mnimo ao objecto da avaliao",explica Manuel Brazo Farinha.

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  • A EXPERINCIA-PILOTO

    Ultrapassados os primeiros ensaios em laboratrio, partiu-se em busca de uma estrutura que precisasse ser repara-da. Foi ento efectuada uma experincia piloto com vista aplicao destes sistemas no reforo da laje superior dotabuleiro da ponte Nossa Senhora da Guia em Ponte deLima. Trata-se de uma ponte de beto armado pr-esfor-ado, cujo tabuleiro tem cerca de 12 metros de largura e constitudo por um caixo bicelular de altura varivel. Aponte, construda h 20 anos, apresentava no seu interioruma extensa fendilhao longitudinal localizada na faceinferior da laje do tabuleiro. O projecto contemplou ainda a realizao de testes emmodelos laboratoriais que comprovaram a eficincia datcnica por colagem externa de compsitos base depolmeros reforados com fibras (CFRP), bem como odimensionamento e aplicao de um reforo numa zonalocalizada da ponte. Produziram-se vigas em escala redu-zida e aplicaram-se os materiais para testar o aumento decarga verificado. O material foi testado at ao limite e, emalguns pontos, a estrutura suportava o dobro da cargacom "prteses" de carbono. Era preciso, entre outros aspectos, duplicar a capacidaderesistente da laje flexo. Foram ento efectuadosensaios sobre o tabuleiro para indagar sobre a classe dobeto, a armadura colocada em obra, a profundidade eabertura das fendas, assim como sobre a resistncia traco superficial do beto. Tambm foram realizadostestes de carga com o objectivo de avaliar, entre outrosaspectos, o acrscimo na abertura das fendas. Alcanados os objectivos, foi ento executado o reforode um troo experimental sobre a laje superior da PonteNossa Senhora da Guia. O trabalho foi efectuado emtroos relativamente curtos e em pouco tempo.

    COMPSITOS NA CONSTRUO

    A inovao inerente a este projecto, reside, a nvel nacionalno domnio de uma tecnologia de ponta e sua aplicao emestruturas de engenharia civil. A nvel internacional situar-se- na aplicao directa de pr-impregnados "in-situ" e ametodologia de avaliao no-destrutiva de integridadeestrutural. Segundo Antnio Torres Marques, "a tcnicapermite, com vantagens econmicas, a utilizao de um

    material mais malevel, que melhor se adpata a estrutura,mantendo a resistncia do material curado". As razes pelas quais os compsitos so crescentemen-te usados como materiais de reforo de estruturas debeto esto ligadas s propriedades mecnicas dasfibras (elevada resistncia e rigidez se comparada ao seupeso), s propriedades sinergticas e resistncia corro-so das resinas, facilidade de aplicao e praticamen-te ilimitada diversidade de sistemas FRP (polmeros refor-ados com fibras). Em pases como os Estados Unidos a tecnologia est nos a ser aplicada no reforo de estruturas, como j h refe-rncias de construes de pontes utlizando de raiz mate-riais compsitos. Na Europa, as primeiras experincias sur-giram na Sua. No Japo, a tecnologia utilizada emreparaes de danos na estrutura causados pelos sismos.Com efeito, os materiais compsitos apresentam poten-cialidades para competir com os mtodos tradicionais naengenharia civil. No que se refere ao CARBOPONTE, atecnologia utilizada permite evitar o recurso a chapas deao que so fixadas na estrutura e que acarretam pro-blemas de corroso do material, bem como de demorada obra de reparao. A interveno atravs da extensode mais uma malha de armadura e mais uma camada debeto igualmente demorada. "Em relao a uma reabi-litao tradicional, o trabalho igualmente eficaz, masmuito mais rpido. Em alguns pontos apresenta maisvantagens, nomeadamente na "cintagem" de pilares,

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    a tecnologia utilizada permite evitar o recurso a chapasde ao que so fixadas na estrutura e que acarretamproblemas de corroso do material, bem como dedemora da obra de reparao

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    funcionando como uma ligadura e aumentando a resis-tncia", defende Manuel Brazo Farinha.No que toca aos custos, embora as fibras e as resinas usa-das nos sistemas compsitos sejam relativamente maiscaras, quando comparadas com os materiais de reforo tra-dicional, os custos de mo-de-obra e o equipamento utiliza-dos na instalao de sistemas FRP so sempre mais baixos.Alm disso, estes sistemas podem ser instalados em locaisde acesso limitado (como o caso do tabuleiro da PonteNossa Senhora da Guia) e requerem um tempo para aplica-o inferior aos das tcnicas tradicionais. Outra vantagemreside no facto desta tecnologia no alterar a forma geom-trica dos elementos estruturais, o que traz vantagens estti-cas, e uma vez que no esto sujeitos a corroso, tm cus-tos de manuteno menores.

    PROJECTOS EM CURSO

    A troca de conhecimento que se processa neste tipo deparcerias para a STAP uma mais-valia inquestionvel. Deacordo com Manuel Brazo Farinha, o projecto permitiucriar condies para uma aplicao sustentada desta novatcnica de reforo no nosso pas. "A STAP uma empre-sa apostada na qualidade e depois deste projecto ficmoscom um melhor conhecimento da aplicao deste material.Por outro lado, a participao neste projecto do actualInstituto das Estradas de Portugal tambm uma vanta-gem para ns, pois um importante cliente em potencialque passa a conhecer e a confiar nesta tecnologia", afirmaManuel Brazo Farinha.

    Com este projecto, a empresa promotora pretende alargaro seu campo de actuao e ao utilizar esta tecnologia pode-r contribuir para a dinamizao do sector em que estenvolvida. Contudo, Antnio Torres Marques salienta que as vanta-gens oferecidas pelos FRP devem ser avaliadas em rela-o s potenciais desvantagens e a deciso sobre a suautilizao deve ter em conta vrios factores, incluindo noapenas o desempenho mecnico, como tambm a facili-dade de construo e a durabilidade. "Trata-se de uma tec-nologia nova, com um grande potencial, mas cujo sucessodepende dos cuidados postos na aplicao. Da a impor-tncia da qualificao da mo de obra", afirma o coorde-nador do CARBOPONTE.Para as empresas interessadas em aplicar esta tecnolo-gia, Antnio Torres Marques afirma que "A FEUP adqui-riu, durante os ltimos anos, um conjunto de conheci-mentos neste campo, o que lhe permite transmitir algumknow-how s empresas e dar todo o apoio necessrio,auxiliando na definio de requisitos, especificaes econdies de aplicao". Aqui no h "possibilidade" depular fases. Face aos resultados do CARBOPONTE, est em curso,um projecto de cooperao entre o IEP/ICERR e a FEUPcom o objectivo de avaliar a eficincia e durabilidade dossistemas de reforo aplicados na Ponte Nossa Senhora daGuia. Ser ento elaborado um projecto de reforo destaestrutura com recurso a esta tcnica pioneira. Ser aindaestabelecido um plano de controlo de qualidade durante aaplicao do reforo e na fase de explorao.

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    PROJECTO

    O ano de 1755 ficou marcado na histria portuguesacomo sendo o ano do grande sismo. De facto, Portugal foiatingido nesse ano "negro" por um dos maiores tremoresde terra de que h notcia e que destruiu Lisboa e grandeparte do sul do pas. Mas ainda que este tenha sido consi-derado o mais desastroso, no foi o nico. Outros sismos,de maiores ou menores propores, tm afectado o nossopas, com efeitos destruidores e nada nos garante que nopossam voltar a ocorrer. Alis, provvel que novos sismos venham a acontecer nofuturo. Esta pelo menos, a assustadora certeza dosespecialistas que garantem que um dia, s no sabemquando, toda a zona de Lisboa e tambm o sul do pas, vovoltar a ser sacudidos por um forte sismo.E quando a terra voltar a tremer? Ser que estamos pre-parados? Com cerca de 40% dos edifcios erguidos antes de 1958(data em que foi publicada a primeira legislao quanto adisposies anti-ssmicas nas construes), o panoramano parece ser famoso. Isto para j no falar dos edifciosmonumentais que so a herana na nossa histria e, porisso mesmo, constituem um patrimnio cultural de valorincalculvel.Foi a conscincia desta realidade que levou Vtor Cias eSilva, presidente da Stap, uma empresa fundada em 1980para exercer actividade no mbito da reabilitao, consoli-dao e modificao de edificaes e estruturas, a apos-tar no desenvolvimento do projecto COMREHAB, integra-do no programa EUREKA.De acordo com Vtor Cias e Silva, "este projecto no foiiniciativa minha, surgiu no mbito do Eureka h algunsanos. Na ocasio o Dr. Delgado Rodrigues do LNEC,

    ento representante de Portugal no "Guarda-Chuva"EUREKA EUROCARE, enviou-me algumas ideias sobreprojectos Eureka, e eu peguei num desses projectos, oprojecto COMREHAB". Este projecto est relacionado com a utilizao dos ma-teriais compsitos de tecnologia avanada na reabilitaode edifcios e estruturas. Da o nome, COMREHAB, quejunta as duas palavras: compsitos e reabilitao.

    COMREHAB

    Preveno anti-ssmica para os edifcios antigos

    CO-FINANCIADO PELA AGNCIA DE INOVAO, O PROJECTO COMREHAB, PERMITIU DESENVOLVER UM

    SISTEMA DESTINADO A DOTAR OS EDIFCIOS ANTIGOS DE MAIOR RESISTNCIA AOS SISMOS.

    PROMOVIDO PELA EMPRESA PORTUGUESA STAP NO MBITO DO PROGRAMA EUREKA-EUROCARE, ESTE

    PROJECTO COLOCA PORTUGAL NOS PRIMEIROS LUGARES DO QUE DE MAIS INOVADOR SE FAZ NO

    MUNDO NESTA MATRIA.

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    O interesse no projecto estava demonstrado e a Stap ela-borou uma candidatura ao abrigo do ICPME - IniciativaComunitria para Pequenas e Mdias Empresas, que foiaprovada pela Agncia de Inovao. O COMREHAB implicou um investimento de 90 mil con-tos, do qual 60% foi financiado.Convm referir que este projecto, concludo no incio desteano, considerado como o mais importante projecto por-tugus ao nvel da engenharia ssmica promovido por umaempresa privada. Mas afinal o que o COMREHAB?

    UMA EXPERINCIA DE SUCESSO

    De acordo com Vtor Cias e Silva, a vontade de avanarcom este projecto justifica-se com a "grande quantidadede edifcios que no tm resistncia aos sismos. urgen-te por isso reabilitar esses edifcios em relao resistn-cia ssmica e quando isso for feito este sistema, sado doCOMREHAB, poder ser utilizado". Para que percebamos melhor a importncia deste projec-to convm no esquecer que "as construes antigasrepresentam uma parte aprecivel do edificado do pas.Segundo as estatsticas, perto de um milho de imveisexistentes em Portugal so anteriores a 1945 (o ano quese tem convencionado estabelecer o limite entre os edif-

    cios antigos e os recentes). E muitos destes edifcios care-cem de intervenes de natureza estrutural, o que aconte-ce, em particular, em zonas ssmicas, como o caso deLisboa", esclarece Vtor Cias e Silva. O projecto COMREHAB, que mobilizou vrios parceiroseuropeus, visou desenvolver tcnicas pouco intrusivas deaplicao de compsitos em reabilitao estrutural. Osdesenvolvimentos relacionados com estruturas antigasficaram a cargo da Stap, ficando as restantes questesrelacionadas com o reforo em estruturas de beto acargo de outros parceiros. Com o projecto COMREHAB os participantes portugue-ses pretenderam aproveitar as caractersticas e a facilida-de de aplicao dos materiais compsitos para desenvol-ver um sistema de reforo de paredes de alvenaria queseja eficaz e, ao mesmo tempo, fcil de aplicar. A ideia base aumentar a resistncia dos nembos a for-as laterais, quer no seu plano quer fora do plano, aumen-tando, ao mesmo tempo, a ductilidade da alvenaria, isto ,a sua capacidade de dissipar a energia ssmica recebidasem se desmoronar. Vtor Cias e Silva simplifica explicando que "a tecnologiautilizada consiste em tentar aumentar a resistncia dasparedes de alvenaria de pedra traco (j que estematerial apenas resiste razoavelmente compresso).Para tal procede-se instalao nos elementos resisten-

    urgente por isso reabilitar os edifcios em relao re-sistncia ssmica e quando isso for feito este sistema,sado do COMREHAB, poder ser utilizado

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    tes - os nembos - de armaduras, normalmente inexisten-tes nas paredes de alvenaria. Tais armaduras so instala-das recorrendo tecnologia desenvolvida pelo projectoCOMREHAB, isto , utilizando materiais compsitosbaseados em fibras de alta resistncia". Assim o projecto pode ser descrito como tratando-se deum sistema muito leve e de fcil aplicao, baseado emmateriais compsitos, como fibras de carbono e resinasque, aplicados nas paredes dos edifcios, podem aumen-tar a sua resistncia em cerca de 100%. O sistema consiste na aplicao de um conjunto de faixasde materiais compostos em ambas as faces das paredesde um edifcio. Em cada face formada uma rede que fixa parede atravs de um sistema de conectores. Todoo conjunto vai formar um sistema de confinamento dosnembos de alvenaria, tornando-os capazes de suportar asoscilaes em caso de sismo. Este sistema montado deforma que, mesmo no caso de haver colapso da estrutu-ra de alvenaria, se evitem derrocadas descontroladas, pro-curando, assim, minimizar os riscos para pessoas e bens. "Este o sistema ideal para utilizar, por exemplo, nos edi-fcios da Baixa Pombalina". As principais vantagens em relao s solues baseadasno beto armado so: menor perturbao quer dos uten-tes, quer da estrutura propriamente dita durante os traba-lhos e menor peso, com a consequente reduo da acossmica, dispensando o eventual reforo de fundaes.Dada a sua reduzida intrusividade e elevada reversibilida-de, este tipo de reforo pode ter particular interesse nodomnio dos edifcios histricos e monumentos. O sistemacontm algumas disposies inovadoras, que originaramo registo de duas patentes.

    ASPECTOS INOVADORES DO COMREHAB

    Como j referimos um dos aspectos inovadores deste pro-jecto a sua reduzida intrusividade. De acordo com Vtor

    COMREHAB:

    UMA INOVAO URGENTE

    No mbito do projecto COMREHAB, foram estu-dadas solues de reforo de paredes de alvenariade pedra utilizando materiais compsitos baseadosem fibras de alta resistncia.O projecto considerou a aplicabilidade dos mate-riais e tecnologias de baixa energia de cura (siste-ma ITM-Low Temperature Moulding).A tcnica de reforo nas construes em alvenaria,engloba a aplicao de camadas finas de fibras dealta resistncia impregnadas de modo a aumentara resistncia das paredes em zonas crticas.Estes materiais so constitudos por uma matriz deresina de epxido e fibras sintticas com resistn-cias superiores s do ao. Este tipo de soluo per-mite a execuo de intervenes de reforo estru-tural "secas", pouco invasivas e reversveis.As vantagens em relao s solues baseadas nobeto armado so inmeras: menor perturbao, querdos utentes, quer da estrutura propriamente dita; me-nor peso, com a consequente reduo da aco ss-mica e dispensando o eventual reforo de fundaes.

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    Cias e Silva "ao contrrio da utilizao do beto armadoestes materiais permitem aplicaes pouco intrusivas, o quese percebe facilmente se comparada com uma cirurgia nosseres humanos. Isto , quando uma operao tem um nvelelevado de intrusividade, o ps operatrio mais perigoso,pois o paciente corre maior risco. Nos edifcios pode acon-tecer mais ou menos a mesma coisa, uma vez que as inter-venes podem ser mais ou menos intrusivas". Se a interveno for muito intrusiva, no s h maior per-turbao para utentes do edifcio, como h at algum riscopara a integridade deste. " evidente que se eu quisessereforar um edifcio com beto armado, fazia nele umarevoluo: partia as paredes, furava as lajes para as arma-duras passarem para o piso de baixo, tinha de utilizar beto-neiras, etc. E, para executar esses trabalhos, era funda-mental que o edifcio fosse evacuado. Quando se fala deuma menor intrusividade, fala-se no fundo da realizaode intervenes sem perturbao para os utentes e commenores riscos", continua o responsvel pela Stap. Em resumo, a utilizao dos compsitos permite realizarintervenes reduzidamente intrusivas. "Com este sistemaconseguimos que as armaduras sejam colocadas ideal-mente apenas do lado de fora e sem ser preciso trazermuitos materiais". Ainda de acordo com Vtor Cias e Silva, "as armaduras base de material compsito podem ser fixadas alvenaria epodem ser utilizadas em conjugao com os elementos queatravessam a alvenaria fazendo uma espcie de costura daalvenaria, ou seja, vo "coser" a alvenaria e conferir-lheassim, uma maior resistncia flexo".

    FASES DO PROJECTO

    O projecto COMREHAB foi dividido em duas fases distin-tas: Numa primeira fase, levou-se a cabo um programaexperimental que incluiu a realizao de um total de 24ensaios de flexo no plano e flexo fora do plano, em ins-talaes do LNEC e IST- Instituto Superior Tcnico. Paraconstruir os provetes utilizou-se um material que reproduzas caractersticas da alvenaria. Os reforos so feitos comtiras de materiais compsitos (fibra de elevada resistnciae polmeros) e conectores de confinamento. No relatrio de sntese de avaliao da primeira fase doprojecto, pode ler-se, assim como no site da empresa,disponvel em www.stap.pt, que "o trabalho efectuadoconfirmou o interesse do sistema proposto e a sua efi-ccia. Este sistema de reforo ssmico de construesde alvenaria apresenta uma menor intrusividade e maisfcil reversibilidade quando comparado com sistemasconvencionais de encamisamento e cintagem de pare-des com rebocos armados".A apreciao global do trabalho realizado foi bastante

    positiva como refere o relatrio: "Foi realizado um tra-balho experimental significativo e de modo rigoroso,actividade fundamental num projecto de investigaoaplicada que tem como objectivo o desenvolvimento denovas tecnologias para ao reforo ssmico de constru-es de alvenaria. O trabalho realizado constitui umdesenvolvimento relevante num contexto mais geralque poder vir a conduzir aplicao futura do sistemaem construes existentes".Numa segunda fase, o projecto prosseguiu sobre mode-los representando um edifcio completo, escala 1:3.Nesta srie de ensaios o mtodo de reforo proposto foicomparado com os mtodos tradicionais, como a execu-o de uma estrutura interior de beto armado, o betoprojectado e os rebocos armados, entre outros.O projecto COMREHAB comeou a ser desenvolvido em1998 e chegou sua concluso no final de 2001.A Stap elaborou, a propsito deste projecto, um con-junto de recomendaes resultantes dos estudos efec-tuados para o sistema. Isto porque com a experinciaacumulada durante os quatro anos do projecto, aempresa portuguesa acaba de ganhar um capital deconhecimento que pode ser muito til a todas asempresas que se dedicam recuperao de edifcios.

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    PROJECTO

    As construes antigas representam uma parte muitoconsidervel do edificado portugus. Tratam-se de edi-fcios que necessitam, ao longo da sua existncia, deobras importantes de conservao e restauro. Masproceder a uma interveno num edifcio antigo no mesmo que intervir num imvel recente, principalmen-te quando se trata de um edifcio com valor histrico,que constitua Patrimnio Arquitectnico. Nestes casos fundamental conhecer o edifcio empormenor, e no falamos apenas do ponto de vista his-trico. imperativo deter um conhecimento aprofun-dado dos materiais existentes para que a intervenoatinja os objectivos propostos sem se perder a autenti-cidade do edifcio. Uma realidade para a qual a Stap, uma empresa queexerce actividade no sector da construo e obraspblicas, circunscrita ao mbito da reabilitao, conso-lidao e modificao de edificaes e estruturas, temvindo a alertar, desde a sua fundao em 1980. esta preocupao com o edificado portugus, quelevou a empresa a lanar juntamente com o LNEC -Laboratrio Nacional de Engenharia Civil do projectoOLDRENDERS, no mbito do programa Eureka-Eurocare. O consrcio apresentou uma candidatura aoabrigo do ICPME - Iniciativa Comunitria para Peque-nas e Mdias Empresas, que foi aprovado e co-finan-ciado em 60% atravs da Agncia de Inovao. O projecto OLDRENDERS tem em comum com o pro-jecto COMREHAB o facto de ambos se centrarem nosedifcios antigos. No entanto, enquanto o projecto COM-REHAB tem um mbito sobretudo estrutural, ao nvel do

    comportamento estrutural do edifcio, o projecto OLD-RENDERS centra a sua investigao nas argamassasque se utilizam nos revestimentos dos edifcios, nos rebo-cos e, acessoriamente, no refechamento das juntas, umaoperao corrente de conservao de edifcios antigos.De facto, o projecto OLDRENDERS teve como objecti-vo a definio de metodologias para a caracterizao,reparao e manuteno de rebocos de edifcios antigos. Vtor Cias e Silva, presidente da Stap, a empresa pro-motora do projecto OLDRENDERS, justifica a importn-cia deste projecto referindo que "no assentamento dealvenarias, refechamento de juntas e rebocos, em cons-trues que tenham valor histrico, devem ser utilizadasargamassas constitudas por materiais compatveis comos antigos. O uso do cimento portland , normalmente,

    OLDRENDERS

    Restaurar com conhecimento

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    O OLDRENDERS DEFINIU UM CONJUNTO DE

    METODOLOGIAS PARA A CARACTERIZAO E

    CONSERVAO DE ARGAMASSAS DE REVESTI-

    MENTO DE EDIFCIOS ANTIGOS. COM ESTE

    PROJECTO, A STAP D MAIS UM PASSO NA

    EXCELNCIA PARA OBRAS DE CONSERVAO

    E RESTAURO.

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    de excluir. No mbito do projecto OLDRENDERS, pre-tendeu-se desenvolver uma metodologia e linhas deorientao com vista formulao de materiais paraaquele fim, baseados em ligantes tradicionais". Assim o projecto OLDRENDERS, (sendo que rendersquer dizer revestimento de reboco), visou desenvolver e

    aperfeioar no s as composies de materiais face smatrias primas que existem em diferentes regies dePortugal, mas sobretudo um mtodo de trabalho, quedesse garantias dessa tal compatibilidade. "Ns desen-volvemos essa metodologia e portanto h um conjunto deprocedimentos que passam pela caracterizao de umdeterminado edifcio, pelos ensaios que se podem fazer"in situ" ou em laboratrio, sobre amostras que se reco-lhem nos rebocos em presena nos edifcios. Partindo doconhecimento de quais as caractersticas que so rele-vantes nos materiais que esto no local, determinamos,primeiro, os valores dessas caractersticas. Depois pro-curamos ajustar a composio das argamassas de repa-rao ou substituio face s caractersticas medidaslocalmente, para que as argamassas de reboco e derevestimento de juntas que vierem a ser utilizadas emcada aplicao respeitem o princpio da compatibilidadecom os materiais locais. Fundamental dar garantiasdas intervenes de manuteno no atentarem contra aautenticidade dos edifcios e terem um comportamentodurvel", explica Vtor Cias e Silva.

    ABORDAGEM INOVADORA

    O aspecto de facto inovador sado do projecto OLDREN-DERS, a abordagem. Quer isto dizer que neste projec-

    METODOLOGIAS TEIS

    O projecto OLDRENDERS teve como objectivodesenvolver uma metodologia global e sistem-tica para guiar intervenes de conservao emedifcios antigos, no que diz respeito s arga-massas de reboco e de refechamento de juntas.Ao longo deste projecto foram definidos critriosde deciso sobre a substituio das argamassasexistentes ou a sua manuteno com operaesde conservao. Foram tambm estabelecidasexigncias especficas dos rebocos e dos refe-

    chamentos de juntas para edifcios antigos, tanto quanto possvel de forma quantificada e procurou-se desen-volver ou adaptar tcnicas experimentais adequadas verificao dessas exigncias. Foram testadas algu-mas composies simples para verificar as exigncias correspondentes a determinadas condies especfi-cas, nomeadamente climticas e de tipo de suporte.Finalmente, atravs da introduo de correces s composies preparadas, procurou-se formular arga-massas pr-doseadas com base em cal para rebocos e refechamento de juntas.A prossecuo dos objectivos referidos implicou trabalho de investigao e uma larga campanha experimen-tal em laboratrio, mas fundamentou-se sempre, tambm, em trabalho de campo e no estudo de casos con-cretos.Esta abordagem, necessariamente multidisciplinar, permitiu reunir a informao necessria s intervenesde conservao e reparao de rebocos e de juntas de refechamento com argamassa e p-la disposiodo meio tcnico, assim permitindo poupar os meios humanos e financeiros em actividades de investigao eexperimentao isoladas e consequentemente com pouca capacidade para fazer avanar os conhecimentos.

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    to, para alm de se fazer a anlise "in situ" ou em labo-ratrio, tambm se conseguiu apurar um conjunto deindicaes para formulaes de argamassas especficas. Vtor Cias e Silva, responsvel pelo OLDRENDERS,explica, referindo que uma das operaes que se procu-rou apurar ao longo do projecto "foi desenvolver um con-junto de frmulas de argamassa que fossem mais oumenos standartizadas e pudessem ser produzidas emsrie e posteriormente fornecidas obra, totalmente con-cludas. A vantagem deste tipo de argamassas quebasta juntar gua e utilizar em vez de se estar na obra aaprovisionar materiais e a fazer essas misturas localmen-

    te. Isto permite reduzir o nmero de operaes feitas emestaleiro, conduzindo, desta forma, a uma maior qualida-de do trabalho executado". Ainda de acordo com Vtor Cias e Silva, "o essencialdeste projecto sobretudo a metodologia que pode seraplicada nos mais variados casos. Passa pela realizaode ensaios para caracterizao de determinadas proprie-dades consideradas relevantes para as argamassas exis-tentes no local da obra; procura-se, em seguida, formu-lar ou acertar uma argamassa de substituio, tendo emconta os inertes, os agregados, as areias e a cal que seencontram naquele local e, tambm, as condies deaplicao. Para os casos de reabilitao correntes, o pro-jecto permite desenvolver vrias argamassas que podemser pr-doseadas e fornecidas obra j standarizadas.Neste caso h ainda a considerar uma melhor relaoqualidade/preo".

    ANLISE INDIVIDUAL

    Foram identificadas vrias metodologias a seguir no pro-jecto OLDRENDERS, mas convm no esquecer que,em edifcios com valor enquanto patrimnio arquitectni-co, cada caso um caso. Para Vtor Cias e Silva " fun-damental proceder, em qualquer das situaes, a umaanlise preliminar, identificar as zonas homogneas e ospontos mais representativos".O mesmo responsvel deu alguns exemplos que permi-tem compreender melhor a gnese das metodologiasdefinidas:Em primeiro lugar necessrio identificar zonas homo-gneas, se existem rebocos com a mesma idade ou fei-tos com os mesmos materiais; em seguida procede-se aensaios in situ ou ento realiza-se a recolha de amos-tras para anlise laboratorial e/ou procede-se anliseestratisgrfica, ou seja, verifica-se as diferentes camadasde reboco. Para o responsvel pelo OLDRENDERS quase como realizar "uma cirurgia epiderme do edifcio". A operao seguinte passa pelo levantamento e caracte-rizao das argamassas pr-existentes.Segundo Vtor Cias e Silva, "depois de se ter delimitadoas diferentes zonas do edifcio, necessrio fazer olevantamento e caracterizao das argamassas dessaszonas. Nesta altura dispe-se de elementos para fazeruma espcie de um anteprojecto de apresentao, ouseja, como se quer que o edifcio aparea, visualmente.Nesta altura surgem trs hiptese: quais as zonas aconsolidar; definir as solues de pintura e definir aszonas a substituir. nesta fase que vo ser necessriasas argamassas. Ento surge a especificao das arga-massas de substituio. Aqui definem-se os requisitos dedesempenho ou performance e de compatibilidade comos materiais que j l esto".Mas o trabalho no termina aqui, como explica VtorCias e Silva. "Aps as tarefas iniciais necessrio fazer

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    a elaborao das formulaes da argamassa, seguidasde ensaios laboratoriais e de aplicao em obra para ava-liar se a formulao j feita satisfaz ou no. Se no satis-faz necessrio fazer nova formulao, se sim passo frente e posso fazer um projecto. Neste projecto podeser necessrio confirmao das zonas a consolidar eespecificao dos consolidantes assim como o projectode reintegrao cromtica, informaes que vo comple-tar o projecto final".Este tipo de trabalho pressupe uma filosofia e mtodosprprios de interveno logo partida. "Defendemos umafilosofia de conteno, ou seja, procuramos fazer omenos possvel para no danificar a obra".Intervir numa obra de conservao e restauro de patri-mno arquitectnico pressupe igualmente um conheci-mento aprofundado dos materiais e tecnologias de cons-truo recentes e antigas. Da que as equipas de traba-lho sejam sempre multidisciplinares, compostas por cien-tistas, arquelogos, historiadores de arte, arquitectos,gelogos, entre outros. Mas a explicao deste responsvel diz respeito apenasa uma das metodologias definidas no projectoOLDRENDERS. Em obras de reabilitao mais comuns pode seguir-setambm uma metodologia simplificada, desta feita comconstituintes standarizados, "onde escolho uma arga-massa parecida com o que j l est. No sendo neces-srio procurar ou fazer grandes ensaios".O projecto OLDRENDERS, concludo em 2001, teve aparticipao de vrias entidades, como sejam o LNEC,a Monumenta, a Oz, a Universidade de Ljubljana e oInstituto da Engenharia Civil ZRMK da Eslovnia, assimcomo o Laboratrio Central de Estructuras y Materiales,CEDEX de Madrid e o BRE no Reino Unido.A participao da Stap prendeu-se com o desenvolvi-mento e produo de rebocos experimentais, contribuin-do para a investigao, com base na experincia dafirma em materiais de reparao. A Stap foi coadjuvadapor duas empresas do mesmo grupo, a Oz, que se dedi-ca rea do diagnstico e controlo de qualidade atravsde ensaios no destrutivos, e a Monumenta, a empresado grupo exclusivamente vocacionada para as constru-es antigas.A Oz participou nos ensaios de campo, interessando-lhefamiliarizar-se e eventualmente, participar no desenvolvi-mento e aperfeioamento de tcnicas para a caracteriza-o das propriedades dos rebocos antigos e o controlode qualidade da produo e aplicao de rebocos desubstituio.Finalmente, o contributo da Monumenta est relacionadocom o trabalho de manuteno, reparao e reabilitaoem edifcios antigos, contribuindo para pesquisa, atravsda aplicao em obra, das metodologias desenvolvidaspelo LNEC e dos materiais desenvolvidos pela Stap.

    STAP: 22 ANOS DE EXPERINCIAA Stap foi fundada em 1980 para exercer actividade nosector da construo e obras pblicas. A vocao daempresa foi, partida, assumidamente circunscrita aombito da reabilitao, consolidao e modificao deedificaes e estruturas, envolvendo um elevado grau deespecializao e recurso a tecnologias avanadas.Tendo em vista a prestao de servios nesta rea, aStap tem vindo a adquirir saber-fazer e equipamento, ea constituir um ncleo de pessoal especializado, capazde aplicar em obra diversas tcnicas de reparao, refor-o, consolidao, proteco, e modificao de estru-turas e fundaes. A experincia acumulada ao longo de22 anos de actividade, os meios humanos e materiaisreunidos e o conhecimento do mercado, permitiram Stap consolidar a sua posio como prestadora de ser-vios de elevada tecnicidade na rea da reabilitao dasconstrues e estruturas. O ano de 1996 foi caracteri-zado pelo incio do estabelecimento do Sistema deGarantia de Qualidade, com vista certificao daempresa nos moldes das normas ISO 9002. Tal esforo, que absorveu meios humanos e financeirossignificativos, considerado pelo conselho de adminis-trao de importncia estratgica para a empresa, dadaa elevada especializao e contedo tecnolgico dosservios oferecidos. Os seus efeitos tm-se vindo a sen-tir, permitindo o reforo da posio da empresa no seg-mento de mercado em que actua. A Stap entende ser sua misso contribuir para o pro-gresso da sociedade e do pas, entendido como amelhoria da qualidade de vida das pessoas, acompa-nhada duma melhor salvaguarda do patrimnio cultural enatural comum. Essa contribuio dada das seguintes formas: 1. Prestao de um servio de qualidade, que permitaou ajude a resolver as questes que se colocam naesfera de conhecimentos especializados da empresa,servindo o melhor possvel os interesses dos seusClientes. 2. Ampliao do potencial de interveno da empresa,atravs da aquisio de mais conhecimentos, criao,apropriao e desenvolvimento de novas tcnicas emateriais, melhoria dos meios humanos e de equipa-mento disponveis. 3. Criao e distribuio de riqueza e bem-estar, atravsda libertao de rendimentos, atravs da criao emanuteno de postos de trabalho e atravs do apoio sinstituies de solidariedade. 4. Criao de oportunidades de realizao pessoal e pro-fissional dos seus colaboradores, proporcionando-lhes es-tabilidade de emprego e um bom ambiente de trabalho.

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    PROJECTO

    Com capital 100% portugus, a F. Lima S.A. opera nomercado nacional tendo como principal objectivo o marke-ting e distribuio de produtos de grande consumo. Aempresa comercializa um leque diversificado de produtos,sendo a Novycera uma das suas principais marcas.Novycera a primeira marca de cera para pavimentos nomercado portugus e a segunda marca no segmento deprodutos para mveis. Os seus grandes concorrentesencontram-se entre as marcas multinacionais presentesem Portugal. Apesar desta forte posio no mercado, a anlise da envol-vente estratgica da marca denotava fortes problemas namanuteno de sua posio. Dessa anlise ressaltava queo grande ponto fraco da marca era o de gerar novos pro-dutos que permitissem acompanhar as novas necessida-des dos consumidores e as novas tendncias do mercado. Com efeito, a F. Lima no lanava um novo produto nomercado h mais de trs anos. "O problema estava locali-zado no na nossa capacidade de descobrir e antecipar asnecessidades do consumidor e ter ideias sobre novos pro-dutos a desenvolver, mas sim no know-how cientfico etecnolgico que nos permitisse passar das ideias aos pro-dutos", afirma o director de marketing da F. Lima, JooPilo. Num mercado de grande consumo, extremamentedinmico, este problema acabaria por afectar a mdio-prazo a posio da marca. neste contexto que surge o projecto LPLTPM (Linha deProdutos para Limpeza e Tratamento de Pavimentos de

    Madeira), co-financiado pela Agncia de Inovao atravsdo programa ICPME. O projecto tinha partida dois gran-des objectivos. O primeiro era desenvolver produtos quepermitissem, marca Novycera, o reforo da sua posiono mercado. "Por outro lado, pretendamos adquirir oknow-how necessrio que permitisse ao nosso departa-mento de Investigao & Desenvolvimento continuar adesenvolver novos produtos e acompanhar a evoluo dasexigncias dos consumidores", revela Joo Pilo. Paraalm do know-how na vertente tecnolgica, era tambmcrucial para a F. Lima obter conhecimentos intrnsecos aoprocesso e metodologia de desenvolvimento de um pro-duto. A parceria com o ICTPOL - Instituto de Cincia eTecnologia de Polmeros surge assim de "forma natural".

    LPLTPM

    Inovar para criar marcas prpriasDESENVOLVIDO PELA F. LIMA EM PARCERIA COM

    O ICTPOL, O PROJECTO LPLTPM TEVE COMO

    BASE O DESENVOLVIMENTO DE UMA LINHA DE

    PRODUTOS PARA LIMPEZA E TRATAMENTO DE

    PAVIMENTOS DE MADEIRA. COM ESTE PROJEC-

    TO, FOI POSSVEL EMPRESA ADQUIRIR COM-

    PETNCIAS INTERNAS PARA VENCER A CON-

    CORRNCIA NO DISPUTADO MERCADO DE

    GRANDE CONSUMO.

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    INOVAO NO MERCADO

    A partir da sistematizao das necessidades identificadasjunto dos consumidores e da definio dos objectivos aatingir, em termos de propriedades e caractersticas pre-tendidas, procedeu-se especificao bsica de cadaum dos produtos, nomeadamente ao nvel dos principaiscomponentes. "O ICTPOL ficou responsvel por parte doestudo das formulaes. Com equipamento cientficoadequado, estudamos correlaes entre a composio ea performance dos produtos formulados", revela JooBordado, professor associado do Instituto SuperiorTcnico e investigador do ICTPOL.No mbito do LPLTPM foram desenvolvidos trs novosprodutos para limpeza e tratamento de pavimentos demadeira. Esses produtos so: Restaurador de soalhoenvernizado; Limpador de Pavimentos de Madeira e CeraAcrlica de Alta Resistncia. Em termos de inovao de produto, pode-se apontar ainexistncia de um restaurador para pavimentos demadeira (apenas existe um restaurador para mveis demadeira). "A ausncia de uma produo nacional, nombito dos produtos para limpeza de pavimentos demadeira, outro factor de diferenciao apontado pelodirector de marketing da F. Lima, "uma vez que aqueles

    que existem no mercado so produzidos por multinacio-nais". Saliente-se ainda a inexistncia no mercado deceras acrlicas com as caractersticas de alta resistnciapretendidas. "Este ltimo aspecto de extrema impor-tncia, uma vez que quanto mais resistente for o pro-duto passagem sem ocasionar riscos, menos aplica-es so necessrias para corrigir o problema e maisfcil se torna a remoo das camadas quando neces-srio, acabando por retardar este processo", refereainda Joo Pilo. O restaurador de soalho destina-se a pavimentos enver-nizados que se apresentam riscados e com falta de bri-lho, tendo por objectivo a restituio do seu aspecto ori-ginal. Atendendo s vrias cores existentes em chos demadeira, foram desenvolvidas as seguintes tonalidades:Claro/Mdio e Mdio/Escuro.Aqui partiu-se do pressuposto de que o produto a desen-volver teria caractersticas semelhantes a um elemento jexistente na gama da F. Lima e que complementasse oconjunto de produtos destinados ao tratamento de chosem madeira. "Procuramos desenvolver um produto quepermita disfarar os riscos e recuperar o brilho dos pavi-mentos envernizados, uma vez que estes adquirem umaspecto bao e riscado ao longo do tempo", explica odirector de marketing da F. Lima. A composio bsicado mesmo conta com leos e parafnicos em cerca de70% do seu volume, aos quais foram adicionadas outrassubstncias, como o silicone, com o propsito de tornaros riscos do pavimentos menos notrios. No processo de desenvolvimento do limpador de cho"havia que assegurar quais as caractersticas fundamen-tais o produto necessitaria ter, de forma 'levar' o consu-midor, possivelmente com hbitos de utilizao de outroproduto concorrente, a compr-lo", salienta Joo Pilo.Tendo em considerao este factor, as caractersticasdeste produto prendem-se com a capacidade de limpe-za, assim como com a restituio do brilho natural damadeira e facilidade de utilizao. Direccionado para a limpeza de pavimentos de madeiraencerados ou envernizados, procurando remover a suji-dade e as manchas acumuladas sem atacar o tratamen-to pr-existente e danificar a madeira, a composio b-sica deste limpador uma mistura de tensioactivos eemulses de silicone. "Ao contrrio dos actualmenteexistentes no mercado, este produto no contm sabo,em virtude deste ltimo causar, com a continuidade das

    em termos de inovao de produto, pode-se apontar ainexistncia de um restaurador para pavimentos de ma-deira (apenas existe um restaurador para mveis demadeira nacional)

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    utilizaes, atenuaes do brilho", revela Joo Pilo. dereferir que este produto o nico que ainda no foi intro-duzido, o seu lanamento est para breve.Por fim, a cera acrlica est vocacionada ao acabamentosuperficial de pavimentos de madeira, ao mesmo tempoque protege e restitui o brilho do pavimento. No desen-volvimento desta cera, obteve-se com sucesso uma ele-vada capacidade de resistncia passagem sem ocasio-nar riscos e perda de brilho, evitando, desta forma, assucessivas aplicaes. Este produto tem por base umaemulso acrlica adicionada de agentes modificadores dobrilho e agentes plastificantes para uma maior resistnciaao risco e para a fcil obteno de um brilho duradouro. de referir que a cera acrlica est direccionada para area industrial.

    METODOLOGIAS DE ENSAIO

    O projecto adoptou uma metodologia de "Bench-marketing" tendo-se definido uma srie de passos inter-mdios correspondentes a optimizaes parciais dos dife-rentes aspectos da performance. "Foi, claro, necessriodefinir uma srie de etapas e tambm objectivos quantifi-cados quanto ao comportamento dos produtos na aplica-o", refere Joo Bordado.O passo seguinte foi a identificao e aquisio dasmatrias-primas, consumveis e equipamentos necess-rios preparao das amostras e respectivos ensaios. "Ametodologia de desenvolvimento das formulaesbaseou-se, numa primeira fase, na pr-afinao destasrelativamente aos componentes principais e respectivosensaios de aplicao e performance em substratos ade-quados", revela o responsvel do ICTPOL. A esta faseseguiu-se a afinao das formulaes quanto aos com-ponentes secundrios. De acordo com Joo Bordado, "oprocesso de desenvolvimento foi iterativo com progressi-va afinao de cada uma das caractersticas pretendidas.Foram estudados com cuidado os aspectos ligados reologia, tenso superficial dos componentes, tendo-sesempre o cuidado de utilizar compostos qumicos sem ris-cos para os futuros utilizadores".Todo o trabalho foi orientado atravs da realizao deensaios comparativos, entre o produto que antes existia, aprincipal ou principais marcas concorrentes no mercado ea nova frmula. "Efectuamos ensaios fsico-qumicos paraconhecer as caractersticas dos produtos, em teor de sli-dos, pH, viscosidade, densidade, cor, odor e aspecto. Apartir dos resultados obtidos, seleccionamos o tipo dematria-prima a utilizar, para a elaborao das frmulas",revela Joo Bordado do ICTPOL. Atravs destes testesprocurou-se igualmente caracterizar a "performance" decada um dos produtos concorrentes identificados. Uma vez seleccionadas as melhores amostras referentes a

    cada uma das formulaes, procedeu-se respectivaaplicao numa panplia de substractos, por forma aavaliar-se o desempenho das amostras em substractoscom vrios tipos de acabamento (ceras, vernizes acrlicosou poliuretano). Por fim, seleccionou-se a amostra quemais se aproximava dos requisitos pr-definidos.Finalmente, prepararam-se amostras industriais paraensaios com os produtos em condies reais, e respec-tivos ensaios de capacidade, por forma a detectar poss-veis alteraes e poder-se proceder respectiva correc-o atempadamente. No que se refere cera acrlica, os resultados obtidosrevelaram propriedades anti-deslizantes, para alm de umaelevada resistncia utilizao de gua e detergentes,assim como s pisadas, sujidade e aos riscos produzidospelos sapatos. No desenvolvimento do limpador de cho foi preciso adqui-rir um equipamento destinado especificamente para osensaios das formulaes deste produto, embora o mesmotenha sido igualmente utilizado no desenvolvimento dosrestantes produtos. "A necessidade deste aparelho pren-deu-se, numa primeira fase, com a necessidade de averi-guao da natureza dos tensioactivos presentes em cadauma das marcas pr-seleccionadas da concorrncia", afir-ma Joo Bordado.

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    De referir ainda que o equilbrio de funes do limpador decho - limpar sem agredir a madeira - imps restriesquanto ao tipo de matria-prima a inserir no produto. Destaforma, toda a formulao foi concebida para que a elimina-o de manchas difceis fosse atingida com a aplicao doproduto na forma concentrada. Para as funes mais roti-neiras, como a restituio do brilho/eliminao do p oucoto, a aplicao mais correcta deste limpador na formadiluda.

    IMPACTO NA EMPRESA

    De acordo com Joo Pilo, os trs produtos, j desenvol-vidos com sucesso, vo proporcionar marca uma capa-cidade de se defrontar no mercado que no possua atento". Dois destes produtos j foram introduzidos no mer-cado com xito, o que obriga a empresa a contnuos refor-os de produo. "A adeso do consumidor a estes novosprodutos veio confirmar quer a janela de oportunidadedetectada, quer o sucesso das frmulas encontradas", afir-ma o director de marketing da F. Lima. A parceria com o ICTPOL permitiu ainda uma transfern-cia de tecnologia e aquisio de know-how que no exis-tia antes na empresa. "O projecto pode ser consideradoum bom exemplo de cooperao entre uma unidade indus-trial e um organismo de investigao, em que a comple-mentaridade de experincia e uma muito boa cooperaocientifica e tecnolgica permitiram atingir resultados muitopositivos", assegura Joo Bordado.

    Neste projecto, para alm da aquisio de alguns equipa-mentos, a F. Lima procedeu contratao de profissionaisqualificados para o seu Departamento de I&D. Estes aca-baram por ser integrados nos quadros da empresa."Hoje, o nosso Departamento de I&D detm competn-cias quer permitiro encarar o futuro da marca comoutras perspectivas e continuar a dotar a marca de capa-cidade concorrencial", revela Joo Pilo. Em consequn-cia existem j uma srie de outros projectos e novasnecessidades que foram detectadas nos estudos demercado e que j esto a ser desenvolvidos pelo depar-tamento de I&D da F. Lima.

    F. LIMA: INOVAR VENCER

    Em 1916 surgia, no Porto, a sociedade comercial F.Lima & Companhia. Das mos de Filinto Augusto Limae Carlos Terroso nascia uma empresa para exploraodo comrcio de comisses e consignaes sem contaprpria. Com a sada do scio Carlos Terroso, em1925, cria-se a F. Lima & Ca. Sucr. Ao Longo destes 86 anos grandes multinacionaisintroduziram suas marcas no mercado portugus atra-vs da F. Lima. Entre estas destaca-se a Gillette, pri-meiro sucesso de vendas da empresa, da Wander(Ovomaltine e pasta dentfrica Mexll), Heinz, Opilca,produtos de higiene para bebs Johnson & Johnson,Super Cola 3 e WC Pato, entre muitas outras.Produtos que acabaram, atravs da actuao da F.Lima, por tornar num xito de marketing e vendas.Tambm para F.Lima a relao com essas multinacio-nais foi uma fabulosa via de adquirir todo o Know Howque a empresa hoje detm.Em permanente evoluo, a actividade da F. Lima temsido marcada pela diversificao de reas de negcio epela aquisio de outras marcas. "A nossa misso construir marcas, todos os produtos so copiveis, asmarcas no o so", afirma o director de marketing da F.Lima, Joo Pilo.Desde 1990, que a estratgia da F. Lima passa pelaaquisio de produtos de marca prpria. As represen-taes representam hoje apenas 15% do volume denegcios da empresa. "Qualquer novo produto fabrica-do ou distribudo pela F. Lima, entra no mercado com achancela da experincia e know-how que a empresaoferece", garante Joo Pilo.Hoje, em praticamente todos os mercados onde a F.Lima opera e detm posies cimeiras, os seus con-correntes directos so marcas e empresas multinacio-nais. Em 2001 a empresa atingiu um volume de fac-turao que ronda os 40 milhes de euros tendo pla-nos de crescimento para os prximos anos acima dos20% ao ano.

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    PROJECTO

    Seja qual for a actividade desenvolvida, a qualidade dosprodutos ou servios prestados essencial sustentabi-lidade e crescimento de uma empresa. Por qualidadeentende-se no s a excelncia de um produto, mastambm se esse produto atinge os nveis de exigncia primeira. Isto , um dos medidores de qualidade passapelo factor erro e pelo tempo necessrio para atingir essa"perfeio". Imaginemos uma empresa que produz e comercializa umdeterminado produto. Se esse produto apresentar errosde fabrico, fundamental que seja repetido at cumpriros objectivos a que se prope, sob pena de se perder ocliente. Essa repetio implica mais horas de trabalhopara o mesmo produto e tambm maior gasto de mate-rial, alm de transmitir uma imagem menos "boa" daempresa que o fornece. Estes factores tm, obviamente,implicaes na facturao.A conscincia desta realidade levou ao desenvolvimentodo projecto PARIS - Sistema de Inspeco porRessonncia Acstica para Controlo de Qualidade dePavimentos e Revestimentos.Como o prprio nome indica, este projecto tem comoobjectivo primordial o controlo da qualidade dos produtoscermicos, nomeadamente pavimentos e revestimentos. De acordo com Jaime Santos responsvel pelo projectoPARIS, "verifica-se com alguma frequncia reclamaespor partes dos clientes bem como devolues das enco-mendas por se verificarem defeitos estruturais que noso detectados pelos operadores de escolha dos produ-tos. Naturalmente, isto tem um grande impacto ao nvelda imagem da empresa com os consequentes prejuzosque da advm". Mas como surge este projecto? O PARIS nasce a partirde um projecto desenvolvido no Instituto Pedro Nunes,submetido FCT, sendo depois transferido por esta insti-tuio para a Agncia de Inovao por se tratar essencial-mente de um projecto de desenvolvimento tecnolgico. A Agncia de Inovao procedeu, por sua vez, a algunscontactos com o objectivo de identificar potenciais

    PARIS

    PARIS, a aposta na Qualidade

    O INSTITUTO PEDRO NUNES E A POCERAM JUN-

    TARAM-SE EM CONSRCIO PARA DESENVOLVER

    O PROJECTO PARIS, QUE RESULTOU NUM SISTE-

    MA DE INSPECO AUTOMTICA QUE AVALIA

    A QUALIDADE DE PAVIMENTOS E REVESTI-

    MENTOS.

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    empresas interessadas em formar com o Instituto PedroNunes um consrcio para o desenvolvimento deste pro-jecto. Foi assim que surgiu a POCERAM, uma empresade produo de revestimentos e pavimentos cermicos,claramente interessada em melhorar o seu processo deproduo. A designao PARIS provm do ttulo do projecto:"Sistema de Inspeco por Ressonncia Acstica paraControlo de Qualidade de Pavimentos e Revestimentos"."Este ttulo poderia ser mais curto sem que o sentido sejaalterado. Assim se se escrever: "Sistema de Inspecopor Ressonncia Acstica para Pavimentos" e considerarapenas as letras maisculas lidas da direita para aesquerda surge o termo PARIS", explica Jaime Santos doInstituto Pedro Nunes em Coimbra.O projecto PARIS teve incio em Fevereiro de 2000 e foiconcludo, com sucesso, em Setembro de 2001

    AS VANTAGENS DO PARIS

    O projecto consiste no desenvolvimento de um sistemade inspeco automtica e em tempo real, recorrendo

    tcnica de ressonncia acstica, com vista caracteriza-o de pavimentos e revestimentos. Concretamente,pretende-se com o PARIS, avaliar a qualidade final dosreferidos produtos, nomeadamente se estes apresentamou no fissuras internas.De acordo com Jaime Santos, "as grandes potencialida-des do equipamento desenvolvido, residem na sua capa-cidade em detectar defeitos sub-superficiais (para almdos verificados superfcie), tais como: fissuras, porosi-dade elevada, incluses, entre outras. Como sabido, aescolha dos produtos com defeitos estruturais feita poroperadores humanos. Estes operadores conseguemdetectar fissuras superficiais caso estas no apresentemdimenses muito reduzidas, no entanto, danos de redu-zidas dimenses no so em geral observados e claroque o operador no possui qualquer meio para testar aintegridade do produto a nvel interno. O cansao e a roti-na dos operadores de escolha so factores determinan-tes para as frequentes falhas verificadas". Ainda de acordo com o mesmo responsvel, "o equipa-mento desenvolvido, para alm das aplicaes e vanta-gens mencionadas, permite uma permanente repetibili-

    o projecto consiste no desenvolvimento de um sistemade inspeco automtica e em tempo real, recorrendo tcnica de ressonncia acstica, com vista caracteriza-o de pavimentos e revestimentos

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    dade do processo de controlo, contribuindo para aumen-tar a qualidade dos produtos sada das empresas bemcomo a imagem das mesmas. Naturalmente, os benef-cios so elevados nestas circunstncias".

    FASES DISTINTAS DE INVESTIGAO

    Ainda que parea lgico e fcil de concretizar, o pro-jecto PARIS implicou um elevado desenvolvimento tec-nolgico e uma equipa permanente a trabalhar at sechegar a um prottipo que cumprisse os objectivospropostos.Jaime Santos, explicou I9 que o projecto PARIS pas-sou por quatro fases distintas e importantes, necessriaspara se alcanar o tal prottipo funcional. "A fase queconsidero como a mais importante foi dedicada pesqui-sa da metodologia mais conveniente para o objectivo emcausa; a escolha dos transdutores a usar; o projecto edesenvolvimento dos sensores. O projecto e desenvolvi-mento dos sensores constituiu a aco mais demorada etrabalhosa desta primeira fase, revela Jaime Santos. A segunda fase envolveu o projecto e desenvolvimento

    de equipamento de gerao e deteco de sinais ultra-snicos. Havia necessidade em gerar sinais com umagama de frequncias que se adequasse banda de res-posta dos sensores produzidos. Foi necessrio, tambm,desenvolver amplificadores que proporcionassem sinaiscom nveis detectveis. Esta necessidade advm dasmltiplas reflexes verificadas no sensor o que leva agrandes perdas de sinal em termos de amplitude, condu-zindo a uma transmisso para o meio a inspeccionar que uma fraco muito reduzida da amplitude do sinal pro-duzido. O posicionamento dos sensores sobre os pavimentos erevestimentos foi, tambm, alvo de estudo, projecto edesenvolvimento. Para tal foram usados motores depasso a passo que permitem um posicionamento rigoro-so e so fceis de controlar. Outros sensores fazem parteintegrante do equipamento e tem por objectivo controlartodo o processo de inspeco e deteco de anomalias. A terceira fase envolveu o desenvolvimento de software,com a implementao de algoritmos de controlo dos sis-temas, aquisio de informao proporcionada pelossensores e tomada de deciso quanto ao estado dos pro-

    INOVAO PARA A QUALIDADE

    O projecto PARIS consiste no desenvolvimento de um sistema de inspeco automtica e em tempo real, recorren-do tcnica de ressonncia acstica, com vista caracterizao de pavimentos e revestimentos. Mais concretamen-te, pretende-se com este projecto, avaliar a qualidade final dos referidos produtos, nomeadamente, se estes apre-sentam ou no fissuras internas. A deteno destas deficincias ditar a rejeio imediata do produto, com os natu-rais benefcios para a empresa tanto do ponto de vista econmico como de imagem perante os clientes.O sistema requer o desenvolvimento dos seguintes mdulos: Caracterizao e aquisio de transdutores ultrassono-ros para a gerao e recepo de ondas acsticas; Gerador de sinal, que tem por objectivo a excitao do tradutoremissor. Este deve permitir a seleco da amplitude do sinal e da gama de frequncias a enviar ao transdutor emis-sor, Placa de aquisio de sinais. Tem por objectivo proporcionar uma inspeco em tempo real. Para o efeito devepossuir uma elevada taxa de amostragem; Algoritmos, que so necessrios para tomadas de deciso do tipo aceita-rejeita e montagem e teste de um prottipo na cadeia de produo.

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    dutos inspeccionados (deciso do tipo aceita-rejeita). A quarta e ltima fase, envolveu essencialmente a cons-truo de um prottipo com a montagem dos diferentesmdulos desenvolvidos bem como toda a estruturamecnica de suporte. O equipamento sado do Projecto PARIS bastantecomplexo, sendo composto na sua essncia por quatrosubsistemas: dois com funes de controlo e que sosemelhantes, um cujo objectivo proporcionar uma rota-o de 90 aos produtos a inspeccionar e, um outro coma finalidade de identificar os produtos em mau estado. Osdois subsistemas gmeos mencionados (um a montantee outro a jusante da linha de transporte) englobam umpar de sensores cada. Quando o pavimento passa sob o primeiro par de sen-sores feita uma primeira avaliao do estado do pro-duto. Esta avaliao realizada segundo uma nicadireco que transversal direco do movimento dospavimentos. Caso exista algum dano este imediata-mente assinalado no monitor do computador. impor-tante realar que apenas fissuras que no apresentemum andamento paralelo direco de propagao dossinais sero detectadas nesta fase. Posteriormente, os pavimentos so objecto de rotaopara se poder avaliar completamente os referidos produ-tos. Entram no segundo subsistema gmeo e so, umavez mais, inspeccionados. Caso em qualquer dos sub-sistemas gmeos tenha sido detectado um defeito, ocomputador produz uma ordem imediata de rejeio do

    produto. Nestas circunstncias entra em aco o quartosubsistema, constitudo por um cilindro pneumtico, queproduz uma marca sobre o pavimento para mais tarde serretirado da linha", explica Jaime Santos.

    FUTURO OBRIGA TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA

    O projecto PARIS foi concludo com sucesso. Agora fundamental que o projecto no fique na gaveta nem cir-cunscrito empresa de produo de revestimentos epavimentos cermicos, POCERAM.Para o pai deste projecto, o futuro do PARIS risonho"se as empresas do sector e no s se empenhem emproduzir com qualidade. Se tal se verificar tero necessi-dade de usar um equipamento deste gnero".Jaime Santos alerta ainda para o facto de que este equi-pamento tem implicaes em outros materiais, metlicose no metlicos, podendo por isso ser utilizado em diver-sos outros produtos.No entanto refere, "a minha experincia diz-me que no fcil convencer as empresas a investir em tecnologiapara melhor os ndices de qualidade, muito menos emtecnologia nacional, preferindo muitas vezes comprar noexterior produtos mais caros de igual ou inferior qualida-de". O projecto PARIS, co-financiado pela Agncia deInovao, implicou um investimento total da ordem dos18 mil contos (perto de 90 mil euros).

    QUASE TRS DCADAS DE EXPERINCIA

    A Poceram - Produtos Cermicos S.A., uma empresa portuguesa de capitais privados que fabrica produtos cermicosde pavimento e revestimento em pasta branca desde 1973. A Poceram situa-se em Cernache no concelho de Coimbra.A actividade da empresa baseia-se na poltica da qualidade implementada que visa articular e integrar os instrumentos degesto com a inovao tecnolgica, bem como assegurar o envolvimento e a motivaes de todos os colaboradores namelhoria do seu desempenho para melhor responder s necessidades dos seus clientes.

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    PROJECTO

    Os materiais compsitos de matriz termoplstica refor-ada com fibras tm sido utilizados com grande suces-so nos ltimos anos, especialmente nas indstriasaeronutica e aeroespacial. Para alm do seu proces-samento no envolver reaces qumicas, as principaisvantagens destes materiais incluem a sua excelentetenacidade e durabilidade, sendo ainda de fcil arma-zenagem, reparao e reciclagem.

    Este novo sistema, embora apresente vantagens evi-dentes, muito recente a nvel mundial e inexistenteno nosso pas. O elevado custo associado fuso dopolmero ou ao uso de solventes para a impregnaode fibras contnuas com matrizes termoplsticas temimpedido o alargamento da aplicao destes materiaisa mercados de grande difuso. Nos ltimos anos,novos esforos tm sido desenvolvidos neste campo.

    ENFITERE

    Enfitere traz novas aplicaes para os Materiais Compsitos

    CO-FINANCIADO NO MBITO DO PROGRAMA ICPME, O PROJECTO ENFITERE TEVE COMO UMA DAS

    IDEIAS BASE O ALARGAMENTO DO MERCADO DE ESTRUTURAS PRODUZIDAS POR ENROLAMENTO FILA-

    MENTAR. LIDERADO PELA VIDROPOL E DESENVOLVIDO EM PARCERIA COM O DEPARTAMENTO DE

    ENGENHARIA DE POLMEROS DA UNIVERSIDADE DO MINHO E O INEGI - INSTITUTO DE ENGENHARIA

    MECNICA E GESTO INDUSTRIAL, ESTE PROJECTO TEVE A DURAO DE ANO E MEIO, COM INCIO EM

    JANEIRO DE 2000.

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  • 34 i9 setembro 2002

    Recentemente, um projecto desenvolvido em Portugal, nombito do programa PRAXIS XXI, permitiu criar um equi-pamento para a produo em contnuo e a baixo custo, de"towpregs", mechas de fibras pr-impregnadas com ter-moplstico em p. na sequncia deste projecto quesurge o ENFITERE, cujo objectivo permitir a aplicaoindustrial do "towpreg" de matriz termoplstica, na produ-o de tubos por enrolamento filamentar.Com a durao de ano e meio, o projecto, liderado pelaVidropol, foi desenvolvido em parceria com o De-partamento de Engenharia de Polmeros da Universidadedo Minho e o CEMACOM, unidade de materiais compsi-tos do INEGI - Instituto de Engenharia Mecnica e GestoIndustrial e foi co-financiado em 55 531 contos (277 655euros), cobrindo quase 70% dos custos.

    OS TOWPREGS

    A mquina desenvolvida para fabrico de "towpregs" (verfig.1) constituda por cinco partes: armazenamento demechas de fibras ("Rovings"); espalhamento de fibras, ali-mentao e deposio do polmero, aquecimento e enro-lamento final. As bobinas de mechas de fibras, colocadasna estante de armazenamento, so desenroladas, sendoas fibras separadas em filamentos na unidade de espalha-mento por meio de ar comprimido. Os filamentos sodepois conduzidos para uma cmara de deposio onde op termoplstico , ento, depositado de ambos os ladosda mecha de fibra e o ex