Gazeta da Lagoinha - Agosto 2011
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Belo Horizonte, agosto de 2011 1
ANO IV - EDIÇÃO 54 - JORNAL DE APOIO ÀS INICIATIVAS COMUNITÁRIAS - BELO HORIZONTE, AGOSTO DE 2011 - Distr ibuição Gratui tawww.gazetadalagoinha.com.br
Os miseráveis do centro de
BH. Pág.8
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"Só saio daqui para o Cemitério do Bonfim"
Meu nome é Terezinha Lopes Alves , viúva, mãe de 6 filhos, atletica-na, do dia 26 de Março de 1932, nasci-da em Abaeté –MG, moradora do Conj. IAPI, Ed. 04 desde de 1955.
Em 1944, com 12 anos, eu e minha família deixamos nossa terra na-tal, Abaeté – MG e mudamos para a Rua Bonfim Nº 06 – Praça Vaz de Melo – Lagoinha – Belo Horizonte - MG.
Lagoinha do Cine Paissandu que além dos filmes e do ringue de luta li-vre, era o lugar chique do sábado á noi-te, da missa dominical na Igreja Nossa Senhora da Conceição e da feira livre, resta muito pouco da Praça Vaz de Melo e esse pouco está preservado na janela em veneziana pintada de azul já desbota-do no sobrado onde morei, todas as ve-zes que vou ao cento da cidade olho para o alto e vejo a mesma janela, bate muita saudade!
Tempos bons aqueles! Um dos meus irmãos, o José Vitoriano da Cu-nha, trabalhava no Café Pateque e eu na Casa de Tecidos Novo Horizonte de
um turco daqueles bens exigentes. Vou relatar um fato super engraçado: ti-nha apenas 12 anos quando mi-nha saudosa mãe, a Sra. Anália Lopes da Cunha, pediu a esse turco um tra-balho na Casa de Tecidos que ficava alguns metros do sobrado onde vivía-mos. Certo dia uma jovem senho-
ra entrou na loja e de imediato fui atendê-
la, perguntando: em que posso ajudar?Gostaria de ver o cetim para
o meu vestido de noiva, retirei a peça para colocá-la sobre o balcão quando a mesma caiu e o tecido impecável foi se desenrolando prá fora da loja, o turco o Sr. Jorge, ficou desesperado e correndo atrás da peça de cetim, xingando co-bras e lagartos até que a peça parou em cima da linha do bonde. Fiquei mui-ta nervosa e sem graça com medo de perder o emprego. Pedi desculpas para a noiva e para o Sr. Jorge que apesar do jeito sisudo e exigente tinha um bom coração, tempos depois pedi pra sair de lá e fui trabalhar na fábrica de Calçados Ballesteros, onde permaneci por nove anos e depois por mais 20 anos na fábri-cas de Calçados Della Croce e San Ma-rino até me aposentar. Foram tantas histórias, tantas emoções vividas, des-gostos e dificuldades e que ficaria gran-de demais para ser publicada, mas que com certeza viveria tudo outra vez. Re-dação: Wanderson L. Alves – Dé (filho)
Terezinha Lopes Alves – Moradora do Conj. IAPI – Ed. 04 desde 10/12/1955. Mais conhecida como Dona Tereza, suas grandes paixões: o Galo e o Conj. IAPI. Segredo da longevidade: Cozinhar com toucinho e rir muito. Só saio daqui para o Cemitério do Bonfim
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Por Fabiana de Carvalho Ferreiram - proprietária do Restaurante Leve Sabor
Um futuro melhor para a Lagoinha!
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Começamos o segundo semestre com boas notícias para to-da comunidade! Fui convidado pela Prefeitura de Belo Horizonte para fa-zer parte do projeto Oficina de Plane-jamento Participativo e Regionalizado Ciclo A. O objetivo des-ta ação é sensibilizar e apresentar a proposta do processo de planejamen-to participativo regionalizado.
Iremos através deste no-vo ciclo de participação comunitária discutir e aprovar projetos que irão trazer melhorias para nossa região. Ou seja: teremos uma voz ativa repre-sentando a comunidade e toda re-gião da Lagoinha junto às autoridades municipais. Assim, es-tou aberto a propostas e sugestões que podem ser enviadas para meu email ( [email protected] ).
Sobre a pintura do IAPI é bom ressaltar que ela já contempla o maior edifício do nosso conjunto: o dez! Contudo, vale ressaltar que, al-gumas pessoas têm tentado de for-ma irresponsável atrapalhar não só a pintura, mas, toda a revitalização do conjunto IAPI, bem como próprio fechamento que está em andamento junto à prefeitura.
Afirmo mais uma vez meu compromisso com todos os morado-res do IAPI. Mesmo diante desta ne-gatividade de minorias, daremos continuidade e lutaremos para finali-zar a obra conforme apresentado pa-
ra todos os moradores. Pedimos que os moradores nos ajudem e par-ticipem ativamente conosco para que seja finalizada toda a obra e na certeza que outras excelentes me-lhorias virão por aí.
Termino minha coluna mostrando que trabalho e honestida-de geram frutos: iremos mobilizar to-da comunidade para instalação de duas passarelas em nosso bairro. Uma em frente ao Conjunto IAPI, na rua Araribá; outra em frente ao mer-cado da Lagoinha. Com certeza es-sas duas passarelas irão trazer mais segurança para todas as famílias que frequentam nossa região! Va-mos mobilizar moradores, igrejas e comércios locais para a viabilização desta passarela. A boa notícia é que o processo já começou!
Termino artigo com outra novidade: até dezembro estaremos com o Supermercado BH instalado na av. Araribá na esquina com Antô-nio Carlos. Mais uma vitória da nos-sa luta como liderança comunitária!
Conto sempre com o apoio de todos para transformar a Lagoinha num lugar cada vez me-lhor para se morar.
Até a próxima!
Acesse nosso blog: iapibh.blogspot.com
ou e-mail.: [email protected]
Segundo semestre cheio de boas
novidadesO Centro de BH é o cora-ção da cidade. É território essenci-al, ponto de travessia, instância de repouso e estação de trabalho. Não me canso de me encantar com as descobertas diárias, quan-do vejo a cada tempo um novo frag-mento desta bela paisagem urbana. No centro é onde tudo prin-cipia. O início é a centralidade que irradiou para as bordas. Aqui vejo o movimento das coisas e das pes-soas.
Hoje quero descortinar a presença anônima e silenciosa que repousa nas esquinas, nos can-tos e na beirada da vida. Quero en-saiar e descortinar o flagelo da miséria, pobreza e alienação. Há vários dias vem pulsando esta inqui-etação dentro de mim. Escuto os mendigos e os loucos pela vida afo-ra. Fico pensando como eles se ali-mentam, tomam banho, trocam de roupa, dormem e fazem suas ne-cessidades mais básicas.
Como vivem os miserá-veis de Belo Horizonte, que sur-gem como andarilhos esfarrapados ou zumbis de nossas vielas e ruas? Eles refletem uma parte doentia de nossa sociedade e da alma humana. O relento é a sua morada, os murmúrios do seu inconsciente, sua companhia. O si-lêncio é a condenação pelo anoni-mato. Queremos dar feição e afeição para estes degredados de um capitalismo brutal, competitivo, excludente e discriminatório.
Quem não se lembra do senhor puxando um carrinho reple-to de acessórios de cozinha e ape-trechos? Ou do famoso Raulzito com seu fiel cachorro e sua viola sem corda, que outrora fora filiado a partido político e disputou elei-ção para vereador? Ou do gordão moreno da Lagoinha, apelidado de homem-rato, que fica seminu deita-do no chão frio, somente de cue-ca? E tem ainda a mulher com seu vestido colorido e caminhado com sua altivez, como uma dama das camélias ou das passarelas da cida-de.
Quem não se lembra do velhinho e a velhinha do bairro da Serra que com dignidade recolhe cada tostão junto aos motoristas quando o sinal fecha? O senhor ne-gro sentado no chão ao lado da ca-deira de rodas com a mão para o alto pede esmola com a dignidade que impõe seu sacrifício de viver, bem ao lado do Othon Hotel. Tem ainda o senhor Israel que em sua cadeira de rodas, ao lado da Ma-triz da Boa Viagem e em frente ao Palácio da Justiça na rua Goiás, er-gue sua mão pedindo justiça divi-na e moedas para sua subsistência.
Quem não se lembra das senhoras e senhores pedintes da igreja São José e capela São Antônio? Ou ainda da senhora ce-ga que com seu violão de uma cor-da só, que toca baixinho para
gritar pela sua dignidade sentada ali na Av. Afonso Pena deste do tempo da Inglesa Levi? E o senhor corcunda que fixa seus olhos no chão pelo peso do tempo e espera calmamente uns trocados para to-car a vida, ficando de frente do Ins-tituto de Educação?
Quem não se lembra do mendigo alcoólatra que ficava sen-tando no chão, se arrastando entre as ruas da Bahia e Carijós e ama-nheceu morto nos idos da década de 90? Recordo-me que por volta de 1975, jogando bola com meus amigos, a aparição repentina de uma mulher em extremo estado de pobreza e enlouquecida, gritava, xingava e levantava o vestido mos-trando sua intimidade. O primeiro mendigo que lembro foi seu Brasili-na, que enchia um carrinho de tre-cos, papéis, latas e saia rodando pela cidade. E o moreno Lelei que continua andando pela cidade, com sua calça surrada, o fecho aberto e cabelo desarrumado pare-cendo um hippie fora do seu tem-po?
Quem não se lembra do palhaço com seu nariz vermelho que entra no ônibus e faz seu anún-cio de pedinte, dizendo que tem HIV? Quem não se recorda dos me-ninos de rua que embarcam no ôni-bus proclamando “Não estou aqui pra matar, nem pra roubar. Estou pedindo uma ajuda”?
Na era dos bancos, du-rante a hiperinflação, nos indos da década de 90, no perímetro da Cari-jós com Espírito Santo, havia vári-as agências. Lembro nitidamente que num percurso de dois quartei-rões ficavam aproximadamente quinze meninos e meninas de rua deitados no chão frio das calça-das. Que angústia aquilo que cau-sava. Como podem no centro financeiro da capital, a riqueza cir-culando e gente sofrendo abando-nada no relento? Ainda hoje vejo a movimentação dos mendigos, al-coólatras e drogados debaixo dos viadutos de Santa Tereza e nas me-diações da Praça da Estação.
Fiquei sabendo do caso do falso mendigo que ficava com a perna enrolada com panos mancha-dos de vermelho. Passarem-se anos e ele permaneceu sentado, fa-zendo seu apelo e recolhendo al-guns tostões. Até que um dia um homem caridoso quis ajudar cuidan-do das feridas e se deparou com um pedaço de bife enrolado na per-na. Uma vergonha para a classe dos mendigos que pedem esmola honestamente. Até na mendicân-cia aparece gente trapaceira.
Afinal quem não tem uma história para contar sobre os abandonados a própria sorte, mal-trapilhos e peregrinos na cidade? Quem de nós benevolentes passa por um pedinte e não sente um im-pulso de quer doar uma moeda pa-ra alimentar o desamparo?
Fico meditando que tal-
vez exista dentro de todos nós um mendigo, que faminto estende as mãos e pede uma lasca de apreço e uma moeda simbólica para apla-car a fome de afeto. Aqueles deser-dados que rastejam na indigência e em cadeiras de rodas refletem uma parte obscura da nossa socie-dade e do nosso ser. Nós não acei-tamos esta condição de penúria e trabalhamos para não cair nesta agonia. Muitos de nós passamos a vida pedindo. Pedindo um pouco de tudo, moeda, pão, cobertor e olhar. São carências fundadas no abandono da infância.
Na pobreza existe uma fi-na e crua verdade. Ninguém nasce pobre. Nascemos do sopro divino e pela a força da natureza. Existe um traço de afirmação e dignidade na pobreza. Saber pedir revela a condição de precariedade e a hu-manidade do despojamento. Na po-breza existe altivez para suportar a carga penosa da privação de bens.
Para dar é preciso saber pedir. Ontem neguei uma esmola pela pressa da vida atribulada. Não gosto da ideia de dar esmola. Parece que ofende. Prefiro ofere-cer meus trocados, minhas moe-das para a construção de uma capela, creche ou asilo. Não consi-go viver com tanta desigualdade, dói em mim a indigência. Sinto-me ferido ao sentir a desigualdade e a indiferença excludentes.
Muitos de nós passamos a vida mendigando uma moeda de atenção daqueles que mais ama-mos. Quem não passou por isto que atire a primeira moeda. Quem já não agonizou de esperança, na expectativa de um pouquinho de afeto? A nossa pobreza e indignida-de é a nossa vergonha social. Nos-sos miseráveis são reflexos da nossa agonia e indiferença coleti-
vas.Aos pobres o açoite da in-
diferença. O assombro da vida lan-çada no piso frio da calçada. A miséria é um estado da República empobrecida. A miséria é um esta-do de alma e espírito. Errante, per-dida e faminta de oportunidades. Todos nós somos portadores do mistério da pobreza. Nossos mendi-gos internos são agonizantes. Nin-guém vive assim porque quer. Seus mecanismos inconscientes, a desestruturação familiar e a per-versão social atuam de forma pode-rosa. No íntimo do ser miserável existe uma riqueza. Diamante bru-to que precisa ser arrancado do fun-do desta caverna escura, encarcerada de sujeira, vergonha e depressão.
Incline seu olhar aos pe-dintes. Olhe para baixo e que bus-que a mão ansiosa pelo desejo da acolhida ou do pulso forte para so-erguer. Escondido no meio-fio da vi-da fica deitado um talento adormecido pelas chagas. Diz o mendigo: “Não sou troço ou coisa. Sou gente faminta. Sou gente ca-rente de coisas e sobras”.
Quem não se lembra de um olhar pelas ruas aguardando no silêncio profundo um pedaço de pão, um prato de sopa, um café
com leite, um cobertor, mas, sobre-tudo, o olhar amoroso que ainda não veio na noite escura, para ilu-minar minha alma?
Já fui pobre, vivi na po-breza. Senti tanta vergonha de não ter as coisas, que me encolhi em mim mesmo. Vim de família de aposentados morando no fundo. No fundo de aposentadoria, com quatro cômodos. A pobreza adoe-ce o psiquismo. Sofremos silencio-samente de pobreza. Desenvolvemos fina melancolia ao ver o mundo neste estado de mal estar. Tudo enraíza profundamen-te no interior. Nada se perde no in-consciente. Cada naco de palavra, cada imagem da miséria e cada tostão furado. Tudo tem registro na alma.
Por fim, achei dentro de mim a riqueza adormecida no si-lêncio e a palavra revelou o mais nobre tesouro para a vida. Aprendi que saramos de miséria com a mão do outro, com oportunidades e, sobretudo, com o companheiris-mo, solidariedade e compaixão. Até logo meu amigo pobre. Até breve, companheiro de fortuna e infortúnio. Fique nas mãos da di-vindade, tesouro da esperança.
Os miseráveis e os pobres do centro de BHAntônio de Pádua GalvãoEconomista e Psicanalistawww.galvaoconsultoria.com.br
(31) 9956-9161
Na célebre trama de Victor Hugo, Os Miseráveis, Jean Valjean, um pobre
campesino, passa dezenove anos na prisão por ter furtado um pão quando
perecia de fome durante o rigor do inverno. Ao se libertar, encontra todas
as portas fechadas. Ilustração de Gustave Brion para o original "Os
miseráveis" de Victor Hugo.
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Cristiane Borges
(com informações da revista Época, de 22/08/11)
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VALE A PENA VER DE NOVO
Embora a obra de duplicação da ave-nida Antônio Carlos seja dada como concluída, há lugar como a esquina da rua Dimantina com a rua Borba Gato que é uma desordem conse-quente da obra: onde havia um imó-vel é hoje uma "quebrada" que ainda preserva restos de tijolos, serve co-mo esconderijo, banheiro, bota-fora e lugar de proliferação de ratos e ba-ratas. Este descaso é um risco para a saúde pública e para a segurança da comunidade. (Redação e foto: Cristiane Borges)
____________________________Assessoria de Comunicação do SINDPOL/MG
O SINDPOL/MG, Sindica-to dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais, reprova de forma veemente a Resolução Conjunta 148, que é flagrantemente ilegal e inconstitucional, além de ser inade-quada e antijurídica.
Não é surpresa para o SINDPOL/MG que, mais uma vez, o Governo tente implantar à fór-ceps usurpação de função investi-gativa da Polícia Civil para a Polícia Militar com a publicação da Resolução Conjunta 148/2011. No passado foi com o Decreto 45.265/09 de iniciativa do então Se-cretário Maurício Campos Júnior, que conferia prerrogativas típicas da Polícia Judiciária para a PMMG e outros órgãos da Seds, iniciativa esta que foi sepultada após ADIN proposta pelo SINDPOL/MG naque-la ocasião.
A aludida resolução é fron-talmente inconstitucional, pois trans-fere para pessoa inabilitada em direito, e sem legitimação ou com-petência legal, o ato de dizer o autu-ar, liberar ou não alguém que tenha praticado ou sido vítima de delito, haja vista que ela não se re-fere nem mesmo aos crimes de me-nor potencial ofensivo, aqueles passíveis de TCO, mas permite que os milicianos impeçam a lavra-tura do APFD nos casos de penas privativas de liberdade que não ex-ceda 4 anos, ou seja, os casos em que seja cabível o arbitramento de fiança, usurpando funções dos Delegados e Juízes de Direito, e restringindo a atuação dos Delega-dos de Polícia apenas à lavratura de APFD nos casos em que não pode arbitrar fiança.
A indigitada Resolução tenta revogar a Constituição Fede-ral e o Código de Processo Penal, ao legislar em matéria processual penal e acabar com o instituto da fi-ança arbitrada pelo Delegado de Polícia, transferindo uma atribuição legal referente à competência insti-tucional da análise jurídica e de tipi-ficação do delito, à policia militar, que tem que se ater à prevenção do crime, e a preservação da or-
dem pública..Ademais, o artigo 308 do
Código de Processo Penal apre-goa que assim que um cidadão in-frator for preso, ele deve ser apresentado imediatamente à Auto-ridade Policial, o Delegado de Polí-cia, que estiver mais próximo.
Art. 308 . “Não havendo autoridade no lugar em que tiver efetuado a prisão, o preso será lo-go apresentado à do lugar mais pró-ximo”.
Assim, haja vista a fla-grante ilegalidade da Resolução, o SINDPOL orienta a todos os Polici-ais Civis em especial aos colegas Delegados de Polícia, que acaso os milicianos cumpram essa Resolu-ção, que os responsabilizem na for-ma da Lei, seja nas iras do art. 319 ou 351 do Código Penal, assim co-mo entender e fundamentar, POIS ORDEM MANIFESTAMENTE ILE-GAL NÃO DEVE SER CUMPRIDA.
Lado outro, o SINDPOL estará se articulando para que seja revogada administrativamente e juri-dicamente com a interposição das medidas judiciais adequadas para anular essa aberração jurídica, além de denunciar à TODA impren-sa os riscos sociais inerentes a sua aplicação.
Por último, esclarecemos à Sociedade e ao Governo que o problema de efetivo da Polícia Civil só se resolve é com um redimensio-namento dos nossos quadros, acompanhando o crescimento vege-tativo da população (pois a PCMG temo mesmo efetivo dos anos 80), com concurso público e salários dig-nos, e não transferindo nossas atri-buições de maneira ilegal para a polícia militar de forma improvisa-da, a fórceps, como vem tentando fazer sistematicamente e desde o início do governo Aécio Neves.
O sucateamento da PCMG, promovido pelo atual gover-no, é proposital e doloso, e as su-as sequelas já estão sendo sentidas por toda a sociedade, com o aumento epidêmico dos índi-ces de criminalidade violenta em to-do o estado. O problema da segurança pública de Minas Gerais é de gestão, investimento e compe-tência.
SINDPOL/MG entra com ação no TJMG contra a Resolução Con-
junta nº148.
Na tarde desta sexta-fei-ra 02 de setembro, a Direção do SINDPOL/MG protocolizou junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, uma ação direta de inconstitucionalidade questio-nando a Resolução Conjunta Nº 148 de 30 de agosto de 2011.
Apenas para relembrar, citada resolução conjunta é frontal-mente inconstitucional, pois trans-fere para pessoas inabilitadas em Direito e sem legitimação ou com-petência legal o ato de dizer o au-tuar, ou seja, liberar ou não alguém tenha praticado ou sido ví-tima de um delito, atribuição essa exclusiva da Polícia Judiciária.
Diante disso a Direção do SINDPOL/MG esclarece a toda à sociedade mineira que o proble-ma de efetivo da Polícia Civil so-mente se resolve com redimensionamento de seus qua-dros com a realização imediata de concurso público (pelo menos as mesmas 5 mil vagas que o Gover-nador autorizou para a PMMG), pois a corporação encontra-se com o mesmo efetivo dos anos 80.
Assim, apenas com con-curso público, salários dignos e condições adequadas de trabalho que citada situação poderá ser re-solvida e não transferindo de ma-neira ilegal e inconstitucional as atribuições da Polícia Judiciária para outras forças policiais como vem acontecendo.
A Direção do SIND-POL/MG ainda salienta que já con-tactou a Direção da COBRAPOL ( Confederação Brasileira dos Servi-dores Policiais Civis), para que também em âmbito nacional tome todas as providências judiciais e administrativas cabíveis ao seu cargo, principalmente junto ao Su-premo Tribunal Federal, Ministério da Justiça, e Conselho Nacional de Segurança Pública um vez que tal improviso mineiro não deve prosperar por ser nocivo ao inte-resse da segurança pública em âmbito nacional.
POSICIONAMENTO DO SINDPOL/MG PERAN-TE A ILEGALIDADE DA RESOLUÇÃO CON-JUNTA Nº 148, DE 30 DE AGOSTO DE 2011.