I Encontro Regional de Química: Ciência, Tecnologia e ... DE MEL PRODUZIDO … · for the...
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Governo do Estado do Rio Grande do Norte
Secretaria de Estado da Educação, da Cultura e dos Desportos - SECD
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
Faculdade de Ciências Exatas e Naturais – FANAT
Departamento de Química – DQ
I Encontro Regional de Química:
Ciência, Tecnologia e Sociedade
UTILIZAÇÃO DE MEL PRODUZIDO NO ASSENTAMENTO MOACIR
LUCENA – MUNICÍPIO DE APODI/RN – NA FABRICAÇÃO DE XAMPU
Souza, Luan D.*2; Souza, Luiz Di
1; Targino, O. A.
2; Viana, F. A.
1 ; Diniz, J. C.
1
2-Aluno do Departamento de Química da UERN, Mossoró/RN – *[email protected]; 1- Prof. Dr. Do Departamento de Química da
UERN, Mossoró/RN.
RESUMO:
A fabricação de produtos artesanais é uma alternativa economicamente viável para pessoas baixa renda e
que necessitam complementá-la. A apicultura é uma alternativa de produção que fortalece a agricultura
familiar e é perfeitamente adaptada ao semi-árido potiguar. O mel de abelhas apresenta-se como uma
ótima fonte de renda para moradores das zonas rurais. Desta forma, visando uma nova opção de renda
para agricultura familiar foi desenvolvido um projeto que fez uso do mel produzido na comunidade
Moacir Lucena do município de Apodi/RN na fabricação de Xampu. Foram preparadas diferentes receitas
em laboratório, testadas pela variação da quantidade dos componentes e qualidade do produto
apresentado, e feita a escolha da mais adequada para produção. Assim, por meio do repasse da fórmula e
procedimentos de produção do xampu em um mini-curso de fabricação, o produto garante mais uma
agregação de valor ao mel produzido nesta sociedade rural.
RESUMO:
The manufacture of craft products is an economically viable alternative to low-income people
who need to complement it. Beekeeping is a production alternative that strengthens the family
farm and is perfectly adapted to the Potiguar semi-arid. The honey bee is presented as a great
source of income for residents of rural areas. Thus, seeking a new option of income for family
farmers, a project was developed that made use of the honey produced in the community Moacir
Lucena, of the city of Apodi/RN, in the manufacture of shampoo. Different recipes were prepared
in the laboratory, tested by varying the amount quality of the product of displayed, and made to
choose the most suitable for production. Thus, through the transfer of the formula and procedures
for the production of shampoo in a mini-course of manufacturing, it ensures a more value added
to the honey produced in this rural society.
INTRODUÇÃO:
A fabricação de produtos artesanais é uma alternativa economicamente viável para pessoas baixa
renda e que necessitam complementar esta.
A vantagem desta prática se dá muitas vezes pelo fato da matéria prima para fabricação destes
produtos serem de baixo custo, visto que são da própria região, ou mesmo materiais que já são comumente
comercializados sendo usados de outras formas, em que sejam mais valorizados.
Segundo levantamentos oficinas do Projeto de Planejamento estratégico do sertão do Apodi, “a
apicultura1 é considerada uma alternativa de produção que fortalece a agricultura familiar e é
perfeitamente adaptada ao semi-árido, promovendo a inclusão social e possibilitando a preservação
ambiental e sustentabilidade, aliadas a baixo investimento e retorno rápido”. Neste sentido é importante
potencializar as cadeias produtivas dessa matéria prima na região, potencializando assim a geração de
renda e garantindo a sua qualidade e de seus derivados.
O mel de abelhas, além de um rico alimento, apresenta-se como uma ótima fonte de renda,
especialmente, para moradores das zonas rurais. Analisando os volumes produzidos, verifica-se que a
produção total dos municípios do Território do Sertão do Apodi estabilizou-se nos anos 2006 e 2007 em
torno de 220 toneladas, sendo o município com maior produção no Rio Grande do Norte. A comunidade
residente no assentamento Moacir Lucena, localizada no município de Apodi – RN apresenta uma boa
produção de mel, o qual é vendido in natura.
O mel possui, também, uma propriedade embelezadora já que, segundo pesquisas realizadas, o
mesmo ao ser aplicado regularmente sobre o rosto, pode reafirmar a pele e prevenir as rugas, tornando a
pele mais suave. Atualmente não é difícil de encontrar produtos de beleza que levam mel em sua
composição. Suas propriedades adstringentes suavizantes e antioxidantes, o tornaram um grande sucesso
em xampus, condicionadores, sabonetes, máscaras para o rosto e muitos outros produtos.
O xampu tem a finalidade de cuidar do cabelo, e consiste em um produto utilizado principalmente
para remover o óleo, sujeira e pele morta do cabelo ou do couro cabeludo. Estas se agregam ao cabelo ou
se desprendem do couro cabeludo com o tempo e de acordo com características específicas de cada
pessoa. A formulação de um xampu possui um ou mais tipo de tensoativos e outras substâncias como
perfumes, conservantes, espessantes etc.
O xampu deve apresentar boa ação detergente cumprindo a sua finalidade de uso, porém não deve
retirar a oleosidade natural dos cabelos, para deixá-los opacos, ressecados e ainda não causar irritação ao
couro cabeludo.
Desta forma, com o intuito de viabilizar uma nova opção de renda para agricultura familiar foi
desenvolvido um projeto por pesquisadores da UERN patrocinado pelo CNPq que visou fazer uso de
recursos naturais produzidos na comunidade Moacir Lucena na fabricação de Domissanitários. Neste
projeto desenvolveram-se receitas de sabonetes com mel, xampus com mel, etc. que serão repassadas aos
agricultores juntamente com os equipamentos utilizados durante a fabricação. Neste trabalho
apresentamos o desenvolvimento realizado na fabricação de xampu com mel.
OBJETIVOS:
Desenvolver uma receita de fabricação de Xampu de forma artesanal, utilizando o mel como um de
seus componentes, devidamente testada por meios laboratoriais, com o intuito de viabilizar uma nova
1 Arte de criar Abelha
opção de fonte de renda via desenvolvimento de processos tecnológicos que agreguem valor às matérias-
primas existentes nos assentamentos ou nas atividades econômicas por eles desenvolvidas.
MATERIAL E MÉTODO:
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre as matérias-prima, os equipamentos, e os
procedimentos necessários para a fabricação de xampu, seus principais componentes e a função de cada
um destes no resultado final e aplicável do produto.
Foram selecionadas receitas disponíveis na internet e outras bibliografias consultadas, e analisadas
em cada uma os componentes comuns essenciais, para a escolha e definição de uma receita a ser tomada
como base para testes. Esta foi preparada em pequena escala no laboratório, testada pela variação da
quantidade dos componentes e das características físico-químicas apresentadas por cada amostra para uma
posterior produção em média e grande escala.
Por fim, serão realizados testes de qualidade do produto e após concluídas possíveis modificações
na receita, esta metodologia será passada aos assentados da comunidade Moacir Lucena, por meio de um
mini-curso de fabricação de Domissanitários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Para a fabricação do xampu foi utilizado mel da comunidade Moacir Lucena, gentilmente cedido
pelos seus moradores, e os agentes químicos principais para a fabricação deste, sendo eles: lauril éter
sulfato de sódio (tensoativo principal – estabilizante), glicerina bidestilada (umectante), ácido sulfônico
(tensoativo secundário – espumante), ácido cítrico e hidróxido de sódio (reguladores de pH), EDTA
(quelante e espessante – regulador da viscosidade), cloreto de sódio (espessante) e essência. Estes foram
adquiridos no comercio local.
A concentração de mel foi estipulada em no máximo 4% do produto final, sendo esta quantidade a
base em todas as receitas testadas. Assim, foram-se variando as quantidades dos demais reagentes. Com
cada receita feita eram testados dois fatores: volume de espuma e viscosidade.
A receita inicialmente testada continha o mel, o lauril, a glicerina, a essência e a água. Porém
devido a um baixo volume de espuma, foi testada uma segunda receita com os mesmos materiais, porém
aumentando a concentração de lauril e glicerina, e diminuindo a de água. Como o problema persistiu,
decidiu-se por acrescentar o ácido sulfônico à receita, alterando novamente as concentrações dos demais
materiais. A figura a seguir mostra os volumes de espuma obtidos nas receitas:
Figura 1. Volume de espuma das receitas (medidos em cm em provetas de 50 mL).
0
5
10
15
20
R 1 R2 R3
9,3 8,1
15,3
Vol
ume
de e
spum
a (e
m
cm n
a pr
ovet
a)
Receitas
Assim, a receita final para os próximos testes foi a receita 3 pelo volume de espuma produzido, e
que tinha em sua composição os ingredientes mostrados na Tabela 1.
Tabela 1. Quantidade de Matérias Primas Usadas para a Fabricação do Xampu de Mel
Componente Função Porcentagem
Mel --- 4%
Lauril Tensoativo principal e estabilizante 15%
Glicerina Umectante 5%
Ácido sulfônico Tensoativo secundário e espumante 10%
Essência Aromatizante 1%
Água destilada Diluente 65%
Solução de NaOH 20% Regulador de pH q.s.p.2
Solução de ácido cítrico 5% Regulador de pH q.s.p.
Sal ou EDTA Espessante q.s.p.
Devido ao ácido sulfônico, o pH do produto era ajustado com uma solução de NaOH a 20% para
torná-lo básico e depois neutralizado com solução de ácido cítrico a 5%, ficando entre 6 e 7.
Com o produto nestas proporções de materiais, foi feito o teste com os dois espessantes, cloreto de
sódio e EDTA, para medir a viscosidade obtida em função da quantidade. Assim, obtiveram-se os
seguintes valores mostrados na figura:
Figura 2. Variação das concentrações dos espessantes em função da viscosidade.
2 Quantidade suficiente para.
0
10
20
0,1g0,2g
0,3g0,4g
0,5g
4,674
15,61 11,182
8,098 7,804
Vis
cosi
dad
e (
em
cST
)
Concentração do Sal (em g)
0
20
40
0,4g 0,5g 0,6g 0,7g0,8g
0,9g1,0g
2,56 13,04 18,354 19,584 20,55 20,361
18,334
Vis
cosi
dad
e (
em
cST
)
Concentração do EDTA (em g)
No caso da viscosidade do sal, os valores acima de 0,7g apresentaram-se negativos. Já para o
EDTA, os valores abaixo 0,4 igualmente mostraram-se negativos. Acima de 1g ambos apresentara
decaimento da viscosidade.
O sal precisou de uma pequena quantidade para deixar a mistura bem viscosa. Porém, como foi
visto na bibliografia e no gráfico, a adição demasiada deste componente faz com que o xampu “afine”
novamente. Já o EDTA mostrou uma maior viscosidade e mais fácil de ser controlada (uma mudança
menos brusca), porém foi necessária a utilização de maior quantidade deste produto. Isso é uma
desvantagem em relação ao preço dele comparado com o do sal. No entanto, por também atuar como
quelante, ele mostra-se mais adequado para uso na região onde será comercializado, que apresenta
problemas com “água dura”. Outro fator interessante é que o produto com EDTA é mais homogêneo e
transparente, muito parecido com os xampus comerciais, ao contrário do que levou sal, que é mais turvo e
de cor opaca.
Assim, foi feita a escolha do EDTA como espessante mais adequado para uso na receita elaborada e
produção para testes de qualidade a serem realizados futuramente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Pode-se observar com a realização deste trabalho que a receita desenvolvida utilizando o EDTA
como espessante, nas concentrações mostradas, apresentou melhor viscosidade e aspecto físico e estético,
além de atuar como quelante.
Porém, o seu preço em relação ao sal pode ser considerado uma desvantagem, visto que este xampu
visa ser comercializado de forma artesanal e produzido com matéria prima de baixo custo. Mesmo assim,
o EDTA apresenta-se como melhor opção para a fabricação de um excelente xampu com estes materiais.
Com base nos resultados obtidos nesta fase do trabalho, a receita desenvolvida será testada por meio
de distribuição entre voluntários, acompanhada de um questionário avaliativo, para corrigir possíveis
problemas em relação à qualidade do produto.
Assim, com a realização e resultado desses testes, será feito o repasse da fórmula e produção do
xampu desenvolvido será feita aos assentados da comunidade Moacir Lucena, por meio de um mini-curso
de fabricação de Domissanitários. Com o domínio da técnica estes irão produzir e vender o xampu
artesanal, o que garantirá mais uma agregação de valor ao mel produzido nesta sociedade rural.
AGRADECIMENTOS:
Ao CNPq, aos professores orientadores Luiz Di Souza, Francisco Arnaldo Viana e Jaécio Carlos Diniz. E
aos meus familiares pelo apoio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FREITAS, J. S. A.; FREITAS, R. S.; LOPES, R. S. R. S.: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas do Rio Grande do Norte: Projeto Território Sertão do Apodi. Projeto – APRIMOR
Consultoria em Gestão Organizacional Ltda.: Relatório final, Rev.2. Natal-RN, Março de 2010.
Shreve, R. N., Jr., J. A. B., Indústrias de Processos Químicos , Tradução: Horacio Macedo, 4ª ed.,
Editora Guanabara Dois S. A., Rio de Janeiro - RJ.
http://idsbrasil.dominiotemporario.com/doc/PLANO%20DE%20NEG%C3%93CIOS%20DE%20LAJE%
20DO%20MEIO.pdf. (12/01/11) às 14 horas.
http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1772895-quais-os-beneficios-mel/. (12/01/11) às 14 horas.
http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/alternative-medicine/1825767-mel-abelhas-os-seus-
benef%C3%ADcios/ (12/01/11) às 14 horas.
http://www.ufpa.br/quimicanalitica/triticomplexacao.htm (16/01/11) às 16 horas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Espessante (16/01/11) às 15 horas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Acidulante (18/01/11) às 18 horas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/EDTA (18/01/11) às 18 horas.