Forum Democratico

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 99-100 Ano XI - Dezembro 10/Janeiro 11 - R$ 10,00 PODE SER ABERTO PELA ECT E MAIS: : LITERATURA TURISMO GASTRONOMIA FOTOGRAFIA ARTES PLÁSTICAS O Brasil elege sua Presidenta Rousseff Dilma TURISMO TURISMO São João da Barra, RJ, simples, mas com muita personalidade. São João da Barra, RJ, simples, mas com muita personalidade. STORIA ITALIANA Anno 2000: politica, fede, gay pride, letteratura, musica. STORIA ITALIANA Anno 2000: politica, fede, gay pride, letteratura, musica.

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Nº 99 - 100 - Ano XI - Dezembro 10 / Janeiro 11 - R$ 10,00

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Pubblicazione dell’Associazione per l’Interscambio Culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi • Nº 99-100 Ano XI - Dezembro 10/Janeiro 11 - R$ 10,00

PODE SER ABERTO PELA ECT

E M A I S : : L I T E R AT U R A • T U R I S M O • G A S T R O N O M I A • F O T O G R A F I A • A R T E S P L Á S T I C A S

O Brasil elegesua Presidenta

RousseffDilma

TURISMOTURISMOSão João da Barra, RJ, simples, mas com muita personalidade.

São João da Barra, RJ, simples, mas com muita personalidade.

STORIA ITALIANAAnno 2000: politica, fede, gay pride, letteratura,musica.

STORIA ITALIANAAnno 2000: politica, fede, gay pride, letteratura,musica.

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O INCA-CGIL tutela gratuitamente os trabalhadores e aposentados italianos e brasileiros e suas famílias.

D E S E G U N D A A S E X T A , D A S 8 : 3 0 À S 1 3 : 0 0

“Patronato” da maior

Confederação Sindical Italiana, a CGIL

INCACGILINCA

http:\\www.incabrasil.org.br

RIO DE JANEIROAv. Rio Branco, 257 sala 141420040-009 - Rio de Janeiro - RJTelefax: 0xx-21-2262-2934 e 2544-4110

PORTO ALEGRERua dos Andradas. 1234 cj. 2309 90020-100 - Porto Alegre - RSTelefax: 0xx-51-3228-0394 e 3224-1718

BELO HORIZONTERua Curitiba, 705 - 7º andar30170-120 - Belo Horizonte - MGTelefax: 0xx-31 3272-9910

SÃO PAULO (Coordenação)Rua Dr. Alfredo Elis, 6801322-050 - São Paulo - SPTelefax: 0xx-11-2289-1820 e 3171-0236

Rua Itapura,300 cj. 60803.310-000 - São Paulo- SP

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forumD E M O C R A T I C O

NOSSA CAPA

w w w . f o r u m d e m o c r a t i c o . o r g . b r

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A n o X I - N o 9 9 - 1 0 0 - N o v e m b r o / D e z e m b r o 1 0

05 agenda cultural

05 Exposições imperdíveis.

18 “Canale Mussolini”, di Antonio Pennacchi.

18 encarte

Andrea Lanzi

06 editorial

06 O Brasil elege a sua Presidenta.

16 cultura

16 “Elite da Tropa 2”, de Luis Eduardo Soares, Cláudio Ferras, André Batista e Rodrigo Pimentel e “Um ano de milagres”, de Geraldine Brooks.

12 Lagosta assada com ervas finas, com a assi-natura do chef Paolo Neroni.

12 gastronomia

17 O Natal está chegando, confira nossas sugestões.

17 às compras

Artes Plásticas34 Reinaldo Guarany: epifania, revelação, desi-lusão e encheção de saco.Marisa Oliveira13 turismo

13 Destino: São João da Barra, Rio de Janeiro. Simples, porém com muita personalidade.Marisa Oliveira

Fotografia30 “JF em foco 2010”, mais uma edição da ex-posição organizada por Marcio R M. que reúne diversos fotógrafos.

cultura30

Reflexão38 O efeito Schoenberg.Luis Maffei

Marisa Oliveira

28 Santino Ceraldi, identidade, valores e prin-cípios.

Emigração

22 Italia

22 2000. Liberamente tratto dal libro “Patria 1978-2008” di Enrico Deaglio.

Storia italiana

09 Congiuntura Italia.

09 Settimana lingua italiana a San Paolo.

09 Seminario “Democracia e Trabalho”.

09 Riunione circolo PD.

08 Settimana del Cinema italiano.

08 Seminario Filef/ Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi.

08 Congiuntura Brasile.

08 Progetto Portinari

08 Pier Luigi Bersani si congratula con Dilma Rousseff.

08 comunità

09 Milo Manara.

Literatura

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f o r u mD E M O C R A T I C O84 Novembro/Dezembro 10

La rivista Forum Democratico è una pubblicazionedell’Associazione per l’interscambio culturale Italia Brasile Anita e Giuseppe Garibaldi.

Comitato di redazione Giorgio Veneziani, Andrea Lanzi, Arduino Monti, Mauro Attilio Mellone, Lorenzo Zanetti (em memória).

Direttore di redazione Andrea Lanzi

Giornalista ResponsabileLuiz Antonio Correia de Carvalho (MTb 18977)

RedazioneAvenida Rio Branco, 257/1414 20040-009 - Rio de Janeiro - [email protected]

Pubblicità e abbonamenti Telefax (0055-21) 2262-2934

Revisione di testo (portoghese)Marcelo Gargaglione Lopes, Clara Salvador.

Hanno collaborato: Cristiana Cocco, Marisa Oliveira. Logotipo: concesso da Núcleo Cultura Ítalo Brasileira Valença

Stampa: Gráfica Opção Copertina e Impaginazione: Ana Maria MouraA Mão Livre Design Gráfico

Dados internacionais de catalogação

na fonte (CIP) Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia

- Forum Democratico/ Associazione per

l’insterscambio culturale italo-brasiliano

Anita e Giuseppe Garibaldi - No.0 (mar.

1999) - Rio de Janeiro: A Associazione,

1999 - v. Mensal. - Texto em português e

italiano - ISSN 1516-8123 I. Política - Itália

- Brasil - Periódicos. 2. Difusão cultural

- Itália - Brasil - Periódicos. I. Associazione

per l’interscambio culturale italo-brasiliano,

Anita e Giuseppe Garibaldi.

CDU 32:316.7(450 + 81)(05)

e x p e d i e n t e

Carta do leitor“ Parabenizo a revista Forum Democratico pelas

informações que vêm sendo veiculadas. Nessa

edição, duas delas me chamaram muita atenção: a

Rádio Batuta, ideia genial para os amantes da boa

música brasileira e a entrevista com Sueli de Lima,

representante do projeto A Casa da Arte de Educar.

Arte e educação, dois elementos fundamentais para

se construir uma sociedade cidadã de fato e de

direito”.

Nota do Editor

Maria Diniz, por telefone, em outubro de 2010

O ano de 2010 finaliza com novidades importantes:

Dilma Roussef é a presidenta eleita para o mandato

2011-2014 e o estado do Rio de Janeiro avançou de forma

organizada na guerra contra o narcotráfico. São dois desafios

de peso. O mandato da presidenta Dilma encerra

a responsabilidade de suceder o governo Lula,

cujas políticas foram ratificadas em âmbito nacional e internacional-

mente, acrescida da necessidade de avançar em todos os segmentos. Por seu

turno, a política de segurança do estado do Rio de Janeiro tem a responsabili-

dade de não apenas conter a violência, como também de reinstituir, reafirmar

o poder do Estado frente à sociedade civil.

Na guerra contra a violência, a literatura vem como aliada: Elite da Tropa 2, Luiz Eduardo

Soares e mais três autores desvendam o que está por trás do crime organizado no

Rio de Janeiro.

Sem dúvida alguma, tudo isso tem a ver com respeito e cidadania,

conceitos tão em voga nos tempos atuais, mas que desde sempre

foram pauta para o antropólogo Darcy Ribeiro, que com sua sabedoria

– pouco aproveitada pelo Brasil – fazia uso deles em todas as esferas

em que atuava (educação, antropologia, literatura). Para a Forum

Democratico, o destaque da Agenda Cultural é para

a exposição de fotos inéditas de Darcy, feitas despretensiosamente em

trabalho de campo com os índios. Percebam, em seu olhar, o autor

confere aos índios individualidade e cidadania.

E vamos lá, brindemos aos novos tempos de esperança e consolidação

de desenvolvimento. Rogerio Rebouças dá duas boas dicas de vinhos,

na seção Às Compras.

Feliz Ano Novo!

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f o r u mD E M O C R A T I C O 5Novembro/Dezembro 10

agenda cultural

f o r u mD E M O C R A T I C O 5

EXPOSIÇÕES

Imagens de fachadas, interiores, monumentos e detalhes arquitetônicos e de decoração - fotografados por Lena Trindade - é o que compõe a exposição Rio Art Déco. A mostra inclui mais de 100 fotos dos mais belos exem-plares do acervo arquitetônico Art Déco da cidade do Rio de Janeiro, tais como o Cristo Redentor, a escadaria do cinema Roxy, o interior do Edifício Biarritz. As fotos estarão apresentadas em ambiente que também agregará móveis e alguns objetos Déco. A cenografia é de Edward Monteiro, a programação visual de Claudia Portela e a iluminação de Steven Way. Haverá ainda projeção contínua do curta-metragem sobre a construção do mais importante símbolo carioca, o Cristo Redentor, escultura que ganhou linhas Art Déco a partir do desenho do escul-tor francês Paul Landowski. O filme é assinado por Isabel Noronha, bisneta do engenheiro Heitor da Silva Costa, autor do projeto. A exposição prevê ainda visitas guiadas para alunos de escolas públicas.

Aleksandr Ródtchenko: revolução na fotografia

Instituto Moreira Salles – Rua Marquês de São Vicente, nº 476, Gávea, RJ; Tel.: (21) 3284-7400; de 3ª a 6ª, das 13h às 20h; sáb., domingos e feriados, das 11h às 20h; Entrada franca; Classificação livre; .www.ims.com.br http://twitter.com/imoreirasalles - até 6 de fevereiro de 2001

A seleção de 50 fotografias inéditas produzidas pelo antropólogo Darcy Ribeiro durante seus diversos trabalhos de campo entre os índios Kadiwéu,Urubu-Ka’apor e Ofayé-Xavante traduz a genialidade do seu autor e a marca do seu pensamento. É simples, profunda e confere individualidade e cidadania. O acervo faz parte do arquivo do Serviço de Proteção aos Índios, nominado em 2008 no Registro Nacional do Programa Memória do Mundo da UNESCO e tem a curadoria do fotógrafo e antropólogo Milton Guran. O Olhar Precio-

so de Darcy Ribeiro integra o Brasilidade, uma realização do Ministério da Cultura que antecede a cerimônia da Ordem do Mérito Cultural-OMC e é fruto da parceria entre o Ministério da Cultura e a SAMI – Sociedade de Amigos do Museu do Índio que, por sua vez, têm suas atividades deste ano marcadas pela celebração do centenário de criação do Serviço de Proteção aos Índios, órgão no qual trabalhou o antropólogo Darcy Ribeiro.

O olhar precioso de Darcy Ribeiro no Brasilidade

CAIXA Cultural Rio de Janeiro - Av. Almirante Barroso, 25, Sobreloja, Centro (Metrô: Estação Carioca); Tel.: (21) 2544-4080; de 3ª a sáb., das 10h às 22h; domingo, de 10h às 21h; Entrada franca; Classifica-ção livre; até 30 de dezembro de 2010

CAIXA Cultural Rio de Janeiro – Grande Galeria - Av. República do Chile, 230 - anexo 3º andar – Centro, Rio de Janeiro (Metrô: Próximo à estação Carioca); Tel.: (21) 2262 8152; de 3ª a 6ª, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 14h às 18h; Entrada franca; Classificação livre; Acesso para portadores de necessidades especiais. Até 30 de janeiro de 2011.

Com cerca de 300 obras, entre fotografias, fotomontagens e o essencial da produção gráfica do artista russo (capas de livro, revistas e cartazes), a mostra revela ao expectador temas descobertos e representados pelo fotógrafo-pensador ao longo de três décadas. Organizada pela Moscow House of Photo-graphy e com curadoria de Olga Svíblova (di-retora do Museu), a mesma exposição já foi apresentada em Londres, Berlim e Amsterdã. Aleksandr Ródtchenko (1891-1956) foi um dos grandes inovadores da arte de vanguarda do século XX, tendo sido aclamado internacio-nalmente como pintor, escultor e designer gráfico. Entre muitos trabalhos, Ródtchenko criou diversos cartazes para o filme Encoura-çado Potenkim, de Serguei Eisenstein.

Rio Art Déco

Cristo Redentor

Anoa, índia Kadiwéu, MS, 1947 Índio Urubu-Kaapor, MA, 1957

Darcy Ribeiro com índio Urubu-Ka’apor, autor desconhecido

Lily Brik/Cartaz Knigui, 1924. Retrato para o cartaz Knígui (livros)

Mulher com ânfora, Candelária

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f o r u mD E M O C R A T I C O86 Novembro/Dezembro 10

e d i t o r i a l e

Eletta con 56% dei voti validi, Dilma Rousseff ha rapidamente messo mano alla composizione del suo governo che inizierà

il primo gennaio 2011. Sarà un governo caratterizzato dalla conti-nuità come dimostra la riconferma di Guido Mantega (Ministero Fazenda), Marco Aurélio Garcia (consigliere speciale affari esteri), Nelson Jobim (Ministro della Difesa) e la nomina di Gilberto Carvalho alla Segreteria Generale della Repubblica dopo essere stato per 8 anni il segretario particolare del Presidente Lula. An-che le novità non mancano quali la nomina di Alexandre Tombini (presidente Banco Centrale) e di Miriam Belchior (Ministero Pianificazione) e l’annuncio di una presenza femminile di almeno il 30%. Dilma Rousseff ha di fronte sfide importanti compresa quella di succedere al presidente Lula che arriva alla fine del se-condo mandato con livelli di approvazione straordinari. In primo luogo deve continuare a garantire le condizioni di uno sviluppo economico sostenibile anche dal punto di vista ambientale e che garantisca la continuità del processo di redistribuzione di rendita; negli 8 anni di Lula sono usciti dalla miseria 30 milioni di cittadini, ma ancora nel 2009 -secondo i dati dell’IBGE (Istituto Brasiliano di Geografia e Statistica)- 11,2 milioni di persone soffrivano di insicurezza alimentare grave; il che significa in poche parole che non riescono a man-giare il necessario tutti i giorni; mettere la parola fine alla miseria estrema è una delle mete prioritarie indicate dalla Rousseff. Occorre inoltre fare passi avanti nell’ambito del PAC (Piano Accelerato Sviluppo) e affrontare la que-stione delle infrastrutture: porti, aeroporti, rete viaria e soprattutto - dopo i grandi risultati del piano “Luce per tutti”, che ha portato l’energia elettrica praticamente in tutte le residenze- la rete idrica e fognaria, che attualmente ha percentuali di copertura molto basse. Risultati significativi su questi punti avrebbero, ovviamente, ricadute importanti sui livelli di impiego, in parti-colare di occupazione regolare. Altra riforma necessaria è quella fiscale; in Brasile pochi pagano molto e comunque i grandi patrimoni pagano meno della classe media, la quale sopporta di fatto il peso del trasferimento di risorse ai settori più poveri e del finanziamento di servizi di cui usufruisce in misura ridotta come la sanità e l’istruzione. Obiettivo della riforma do-vrebbe essere ampliare la platea dei contribuenti - anche con l’uscita dalla informalità di strati consistenti di lavoro autonomo e dipendente-, diminuire la pressione fiscale e aumentare la progressività incidendo finalmente sulle grandi fortune, fino ad oggi ben protette anche durante l’era Lula. Altro grande fronte che ha riflessi sul piano strettamente economico, ma anche della qualità della vita, è quello della corruzione e della criminalità, che spesso sono fra di loro collegati. La corruzione si conferma un cancro nella

amministrazione pubblica e aumenta i costi dei servizi offerti alla popolazione, dato che aumentano le risorse impiegate mentre non migliora la qualità. La vera e propria guerra scatenata dal narcotraffico a Rio de Janeiro e la risposta esemplare della società civile e dello stato (vedi riquadro congiuntura Brasile) dimostra quanto sia urgente definire una politica integrata di sicurezza pubblica modificando se necessario il precetto costituzionale che affida agli stati della federazione la responsabilità della polizia civile e militare. Invertire la privatiz-zazione della sanità e del sistema educativo è una ulteriore sfida del governo. Dopo le elezioni il quadro politico non è molto fluido. L’opposizone ha rinun-ciato al cosiddetto “terzo turno”, che sarebbe stata la contestazione dell’ele-zione di Dilma per il fatto di essere stata appoggiata dal presidente Lula in maniera impropria (e per questo fu multato dal Supremo Tribunale Elettora-le). Appare divisa e indecisa. I DEM (eredi del Partito Fronte Liberale), partito conservatore, stanno per perdere uno dei loro rappresentanti più importanti, il sindaco di San Paolo Kassab. Il PSDB (Partito Socialdemocrazia Brasiliana) del candidato a presidente José Serra, non sembra aver digerito la sconfitta, nel senso che non ha tracciato una linea di condotta. I partiti che hanno eletto Dilma Rousseff sono attualmente impegnati in primo luogo nella composizio-ne del nuovo governo.

Il Brasile elegge la sua Presidenta.

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f o r u mD E M O C R A T I C O 7Novembro/Dezembro 10

O Brasil elege a sua Presidenta.

e d i t o r i a l

Eleita com 56% dos votos válidos, Dilma Rousseff pôs-se rapidamente a compor o seu governo, que terá início em primeiro de janeiro de

2011. Será um governo caracterizado pela continuidade como demonstra a confirmação de Guido Mantega (Fazenda), Marco Aurélio Garcia (assessor especial para os assuntos internacionais), Nelson Jobim (Ministro da Defesa) e a indicação de Gilberto Carvalho para a Secretaria Geral da República depois de ter passado os últimos 8 anos como secretário do Presidente Lula. Novidades também não faltam, tais como a indicação de Alexandre Tombini (presidente do Banco Central) e de Miriam Belchior (Ministro do Planejamento) e o anúncio de uma presença feminina de pelo menos 30%. Dilma Roussef tem pela frente desafios importantes, inclusive de suceder ao presidente Lula, que chega ao fim do segundo mandato com níveis de aprovação extraordinários. Ela deve, em primeiro lugar, dar continuidade e garantir as condições de um desenvolvimento sustentável, também do ponto de vista do meio ambiente, e que permita a prossecução da política de redistribuição de renda; nos 8 anos do governo Lula sairam da condição de miséria 30 milhões de cidadãos, mas ainda em 2009 – pelos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas)- 11,2 milhões de pessoas sofriam de insegurança alimentar grave; quer dizer, em poucas palavras, que não conseguem comer a cada dia a quantidade necessária de alimentos; acabar com a miséria extrema é uma das prioridades indicadas pela Rousseff. É necessário também avançar mais na execução do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e desatar o nó das infraestrutu-ras: portos, aereoportos, malha rodoviária e sobretudo –depois dos grandes resultados do plano “Luz para todos”, que conseguiu levar a energia elétrica de fato a todas as residências- o saneamento básico que tem uma taxa de cobertura muito baixa. Resultados significativos nestas áreas teriam, como é óbvio, impacto importante sobre o nível de emprego, com destaque para o emprego formal. Outra reforma necessária é a fiscal; no Brasil, poucos pagam muito e, de todo modo, as grandes fortunas pagam menos que a classe média, que suporta de fato o peso da trasferência de recursos para as camadas mais pobres e para custear serviços, como os da saúde e do ensino, dos quais pouco se beneficia. O objetivo da reforma fiscal deveria ser aumentar o número dos contribuintes –também com a saída da informali-dade de parcela importante de trabalhadores autônomos e assalariados-, diminuir a pressão fiscal e aumentar a progressão, atingindo os grandes patrimônios até agora bem protegidos também na era Lula. Outra grande frente de luta que influencia tanto a eficiência econômica como a qualidade da vida, são as questões da corrupção e da criminalidade, muitas vezes interligadas. A corrupção se confirma como um câncer da administração

e d i t o r i a l

pública e determina um crescimento dos custos dos serviços oferecidos à popula-ção, já que aumentam os custos sem que se melhore a qualidade. A verdadeira guerra desencadeada pelo narcotráfico no Rio de Janeiro e a resposta exemplar da sociedade civil e do Estado (ler a coluna conjuntura Brasil) demonstra o quão urgente é formatar uma política integrada de segurança, até mudando, se for necessário, o preceito constitucional que dá a responsabilidade da polícia civil e militar aos Estados da União. Mais um desafio do novo governo é trabalhar para reverter o processo de privatização da saúde e do sistema educacional. Depois das eleições, o quadro político parece parado. A oposição desistiu do chamado “terceiro turno”, ou seja a contestação da eleição da Rousseff pelo fato de o presidente Lula tê-la apoiada de uma forma julgada imprópria pelo Supremo Tribunal Eleitoral, que por esse motivo o multou. A oposição aparece dividida e sem rumo definido. Os DEM - herdeiros do Partido da Frente Liberal - estão prestes a perder um dos seus representantes mais importantes, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O PSDB do candidado José Serra parece não ter assimilado a der-rota, no sentido de que ainda não definiu uma estratégia para o futuro. Atualmente os partidos que elegeram Dilma Rousseff estão dando prioridade à composição do novo governo.

Família de Dilma Rousseff em 1950: da esq. para a dir., o irmão Igor, a mãe Dilma Vana, Dilma (em pé), a irmã Zana e o pai Petar Rousseff. (www.wikipedia.com.br)

Andrea Lanzi

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f o r u mD E M O C R A T I C O88 Novembro/Dezembro 10

c o m u n i t à

Congiuntura Brasile.

L’attenzione dell’intero paese si è rivolta alla città

di Rio de Janeiro e alla sfida lanciata dal narcotraffico. Negli ultimi giorni di novembre, dalle carceri di massima sicurezza, è partito l’ordine di seminare il terrore in città, incendiando automobili e autobus, per co-stringere le autorità a rallentare l’occupazione delle favelas da parte delle Unità di Polizia Paci-ficatrice, che a partire da metà dell’anno scorso hanno rista-bilito il controllo dello stato su territori che da anni e decenni sono in mano alla criminalità organizzata. Insieme al con-trollo militare si è dato avvio a programmi di bonifica urbana che hanno visto per la prima volta insieme l’Unione, lo stato e il municipio di Rio de Janeiro. L’onda degli attacchi ha invece ottenuto l’effetto contrario e le forze di polizia con l’aiuto inizialmente della Marina Militare e in segui-

to del restante delle forze armate, ha occupato prima Vila Cruzeiro e in seguito – con copertura dal vivo delle reti di televisione- il Conjunto do Alemão (19 favelas con 35.000 residenze e oltre 100.000 abitanti) che era diventato il rifugio di oltre 600 uomini della malavita organizzata. L’operazione è stata realizzata senza vittime

RIO DE JANEIRO

fra le forze dell’ordine e fra gli abitanti ed ha avuto una grande ripercussione anche mondiale. Si tratta adesso di adottare altre misure in grado di migliorare la repressione alla criminalità organizzata e di dare condizioni di vita degna agli abitanti delle oltre 900 favelas; per quanto riguarda il contrasto alla criminalità sarebbe importante creare trattamenti differenziati dentro il sistema carcerario, tipificare come reato il possesso di cellulari, sottoporre a perquisizione gli avvocati che visitano i clienti, svuotare i penitenziari con pene alternative per i piccoli reati.

Sabato 11 dicembre, si è realizzato presso l’Istituto Italiano di Cultura, il seminario

conclusivo del corso di formazione professionale Crea-For-Ma Impresa. Il corso aveva come obiettivo quello di dare conoscenze teoriche e pratiche per iniziare una attività imprenditoriale o per migliorare la conduzione di una attività già in essere. Gli alunni sono stati divisi in due gruppi a cui sono state somministrate 150 ore di lezioni teoriche, 50 ore di visite ad imprese e 25 ore per alunno di accompagnamento per la definizione del proprio piano di attività.

Realizzata con il consueto successo di

pubblico, la VI settimana di “Venezia Cinema” a Rio de Janeiro, Curitiba, San Paolo, Brasilia. L’inaugu-razione della mostra a Rio de Janeiro, ha visto la presenza dell’ambasciatore italiano in Brasile, Gherardo La Francesca.

Seminario Filef/ Associazione Anita e Giuseppe Garibaldi.

Settimana del Cinema italiano.

Progetto Portinari

João Candido Portinari, figlio del grande pittore, ha praticamente ultimato dopo

35 anni di intenso lavoro, il progetto di indi-viduare tutte le opere del padre, catalogarle e digitalizzarle per renderle conosciute e accessibili al pubblico.A coronamento di tale impresa, saranno esposti nel teatro Municipale di Rio de Janeiro, in dicembre, i due pannelli “Guerra e Pace”, che per la prima volta escono dalla sede delle Nazioni Unite. Dopo l’esibizione al pubblico, i due pannelli saranno restaurati entro il 2013.

“Menino do tabuleiro”, óleo sobre tela, 1947,

Coleção particular.

Il segretario del Partito Democratico ha scritto una lettera di congratulazioni alla presidente

eletta del Brasile, affermando fra l’altro: “Sono convinto che la tua Presidenza, ottenuta con una vittoria limpida e chiara e nel solco dell’opera politica intrappresa dal Presidente Lula, saprà con-durre il Brasile nel posto che merita tra le grandi potenze del pianeta e che la tua esperienza e le tue grandi capacità politiche, tecniche e umane sapranno ispirare il tuo lavoro, contribuendo al consolidarsi dei valori della pace, dello sviluppo, del progresso, della solidarietà e dell’inclusione sociale”

Pier Luigi Bersani si congratula con Dilma Rousseff.

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f o r u mD E M O C R A T I C O 9Novembro/Dezembro 10

c o m u n i d a d e

Futuro e Libertà ha ritirato i suoi rappresentanti dal governo ed ha iniziato a votare insieme ai

partiti di opposizione su varie questioni, dimostran-do che Berlusconi ormai non ha più la maggioranza in parlamento. La Lega Nord e il Partito della Libertà continuano a richiedere in mancanza di una conferma della fiducia al governo, le elezioni anticipate; le forze politiche di opposizione stanno discutendo della possibilità di dare vita ad un “governo di salvezza nazio-nale” che avrebbe come primo obiettivo quello di modificare la legge elettorale e di dare prime risposte alla drammatica situazio-ne sociale ed economica. Per la verità non è del tutto esclusa la possibilità di un nuovo governo Berlusconi allargato all’UDC (Unione Democratica Cristiana) con ridimensionamento del peso della Lega Nord. Il 27 novembre si è tenuta una grande manife-stazione nazionale della CGIL a

Congiuntura Italia.Roma con lo slogan «Il futuro è dei giovani. Più diritti e più democrazia». La protesta contro l’immobilismo del governo nel dare risposte alla crisi economica, contro i provvedimenti che ridimensionano i diritti dei lavoratori e per richiedere un profondo cam-biamento nella guida politica del paese, ha avuto un grande successo ed ha visto in piazza a fianco del

sindacato tutte le forze del centro sinistra, dal Partito Democratico a Sinistra e Libertà, dall’Italia dei Valori alla Federazione della Sinistra. Sta anche montando la protesta degli studenti delle università e delle scuole secondarie contro la riforma proposta dalla Gelmini, Ministro della Pubblica (D)istru-zione, come è stata soprannomi-nata dai manifestanti; gli studenti hanno imparato tutti i trucchi della società midiatica e occupando i monumenti principali del Bel Paese – dalla Torre di Pisa, alla Basilica di San Marco- hanno occupato le prime pagine dei giornali.

La CGIL ha deciso di dare vita all’estero ad associazioni che possano rappresentare

l’emigrazione italiana e i discendenti. In Brasile tale associazione, denominata “Democracia e Trabalho”, è stata presentata pubblicamente nel corso di un seminario internazionale che si

Seminario “Democracia e Trabalho”.

Si è realizzato presso la “Câmara dos Verea-dores” di San Paolo, in data 21 ottobre 2010,

l’incontro avente come tema “Experências do En-sino da Lingua italiana”; l’evento è stato introdotto dal vereador Antônio Donato che ha sottolineato l’importanza della presenza della colonia italiana a San Paolo. È intervenuto, in seguito, il Console

Settimana lingua italiana a San Paolo.

“Vampirella”

Riunione Circolo PD.

Milo Manara.

SAN PAOLO

Dopo una conferenza all’Istituto Italiano di Rio de Janeiro, Milo Manara, il più

famoso autore di fumetti erotici del mondo ha inaugurato a San Paolo una mostra com-posta di cento opere – “Uma vida chamada desejo” -, frutto di una collaborazione fra l’Oficina Cultural Oswal de Andrade e il locale Istituto di Cultura Italiano. Fra le ope-re esposte Pandora in collaborazione con Vincenzo Cerami, i materiali utilizzati per la produzione cinematografica Barbarella, 20 tavole de “il viaggio di G. Mastorna”.

è realizzato a San Paolo il 13 e 14 dicembre, con la presenza di Andrea Amaro, responsabile per gli Italiani nel Mondo del Dipartimento Internazionale della CGIL, del Presidente da CUT, Arthur Henrique, e di vari studiosi dell’emigrazione italiana e della storia del sindacalismo.

Generale d’Italia, Mauro Marsili, che ha illustrato l’attività e le caratteristi-che della FECIBESP, la federazione delle associazioni italiane che si dedica alla diffusione della lingua e della cultura italiana. Particolarmente importante l’accordo in vigore con il Municipio che, tramite i corsi di formazione offerti dalla FECIBESP ai professori di italiano della rete pub-blica, permette di insegnare l’italiano ad oltre 27.000 alunni. Dopo gli interventi del deputato del Parlamento italiano Fabio Porta e del segretario all’Educazione del

Municipio, Alexandre Schneider, che hanno elogiato il percorso intrappreso dalla FECIBESP, è stato siglato un nuovo accordo di Cooperazione Tecnica fra il Consolato Italiano e il Municipio, che dovrebbe essere il primo passo per inserire la lingua italiana come disciplina curriculare nella Rede Municipal de Ensino.

Si è riunito il circolo del Partito Democra-tico della zona centro con la presenza

del segretario per il Brasile, Andrea Lanzi, e del deputato Fabio Porta. L’onorevole Porta ha fatto un rendiconto del proprio mandato che presenta numeri molto positivi, che di seguito enumeriamo: presenza in Parla-mento, 75,50; missioni, 183; interventi in plenaria, 23; interventi in commissione, 27; proposte di legge come primo firmatario, 4; proposte di legge come cofirmatario, 66; interrogazioni come primo firmatario, 14; interrogazioni come cofirmatario, 34; ordini del giorno come primo firmatario, 8; ordini del giorno come cofirmatario, 35; incontri in america meridionale 129, di cui 102 in Brasile. Nel corso della riunione è stata con-divisa la proposta presentata dal segretario del circolo, Waldemar Manassero, di creare alcuni gruppi di lavoro incaricati di pianificare l’attività politica per il prossimo anno.

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m12 Novembro/Dezembro 10

CUCINA ITALIANALagosta assada com ervas finas

Grau de dificuldade: fácil

Tempo de preparo: 35 minutos

Quantidade: individual

Calorias: 450 calorias

Sugestão de harmonização:

acompanha vinho branco

Ingredientes

Modo de preparo

800 gramas de lagostaum dente de alhoalecrim2 colheres de azeitesalsinha picadapimenta do reinomeia xícara de chá de vinho brancosal a gosto

Separe uma lagosta com o peso aproximadamente de 800 gramas, corte ao meio, lave muito bem e coloque em um pedaço de papel alumínio em um tabuleiro.Acrescente os temperos na carne da lagosta, leve ao forno a 200ºC por 20 minutos.Buon appetito!

2ª a 6ª: de 19h até a última mesa (somente jantar). Sábados, domingos e feriados: de 12h até a última mesa (almoço e jantar).

www.margutta.com.br

Capacidade: 80 lugares

Estacionamento: ruas e arredores

Cc: V e R; Cd: V e R.

MarguttaAv. Henrique Dumont, 62 - IpanemaTel: 21- 2529-2183 e 2259-3718

g a s t r o n o m i a

Chef Paolo Neroni

D E M O C R A T I C O8 f o r u m12 Dezembro 10 / Janeiro 11

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f o r u mD E M O C R A T I C O 13Novembro/Dezembro 10 f o r u mD E M O C R A T I C O 13Dezembro 10 / Janeiro 11

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São João da BarraD E S T I N O

R I O D E J A N E I R O

Simples, porém

com muita

personalidade

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Marisa Oliveira

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m14 Novembro/Dezembro 10

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Novembro/Dezembro 10D E M O C R A T I C O8 f o r u m14

Balneário preferido de veranistas do norte e

noroeste fluminense, São João da Barra tem 32 quilô-metros de praias, o segundo maior delta do Brasil e um estuário onde se reprodu-zem e vivem espécies raras da fauna e flora. Até o final dos anos 90, São João da Barra era o principal destino de moradores de Campos dos Goytacazes – cidade

vizinha, distante 40 quilômetros – no período do verão. Além dos campistas, outros turistas das regiões norte e noroeste, assim como capixabas e mineiros lotavam suas praias e lagoas, entre dezembro e março. Nos anos 70 chegou a ser um dos locais preferidos por intelectuais cariocas, atraídos pela riqueza proporcionada no encontro do rio com o Atlântico. Posterior-mente, a cidade ganhou notoriedade pelo fenômeno da trans-gressão do mar, que, entre fins da década de 70 até os dias de hoje, já consumiu cerca de três quarteirões de casas, prédios, ruas, estabelecimentos comerciais e até uma igreja.Apesar desse fenômeno – invasão do continente semelhante ao que ocorre nas falésias, no nordeste brasileiro – no verão, São João da Barra continua a exercer a mesma atração sobre os visitantes – um balneário bucólico, de paisagem quase rude pela coloração que o rio Paraíba empresta ao mar, pelo vento incessante que desenha e redesenha pequenas e grandes dunas ao longo do litoral.Nem tão perto e nem tão longe, descomplicada, São João da Barra, em seu 1º Distrito, convive com as bicicletas como seu principal meio de transporte. Tem um animado calendário anual de eventos – rodeios, shows e feiras. A base da culinária vem do mar: peixe e camarão. Simples, como qualquer cidade do interior do Brasil, São João da Barra vem recuperando sua história, através de alguns prédios, marcos arquitetônicos de períodos diferentes: a antiga Casa da Câmara e Cadeia, tombada pelo Iphan, a funcionar como um centro de informações, o Cine Teatro São João, o Palácio Cultural Carlos Martins, a antiga estação ferroviária, transformada em centro de exposições – Estação das Artes Derly Machado.Simples, descomplicada, com gente que gosta de conversar, com goiabada cascão e outros doces caseiros como o chuvisco, São João da Barra tem seu próprio ritmo e esbanja personali-dade.

Nascida de uma vila fundada por Lourenço do Espírito Santo, em meados do século XVII, São João da Barra guarda poucos traços do período das Capitanias Hereditárias, quando começou a ser habitada, primeiro nas proximidades da praia de Atafona, hoje um distrito, e mais tarde, seis quilômetros ao sul, às margens do rio Paraíba do Sul, o mais importante do sudeste brasileiro.

Hospedagem: Sesc Mineiro/Grussaí- SJB www.sjb.rj.gov.org.br

Foto: Divulgação

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Foto: Vito Diniz

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Entardecer no Pontal

Foto: Paulo Sérgio PinheiroFoto: Divulgação Foto: Vito Diniz

S ã o J o ã o d a B a r r a

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Um ano de milagres

Elite da Tropa 2

O antropólogo e cientista político Luiz Eduar-do Soares e três co-autores que convivem

ou conviveram intimamente com a violência urbana o delegado titular da DRACO Cláudio Ferraz, o major André Batista (ex-BOPE) e o jornalista e ex-policial do BOPE Rodrigo Pimentel transformam em literatura fatos atuais e aterradores relacionados ao crime organiza-do no Rio de Janeiro, através do olhar de um policial civil do Rio de Janeiro, na obra Elite da Tropa 2.Elite da Tropa 2 desvenda para os leitores o que são as máfias brasileiras, grupos de criminosos formados por policiais e mantidos parcialmente com recursos do Estado, e traz à luz a compreensão da força crescente das milícias e os limites de atuação das UPPs, entre outras coisas. O personagem responsável pela narrativa é um ex-inspetor-chefe de investigações da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado –

DRACO, que preso a uma cadeira de rodas após sofrer um derrame, escreve suas memó-rias. Definida como obra coletiva por Luiz Eduardo Soares, os autores seguiram a meto-dologia de discutir e decidir consensualmente sobre temas prioritários, cumprir roteiro de entrevistas, pesquisar, organizar e analisar as informações colhidas – inquéritos, processos, relatórios, gravações em vídeos de audiências promovidas pela CPI das Milícias – e escrever a narrativa entremeando ficção e realidade, anulando, portanto, a correspondência com as personagens da vida real.Poderia ser um documentário, uma tese, uma reportagem, mas resultou numa obra de literatura que nos alerta, nos assombra, mas, ao mesmo tempo, ao denunciar e revelar, permite-nos ter esperança que soluções serão encontradas pela sociedade que hoje é massa-crada pela violência do sistema.

Um ano de milagresAutora: Geraldine BrooksTradução: Marcols Malvezzi LealEditora: Nova FronteiraPáginas: 267Preço: R$ 39,90

Para falar sobre o homem e sua condição, Geraldine Brooks, em seu romance Um ano

de milagres, constrói uma narrativa consistente sobre a pandemia que assolou a Europa no século XVII: a Peste, uma das moléstias mais mortíferas já enfrentadas pela humanidade. Inspirada pela história verídica dos aldeões de Eyam, Derbyshire, na Inglaterra, Brooks conta a trajetória de um vilarejo cujos moradores, em 1665, diante dos primeiros sinais da doença, deci-dem se isolar do convívio com o resto do mundo para evitar a propagação da peste. A praga, vista como provação divina, gera nos cam-

Quem é Geraldine Brooks?

Nascida em Sidney, Austrália, Geraldine Brooks cobriu vários conflitos no Oriente Médio, na África e nos Bálcãs como repórter do Wall Street Journal. Como escritora, estreou em 1994 com Nove partes do desejo, traduzido para 17 idiomas. Em 2006, Geraldine consagrou-se com a publicação de O senhor March, que lhe valeu o prêmio Pulitzer de ficção. Dois anos depois lançou As memórias do livro, seu best-seller mais recente. Em agosto de 2010 foi contemplada com o Dayton Literary Peace Prize. Atualmente vive com a família entre Martha’s Vineyard, Massachusetts, e Sidney.

poneses medo e revolta e suscita neles o descon-trole de atitudes, sentimentos, despertando, entre alguns, instintos primitivos de sobrevivência e, entre outros, valores como lealdade, amizade e altruísmo. A peste não assola apenas a comunidade do vilarejo, mas suas estruturas e códigos de conduta social.Um ano de milagres trata do homem diante das adversidades, conta-nos sobre a peste negra, tão distante e tão próxima; com base em minuciosa pesquisa de fatos médicos e históricos, constrói um relato realista, porém suave, em função de uma escrita fina e elegante, mantida lindamente pelo trabalho de tradução.

Elite da Tropa 2Autores: Luis Eduardo Soares, Cláudio Ferras, André Batista e Rodrigo PimentelEditora: Nova FronteiraPáginas: 304Preço: R$ 39,90

Marisa Oliveira

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à s c o m p r a s

f o r u mD E M O C R A T I C O 17Novembro/Dezembro 10

Contatos com a seção Às Compras para apresentação/sugestão de produtos sustentáveis ou demais produtos podem ser enviados para [email protected]

Tudo se transforma

Redes sociais de trabalho e sustentabilidade

Preço: R$ 12,00

Preço: R$ 25,00

De qualquer ponto de vista, boas idéias são sempre bem vindas, principal-mente se englobam o conceito de reciclagem.

Jogo da memória feito com jornal: R$ 32,00

Jogo resta um feito com madeira reaproveitada: R$ 52,00

Jogo da velha feito com sobras de madeira: R$ 64,00

Onde encontrar: www.reviraideias.com.br (entregas em todo o Brasil, através dos Correios)

Para brindar e apreciar!As festas de final de ano merecem bons brindes. Desta vez Rogerio Rebouças selecionou dois vinhos do Piemonte italiano produzi-dos pela Cantina Scrimaglio, situada na cidade de Nizza Monferrato. Essa é a mais ocidental região produtora italiana; toca os Alpes e os Apeninos, limitan-do-se com França e Suíça. Barolo Sant’Ambrogio DOCG, 2005 é feito exclusivamente com a uva Nebbiolo e é envelhecido em barris de carvalho.

Vinho leve, frutado, delicado, agradá-vel e bem equilibrado num saudável estilo clássico. O Crôutin 2000 ReservaPersonalle, de Mario Scrimaglio, é um Barbera d’Asti Superiore, sua uva é a Barbera e também é en-velhecido em barris de carvalho. Vinho elegante, longo, persistente e bem equilibrado.

Onde encontrar: na www.winerystore.com.br ou pelo telefone (11) 3345-1950

Preços: a consultar

Os produtos são de grupos de artesanato, de moda e de decoração do Rio de Janeiro, sustentáveis e inclusivos da Rede Asta, bem como da grife Providência, que é parte de um projeto do Banco da Providência que ca-pacita mulheres de baixa renda para produzir bijuterias e acessórios.

Colar de tafetá com rolotê e acabamento em crochê (assinado pela designer Luiza Bomeny/Banco da Providência )

Identificador de bagagem (Grupo Pontos e Pespontos)

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Carteira de Viagem (Grupo Toque de Mão)

Onde encontrar: Rede Asta - (www.redeasta.com.br) ou pelos telefones (21) 3976-3159/3976-3152.

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“Canale Mussolini”

1Si dice di un imputato non in arresto.2Precipitosamente, con molta fretta.3Questo ‘ebbe’, che potrebbe essere difficile da riconoscere, è il passato remoto del verbo ‘avere’. 4Espressione che significa ‘per poco, all’ultimo momento’. Esiste anche nella forma ‘per un pelo’.5“Prendimi, se ne sei capace”.6In carcere.7Espressione usata anche così “ne aveva fatte di tutti i colori”. Si dice di adulti, ma corrisponde-rebbe al portoghese ‘pintar o sete”, se non fosse che, di solito, questa espressione si riferisce ai bambini.

di Antonio Pennacchi

e n c a r t e

[...]Invece al Mussolini a Meldola – subito dopo il comizio - lo hanno arrestato e sbattuto dentro mentre al Rossoni, al processo di Piacenza, gli hanno dato quattro anni più due di vigilanza speciale. Ma il giudice non aveva finito di leggere la sentenza che lui – che s’era messo per sicurezza in mezzo al pubblico, essendo ancora a piede libero1 – già era fuori dal tribunale di corsa a gambe levate2 e la sera stava a Lugano in Svizzera e noi non lo abbiamo più visto per almeno dieci anni. Dalla Svizzera passò in Francia con Corridoni, a Nizza, e anche là ebbe3 problemi con la polizia e riuscì a imbarcarsi pelo pelo4 su una nave per il Brasile: «Ah, di prigione m’è bastata quella di Copparo. Ciapème, si sìo bòn5». Era oramai pieno di condanne fino al collo. Gli piovevano da tutte le parti. Però non riuscivano mai ad acchiapparlo, al momento giusto gli sgusciava sempre via come un’anguilla di Comacchio, e alla fine di tutta la storia l’uni-co periodo che s’è fatto dentro6 è stato proprio quel mese con mio nonno per i fatti del cavallo e di Copparo.In Brasile, a San Paolo, lo aspettava Alceste De Ambris, un omone matto come lui. Il De Ambris però era più grande, aveva una decina d’anni in più e loro lo riverivano come un maestro. Veniva da famiglia agiata, era ricco, ma aveva abbandonato tutto per seguire i poveri, e pure all’osteria era il meglio di tutti. È lui che s’è inventato il sindacalismo in Italia, e pure lui ne aveva fatte d’ogni colore7, difatti era dovuto scappare.Loro erano tutti di questo gruppo qua – i sindacalisti rivoluzionari – e il De Ambris e il Corridoni erano i capi, e poi subito dopo il Rossoni e il Mussolini. E mio nonno giustamente stava con loro, essendo stato in galera col Rossoni.Come dice, scusi? cosa volevano i sindacalisti rivoluzionari? E volevano la rivoluzione. Adesso a lei magari sembra un’enormità – «E che sono, le Brigate rosse?» – ma mica erano i tempi di adesso. Lei ci doveva stare allora e ci doveva stare nella parte dei poveri però, mica in quella dei ricchi. Lei se era povero non aveva nessun diritto. Solo lavorare e ringraziare Dio, se glielo davano da lavorare; perché era difficile pure quello. Erano piene fino all’orlo le navi che da Napoli o da Genova partivano tutti i giorni per le Americhe. E tante erano carrette. Lei non ha idea di quante ne sono affondate, di quanta gente non s’è saputo più niente e di quanti – convinti

di andare in Canadà – si sono ritrovati in Argentina o addirittura in Sicilia. Tornati a casa. E le terze classi lei nemmeno se le sogna. Cameroni8 unici e promiscui per maschi e femmine, i bisogni dentro un vaso come il bugliolo in galera, e ogni mattina in giro a raccogliere i morti di stenti e a buttarli a mare e poi, una volta che eri pure riuscito ad arrivare vivo là – in Norda-merica – trattato a calci nei fianchi. Lavoro nero e fuorilegge. Chiedevi un aumento? Ti ammazzavano di botte. E se per caso invece cadevi da un’im-palcatura sui cantieri e morivi – ma anche se non morivi subito, e magari con qualche cura ti potevi salvare – ti mettevano su un furgoncino e ti andavano a buttare in campagna dentro un fosso: «Chi s’è visto s’è visto»9. Mica potevano correre il rischio che l’ispettorato gli facesse la multa. Come dice, scusi? che lo hanno fatto l’altro giorno anche qua da noi? E che le sto dicendo, io?I padroni nostri qua in Italia non è che ci trattassero meglio dell’America, perché se no restavamo qua. Lavoravi dodici ore al giorno, pure i ragaz-zini, e non solo in campagna ma nelle fabbriche, con le mani nelle cinghie di trasmissione dei telai. Gli infortuni non ha idea. E paghe da fame. E se ti facevi male nessuno ti pagava, ti licenziavano e via. Non avevi nessun dirit-to, contavi meno d’una bestia10. La legge, dice lei? La politica, i diritti civili, il parlamento, lo Statuto albertino? Quella era roba per signori, solo loro votavano, tu non ne avevi diritto. Lei dice che la libertà in Italia l’avrebbe levata il fascismo? Ma in Italia non c’è mai stata la libertà, che t’ha potuto levare il fascismo? Ai signori magari gliel’avrà levata, ma i poveracci non ce l’avevano mai avuta. Le donne hanno votato per la prima volta nel 1946, ma pure i maschi, prima del fascismo votavano in pochi; solo i signori ap-punto, e noi poveri, il proletariato, contavamo meno di niente, meno delle zappe che adoperavamo e se ci riunivamo per protestare o scioperare, ci mandavano i soldati a spararci addosso. Poi dice che uno non s’arrabbia. S’era arrabbiato mio nonno – che era uomo da non far male a una mosca – non si arrabbiavano i sindacalisti rivoluzionari? E che se l’erano scelti a fare allora, quel mestiere? Loro volevano la rivoluzione e basta: tutti uguali, niente più signori, eserciti e preti; niente più proprietà privata; la terra divisa tra tutti i contadini e le fabbriche in mano agli operai.II guaio però è che non eravamo tutti uguali nemmeno noi che lottavamo per il mondo degli eguali. Era un casino. C’erano i sindacalisti rivoluzionari e i sindacalisti normali delle camere del lavoro, e c’era una gran bella diffe-renza tra Cgil, leghe, socialisti, repubblicani, anarchici, riformisti, minimalisti e massimalisti; sto bene io a spiegarle tutte le differenze, non le so neanche io, però ce n’erano un sacco11, pressappoco come nella sinistra di oggi. A lei le pare che sono tutti uguali oggi? Li ha visti mai d’accordo? Be’, allora

I n t r o d u z i o n e a l la lettura

f a s c i c o l o X L V

di brevi testi in Lingua Italiana

a cura di Cristiana Cocco

Símbolos utilizados

Informação histórica

Expressão - locução

“Falsos amigos” ou falsas analogias

Ao fim do parágrafo, há uma janela com informações fora do texto

Anglicismos e neologismos

Dialetos

Gírias ou expressões fixas

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8Accrescitivo di ‘camera’, ma di solito più usato con il termine “camerate”, nel senso di dormitori collettivi.9Espressione che significa “danem-se as conseqüências”.10Nel senso di ‘animale’.11L’espressione ‘un sacco’ significa ‘molto, una grande quantità’.

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Antonio Pennacchi è nato a Latina il 26 gennaio 1950; figlio di coloni provenienti dal Veneto, di

famiglia numerosa, fin da giovanissimo si dedica alla po-litica aderendo al partito neo fascista MSI a differenza dei fratelli che sono di sinistra. Espulso dal partito aderisce alla formazione marxista leninista Servire il Popolo e partecipa alla contestazione del 1968, iniziando intanto a lavorare come operaio all’Alcatel. Dopo aver abbando-nato la politica attiva nel sindacato e nei partiti di sinistra, si laurea e inizia la sua carriera di scrittore pubblicando nel 1994 il suo primo romanzo con la casa editrice Don-zelli, Mammut. In seguito pubblica Palude (1995) e Una nuvola rossa (1998). Nel 2003 scrive il romanzo autobiografico Il fasciocomunista, con cui vince il Premio Napoli e da cui è stato tratto il film Mio fratello è figlio unico. Del 2008 è il saggio Fascio e Martello ed infine nel 2010 il romanzo Canale Mussolini, con il quale vince il Premio Strega e che lo stesso autore definisce “l’opera per la quale sono venuto al mondo”.

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era anche peggio perché c’era ancora chi voleva la rivoluzione mentre oggi – se ci fa caso – pure i comunisti non è che siano tanto distanti dai liberali, si sta divisi perché conviene, se no la gente dice: «E che ti voto a fare?».Comunque allora era pieno di riformisti, di gente che diceva: «Un passino alla volta; oggi pigliamo un mezzo diritto in più, domani un altro mezzo e poi chissà, un giorno vedremo» e intanto il cavallo, come si diceva, aspettando aspettando moriva sperando. O almeno così dicevano i miei. E Rossoni e Mussolini, quella sera da mio nonno, se l’erano presa proprio coi riformisti: con Treves, Turati, Modigliani, Bissolati – il Leonida Bissolati – e non li potevano vedere perché non facevano che dire di stare calmi, che in parlamento prima o poi qualche cosa si sarebbe fatta e che ci voleva un sindacalismo moderato, riformista pure lui.I nostri invece volevano farla finita una volta e per sempre12 con uno scio-pero generale fatto bene. Ma non gli scioperi cosiddetti generali che fanno adesso, scioperetti di quattro ore e poi tutti a lavorare, per recuperare il più in fretta possibile quelle quattro ore. Loro volevano uno sciopero davvero generale, con la gente che tutta insieme smette da un momento all’altro di lavorare, qualunque mestiere faccia – cameriere, camerlengo, vaccaro, operaio, stradino, ferroviere, becchino – e poi vediamo come si mettono. E non per due o tre giorni, ma che cominci adesso e non finisca più, fin che i padroni non hanno più un chilo di pane dentro casa né chi gli pulisca il culo e fa andare avanti le fabbriche, le terre e le vacche loro.

Io naturalmente adesso non è che le stia a dire che avessero ragione loro o avessero ragione gli altri. Io le sto a dire solo come sono andati i fatti e come – volta per volta – l’ha pensata la mia famiglia. Poi chi avesse ragione non lo so, si faccia lei il giudizio suo sul torto o la ragione.A mio nonno però questo discorso dello sciopero generale – «Basta met-tersi da parte un po’ di roba» pensava lui, «un po’ di provviste tutti quanti, fissi il giorno segreto senza dire niente ai signori e così tu sei preparato e loro no» - gli stava più che bene. Era un sindacalista rivoluzionario convinto oramai, ma che i riformisti fossero – diciamo così – quasi dalla parte del nemico, questo il Rossoni non glielo aveva spiegato tanto bene. Lui cre-deva che – differenza più, differenza meno – lottassimo tutti per la stessa idea e quindi i nomi che leggeva più spesso sull’“Avanti!” e che stavano in parlamento a litigare con Giolitti e con il re per i nostri interessi di popolo lavoratore, per lui erano i migliori tra di noi.E così dal 1904 al 1908 – che mio nonno aveva messo al mondo altri quattro figli – ritenendo di fare cosa giusta, a uno aveva messo nome Treves, all’altro Turati e le due femmine, le gemelline piccoline che adesso

12“Farla finita” nel senso di ‘encerrar o assunto uma vez por todas’.13Era il modo di dormire quando non c’era un letto per ogni bambino. Dormivano nello stesso letto, uno nel senso contrario dell’altro. Appunto, uno ‘da capo’ e l’altro ‘da piedi’.

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“(...) La lingua con la quale il personaggio racconta in prima persona parla un dialetto inesistente, la risultante del ricordo di più parlate romagnole, emiliane, venete, mutate poi nell’Agro Pontino confondendosi con i dialetti locali (...)”. Brano tratto da una recensione di Rossana Massa.

Informazioni sul dialetto parlato dal narratore

Per leggere l’intero testo entrare su: http://www.lafrusta.net/rec_pennacchi.

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dormivano già un po’ strette, una da capo e una da piedi13 nella culla, le aveva chiamate una Modigliana mentre l’altra, per non fare torto a nessuno, Bissolata. Tanto che quella sera a cena – va bene che erano tutti piccoli e ancora non capivano – ogni volta che, parlando, il Mussolini si infervorava e anche se tutto infervorato cercava però ogni tanto con lo sguardo d’incrociare l’eventuale sguardo di mia nonna, ogni volta che tutto infervorato il Mussolini se ne usciva con: «Quel can del Turati, quel boia del Turati», mio nonno lo tirava per il braccio.Certo, lo tirava anche per via degli sguardi – per levargli quegli sguardi da mia nonna – ma lo tirava per il braccio e gli faceva segno con il muso in direzione del bambino: «E che casso, oramai lo gò ciamà acsì14».E difatti poi – per tutti gli anni che sono venuti appresso – a quel mio zio, tutte le volte che faceva i capricci o litigava con qualcuno, i fratelli e le sorelle gli rifacevano la canzoncina: «Quel can del Turati/ Quel boia del Turati». E lui diventava una bestia e cominciava a tirare sassi a tutti. Il peggio però, bisogna pure dire, non fu per lui, per il Turati, che passata la buriana15 e fattosi grande nessuno lo ha canzonato più, e poi comunque ci fu anche un Turati dopo, l’Augusto Turati che diventò segretario del partito naziona-le fascista, il Pnf, e quindi non c’era proprio più niente da prendere in giro, anzi, c’era pure da stare attenti. Il peggio fu per la gemellina, zia Bissolata, che davvero non s’era mai sentito e che già subito, appena il nonno era tornato dall’averle registrate, mia nonna andò su tutte le furie: «Bissolata? Ma che t’ha detto quella testa? Chi se la prende da sposare? Non lo capisci che tutti la chiameranno Bìssola tua figlia?». E difatti così è stato, e tutti l’hanno sempre chiamata “Bìssola” – che nel dialetto nostro vuole dire una piccola biscia, un serpentello – e anche proprio “zia Bissa” la chiamavamo di nascosto noi, perché era davvero una biscia, una serpe velenosa. Zia Modigliana no, zia Modigliana era un angelo.(...) Io però non le posso stare a fare tutta la cronistoria del Rossoni. Che ce ne frega a noi? A lei interessa la storia della mia famiglia se ho capito bene, e il Rossoni ne costituisce solo un accidente, la causa fortuita per cui ci sono capitate certe cose che alla fine ci hanno portato in Agro Pontino, stop. E quindi le ripeto che non lo abbiamo più visto per un sacco di anni ma – se fosse finita qui – ai miei zii non gli sarebbe nemmeno passato per la testa di potersene partire in bicicletta per arrivare fino a Roma e andarlo a cercare a palazzo Venezia. E mica eravamo cretini. Eravamo nel 1932 oramai, e i fatti di Copparo risalivano al ‘4; mica ti puoi presentare da uno, solo perché lo hai conosciuto trent’anni prima. E poi uno di quelli, con la strada che ha fatto e la carriera, si rimette a incontrare te, solo perché era mon-tato sul cavallo di tuo padre a Copparo? Se era per questo potevi restare pure a casa. Quello fu l’inizio in realtà, ma poi venne il resto.Noi comunque stavamo qui e lui invece stava là. Arrivavano questi giornali quando ci trovavano, e noi li leggevamo. Per il resto continuavamo a lavo-rare e a progredire. Già a Codigoro s’era aggiunto a noi anche il fratello di mio nonno, pure lui con tutti i figli che di pari passo a mio nonno andava facendo insieme alla moglie, che era guarda caso una cugina di mia nonna. Tutta una famiglia quindi. I figli crescevano e un altro po’ eravamo in grado

di lavorare da soli l’intera Valpadana. Ogni tanto – come detto – cambiava-mo posto a seconda di come cambiavano le condizioni; sempre in meglio, sempre un ettaro in più. Terra sempre non nostra, sia chiaro: mezzadria, affittanza16, sempre sotto padrone; ma i padroni adesso ce li sceglievamo17. A volte tornavamo dagli stessi, ma a condizioni migliorate. Partivamo alla fine della stagione con tutta la roba nostra – masserizie, mobilia e attrez-zature caricate sopra i carri – perché oramai ce ne eravamo fatta di roba, tutta col sudore della fronte che già i bambini di sette anni avevano le mani piene di calli. Sempre lì intorno ci muovevamo, si capisce – di qua e di là del Po – e tutti ci conoscevano, perché anche gli altri facevano la stessa vita nostra. Un anno di qua e un anno di là, sempre in cerca di maggiore fortuna – fortuna per modo di dire, un quintale di frumento in più – e magari per qualche anno ognuno la trovava e poi, all’improvviso, l’anno dopo la perdeva e ritornava indietro con qualche carro in meno e qualche debito in più. Si tirava avanti quindi, e per noi tirava bene, con tutti quei figli e la salute che ci assisteva. E in ogni nuovo posto dove arrivavamo, mio nonno – dopo essere entrato nella casa e avere fatto dietro alla nonna il giro di stanze fienili e stalle – mentre già lei impartiva gli ordini dello scarico dei carri, subito le chiedeva: «Che dici, vado?».«Vai, vai», e lui andava all’osteria a ispezionare pure quella, a vedere come si mettessero – qui – le cose per la briscola e la lega.Così s’è fatto il 1911, e quando siamo stati a settembre l’Italia ha dichiarato guerra alla Turchia per andarsi a prendere la Libia.Cinquant’anni prima eravamo ancora tutti divisi – cento staterelli in cui dall’uno all’altro ci voleva il passaporto – e tutti gli stranieri che venivano in Italia la facevano da padroni18. Lo zimbello19 d’Europa eravamo. E neanche cinquant’anni dopo diventavamo una potenza che andava a sfidare la Turchia e a colonizzare l’Africa: «La Libia!». Lasci stare che quindici anni prima – quando avevamo provato a prenderci l’Etiopia la prima volta – gli abissini ci avevano fatto scappare. Ad Adua nel 1896 – loro con le frecce e le lance, noi con i fucili e le mitragliatrici – ci hanno sterminato. Seimila morti. E adesso ci andavamo a rifare in Libia.È chiaro che i socialisti non potevano condividere questa politica di ag-gressione coloniale e imperialista: «Ma come» dicevano, «proprio tu che sei stato fino a ieri soggetto, calpestato e deriso dallo straniero, adesso vai a deridere, calpestare e assoggettare gli altri?». E il più arrabbiato di tutti era proprio il Mussolini, che era diventato una specie di numero uno dei sindacalisti rivoluzionari in Italia ed era pure un pezzo grosso del partito socialista. «L’ho sempre detto io» diceva adesso mio nonno all’osteria ogni volta che lo vedeva scritto sull’‘Avanti!” «che come questo ce n’è pochi, questo è un uomo speciale, se si mette in testa una cosa la fa, non lo ferma nessuno» e difatti nel giro di pochi anni se ne erano resi conto tutti, mica solo mio nonno – e soprattutto mia nonna – pure il Treves e il Turati, che cercavano di tenerlo buono. Be’, lui per la Libia ha fatto un casino. Prima è riuscito a convincere tutti gli altri socialisti – e quelli che non è riuscito a convincere, come il Bonomi e il Bissolati, li ha fatti espellere dal partito perché «troppo morbidi e collusi con la corona» – e poi ha guidato lo sciopero generale contro la guerra in Africa con azioni rivoluzionarie di

14“E che cazzo, ormai l’ho chiamato così”.15Nel suo senso letterale ‘buriana’ significa ‘breve temporale’; in quello figurato ‘confusione’.16In portoghese “arrendamento; meação”, ossia un contratto con cui dei terreni sono concessi ad un singolo o a una cooperativa in cambio di parte della produzione agricola.17Forma coniugata del verbo ‘scegliere’ nella sua forma pronominale “sceglierselo”. Ossia: li sceglievamo noi.

18Nel senso di ‘si comportavano come padroni’.19Zimbello significa in port. “objeto de escárnio, zombaria”.20Chi è fautore della guerra ad ogni costo, in port. ‘belicista’.18Nel senso di ‘si comportavano come padroni’.19Zimbello significa in port. “objeto de escárnio, zombaria”.20Chi è fautore della guerra ad ogni costo, in port. ‘belicista’.

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vero e proprio sabotaggio. C’era la gente che faceva saltare i ponti e levava le traversine dai binari perché non passassero i treni dei soldati, e lui l’anno dopo lo hanno condannato e messo dentro. Diceva che i generali italiani erano sanguinari e guerrafondai20, e così pure Giolitti, il capo del governo che in Libia ce li aveva mandati.Queste cose – nel 1911 – venne a dirle pure dalle nostre parti. Oramai stava fisso a Milano, perché quello era il centro delle fabbriche, dei danari e di tutti i casini. Ma per lo sciopero contro la guerra di Libia fece qual-che giro e passò anche dove stavamo noi, e così mio nonno andò alla manifestazione in piazza insieme ai figli più grandi. Certo, prima d’andare, noi abbiamo munto le vacche nostre e sistemata la stalla, perché stava-mo in sciopero anche noi ed è chiaro che a lavorare in campagna per il padrone – col rischio che qualcuno magari ci vedesse – non c’era passato nemmeno per la testa. Anzi, mio nonno era stato il primo all’osteria a dire: «Sciopero, sciopero!». Ma le bestie nostre no. E che, le facevamo morire di fame? Lasciavamo scoppiar loro le tette? Noi le abbiamo munte se no gli veniva la mastite. Ma munte le bestie e sistemata la stalla, siamo andati in piazza. È che, rimanevamo a casa?Mussolini è stato grande, ha conquistato tutti. Il capolega non aveva fatto in tempo a dire: «Vi presento il compagno Mussolini», che lui un altro po’ si era mangiato i vetri di tutte le finestre sulla piazza. Non si è messo a sputare sul tricolore come il Rossoni in America, ma poco c’è mancato, creda a me. Lei non ha idea di quello che è stato capace di dire a quei quattro mascalzoni, specie al Giolitti «piemontese falso e cortese», il peggio di tutti secondo lui: «Con tutta la fame che abbiamo qua, e con tutti i poveracci che vengono ogni giorno sfruttati e cavati il sangue dai preti e dai signori, andiamo ad aggredire quei poveri baluba21 per fare schiavi pure loro? Vergognève!» disse il Mussolini, «Specie il Giolitti e il Bissolati». Come diceva mio nonno, quello era uno che quando doveva dire una cosa la diceva papale papale22, non ci stava mica a pensare sopra, non aveva peli sulla lingua.Una volta – mi pare a Losanna, in Svizzera, quando era scappato anche lui per una condanna – a un prete che sparlava in giro lo fece una pezza da piedi davanti a tutti. Poi da sopra il palco – levatosi l’orologio dal taschino e messolo bene in evidenza sulla balaustra del palchetto – disse proprio: «Ma adesso è ora di farla finita anche con il suo principale, Dio non esiste e ve ne do una prova. Lo sfido. Se esiste, gli do tre minuti di tempo per ful-minarmi stecchito su questa pubblica piazza. Se invece non succede nien-te, vuol dire che non esiste. Tre minuti ho detto, punto e basta», restando in silenzio con l’orologio tirato su per aria, per tre lunghissimi minuti. Ora come lei sa tre minuti, a dirli così, sembrano una cosa da niente; ma si metta in silenzio ad aspettare e veda come sono lunghi. E anche a dire «Io sono ateo; Dio non esiste» non ci vuole niente. Ma lei mi deve credere: quella volta sopra al palco a Losanna era tutto pieno di socialisti atei e mangiapreti, ma appena il Mussolini ha detto «Gli do tre minuti di tempo», la gente piano piano s’è stretta e allontanata; attorno a lui s’è fatto il vuoto.E lui imperterrito ad aspettare i tre minuti e appena sono passati s’è rimes-so l’orologio piano piano nel panciotto riavvolgendo la catenella e ha detto

soddisfatto: «Che v’avevo detto io? Sono sano e salvo: Dio non esiste». È scoppiato un applauso che lei non ha idea. Ma anche un sospirone generale di sollievo: «Aaaah».Comunque finito il comizio – quello nostro del 1911 e della Libia – sceso dal palco, la gente gli si è fatta intorno a salutarlo e coi più stretti sono andati a bere un bicchiere come si fa di solito. Pure mio nonno ha fatto il gesto di avvicinarsi per salutarlo, anche se era un po’ intimidito perché pensava che non si ricordasse. Invece come lo ha visto, il Mussolini ha strillato: «Peruzzi! Am dispiase propi ma stavolta n’an pòi vegnèr a manzàr da valtri, ch’ago d’andar via. Ma nol mancarà ocasiòn, t’al sicuro».23

E perché ride adesso? Cosa dice? Lei dice che non può essere che Mus-solini parlasse così, perché lui era romagnolo di Predappio, tutto un altro dialetto, un’altra inflessione?Lei la deve smettere con queste fesserie, io mica sto qui a raccontare barzellette. Cosa vuole che ne sappia io di quale dialetto e con quale inflessione parlasse Mussolini? Quelle sono però le cose che ha detto – la sostanza – e io gliele ridico parola per parola esattamente nello stesso dialetto in cui le hanno dette a me. Io non cambio niente. Pure lei però, quando va in giro a dire che Francesco Ferrucci, ferito a morte sul campo di battaglia, vede avvicinarsi Maramaldo col pugnale in mano, pure lei dice che lui gli ha detto: «Vile, tu uccidi un uomo morto». E mo’ – secondo lei – quello in punta di morire si mette a parlare forbito24 in italiano perfetto? Ma quello gli avrà detto nel dialetto suo chissà quale parolaccia. Ciò che conta è la tradizione, la lingua che parla colui che racconta, e a me me l’hanno raccontata così e io così la riracconto a lei.Comunque mio nonno – quando ha sentito che stavolta non veniva a pranzo – ha tirato un sospiro di sollievo quasi come quelli di Losanna che non erano stati fulminati da Dio, e tornando a casa sul carretto s’è voltato verso zio Pericle che gli stava a fianco e gli ha detto ridendo e scherzando, ma neanche troppo scherzando: «Ma chi lo gà invità quel là?25».Il figlio però, che era tutto raggiante perché quello s’era ricordato anche di lui – «Ah, tu sei il Pericle, salutami tua mamma e dille che la prossima volta mi rifaccia ancora i fagioli» – c’è rimasto male e lo ha guardato di sotto in su: «Ma cosa dite papà? Sarebbe stato un onore».«Sarebbe stato un onore? E che è, casa sua che fa tutto da solo? Non pos-so venire stavolta! Ma chi ghe gà disésto gnìnte, bruto screansà?26» e per non darla al figlio, che non li ha mai toccati in vita sua, ha dato al cavallo una frustata che ancora se la ricorda.Comunque gira che ti rigira sono passati altri tre anni, 1914, e noi erava-mo a Cavarzere, vicino proprio allo zuccherificio. Zio Pericle aveva quin-dici anni oramai, aveva qualche pelo sotto il naso ma aveva sviluppato tardi e a quei tempi era poco più di un ragazzino appena alto. E in quel 1914 c’è stata la settimana rossa. La chiamavano proprio così i nostri vecchi, “la settimana rossa”, ossia un casino che è durato sette giorni, dal 7 al 14 di giugno e i vecchi si ricordavano i giorni precisi perché la settimana dopo è scoppiata la Prima guerra mondiale.

24Raffinato, elegante.25“Ma chi l’ha invitato quello lá”.26“Ma chi gli ha detto niente, a quello screanzato?”

21Il termine ‘baluba’ si riferisce ad una popolazione di lingua bantu che abita la regione del Congo meridionale e del Katanga. Mussolini l’ha usato in questo caso generalizzando ‘africani’, visto che, in realtà, si riferiva ai libici.22Nella variante familiare dell’italiano, per lo più ripetuto, nel senso di ‘in modo chiaro, esplicito’.23“Peruzzi! Mi dispiace proprio ma stavolta non posso venire a mangiare da voi, che devo andar via. Ma non ne mancherà l’occasione, te l’assicuro”.

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Hammamet, Tunisia, 19 gennaio 2000. La morte di Bettino Craxi Il leader socialista ed ex presidente del Consiglio Bettino Craxi muore per un infarto a 65 anni nella sua villa di Hammamet in Tunisia, dove si è rifugiato da sei anni. Con lui si trova solo la figlia Stefania. Negli ultimi tempi il diabete di cui ha sempre sofferto si è aggravato pesantemente, con crisi cardiache, epatiche e renali. (il rene destro gli è stato asportato all’ospedale militare di Tunisi il 30 novem bre scorso; l’operazione è stata compiuta da una équipe italotunisina). No nostante sia colpito da ordine di custodia cautelare per i reati di Tangentopoli, le sue condizioni di salute sono note e si è parlato per lui di un «salvacondotto umanitario» per farsi curare in Italia; Craxi ha risposto che rientrerà in Italia «solo da libero cittadino» e che «con l’aiuto di Dio» spera di uscire «presto e bene da questa incresciosa situazione».

Gallarate, Varese, 16 marzo 2000. La morte per fuoco di Ion Cazacu.Alle porte di Milano, zona aeroporto Malpensa, Ion Cazacu lavora da anni come piastrellista, insieme a una piccola squadra di altri specializzati romeni. È sposa to con Nicoleta, rimasta in Ro-mania con le due figlie Fiorina e Alina. Cazacu e i suoi sono bravissimi, richiesti da molti. Il 16 mar-zo vanno a parlare con il pa drone, Cosimo Ian-nece, 35 anni, napoletano. A loro spettano soldi che non hanno ricevuto, vogliono essere messi in regola, sanno che il mercato del lavoro è talmen-te fiorente che possono trovare un altro impiego. Iannece invece li considera sua proprietà e non sopporta l’insubordinazione. Prende una tanica di benzina e la versa addosso a Cazacu, poi gli dà fuoco. Ion Cazacu è avvolto dal le fiamme, i suoi compagni denunciano tutto alla polizia. Ricovera-to all’ospeda le di Sampierdarena a Genova con il 90% di ustioni sul corpo, l’operaio muore dopo un mese di agonia. Condannato in primo grado e in appello a 30 anni di carcere, Iannece è stato rimandato dalla Cassazione in appello per vizio proce durale. Qui la condanna viene dimezzata per la cancellazione dell’unica aggra vante, l’aver agito per «futili motivi». La condanna è stata così ridotta a 16 anni e la Cassazione l’ha confermata. Alla vigilia del processo la vedova Nicoleta scrive ai giudici una lettera che parla del risarcimento economico e dell’esempio dato dall’omicida ai suoi figli, che così si conclude: lo voglio che questo uomo resti in carcere, non voglio contribuire a ridurre la sua pena e non è solo la rabbia che c’è dentro di me, la disperazio-ne, l’impotenza, che mi fa dire queste cose. C’è anche la consapevolezza che in un’epoca confusa

come la nostra le autorità dello Stato, almeno loro, devono dare messaggi chia ri, poiché la popolazione non valuterebbe come grave ciò che è accaduto a lon se non dovesse essere sanzionato con una pena adeguata, penserebbe che la morte di lon, così atroce e insensata, non ha in verità nessun peso, perché lon era uno straniero. Penserebbe che i diritti degli stranieri non sono uguali a quelli di un cittadino italiano. Nicoleta Cazacu.

Stati Uniti, località imprecisata, 2 Aprile 2000. La morte di Tommaso Buscetta Da tempo ammalato di cancro, muore a 72 anni in una località imprecisata de gli Stati Uniti Tom-maso Buscetta, il «top narcotic man» passato alla Storia come l’uomo che ha rivelato a Giovanni Falcone la struttura e i segreti di Cosa Nostra, permettendo così di mandarla a processo e di condannarla. Buscetta si era spin to al di là dell’ambito siciliano, rivelando clamorosamente il ruolo della mafia nei giorni del rapimento di Aldo Moro, dell’uccisione di Mino Pecorelli e del generale Carlo Alberto Dalla Chiesa e facendo conoscere, prima negli Stati Uniti (all’Fbi, nel 1985) e poi in Italia, i rapporti tra la mafia e Giulio Andreotti. Per Gian Carlo Caselli, già procura-tore capo a Palermo, è stato «un uomo leale e coraggioso, perché prima di parlare di politica era solo Buscetta, dopo è diventato un problema,

per tante persone. [. .. ] Con le sue rivelazioni e grazie al lavoro intelligente di molti magistrati, aveva contribuito a smantellare il mito dell’invul-nerabilità di Cosa Nostra». . Bartolomeo Sorge, già direttore di Civiltà Cattolica, che negli anni ottanta ha fatto parte dei «gesuiti con la pistola» impegnati contro la mafia a Palermo, dice: «Negli ultimi anni della sua vita ci sono delle ombre che rendono meno limpida la sua collaborazione con la giustizia, la fanno apparire meno sincera. Credo che Buscetta abbia voluto collaborare sinceramente con Falcone per vendicare anche le stragi che sono state commesse nella sua famiglia, e quindi è comprensibile il suo impeto iniziale». Giulio Andreotti consegna un appunto scritto: «Prego per la sua anima. La malattia lo aveva da qualche tempo tolto di scena e io dichiarai pub-blicamente che ero lieto che lo Stato lo avesse aiutato a sperimentare tutte le cure possibili». Per Enzo Biagi, che è stato il suo biografo: «Sembra strano, ma ho perso un amico. Probabilmente non mi ha detto tutto, ma sono anche sicuro che non mi ha mai mentito. Adesso gli sia concessa la pace». Personaggio del tutto imprevisto nello scenario politico e giudiziario italiano, Tommaso Buscetta non è mai stato smentito in nessuna delle sue dichiarazioni, né nelle sue ricostruzioni storiche. La sua figura aveva due caratteristiche: un volto reso negli anni quasi irriconoscibile da innumerevoli lifting che lo avevano fatto mezzo indio e mezzo asiatico; e la sua voce modificata

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La tomba di Bettino Craxi

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di quanto è di più antico. In onda da Fatima, sui teleschermi del mondo, infatti, ha ieri preso forma e vita, c’è stata restituita nelle parole del cardinale Sodano e in un gesto muto del papa, la dimensione per noi quasi per duta della profezia, cioè di uno dei nuclei più misteriosi e arcaici di ogni prospet tiva religiosa. La profezia svolge per l’uomo di fede il compito che l’utopia si è riser-vata nell’ambito del mondo laico, ma con ben altra forza emotiva. È l’evoca zione di una verità «altra», un disvelamento più o meno indiretto di ciò che è sta to, sarà o potrebbe essere, è una spiegazione del mondo e un invito a cambiarlo, come è anche l’utopia. Ma con una differenza essenziale: mentre questa è opera dei dotti, la profezia invece si affida per lo più alla voce flebile ma alta e strazian te degli umili, degli innocen-ti, dei reietti. Non solo. C’è qualcos’altro che vale a definire, pur in una forte assonanza, una sostanziale diversità tra le due, ed è che mentre l’utopia colta dei laici inevitabilmente è sempre l’annuncio del Bene, vuo le esserlo e in ciò pone il suo senso e il suo valore, la profezia invece com-prende anche l’annuncio del Male. È la profezia del Regno ma insieme anche la profe zia dell’An-ticristo. È la rappresentazione - quanto più vera dunque e dramma ticamente umana - dell’agone in cui è iscritta la nostra esistenza. Quello che ieri c’è stato svelato come il terzo segreto di Fati-ma è riassumibile precisamente nella lotta tra la Profezia religiosa e l’Utopia dei colti che ha avuto come teatro la sto ria del Novecento. Come del resto già in parte si sapeva, tutte le rivelazioni dei tre pastorelli portoghesi che nel 1917 dissero

da un difetto alla laringe, non si sa se congenito o frutto della vita: forte e profonda, improvvisa-mente si abbassava a bisbiglio sofferente, per poi riprendere vigore come prima.

Roma, 25 aprile 2000. Cade il governo D’Alema. Il primo presidente del Consiglio che viene dal Pci si dimette il 25 aprile con un atto inusuale per la politica italiana. Alla vigilia delle elezioni regionali del 16 aprile, forte di sondaggi della società Swg estremamente favorevoli, ha previsto una larga vittoria dei candidati dell’Ulivo. Le urne consegnano invece un risultato opposto: il centrosinistra cede pesantemente di fronte alla Casa delle libertà di Silvio Berlusconi, che strappa Liguria, Lazio, Abruzzo e Calabria. Su 15 regio ni in palio, la destra ne conquista otto (pari a 32 mi-lioni di abitanti) e la sinistra 7, pari a 16 milioni di abitanti. Particolarmente bruciante per il governo la vittoria della destra in Lazio, che elegge gover-natore Francesco Storace, appartenente all’ala dura dell’ex Msi. Il governo passa nelle mani di Giuliano Amato, che deve condurlo alle elezioni politiche fissate per la primavera del 2001. Le valutazioni generali indicano come probabile una vittoria della Casa delle libertà, che si è dimostra-ta molto ben organizzata. È data per probabile una nuova alleanza con la Lega di Umber to Bossi che, dopo anni passati a ricoprire di contumelie e accuse infamanti il suo antico alleato, sembra disposto a ricostruire un patto elettorale. Il nuovo secolo italiano può cominciare anche dal Portogallo. Cronaca di po-litica, fede, superstizione e laicismo molto debole. Antefatto all’inizio del novecento.Siamo nel 1917, 13 maggio. La Prima guerra mondiale sta uccidendo milioni di soldati, sul fronte orientale l’esercito russo si è ammutinato e Lenin sta per pren dere il potere a Mosca. Nel poverissimo Portogallo centrale, in località Fatima, tre pastorelli iniziano la loro giornata di lavoro; portano con sé la «dieta del cavallo stanco», ovvero pane, vino e zucchero in piccole dosi. Giacinta, Francisco e Lu cia tornano a casa e raccontano di aver visto, «in mezzo a un sole vorticoso», tra «nuvole incombenti», una «bella signora». Giacinta e Francisco muoiono l’anno dopo nella spaventosa epidemia di influenza detta «la spagnola»; Lucia sopravvive e dal 1921 è suo-ra di clausura. La «bella signora» viene identificata nella Madonna e il clero portoghese si incarica di diffondere la notizia: nell’ apparizione, la madre di Cristo ha predetto eventi terribili legati alla Russia e alla guerra. Nel 1932 An tonio de Oliveira

Salazar, già ministro delle Finanze, con un colpo di stato pren de il potere in Portogallo e impone nel suo «Estado novo» (oltre al partito unico e alla polizia segreta Pide) il culto della Madonna di Fatima. Del suo paese dirà: «Il Portogallo si basa su tre F: fado, football e Fatima». Nel 1943 suor Lucia, con l’assistenza del vescovo di Coimbra - a distanza dunque di 26 anni dai presunti fatti - scrive alcune paginette sull’evento che vengono chiamate «il terzo segre to di Fatima». Conservate gelosamente in Vaticano, si dice che alcuni papi le ab biano lette, altri (come Giovanni XXIII) non le abbiano neppure volute guardare, conside-randole, al pari delle stigmate di Padre Pio, mere superstizioni.

Fatima-Roma-Milano, maggio 2000: Due giornali laici, il Corriere e la Repubblica. I due principali quotidiani italiani, il milanese Cor-riere della Sera e il romano la Repubblica, dedicano all’evento uno spazio senza fine, dando tranquil-lamente per assodato che tutto ciò che è stato raccontato dal cardinale Sodano sia non solo verosimile, oltre che interessante e curioso, ma assolutamente vero. Il commen to del Corriere è affidato a Ernesto Galli della Loggia, sotto il titolo: «“Il buco nero” della nostra coscienza. Un secolo senza Dio». Questo il testo: “Ancora una volta nel corso di questo ponti-ficato l’involucro del nuovo per anto nomasia, la televisione, è stato chiamato a dare eco subitanea, smisurata e univer sale, alle profondità

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Liberamente tratto dal libro “Patria 1978- 2008” di Enrico Deaglio. Casa editrice Il Saggiatore.

Il santuario di Fatima

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di avere incontrato «la Signora», riguardano infatti le vicende di questo secolo, e in particola-re l’annunciata «lot ta dei sistemi atei» contro il popolo cristiano e i suoi pastori. Chi vorrà negare, oggi, che quella lotta ci sia effettivamente stata? E che a condurla con crudeltà smisurata sia stata innanzi tutto l’utopia comunista? Non bastassero le migliaia e migliaia di morti disseminate da Varsavia ad Hanoi, ne è testimonianza del resto la stessa persona di Giovanni Paolo II, vittima, 19 anni fa, di un attentato qua si certamente orga-nizzato da uno di quei regimi. Ma non è solo il comunismo, a me pare, che viene oggi chiamato a rispondere. In realtà, in ogni progetto di atei-smo militante, in ogni utopia panumanistica, si è annidata una potenzialità persecutoria e alla fine inevitabilmente omicida. Fino a prova contraria, a concepire un Messico senza Dio, e a dare una caccia spietata ai sacerdoti cattolici e ai con-tadini cristeros, non sono stati certo i comunisti, bensì dei borghesi dall’imma colato pedigree libe-ralmassonico. Così come atei militanti, addirittu-ra adoratori pagani della divinità del sangue, sono stati anche i nazisti. Non per un cieco ri flesso di «politicamente corretto», ma solo per debito di verità a noi piace pen sare che «l’interminabile Via Crucis», di cui ieri ha detto il cardinal Sodano, sia toccata nell’Europa del Novecento agli uomini e alle donne di molte fedi nel Dio unico, a cominciare dalla più antica di esse, quella nel Dio di Abramo. Nei pae si dell’Europa cristiana, dopo duemila anni di cristianesimo, il secolo alle nostre spalle ha assistito al più spaventoso, ampio e multiforme attacco ai fondamenti morali del monoteismo che sono anche i nostri. È questo il vero e proprio buco nero entro il quale la nostra coscienza storica è obbligata dalla profezia di Fati ma a fissare oggi lo sguardo”. Sulla repubblica, il commento é affidato a Gad Lerner, sotto il titolo «La profezia e il sacrificio» Con la rivelazione del terzo segreto di Fatima, che lo coinvolge personalmente, la già straor-dinaria vicenda umana di Karol Wojtyla tracima nel sovrannaturale fino a interferire col nucleo cruciale del Novecento, cioè del secolo in cui l’umanità - come mai prima di allora - si è misura-ta con l’eventualità di vivere senza Dio. La catena impressionante di segnali, presagi, cicatrici che unisce il 13 maggio del 1917 , il giorno della pri-ma apparizione mariana di Fatima, al 13 maggio 1981, il giorno dell’attentato in San Pietro, rac-chiude in sé un ciclo storico. Un ciclo inaugurato dalla Rivoluzione atea che scuoterà il mondo ma, meno di settant’anni dopo, co mincerà a ripiegare proprio dalla Polonia sotto la spinta di masse ope-raie scese in sciopero issando quella stessa imma-gine di Maria. Il legame carnale di Giovanni Paolo II con tale vicenda è riconoscibile due volte, fuso nel piombo e nell’oro: nel piombo del proiettile

di Ali Agca, già incastonato dentro la corona della Madon na di Fatima; nell’oro dell’anello donato dal cardinale Wyszynski al vescovo di Cracovia nel giorno in cui diveniva papa, da lui deposto venerdì ai piedi di quella statua. Rivelando infine il suo assoluto, intimo coinvolgimento nella vicenda nove centesca, è come se il papa volesse saldare il conto con quel peccato originale del la moder-nità. Un peccato originale che la Chiesa, lungo tutto il secolo trascorso, ha sempre additato nel regno del comunismo più ancora che nella tragica paren tesi nazista. E lo ha fatto, Wojtyla, indicando l’artefice del rivolgimento epocale nella Vergine Maria, cui già aveva dedicato la sua investitura al soglio pontificio col motto «Totus tuus». La Vergi-ne, dunque, come liberatrice dal peccato origi nale della modernità, «la vera prima Eva, la nuova Eva, la Eva rinnovata e riscat tata», per dirlo con Jean Guitton. Il papa polacco, il papa che ha conosciuto dal di dentro il comunismo e la spiritualità che quel regime invano ha tentato di sopprimere, trascina le coincidenze sino a renderle eventi formidabili. Ora com prendiamo perché proprio lui, venuto dall’Est, decise in ottemperanza al secon do mistero di Fatima, di consacrare la Russia e il mondo al cuore immacolato di Maria, il 24 marzo 1984. Cinque anni dopo cadeva il muro di Berlino. Con preci sione impressionante, Wojtyla chiude il cerchio di una biografia che tassello dopo tassello lo conduce al bandolo del Novecento. Il linguaggio con cui delinea l’identità cristiana, pur sforzandosi di riconnetterla alle radici bibliche originarie, non è più però quello antico di un Dio che si manifesta direttamente all’uomo attraverso i suoi segnali. Sembrerebbe che per lui Dio abbia parlato una volta per tutte nella Scrittura, e che allora la modernità non di teofanie abbia bisogno,

ma di nuovi tramiti, presagi, visioni. Il moltiplicarsi delle apparizioni segnalate qui e là della Madon-na, a centinaia ormai, anche se il Vaticano ne autentica solo sette in tutto come accertate, è un tratto tipico dell’età moderna. Solo nel 1854 l’Immacolata concezione diviene un dogma della Chiesa cattolica, accentuandone il distacco dal pensiero protestante. La figura di Maria, la semplice donna di Naza reth prescelta secon-do il Vangelo quale madre di Dio, s’è dunque ingigantita col passare dei secoli. Elevata al rango di Regina - si potrebbe dire - a furor di popolo. Questa tradizione cristiana non esita a sfiorare perfino il tratto pagano della dea madre pur di edificare una religione universale capace di assu-mere dentro di sé le culture preesistenti. E prima di diventare papa Karol Wojtyla trova qui, nel la religiosità semplice del rosario (un Padre nostro, dieci Ave Maria) il suo baga glio culturale oltre che la sua fede. A Giovanni Paolo II, poi, toccherà immergersi ancor più direttamente nella storia. Rievocando l’attentato cui è miracolosamen te sopravvissuto, così nel maggio ‘91 egli stesso narrava la sua predestinazione: «Dieci anni fa fui introdotto nell’esperienza di Fatima vissuta dalla Chiesa, lega ta a un particolare affidamento al Cuore della Madre del Redentore. La Provvi-denza divina mi ha consentito di divenire, in modo particolare, testimone di tale esperienza. So che la vita, donatami di nuovo dieci anni fa, mi è stata data dalla misericordiosa Provvidenza». Ieri il suo portavoce Navarro ricordava come subi to all’indomani dell’attentato, nel suo letto d’ospedale, il papa chiese gli fosse re cato il testo della terza profezia di Fatima, di cui condivideva il segreto con soli altri tre esseri viventi. Eccolo dunque giunto al traguardo del 2000, a pochi

Gay pride

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gior ni dall’ottantesimo compleanno, tornato a Fatima per esprimere riconoscenza in pubblico alla beata pastorella Lucia «per i sacrifici e le preghiere fatte per il Santo Padre, che ella aveva visto tanto soffrire». Sentiva di essere lui, proprio lui, Karol Wojtyla, il vescovo vestito di bianco che cammina faticosamente verso la croce, tra i cada-veri dei martirizzati, e cade a terra come morto, sotto i colpi di arma da fuoco. La decisione di divulgare una tale profezia incarnata, sembra voler chiu dere nel bimillenario cristiano una fase della storia della Chiesa.

Città del Vaticano, 19 maggio 2000. Joseph Ratzinger smorza cattolici e laici. In pieno svolgimento del Giubileo, poco dopo le rivelazioni del cardinale Sodano , tocca al cardinale Joseph Ratzinger, prefetto della Congre-gazione per la dottrin a della fede, futuro papa, smorzare gli entusiasmi (soprattutto dei laici) che, a base delle rivelazioni di Fatima, hanno riscritto la storia del Novecento e posto le basi per il nuovo secolo. Dopo aver rassicurato che il papa, pur provato dalla malattia (il morbo di Parkinson, i postumi dell’attentato e degli interventi chirurgici) non darà le dimissioni, risponde così al giornalista Orazio La Rocca della Repubblica:

La Rocca: Lei, cardinal Ratzinger, in questi giorni è impegnato intorno a questo terzo segreto di come procede il lavoro?

Ratzinger: Ci stiamo lavorando e vogliamo quanto prima pubblicare tutto il terzo segreto di Fatima con il commento e il quadro storico di riferimento. Il lavoro procede molto bene. Vogliamo pubblicarlo presto.

La Rocca: Presto quando? Tra qualche giorno? O entro la fine dei mese come già ha annunciato la Santa sede? Ratzinger: Il documento sarà presentato ufficial-mente, al più tardi, nella prima metà del prossimo mese di giugno. Per comprensibili motivi di opportu-nità, ora non posso annunciare la data esatta della pubblicazione, ma è certo che non si an drà oltre la prima metà di giugno. La Rocca: Avete già pensato come sarà presentato il documento sul terzo segre to di Fatima? Con una semplice cerimonia, un convegno di studio o una solenne celebrazione eucaristica?

Ratzinger: No, non penso a cerimonie o a solenni celebrazioni liturgiche: penso che sarà, più sempli-cemente, una presentazione alla stampa.

La Rocca: È possibile prevedere ulteriori novità o altre clamorose sorprese intor no a questo terzo segreto di Fatima?

Ratzinger: No, niente, non ci saranno nuove sor-prese. Anzi, penso, invece, che poi alla fine il segre-to sarà anche ridimensionato. Questo perché non ci si deve aspettare tanto da queste rivelazioni private che pur rappresentando - per chi lo desidera - un aiuto per la preghiera, per la vita cristiana, non sono certamente essenziali per un cristiano. Quindi, mi sembra anche importante ridimensionare queste cose, non pensare al sensazionalismo, alle cose straordinarie, ma solo alle cose fondamentali del cristianesimo. La Rocca: Quindi, il terzo segreto di Fatima, come gli altri due precedenti, o le al tre apparizioni maria-ne avvenute nel corso della storia in tante parti del mondo, non sono dogmi di fede? Ratzinger: Niente, niente dogmi di fede in materia di apparizioni. La Rocca: A quanto avvenuto a Fatima o a Lourdes ci si può, perciò, anche non credere? Ratzinger: Certo, alle apparizioni ci si può anche non credere: ripeto non siamo dinanzi a dogmi di fede. La Rocca: Si può perciò non credere anche al legame tra il terzo segreto di Fatima e l’attentato a papa Wojtyla del 13 maggio 1981?

Ratzinger: Il legame tra l’attentato e il terzo segre-to è evidente, è nei fatti. La Rocca: Per preparare il commento al terzo segreto di Fatima lei avrà convoca to anche esperti di varie materie, teologi, storici, linguisti... Ratzinger: Soprattutto storici e teologi. Stiamo lavo-rando molto bene, con grande attenzione e siamo decisi a varare un commento che sia utile a tutti. Roma, 8 luglio 2000. La parata del Gay pride Il Gay pride, ovvero la «parata dell’orgoglio omosessuale», è quasi una novità per l’Italia, nonostante si svolga da molti anni in diversi paesi. Nato negli Stati Uniti, tra New York e la Califor-nia, è diventato una specie di istituzione: carri allegorici, discorsi, sfilate di associazioni professio-nali (i poliziotti gay, gli avvo cati gay, le madri di figli gay di cui parla David Leavitt nei racconti di Ballo di famiglia) ricordano l’uscita dal silenzio, l’orgoglio per i diritti acquisiti, la libera sessualità e a partire dagli anni ottanta rivendicano fondi per la ricerca

e per l’as sistenza degli ammalati di Aids. Il primo World gay pride italiano è fissato a Ro ma, nel bel mezzo del Giubileo cattolico, mettendo in serio imbarazzo il sindaco della città, Francesco Rutelli. Il Vaticano considera una vera e propria provoca-zione che uomini vestiti con piume di struzzo sfilino accanto alle sacre chiese. Viene trovato un compromesso: non si passerà proprio vicino ai luoghi sacri al la religione, ma si attraverserà comunque il centro della città eterna. Rutelli, po-sto sotto attacco dalla destra, assicura che Roma è aperta a tutte le culture e che la manifestazione non avrà toni antivaticani. A schierarsi aperta-mente («Perché andrò alla marcia dei gay»), è il segretario dei Ds Walter Veltroni, che pubblica-mente rende noto il suo pensiero:

- Palermo, 23 luglio 2000. La morte di Vittorio Mangano. Esponente dell’ala dura di Cosa Nostra pa-lermitana, Vittorio Mangano passa a casa gli ultimi, pochi giorni della sua vita, rilasciato dal carcere duro per un cancro terminale al fegato. Il 19 luglio era stato condannato per il duplice omicidio di Giuseppe Pecoraro e Giovambattista Romano, quest’ultimo considerato vit tima della «lupara bianca» nel gennaio 1995. Nella sua lunga carriera criminale Vittorio Mangano è stato inviato a Milano, proposto da Marcello Dell’Utri co me fattore della villa di Arcore di Silvio Ber-lusconi e da questo accettato; presta servizio in villa dal 1973 al 1976, diventando una specie di membro di famiglia; continua la sua attività a Milano come narcotrafficante; lascia la metropoli lom barda dopo il blitz di San Valentino del 1983 e diventa capo del mandamento di Porta Nuova a Palermo. Di bell’aspetto e di buone maniere, oltre all’ordinaria amministrazione criminale del suo quartiere è incaricato -per la bella presen-za e le buone maniere, rare nell’ambiente- di delicate missioni di corruzione presso la Corte di cassazione. Il suo nome diviene di dominio pubblico nel 1992 quan do Paolo Borsellino, in una delle sue ultime interviste prima della morte, lo indi ca come una delle teste di ponte di Cosa Nostra a Milano, collegandolo a Silvio Berlusconi e a Marcello Dell’Utri. Sia la sua morte sia i suoi funerali passano inosservati; questi ultimi sono se-guiti da pochissime persone. Vittorio Mangano è sepolto nel piccolo e semiab bandonato cimitero di San Martino delle Scale, sulle montagne, verso Monreale. Sulla sua lapide è scritto: Hai dato un valore alla storia degli uominiNon barattando la dignità per la libertà.Hai dato un significato alla nostra vitaVivendo con i tuoi insegnamenti i nostri

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aziendale in cui non ha trovato spazio, la passio-ne per le religioni, l’islam in particolare, che lo ha portato a viaggiare in Afghanistan e in Iran. Anni dopo sarà proprio il governo di Teheran (con pubbliche manifestazioni) a rivelare che Edoardo Agnelli si era in realtà convertito all’islam sciita dopo un incontro con l’ayatollah Khomeini. Lo stesso governo arriverà a sospettare del suicidio e accuserà di complotto per l’eredità di Edoardo il «sionista» John Elkann, figlio di Margherita, l’altra erede. In pratica sostengono che la Fiat, se l’aves-se ereditata Edoardo, sarebbe stata loro.

Italia, fine anno 2000. Tutti aspettano le elezioni, e il ritorno di Berlusconi. I motori della campagna elettorale cominciano a scaldarsi e tutti i segnali portano a prevedere una vittoria della destra. Silvio Berlusconi ha macinato parecchio, portando in piazza centinaia di migliaia di persone: ha indetto un «No-Tax Day», contro l’insopportabile carico fiscale; un «No-Crime Day» contro l’insop portabile ondata di rapine a ville e tabaccherie. E soprattutto ha ricucito rappor ti che sembravano impossibili da recupera-re: Umberto Bossi, dopo l’ampolla, il Dio Po, la Sacra Padania, le accuse a Berlusconi di essere il capo della mafia, torna ad allearsi con lui; grande mediatore è Giulio Tremonti. Querele vengono rimesse. Tragiche avventure finanziarie leghiste vengono sistemate. In cambio i leghisti avranno molti collegi del Nord Italia, che peraltro sono indispensabi li per la vittoria elettorale. Nel campo

del centrosinistra si respira invece un certo lan-guore. Il candida to premier è Francesco Rutelli, sindaco di Roma, che ha gestito il Giubileo. È giovane, di bell’aspetto, con un passato radicale, ma ora in ottimi rapporti con la Chiesa. Prodi, dall’Europa, lo definisce «‘nu bellu guaglione». Sarà il candi dato premier con la speranza di prendere il voto del centro, o dei giovani. Vie ne preferito a Giuliano Amato, che appare troppo vecchio. Vice di Rutelli sarà Piero Fassino, com-battente, ex comunista, con il compito di portare a casa i vo ti che gli competono. Irrisolti i rapporti con Fausto Bertinotti: in stanze piene di fumo si discutono alchimie elettorali incomprensibili ai più, che portano il no me di desistenze e liste civetta. Florida, novembre-dicembre 2000. «Le elezioni sono uno spasso» come diceva Marilyn Monroe In un vecchio film che si chiama Il principe e la balle-rina, Laurence Olìvier recita la parte del reggente di uno staterello balcanico raggiunto a Londra dal-le notizie di grosse beghe di palazzo. È nervoso. Marilyn Monroe è una ballerina, indossa un abito bianco, e il reggente si è un po’ invaghito. Lei lo consiglia: «Sua Reggen za, convochi le elezioni! Le elezioni sono uno spasso, non si sa mai chi vince!». La democrazia - una testa, un voto - è la grande conquista del Novecento. Negli Stati Uniti (che sostengono di averla inventata) corrono per la presidenza Al Gore per il Partito democratico e George W. Bush per quello repubblicano. Tutti

Cuori colmi dell’ amore che ci hai donato eFieri della dignità lasciata.

Otto anni dopo, sia Marcello Dell’Utri sia Silvio Berlusconi, ormai «culturalmen te egemoni» in Italia, ne rivendicheranno l’ «eroismo» per le stesse ragioni incise nel marmo: «Non parlò». Ed ebbe anche il senso della Storia degli uomini. Luoghi imprecisati, Italia 2000. La scomparsa di Balduccio Di Maggio Era stato il testimone, quasi una figura della mitologia greca, colui che ha assistito di persona all’accoppiamento degli dèi; nel suo caso al bacio rituale tra Salvatore Riina e Giulio Andreotti. Bal-dassare Di Maggio detto Balduccio, l’autista-tradi-tore di Salvatore Riina, dichiarato inattendibile ma non calunniatore al processo contro Giulio An-dreotti, è in carcere per aver violato le norme di comportamen to dei collaboratori di giustizia. Ma una perizia lo fa uscire. È firmata da tre pro fessori di Modena che dichiarano come Di Maggio sia affetto da una gravissima paralisi (è immobilizzato in carrozzella) che non ha origini organiche, ma è reale. Nella perizia i professori affermano che il paziente ha «una fragilità nei piani profondi dell’affettività». Più in generale spiegano che è pa-ralizzato «per ché non ha più potere». Era «uomo di potere» dentro Cosa Nostra, era «uomo di potere» come collaboratore di giustizia, ma «la detenzione rappresenta la negazione di tutto ciò». La paralisi non è altro che la comunicazione che cerca di attuare attraverso il proprio corpo, per ristabilire le necessità più profonde della propria personalità. Tutto ciò, concludono i periti, è incompatibile con la detenzione. Baldassare Di Maggio viene per questo scarcerato. E scompare alla vista di noi mortali: nessuno ha più saputo dove sia finito. Torino, 15 novembre 2000. Grandi famiglie, la morte di Edoardo Agnelli. A 46 anni, Edoardo Agnelli, unico figlio maschio di Giovanni e Marella Agnelli, scapolo, viene tro-vato morto sotto un alto viadotto dell’autostrada Torino-Savona. L’automobile su cui viaggiava, una Fiat Croma, è parcheggiata ai lati della strada con i fari accesi e gli sportelli aperti. Il cadavere viene riconosciuto dal padre giun to da Torino in elicottero. Non ci sono, né a casa della vittima, né sull’automobile biglietti o lettere. Viene data autorizzazione alla sepoltura, senza autopsia, e il suicidio è l’unica causa riconosciuta del decesso. I funerali si svolgono il giorno se guente a Villar Perosa. Dell’erede Agnelli, nato a New York nel 1954, laureato a Princeton in Storia della scienza, si conosce, oltre al disagio per la vita

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Edoardo Agnelli con il padre Gianni Agnelli

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sanno che la Florida è lo stato cruciale. A metà dello spoglio delle schede, la Florida viene asse-gnata ad Al Gore, subito dopo a George Bush. Si sospettano brogli e, per la prima volta nella storia della democrazia, vengono ritirate fuori, e ricontate, tutte le schede. Migliaia di avvocati vengono mobilitati. Per un me se il risultato elet-torale resta in bilico, tra ricorsi e sentenze. Alla fine la Corte su prema, cui è affidato il verdetto, decide in favore di Bush, con la maggioranza di un solo voto, ma tre dei quattro giudici dissen-zienti - Stephen Breyer, John Paul Stevens, Ruth Bader Ginsburg - fanno mettere a verbale, per la Storia: «Anche se non sapremo mai con assoluta certezza l’identità del vincitore di queste elezioni presidenziali, il nome del perdente è chiarissimo: chi ha perso è la fiducia della nazione nel giudice come guardiano imparziale delle regole della legge». Le elezioni non sono sempre uno spasso, o forse non lo sono più. Ce ne accorgeremo presto anche da noi.

Scrittori italiani del 2000Sandro Veronesi, fiorentino, 41 anni, ha pubbli-cato finora, tra le altre cose, i ro manzi Per dove parte questo treno allegro (1988), Gli sfiorati (1990) e Venite ve nite B-52 (1995). Quest’anno con il suo quarto romanzo, La forza del passato, vince il Premio Campiello e il Viareggio. Il libro racconta di un uomo cui un mi sterioso estraneo svela particolari sulla vita di suo padre, morto da poco. La ri velazione sarà incredibile: suo padre non è mai stato un generale democristiano, ma una spia russa al servizio del Kgb: D’un tratto, un ceffo tutto riccioli e catene d’oro mi si para davanti costringendo mi a interrompere i miei pensieri. «Taxi?» sibila, con un mozzicone di sigaretta ficcato in bocca e un’aria furtiva davvero ridicola [. .. ]. - Piramide - sussurro, assecondando la sua furtività. - Trentamila - dice lui, senza pensarci un istante. - Quella al Testaccio - sempre sussurrando - Non quella in Egitto [...]. - Venticinque. Lo dice in un soffio, voltando la testa di lato, con l’aria di fare un’enorme conces sione. - La corsa costa quindicimila lire - dico - Lo so. La faccio sempre. - Ventimila. È l’ultima offerta, lo so. Per gli abusivi è regola ferrea non abbassare mai la tarif fa fino a quella dei taxi veri. [...] - Per me quindicimila va bene. [...] - Allora? - incalza l’uomo con la camicia a mezze maniche sotto la giacca, visto che io continuo a

fissarlo senza parlare. Se ne sta lì ad aspettare la mia risposta, a braccia larghe, con più di sessant’anni sul groppone, a occhio e croce, e nessuna traccia della moderazione, e anche della stanchezza, sì, che tutto questo tempo dovrebbe produrre in un uomo. [...] - Quindicimila, d’accordo? E non è nemmeno un abusivo. Un abusivo non abbassa mai la tariffa fino a quella dei taxi veri, l’ho già detto. Se lo facesse andrebbe incontro a una bella ripas sata, e giustamente, perché rovinerebbe la piazza. E se fosse messo così male da doverlo proprio fare, allora sì che lo bisbiglie-rebbe, il prezzo, non si farebbe mai sentire dagli altri. Questo invece parla a voce alta, incurante del fatto che lo sen tono tutti, compreso l’abusivo vero che poco fa per quella stessa corsa non è sce so sotto le ventimila lire. Non teme ritorsioni. Se ne frega. No, non bisogna fidarsi di lui. Porta di casa mia. Io di qua, lui di là. [...] - Gianni! - il campanello suona di nuo vo, due trilli - Sono un amico di tuo padre! Apri, dai.. Questa è grossa. Lo so che non dovrei rispondere, non prima di aver chiamato la polizia, perché allora tanto varrebbe aprirgli la porta e buona-notte. Ma quest a è davvero grossa. Amico di chi? - forse grido troppo, ma che ne so qual’è il volume giusto per parlare attraverso un portone? - Di tuo padre. - Che assurdità - dico sempre forte. [...] - Ci sono delle cose che ti devo assolutamente dire. - Tuo padre era comunista - dice. [...] - C’è un paese in Toscana - dico - ora mi sfugge il nome ma lo posso ritrovare, dove ogni anno le persone si sfidano a chi la spara più grossa. Non

so cosa si vince, prosciutti, credo, ma di sicuro se lei si presenta con questa ... - E non era solo comunista - m’interrompe - Era un agente dd Kgb. Pausa.- Una spia - aggiunge. [...] - Ora - riprende - io sto facendo una cosa ignobile, da un certo punto di vista, perché sto infrangendo un giuramento solenne che tuo padre mi ha chiesto di ri petergli anche l’ultima volta che l’ho visto, due giorni prima che morisse: il giura mento di non dirti niente, mai, per nessuna ragione al mondo. [...] Io ho giurato perché non ci si può mettere a discutere con un moribondo, ma non ero d’accordo, e lui lo sapeva, e non ho mai pensato nemmeno per un secondo di rispettarlo, questo giuramento. Perché per me non è giusto che suo figlio non debba sapere che razza di uomo era veramente.

Musica italiana del 2000L’Italia del Rock 4. I Marlene Kuntz, «Cara è la fine» I Marlene Kuntz, cuneesi, hanno iniziato nel 1987 ma il loro primo album è del 1944 (Catar-tica). Li ha scoperti e lanciati Gianni Maroccolo, storico bassista dei Litfiba, dei Cccp e poi dei Csi. Dopo hanno inciso Il vile (1996) e Ho ucciso para-noia (1999). Hanno un buon successo nei circuiti underground italiani ma non sono notissimi al grande pub blico. Quest’anno esce il loro quarto album Che cosa vedi (2000), che li tramuta in una delle band più seguite dello stivale (ma pur mo-dificando il proprio stile, riusciranno a mantenere alta la qualità delle loro canzoni). L’album inizia con «Cara è la fine», dove due amanti ormai acciuffati dalla polizia, preferiscono uc cidersi, piuttosto che consegnarsi al nemico:

Cara è la fine... ci annusano ormai, / sentono il lezzo del panico che / spruzza in freddi sudori il terrore che c’è. / Non glieli daremo per ungersi dei / nostri mali stillanti le mani avide: / che ci tocchino morti, secchi e gelidi. / Oh, non piange-re, / urla piuttosto e / lasciamo di noi un ricordo toccante. / Stringiti a me, / ringhia gli addosso e / poi sparami mentre io sparo a te. / Dieci pistole spianate e dieci / sguardi ruvidi e tesi che pun-tano qui / dentro l’auto, e la corsa finisce così. / Ca ra è la fine... perdonami. / Cara è la fine... perdonami. / Oh, non piangere, / urla piuttosto e / lasciamo di noi un ricordo toccante. / Stringiti a me, / ringhiagli ad dosso e / poi sparami mentre io sparo a te. / Ci vogliono vivi e colpevoli... / ma che vita è una cella? Avremo di più: / quella stella che un giorno mi donasti, las sù. / Oh, non piangere...

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Sandro Veronesi

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D E M O C R A T I C O8 f o r u m28 Novembro/Dezembro 10

e m i g r a z i o n e

FD - O Sr. nasceu na Itália e veio para o Brasil com muito pouca idade.SC – De fato, nasci na Itália e che-

guei ao Brasil com 3 anos.

FD - Em que cidade o Sr. nasceu?SC - Nasci em Paola.

FD - Por que sua família emigrou?SC - Em razão das dificuldades

que marcaram o período do pós-guerra na

Itália.

FD - Por que escolheram o Brasil?SC - Porque já havia muitos italianos aqui

e alguns parentes também. Além disso,

falava-se muito bem do Brasil como um país

acolhedor e de oportunidades.

FD - No Brasil, em qual cidade e bairro sua família se estabeleceu?SC – Inicialmente, minha família residiu em

Botafogo. Passados alguns anos, minha mãe

preferiu residir próximo de seus irmãos no

Engenho Novo. Meus pais já faleceram e eu

resido atualmente em Copacabana.

FD - Como foi crescer no coração de uma família italiana, porém em uma sociedade de nacionalidade diversa?SC - No meu caso, particularmente, foi

muito bom, tenho muitos primos, com

mais idade e sempre convivi com eles, que,

de certa forma, até me defendiam. Sou

filho único. Nunca tive qualquer problema,

sempre tive facilidade de plena integração

em todos os ambientes que frequentei e

frequento. Na minha adolescência um fator

de grande importância foi ter jogado

D E M O C R A T I C O8 f o r u m28

Identidade, valores e princípios

As bancas de jornais fazem parte do mobiliário urbano nos grandes centros brasileiros, popularizando a informação e colorindo a paisagem.

Santino Ceraldi, italiano de Paola, é também brasileiro,

como muitos emigrantes, claro. Em poucas palavras,

conta-nos sobre a emigração da família e afirma sua

facilidade de plena integração em todos os ambientes

que frequenta, seja na sociedade brasileira, seja na

italiana. Advogado, Santino tem a trajetória marcada pela

sua relação com a Sociedade Stampa, primeira entidade de

representação dos jornaleiros no Brasil.

Novembro/Dezembro 10

s a n t i n o c e r a l d iMarisa Oliveira

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f o r u mD E M O C R A T I C O 29Novembro/Dezembro 10

e m i g r a ç ã o

f o r u mD E M O C R A T I C O 29

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futebol no Fluminense. É um esporte que

permite estabelecer muitos relacionamen-

tos.

FD - Ao ingressar na idade adulta, por força da carreira e de víncu-los com a entidade de jornaleiros Sociedade Stampa, por exemplo, que fatos interessantes o Sr. pode nos contar? SC - É uma experiência maravilhosa.

Trata-se de uma atividade árdua, que exige

muito do profissional. E, no caso do Rio de

Janeiro, majoritariamente, integram a cate-

goria jornaleiros que nasceram em Paola. A

história dos jornaleiros do Rio de Janeiro se

confunde com a história da imprensa.

A Sociedade Stampa foi fundada em 1906.

O jornaleiro é um profissional com carac-

terísticas peculiares e que por essa razão,

além de sua simpatia, faz sempre muitos

Fundada em 21 de outubro de 1906, a Sociedade Stampa, de acordo com Santino Ceraldi, vive um processo de renovação, com o objetivo de defender e orientar os jornaleiros, dos pontos de vista jurídico e comercial. Conta a história que os primeiros jornaleiros foram os escravos, tendo sido os italianos os maiores responsáveis pela venda de jornais nas ruas.Unificada a Itália em 1860, aumenta o número de italianos que emigram, e isso dá um novo estímulo à distribuição de jornais por aqui. Nicolau Cancio foi um dos pequenos jornaleiros de vendas avulsas que teve grande influência no mercado. Em 1874 Carmine Labanca monta o primeiro ponto fixo na cidade do Rio de Janeiro – caixotes de madeira, com uma tábua em cima, onde os jornais eram acomodados.A necessidade de desenvolver o cooperativismo faz surgir a Stampa – Società Ausiliare Della Stampa, que durante a Segunda Guerra passa a se chamar Sociedade de Beneficiência dos Auxiliares da Imprensa, em razão do Brasil e a Itália terem se tornado inimigos nessa época. Tempo passado, bancas estruturadas e regulamentadas, e o jornaleiro sempre amigo...

A Sociedade Stampa e os jornaleiros

amigos, sem distinção. Não é sem razão

que já faz parte do seu conceito ser iden-

tificado como o jornaleiro amigo por seus

clientes. São muitas as histórias dos jorna-

leiros que tiveram e têm como clientes cele-

bridades de todas as áreas: artística, política

e tantas outras, sempre com grande vínculo

de amizade. Sempre é muito interessante

conversar com alguns

jornaleiros.

FD - Que olhar o sr. tem sobre a Itália quando viaja para lá?SC - É o olhar de quem está em seu país,

curte suas raízes. Tenho orgulho de muitas

coisas e tristeza do que não é bom.

FD - Sua dupla nacionalidade aju-dou ou atrapalhou sua trajetória de vida? SC - Não, não atrapalhou.

FD - No mundo globalizado, na sua opinião, esse conceito mudou?SC - O importante é que o homem, em

qualquer circunstância de sua vida, não per-

ca sua identidade, seus valores e princípios.

Um homem sem identidade é como uma

árvore sem raiz. No meu caso, a dupla

nacionalidade tem me ajudado.

FD - Impossível não perguntar: qual é o seu prato preferido? SC - São muitos; ou, melhor, uma pasta

bem preparada com o verdadeiro molho

italiano, cuja qualidade tem marcado a gas-

tronomia italiana no mundo.

“Jornaleiros”, 1899, foto de Marc Ferrez

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É com muita alegria que faço o Festival de Fotografia de Juiz de Fora - JF em Foco 2010, que terá 16 diferentes exposições

em diversos espaços pela cidade nesta sua 3ª edição.

Imagem é tudo neste nosso mundo cada vez mais superpovoado/saturado de informações. A fotografia, quando pouco, é docu-mento. Podendo e sendo muito mais do que isto.Para isto, nós fotógrafos, existimos. E existindo, fotografamos.

Mas tão importante quanto ter fotografado é poder mostrar o trabalho produzido. Portanto estão sendo apresentados fotógra-fos do Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Curitiba (entre outras cidades), além da produção juizforana, exibindo várias linguagens.

Nada mais atual e necessário do que a diversidade de olhares que a fotografia brasileira nos proporciona a cada instante.Parodiando Caetano Veloso, que canta “A língua é minha pátria”, eu digo: Nossas imagens são nossa pátria.

Apreciem e se divirtam.

Marcio RM / Coordenador geral e curador

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As Brumas de Paranapiacaba /Jorge Sato

A Cor do Indizível / Paulo Lima

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Marcio RM é fotógrafo profissional desde 1982, com fotos veiculadas nas principais publicações brasileiras e já trabalhou para as revistas Isto É e Veja e os jornais O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Já participou de mais de 80 exposições, entre individuais e coletivas pelo Brasil e no exterior (Japão e Portugal).

Este festival de fotografia tem o patrocínio exclusivo da Petrobras.

Eu por ele e ele por mim / Mateus Sá

Diversos Eus /Sayonara Toleto

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Sobrepostas /Karen Montenegro

Balangandãs /Zeka Araujo

Caixeiras /Paulo Rodrigues

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È con molta allegria che realizzo il Festival di Fotografia di Juiz de Fora – JF em Foco 2010, che terrà 16 esposizioni fotografiche in diversi spazi della città in

questa sua terza edizione.

L’immagine è tutto in questo nostro mondo sempre più super popolato/ saturato di informazioni. La fotografia, come minimo, è documento. Ma può essere ed è molto di più. Per questo, noi fotografi esistiamo. E esistendo, fotografiamo.

Ma, tanto importante quanto aver fotografato, è avere la possibilità di esporre il prop-rio lavoro. Per questo saranno presentati fotografi, fra le altre città, di Rio de Janeiro, San Paolo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Curitiba oltre che di Juiz de Fora.

Niente di più attuale e necessario della diversità di prospettive che la fotografia brasi-liana ci offre ad ogni momento. Parodiando Caetano Veloso, che canta “La lingua è la mia patria”, io affermo: Le nostre immagini sono la nostra patria.

Apprezzatele e divertitevi

Conto 100 Fadas /Atelliê

Circo Español /Daniel Marenco

Marcio RM / Coordenador geral e curador

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FD – O sr. tem uma vasta e variada experiência profissional e de vida - militante político, escritor, tradutor. E a arte, como entrou na sua vida? RGS - Foi a primeira coisa que entrou na minha vida. Aos sete anos de idade, freqüen-tei uma escolinha de arte na praia de Icaraí, em Niterói. A professora deu ênfase ao retratismo. Aprendi coisas que com o tempo esqueci. Depois, a vida me afastou da arte. Comecei a trabalhar cedo, aos doze anos de idade, e, por circunstâncias da época, anos de 1960 em plena ditadura militar, passei à atividade política. Também nos anos de 1960, participei de um cine-clube no Leme, com discussões eminentemente políticas após as sessões. Era um tempo em que o imperialismo cultural dos EUA ainda não havia dominado de maneira avassaladora, como hoje, o panorama cultural. Então, tínhamos contato com o ótimo cinema italiano, o belíssimo cinema francês, além do tcheco, alemão, polonês, etc. A música também não era dominada pelo lixo cultural gringo que, depois de bater recordes de venda no mundo com um disco mixuruca como Thriller, de Michael Jackson, estu-prou a cena carioca com a porcaria do funk desbancando o samba, a tal ponto que hoje,

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Marisa Oliveira

O artista plástico Reinaldo Guarany Simões é um con-tador e tanto de histórias. Escritor, teve três roman-ces publicados – A fuga, O último banido, Os fornos quentes. Ex-integrante da Aliança Libertadora Nacio-nal, Reinaldo foi guerrilhei-

r e i n a l d o g u a r a n yEpifania, revelação, desilusão e encheção de saco

ro. Preso, sofreu as penas da tortura. Exilado, como tantos outros militantes políticos, emigrou para o Chile de Salvador Allende e acabou preso pelo governo de Augusto Pinochet, tendo sido personagem dos ter-ríveis eventos que tiveram lugar no Estádio Nacional

de Santiago, o La Cancha. Economista, foi completan-do o curso em diferentes países – Brasil, Chile, Ale-manha e Suécia, o que lhe rendeu a profissão de tra-dutor. Mas neste espaço, a conversa se limitou às artes

plásticas.

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nos morros do Rio, só se escuta e dança o funk. O samba agora é coisa de gueto ou de classe média intelectualizada. Há, entre outros, dois blocos de carnaval em Santa Teresa: o Embalo, do morro do Fallet, e o Carmelitas Descalças, do Curvelo. O Embalo é do pessoal que mora nas favelas do Fallet e Fogueteiro, o Carmelitas é do pessoal classe média de Santa Teresa. O responsável pelos tamborins do Carmelitas é o fotógrafo Renan Cepeda, renomado interna-cionalmente. Sabe qual é a melhor bateria? O Carmelitas. A batucada do Embalo parece batida de trem.

FD – Quais são suas técnicas preferidas?RGS - Trabalho hoje, e há muito tempo, com acrílica sobre tela. Por uma questão muito sim-ples: a tinta a óleo estava me causando alergia. FD – Em seu fotoblog, o Sr. afirma que “Arte não tem sentido, não tem fina-lidade, não é ciência. Não se entende arte. Arte se gosta ou não.” E o Sr. gosta de arte?RGS - Às vezes sim, às vezes não. Gosto muito de Nuno Ramos. Acho o Cabelo uma empu-lhação. Gosto muito do Carlos Vergara, acho o Jorge Guinle xaveco. Adoro o cinema argentino atual, com filmes como O segredo de seus olhos

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a r t e s p l á s t i c a s c u l t u r aa r t e s p l á s t i c a s c u l t u r aa r t e s p l á s t i c a s c u l t u r aa r t e s p l á s t i c a s c u l t u r a

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e O pai da noiva, ou Luna, de Alvejaneda. O cinema brasileiro ainda continua sem carisma. A música brasileira parou há 30 anos. Caetano continua jovem e maluco, Gil parece que subiu no galho e Rita Lee é a prova de que sexo, dro-gas e rock and roll não é o melhor tratamento de beleza. Hoje escuto música no carro, então vou de Diana Krall, John Coltrane, Oscar Peterson e Titãs. FD - O que mais o fascina na arte de produzir?RGS - Eu não curto o fazer, curto o trabalho depois de feito. Na pintura, curto a montagem da cena. Se você vir minhas últimas telas notará que são cenas em bar, restaurante, rua, etc. Eu curto montar a cena com um toque de non sen-se. Note bem, não faço surrealismo que, como o nome diz, vai além da realidade. Eu coloco na tela um elemento que quebra o sentido da normalidade do real. Por exemplo, uma mulher prestes a degustar um homem; ou um cliente reclamando com o maitre do prato com pênis.

FD – Que artistas lhe servem de inspi-ração?RGS - Eu gostaria de dizer Picasso, ou Kandisnky, que inventou a pintura abstrata (antes dele houve episódios de abstracionismo em alguns artistas do século XIX, mas foi ele quem sistematizou a pintura abstrata). Mas, na verdade, vou atrás de Miró – pelas cores.

FD – Que temáticas prevalecem em seus trabalhos?RGS - Sempre o insólito no encontro de pessoas. Acho o ser humano, como espécie em auto-extinção, um ótimo assunto.

FD – Escritor, tradutor, artista. Essas artes são de alguma forma comparáveis? Qual delas é sua preferida?RGS - A que paga minhas contas. Mas são coisas diferentes. Tradutor é o bóia-fria intelectual, tanto traduz os poemas de Göring, como os diários de Bertolt Brecht. Sempre recebo por lauda, não importa se você traduz poesia do alemão medieval, Freud, ou Sidney Sheldon. No caso deste último, você faz 20 laudas por dia. No alemão medieval, três – e o pagamento por lau-da é o mesmo. Quando escrevo é porque tive

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uma idéia. E posso levar 10 anos para rematá-la, como no caso de meu último romance para o qual estou procurando editora. A pintura me serve às vezes como terapia, pois desligo os oito neurônios das quatro sinapses de minha mente e solto a mão. Às vezes é tormento, quando paro diante de uma idéia que não consegui realizar direito. Então passo a produzir “onfalóp-sicos” – luminárias de vidro pintadas à acrílica, com muita cor e luz.

FD – Epifania, revelação ou desilusão e encheção de saco. O Sr. acredita mes-mo nisso quando se refere/pensa em arte? RGS - Ab imo pectore. Quando vejo telas de Picasso disputadas à tapa e olho para aquilo que hipocritamente chamo de “meu acervo pessoal”, nome-disfarce para obras minhas que ficaram encalhadas, me dá um certo fastio. Penso “quan-tos meses levei para terminar essa tela? E provavelmente não será vista por ninguém”. Mas quando alguém entra em meu ateliê, olha uma tela e murmura mais para si mesmo do que para mim “maravilhoso, pena que deve custar uma nota preta”, penso com meus botões “coi-tado, se soubesse que troco por um Big Mac...” Ou quando eu contemplo o trabalho realizado e penso comigo “saiu bem, se fosse uma transa seria orgasmo múltiplo” – então é epifania.

Livros de cabeceira: O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra; O Universo Autoconsciente, de Amit Goswami Prato preferido: Pizza

Local para viver: Buenos Aires

Local para trabalhar: Estocolmo

Conhecendo um pouco melhor Reinaldo Guarany: www.reinaldoguarany.fotoblog.uol.com.br

Mostras de que participou: Espaço Terracota, algumas edições do Arte de Portas Abertas, Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, entre outras.

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O efeito Schoenberg

Luis [email protected]

Havia muito tempo que não escutávamos Schoenberg

a sério, eu e a casa. Outro dia, com ela em estado in-

termediário entre uma ordem e outra – não em desordem,

é certo, mas numa espécie de entreordem ou algo assim –,

pus para tocar o Pierrot Lunaire, na versão de Pierre Boulez,

com canto de Christine

Schäfer. Começava o efei-

to Schoenberg.

No princípio, foi preciso

aumentar o volume de

meu insuficiente, como

todos, toca-discos, sem

muitas dimensões, ou

melhor, sem instrumen-

tista ao fundo da sala.

Com o som alto, a casa

e eu nos surpreendemos

primeiramente com o de

hábito, o social contras-

te: mais quatro ou cinco

pontos de volume, a vizi-

nhança ouviria o que ouvíamos. Mas nós nunca ouvimos

da vizinhança nada que fosse Schoenberg, nem nada desse

perfil.

Mas era necessário o silencio para ouvir melhor, já que

a vizinhança, voluntariamente ou não, estava silenciada.

Uma casa sob o efeito Schoenberg, essa casa sob o efeito

Schoenberg, lança o homem sob o mesmo efeito, num

espaço familiar e estranho de entreordem, ou de novo ao

alcance da mão – ao alcance da mão apenas, não inventa-

do, não regido nem regente, ao alcance da mão. Mas as

mãos não se movem com muito à vontade sob o efeito

Schoenberg, pois aprender a dançar demora, dançar

demora, demora-se, demorar-se-á com a chegada de um

novo que, porém, não chegará à mão que o recolha. E a

mão não o recolhe.

Fica a casa então com o

homem dentro, comigo

dentro, ao meio do efei-

to, sem se mover muito,

nem parede, nem mús-

culo, nem indiferença. A

essa altura a vizinhança

nem fabula a existência

de Schoenberg músico,

autor ou efeito, apenas

dorme seu sono de

silenciamento musicado.

As paredes contíguas é

que pensam sob o som

do toca-discos, que casa

é essa aos cuidados de entreordem tamanha, monumen-

tal se pudesse monumental ser o conjunto de uma casa,

um homem dentro e música, só música.

É nesse ponto que se entende, a casa entende, tempo

em excesso haver entre ser casa e estar, à música, na

condição de casa, casa com homem dentro, comigo, e

música. Pois a música, só a música, só música, pode ser

mudar mundo, casa e homem por si só, a seco, a frio.

r e f l e x ã oc u l t u r a

Ilustração: colagem digital de Ana Maria Moura, a partir de desenho de Egon Schiele

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REMETENTE:Associação Anita e Giuseppe GaribaldiAv. Rio Branco, 257 sala 1414 Cep. 20040-009 Rio de [email protected]