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HULI GONÇALVES TIBÚRCIO DOS SANTOS ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO PULMONAR Fortaleza 2019

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HULI GONÇALVES TIBÚRCIO DOS SANTOS

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO PULMONAR

Fortaleza

2019

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HULI GONÇALVES TIBÚRCIO DOS SANTOS

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO PULMONAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem.

Orientador: Natália Fabri

Fortaleza

2019

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HULI GONÇALVES TIBÚRCIO DOS SANTOS

ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO PULMONAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Enfermagem.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Fortaleza, dia de dezembro de 2019

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Dedico este trabalho à minha mãe, Maria

de Fátima e ao meu pai, Osvaldo Tibúrcio

por todo cuidado е dedicação que me

deram, а esperança pаrа seguir, fonte de

inspiração e a capacidade de acreditar em

mim, mostrando que não estava sozinha

nessa caminhada.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a Deus por ter me dado força, por ser essencial em minha vida,

meu guia, autor do meu destino. À minha mãe, Maria de Fátima por ser fonte de

inspiração e força no desenvolvimento desse trabalho. Ao meu pai, Osvaldo Tibúrcio

por acreditar no meu sonho e lutar por mim para que eu pudesse alcançar aquilo que

acredito. Aos professores e orientadores, por reconhecer a paciência e o esforço

durante essa jornada. Aos amigos, pois nunca duvidaram da minha capacidade e

tornaram possíveis a realização do meu grande objetivo.

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“Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que

venceu É sobre escalar e sentir que o caminho te

fortaleceu. ”

Ana Carolina Vilela da Costa

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GONÇALVES, Huli Tibúrcio Santos dos. Atuação do Enfermeiro nos Cuidados

Paliativos ao Paciente Oncológico Pulmonar: 2019. 39 folhas. Trabalho de

Conclusão de Curso Graduação em Enfermagem – Faculdade Pitágoras, Fortaleza,

2019.

RESUMO

Os Cuidados Paliativos são cuidados prestados à pessoa através da integralidade dos profissionais com o paciente de uma doença grave, progressiva e que ameaça a continuidade de sua vida. É um tipo de cuidado multiprofissional, onde a equipe irá promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares e cuidadores através do alívio do sofrimento, com planos de cuidados prestados ao paciente e seu meio, tratando a dor e outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. A enfermagem faz parte na abordagem interdisciplinar e suporte ao luto, o que torna confortante para a família e para toda a equipe, a relação do processo de cuidar e aliviar o sofrimento dos pacientes. Este trabalho teve como objetivo geral: compreender a atuação do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico em cuidados paliativos. Foi realizado um estudo do tipo revisão bibliográfica, sendo uma pesquisa qualitativa e descritiva, desenvolvida no ano de 2019. A busca dos materiais ocorreu nas bases de dados LILACS, SCIELO, BDENF e além de manuais de domínio público divulgados por órgãos governamentais do Brasil. Foram citados materiais publicados no período entre novembro de 2007 a abril de 2019. O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou oncogênese e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa se prolifere e da origem a um tumor visível. Os enfermeiros que atuam em cuidados paliativos precisam saber educar em saúde, para manter uma boa comunicação com o cuidador e paciente, nesse sentido, a enfermagem, deve estar atenta aos desejos e sentimentos desses indivíduos, por meio da escuta ativa e acolhimento. A empatia permite que nós nos coloquemos no lugar do outro e sintamos sua dor, seu sofrimento. A compaixão nos leva a compreender o sofrimento do outro e a transformá-lo. Palavras-chave: Câncer de Pulmão; Cuidados Paliativos e Enfermagem.

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GONÇALVES, Huli Tibúrcio Santos dos. Nurse's Role in Palliative Care for Pulmonary Cancer Patients. 2019. 39 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso. Graduação em Enfermagem – Faculdade Pitágoras, Fortaleza, 2019.

ABSTRACT

Palliative Care is care provided to someone who practices the fullness of professionals with the patient of a serious, progressive disease that threatens the inheritance of his life. It is a type of multiprofessional care, where the team promotes the quality of life of patients and their families and caregivers through suffering, with care plans provided to the patient and their environment, dealing with pain and other medical, social, psychological and spiritual problems. . Nursing is part of the interdisciplinary approach and support for grief, which makes it more comfortable for the family and the whole team, a relationship of the process of treatment and relief or suffering of patients. This study aimed to understand the role of nurses in assisting cancer patients in palliative care. A bibliographic study was conducted, being a qualitative and descriptive research, developed in the year 2019. A search of materials found in the LILACS, SCIELO, BDENF databases and in addition to public domain manuals published by public agencies in Brazil. Materials cited from November 2007 to April 2019 were cited. The process of cancer formation is called cancerous or oncogenic and usually happens slowly, using several years for a cancer cell to proliferate and to originate a tumor. visible. Nurses working in palliative care need to know how to educate in health, to maintain good communication with the caregiver and the patient. In this sense, nursing should be aware of the wishes and feelings of these patients, through active listening and welcoming. An empathy allows us to place ourselves nowhere and feel their pain, their suffering. Compassion leads us to understand and transform another's suffering. Key-words: Lung cancer; Palliative Care and Nursing.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – As alterações genéticas sofridas pelas células. ..................................... 16

Figura 2 – Passo a passo do processo de carcinogênese ...................................... 17

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Casos de Câncer de Traqueia, Brônquios e Pulmão Diagnosticados por

Ano Segundo Tempo até o Primeiro Tratamento no SUS, 2013 a maio de 2019 .... 23

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Mostra o Número de Casos e a Porcentagem em Homens, BRASIL,

2018 ...................................................................................................................19 Quadro 2 - Mostra o Número de Casos e a Porcentagem em Mulheres, BRASIL, 2018......................................................................................................................19

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BDENF Banco de Dados de Enfermagem

DeCS Descritores em Saúde e Ciência

DNA Ácido Desoxirribonucleico

INCA Instituto Nacional do Câncer

LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde

MS Ministério da Saúde

PE Processo de Enfermagem

PET - CT Tomografia por Emissão de Pósitron

SIM Sistema de Informação de Mortalidade

SUS Sistema Único de Saúde

SCIELO Scientific Electronic Library Online

QV Qualidade de vida

SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14

2. CANCÊR DE PULMÃO.......................................................................................16

3. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO ......................................................................................................... 25

4. O ENFERMEIRO NA PERSPECTIVA DA QUALIDADE DE VIDA E ALÍVIO DO SOFRIMENTO DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ................................................... 31

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 36

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

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1. INTRODUÇÃO

Os Cuidados Paliativos são cuidados prestados à pessoa através da

integralidade dos profissionais com o paciente de uma doença grave, progressiva e

que ameaça a continuidade de sua vida. É um tipo de cuidado multiprofissional, onde

a equipe irá promover a qualidade de vida do paciente e de seus familiares e

cuidadores através do alívio do sofrimento, com planos de cuidados prestados ao

paciente e seu meio, tratando a dor e outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e

espirituais. A enfermagem faz parte na abordagem interdisciplinar e suporte ao luto, o

que torna confortante para a família e para toda a equipe, a relação do processo de

cuidar e aliviar o sofrimento dos pacientes.

Essa pesquisa destinou-se aos cuidados prestados na assistência da equipe

multiprofissional ao paciente e ao cuidador. Através deste estudo observou-se o

câncer, seu tratamento, o impacto sobre os pacientes, seus familiares e cuidadores,

como também a atuação dos profissionais de enfermagem e a humanização da

assistência ao paciente oncológico. Deste modo concluiu que para a equipe

oncológica os cuidados devem ultrapassar as técnicas, a humanização deve estar

acima de seus conhecimentos científicos, observando nesse momento a visão

holística dos profissionais.

A Enfermagem atua de maneira significativa, tendo em vista um trabalho

humanizado e com estratégias que proporcionem a recuperação da saúde ou a

melhoria do bem-estar individual ou coletivo. O enfermeiro tem um plano continuado

como o Processo de Enfermagem (PE), para organizar ou sistematizar a assistência

prestada ao cliente, voltado a interação da equipe, do paciente e da família. Diante

disso, surgiu o seguinte questionamento: qual a importância da atuação do enfermeiro

na assistência ao paciente oncológico pulmonar?

Para responder ao questionamento acima, o objetivo geral foi compreender a

atuação do enfermeiro na assistência ao paciente oncológico em cuidados paliativos.

Para tanto, foi elencado os seguintes objetivos específicos: estudar sobre o Câncer

de Pulmão, descrever a atuação do enfermeiro nos cuidados paliativos ao paciente

oncológico e por fim, apontar a importância do enfermeiro na perspectiva da qualidade

de vida e alívio do sofrimento do paciente oncológico

Tratou-se de uma revisão bibliográfica, sendo uma pesquisa qualitativa e

descritiva, desenvolvida no ano de 2019. A busca dos materiais ocorreu nas bases de

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dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde),

SCIELO (Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Banco de Dados de

Enfermagem) foram utilizados os DeCS (Descritores em Ciência da Saúde): Câncer

de pulmão; Enfermagem oncológica e Cuidados Paliativos e além de manuais de

domínio público divulgados por órgãos governamentais do Brasil. Foram citados

materiais publicados no período entre novembro de 2007 a abril de 2019. Foram

excluídos estudos que não tratavam da temática abordada assim como aqueles que

se encontravam fora do período supracitado.

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2. CÂNCER DE PULMÃO

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em

comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos.

Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e

incontroláveis, determinando a formação de tumores, que podem espalhar-se para

outras regiões do corpo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos

de células do corpo. Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas,

são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os tecidos conjuntivos, como

osso, músculo ou cartilagem, são chamados sarcomas (BRASIL, 2019).

O câncer é maligno quando o crescimento desordenado dessas células é

incontrolável, em grande quantidade e agressivo, o que deixa a pessoa debilitada e,

em grande parte dos casos, traz risco de morte a curto, médio ou longo prazo,

conforme as condições clínicas e avanço da doença em cada situação. O câncer é

considerado benigno quando essas células desordenadas crescem em apenas um

local específico do corpo, de forma devagar, e trazem semelhanças aos tecidos

originais. Esse tipo de câncer raramente constitui risco de morte (BRASIL, 2019).

Figura 1 - Alterações genéticas sofridas pelas células.

Fonte: INCA (2018).

Na Figura 1, acima destaca o processo que a célula sofre com a alteração

genética. O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração

no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades.

As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogênes, que

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a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogênes

tornam-se oncogêneses, responsáveis por transformar as células normais em células

cancerosas (BRASIL, 2019).

O diagnóstico de câncer impõe grande impacto emocional ao paciente e seus

familiares, principalmente quando evolui para um estágio avançado, sem nenhuma

perspectiva de cura. É importante realçar que, quando o paciente atinge estágio de

terminalidade, o cuidado deixa de ter como premissa a preservação da vida e tornam-

se imperativas a maximização do conforto em sentido amplo e a preservação da

dignidade desse ser. Os desconfortos físicos, psicossociais e espirituais vivenciados

pelo paciente com câncer ocorrem paralelamente a outros enfrentamentos e a luta

incessante no curso da doença diminui a qualidade de vida (QV), merecendo a

atenção dos profissionais da área de saúde. (FREIRE et al., 2014).

O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese ou

oncogênese e, em geral, acontece lentamente, podendo levar vários anos para que

uma célula cancerosa se prolifere e da origem a um tumor visível. Os efeitos

cumulativos de diferentes agentes cancerígenos ou carcinógenos são os

responsáveis pelo início, promoção, progressão e inibição do tumor (BRASIL, 2019).

Abaixo a Figura 2, mostra o processo de carcinogênese se desenvolvendo.

Esse processo é composto por três estágios: Estágio de iniciação, no qual os genes

sofrem ação dos agentes cancerígenos; Estágio de promoção, no qual os agentes

oncopromotores atuam na célula já alterada e Estágio de progressão, caracterizado

pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula (BRASIL 2019).

Figura 2 - Passo a passo do processo de carcinogênese

Fonte: INCA (2018).

O câncer pode ter várias causas. Fatores externos ou internos ao organismo

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contribuem para o desenvolvimento da doença. As causas externas estão

relacionadas ao meio ambiente, aos hábitos, costumes e qualidade de vida da própria

pessoa. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-

determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das

agressões externas (BRASIL, 2019).

Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou

físicos (asbesto, sílica, urânio, cromo, agentes alquilantes, radônio entre outros), água

potável contendo arsênico, altas doses de suplementos de betacaroteno em fumantes

e ex-fumantes (BRASIL, 2018).

A incidência, a morbidade hospitalar e a mortalidade são medidas de controle

para a vigilância epidemiológica que permitem analisar a ocorrência, a distribuição e

a evolução das doenças. Conhecer informações sobre o perfil dos diferentes tipos de

câncer e caracterizar possíveis mudanças de cenário ao longo do tempo são

elementos norteadores para ações de Vigilância do Câncer - componente estratégico

para o planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de

câncer no Brasil. A base para a construção desses indicadores são os números

provenientes, principalmente, dos Registros de Câncer e do Sistema de Informações

sobre Mortalidade (SIM/MS) (BRASIL, 2019).

O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo. Entretanto, alguns órgãos

são mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por

tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos, mostrados nos Quadros 1 e

2 (BRASIL, 2019).

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Quadro 1: Mostra o número de casos e a porcentagem em homens. Brasil, 2018

Localização Primária Casos Novos %

Próstata 68.220 31,7

Traqueia, Brônquio e Pulmão 18.740 8,7

Cólon e Reto 17.380 8,1

Estômago 13.540 6,3

Cavidade Oral 11.200 5,2

Esôfago 8.240 3,8

Bexiga 6.690 3,1

Laringe 6.390 3,0

Leucemias 5.940 2,8

Sistema Nervoso Central 5.810 2,7

Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma 214.970 100,0

Todas as Neoplasias 300.140

Fonte: Ministério da Saúde (2018)

Quadro 2: Mostra o número de casos e a porcentagem em mulheres. Brasil, 2018

Localização Primária Casos Novos %

Mama feminina 59.700 29,5

Cólon e Reto 18.980 9,4

Colo do útero 16.370 8,1

Traqueia, Brônquio e Pulmão 12.530 6,2

Glândula Tireoide 8.040 4,0

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Estômago 7.750 3,8

Corpo do útero 6.600 3,3

Ovário 6.150 3,0

Sistema Nervoso Central 5.510 2,7

Leucemias 4.860 2,4

Todas as Neoplasias, exceto pele não melanoma 202.040 100,0

Todas as Neoplasias 282.450

Fonte: Ministério da Saúde (2018).

O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco

para o desenvolvimento de câncer de pulmão. Em cerca de 85% dos casos

diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de

tabaco. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o desenvolvimento

do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015 diminuiu 3,8% ao ano

em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na prevalência do

tabagismo (BRASIL, 2018).

As taxas de mortalidade por câncer de pulmão, traqueia e brônquios aumentam

o risco com a idade. Isso foi observado para homens e mulheres em 1996 e 2011. Os

homens apresentam níveis mais elevados de mortalidade do que as mulheres,

particularmente nas idades acima de 55 anos. Esse fenômeno é comum a todas as

regiões e no País como um todo. Entretanto, esse diferencial se tornou menor em

2011 (Tabela 4) (MALTA et al., 2016).

Tabela 4 - Número de óbitos e taxas padronizadas de mortalidade por câncer de

pulmão antes e após correção segundo idade e sexo. Brasil, 1996 e 2011.

Idade

1996 2011

Inicial Final Inicial Final

N taxa N taxa N taxa n Taxa

Homens

30-34 46 0,8 87 1,5 44 0,6 66 0,8

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Idade

1996 2011

Inicial Final Inicial Final

N taxa N taxa N taxa n Taxa

35-40 103 1,9 159 2,9 86 1,3 114 1,7

40-44 249 5,5 332 7,3 201 3,1 246 3,8

45-49 450 12,3 576 15,8 436 7,5 505 8,6

50-54 684 22,9 834 27,9 982 19,6 1.090 21,7

55-59 1.057 46,3 1.267 55,5 1.551 37,8 1.685 41,1

60-64 1.501 77,9 1.752 91,0 2.023 63,9 2.200 69,5

65-69 1.631 110,7 1.936 131,4 2.067 89,9 2.250 97,8

Total 5.721 22,7 6.943 27,5 7.390 18,0 8.156 19,9

Mulheres

30-34 39 0,6 70 1,1 48 0,6 61 0,8

35-40 77 1,4 125 2,2 88 1,2 106 1,5

40-44 138 2,9 200 4,2 221 3,3 250 3,7

45-49 225 5,8 308 8,0 448 7,1 500 7,9

50-54 289 9,2 391 12,4 821 14,9 898 16,3

55-59 367 14,6 495 19,7 1.087 23,6 1.187 25,8

60-64 476 21,8 638 29,3 1.099 30,5 1.208 33,5

65-69 542 31,6 725 42,2 1.208 44,8 1.326 49,2

Total 2.153 7,6 2.952 10,4 5.020 10,9 5.536 12,0

Fonte: Malta et al. (2016).

O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil

(sem contar o câncer de pele não melanoma). É o primeiro em todo o mundo desde

1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos

novos de câncer são de pulmão. A última estimativa mundial (2012) apontou

incidência de 1,8 milhão de casos novos, sendo 1,24 milhão em homens e 583 mil em

mulheres (BRASIL, 2018).

O câncer é um problema de saúde pública e ocupa o segundo lugar em

mortalidade no mundo; em alguns países desenvolvidos, já atingiu o primeiro lugar.

Dentre as neoplasias, o câncer de pulmão constitui o tipo mais comum no mundo há

várias décadas. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2012 ocorreu

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cerca de 1,8 milhão de novos casos de câncer de pulmão, ou 13,0% do total de câncer,

dos quais 58,0% ocorreram em países em desenvolvimento. Estima-se que a

incidência cresça 2,0% a cada ano (MALTA et at., 2016).

O risco de ocorrência do câncer de pulmão e de morte pela doença aumenta

quanto maior a intensidade da exposição ao tabagismo. A mortalidade por câncer de

pulmão entre fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca

fumaram, enquanto entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior (BRASIL, 2018).

A associação entre tabagismo e câncer de pulmão foi sugerida, pela primeira

vez, na Inglaterra, em 1927. Estudos posteriores mostraram que a interrupção do

tabagismo reduz o risco de câncer de pulmão. Portanto, os estudos comprovam que

as taxas de incidência de câncer de pulmão em determinado país refletem a

prevalência do consumo de cigarros na população (MALTA et al., 2016).

No Gráfico 1 abaixo, destaca-se os casos de câncer por ano. Em cerca de 85%

dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de

derivados de tabaco. O cigarro é, de longe, o mais importante fator de risco para o

desenvolvimento do câncer de pulmão. A taxa de mortalidade de 2011 para 2015

diminuiu 3,8% ao ano em homens e, 2,3% ao ano em mulheres, devido à redução na

prevalência do tabagismo. A taxa de sobrevida relativa em cinco anos para câncer de

pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos

cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa

de sobrevida de cinco anos é de 56% (BRASIL, 2019).

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Gráfico 1 – Casos de Câncer de Traqueia, Brônquios e Pulmão Diagnosticados por

Ano Segundo Tempo até o Primeiro Tratamento no SUS, 2013 a maio de 2019.

Fonte: INCA (2019).

Os sintomas geralmente não ocorrem até que o câncer esteja avançado, mas

algumas pessoas com câncer de pulmão em estágio inicial apresentam sintomas. Que

são: Tosse persistentes; escarro com sangue; Dor no peito; Rouquidão; Piora na falta

de ar; Perda de peso; Pneumonia recorrente ou bronquite; Sentir- se cansado ou fraco;

Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários

incomuns (BRASIL, 2019).

Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia o

estágio de evolução, ou seja, verifica se a doença está restrita ao pulmão ou

disseminada para outros órgãos. O estadiamento é feito por meio de vários exames,

como biópsia pulmonar guiada por tomografia, biópsia por broncoscopia, tomografia

de tórax, ressonância nuclear, PET-CT, cintilografia óssea, mediastinoscopia,

ecobroncoscopia, entre outros (BRASIL, 2019).

O câncer de pulmão apresenta longo período de latência; portanto, a tendência

de redução das taxas de mortalidade precoce entre homens aqui identificada resulta

de ações nacionais para a redução da prevalência do tabagismo no País em décadas

mais recentes. Estes resultados indicam a importância de medidas de saúde pública

para a proteção da vida e redução de mortes evitáveis (MALTA et al., 2016).

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O tratamento do câncer de pulmão requer a participação de um grupo

multidisciplinar, formado por oncologista, cirurgião torácico, pneumologista,

radioterapeuta, radiologista intervencionista, médico nuclear, enfermeiro,

fisioterapeuta, nutricionista e assistente social. Para o adequado planejamento do

tratamento, é necessário fazer o diagnóstico histológico e o estadiamento para definir

se a doença está localizada no pulmão ou se existem focos em outros órgãos. Para

os pacientes com doença localizada, e, particularmente, sem linfonodo (gânglio)

aumentado (íngua) no mediastino (região entre os dois pulmões), o tratamento é

cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia (BRASIL, 2019).

O diagnóstico de câncer impõe grande impacto emocional ao paciente e seus

familiares, principalmente quando evolui para um estágio avançado, sem nenhuma

perspectiva de cura. É importante realçar que, quando o paciente atinge estágio de

terminalidade, o cuidado deixa de ter como premissa a preservação da vida e tornam-

se imperativas a maximização do conforto em sentido amplo e a preservação da

dignidade desse ser. Os desconfortos físicos, psicossociais e espirituais vivenciados

pelo paciente com câncer ocorrem paralelamente a outros enfrentamentos e a luta

incessante no curso da doença diminui a qualidade de vida (QV), merecendo a

atenção dos profissionais da área de saúde. (FREIRE et al., 2014).

Nesse sentido, a enfermagem, como profissão mais próxima ao paciente com

câncer durante o seu tratamento deve estar atenta aos desejos e sentimentos desses

indivíduos, de modo que as características que esgotam suas esperanças possam ser

trabalhadas continuamente, por meio da escuta ativa, oferta de informações

minuciosas e acolhimento a queixas, possibilitando que eles participem

constantemente do processo terapêutico. Portanto, identificar os níveis de esperança

dos pacientes pode conferir subsídios para enfermeiros que planejem os cuidados,

com vistas a ações mais apropriadas no estímulo à esperança e na redução do

impacto da doença no cotidiano de pacientes com câncer (WAKIUCHI et al.,2015).

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3. ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS PALIATIVOS AO

PACIENTE ONCOLÓGICO

O adoecer pelo câncer é uma das experiências de doença crônica mais temida,

indesejada e sofrida, observada nos relatos e no cotidiano de pessoas que já

vivenciaram ou estão vivenciando esse processo, principalmente, na presença de

sintomas de difícil controle. A maioria dos pacientes com câncer, na maior parte do

mundo, já se encontram em situação de doença avançada e o foco do cuidado dos

profissionais de saúde, nesse contexto, volta-se para o controle de sinais e sintomas

que causam desconforto e sofrimento, principalmente a dor (2-4) (WATERKEMPER;

REIBNITZ, 2010, p. 85).

A educação em saúde realizada pelo enfermeiro é fundamental para o

aperfeiçoamento da assistência de enfermagem e funciona como processo

emancipatório do cuidador em relação ao seu autocuidado (VALE et al.,2019, p. 56).

A dor é um dos sinais e sintomas que o paciente com câncer mais apresenta e

relata. O seu controle para o alívio do desconforto e sofrimento é uma das

preocupações mais presentes no dia-a-dia do enfermeiro que trabalha com esse tipo

de paciente, principalmente, nas unidades de cuidados paliativos. Manifesta-se em 51

a 70% dos pacientes com diagnóstico de câncer, nos diversos estágios da doença,

porém, quando em estágio avançado, essa porcentagem aumenta para 70 a 90% dos

indivíduos internados em cuidados paliativos. Estes dados mostram que a dor ainda

é um assunto que não está resolvido (5-7) (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 85).

Constatamos que os cuidadores familiares, a partir de suas próprias

formulações do conceito de educar e educar para ter saúde, sabem aplicá-los

parcialmente na prática quando se trata dos cuidados ao seu familiar adoecido, porém,

esta aplicabilidade se limitada quando se trata do autocuidado (VALE et al.,2019, p.

56).

Esta pesquisa trouxe como contribuições, as reflexões realizadas sobre o

cuidado de avaliar a dor de pacientes com câncer e em cuidados paliativos. Cuidados

que podem servir de estímulo e orientação para que outras realidades de cuidado.

Compreender a dor como algo sofrido, que envolve todas as dimensões do ser

podendo tornar-se uma dor total é um dos principais destaques deste trabalho. Assim

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como a importância de valorizar a dor do outro e compreender que só quem a sente

é que pode avaliar até onde ela vai (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 90).

O sucesso do cuidado paliativo em prol do conforto, da qualidade de vida e da

dignidade humana no processo de finitude é proveniente do empenho e conjunção de

saberes e fazeres da equipe interdisciplinar. Contudo, no trabalho noturno na

enfermaria clínica investigada, a realidade é descaracterizada desse modo de cuidar,

já que a enfermagem atua de forma isolada, sem rede de colaboradores, sofrendo

com a sobrecarga física e emocional (SILVA et al., 2013).

Tal fato configura-se como importante problemática e um grande desafio, não

só para o enfermeiro, mas para a equipe de saúde (VALE et al.,2019, p.56).

Assim, os achados desta pesquisa serão de grande relevância, uma vez que

possibilitarão um debate mais amplo sobre a temática "cuidados paliativos e

espiritualidade" no campo da Enfermagem, o que auxiliará os seus profissionais a

planejarem e a desenvolverem uma assistência de enfermagem qualificada e,

consequentemente, um cuidado espiritual efetivo, direcionado aos pacientes que se

encontram em regime de cuidados paliativos (EVANGELISTA et al., 2016, p. 177).

O cuidado paliativo é baseado nos preceitos de integralidade e

interdisciplinaridade, o que não pode ser negligenciado no período noturno nos mais

diferentes cenários, onde pessoas vivenciam o fim da vida. A partir dessa investigação

foi possível evidenciar que o turno noturno, no cuidado paliativo oncológico, é diferente

de outros contextos que apontam a tranquilidade como facilitador das ações e do

planejamento do cuidado (SILVA et al., 2013).

O modelo teórico é uma teoria substantiva, representando uma dada realidade,

requerendo pesquisas adicionais para ser aplicado de forma generalizada, e

compreende: os enfermeiros gerenciam o cuidado de enfermagem no cuidado

paliativo oncológico no atendimento das necessidades da pessoa hospitalizada e do

seu cuidador, por meio da valorização do desenvolvimento de aptidões para alcance

dos objetivos de cuidado, para compor a nova ordem no cenário, diante das relações

dialógicas ordem/desordem, vida/morte, e para vencer as dificuldades relacionadas

aos limites pessoais, coletivos e institucionais (SILVA et al., 2013).

Além da comunicação, outras práticas, como a escuta, a música, a formação

de vínculo e a colaboração de outros profissionais, também foram citadas. A utilização

de diversas estratégias, no decorrer da assistência paliativa, demonstra que quase

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todos os enfermeiros participantes, desta pesquisa, se sentem em condições de

oferecer um cuidado espiritual, com exceção de um enfermeiro que demonstrou certo

despreparo para atender às necessidades espirituais do paciente, tendo em vista sua

dificuldade de abordar questões religiosas (EVANGELISTA et al., 2016, p. 182).

Porém, sem seguir protocolos ou instrumentos de avaliação. Ao trocarem

experiências, relatando suas práticas, foi possível perceber que uma forma de avaliar

complementa a outra; todas demonstram preocupação e sensibilidade em identificar

as características do fenômeno doloroso e procuram manejá-lo seguindo suas

crenças, valores e conhecimentos. Esforçam-se para realizar um cuidado com

competência e que traga conforto e alívio do sofrimento ao paciente e família, tanto

para elas enquanto cuidadoras profissionais, quanto para aqueles que vivenciam a

experiência (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 88).

A subjetividade é apontada como o maior obstáculo; decifrar esta experiência

através da voz de quem a sente é a maior dificuldade, pois não pode ser palpada. As

enfermeiras, são conscientes de que somente o paciente pode fidedignamente

mensurar a sua dor e por isso, requer do profissional enfermeiro competência técnico-

científica para realizar este cuidado de forma mais resolutiva associando objetividade

com subjetividade (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 88).

Ante o exposto, considera-se que esta pesquisa é de grande relevância para

o campo da Enfermagem, porquanto poderá estimular seus profissionais a refletir

sobre a necessidade de atender à dimensão espiritual do paciente que se encontra

em regime de cuidados paliativos e que necessita de uma assistência que possibilite

o alívio do sofrimento espiritual. Além disso, poderá fortalecer as leituras críticas a

respeito da temática e subsidiar novas investigações, visto que essa dimensão deve

ser mais bem explorada no âmbito acadêmico (EVANGELISTA et al., 2016, p. 182).

No que tange a atuação do enfermeiro como educador em saúde no domicílio,

identificamos que sua assistência está voltada a ensinar o familiar os cuidados básicos

a serem dispensados ao adoecido, porém, não promovem o autocuidado,

evidenciando a fragilidade na assistência de enfermagem acerca da realização da

educação em saúde voltada para o autocuidado do cuidado. Logo, é necessário

identificar as fragilidades dos familiares cuidadores e intervir para a mudança (VALE

et al.,2019, p. 56).

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A espiritualidade exercida pelos profissionais de saúde no cuidado aos

pacientes apresentou-se como resposta benéfica no enfrentamento do câncer, para

lidar com o entrechoque da vida e morte e também como facilitadora na formação de

vínculos com as pessoas em cuidados paliativos e sua família. Desse modo, por meio

dos achados do estudo, foi possível constatar que ações relacionadas à

espiritualidade, como o ato de orar e a prática de cuidados integrais, dão sentido ao

trabalho dos profissionais que atuam em cuidados paliativos, por lidarem com a

terminalidade do outro e objetivarem a humanização do morrer, ou seja, a boa morte

(ARRIEIRA et al., 2017, p. 6)

Os resultados obtidos nos permitem compreender que a espiritualidade foi

considerada, pelos enfermeiros participantes do estudo, como uma dimensão

importante na assistência paliativa. Para eles, a espiritualidade traduz uma fonte de

força, conforto e fé, possibilitando, assim, uma melhora no quadro clínico de pacientes

em regime de cuidados paliativos por facilitar a aceitação e o enfrentamento deles no

tocante ao seu processo de adoecimento (EVANGELISTA et al., 2016, p. 181).

A compreensão tecida por meio de uma relação dialógica aliou a prática com a

teoria, ou seja, com o que se espera que enfermeiros desenvolvam ao atuarem em

cuidados paliativos e assistirem pacientes com câncer e em situação de dor. Permitiu

evidenciar e potencializar a importância desse profissional no contexto de cuidado a

esse contingente da população destacando a necessidade de ampliar a concepção

de dor, avançando o olhar para além do contexto físico indo ao alcance de fatores

psicológicos e sociais, compreendendo o contexto do fenômeno experienciado por

cada pessoa (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 87).

Afirmam que esta dor é uma dor que transcende ao paciente e envolve a todos

os outros seres humanos em relação com ele, mais precisamente a família. É um

fenômeno que desencadeia nestes a sensação de estar limitado ao leito de uma cama,

seja ele no domicílio ou até mesmo no hospital; significa perder sua liberdade de agir

sobre si e sua vida e os sobre os planos realizados para um futuro próximo ou distante

e, desta forma, todos os familiares ao redor também começam a sentir as mesmas

limitações. Por isso a dor associada à condição de adoecer com câncer transforma

esta experiência em algo angustiante e sofrido (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010,

p. 88).

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Além disso, os profissionais sinalizaram que os pacientes espelham a própria

mortalidade do trabalhador, e, se este tiver abertura para a escuta e partilhar

angústias, poderá entender o processo pelo qual o paciente está passando e facilitar

a busca de sentido para o sofrimento advindo da enfermidade. Porém, o profissional

que não consegue lidar com suas próprias questões de morte terá mais dificuldade

em lidar com a morte do outro e procurará, de alguma forma afastá-la de si,

manifestando isso na fragmentação do paciente em órgãos ou referindo-se a ele por

meio da sua doença ou de seus sintomas físicos (ARRIEIRA et al., 2017, p. 6).

Nessa perspectiva, são necessárias novas investigações acerca da temática,

no intuito de contribuir para a construção de conhecimento em relação aos cuidados

paliativos e a espiritualidade e servir de subsídios, para que os profissionais da área

de saúde, principalmente os de Enfermagem, possam sentir-se mais seguros para

atender o paciente fora das possibilidades de cura (EVANGELISTA et al., 2016,

p.177).

Quanto à categoria o significado da dor, os resultados revelam que as

enfermeiras compreendem a dor no câncer como uma dor total, pois ultrapassa o

limite da dimensão física (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 87).

Assim, sugere-se que novas pesquisas possam ser desenvolvidas no sentido

de averiguar como os próprios pacientes que se encontram recebendo a assistência

paliativa, compreendem a dimensão espiritual, com a finalidade de identificar suas

necessidades espirituais e auxiliá-los melhor, mediante a oferta de um cuidado

humanizado. Sugere-se, ainda, a realização de pesquisas que ressaltem o

desenvolvimento da espiritualidade dos próprios profissionais de Enfermagem, uma

vez que ela foi considerada importante ferramenta a ser utilizada na assistência

paliativa, no cotidiano da profissão (EVANGELISTA et al., 2016, p. 182).

Por fim, há que se destacar que, muitas vezes, não há a busca da

espiritualidade pelos profissionais de saúde durante toda a vida, entendendo-se que

essa se trata de uma construção pessoal. Quando os trabalhadores passam a atender

à dimensão espiritual de uma pessoa que se encontra em cuidados paliativos, isso

representa uma compreensão mais profunda de suas crenças e valores, permitindo

ao profissional atender melhor às demandas de saúde dos pacientes e este em sua

integralidade (ARRIEIRA et al., 2017, p. 6).

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Compreendem que essa relação facilita o processo de avaliação da dor pela

segurança transmitida e é um cuidado que deve ser valorizado. Esse saber ouvir

envolve o saber estar com o importar-se com o outro. As enfermeiras demonstraram

importar-se com os pacientes e suas famílias durante a sua internação e em

momentos de dor. Respeitam a vivência do paciente e através da relação diária

constroem uma relação de confiança. Entendem que muito mais que administrar

analgésicos a um paciente oncológico e com dor, em cuidados paliativos, o enfermeiro

ao cuidar deve importar-se com o outro. Por essa compreensão, é possível perceber

em seus relatos que a dor é uma experiência que deve ser valorizada nas suas

diferentes dimensões (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 89).

Ao avaliarem a suas participações nos encontros, relataram que

desenvolveram a capacidade de fazer escolhas e de ir além daquilo que estão

acostumadas. Desta forma, decidir sobre sua ação no contexto do trabalho teve uma

singularidade, que pode ser modificada a partir da aplicação do referencial de Paulo

Freire desenvolvido pela pesquisadora. As enfermeiras compreendem que o fazer

técnico-científico necessita ser repensado para que a prática de avaliação da dor

possa ser melhorada. É a partir da implantação de condutas sistematizadas de

cuidado a dor, englobadas na sistematização da assistência de enfermagem, é que

suas ações podem ser melhor direcionadas e desta forma, possibilitar um manejo da

dor mais completo (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 89 e 90).

Reforça-se à importância de resgatar nos profissionais de saúde a consciência

sobre os processos de trabalho em suas diferentes dimensões do cuidado através do

despertar da capacidade crítico-reflexiva (WATERKEMPER; REIBNITZ, 2010, p. 90).

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4. O ENFERMEIRO NA PERSPECTIVA DA QUALIDADE DE VIDA E ALÍVIO

DO SOFRIMENTO DO PACIENTE ONCOLÓGICO

Os cuidados paliativos pressupõem a ação de uma equipe multiprofissional, já

que a proposta consiste em cuidar do indivíduo em todos os aspectos: físico, mental,

espiritual e social. O paciente em estado terminal deve ser assistido integralmente, e

isto requer complementação de saberes, partilha de responsabilidades, onde

demandas diferenciadas se resolvem em conjunto (HERMES; LAMARCA, 2013).

Uma vez abordado o tema cuidados paliativos, é interessante traçar algumas

linhas sobre a noção de família e a importância da comunicação em cuidados

paliativos (FURTADO; LEITE, 2017).

O enfermeiro que atua em cuidados paliativos do paciente com câncer, precisa

saber orientar tanto o paciente quanto a família nos cuidados a serem realizados,

esclarecendo a medicação, e os procedimentos a serem realizados. Portanto, o

enfermeiro deve saber educar em saúde de maneira clara e objetiva, sendo prático

em suas ações, visando sempre o bem-estar dos seus pacientes (HERMES;

LAMARCA, 2013).

Ao buscar atender as demandas dos clientes e familiares, muitos profissionais

de enfermagem precisam desenvolver aptidões, em especial para a comunicação. E

a referência à dialógica ordem/desordem no gerenciamento do cuidado é diretamente

influenciada pela forte ameaça da morte, somatizada pelo pavor noturno por parte do

cliente. Sendo assim, valoriza-se a complexidade do contexto retratada no fenômeno

central: gerenciando o cuidado de enfermagem no cuidado paliativo oncológico no

atendimento das necessidades da pessoa hospitalizada e do seu cuidador,

valorizando o cuidar e sua complexidade (SILVA et al., 2013).

A morte é um tabu a ser desconstruído por todas as categorias. Alguns artigos

mencionam a mesma como um fracasso para o profissional, ao invés de um episódio

que faz parte da vida. A dificuldade em lidar com a morte é mencionada nos textos, o

que faz com que muitos profissionais encontrem alternativas para não se deparar com

a situação: mascaram a morte, fogem dos pacientes terminais, não falam com o

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paciente sobre o assunto, não criam vínculos e dispensam um tratamento pouco

individualizado (HERMES; LAMARCA, 2013).

Nesse sentido, a enfermagem, como profissão mais próxima ao paciente com

câncer durante o seu tratamento deve estar atenta aos desejos e sentimentos desses

indivíduos, de modo que as características que esgotam suas esperanças possam ser

trabalhadas continuamente, por meio da escuta ativa, oferta de informações

minuciosas e acolhimento a queixas, possibilitando que eles participem

constantemente do processo terapêutico. Portanto, identificar os níveis de esperança

dos pacientes pode conferir subsídios para enfermeiros que planejem os cuidados,

com vistas a ações mais apropriadas no estímulo à esperança e na redução do

impacto da doença no cotidiano de pacientes com câncer (WAKIUCHI et al.,2015).

Assim, compreende-se ser necessário um melhor preparo do profissional

para o cuidado prestado a pacientes com dor, de uma educação continuada, bem

como da aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), para que

haja uma adequada avaliação da dor, o registro apropriado e, consequentemente,

produzam-se melhores resultados quanto ao manejo desta, de forma que seja

possível atrelar conhecimento e ação (ALVES et al., 2011, p. 204).

O estudo destaca que os enfermeiros percebem o apoio familiar, o perdão,

o amor, a crença, a fé e a esperança como as principais necessidades espirituais dos

pacientes, e para atender a essas necessidades, eles empregam estratégias, por

exemplo, a comunicação que, a eles, configura-se como um elemento necessário à

promoção da saúde, já que possibilita a obtenção de informações imprescindíveis ao

tratamento paliativo, e que contribui para minimizar os sentimentos e emoções

relacionadas ao processo de finitude (EVANGELISTA et al., 2016, p. 181 e 182).

A filosofia da morte contemporânea ainda é recente, e será necessário um bom

tempo para se estruturar, não somente na sociedade brasileira, mas no mundo como

um todo, tendo em vista a dificuldade para o ser humano lidar com um assunto que,

mais cedo ou mais tarde, passará também por ele. Em contrapartida, percebe-se

também que já existe uma preocupação do estudo do assunto na sociedade brasileira

e no mundo visto que há um envelhecimento da população, assim como um aumento

da prevalência do câncer e outras doenças crônicas (HERMES; LAMARCA, 2013).

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Neste sentido de poder intervir nos fatores que influenciam tanto positiva

como negativamente a dor, o conhecimento dos profissionais de enfermagem a esse

respeito é essencial para poder proporcionar uma melhoria na qualidade de vida do

paciente com câncer, levando em consideração a individualidade, singularidade, estilo

de vida, crenças e valores culturais (ALVES et al., 2011, p. 200).

Desse modo, a percepção que o profissional possui sobre a dor, doença e

tratamento, que expectativas traz, que medos e fantasias expressas, são também

fundamentais para elevar a qualidade da assistência, já que a desinformação, as

informações errôneas ou as expectativas não realistas, constituem-se como

obstáculos para um melhor cuidado, levando ansiedade e sofrimento desnecessário

para o paciente e seus familiares (ALVES et al., 2011, p. 200).

É de fundamental importância para o paciente fora de possibilidades

terapêuticas de cura que a equipe esteja bastante familiarizada com o seu problema,

podendo assim ajudá-lo e contribuir para uma melhora (HERMES; LAMARCA, 2013).

Assim, ter como sujeito da nossa pesquisa os profissionais de enfermagem,

significa descobrir a realidade do conhecimento e da atuação destes diante dos

aspectos relacionados à dor do paciente com câncer; para que ele desperte e possa

intervir no cuidado a fim de possibilitar conforto a partir de informações relativas ao

significado da dor, do que pode agravá-la e aliviá-la e como intervir para amenizá-la.

Desse modo, o objetivo desta pesquisa é avaliar o nível de conhecimento de

profissionais da enfermagem sobre fatores que agravam e aliviam a dor oncológica

(ALVES et al., 2011, p. 201).

A enfermagem é uma das categorias que mais se desgastam emocionalmente

devido à constante interação com os pacientes enfermos, as constantes internações,

muitas vezes acompanhando o sofrimento, como a dor, a doença e a morte do ser

cuidado (HERMES; LAMARCA, 2013).

Assim, o profissional de enfermagem é fundamental para equipe de cuidados

paliativos, pela essência de sua formação que se baseia na arte do cuidar. A

importância da categoria a esses cuidados ficou evidente desde os primórdios da

ideologia, partindo do princípio que essa maneira de cuidar do paciente oferecendo

qualidade de vida nos seus últimos dias partiu do conhecimento de uma enfermeira,

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Cicely Saunders, que depois cursou medicina e serviço social (HERMES; LAMARCA,

2013).

Desse modo, buscar a compreensão de familiares sobre os cuidados paliativos

é considerar que seus referentes sobre esse termo carregam elementos do contexto

no qual compartilham a vivência da doença, especialmente no tocante à comunicação

que circula nesse espaço (FURTADO; LEITE, 2017).

Em busca do bem-estar do paciente terminal, o enfermeiro busca realizar ações

de confortar o mesmo, além dos cuidados básicos e fisiopatológicos que o paciente

necessitar, realizando quando possível seus anseios, desejos e vontades (HERMES;

LAMARCA, 2013).

Como já mencionado anteriormente, a categoria de enfermagem é a que mais se

desgasta emocionalmente com a morte do paciente, devido à interação com ele, às

constantes internações, acompanhando a dor e o sofrimento dos mesmos. Embora a

categoria nos artigos enfatize a importância do atendimento humanizado, os próprios

profissionais referem que falham neste aspecto, que ainda há muita carência desse

tipo de atendimento aos pacientes terminais, mas que muitos buscam fazer o que

podem para que o paciente viva os seus últimos dias com qualidade, seja ouvindo os

seus lamentos, histórias ou realizando seus últimos desejos, tornando assim o

atendimento mais humanizado (HERMES; LAMARCA, 2013).

Diante disso, acredita-se que a dificuldade da equipe de comunicar

adequadamente o significado do termo cuidado paliativo para os familiares deriva do

fato de que se trata de novidade também para os profissionais, que devem, primeiro,

incorporá-lo ao seu conhecimento (FURTADO; LEITE, 2017).

Ressalta-se que a pesquisa sinaliza a necessidade de formação e difusão da

prática dos cuidados paliativos, sobretudo, no que concerne à comunicação enquanto

ferramenta de potencialização do cuidado ao outro. E, por fim, promove a contínua

reflexão sobre saberes e práticas no contexto da saúde (FURTADO; LEITE, 2017).

O processo de morrer pode ser muito doloroso para a maioria das pessoas,

principalmente por conta da falta de conhecimento e habilidade dos profissionais de

saúde ao conduzir esse tempo sagrado da vida humana. Nesse processo, quando

temos à nossa disposição uma equipe de saúde de fato habilidosa para conduzir os

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cuidados com o tempo que nos resta, mesmo que seja pouco, então teremos a chance

incrível de sair dessa existência pela porta da frente, com honras e glórias dignas de

grandes heróis, reis e rainhas da própria vida (ARANTES, 2016, p. 53).

Não acontece só com pessoas comuns, acontece também entre profissionais de

saúde que trabalham com isso. Que se acham legais também, mas não se cuidam. A

empatia permite que nós nos coloquemos no lugar do outro e sintamos sua dor, seu

sofrimento. A compaixão nos leva a compreender o sofrimento do outro e a

transformá-lo. Por isso precisamos ir além da empatia. Todos nós precisamos de

pessoas capazes de entender nossa dor e de nos ajudar a transformar nosso

sofrimento em algo que faça sentido (ARANTES, 2016, p. 58).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo abordou o quanto é importante conhecer sobre o câncer de pulmão,

mostrando que o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores

de risco para o seu desenvolvimento. O câncer é um problema de saúde pública e

ocupa o segundo lugar em mortalidade no mundo; em alguns países desenvolvidos,

já atingiu o primeiro lugar. Dentre as neoplasias, o câncer de pulmão constitui o tipo

mais comum no mundo.

As ações de cuidados realizadas pelos enfermeiros são fundamentais para o

aperfeiçoamento da assistência de enfermagem. Muitos pacientes relatam que a dor

é um dos sinais e sintomas que eles mais apresentam. Com isso, o controle para o

alívio do desconforto e sofrimento é uma das preocupações mais presentes no dia-a-

dia do enfermeiro que trabalha com o paliar.

Além disso, o estudo mostrou que os enfermeiros precisam traçar planos de

assistência ao paciente e seu cuidador. Orientando a família nos cuidados a serem

realizados, como também ouvindo, acolhendo e aliviando a dor do paciente e de seus

familiares para poder proporcionar uma melhoria na qualidade de vida do paciente e

seus cuidadores. Portanto, o enfermeiro pode está presente nos cuidados dos

pacientes com câncer, desde seu primeiro contato até a criação de um vínculo.

O processo de cuidados paliativos envolve não só o paciente, mas a todos os

outros que estão em relação com ele, mais precisamente a família. É um fenômeno

que desencadeia nestes a sensação de estar limitado, seja ele no domicílio ou até

mesmo no hospital. A equipe multidisciplinar entra nesse contexto com o poder de

ajudar, de prestar assistência de gerar empatia, encorajando ações de qualidade de

vida e possibilitando mudanças significativas para os pacientes e cuidadores.

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