Gabarito Casos clínicos - Vascularização.pdf
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CASO CLÍNICO I
Paciente, sexo feminino, 63 anos, consulta oftamologista porque apresenta “visão diminuída no
olho direito” e dores de cabeça (cefaleia). Histórico de diabetes, colesterol alto e doença
coronariana. Há 5 ou 6 semanas a paciente teve episódios de vista embaçada, os quais ela
acredita terem ocorrido no olho direito (não tentou olhar com um olho de cada vez). Os
episódios duravam 15 a 20 minutos, 3 a 4 vezes por semana, acompanhado de cefaleia retro-
orbital no lado esquerdo. Disse que era capaz de reconhecer faces, mas não conseguia ler. Há
dois dias teve um episódio e que persiste.
Exame oftamológico (Campimetria visual computadorizada):
Exames de imagem:
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES PARA RESOLUÇÃO DO CASO CLÍNICO:
Todo campo visual direito é interpretado, em um primeiro momento, pelo sulco calcarino (área
primária da visão) do lado esquerdo. Da mesma forma, todo campo visual esquerdo é
interpretado pelo sulco calcarino do lado direito;
Os reflexos fotomotor direto e consensual estavam preservados nos dois olhos.
PERGUNTAS:
Sabendo que o quadro tem como base a lesão de uma artéria, qual é a artéria envolvida?
Justifique.
Os exames de imagem demonstram uma extensa área de infarto na região occiptal do encéfalo.
Tal fato sugere danos na artéria cerebral posterior esquerda.
Qual a importância dos reflexos fotomotor direto e consensual estarem preservados?
Elimina-se qualquer possibilidade de lesões do nervo óptico/quiasma óptico/trato óptico serem
a causa da perda da qualidade da visão.
CASO CLÍNICO II
Paciente, sexo masculino, 71 anos, destro, longa história de tabagismo e hipertensão teve um episódio
de fraqueza na mão direita e dificuldade na fala (“misturava palavras”) há 5 meses. Desde então tem
tido vários episódios, que duram alguns minutos cada, de visão embaçada e escurecida no olho
esquerdo. Finalmente, em três ocasiões distintas sua perna direita ficou muito fraca e o paciente caiu
(episódio mais recente no dia da consulta).
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES PARA RESOLUÇÃO DO CASO CLÍNICO:
A área primária da motricidade é o córtex do giro pré-central, do qual partem as fibras que
formam o trato corticoespinhal. Neste giro há uma correspondência entre as áreas do corpo e
as regiões do giro, fato que deu origem ao termo Homúnculo. Veja a figura abaixo, a qual
representa as áreas do corpo com respectiva região do giro pré-central:
Sendo assim, a partir dessa imagem podemos concluir, por exemplo, que o tronco é
inervado por neurônios localizados na porção mais superior e dorsolateral do giro pré- central.
De maneira simplória, pode-se dizer que existem duas áreas da linguagem no cérebro, uma
sensitiva e outra motora. A área sensitiva corresponde à área de Wernick a qual se encontra na
transição dos lobos temporal e parietal do hemisfério esquerdo. Já a área motora, área de
Broca, corresponde à parte triangular e opercular do giro frontal inferior do hemisfério
esquerdo. Uma lesão na área sensitiva tem como consequência a incapacidade de
compreensão da linguagem, por exemplo, ao conversar com uma pessoa com lesão nesta
região o seu cumprimento “Bom dia!” seria seguido de alguma palavra aleatória, como “Lápis!”
(claro que este exemplo é muito simplório e não obedece toda a complexidade da lesão). Já
uma déficit na área motora da linguagem resultaria em uma capacidade de compreensão,
porém dificuldade de resposta, “fala embolada”.
PERGUNTAS:
Tendo em vista o quadro do paciente do caso, qual sua hipótese diagnóstica (relacionado à
problemas de fluxo sanguíneo)? Justifique.
Obstrução da artéria carótida interna esquerda, pois ela justificaria interrupção do fluxo
sanguíneo dos diversos territórios acometidos:
Dificuldade na fala: lesão na área de Broca, irrigada pela artéria cerebral média esquerda;
Visão embaçada/escurecida no olho esquerdo: redução do fluxo sanguíneo para a artéria
oftálmica esquerda, ramo da artéria carótida interna esquerda;
Fraqueza na perna direita: lesão na porção superomedial do giro pré-central esquerdo ,
território de irrigação da artéria cerebral anterior esquerda.
OBS: Lembrar que o trato corticoespinhal cruza o plano mediano na decussação das pirâmides. Logo,
uma lesão no giro pré-central esquerdo, acarreta déficits motores em membros direitos.
A única forma de agruparmos todas essas lesões, sendo cada uma delas por déficit de fluxo
sanguíneo de diferentes artérias, é uma obstrução na artéria que as origina: a artéria carótida interna
esquerda.
ARTERIOGRAFIA PARA CONFIRMAÇÃO DO CASO E NECRÓPSIA:
Arteriografia da artéria carótida comum esquerda na região de bifurcação, revelando obstrução
da artéria carótida interna esquerda.
Avaliação da artéria carótida interna esquerda durante a necropsia revelou presença de placa
ateromatosa, a qual obstruía a luz do vaso e dificultava o fluxo sanguíneo.