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Gêneros Literários
Lírico, épico e dramático
GÊNEROS: VERSO X PROSA
VERSO: UNIDADE DE RITMO
POEMA: É O TEXTO ESCRITO EM VERSOS
POEMA: NORMALMENTE PERTENCE AO GÊNERO POÉTICO
PROSA: NORMALMENTE, NÃO É FUNÇÃO DO TEXTO EM
PROSA TRABALHAR O RITMO
VERSO E PROSA
VERSOS
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
PROSA
Gosto do que faço – e continuo gostando.
Acho importante manter o prazer, por isso
comecei a fazer música. É o que me faz
alternar momentos de muito trabalho,
exposição e turnês grandes, com momentos
de poder ouvir, compor, estudar. No fundo,
é uma vontade de não perder essa relação
prazerosa com a música, daquilo não se
tornar algo mecânico, obrigatório,
estimulado externamente.
MISTURA DE GÊNEROS
PROSA POÉTICA
ÊNFASE NA PROSA NARRATIVA
(UM CONTO, UM ROMANCE),
PORÉM, COM UM TRATAMENTO
NO RITMO, NA SONORIDADE
DO TEXTO
EXEMPLO: IRACEMA (JOSÉ DE
ALENCAR)
POESIA EM PROSA ÊNFASE NO LÍRICO, NO POEMA,
PORÉM O POEMA NÃO ESTÁ ESCRITO EM VERSOS, E SIM, EM PROSA, EM PARÁGRAFOS, MESMO QUE MANTENHA O RITMO DA POESIA
EXEMPLO:O OPERÁRIO NO MAR (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)
IRACEMA – prosa poética
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte,
nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os
cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu
talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem
a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais
rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as
matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde
pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. (...)
O OPERÁRIO NO MAR – poesia em prosa
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem blusa. No conto,
no drama, no discurso político, a dor do operário está na blusa azul,
de pano grosso, nas mãos grossas, nos pés enormes, nos desconfortos
enormes. Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os
outros, e com uma significação estranha no corpo, que carrega
desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando assim tão firme?
Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante é só o campo, com algumas
árvores, o grande anúncio de gasolina americana e os fios, os fios, os
fios. (...)
GÊNEROS
LÍRICO
ÉPICO
DRAMÁTICO
POESIA PROSA
CONTO
NOVELA
ROMANCE
GÊNEROS POÉTICOS
LÍRICO, ÉPICO E DRAMÁTICO
LÍRICO
A palavra lírico vem do nome de um instrumento musical da antiguidade, a lira.
Manifestação de um eu lírico, a expressão de seus sentimentos pessoais, seu mundo interior, suas emoções e impressões.
Expressão subjetiva, interiorizando o mundo exterior
predominância de pronomes e verbos em 1ª pessoa (EU)
Predomínio das funções emotiva e poética e da linguagem conotativa (polissemia)
São formas do gênero lírico: soneto, ode, elegia, haicai, lira, madrigal, epigrama, écloga, canção, entre outras.
soneto
1. Amo-te tanto, meu amor... não cante
2. O humano coração com mais verdade...
3. Amo-te como amigo e como amante
4. Numa sempre diversa realidade
5. Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
6. E te amo além, presente na saudade.
7. Amo-te, enfim, com grande liberdade
8. Dentro da eternidade e a cada instante.
9. Amo-te como um bicho, simplesmente,
10. De um amor sem mistério e sem virtude
11. Com um desejo maciço e permanente.
12. E de te amar assim muito e amiúde,
13. É que um dia em teu corpo de repente
14. Hei de morrer de amar mais do que pude.
Soneto é uma estrutura de forma fixa composta por catorze versos,
dois são quartetos
(estrofes de quatro versos) e
dois tercetos (estrofes de três versos), respectivamente.
ode
“À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da
fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um
excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!”
(“Ode triunfal” de Álvaro de Campos)
O termo tem origem no
grego “odés” que significa
“canto”. Na Grécia Antiga,
"ode" era um poema sobre
algo sublime composto
para ser cantado e com
acompanhamento musical.
Assim, ficou como um canto
de exaltação, de elogia, de
celebração, geralmente
festivo ou alegre.
elegia
São elegias famosas; Elegia quase uma ode (Vinícius de Moraes) ; Elegia 1938 (Carlos D. A.)
CÂNTICO DO CALVÁRIO (FAGUNDES VARELA)
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústia conduzia
O ramo da esperança. — Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho do pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
O porvir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, caíste! — Crença, já não vives!
Modernamente, elegia é
uma poesia de tom terno e
triste. Geralmente é uma
lamentação pela morte;
A elegia também pode fazer
digressões moralizantes e
reflexão poética sobre
a morte
A ode tem um tom alegre
enquanto a elegia trata de
acontecimentos infelizes.
haicai
Infância (Guilherme de Almeida)
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se: "Agora."
Um dia vai ser (Paulo Leminski)
Pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando.
Haicai é um poema de origem
japonesa, que chegou
ao Brasil no início do século 20 e
hoje conta com muitos
praticantes brasileiros.
Consiste em 17 sílabas japonesas,
divididas em três versos de 5, 7 e
5 sílabas;
Contém alguma referência à
natureza (diferente da natureza
humana)
ÉPICO
poema épico é um gênero literário narrativo no principio, constituído de longos versos
narram histórias de um povo ou de uma nação, envolvendo aventuras, guerras, feitos heroicos, presença do maravilhoso, dos mitos, etc.
Predomínio da 3ª pessoa e tem um tom de exaltação, isto é, de valorização de seus heróis e seus feitos.
Epopeia são grandes poemas épicos, vem da palavra grega “epopoiia” (“epos” = “verso heroico” + “poiein” = “fazer”).
ÉPICO
A Ilíada e A Odisseia (Homero, século VIII a.c.)
A Eneida (Virgílio, século I a.c.)
A Divina comédia (Dante Alighieri, séc. XIV)
Os Lusíadas (Camões, século XVI)
O Uraguai (Basílio da Gama, século XVIII)
Caramuru (Santa Rita, século XVIII)
Mensagem (Fernando Pessoa, século XX)
DRAMÁTICO
palavra drama, etimologicamente, significa ação, é o conjunto de obras literárias que apresentam a imitação de ações, caracteres ou emoções por meio de personagens em ação;
Trata-se de um texto para encenação, para o teatro
dispensam a intervenção de um narrador para conduzir a história; são os próprios atores que usam a palavra e a ação para que o enredo se desenvolva
O gênero dramático envolve, então, dois aspectos: de um lado, como fenômenos literários têm o texto; de outro, as técnicas de representação, o espetáculo.
Tragédias, comédias, autos, dramas, farsas, entre outras são formas do gênero dramático.
tragédias
Do grego "tragoidía" ("tragos" = bode e "oidé" = canto). Canto ao
bode é uma manifestação ao deus Dioniso, que se transformava
em bode para fugir da perseguição da deusa Hera. Em alguns
rituais se sacrificavam esses animais em homenagem ao deus.
A tragédia apresentava como principais características o terror e a
piedade que despertava no público.
Para os autores clássicos, era o mais nobre dos gêneros literários.
tragédias
Foi na tragédia, na Grécia antiga, que o gênero
encontrou seu apogeu, com seus grandes criadores:
Ésquilo (524-456 a. C.), “Prometeu Acorrentado”; Sófocles
(496-406 a. C.), “Édipo Rei”, “Antígona”; Eurípedes (480-
406 a. C.), “Medeia”
Outros autores de Tragédias: Shakespeare, e no Brasil,
Nélson Rodrigues com suas tragédias cariocas.
comédias
Trata-se de um gênero crítico burlesco e humorado que satiriza diversos aspectos da sociedade desde os costumes, hábitos, moral, figuras nobres, instituições políticas, dentre outros.
Diferente das tragédias, em que os personagens eram nobres e heróis, nas comédias as personagens são pessoas comuns da polis, muitas vezes estereotipadas e caricaturadas.
Ainda que não despertem muitas sensações na plateia, além do humor envolvido, as comédias possuíam importantes mensagens filosóficas e morais.
autos
Auto (do latim actu = ação, ato) é uma composição teatral do subgênero da literatura dramática, surgida na Idade Média, na Espanha, por volta do século XII.
De linguagem simples e extensão curta (normalmente, compõe-se de um único ato), os autos, em sua maioria, intenção moralizadora e presença de alegorias.
São autos famosos o “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, os autos do Padre José de Anchieta como “O Auto de São Lourenço”, já no século XX, “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Melo Neto e. o “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna
drama
Na França do Séc. XVIII surgiu um novo gênero de teatro, o drama burguês, no qual se pretendia unir as linguagens próprias da tragédia e da comédia. A proposta mais conhecida nas teorias do teatro é a de Diderot.
a peça deveria expressar a realidade contemporânea da época, a criação de personagens comuns, para que desta forma a ação dramática fosse interessante para este espectador.
Normalmente, o drama acompanha a mudança do teatro que era até então escrito em versos, para o texto teatral em prosa.
Nélson Rodrigues, Gianfrescesco Guarnieri, Millôr Fernandes, Jorge Andrade etc.
NOÇÕES BÁSICAS DE POESIA
Estrofes, métrica e rimas
ESTROFES
DÍSTICOS (estrofes de 2 versos)
Escuta o gazal que fiz,darling, em louvor de Hafiz:
- Poeta de Chirza, teu versotuas mágoas e as minhas diz.
Pois no mistério do mundotambém me sinto infeliz.
Falaste: "Amarei constanteaquela que não me quis".
E as filhas de Samarcanda,cameleiros e sufis
Ainda repetem os cantosem que choras e sorris.
As bem-amadas ingratassão pó; tu vives, Hafiz!
(Gazal em louvor de Hafiz -Manuel Bandeira)
TERCETOS (estrofe de 3 versos)
Noite ainda, quando ela me pedia Entre dois beijos que me fosse embora, Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:
"Espera ao menos que desponte a aurora! Tua alcova é cheirosa como um ninho... E olha que escuridão há lá por fora!
Como queres que eu vá, triste e sozinho, Casando a treva e o frio de meu peito Ao frio e à treva que há pelo caminho?!
Ouves? é o vento! é um temporal desfeito! Não me arrojes à chuva e à tempestade! Não me exiles do vale do teu leito!
Morrerei de aflição e de saudade... Espera! até que o dia resplandeça, Aquece-me com a tua mocidade!
(Tercetos – Olavo Bilac)
QUADRAS OU QUARTETOS
(estrofes de 4 versos)
1. Cantigas de portugueses
2. São como barcos no mar —
3. Vão de uma alma para outra
4. Com riscos de naufragar.
1. A caixa que não tem tampa
2. Fica sempre destapada
3. Dá-me um sorriso dos teus
4. Porque não quero mais nada.
1. No baile em que dançam todos
2. Alguém fica sem dançar.
3. Melhor é não ir ao baile
4. Do que estar lá sem estar.
1. Vale a pena ser discreto?
2. Não sei bem se vale a pena.
3. O melhor é estar quieto
4. E ter a cara serena.
Quadras ao gosto popular – Fernando Pessoa)
QUINTILHAS (estrofes de 5 versos)
1. O tirano Amor risonho
2. Me aparece e me convida
3. Para que seu jugo aceite;
4. E quer que eu passe em deleite
5. O resto da triste vida.
1. “O sonoro Anacreonte
2. (Astuto o moço dizia)
3. “Já perto da morte estava,
4. “Inda de amores cantava;
5. “Por isso alegre vivia.
1. “Aos negros, duros pesares
2. “Não resiste um peito fraco
3. “Se o amor o não fortalece:
4. “O mesmo Jove carece
5. “De Cupido, e mais de Baco.”
(Lira XXIX - LIRAS DE MARÍLIA DE DIRCEU – TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA)
SEXTILHAS (estrofes de 6 versos)
1. Sonhava esta noite, Donzela formosa,
2. Já quando as estrelas tombavam no mar,
3. Que eu via a meu lado uma esbelta figura
4. Divina e mimosa...
5. Sonhar é ventura;
6. Deixai-me sonhar!
1. Divina e mimosa, co’um véu se cobria
2. D’estrêlas fulgentes de brilho sem par;
3. O rosto era vosso, era vossa a estatura,
4. E o anjo dizia...
5. Sonhar é ventura;
6. Deixai-me sonhar!
(Sonhos – Gonçalves Dias)
SÉTIMAS (estrofes de 7 versos)
1. Marília, teus olhos
2. São réus, e culpados,
3. Que sofra, e que beije
4. Os ferros pesados
5. De injusto Senhor.
6. Marília, escuta
7. Um triste Pastor.
1. Mal vi o teu rosto,
2. O sangue gelou-se,
3. A língua prendeu-se,
4. Tremi, e mudou-se
5. Das faces a cor.
6. Marília, escuta
7. Um triste Pastor.
(Lira IV – Liras de Marília de Dirceu – Tomás Antônio Gonzaga)
OITAVAS (estrofes de 8 versos)
1.1.Catar feijão se limita com escrever:2. joga-se os grãos na água do alguidar3. e as palavras na folha de papel;4. e depois, joga-se fora o que boiar.5. Certo, toda palavra boiará no papel,6. água congelada, por chumbo seu verbo:7. pois para catar esse feijão, soprar nele,8. e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2. 1. Ora, nesse catar feijão entra um risco:2. o de que entre os grãos pesados entre3. um grão qualquer, pedra ou indigesto,4. um grão imastigável, de quebrar dente.5. Certo não, quando ao catar palavras:6. a pedra dá à frase seu grão mais vivo:7. obstrui a leitura fluviante, flutual,8. açula a atenção, isca-a como o risco.
(Catar Feijão – João Cabral de Melo Neto)
NONAS (estrofes de 9 versos)
1. Marília, de que te queixas?
2. De que te roubou Dirceu
3. O sincero coração?
4. Não te deu também o seu?
5. E tu, Marília, primeiro
6. Não lhe lançaste o grilhão?
7. Todos amam: só Marília
8. Desta Lei da Natureza
9. Queria ter isenção?
1. Em torno das castas pombas,
2. Não rulam ternos pombinhos?
3. E rulam, Marília, em vão?
4. Não se afagam c’os biquinhos?
5. E a prova de mais ternura
6. Não os arrasta a paixão?
7. Todos amam: só Marília
8. Desta Lei da Natureza
9. Queria ter isenção?
(Lira VIII – Liras de Marília de Dirceu – Tomás Antônio Gonzag
DÉCIMAS (estrofes de 10 versos)
1. Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
2. Que viva de guardar alheio gado;
3. De tosco trato, d’ expressões grosseiro,
4.Dos frios gelos, e dos sóis queimado.
5. Tenho próprio casal, e nele assisto;
6. Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
7. Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
8. E mais as finas lãs, de que me visto.
9. Graças, Marília bela,
10 Graças à minha Estrela!
(Lira I – Liras de Marília de Dirceu – Tomás A. Gonzaga)
METRIFICAÇÃO
ESCANSÃO DO VERSO
Tipos de versos
Versos metrificados: número de sílabas determinado
Versos livres: não seguem uma medida determinada
Poemas isométricos: utilizam versos de uma mesma medida
Poemas heterométricos: utilizam versos metrificados, mas com
medidas diferentes
MONOSSÍLABOS
1 sílaba poética
“Pingo
d’água,
pinga,
bate
tua
mágoa!”
DISSÍLABOS
2 sílabas poéticas
Um raio
FulguraNo espaçoEsparso, De luz; E trêmuloE puro Se aviva, S’esquivaRutila, Seduz!
TRISSÍLABOS
3 sílabas poéticas
Vem a aurora
Pressurosa,
Cor de rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Tem desmaios,
Já por fim.
TETRASSÍLABOS
4 sílabas poéticas
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fonte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores,
Que entre verdores
Se vê brilhar.
REDONDILHOS MENORE OU PENTASSÍLABOS5 sílabas poéticas(medida velha)
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! vede a procela
Infrene, mas bela,
No ar s’encapela
Já pronta a rugir!
HEXASSÍLABOS
6 sílabas
poéticas
Não solta a voz canora
No bosque o vate alado,
Que um canto d’inspirado
Tem sempre a cada aurora;
É mudo quanto habita
Da terra n’amplidão.
A coma então luzente
REDONDILHOS
MAIORES OU
HEPTASSÍLABOS
7 sílabas poéticas
(medida velha)
Fogem do vento que ruge
Como ovelhas assustadas
Dum fero lobo cerval;
Estilham-se como as velas
Que no alto mar apanha,
Ardendo na usada sanha,
Subitâneo vendaval.
OCTOSSÍLABOS
8 sílabas poéticas
Bem como serpentes que o frio
Em nós emaranha, — salgadas
As ondas s’estanham, pesadas
Batendo no frouxo areal.
Disseras que viras vagando
Nas furnas do céu entreabertas
Que mudas fuzilam, — incertas
Fantasmas do gênio do mal!
ENEASSÍLABOS
9 sílabas
poéticas
Ó guerreiro da Taba sagrada,
Ó guerreiro da tribo Tupi,
Falam Deuses nos cantos da Piaga,
Ó guerreiros meus cantos ouvi.”
DECASSÍLABOS
HEROICOS:
6ª e 10ª
sílabas tônicas
(medida nova)
Tanto de meu estado me acho incerto,
Que em vivo ardor tremendo estou de frio;
Sem causa, justamente choro e rio,
O mundo todo abarco e nada aperto.
DECASSÍLABOS
SÁFICOS:
4ª, 8ª e 10ª
sílabas tônicas
Para as Estrelas de cristais gelados
As ânsias e os desejos vão subindo,
Galgando azuis e siderais noivados
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
ENDECASSÍLABOS – 11 sílabas poéticas
Nas horas caladas das noites d'estio
Sentado sozinho co'a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chamava
-"Oh filho querido do meu coração."
NAS HO RAS CA LA DAS DAS NOI TES D’ES TI O
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
SEN TA DO SO ZI NHO CO’A FA CE NA MÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
EU CHO RO E SO LU ÇO POR QUEM ME CHA MA VA
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
OH FI LHO QUE RI DO DO MEU CO RA ÇÃO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
ENDECASSÍLABOS
DODECASSÍLABOS – 12 sílabas poéticas
Musa! um gesto sequer de dor ou de sincero
Luto jamais te afeie o cândido semblante!
Diante de um Jó, conserva o mesmo orgulho, e diante
De um morto, o mesmo olhar e sobrecenho austero.
MU AS UM GES TO SE QUER DE DOR OU DE SIN CE RO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
LU TO JA MAIS TE A FEI E O CÂN DI DO SEM BLAN TE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
DIAN TE DE UM JÓ CON SER VA O MES MO OR GU LHO E DIAN TE
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
DE UM MOR TO O MES MO O LHAR E SO BRE CE NHOAUS TE RO
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
DODECASSÍLABOS (alexandrinos)
VERSOS LIVRES
Poema tirado de uma notícia de jornal
João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão
[sem número
Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
Bebeu
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.
RIMAS
RIMAS
as rimas se caracterizam pela repetição ou identidade
de sons no final de dois ou mais versos, conferindo
sonoridade ao poema.
As rimas podem ser classificadas quanto à fonética,
quanto ao valor, quanto à acentuação e quanto à
posição no verso e na estrofe.
Tipos de rimas ou classificação fonética
Rima perfeita ou consoante: Em que há correspondência total de sons, havendo repetição tanto dos sons vocálicos como dos sons consonantais:
Atento / pensamento; tanto / espanto
Rima toante (ou assonantada): Em que há apenas a repetição dos sons vocálicos:
pálida / lágrima; serra / festa / janela / espera
EXEMPLO DE RIMAS TOANTES
(VERSOS PARES, VOGAIS “I” E “A”)
— Antes de sair de casa
aprendi a ladainha
das vilas que vou passar
na minha longa descida.
Sei que há muitas vilas grandes,
cidades que elas são ditas;
sei que há simples arruados,
sei que há vilas pequeninas,
todas formando um rosário
cujas contas fossem vilas,
Devo rezar tal rosário
até o mar onde termina,
saltando de conta em conta,
passando de vila em vila.
Vejo agora: não é fácil
seguir essa ladainha;
entre uma conta e outra conta,
entre uma e outra ave-maria,
há certas paragens brancas,
de planta e bicho vazias (...)
Qualidade ou valor da rima
Rima pobre: Quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical:
gato/pato; (substantivos); correr/fazer; (verbos); amarelo/singelo. (adjetivos)
Rima rica: Quando as palavras que rimam pertencem a diferentes classes gramaticais:
noz/veloz; (substantivo/adjetivo); altar/desenhar;(substantivo/verbo); pente/surpreendente.(substantivo/advérbio)
Esquemas de rimas
PARALELAS OU EMPARELHADAS AABB
Vagueio campos noturnos A
Muros soturnos A
Paredes de solidão B
Sufocam minha canção. B
Esquemas de rimas
ALTERNADAS OU CRUZADAS ABAB
O meu amor não tem A
importância nenhuma. B
Não tem o peso nem A
de uma rosa de espuma!” B
Esquemas de rimas
INTERCALADAS, INTERPOLADAS
OU OPOSTAS ABBA
De tudo, ao meu amor serei atento A
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto B
Que mesmo em face do maior encanto B
Dele se encante mais meu pensamento A
RIMAS MISTAS OU MISTURADAS
Oh! que saudades que tenho aDa aurora da minha vida, B
Da minha infância querida B
Que os anos não trazem mais! C
Que amor, que sonhos, que flores, d
Naquelas tardes fagueiras E
À sombra das bananeiras, E
Debaixo dos laranjais! C
Como são belos os dias aDo despontar da existência! B
— Respira a alma inocência B
Como perfumes a flor; C
O mar é — lago sereno, d
O céu — um manto azulado, E
O mundo — um sonho dourado, E
A vida — um hino d'amor! C
VERSOS BRANCOS
Pintor da soledade nos vestíbulos
de mármore e losango, onde as colunas
se deploram silentes, sem que as pombas
venham trazer um pouco do seu ruflo;
traça das finas torres consumidas
no vazio mais branco e na insolvência
de arquiteturas não arquitetadas,
porque a plástica é vã, se não comove,
ó criador de mitos que sufocam,
desperdiçando a terra, e já recuam
para a noite, e no charco se constelam,
por teus condutos flui um sangue vago,
e nas tuas pupilas, sob o tédio,
é a vida um suspiro sem paixão.
(A tela comtemplada – CDA)
acentuação
Rima aguda (ou masculina): Que ocorre entre palavras oxítonas.
céu/chapéu; cantor/pintor; coração/animação.
Rima grave (ou feminina): Que ocorre entre palavras paroxítonas.
cedo/medo; agora/embora; metade/amizade.
Rima esdrúxula: Que ocorre entre palavras proparoxítonas.
célula/cédula; armário/salário; propósito/leucócito.