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DECLARAÇÃO Nome: Jessica Oliveira do Couto Endereço eletrónico: [email protected] Telefone: 937535311 Número do Bilhete de Identidade: 14652650 Título da Dissertação: A Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável: O Negócio da Castanha Portuguesa Orientador: Professor Doutor José António Almeida Crispim Ano Conclusão: 2018 Designação do Mestrado: Mestrado em Negócios Internacionais É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO, APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE. Universidade do Minho, 31/10/2018 Assinatura:___________________________________________________

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Agradecimentos É com muita felicidade que realizo mais um dos objetivos da minha vida. Sempre ouvi dizer que o esforço é o caminho do êxito e é bem verdade, mas tudo se torna mais fácil quando temos coragem e as pessoas certas ao nosso lado. Em primeiro lugar quero agradecer aos meus pais, é graças a eles que tenho oportunidades únicas como esta, que me fazem crescer e abraçar os meus sonhos. São eles que nunca duvidaram das minhas capacidades e me ajudaram a construir aquilo que sou hoje. Em segundo lugar, quero agradecer à minha melhor amiga Melanie Martins, que sem dúvida foi o meu pilar. Ela é aquela pessoa que está sempre presente, apoia e motiva. É sem dúvida uma pessoa muito especial, e com um grande coração, que quero guardar sempre na minha vida. Em terceiro lugar quero agradecer a toda a minha família que sempre me deu força e a um amigo especial que sempre me apoiou. Quero agradecer também ao meu orientador José António Almeida Crispim, pelo seu apoio, dedicação e confiança. Por fim agradeço a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para este estudo, e que se mostraram sempre disponíveis e dispostos a ajudar com um sorriso no rosto. Um muito obrigada a todos do fundo do coração.

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A Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável: O Negócio da Castanha Portuguesa Resumo O núcleo desta investigação é constituído pelos diversos componentes que influenciam ou são influenciados pela gestão da cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha portuguesa. Com o surgimento de desafios e problemas cada vez mais frequentes, torna-se necessário atuar como forma de combate ou criar alternativas viáveis que permitam contornar ou eliminar esses obstáculos. O desenvolvimento desta temática torna-se imprescindível uma vez que a sustentabilidade deste fruto é influenciada pelo impacto das três dimensões da Triple Bottom Line, que alinha características económicas essenciais para a região e para o país, sociais para o bem-estar dos cidadãos e desenvolvimento rural, e ambientais maioritariamente relacionadas com a preocupação das alterações climáticas e surgimento de novas pragas e doenças. Assim equaciona-se a seguinte questão: Como alcançar uma Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável no Negócio da Castanha Portuguesa? Para resolução desta questão procedeu-se um extensivo trabalho de campo e interação com os operadores que de alguma forma estão interligados a esta cadeia, realizando entrevistas individuais e em grupo de modo a debater e identificar os problemas das perspetivas de cada um, dependendo da posição que ocupa. Para além disso, efetuou-se posteriormente uma análise SWOT, de forma a reunir toda a informação e apresentar as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Devido às várias problemáticas registadas ao longo de toda a cadeia de abastecimento da castanha as hipóteses serão a criação e implementação de estratégias adaptadas e direcionadas para cada uma das problemáticas correspondentes. Percebe-se que para a implementação de estratégias, claramente as exigências e os custos serão maiores, e por isso estes esforços terão de advir de todos os intervenientes desta cadeia sem exceção, até porque não vale a pena uns construírem por um lado enquanto os outros destroem pelo outro. Assim, de forma generalizada a solução passará por, em conjunto, todos caminharem na mesma direção com o objetivo de combater os efeitos provocados pelas 3 dimensões.

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The Management of the Sustainable Supply Chain: The Portuguese Chestnut Business Abstract The core of this research is the various components that influence or are influenced by the management of the sustainable supply chain of the Portuguese chestnut business. With the emergence of increasingly frequent challenges and problems, it becomes necessary to act as a form of combat or create viable alternatives that allow to circumvent or eliminate these obstacles. The development of this theme is essential since the sustainability of this fruit is influenced by the impact of the three dimensions of the Triple Bottom Line, which aligns economic characteristics essential for the region and for the country, social for the well-being of the citizens and development rural, and environmental issues mostly related to the concern of climate change and the emergence of new pests and diseases. Thus, the following question is addressed: How to achieve a Sustainable Supply Chain Management in the Portuguese Chestnut Business? To solve this question, extensive field work and interaction with the operators that somehow are interconnected to this chain were carried out, individually and in groups, to discuss and identify the problems of the perspectives of each one, depending on the position that occupies. In addition, a SWOT analysis was carried out to gather all the information and present the strengths, weaknesses, opportunities and threats. Due to the various problems registered throughout the whole supply chain of the nut, the hypotheses will be the creation and implementation of strategies adapted and directed to each of the corresponding problems. It is perceived that for the implementation of strategies, clearly the demands and costs will be greater, and therefore these efforts will have to come from all the actors of this chain without exception, because it is not worthwhile to build on one side while the others destroy by the other. Thus, in a generalized way the solution will go through, together, all walk in the same direction to combat the effects caused by the three dimensions.

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Índice Agradecimentos ……………………………………………………………………………………………………………………..III Resu o…………………………………………………………………………………………………………………………………...V A st a t………………………………………………………………………………………………………………………………….VII Í di e………………………………………………………………………………………………………………………………………IX Índice de Figuras ……………………………………………………………………………………………………………………XII Í di e de Ta elas………………………………………………………………………………………………………………..…XIII 1 Introdução ............................................................................................................................. 1 2 Evolução e conceitos de sustentabilidade ............................................................................ 3 3 A gestão da cadeia de abastecimento sustentável ............................................................... 5 4 Enquadramento do negócio da castanha ............................................................................. 7 5 O castanheiro e a castanha ................................................................................................. 10

5.1 Preparação de plantas em viveiro ............................................................................... 14 5.2 Instalação de um souto ............................................................................................... 17 5.3 Manuseamento do souto ............................................................................................ 20 5.3.1 Uma escolha viável e responsável - Produção de castanha em agricultura biológica ………………………………………………………………………………………………………………………..23 6 Denominação de Origem Protegida .................................................................................... 26 7 Certificação de produtos do castanheiro ............................................................................ 30 8 Cadeia de abastecimento do negócio da castanha ............................................................. 34 9 Desafios/Problemas ............................................................................................................ 36 10 Metodologia .................................................................................................................... 61 11 Resultados ....................................................................................................................... 63 11.1 Amostra ....................................................................................................................... 63 11.2 Descrição do negócio da castanha .............................................................................. 64 11.3 Agricultores ................................................................................................................. 64 11.3.1 Impacto do negócio da castanha ........................................................................ 64 11.3.2 Manuseamento de soutos .................................................................................. 65 11.3.3 Tipos de produção ............................................................................................... 67 11.3.4 Pagamento da faturação ..................................................................................... 68 11.3.5 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ....... 68 11.3.6 Perspetivas futuras .............................................................................................. 72 11.4 Ajuntadores ................................................................................................................. 72 11.4.1 Impacto do negócio da castanha ........................................................................ 72

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11.4.2 Compra/Venda das castanhas ............................................................................. 73 11.4.3 Relação Ajuntador - Agricultor ............................................................................ 75 11.4.4 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ....... 76 11.4.5 Perspetivas futuras .............................................................................................. 77 11.4.6 Conclusões ........................................................................................................... 78 11.5 Grossistas .................................................................................................................... 78 11.5.1 Evolução e descrição da atividade ...................................................................... 78 11.5.2 Comercialização .................................................................................................. 79 11.5.3 Opção de produção própria ................................................................................ 80 11.5.4 Possibilidade de implementação de unidades fabris .......................................... 80 11.5.5 Relações .............................................................................................................. 80 11.5.6 Controlo da qualidade ......................................................................................... 81 11.5.7 Preocupações ambientais ................................................................................... 81 11.5.8 Certificação DOP .................................................................................................. 82 11.5.9 Apoio financeiro .................................................................................................. 82 11.5.10 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ... 82 11.5.11 Perspetivas futuras .......................................................................................... 84 11.6 Transformadoras ......................................................................................................... 85 11.6.1 Evolução e descrição da atividade ...................................................................... 85 11.6.2 Etapas do processo de transformação ................................................................ 86 11.6.3 A castanha portuguesa nos mercados internacionais ........................................ 87 11.6.4 Comercialização .................................................................................................. 90 11.6.5 Investimento de unidades fabris em Portugal .................................................... 92 11.6.6 Opção de produção própria ................................................................................ 92 11.6.7 Relação Transformadoras – Clientes internacionais ........................................... 93 11.6.8 Requisitos ............................................................................................................ 93 11.6.9 Preocupações ambientais ................................................................................... 94 11.6.10 Certificações .................................................................................................... 95 11.6.11 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ... 95 11.6.12 Perspetivas futuras .......................................................................................... 97 11.7 Presidente da Câmara Municipal ................................................................................ 98 11.7.1 Impacto do negócio da castanha ........................................................................ 98 11.7.2 Importância da exportação ................................................................................. 99 11.7.3 Potencialidades da castanha ............................................................................. 100

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11.7.4 Apoio no combate à Vespa Asiática .................................................................. 100 11.7.5 Certificação DOP ................................................................................................ 101 11.7.6 Promoção e divulgação ..................................................................................... 101 11.7.7 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ..... 102 11.7.8 Perspetivas futuras ............................................................................................ 103 11.8 Engenheiro Agrónomo .............................................................................................. 103 11.8.1 Enquadramento e objetivo ............................................................................... 103 11.8.2 Tipos de Produção ............................................................................................. 103 11.8.3 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções ..... 108 11.8.4 Certificação DOP ................................................................................................ 110 11.8.5 Perspetivas futuras ............................................................................................ 110 11.9 Conclusão de Resultados ........................................................................................... 111 12 Conclusão ...................................................................................................................... 123 13 Referências Bibliográficas ............................................................................................. 127 Anexos ....................................................................................................................................... 128

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Índice de Figuras Figura 1 – Dimensões do Desenvolvimento Sustentável .............................................................. 6 Figura 2 - A castanha e os seus produtos derivados ................................................................... 13 Figura 3 – Símbolo da DOP .......................................................................................................... 27 Figura 4 – Certificado DOP Castanha da Padrela ........................................................................ 28 Figura 5 – Diagrama da Cadeia de Abastecimento do Negócio da Castanha ............................. 34 Figura 6 – Diagrama de Relações e identificação das partes interessadas ................................. 36 Figura 7 – Desafios/Problemas ................................................................................................... 44 Figura 8 – Tipo de transformação ............................................................................................... 47 Figura 9 - Produção industrial de castanha europeia (Dados de 2015). ..................................... 98 Figura 10 – Tipos de Produção .................................................................................................. 104 Figura 11 – Análise SWOT ......................................................................................................... 119

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Índice de Tabelas Tabela 1 - Variedades de castanha dentro da espécie castanea sativa ...................................... 12 Tabela 2 - Exploração do Castanheiro......................................................................................... 29 Tabela 3 - Entrevistados .............................................................................................................. 63 Tabela 4 - Produtos fitofarmacêuticos homologados para a cultura do castanheiro em modo de Produção Integrada ................................................................................................................... 106 Tabela 5 - Herbicidas homologados para a cultura do castanheiro em modo de Produção Integrada. .................................................................................................................................. 107 Tabela 6 – Cultura da Castanha/Ano ........................................................................................ 111

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1 Introdução Esta dissertação surge no âmbito do Mestrado em Negócios Internacionais da Universidade do Minho. O aumento da globalização e o aumento da população mundial têm um grande impacto na sustentabilidade das cadeias de abastecimento, especialmente no setor de alimentos. A forma como os alimentos são produzidos, processados, transportados e consumidos tem um grande impacto sobre se a sua sustentabilidade é ou não alcançada. Nos últimos 50 anos, a procura de alimentos triplicou e chegamos a um ponto em que o consumo humano é 30% maior do que a capacidade natural de ege e aç o Sta iškis, . U a az o pa a este au e to o es i e to da população mundial. O aumento dramático na população mundial alinha com o problema de que todas as pessoas precisam ser nutridas. Assim, as cadeias de abastecimento de alimentos de ontem não conseguem mais, efetivamente, lidar com a procura e por isso precisam ser reestruturadas (Govindan, 2017) Folkerts e Koehorst (1998), definem uma cadeia de abastecimento de alimentos como "um conjunto de empresas interdependentes que trabalham em estreita colaboração para administrar o fluxo de bens e serviços ao longo da cadeia de valor agregado de produtos agrícolas e alimentares, a fim de obter um valor superior do cliente em os custos mais baixos possíveis ". Devido à globalização, as cadeias de fornecimento de alimentos estão a crescer e as ligações transfronteiras tornam-se necessárias (Folkerts e Koehorst, 1998), mas são necessárias maiores quantidades de produção de alimentos para alimentar a população. Esta produção em massa tem como consequência prejudicar o ambiente cada vez mais (Nellemann et al., 2009). Kirwan, J., Maye, D., Brunori, G., (2017), acrescentam que a sustentabilidade pela definição é um conceito escorregadio e contestado com múltiplos significados e realidades. Sendo a castanha a raiz desta temática, importa referir que a mesma foi um dos frutos que conseguiu sobreviver à crise dos produtos agrícolas, demonstrando desde cedo o seu valor. No seio da União Europeia a produção de castanha, e de uma forma geral, a produção de frutos secos estão concentrados em regiões desfavorecidas, com altos índices de envelhecimento das populações e profunda erosão demográfica. Aliado a

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estes frutos está o aumento do consumo de uma multiplicidade de produtos industrializados. Segundo Maye e Kirwan (2013), nos últimos anos, as cadeias de abastecimento de alimentos (CAAs), têm vindo a ser ameaçadas por diversos fatores que as tornam mais voláteis, e a cadeia de abastecimento da castanha portuguesa não é exceção. Esta tem vindo a enfrentar problemas de foro social, económico e ambiental, como se poderá verificar, de uma forma mais minuciosa, ao longo desta investigação. Posto isto, verifica-se aqui uma necessidade de intervenção, que garanta a sustentabilidade do negócio da castanha, o que consequentemente exige uma gestão da cadeia de abastecimento sustentável. Assim a questão que se coloca nesta pesquisa é a seguinte: Como alcançar uma Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável no Negócio da Castanha Portuguesa? O desenvolvimento desta questão torna-se indispensável, uma vez que o negócio apresenta: um valor económico relevante para a região e para o país, um valor social importante para a comunidade e para o desenvolvimento rural, e uma preocupação ambiental, principalmente relacionada com as alterações climáticas. Não há margem para dúvida que este é um fenómeno que merece atenção, pois associado está uma série de fatores considerados essenciais que estão a ser postos em causa, e que vão desde a economia local/nacional e o desenvolvimento rural, até ao bem-estar da comunidade e das famílias, bem como outros elementos fundamentais que merecerão uma atenção preciosa ao longo desta investigação. Assim o objetivo que se pretende alcançar com este estudo é: fazer uma análise profunda das lacunas que podem pôr em causa a sustentabilidade do negócio da castanha, através da análise documental, elaboração de entrevistas, e observação, verificando qual a raiz do problema e investigação de eventuais soluções. O estudo será aplicado na região Trás-os-Montes, mais especificamente na região de Carrazedo de Montenegro, uma vez que a mesma é considerada a Capital da Castanha, sendo por isso o local ideal para conduzir eficazmente esta investigação no terreno e assim sustentar a base teórica.

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2 Evolução e conceitos de sustentabilidade As práticas sustentáveis de consumo e produção (SCP), juntamente com a gestão dos recursos naturais e a erradicação da pobreza, formam os três pilares do desenvolvimento sustentável, enfatizando os estudos sociais, económicos e ambientais: a Triple Bottom Line1 (Joyce e Paquin, 2016). A partir do início dos anos 2000, a gestão de operações sustentáveis desenvolveu-se como uma área que integra questões ambientais e sociais, juntamente com os aspetos económicos das cadeias de abastecimentos num quadro comum (Seuring e Müller, 2008). Os principais impulsionadores desta transição foram o rápido ritmo de produção e consumo, auxiliado por tecnologias avançadas, e o aumento da exploração e poluição dos recursos naturais para o desenvolvimento económico. Ao longo dos últimos anos, porque a sociedade evoluiu nos países desenvolvidos, foram implementadas leis mais rigorosas para proteger o meio ambiente, leis que exigem legislação ambiental vinculativa. Além disso, os clientes impuseram pressões aos reguladores e às entidades envolvidas no negócio (Hall, 2000). As iniciativas de gestão sustentável ou verde foram adotadas para reduzir os custos e aumentar a eficiência, a satisfação interna e externa do cliente, as partes de mercado e as vendas, resultando numa gestão de risco mais efetiva (Bansal e Roth, 2000; Lintukangas et al., 2016). Essa conscientização levou à evolução da Gestão da Cadeia de Abastecimento Verde (GCAV) para avaliar os impactos ambientais nas operações de cadeia de abastecimento eficientes. Srivastava (2007) define a GCAV como "integrando o pensamento ambiental na gestão da cadeia de abastecimento, incluindo o design do produto, o sourcing e a seleção de materiais, os processos de fabricação, a entrega do produto final aos consumidores, bem como o fim de gestão de vida do produto após sua vida útil ". A GCAV geralmente concentra-se em aspetos ambientais e económicos das operações e não aborda preocupações sociais, que são um dos principais objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Dehghanian e Mansour, 2009). Esta progressão levou ao surgimento da "Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável (GCAS) ". 1 A abordagem Triple Bottom Line de Elkington (1994) alinha aspetos económicos, ambientais e sociais.

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A nível dos sistemas alimentares e agrícolas, estes têm mudado particularmente nas últimas décadas, influenciando os padrões de consumo e produção (Haen e Réquillart, 2014). Segundo o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Aviões Rurais (2003), o Consumo e Produção Sustentáveis (CPS) é um dos objetivos do desenvolvimento sustentável, ou seja, o seu objetivo é ter uma produção mais eficiente e lucrativa ao usar menos matérias-primas, além de agregar valor a um produto, criando menos poluição e desperdício no processo. Havia ainda a necessidade de satisfazer as necessidades do consumidor com menos energia, água ou resíduos. Por conseguinte, o Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Águas rurais do Reino Unido definiu o CPS como "um progresso económico e social contínuo que respeite os limites dos ecossistemas terrestres e atenda às necessidades e aspirações de todos para uma melhor qualidade de vida, agora e para futuras gerações i dou as . Segundo dados retido por Govindan, K. (2017), na Cúpula da Terra do Rio em 1992, líderes mundiais ressaltaram que o padrão insustentável de consumo e da produção é uma das principais causas da deterioração do meio ambiente global, sendo que um dos exemplos mais marcantes de disfunção a questão da perda e desperdício de alimentos, que foi estimado em quase metade do total de alimentos desperdiçados, cerca de 300 milhões de toneladas por ano, deve-se ao fato de que produtores, retalhistas e consumidores abandonarem alimentos que ainda são destinados ao consumo. A perda de alimentos ocorre principalmente na fase de produção, na colheita ou processamento. Mas quantidades significativas de resíduos alimentares ocorrem em segmentos de distribuição, revenda e consumidores (Kummu et al., 2012). Como resultado, o desperdício de alimentos ocorre em todos os estágios da cadeia de abastecimento. Para que as cadeias de abastecimento de alimentos sejam sustentáveis, em particular, as áreas de consumo e produção, os interesses das diferentes partes da cadeia de abastecimento devem ser coordenados. Para além disso, um grupo crescente de pesquisas sugere que as empresas devem expandir as suas estratégias de sustentabilidade além dos limites da sua empresa para o nível da cadeia de abastecimento (Brockhaus et al., 2013; Carter and Jennings, 2002; Linton et al., 2007). Dito isto, pode-se observar que existe na maior parte dos casos uma má ou

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menos eficiente gestão da cadeia de abastecimento de alimentos que se traduzem em grandes desperdícios e perdas significativas, que poderiam e deveriam ser aproveitadas, sendo por isso necessário dar atenção a todos os estágios da cadeia de abastecimento, desde a produção até à distribuição. 3 A gestão da cadeia de abastecimento sustentável Desta forma e dada a relevância da situação, o principal desafio consiste em integrar os dois conceitos de sustentabilidade e gestão da cadeia de abastecimento (Touboulic e Walker, 2015). Assim a GCAS é definida por Ahi e Searcy (2013) como "a criação de cadeias de abastecimento coordenadas através da integração voluntária de considerações económicas, ambientais e sociais com os principais sistemas empresariais inter-organizacionais projetados para gerir eficazmente e efetivamente o material, a informação e os fluxos de capital associados à aquisição, produção e distribuição de produtos ou serviços, a fim de atender aos requisitos das partes interessadas e melhorar a lucratividade, a competitividade e a resiliência da organização a curto e longo prazos ". Outros autores contribuem também para a definição da GCAS, citando que esta compreende a "gestão dos fluxos de material, informações e capitais, bem como a cooperação entre as empresas ao longo da cadeia de abastecimento, tendo em vista os objetivos de todas as três dimensões do desenvolvimento sustentável, ou seja, económico, ambiental e social, derivado dos requisitos dos clientes e das partes interessadas" (Seuring e Müller, 2008: 1700). As definições acima supracitadas apresentam de uma forma sucinta três aspetos principais: cooperação entre membros da cadeia de abastecimento, abordagem Triple Bottom Line e atenção aos stakeholders da cadeia de abastecimento. Para alcançar a GCAS sob as circunstâncias desafiadoras das necessidades de mudança da cadeia de abastecimento de alimentos, o tema do CPS deve ser considerado (Govindan, 2017).

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Figura 1 – Dimensões do Desenvolvimento Sustentável Carter e Rogers (2008) demonstraram a relação entre o desempenho ambiental, económico e social dentro de uma cadeia de abastecimento. Segundo Govindan (2017), o seu trabalho definiu a GCAS como uma colaboração estratégica e a realização de objetivos ambientais, económicos e sociais de uma empresa na coordenação de processos de negócios, a fim de melhorar o desempenho a longo prazo não só da empresa individual, mas também de toda a cadeia de abastecimento (Carter e Rogers, 2008). Eles também apontaram que a literatura sobre a GCAS é dominada e, principalmente, restrita a questões ambientais, como desenvolvimento de produtos ecológicos, logística e tratamento de resíduos (Carter e Rogers, 2008). Este facto foi ainda sublinhado pelo trabalho de Seuring e Müller (2008), que observam que a literatura do GCAS ainda está dominada por questões ambientais ecológicas, enquanto as questões sociais e a sustentabilidade como a integração dos três aspetos são tópicos que raramente abordam. Além disso, afirmaram ainda que a integração dos três aspetos da sustentabilidade surgiu desde 2002 (Seuring e Müller, 2008). Os gestores da cadeia de abastecimento consideram a integração de questões ambientais, económicas e sociais nas suas tarefas diárias para alcançar um desempenho sustentável (Tseng et al., 2015). No entanto, de acordo com Seuring e Müller (2008), existe uma necessidade de maior cooperação ao longo de toda a cadeia Fonte: Adaptado de Govindan, K. (2017). Sustainable consumption and production in the food supply chain: A conceptual framework. International Journal of Production Economics, xxx (xxxx), xxx-xxx. Ambiental Desenvolvimento Sustentável Social Económico

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de abastecimento se as empresas quiserem alcançar os seus objetivos de sustentabilidade. A GCAS pode levar a uma redução de recursos, materiais e resíduos se for estabelecida uma melhor utilização dos mesmos (Tseng et al., 2015). Portanto, a GCAS contribui para os objetivos do desenvolvimento sustentável. Atualmente um grande desafio enfrentado pelas empresas e consumidores é como integrar os caminhos da sustentabilidade ambiental e do crescimento económico. O pensamento social, económico e ecológico pode ser uma oportunidade para todos os atores. Como Govindan (2017) explica, através da observação de estudos efetuados por Pajunen e Heiskanen (2012), tomar decisões favoráveis ao meio ambiente, como salvar matérias-primas, usar subprodutos e reduzir o desperdício, pode ser uma situação vantajosa para as empresas, os acionistas, os consumidores, as comunidades e o meio ambiente. 4 Enquadramento do negócio da castanha Após a verificação da evolução da gestão da cadeia de abastecimento sustentável, e analisadas as definições essenciais para esta temática, importa agora falar no produto e respetiva cadeia de abastecimento alvo de análise nesta pesquisa: O Negócio da Castanha. Pertencendo a castanha a uma cadeia de abastecimento de produtos agroalimentares, esta enquadra-se na definição apresentada por Christopher (2005), que profere que uma cadeia de abastecimento de produtos agroalimentares é como qualquer outra cadeia de abastecimento, uma rede de organizações que trabalham em conjunto em diferentes processos e atividades, a fim de trazer produtos e serviços para o mercado com o objetivo de satisfazer a procura por parte dos clientes. Aranyam et al. (2006) acrescentaram que as cadeias de abastecimento agroalimentar foram inventadas para descrever as atividades desde a produção à distribuição que trazem produtos agrícolas ou hortícolas (neste caso em concreto a castanha) do terreno para a mesa. A produção da castanha, a nível nacional, é um fruto de tradições, perfeitamente adaptado às explorações agrícolas do Norte e Centro do país. Segundo Pereira et al. (1992), Portugal dispõe de condições climáticas favoráveis, com um carácter quase

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exclusivo para uma produção de qualidade. Existe um bom escoamento do fruto, quer para o mercado interno quer para o mercado externo, a preços muito atraentes e com boa rendibilidade. O mercado não está saturado, havendo mercados de exportação potenciais, tanto ao nível do mercado fresco e congelado. O castanheiro é uma das espécies mais representativas da Região Trás-os-Montes, nomeadamente do distrito de Bragança e Vila Real, tendo-se assistido ultimamente à transformação de diversas áreas agrícolas em soutos. A Capital da Castanha é Carrazedo de Montenegro que pertence ao concelho de Valpaços, e distrito de Vila Real. Apesar do sucesso da castanha nos mercados nacional e internacional, é necessário aumentar a qualidade comercial e a produtividade da castanha. Segundo Matos (2003), esta, foi uma cultura abandonada e desprezada até há bem pouco tempo, destinada aos solos mais pobres, desordenada, não cuidada, cujas operações culturais se resumiam praticamente à colheita, diminuindo profundamente a qualidade e a produtividade de a cultivar ao longo da segunda metade do século passado. A partir da década de noventa, e derivado do aumento das áreas cultivadas e da produção, notou-se um aumento do volume de negócios e receitas financeiras, a castanha passou a ser um elemento dinamizador das economias locais, redistribuidor de riqueza nas zonas mais desfavorecidas, proporcionando um aumento da qualidade de vida aos residentes. Desta forma, não se pode negar o vínculo socioeconómico e o potencial produtivo do nosso país, no que se refere a este recurso, tanto mais que é um fruto que tem o seu escoamento garantido em diversos mercados de todo o mundo. É ainda pertinente assinalar que associado à cultura da castanha está também presente o fator ambiental (Matos, 2003). Apesar de esta cultura ser bastante interessante para as zonas rurais do Nordeste Transmontano, com boas condições climáticas de produção que movimentam uma atividade social movida por tradições, existem diversos fatores problemáticos que têm surgido ultimamente, e que podem comprometer a sustentabilidade desta cadeia de abastecimento, desde o êxodo rural, o desgaste social e o envelhecimento da população, não havendo força suficiente para alterar o percurso de declínio das zonas

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de produção, assentando a atividade económica numa estrutura produtiva pouco competitiva, baseada na atividade agrária. Para além disso, a tendência para a monocultura do castanheiro pode ser desfavorável a longo prazo para o agricultor, uma vez que a produção está a aumentar também por todo o mundo. Uma parte da produção local é destinada à exportação, pelo que o risco do produtor ficar com a mercadoria na exploração agrícola no futuro aumenta, e a escassez, na região e no país, de estruturas de transformação com vista à diversificação deste produto também não ajuda. Por fim, importa ainda relevar o facto da existência de algumas pragas e doenças associadas aos castanheiros, e mais recentemente o aparecimento de uma praga designada a vespa-das-galhas do castanheiro, também conhecida como vespa asiática, e para piorar a situação as alterações climáticas também fazem com que a castanha não tenha a qualidade habitual uma vez que não se desenvolve nas condições climáticas adequadas. Ilustrada a problemática, verifica-se aqui uma necessidade de intervenção, que garanta a sustentabilidade do negócio da castanha, e isso exige uma gestão da cadeia de abastecimento sustentável, o que torna imprescindível alcançar uma Gestão da Cadeia de Abastecimento Sustentável no Negócio da Castanha Portuguesa. Encontrar uma solução para esta problemática é crucial e pode tornar-se num ponto vital não só para todos aqueles que dependem do negócio da castanha para usufruírem de uma qualidade de vida melhor, mas principalmente e inclusive para aqueles que dependem somente das suas colheitas para pôr comida na mesa. A realidade é que para além do valor económico que o negócio representa, quer para a economia local, quer para a economia nacional, este tem um papel fundamental na vida dos agricultores, dos intermediários, das empresas, dos trabalhadores, das famílias e no desenvolvimento rural. A nível ambiental, interessa fazer uma análise em relação ao uso apropriado de produtos para resolução das doenças e combate às pragas do castanheiro, verificar os componentes usados na transformação da castanha, e realçar também a problemática das alterações climáticas que podem comprometer a qualidade da produção.

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5 O castanheiro e a castanha O castanheiro como uma espécie folhosa, que se desenvolve, preferencialmente, zonas montanhosas quer em sistema agroflorestal (soutos ou árvores dispersas) quer no sistema florestal. É uma árvore muito sensível à poluição, à humidade excessiva do solo, às secas estivais e a geadas muito intensas. Esta folhosa pode atingir os 30 metros de altura e ultrapassar os 1500 anos de vida. As suas flores masculinas, amarelas agrupadas em inflorescências, dispõem-se em cachos eretos (amentos), e as femininas reúnem-se numa cúpula espinhosa. A floração do castanheiro ocorre de Março a Junho e o fruto amadurece entre Outubro e Novembro. O castanheiro inicia a sua frutificação aos 6 anos após o seu cultivo, produzindo entre 1 e 3 quilogramas de castanha por ano. A sua produtividade vai aumentando até aos 10 anos, quando atinge a plenitude, produzindo em média entre 30 e 50 quilogramas por árvore. Com cerca de 70 anos a produtividade do castanheiro volta a diminuir ao longo do tempo (Gomes-Laranjo, J. Anjos, R. Pinto, T. Ferreira-Cardoso, J. Peixoto, F., 2015). Estudos realizados pela UTAD (Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro) vieram a comprovar que a temperatura é um dos principais fatores, senão o principal, de restrição à produtividade, o que leva a oscilações da produção, que têm ocorrido nestes últimos anos. Normalmente, quando os verões são demasiado quentes a produtividade diminui, quer a nível de calibre quer a nível de quantidade. Por outro lado, a escassez de precipitação no Verão, por mais incrível que pareça não tem um efeito muito significativo na produtividade, uma vez que as árvores têm a capacidade de ir buscar água às camadas mais profundas do solo e beneficiam da menor taxa de evapotranspiração, devido à paragem forçada da fotossíntese nas horas de maior calor. Os cuidados seguidos nos soutos plantados mais recentemente, assentes numa gestão sustentável e na utilização de material vegetal de qualidade, poderão levar a alcançar valores de produtividade mais elevados. Gomes-Laranjo, J. Peixoto, F. Ferreira-Cardoso, J. (2007), sustentam que o castanheiro pode ser instalado com dois tipos de objetivos de exploração:

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• Castiçais, designados por castanheiros bravos, essencialmente para produção de Madeira; • Soutos ou Pomares, designados por castanheiros mansos, principalmente para a produção de fruto. Hoje é praticamente aceite a existência de uma origem comum para todas as espécies de castanheiro, que corresponde à China, há cerca de 35 milhões de anos. A partir daqui deu-se a sua dispersão acompanhada de uma especiação para os outros continentes. Assim Gomes-Laranjo, J. et al. (2015), evidenciam que as espécies mais utilizadas e com as características mais reconhecidas são: • Castanea sativa (europeia) – só pode ser cultivada em áreas livres de requeima, o fruto tem variedades que podem ser muito boas, mas também pode produzir castanhas amargas e difíceis de descascar. • Castanea dentata (americana) – os frutos são normalmente pequenos, doces, e a espécie é muito suscetível ao cancro do castanheiro. • Castanea mollissima (chinesa) – bastante resistente a doenças, tendo algumas variedades doces e de tamanho muito atrativo, sendo também fáceis de descascar. A Castanea mollissima proveniente da China é uma potencial concorrente da Castanea sativa produzida na Europa (em países como Itália, França, Portugal, Turquia e Grécia), uma vez que esta variedade de castanha apresenta características atrativas tal como o aspeto e o tamanho, ostentando o consumidor, que tem dificuldade em distinguir a castanha pela qualidade focando-se peculiarmente no aspeto e no preço, que também é bastante competitivo. Esta espécie apresenta ainda como vantagem o facto de ser resistente às pragas, especialmente à doença da tinta, e por isso torna-se bastante requisitada para a produção de híbridos. • Castanea crenata (japonesa) – resistente a doenças, produzindo castanhas bastante grandes, mas com pouco sabor. Estes castanheiros são principalmente usados para hibridação, isto é, criação de clones resistentes sobretudo à doença da tinta.

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Cada espécie de castanheiro pode produzir diferentes variedades de castanha. Assim, e sendo o foco desta investigação a Castanea Sativa, espécie de castanheiro cultivada em Portugal, torna-se fundamental referir que as variedades de fruto dentro desta são as seguintes: Tabela 1 - Variedades de castanha dentro da espécie castanea sativa Variedade Calibre Nº de frutos/kg Aroma/Doçura Aveleira Fruto médio 82 -98 Fraco/doce Martaínha Fruto médio a grande 69 -95 Fraco/doce Longal Fruto médio a grande 67 -87 Fraco/doce Judia Fruto grande 49 -69 Fraco/doce Colarinha Fruto pequeno a médio 84-96 Fraco/doce Verdeal Fruto grande 58-74 Fraco/doce Rebordã Fruto médio a grande 76-92 Fraco/doce Côta Fruto pequeno 102 Fraco/ pouco doce Lada Fruto grande 78 Fraco/ pouco doce Bária Fruto grande 82 Fraco/ muito doce Negral Fruto grande 77 Fraco/ pouco doce Boa Ventura Fruto médio a grande 68-76 Fraco/doce Lamela Grande 71 Fraco/doce Zeive Grande 73 Fraco/doce Redonda Médio 80 Fraco/ muito doce No negócio da castanha existe alguma dificuldade na contabilização exata do fruto, isto porque certa parte da castanha não entra nos circuitos comerciais devido ao Variedades com maior produção em Portugal. Fonte: Adaptado de Fórum Florestal (2016). Estudo Económico do Desenvolvimento da Fileira da Castanha. Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa.

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autoconsumo que é em elevada quantidade nas zonas rurais, conforme transparece dos t adi io ais ditos popula es ue o ota o asta hei o o o o e-do-p o . Torna-se relevante enunciar o facto de que os componentes naturais da castanha beneficiam a saúde e o bem-estar humano e, por conseguinte, a castanha torna-se cada vez mais um alimento associado a dietas saudáveis. Segundo Gomes-Laranjo, et al., (2007), esta dispõe de um conjunto de características atrativas no que diz respeito ao seu uso gastronómico, uma vez que se trata de um fruto rico em hidratos de carbono, isento de colesterol, que contém elementos minerais como o potássio, fósforo, cálcio, magnésio, aminoácidos e fibras. Além disso, esta oleaginosa, como não contém glúten, auxilia os portadores da doença celíaca, uma vez que a farinha de castanha portuguesa é uma alternativa saudável em substituição a farináceos que possuem glúten. A procura crescente deste fruto está associada à sua recente inclusão na gastronomia urbana e à sua exploração por parte da indústria alimentar, fazendo com que haja atualmente uma forte pressão de procura externa sobre a castanha portuguesa, que é reconhecida a nível internacional. Fonte: Elaborado pela própria, através da informação presente na revisão de literatura.

Figura 2 - A castanha e os seus produtos derivados

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Claramente existe ainda um longo caminho a percorrer quanto à promoção do consumo de castanha fora da época do S. Martinho, assim como quanto à utilização da castanha na gastronomia que ainda é muito pouca, principalmente aqui em Portugal que o consumo é mais focado na castanha fresca, assada ou cozida e castanha congelada, contudo utilizações como o marron glacé ou a doçaria e compotas têm um maior valor acrescentado. Uma nota relevante e que merece ser mencionada é que para além da manutenção das árvores, utilização da madeira do castanheiro e aproveitamento do produto principal, a castanha, pode abranger conjuntamente o aproveitamento de outros recursos, como os cogumelos, as pastagens, o mel e as plantas aromáticas. Estes recursos complementares da produção agro-florestal conseguem representar, em certos casos, uma parte significativa do rendimento total, podendo mesmo ultrapassar o da produção principal. É por exemplo o caso dos cogumelos silvestres que são um recurso de crescente valorização. 5.1 Preparação de plantas em viveiro A plantação e preparação de castanheiros em viveiro é um ponto importante para esta temática, uma vez que é desde cedo que devem ser postas em prática medidas preventivas contra as suscetibilidades a que esta árvore está sujeita, e a sustentabilidade da mesma pode ser ditada e comprometida pela forma como os viveiros são cuidados. Estudos efetuados por Ramos, C. Teixeira, A. Simões, M. (2015) divulgam que os castanheiros têm vindo a ser produzidos usando as castanhas como semente, porém, mais recentemente com a evolução de novas tecnologias e do conhecimento iniciou-se a p oduç o de asta hei os po ia asse uada , at a s da utilização de estacas, estacas estas que são pequenos pedaços de ramos das plantas mãe com a intenção de se multiplicarem, ou pela amontoa das plantas mãe, principalmente para produção de porta-enxertos. Outro tipo de multiplicação do castanheiro do casta hei o a t i a in vitro2 , ue ais ode a e por vezes 2 In vitro ("em vidro") é uma expressão latina que designa todos os processos biológicos que têm lugar fora dos sistemas vivos, no ambiente controlado e fechado de um laboratório e que são feitos normalmente em recipientes de vidro. Foi popularizada pelas técnicas de reprodução assistida (fertilização in vitro).

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mais económica, sobretudo quando se pretendem obter elevadas quantidades de material, obtendo-se ainda um valioso grau de sanidade. Os autores supramencionados acrescentam também que da germinação de castanhas, que devem ser de preferência colhidas em castinçais, resultam os porta-enxertos (castanheiros), dando origem aos castanheiros bravios ou sementões (castanea sativa). Como cada planta gerada por uma castanha é certamente diferente da outra devido à sua grande variabilidade genética (consequência da polinização cruzada e da diversidade intrínseca entre as diferentes plantas de onde foram colhidas castanhas), as variedades de interesse comercial não são propagadas por via seminal (propagação sexuada), e por isso de forma a se obterem porta-enxertos homogéneos, existe a necessidade de se proceder à multiplicação assexuada. As sementes selecionadas com bom potencial germinativo e de boa qualidade vão provocar sementões de vigor mais regular, e posteriormente à colheita, devem ser submetidas a condições ambientais, naturais ou forçadas, que sejam favoráveis à quebra de dormência. A sementeira deve ser feita na Primavera, de preferência em terrenos fértil e com um solo fácil de trabalhar, que contribuirá para uma boa germinação e crescimento do sistema radicular. Importa ainda não esquecer, que anteriormente à sementeira das castanhas, para que estas consigam atingir a hidratação adequada e consequentemente encurtar o período de germinação, deverão estar mergulhadas na água durante um certo período de tempo. Segundo Ramos, C. et al., (2015), o arrancamento dos jovens castanheiros é cometido logo após o primeiro ano do seu ciclo de desenvolvimento, mais especificamente entre o mês de Novembro e Fevereiro, podendo empregar múltiplos destinos, tais como serem transplantados para outro viveiro ou serem plantados num local definitivo originando um novo souto. Eles explicam ainda que a enxertia é construída unindo o porta-enxerto, que vai constituir a parte radicular da futura planta, com um garfo de uma certa variedade que irá organizar a parte aérea da planta, daí resultando o asseguramento de uma produção mais uniforme de frutos. Esta operação é imprescindível à propagação estável das variedades que se ambicionam obter. Quando se utilizam porta-enxertos de origem genética diferente (de outra espécie ou

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derivadas de hibridações entre espécies) havendo a possibilidade de uma delas ser a mesma do garfo, os autores avisam que, podem advir alguns fenómenos de incompatibilidade, que ocasionalmente ocorrem apenas alguns anos mais tarde. Contrariamente, a enxertia quando é consumada dentro da mesma espécie, tem a capacidade de usualmente garantir a sua eficácia. Mediante isto, é fundamental possuir alguma sabedoria preliminar da reação das plantas, no período pós-enxertia, quando se utilizam biontes3 com origem genética diferente, ou senão, pelo menos testar em pequenas quantidades, antes de se partir para uma produção mais intensiva. A enxertia no castanheiro pode ser feita em meados do verão (que no ano seguinte só originará varetas), ou no final do inverno ou na primavera (que tem a capacidade de crescer no próprio ano). Para prevenir que surja a doença da tinta, começou-se por usar como porta-enxertos o carvalho e, mais recentemente, os híbridos euro-japoneses que são resistentes a esta doença. As formas de enxertia mais usadas são as de gomo destacado (por borbulha, Chip-budding ou flauta) e as de ramo destacado (por fenda lateral ou fenda inglesa). Enquanto que as primeiras podem ser feitas de olho dormente (meados de Verão), ou de olho vivo (fins de Inverno-P i a e a , e e uta do a flauta ue só de e se efetuada na Primavera, as segundas devem ser feitas com os castanheiros ainda em dormência (Fevereiro/Março). Normalmente, os castanheiros eram enxertados já no seu local definitivo, porém ultimamente, na agricultura atual, os castanheiros, na sua maioria, são enxertados no viveiro, criando desta forma plantas já prontas a produzirem, o que facilita a vida aos agricultores, tornando os soutos mais homogéneos, e entrando mais rapidamente em produção, superando-se assim a grande heterogeneidade dos soutos obtidos pela enxertia alta dos castanheiros, que acarretavam o retardamento do começo da produção, já para não falar que nem sempre existia o devido cuidado na obtenção do material vegetativo para enxertia. 3 Biontes são uma unidade independente de matéria viva (seres vivos independentes).

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Nas enxertias feitas com borbulha, para além do corte cuidadoso das fitas que foram usadas na enxertia, deve ainda cortar-se o ramo do porta-enxerto cerca de 10 centímetros acima do enxerto, na época da Primavera. Em princípio, o porta-enxerto (bravio) iniciará a sua atividade antes da variedade (borbulha), e por isso os rebentos que aparecem devem ser aniquilados, aguardando o desenvolvimento da borbulha. Se por acaso a borbulha não se desenvolver, ou até mesmo aparecer morta (seca), a melhor decisão a tomar é deixar crescer um dos melhores rebentos bravos, para que depois se possa recorrer novamente à enxertia (Ramos, C. et al., 2015) Como não existe tanta proteção nos rebentos enxertados em castanheiros bravios em local definitivo, como naqueles que são produzidos em viveiro, e de forma a evitar que eles partam, ou se recorre à proteção desses novos ramos, ou se eliminam algumas folhas para que a resistência ao vento seja menor, ou ainda, para que fiquem mais endurecidos e evitem novos lançamentos, podam-se a 40-50 cm de altura. A p oduç o de asta hei os po ia asse uada out a est at gia de p oduç o existente mais recente, que através da multiplicação assexuada ou vegetativa nos permite obter novas plantas iguais às plantas mãe, utilizando para o efeito partes dessas mesmas plantas. Os autores clarificam que esta operação de propagação das plantas, para além de ser utilizada ao nível dos porta-enxertos resistentes à doença da tinta (híbridos), pode ainda ser usada como produtor direto, por exemplo no caso de variedades híbridas (euro-japonesas). Os dois tipos de métodos mais usuais são por estacaria, que é feito através da utilização de pequenas porções (estacas) da planta mãe, e através de mergulhia, que é feito utilizando os próprios rebentos da planta mãe, promovidos pela poda intensa a que essas plantas são sujeitas. 5.2 Instalação de um souto Quando se procede à instalação de um souto há que ponderar todos os passos a dar, que vão desde a seleção e preparação do terreno até à plantação do mesmo. Sendo o castanheiro uma árvore exigente quanto ao clima e solo, a escolha do local para a instalação de um novo souto deve ser feita cuidadosamente. Borges, A. Raimundo, F. Martins, A. Ramos, C. (2015) introduzem esta espécie como sendo uma

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espécie que habita melhor em solos de pH 5,5 a 6, não suportando a presença de calcário ativo nem situações de encharcamento. Desta forma, para proceder à instalação dos soutos, os terrenos mais apropriados são aqueles que manifestam solos de textura média, profundos, bem drenados, não calcários e com matéria orgânica superior a 2%. Para o bom desenvolvimento do castanheiro é ainda importante a exposição do terreno, especialmente quando os declives são superiores a 10% e em regiões com precipitação média anual inferior a 800 mm. Nestas condições devem ser escolhidos terrenos com exposição Norte ou Este, com menor insolação, temperaturas mais moderadas, menor défice hídrico estival e melhores condições do solo. Após a escolha do terreno ideal, o passo que se segue é a preparação do terreno para a instalação do souto, devendo ter-se em atenção as limitações existentes que, segundo os autores anteriormente mencionados, precisam ser corrigidas, tais como espessura de enraizamento reduzida e baixos teores de fósforo, cálcio e magnésio disponíveis. Estas limitações conduzem a riscos de insucesso das plantações, devido ao fraco enraizamento e o consequente défice hídrico estival e insuficiente quantidade de nutrientes disponíveis. A criação de um solo com as condições adequadas é indispensável, não só para o desenvolvimento radicular, mas também para que seja capaz de alimentar as necessidades de crescimento, o que exige em regra uma mobilização profunda e incorporação de fertilizantes que incluam os três nutrientes acima já mencionados. Borges, A. et al., (2015) esclarecem ainda que para cada caso em particular deve-se conhecer o perfil do solo e dispor de uma análise prévia ao solo (até 50 cm de profundidade), para seleção do tipo de mobilização e de fertilização mais adequados. No que diz respeito ao perfil do solo é relevante identificar vários aspetos tais como: a espessura do solo, camadas impermeáveis, presença de sais em profundidade, problemas causados por má drenagem e presença de doenças radiculares de culturas anteriores. A implantação do souto pode ser comprometida pelos dois últimos aspetos. Se houver necessidade de correção da acidez e a adição de matéria orgânica, uma parte destes fertilizantes devem ser espalhados ao longo de toda a parcela e incorporados no solo em duas fases: metade com a mobilização profunda e, o restante, com as operações de regularização do terreno. No caso dos adubos

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fosfatados, parte deverá ser adicionada antes da mobilização profunda e a outra parte as covas de plantação. Conforme os estudos apresentados por Borges, A. et al., (2015), quando se procede à preparação do terreno podemos encontrá-lo em diversos estados: terreno com mato ou terreno sem mato e solo com camadas compactas. No terreno com mato a primeira coisa a fazer é cortar o mato com um destroçador de martelos ocorrentes, procedendo ao enterro de todos os pedaços no solo através de uma lavoura profunda, recorrendo a alfaias pesadas, charrua ou grade de discos. Este processo de incorporação do mato é benéfico, uma vez que vai aumentar a matéria orgânica da terra, porém no ano em que se realiza este processo, a melhor decisão a tomar é cultivar plantas anuais em vez de castanheiros, acautelando assim doenças radiculares. Por outro lado, em relação ao terreno sem mato e solo com camadas compactas, o normal e desejável arejamento do solo, a penetração das raízes e infiltração da água são características dos solos da região com potencialidade para o castanheiro, que ficam comprometidas com a existência de camadas compactas nos horizontes sub-superficiais. Nesta situação, uma ripagem cruzada até cerca de 80 cm consegue satisfazer e garantir uma adequada expansão das raízes das jovens plantas, o normal arejamento do solo e a infiltração da água de forma a permitir o seu armazenamento e fornecimento às plantas durante o período de défice hídrico estival. Em alguns casos, nas operações de mobilização profunda, no caso de ocorrer a deposição à superfície do solo de muita pedregosidade pode ser preciso ser feita uma despedrega a seguir à mobilização. Por fim, o último passo a executar é a plantação. Nesta etapa, deverá ser feita uma regularização do terreno utilizando um escarificador acoplado com uma "barra de ferro" de forma a facilitar as futuras operações de manutenção do souto, seguindo-se a marcação e a piquetagem dos locais onde vão ser colocadas as plantas de acordo com o compasso, que deverá variar entre 7x7 m, a 12x12 m, dependendo da fertilidade do solo e da zona climática. A plantação deve ser realizada em Novembro até no máximo ao mês de Fevereiro que é quando ocorre o início do repouso vegetativo. As plantas a ser plantadas deverão ter um diâmetro do caule entre 10 a 15 mm com bom equilíbrio entre a parte aérea e a parte radicular, ausência de sintomas de doenças ou defeitos e com a altura mínima de 1,5 m. O sistema de plantação

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consiste na abertura, manual ou mecânica, de um buraco com cerca de 60 cm de profundidade, devendo colocar-se primeiramente os fertilizantes no fundo das covas, e cobrir com terra, de maneira a que as raízes não permaneçam em contacto direto com estes. O colo da planta deve ficar acima da superfície do solo, e a terra deve ser aconchegada às raízes, mas não calcada, devendo a planta ser regada de imediato, com 30-50 litros de água (Borges, A. et al., 2015) 5.3 Manuseamento do souto Para que o castanheiro dê frutos, o souto precisa ser cuidado, e é desse cuidado que vai derivar o vigor e a produtividade do castanheiro. Para que os soutos não entrem em declínio ou até mesmo morram, é necessário proceder a uma boa gestão do mesmo desde as fertilizações, passando pelo controlo da vegetação espontânea até à poda. Assim, torna-se indispensável oferecer ao castanheiro uma nutrição equilibrada para que seja possível manter a produtividade e combater a sensibilidade das árvores às doenças. Apesar de alguns métodos de controlo de vegetação espontânea afetarem diretamente a árvore, geralmente têm especial influência nas propriedades do solo, que de forma direta ou indireta vão controlar o desenvolvimento do castanheiro. Já no que diz respeito à preservação de produções regulares e no tamanho da castanha a poda vem interpretar um papel importante. É de total importância mencionar manobras culturais que sejam mais económicas e eficazes, de forma que possa ser alcançada uma maior rentabilidade e sustentabilidade dos soutos, permitindo que estes continuem a desempenhar um cargo fundamental na dinâmica e estabilidade do meio rural onde estão inseridos. Anualmente são apanhadas dos soutos grandes quantidades de castanha e é retirada ainda alguma madeira da poda, e por isso o castanheiro vai carecer de nutrientes básicos e essenciais para o seu bom desenvolvimento, nutrientes esses o azoto potássio e fósforo que são exportados em maiores quantidades pela castanha, e o cálcio, azoto e potássio que são removidos principalmente pela lenha da poda. É como retirar continuamente dinheiro de uma carteira, que exige a necessidade de o repor, caso contrário vai diminuindo até esgotar. Com isto, Raimundo, F. Martins, A. Borges, A. (2015) pretendem chamar a atenção, ao facto de que o solo também necessita da ajuda do agricultor para se certificar que o mesmo contém sempre os

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nutrientes fundamentais para o desenvolvimento do castanheiro, e caso estejam em falta os reponha. Os resultados da análise à terra é que vão ditar como se vai basear a fertilização do solo. Estas análises deverão ser colhidas em intervalos não superiores a 5 anos, nas profundidades de 0-20 cm e 20-50 cm, de acordo com a metodologia que pode ser obtida nos laboratórios de solos. Visto que a maioria dos solos de Trás-os-Montes é pobre em magnésio e ocorre ainda a saída deste nutriente do sistema através da castanha, há a necessidade de adição regular de calcário magnesiano ou de sulfato de magnésio ao solo. São os solos derivados de granito que sentem uma maior falta de aplicação de boro nos soutos, que deve ser sempre aplicado na Primavera e em quantidades restritas, uma vez que pode provocar fito toxidade. Segundo os autores supraditos, os adubos azotados devem ser aplicados de forma repartida, uma parte no início da Primavera, antes da rebentação e o restante um mês depois. Por outro lado, a aplicação dos adubos que contenham potássio e magnésio só deverá ser efetuada no início da Primavera, podendo ser aplicado na superfície do solo sem enterrar. A adição de estrumes ou outros fertilizantes orgânicos ao solo é de extrema importância, mas como o estrume é escasso só a compostagem de resíduos orgânicos da exploração tem a capacidade de acabar com as necessidades de matéria orgânica do solo dos soutos. A passagem do escarificador nos soutos é a forma de controlar o crescimento da vegetação espontânea, e normalmente é repetida até quatro vezes por ano. Apesar de este método ser o mais tradicional ele é plenamente desaconselhado por Raimundo, F. et al., (2015), uma vez que as escarificações e as lavouras dos soutos, além de não serem eficientes na manutenção da água no solo durante a Primavera e Verão, aumentam a degradação da matéria orgânica, provocam erosão (que resulta na perda da fertilidade do solo), compactam a camada sub-supercial do solo, aumentam a probabilidade de infeção do castanheiro pelo fundo da doença da tinta, visto que as raízes danificadas pelas alfaias agrícolas constituem uma porta aberta à infeção do fungo patogénico. Como explicam os autores mencionados anteriormente, quando se efetua uma

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escarificação, a árvore é impedida de fazer um bom aproveitamento dos nutrientes do solo nos dois meses posteriores à sua execução devido à destruição de grande parte das raízes na camada superficial do solo. Este incidente vai fragilizar e obrigar a árvore a reconstituir o sistema radicular, o que provoca um desvio de energia para este sistema em vez de a mesma ser canalizada para os órgãos aéreos, mais exatamente para o fruto, que era para onde se deveria dirigir, provocando assim desequilíbrios fisiológicos e nutricionais na árvore. Os soutos não mobilizados exibem mais produção do que os soutos mobilizados com escarificador, e por essas razões não devem ser realizadas escarificações ou lavoras em soutos já plantados. O ideal será o uso de equipamentos, já existentes, que cortam a vegetação à superfície do terreno, sem movimentar o solo, sendo os mais utilizados os destroçadores de mato, que podem ser de correntes ou de martelos, que acarretam com eles o benefício de não danificar as raízes do castanheiro, fazer o controlo da vegetação herbácea e arbustiva, triturarem os ouriços, folhas e ramos finos, de forma a aumentar o ritmo da sua decomposição e facilitar a apanha mecânica. O rendimento da exploração e a eficácia do controlo da vegetação herbácea pode ser fomentado ainda pelo uso do destorcedor com o pastoreio (Raimundo, F. Martins, A. Borges, A., 2015). O momento propício ao uso do destorcedor no combate à vegetação espontânea deve ser pensado de forma estratégica para diminuir ao máximo a competição pela água com os castanheiros. Assim diversos autores sugerem que o corte deve ser efetuado no final da Primavera, e em locais mais húmidos ou Primaveras mais chuvosas deve-se, até mesmo, efetuar um segundo corte. O uso do escarificador deve ser evitado nos soutos novos, devendo apenas ser retirada de forma manual a vegetação espontânea próxima dos troncos das árvores, ou recorrendo a herbicidas não residuais (que contém, por exemplo, a substância ativa glifosato). Nos castanheiros novos quando se realiza a poda, devem somente ser retirados os ramos mal inseridos, sendo esta apenas uma poda de formação. Já nos castanheiros adultos o corte deve ser bem repartido por toda a copa e a poda deve ser executada todos os anos ou no máximo até três anos de intervalo. A Primavera é a época ideal

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para realizar esta tarefa podendo assim a árvore cicatrizar as feridas que daí resultam. Para minimizar a saída de nutrientes, o material podado mais fino deve ser fracionado com o destorcedor e perdurar no solo. Por outro lado, os ramos infetados com o cancro do castanheiro devem ser queimados (Raimundo, F. et al., 2015). Como os cortes feitos durante a poda são uma das principais portas de entrada do fungo do cancro, a zona do corte deve ser pincelada com uma pasta fungicida à base de sulfato de cobre e toda a ferramenta a utilizar deve ser desinfetada com uma mistura de uma parte de lixívia para uma parte de água. Estudos efetuados por Demertzi, M. Pedro Silva, R. Neto, B. Cláudia Dias, A. Arroja, L. (2016), vêm demonstrar ainda que, o manuseamento florestal é uma das ações que pode contribuir para a diminuição mais efetiva dos impactos ambientais totais, principalmente se forem introduzidas mudanças nas operações de limpeza e poda em simultâneo. A operação de limpeza espontânea da vegetação é realizada com cortadores rotativos, em vez de grades de discos, pois o uso de cortadores rotativos protege o sistema radicular superficial de danos e, portanto, pode ser considerado uma melhor prática do que a gradagem de discos, uma vez que este pode causar alguns danos na raiz devido à mobilização do solo (Pereira, 2007). De acordo com as boas práticas recomendadas, a poda de manutenção deve ser evitada, pois pode aumentar a predisposição da árvore para ataques de pragas e doenças e diminuir o período de exploração económica. 5.3.1 Uma escolha viável e responsável - Produção de castanha em agricultura biológica A ag i ultu a iológi a u odo de p oduç o ue se p ati a e ha o ia o a natureza, num sistema de exploração em que há utilização preferencial dos recursos locais, através de práticas culturais que promovam a criação de ecossistemas equilibrados, que assegurem uma produtividade durável, em que a reciclagem dos

ele e tos ut iti os o stitui u ele e to esse ial da fe tilizaç o INTERBIO, 2015). A realização do combate contra pragas e doenças, segundo a associação supracitada, é efetuada principalmente pela gestão da relação hospedeiro-predador, pela luta cultural, pelo acréscimo das populações de insetos auxiliares, pela exclusão mecânica

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de organismos indesejados ou partes de plantas fracas ou doentes. Desta forma, existe uma gestão ponderada do trabalho no solo, na cultura e no meio, caminhando sempre rumo a intervenções que favoreçam o equilíbrio. Para que a castanha seja considerada biológica, os produtores têm que respeitar o Regulamento da agricultura biológica e submeter a sua exploração ao controlo de um organismo de certificação. Surgiu em 1991 o primeiro Regulamento Europeu que veio esclarecer e impor os princípios da agricultura biológica. Este regulamento, que é aplicável a produtos agrícolas vegetais e animais e aos seus transformados desde que para a alimentação humana, sofreu diversas transformações, o que levou à aprovação de um novo Regulamento, em vigor desde Janeiro de 2009 – Regulamento (CE) nº 834/07. Os princípios da agricultura biológica, as regras de produção e as práticas culturais a utilizar, os fatores de produção autorizados, a rotulagem específica e as regras de controlo são normas que estão expostas no Regulamento. Todos os agentes envolvidos no processo produtivo, desde o produtor, transformadores, embaladores, até ao consumidor final, estão sujeitos a controlo, isto porque existe a necessidade de o cliente ter a certeza que está perante um produto de agricultura biológica e que esteve sob controlo durante toda a cadeia. Para que seja possível a comercialização de produtos biológicos, a INTERBIO (2015) revela que existe a necessidade de o terreno onde os mesmos são obtidos passar por um período de conversão, podendo esse período ser de três anos no que diz respeito a culturas contínuas, e de normalmente dois anos para plantas anuais. O Regulamento deverá ser cumprido nesse período pelos produtores, contudo não podem o e ializa o p oduto o o de ag i ultu a iológi a , pode do ape as comercializá-lo como em conversão pa a a ag i ultu a iológi a , a pa ti do fi al do 1º ano. Caso seja demonstrado que nos três anos antecedentes, as práticas culturais nos terrenos foram de acordo com este modo de produção, o Regulamento prevê que se possam colher logo como sendo produtos biológicos. Estudos efetuados por esta associação anteriormente mencionada, acrescentam ainda

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que como um dos problemas centrais na agricultura biológica é a nutrição das plantas (que se agrava nos soutos em que não existe reposições nutritivas através de rotações), a preocupação com a fertilização do solo em vez da planta, a manutenção e a melhoria da fertilidade do solo transformam-se numa prioridade para que seja possível garantir uma produção regular tanto em termos de quantidade como de qualidade a longo prazo. Quando se dá a resolução do problema de nutrição das plantas, a conversão de soutos é facilmente alcançada, devido à proximidade da maioria das práticas culturais com o modo de produção biológico. A existência de um solo ativo é de extrema importância, uma vez que a disponibilidade de ut ie tes o solo p o , uitas ezes, da ati idade i o ia a. A fe tilizaç o a partir de matéria orgânica é mais completa, equilibrada e regular, pois após humificação, mineraliza-se lenta e regularmente, disponibilizando o alimento para as plantas de forma gradual. Um solo com um bom nível de matéria orgânica humificada possui uma estrutura adequada, que favorece a alimentação da planta e a gestão da água, assegurando a presença de organismos do solo, cuja atividade favorece a alimentação das plantas. Igualmente a micorrização, tão importante no castanheiro, é fa o e ida e solos e uili ados INTERBIO, 2015). Na agricultura biológica, uma prática de fertilização bastante utilizada é o uso de compostos de estrumes ou de outras matérias orgânicas. Este processo fornece húmus estável ao solo, o que possibilita a eliminação de sementes de infestantes e de micro-organismos indesejáveis. O uso de adubos verdes é útil, contudo dever-se-á ter em consideração as condições locais e a disponibilidade de água. Como existe o obstáculo ao uso de herbicidas na produção biológica o trabalho do solo é essencial, e por isso tem a tarefa de incorporar a matéria orgânica, impulsionando o arejamento e estimulando a atividade biológica. Para controlar os infestantes, os meios que podem ser utilizados são o mecânico e o de cobertura vegetal, existindo já várias coberturas vegetais analisadas para os diferentes estados de solo e clima que podem ser usadas com sucesso.

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Existe a necessidade de acrescentar que, os soutos que estão destinados à exploração de castanha são ecossistemas criados pelo homem, e por isso há que ter em conta a existência de mais de mil espécies de insetos, aracnídeos e outros animais, em povoamentos deste tipo, bem como mais de quatro dezenas de espécies de pássaros que neles vivem, para além de muitas outras que aqui entram para se alimentarem. Assim a ideia que o autor pretende transmitir é o facto de as aves terem um papel importante para o controlo das pragas do castanheiro e da castanha. O equilíbrio completa-se ainda com os mamíferos. Para que este equilíbrio seja alcançado a intervenção no souto deve ser reduzida. Deve então ser do interesse do agricultor tomar medidas de forma a atrair as aves e outros animais que beneficiem a diversidade ecológica em vez de os afastar, pois permitirão um equilíbrio natural que irá favorecer a produção. Exemplos destas medidas são a construção de ninhos ou refúgios para as aves e outros animais, bem como a manutenção ou criação de sebes ou bosquetes. No que diz respeito aos produtos biológicos a oferta é muito reduzida comparativamente à procura, especialmente no mercado externo, pelo que a produção de castanha biológica deverá ser uma aposta a ser ponderada, podendo vir ser um negócio viável. 6 Denominação de Origem Protegida A Denominação de Origem Protegida (DOP) designa um produto agrícola ou um género alimentício originário de uma região, local ou país. A qualidade ou características do produto devem-se essencial ou exclusivamente ao meio geográfico, aos fatores naturais e humanos. A produção, transformação e elaboração devem ocorrer nessa mesma área geográfica (Borges, A., 2015).

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Figura 3 – Símbolo da DOP A castanha beneficia da Denominação de Origem Protegida (DOP) em quatro zonas do país. Esta denominação atribui propriedade industrial aos detentores sobrepondo-se a

a as ue use a es a desig aç o. As DOP’s e iste tes e Po tugal s o: DOP da Padrela, DOP da Terra Fria, DOP Soutos da Lapa e DOP do Marvão-Portalegre, sendo que 3 estão localizadas em Trás-os-Montes onde se concentra um elevado número de explorações de área reduzida, isto é, minifúndios. Subsiste ainda, a ideia de que a zona do Minho tem vindo a ganhar relevo no que diz respeito à produção da castanha. Nesta investigação a caracterização da DOP Pad ela t u papel fu da e tal, sendo por isso aquela de maior importância realçar, uma vez que é a mais vantajosa e direcionada à zona de estudo. A denominação de Orige da Casta ha da Pad ela foi e o he ida o Di io da República – II Série a 20 de Agosto de 1999, segundo o Despacho nº 16 210/99, o qual conferiu à Associação Regional dos Agricultores das Terras de Montenegro as responsabilidades inerentes à gestão do uso da Denominação de Origem Protegida Fonte: Documentos disponibilizados pela ARATM

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Casta ha da Pad ela . A De o i aç o de O ige foi egistada e p otegida pelo Regulamento (CE) nº 1107/96, de 12-06. Figura 4 – Certificado DOP Castanha da Padrela Fonte: Documentos disponibilizados pela ARATM

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As freguesias incluídas na DOP são as seguintes: • 18 Freguesias do concelho de Valpaços: Água Revés, Castro, Alvarelhos, Argeriz, Canaveses, Carrazedo de Montenegro, Curros, Ervões, Friões, Padrela e Tazem, Rio Torto, Sanfins, Santa Maria de Émeres, Santiago da Ribeira de Alhariz, S. João de Corveira, Serapicos, Tinhela, Vales e Vilarandelo. • 6 Freguesias do concelho de Chaves: Loivos, Moreiras, Nogueira da Montanha, Póvoa de Agrações, Santa Leocádia, S. Julião. • 4 Freguesias do concelho de Vila Pouca de Aguiar: Valoura, Vreia de Bornes, Bornes de Aguiar e Tresminas. • 1 Freguesia do concelho de Murça: Jou. Tabela 2 - Exploração do Castanheiro Castanheiro Concelho Nº de explorações Área (ha) Valpaços 2217 4.964,93 Chaves 1355 1.630,56 Vila Pouca de Aguiar 605 537,96 Murça 341 399,96 Total 4518 7.533,41 Na região da DOP da Castanha da Padrela as condições edafoclimáticas existentes na Serra da Padrela e nas Terras de Montenegro permitem que sejam produzidos frutos de grande qualidade, quer do ponto de vista organolético, quer do ponto de vista da sua dimensão. Este fruto seco valioso dá a conhecer Portugal, desde há várias décadas, no mundo inteiro. As variedades cultivadas são a Judia (que representa cerca de 90% da área de cultura), a Longal, a Lada, a Negral, a Cota e a Preta. Uma vez que a Judia é uma variedade de valor elevado pelo seu calibre grande, aspeto brilhante e bom poder de conservação neste momento a mesma tornou-se praticamente uma monocultura. Para assegurar o completo estado de maturação das castanhas, apenas é permitida a sua colheita sem

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE) - Recenseamento Agrícola de 2009 (RA 2009)

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recorrer a nenhum método mecânico e após a queda, decorrente da abertura natural dos ouriços e só deverão ser colhidas as castanhas inteiras, sãs, não germinadas, isentas de insetos e de humidade exterior. Sempre que haja lugar a embalagem da castanha, esta deve ser efetuada de modo a conservar a pureza e as características durante o período normal de armazenamento e venda, tendo obrigatoriamente, em local bem visível, um rótulo com as indicações seguintes: Denominação de Origem Protegida (DOP) Castanha da Padrela; Ano de colheita; Data de embalagem; Peso; Nome da variedade principal (mínimo 90%). Só é permitida a venda de castanha em fresco em embalagens de 1 Kg, 5 Kg, 10 Kg e 30 Kg. Em todos os locais de armazenamento, transformação e comercialização devem existir registos relativos à receção de castanhas. Segundo Pereira, F. Gomes-Laranjo, J. (2015) o problema mais grave nos soutos desta DOP é o cancro americano (Cryphonectria parasítica). Apesar de todos os esforços efetuados para a divulgação de formas de combate a esta doença a adesão dos agricultores não foi tão significativa como seria desejável, existindo ainda muitos focos da doença, embora os mais graves tenham sido destruídos. A Judia é, sem dúvida, a mais sensível à doença o que pode afigurar um risco elevado para a economia da região, já que os agricultores têm vindo a apostar no cultivo da mesma quase de forma exclusiva. Surgem ainda, outras doenças como a doença da tinta, o gorgulho roedor de folhas, bichados-da-castanha e outros fungos, que poderão ser vistos e minuciosamente descritos ao longo deste trabalho. 7 Certificação de produtos do castanheiro Mantas, A. (2015) e u ia ue a e tifi aç o de u p oduto ue pode igual e te ser entendido como um processo produtivo ou um serviço) é uma forma de demonstrar a sua conformidade com um do u e to o ati o . A existência de grandes distâncias entre o produtor e o consumidor, na maioria dos casos, levou á incorporação de um ou mais intermediários na cadeia de abastecimento, o que faz com que se perca o rasto ao produto, e consequentemente fossem implementadas dúvidas acerca da origem e da qualidade do produto que

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estava a ser comercializado nos mercados. As dúvidas supracitadas têm levado os consumidores a quererem saber se os produtos são seguros e se podem ser consumidos. Simultaneamente os produtores pretendem diferenciar os seus produtos e pretendem que os consumidores reconheçam a qualidade produtiva do que obtêm. No início dos anos 90 foram publicados dois Regulamentos importantes que permitiram a diferenciação de diversos produtos agroalimentares, entre os quais a castanha: Regulamento (CEE) nº 2092/91 (substituído entretanto pelo Regulamento CE 836/07 em vigor desde 1 de Janeiro de 2009), relativo a um modo de produção biológico e o Regulamento (CEE) nº 2081/92 (substituído pelo Regulamento CE 510/07 em vigor desde 20 de Março de 2006), relativo à proteção das Denominação de Origem dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios. Os regulamentos europeus acima referidos definem um conjunto de regras que abrem portas à qualificação dos produtos como sendo obtidos em agricultura biológica, e ainda funcionam como forma de criação de proteções a designações associadas a regiões de produção. Existem ainda alguns referenciais privados nomeadamente o GLOBALGAP que é o mais importante, que normalmente estão associados a retalhistas, com o intuito de qualificar diversos produtos, essencialmente a castanha. Estes referenciais apresentam um conjunto de regras em comum que podem definir a origem, matérias-primas e ingredientes, características físicas, químicas, microbiológicas e/ou organoléticas, os locais de produção ou transformação, as principais técnicas autorizadas e as interditas, as apresentações comerciais e a rotulagem. Para além disto, os referenciais ainda decretam um sistema de gestão do próprio referencial e estabelecem um sistema de controlo e certificação dos produtos abrangidos, que pode ser executado pelo proprietário do referencial ou pelo Estado. A definição de um sistema de controlo e certificação é outro elemento vital destes referenciais, que normalmente é definido como sendo executado por organismos de certificação, cumprindo a Norma Portuguesa EN 45011, e que de acordo com Mantas, A. (2015), tem como objetivo determinar as regras gerais que devem ser cumpridas por estas entidades, designadamente que devem ser independentes, ter processos não discriminatórios e imparciais, eficazes, garantir a confidencialidade, objetividade e

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imparcialidade, não dar pareceres ou fornecer consultoria. O cumprimento desta norma pode ser averiguado quer pela entidade gestora do referencial ou pela entidade competente do Estado Membro, quer por meios internos do próprio organismo de certificação, traduzindo a existência de um conselho de certificação (órgão onde estão representados diversos interesses da cadeia do produto), a exposição pública da lista de operadores com licenças e produtos certificados, das sanções emitidas e através de um sistema interno de auditoria. Os organismos de certificação devem ainda submeter o seu sistema de trabalho à autoridade nacional de acreditação (IPAC), sendo esta acreditação obrigatória para a certificação do GLOBALGAP, para agricultura biológica e para as Denominações de Origem Protegidas e Indicações Geográficas Protegidas. Para que a certificação seja concedida o organismo responsável, apesar de estar dependente do referencial em causa, deverá efetuar controlos nas explorações dos agricultores, verificar registos de produção, das operações culturais realizadas e dos fatores de produção utilizados, das produções obtidas, verificando a compatibilidade entre todos estes elementos como o referencial. Pode ainda, se aplicável, realizar testes aos produtos de forma a observar aspetos físico-químicos, a presença de resíduos de pesticidas ou de organismos geneticamente modificados. Para que seja possível garantir a integridade do sistema, se houver transformação ou comercialização do produto sem ser pré-embalado, o controlo tem que ser mantido até pré-embalamento ou até mesmo ao consumidor final. Como forma de proteção, os produtores de castanhas podem valer-se das diversas formas existentes de diferenciação do seu produto. Uma destas formas são as Denominações de Origem Protegida que estão diretamente associadas ao território de produção, que permitem a comercialização da castanha apenas os produtores e transformadores da zona, podendo valorizar assim o produto. Outra forma é a Agricultura Biológica que tem como habilidade a facilidade de entrada no mercado face à crescente procura dos consumidores. Como Portugal tem formas de produção semelhantes à agricultura biológica, e indubitavelmente poderia ter uma oferta de castanha biológica com dimensão.

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O GLOBALGAP é outro fator de diferenciação importante, e quem pretende exportar sente cada vez mais a pressão da necessidade de apresentação deste certificado. Mantas, A. (2015) defi e este efe e ial o o se do u u efe e ial ue e ifi a a utilização de boas práticas agrícolas pelos operadores, mas que igualmente os leva a práticas de gestão melhorada, a um bom sistema de registos e de rastreabilidade, a cuidados com questões de higiene na colheita e de segurança dos trabalhadores e à p ese aç o a ie tal das e plo ações ag í olas . As o po e tes t i as do GLOBALGAP são facilmente cumpridas pelos diversos produtores que praticam a produção integrada há algum tempo, contudo existem outras componentes do referencial que carecem de maior investimento e que podem ser restritivas. Outros referenciais similares e associados diretamente às cadeias de supermercados nacionais e estrangeiras têm equitativamente vindo a ser exigidos aos produtores. A crescente atenção por parte dos consumidores para as questões ambientais e o aumento da necessidade de garantir que os produtos da floresta derivam de sistemas de gestão florestal responsáveis, em que existe preservação da estabilidade dos habitats naturais e cuidados com conservação das espécies, levaram ao aumento da importância dos referenciais do FSC (Certificação Florestal de Âmbito Internacional) e do PEFC (Sistema Português de Certificação da Gestão Florestal Sustentável), que permitem o reconhecimento da gestão florestal sustentável praticada, recorrendo a normas internacionais. A obtenção da certificação da gestão florestal permite aos proprietários o uso de um logótipo reconhecido pelos consumidores, que os distingue como usuários de práticas de gestão florestal responsável, e evidencia que o produto foi produzido de forma ecologicamente adequada, socialmente benéfica e economicamente viável.

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8 Cadeia de abastecimento do negócio da castanha Figura 5 – Diagrama da Cadeia de Abastecimento do Negócio da Castanha Agricultores - existe uma grande quantidade de produtores deste fruto que detêm pequenas produções que se encontram espalhadas a nível nacional, sendo a sua maior mancha em Trás-os-Montes. Apesar de ser numa proporção minoritária, no período da colheita da castanha, uma porção da mesma tem como finalidade o autoconsumo, e outra parte é vendida por alguns produtores diretamente aos consumidores, recorrendo em regra a canais de venda paralelos, aqueles que se designam por venda

a e a da est ada . Ajuntadores - o ajuntador é na maioria dos casos o que possibilita uma ligação entre o produtor e o grossista/transformador, uma vez que existem inúmeros produtores espalhados por regiões diferentes, o que impossibilita uma ligação direta entre ambos na maioria dos casos. Apesar de existirem em menor número que os agricultores, existem em grande quantidade e tem um papel fundamental nesta cadeia de valor. Fonte: Elaborado pela própria, através da informação presente na revisão de literatura.

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Grossistas - os grossistas são os principais responsáveis por abrir as portas do mercado para este fruto. O papel deles é comercializar a castanha no mercado nacional e no mercado internacional (para transformação e/ou venda ao público). Transformadoras - no que diz respeito aos transformadores, podemos afirmar que estes são escassos a nível nacional. Esta visível escassez de transformadores da castanha faz com o que a maior parte do valor acrescentado do produto não fique em Portugal, mas sim seja adquirido pelos diversos transformadores existentes no mercado externo, sendo que estes produzem imensos derivados de castanha que é muito apreciado pelo público, e que vai desde castanha congelada até aos mais requintados produtos gourmet como é o caso do Marron Glacé. Magusteiros - no processo da cadeia de valor existem pequenos retalhistas que se designam por Magusteiros que vão adquirir a castanha diretamente ao produtor para terem uma margem maior na venda ao consumidor final. Retalhistas - os retalhistas podem ser nacionais ou internacionais, sendo a maioria internacionais, visto que a maior parcela de castanha é exportada. Como papel na cadeia de valor da castanha, os retalhistas têm a função de ao receber o produto, disponibilizarem-no ao consumidor final, o que pode significar neste caso a castanha em fresco, congelada, ou outros produtos derivados da 2ª transformação. Consumidor final - o consumidor pode ser nacional ou internacional tendo uma vasta gama de produtos derivados de castanha à escolha. A cadeia de valor da produção e comercialização de castanha em Portugal tem a forma de um funil, uma vez que o início desta cadeia se caracteriza por muitos e inúmeros produtores, passa por vários mas mesmo assim menos quantidade de ajuntadores, é trabalhada por grossistas/transformadores em que o número se torna ainda mais reduzido e passa, finalmente, para os retalhistas que se encarregam de escoar o produto para o consumidor final e assim finalizar a cadeia de valor do mesmo. Todo este processo de comercialização da castanha não é realizado de forma rígida, sendo que os intervenientes podem ter relações diferentes e o processo pode não englobar todos os players da cadeia de valor.

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Figura 6 – Diagrama de Relações e identificação das partes interessadas 9 Desafios/Problemas O aumento da procura por alimentos, impulsionada principalmente pelo crescimento da população e da riqueza, não só leva a preços mais altos e ao aumento da volatilidade do mercado, mas também coloca uma carga maior sobre os recursos naturais escassos como água limpa, terra e energia (Dobbs et al., 2011). Nasce portanto uma ameaça para o desenvolvimento sustentável, e é lançado um apelo urgente para novos modos de cadeia de fornecimento alimentar que desenvolvem um equilíbrio sustentável através do triple bottom line, considerando simultaneamente as questões económicas, ambientais e sociais (Eklington, 1998). Segundo Zhu, Z. Chu, F. Dolgui, A. Chu,C. Zhou, W. Piramuthu, S., (2018) a gestão das cadeias de fornecimento de alimentos do tipo frescos e processados é geralmente muito diferente da cadeias de fornecimento industriais por causa de propriedades únicas, como perecibilidade, regulamentações governamentais rigorosas sobre a

Fonte: Elaborado pela própria, através da informação presente na revisão de literatura.

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segurança alimentar, os consumidores dos produtos alimentares com alta variação de gostos, e constrangimentos operacionais consequentes da sua armazenagem, processamento, e de distribuição. As cadeias de fornecimento de alimentos de hoje, enfrentam questões como o alto consumo de energia, gás de efeito estufa (GEE), e outras preocupações económicas e sociais. Zhu, Z. et al., (2018) explicam que o consumo de energia para controlo de temperatura é necessário para garantir a qualidade e segurança alimentar. Em primeiro lugar, o controlo da temperatura pode afetar significativamente a qualidade do alimento por influenciar o nível de deterioração de alimentos ao longo do tempo (por exemplo, a deterioração de produtos perecíveis) e segurança do produto por influenciando o crescimento de bactérias potencialmente nocivos. Em segundo lugar, o fornecimento destes alimentos é muitas vezes acompanhado de emissões de GEE. Em terceiro lugar, os produtos alimentares com vida útil curta requerem sistema de distribuição eficiente devido a seu risco de alta qualidade deterioração. Por último, as iniciativas de responsabilidade social, tais como comércio justo e local podem afetar a forma como qualquer cadeia de abastecimento alimentar (CAA) opera. A produção sustentável de alimentos está a tornar-se popular devido ao aumento da consciência e visibilidade das questões ambientais, económicas e sociais da CAA geral. Como van der Vorst, Tromp, e van der Zee (2009) observaram, os consumidores depositam maiores expectativas sobre sustentabilidade alimentar com especifica ênfase em aspetos relacionados com a energia, emissões, qualidade e segurança alimentar, e responsabilidade social. Esta tendência mudou profundamente a configuração e o modo como os sistemas de abastecimento de alimentos atuam, resultando em mais tecnologias operacionais eficientes que são projetadas para otimizar cadeias de abastecimento alimentar sustentáveis (CAAS). Uma cadeia de abastecimento alimentar sustentável envolve diferentes segmentos que colaboram para fornecer aos consumidores finais produtos à base de plantas que compreendem a produção agrícola, processamento de alimentos, distribuição, venda a retalho, e o seu consumo. Estes segmentos correspondem a agentes tais como os agricultores, processadores, distribuidores de alimentos, vendedores e consumidores.

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Enquanto cada ator na cadeia de abastecimento sustentável de alimentos usa recursos naturais que incluem água, solo, ar e energia como entradas, o objetivo ideal é criar uma cadeia reversa de fornecimento de alimentos com um feedback em todo o processo. Através de suas atividades de produção e consumo, as CAAS geram grandes questões ambientais, sociais e económicas (Zhu, Z. et al., 2018). De uma forma geral as questões ambientais incluem emissões de GEE, consumo de energia, questões ecológicas, e o consumo de recursos naturais, incluindo a água e a terra, outras questões como a poluição relacionada com a produção agrícola, bem como o uso de fertilizantes e pesticidas (Zhu, Z. et al., 2018).Os principais problemas sociais das CAAS inclui a segurança alimentar, bem-estar animal, justiça e emprego/formação. As questões económicas estão muitas vezes ligadas com as questões ambientais e sociais, incluindo rentabilidade, eficiência, preços na qualidade, as preferências do consumidor, otimização de custos e gestão de receitas (Brandenburg et al., 2014). Diante dos desafios que estão associados com o uso intensivo de agrotóxicos, fertilizantes sintéticos e outros recursos poluentes no sistema agrícola convencional, a produção agrícola de base ecológica ganhou maior atenção. Outros aspetos importantes de efeitos ambientais nas CAAS, devido às características de produção de alimentos, incluem a redução de resíduos alimentares, fatores biológicos (Abedi e Zhu, 2017), as condições meteorológicas (Borodin et al., 2014), e desperdício de alimentos (Sgarbossa e Russo, 2017). Como Zhu, Z. et al., (2018) profere, de forma resumida, em primeiro lugar, os estudos que combinam questões ambientais e sociais, bem como questões económicas para alcançar a melhor compensação entre as diferentes dimensões sustentáveis, são muito limitados. Em segundo lugar, ainda há uma surpreendente falta de foco sobre a dimensão social, embora tenha atraído crescentes preocupações públicas. Em terceiro lugar, das emissões de GEE e consumo de energia são os temas ambientais mais populares, enquanto as questões ecológicas e os recursos naturais relacionados estão relativamente pouco focados. Em quarto lugar, dentro da dimensão social, a segurança alimentar é o aspeto mais investigado enquanto bem-estar animal e justiça

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foram abordados o mínimo embora estejam intimamente associadas com as características típicas de CAAS. Além disso, a segurança alimentar está estreitamente relacionada com a temperatura controlada através do uso de energia que é geralmente acompanhada de emissão de GEE. A análise de Zhu, Z. et al., (2018) mostra que os estudos sobre processadores, distribuidores, bem como setores da indústria são muito populares, enquanto atores importantes nas CAAS, tais como clientes e agricultores são raramente considerados. Em primeiro lugar, surpreendentemente, nenhum artigo discute a preferência dos consumidores por atributos sustentáveis de produção e consumo de alimentos, especialmente a responsabilidade social do consumidor, o que pode afetar significativamente a otimização do CAAS. Em segundo lugar, toda a literatura revista sobre os agricultores se concentra principalmente nas suas decisões de produção agrícola. No entanto, não há nenhum estudo publicado sobre como proteger o seu lucro justo em toda a rede de abastecimento de alimentos. Os autores supracitados afirmam ainda que muitas vezes as questões ambientais e sociais são sentidas como uma restrição ao objetivo custo / receita. Minimizar o custo total da logística e a quantidade total de GEE das operações de transporte é um dos objetivos da GCAS. A incerteza sustentável das CAAS envolve os dois lados, o da oferta e o da procura. Do lado da oferta, a incerteza sustentável vem do risco de condições meteorológicas adversas, doenças de culturas e pragas, entre outros (Borodin et al., 2016). Do lado da procura, a incerteza sustentável vem da multiplicidade de preferências dos consumidores para os atributos sustentáveis e a sua vontade de pagar por esses atributos. Por exemplo, existem enormes diferenças na preferência do consumidor por atributos orgânicos e comércio justo o que pode afetar a produção de alimentos e até mesmo todo a CAA. Além disso, os riscos de segurança alimentar ao longo de toda a cadeia de abastecimento trazem consigo grandes desafios de incerteza para tomada de decisões de gestão (Zhu, Z. et al., 2018). No geral, do ponto de vista da sustentabilidade, Zhu, Z. et al., (2018) insiste que é urgente desenvolver outras estratégias que sejam capazes de integrar questões

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económicas, ambientais e sociais, com atenção específica às preferências do consumidor e à cadeia de abastecimento de alimentos global e regional sustentável, considerando o armazenamento, transporte e distribuição sustentáveis com temperatura controlada. A segurança alimentar, o bem-estar dos agricultores, o bem-estar dos animais e a cadeia de abastecimento alimentar altamente integrada e orientada para a rastreabilidade4 pertence ao aspeto social. As preferências do consumidor pelo consumo sustentável de alimentos é um tópico importante na cadeia de abastecimento alimentar. Embora existam alguns estudos empíricos a esse respeito, não se conhece nenhum estudo publicado pela CAA que considere a preferência do consumidor pelo consumo sustentável de alimentos. Como o aumento da consciencialização sobre sustentabilidade, os consumidores consideram questões mais sustentáveis (por exemplo, baixo consumo de energia, baixa emissão, comércio justo) enquanto fazem as suas escolhas alimentares, e estão dispostos a pagar preços diferentes para diferentes níveis sustentáveis de alimentos (Zhu, Z. et al., 2018). Quase todos os estudos existentes sobre cadeia de abastecimento de alimentos consideram a procura do consumidor como um único conceito, sem considerar as diferenças nas preferências dos consumidores em relação ao consumo sustentável de alimentos. No entanto, as preferências do consumidor em relação a alimentos sustentáveis estão intimamente relacionadas com a procura de alimentos, conforme comprovado por sua disposição em pagar, e afetará outras decisões em toda a CAA. Assim os autores acima mencionados explicitam que, exemplos destes incluem os métodos de produção dos agricultores (orgânicos ou tradicionais), as decisões de transporte dos distribuidores (baixo / alto consumo / emissão de energia) e a decisão da rede global de fornecedores (por exemplo, comprar café de países em desenvolvimento considerando o comércio justo). Portanto, incorporar as preferências sustentáveis dos consumidores, bem como sua disposição em pagar no formato da CAA, é uma direção de pesquisa promissora e relevante para esta temática. 4 Rastreabilidade é um conceito que surgiu devido à necessidade de saber em que local é que um produto se encontra na cadeia logística sendo também muito usado no controlo de qualidade.

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A expansão sem precedentes e generalizada das cadeias de abastecimento alimentar em locais distantes e internacionais, como resultado da globalização, resultou no aumento da complexidade dos problemas de sustentabilidade. Do ponto de vista ambiental, o uso de recursos hídricos e as emissões geradas pela produção agrícola e pela logística global estão intimamente ligados à distribuição de alimentos ao longo da cadeia de fornecimento global. Do ponto de vista social, as iniciativas de comércio justo que ligam os pequenos produtores nos países em desenvolvimento a consumidores socialmente conscientes nos países desenvolvidos cresceram rapidamente durante a última década (Zhu, Z. et al., 2018).Portanto projetar e modelar a CAA globalmente sustentável, integrando características de alimentos (por exemplo, perecibilidade, consumo de recursos naturais, poluição de emissões) e as questões (sociais) sustentáveis associadas devem ser alvos de pesquisa profunda. Zhu, Z. et al., (2018) dizem que apesar de alguns estudos considerem a relação entre temperatura e segurança / qualidade dos alimentos, faltam estudos que integrem mais consumo de energia, emissão e segurança / qualidade em modelos gerais de otimização da cadeia de abastecimento de alimentos. Por exemplo, são necessários estudos detalhados sobre como equilibrar a meta do consumo de energia, que é uma base para garantir a segurança / qualidade dos alimentos, controlando a temperatura, a emissão e o custo durante o armazenamento, transporte e distribuição de produtos alimentares. Os autores acrescentam ainda que, embora os agricultores desempenhem um papel significativo na CAAS, eles são frequentemente negligenciados em pesquisas publicadas que otimizam a produção e o fornecimento. Os agricultores, especialmente pequenos agricultores, geralmente têm fraco poder de mercado em comparação com os seus concorrentes. Deve-se considerar o bem-estar dos agricultores como estratégia da cadeia de fornecimento de alimentos, para que os pequenos agricultores possam receber tratamento justo por parte do mercado e do governo, sendo esta uma importante questão social. A rastreabilidade, que inclui rastreabilidade de produtos, rastreabilidade de processos, rastreabilidade genética, rastreabilidade de entradas, rastreabilidade de doenças e

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pragas e rastreabilidade de medições, desempenha um papel importante no controle de vários problemas ambientais de CAAS (Piramuthu e Zhou 2016). Embora vários trabalhos de pesquisa publicados tenham discutido aplicações de rastreabilidade em CAA, ainda há muitos elementos em faltam. Por exemplo, com a ajuda da visibilidade gerada por IRF (Identificação por radio frequência), uma empresa alimentícia é capaz de obter fluxo de stocks de produtos alimentícios em tempo real, bem como informações sobre contaminação em toda a sua rede de produção e distribuição. Como projetar e otimizar a rede de fornecimento de alimentos com base em tais informações em tempo real é um problema valioso a ser abordado (Zhu, Z. et al., 2018). Como Zhu, Z. et al., (2018) explica, as informações perfeitas raramente estão disponíveis na maioria dos cenários de gestão de cadeia de abastecimento e de processos de negócios. Na realidade, apenas uma fração de itens pode ser identificada e as informações imperfeitas de gestão de processos de negócios podem ser obtidas. O IRF tem a capacidade de rastrear e delinear itens em tempo real no nível do item. No entanto, devido a restrições técnicas e monetárias, nem todos os componentes da cadeia de abastecimento podem ser identificados e rastreados exclusivamente com IRF. É especificamente o caso das CAA, devido aos desafios técnicos associados à colocação de etiquetas IRF em produtos de cadeia de frio. Do ponto de vista financeiro, a adoção da tecnologia IRF em nível de item pode ser cara para os fornecedores do setor alimentício devido às margens operacionais precárias. Como resultado, a maioria das aplicações de IRF na indústria de alimentos permanece no nível de palete, e não no nível de item. Para que a cadeia de abastecimento alimentar orientada para a rastreabilidade se torne uma realidade, é necessário abordar estes problemas práticos. A otimização do planeamento sazonal é um importante problema de pesquisa ambiental. A terra torna-se estéril depois de várias estações agrícolas com a mesma cultura. Zhu, Z. et al., 2018 informa-nos que as práticas atuais bem como as pesquisas não são de certo modo otimizadas, para não dizer completamente muito "insustentáveis", como o uso excessivo de fertilizantes, produtos químicos para controle de pragas e água limpa. A otimização do planeamento de longo prazo,

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portanto, deve se tornar uma parte muito importante da pesquisa de sustentabilidade da CAA. As novas tecnologias digitais estão a criar grandes oportunidades para a indústria de alimentos e reformularam a CAA, e por isso Zhu, Z. et al., (2018) desenvolve que as mesmas estão a conectar produtores de alimentos e consumidores de muitas maneiras novas. A produção de alimentos está a localizar-se cada vez mais em torno das cidades, impulsionada pela procura por alimentos locais. As tecnologias digitais, como IoT5 (Internet of Things), têm o potencial de permitir que os mercados localizados prosperem, enviando sinais em tempo real dos consumidores para os produtores e retornando ao longo da cadeia de valor. Novas abordagens digitais na indústria de alimentos mudaram muito os processos operacionais e de negócios, necessitando de revisões de modelos analíticos existentes neste domínio para acomodar as mudanças. Outra grande força na transformação das CAA digitais é a análise de dados, em que Zhu, Z. et al., (2018) decide ir mais longe a chega mesmo a exemplificar que, aproximar-se das preferências do consumidor é vital para as empresas em mercados em rápida evolução. Atualmente, uma empresa pode aproveitar a tecnologia digital e os dados para otimizar onde e o que eles vendem. Os dados de transação adquiridos em tempo real capacitam o negócio de retalho de alimentos para vender o que os consumidores querem, quando e onde eles querem, a preços competitivos. Eles podem controlar o seu inventário para reduzir o desperdício, o que também reduz os custos. Zhu, Z. et al., (2018) verificou que a sua análise de dados é inestimável, no mínimo, na redução do desperdício de alimentos, se não na prevenção do desperdício de alimentos, ao longo de toda a cadeia de fornecimento de alimentos. A gestão de riscos é crítica devido às incertezas presentes na CAAS. Como modelar os riscos sustentáveis na CAAS tanto do lado da oferta (por exemplo doenças e pragas) quanto do lado da procura (por exemplo evolução das mudanças nas preferências do consumidor) bem como o risco de segurança alimentar em toda a cadeia de fornecimento é de grande importância. Apesar disto, Zhu, Z. et al., (2018) evidenciam 5 A Internet das coisas (IoT) é a rede de dispositivos físicos, veículos, eletrodomésticos e outros itens incorporados à eletrónica, software, sensores e conectividade que permitem que essas coisas se conectem, coletem e troquem dados, criando oportunidades para mais integração direta do mundo físico.

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que as publicações de pesquisa existentes fizeram contribuições importantes para o campo da CAAS, no entanto existem muitos desafios significativos e valiosas questões de pesquisa que merecem consideração. Posto isto, e observados todos os desafios e obstáculos existentes na revisão de literatura que estão associados à sustentabilidade da CAA, há que criar uma convergência entre as mesmas e o seu impacto particularmente no negócio da castanha de modo a realçar as ameaças que podem pôr em causa uma gestão da cadeia de abastecimento da castanha. Figura 7 – Desafios/Problemas Como se pode verificar na figura supracitada, as problemáticas surgem de diversas origens, podendo elas ser de dimensão social, económica e ambiental. Onde nasce o problema foi o que foi identificado, as consequências que arrastam para as outras dimensões é que vão ser abaixo mencionadas. Fonte: Elaborado pela própria, através da informação presente na revisão de literatura.

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Alterações climáticas - as alterações climáticas são importantes de visualizar em dois níveis: a alteração do clima em que cada vez mais se denota a septoriose6, bem como a falta de precipitação e consequentemente a seca que provoca uma diminuição abrupta na qualidade do fruto, ficando este mais propício ao desenvolvimento de bicho, já para não falar na falta de brilho e ainda um calibre bem menor. Noutro nível, o impacto deste calor na época de colheita desincentiva o consumo da castanha, que é um fruto consumido com o frio, e não com condições propícias para comer gelados. As alterações climáticas constituem uma das maiores ameaças à sustentabilidade da castanha, uma vez que induz a uma maior debilidade das árvores, ficando estas mais suscetíveis às pragas e doenças, favorecendo ainda flutuações avultadas na produção anual, em função da quantidade de precipitação do ano e deslocalizando a cultura para zonas de maior altitude no interior de Portugal. A UTAD tem vindo a realizar diversos estudos com o intuito de conhecer as potencialidades desta espécie, de forma a criar e promover a utilização de estratégias para apaziguar o impacto destas ameaças. São já o caso da utilização do silício na fertilização como elemento indutor de tolerância ao calor e às doenças, e da utilização do Cillus Plus, bio produto que acelera a mineralização do fósforo orgânico no solo e por esta via a proteção dos castanheiros contra a doença da tinta, ou ainda a utilização de zeólitas, para aumentar o poder de retenção de água do solo. Escassez de mão-de-obra - Outro fator real e existente é o facto de que os mais entendidos sobre a cultura do castanheiro são pessoas com mais de 50 anos e com um nível de instrução baixo, que dedicaram grande parte da sua vida a isso. Aqui é suscitada uma dúvida preocupante pelo facto dos agricultores, na sua maioria, terem uma idade avançada, o que os impossibilita de realizar algumas tarefas, que era usual realizarem e que o sabem fazer melhor que ninguém. A possível solução passará então pela procura de mão-de-obra que possa fazer esse trabalho, porém, surge aí novamente a incerteza de conseguir encontrar ou não alguém, visto que a falta de mão-de-obra no interior do país é uma lacuna gigantesca que carece urgentemente de 6 A septoriose é um fungo que ataca fortemente os castanheiros, e que é provocado pelas anormais condições meteorológicas, originando uma intensa e prematura queda das folhas e o aborto dos frutos.

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ser preenchida. E assim se cria um ciclo vicioso que provoca complexidades e que pode pôr em causa a sustentabilidade desta cadeia de abastecimento. Roubo nos soutos - Uma vez que a castanha é um fruto com elevado valor económico, os roubos são uma realidade no período da sua colheita. Apesar da presença de roubos provindos de pessoas da própria região ou arredores, a verdade é que cada vez mais a maioria dos furtos são elaborados por mão estrangeira, essencialmente Búlgaros. Estes indivíduos instalam-se nas aldeias produtoras de castanha e são muitas vezes a solução face à escassez de mão-de-obra para a apanha, mas o problema é que juntamente com esta solução é arrastada a ambiguidade dos roubos, abuso perante os produtores e ainda causam enormes distúrbios socias. Dependência do mercado externo – Portugal apesar da abastada produção de castanha ainda se encontra essencialmente no consumo da castanha a fresco. A transformação da mesma também é muito pouca comparativamente ao nível de produção, e por isso a solução é mesmo a exportação. Se não fosse a exportação, os agricultores estariam inundados de castanha e ficariam com elas nos seus armazéns a degradar-se. O incremento do valor económico da castanha no mercado externo fez com que os agricultores deixassem de pedir benevolentemente ou até mesmo suplicassem aos compradores para lhes levarem as castanhas, aumentando drasticamente a procura das mesmas, havendo sempre caminho para o seu escoamento. Apesar do nosso país ser reconhecido a nível mundial por ser um dos maiores produtores de castanha e pela qualidade que apresenta o seu produto, em Portugal, podemos dizer que a transformação da castanha pertence a um conjunto reduzido de empresas, encontrando-se o setor centrado mais na calibragem e congelação, que podemos designar por uma 1ª transformação, não se dedicando de forma significativa à produção de produtos de maior valor acrescentado como o marron glacé, compotas, farinhas, doces, licores ou outros derivados.

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Figura 8 – Tipo de transformação Apesar dessa insuficiência na transformação, existe um interesse significativo pela castanha portuguesa, por parte de países como a Itália, França e Espanha, nomeadamente pela castanha congelada para proceder à fase da 2ª transformação. Apesar da maioria das empresas portuguesas se dedicarem apenas ao comércio por grosso de castanha e à sua 1ª transformação, existem uma minoria de transformadoras que começam a explorar a 2ª transformação, investindo na produção e na comercialização de pequenas quantidades de outros produtos. A Sortegel é a maior empresa de transformação localizada em Portugal, mais especificamente em Bragança, sendo considerada uma das 5 maiores a nível europeu, que enfrenta como principais concorrentes empresas internacionais que também se dedicam à comercialização e congelação. Em média esta produz anualmente cerca de 10 000 toneladas, sendo que cerca de 70% se destina ao descasque e congelação, e os restantes 30% se destinam à comercialização em fresco. Porém, importa ainda acrescentar que, cerca de 80 % da castanha transformada, e 20% da castanha em fresco são anualmente exportadas para países da União Europeia, principalmente Itália e França, e para países fora da União Europeia, nomeadamente o Brasil. Claramente que existem mais empresas transformadoras no mercado português, como a AgroAguiar e a AgroMontenegro, porém a sua capacidade produtiva e resultados são menores. Fonte: Adaptado de Fórum Florestal (2016). Estudo Económico do Desenvolvimento da Fileira da Castanha. Estrutura Federativa da Floresta Portuguesa. Portugal.

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Perecibilidade da castanha - uma vez que a castanha é um fruto perecível, exige diversos cuidados. Desde a entrada da castanha em armazém o peso da mesma está em constante decréscimo o que origina uma diferença diminutiva entre aquilo que se compra e aquilo que se vende. Esta problemática tem que ser controlada, não deixando haver muita margem de stocks para que a perda de produto não seja tão elevada. O ideal será o seu escoamento imediato. Para além deste problema, é lhe acrescido o facto de que com o passar do tempo e devido à perecibilidade do fruto este vai-se deteriorando, o que implica que sejam criadas condições adequadas para que a mesma se conserve, desde arcas frigoríficas nos armazéns dos grossistas/transformadores, até ao uso de transporte adequado para a sua deslocação, havendo a necessidade de recorrer a transportes com temperaturas controladas e frescas para garantir a sanidade do produto bem como proteger e resguardar que a saúde pública dos consumidores não é posta em causa. Claramente estas garantias só são possíveis com o alto consumo de energia, o que arrasta consigo a externalidade negativa de libertação de GEE. Assim e devido à vida útil curta do produto, esta cadeia de abastecimento exige um sistema de distribuição eficiente. Risco de desperdícios - neste ponto é importante realçar que muitas vezes são gerados desperdícios de castanha, uma vez que estas podem afigurar-se podres, rachadas, secas e ainda outras serem retiradas da linha de escolha de castanha, que por sua vez são postas de parte pois não representam qualquer valor nem podem ser vendidas devido à falta de condições. A verdade é que esta castanha pode ter um destino, mas muitas vezes deixa de o ter devido à falta de cuidado por parte dos intervenientes. Normalmente os destinos podem ser distintos e já são alcançados por algumas entidades que os reencaminham para produção de rações de animais, para produção de estrumes para os soutos (que é também uma reutilização feita por parte dos agricultores), e para produção de energia que é principalmente usada nas transformadoras. O uso total de cada pedacinho de castanha bem como os seus componentes sem deixar nada para trás é o protótipo que se pretende atingir em toda a cadeia de abastecimento da castanha, pois só assim será possível alcançar um patamar máximo de sustentabilidade.

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Neste ponto é ainda importante abordar os tratamentos de resíduos, e referir que no que concerne aos utensílios utilizados no manuseamento da castanha (tal como os sacos, as paletes estragas, baldes da apanha, luvas, entre outros) estes podem vir a tornar-se vilões do ambiente, se os mesmos não forem adequadamente tratados e devidamente colocados no sítio certo, de forma a não criar externalidades negativas. Em relação ao seu destino, este é disponibilizado pela câmara municipal, que fornece o te to es ade uados pa a olo aç o desse li o , se do poste io e te e i lado de forma a ganhar, quando possível, uma nova reutilização. Esta manobra tem o intuito de proteger ao máximo o meio ambiente. Concorrência desleal – a concorrência desleal vem incrementar distúrbios sociais e económicos, isto porque enquanto os grossistas e ajuntadores tentam comprar castanha seguindo todas as boas normas do comércio justos, surgem indivíduos que trazem consigo o intuito de comprar pequenas quantidades de castanha (somente as melhores) e desrespeitar todas as regras. Podemos designar estes sujeitos por pequenos armazenistas e magusteiros que intervêm no circuito e destabilizam os preços, inflacionando-os, e ainda compram sem fatura, o que para os agricultores é a junção do útil ao agradável, acabando por ceder ao que lhes é imposto. Porém, e como todos os atos tem consequências, esta prática induzirá a grandes conflitos pois o grossista/ajuntador que está a contar com aquela produção, vai chegar ao armazém do agricultor e vai verificar que só já estão lá presentas as castanhas mais pequenas e ainda serão oferecidas por um preço maior, o que levará ao questionamento acerca das castanhas grandes e melhores. Como tudo se sabe e se espalha nas pequenas aldeias, apesar da tentativa de ocultação, isto claramente vai enfraquecer a relação de agricultor e grossista/ajuntador. Ciclo vicioso de atrasos nos pagamentos - o atraso dos pagamentos espalhados por toda a cadeia é algo verificável. Isto acontece devido ao tamanho de toda a cadeia de abastecimento e devido à dependência no mercado externo, o que prolonga o caminho do produto até à chegada ao cliente final. Assim sendo, a maioria dos produtores que vendem sem condição de pronto pagamento, vão ter que esperar que a mercadoria vendida para o estrangeiro seja muitas vezes revendida, transformada e vendida para o retalhista para que possam depois provir o pagamento para o seu

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comprador e seguidamente para si. Isto só é possível devido à fa ilia idade e t e os conhecidos e relação de confiança que existe durante o ano todo entre os agricultores e o seu comprador. Claramente quando não se verifica esta benevolência seja em que fase da cadeia, a solução passa por pedir crédito ao banco para que seja possível levar a avante este negócio. Pragas e doenças do castanheiro – relativamente a este tópico, subsiste a necessidade de ser mais pormenorizadamente explicitado uma vez que é e poderá vir a ser sem hesitação o maior obstáculo ao desenvolvimento da sustentabilidade do negócio da castanha. No séc. XX surgiram doenças que puseram em causa a sobrevivência do castanheiro, tais como a tinta (Phytophthora cinnamomi Rand.) e o cancro (Cryphonectria parasítica Murr.). Ranito, F. Taboada, A. Martins, L. (2015) definem a tinta como uma doença que chega de mansinho e silenciosamente, e por isso quando surgem sintomas significa que a infeção já está muito avançada e como tal, torna-se muito difícil erradicar o problema. Esses sintomas verificam-se quando as folhas se tornam amareladas e acabam por secar e cair, apesar de algumas delas poderem permanecer na árvore mesmo depois de esta morrer. Alguns ramos secam, e os ouriços ficam na árvore e a castanha formada não tem valor comercial, sendo que a maior parte da castanha não chega sequer a formar-se. Acontece ainda a rebentação de novos ramos estimulados pela entrada de mais luz e ainda acesso a água e nutrientes, e com a remoção da casca surge, diversas vezes, uma mancha escura e irregular de cor violácea e forma triangular, podendo ainda observar-se corrimento escuro devido à oxidação dos compostos fenólicos e enegrecido causado pela alteração do córtex, que deram origem ao nome desta doença. As práticas culturais, defendidas pelos autores acima mencionados e que devem ser tidas em conta são as seguintes: • Evitar solos sujeitos a encharcamento e expostos a sul; • Utilizar plantas de viveiro isentas de doença; • Utilizar clones resistentes à doença; • Corrigir o pH do solo para 5-5,5;

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• Aplicar matéria orgânica; • Plantar em camalhões; • Assegurar uma boa estrutura de solo com boa drenagem; • Aplicar fósforo e potássio; • Evitar excessos de rega; • Reduzir as mobilizações de solo; • No surgimento de sintomas no colo, arejar a zona já que o fungo é anaeróbico. Em termos de luta química as substâncias ativadas autorizadas em Portugal para controlo da tinta do castanheiro são o oxicloreto de cobre (aplicação de Janeiro a Março) e o fosetil de alumínio (aplicação após a rebentação até finais de Junho). Ranito, F. et al. (2015) explicam que é igualmente bem conhecido o mecanismo de ação do ácido fosfónico na limitação do desenvolvimento de doenças causadas por fungos oomicetas, através da estimulação das defesas naturais das plantas produzindo fito alexinas, o que ajuda a combater a invasão dos tecidos. Os autores incluem nos seus estudos constatações efetuadas e obtidas por Abreu (2007) quando testou uma modalidade de fosfanato de potássio (Alexin 95 PS), com bons resultados no controlo da doença. Realçando a importância vantajosa da utilização de clones resistentes à doença da tinta, torna-se relevante explicitar que tudo começou com a descoberta de que o castanheiro japonês apresentava resistência, tendo sido realizadas diversas hibridações entre Castanea sativa e Castanea crenata. Daí surgiram vários clones híbridos com resistência à tinta, mas também com diferentes aptidões. Assim, é hoje frequente ver-se no mercado viveirista a disponibilização de porta-excertos híbridos

o o o COLUTAD Castanea sativa x Castanea crenata) e o Ferrossacri (Ca90). Ranito, F. et al. (2015) explicam que estas plantas híbridas apresentam maiores exigências em água do que o castanheiro europeu. Quanto à temperatura, os castanheiros híbridos carecem de temperaturas médias mais elevadas, o que os torna, por um lado mais tolerantes ao calor elevado de muitos locais onde ainda se plantam castanheiros. Contudo, são plantas mais precoces, e por isso não devem ser plantadas em locais onde os riscos de geadas tardias sejam elevados. Desta precocidade resulta o

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amadurecimento dos frutos cerca de um mês antes dos provenientes do castanheiro europeu, aspeto que deve ser tido em conta na avaliação económica de um investimento, pela valorização 2 a 3 vezes superior que a castanha tem. Embora apresente as vantagens supracitadas, a castanha é de fraca qualidade relativamente ao baixo grau de doçura que possui e à grande dificuldade no descasque, apesar de serem normalmente frutos grandes. O cancro, ao contrário da doença da tinta, não afeta todo o castanheiro ao mesmo tempo, afetando a parte aérea. A doença tende a instalar-se no tronco e ramos que dependendo da forma de cultivo, idade e parte do castanheiro afetada, se podem cortar e curar. A rápida expansão da doença indica que a disseminação do agente patogénico se realiza com grande celebridade e eficácia. Como proferem Ivo Magalhães, B. Matos, F. Martins, L. (2015) e com base em pesquisas elaboradas por Caetano (1990) o fungo difunde-se a partir de árvores doentes da área envolvente pelo vento e pelo uso de instrumentos não devidamente desinfetados. Em Portugal, casos de cancro foram notificados pelos Serviços Regionais de Agricultura de Trás-os-Montes em 1989, em castanheiros de Carrazedo de Montenegro. O aparecimento continuado de novos focos da doença levou à publicação do despacho nº 117/98 que estabeleceu os procedimentos, obrigações e financiamento para levar a a o o P og a a Na io al de E adi aç o do Ca o do Casta hei o . Neste se tido foi implementado a nível nacional um programa de controlo e erradicação deste organismo, tendo como resultado uma redução significativa dos focos de infeção nas regiões mais afetadas. A presença da doença do cancro do castanheiro é detetada em todo o país, através do aparecimento de sintomatologia visível a olho nu. Como profere Ivo Magalhães, B. et al. (2015) os primeiros sintomas manifestam-se no verão com o aparecimento de ramos secos na copa e lesões no tronco. Assim os autores supracitados, através de estudo elaborados por Anastácio e Pereira (2001) concluem que a lesão atinge todo o perímetro do tronco ou ramo, verifica-se o estrangulamento do mesmo impedindo a circulação da seiva e a parte da árvore acima da lesão murcha.

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O combate a esta doença é baseado em detetar os ramos e troncos infetados, no corte dos mesmos e respetiva desinfeção com uma substância ativa. Posteriormente os ramos e troncos cortados devem ser queimados, uma vez que a proliferação da doença acontece através da chuva, insetos, aves e sobretudo através do vento. Contudo, é difícil fazê-lo de forma a não contaminar outras áreas ou castanheiros aquando o seu corte. Para evitar a propagação o corte deve ser feito 20 centímetros abaixo da zona afetada e desinfetar as zonas de corte com fungicidas (pasta de cobre), bem como os instrumentos de corte com lixivia e queimar os ramos cortados no local de corte. Ivo Magalhães, B. et al. (2015) dizem que principal desafio é ensinar os p oduto es a ope a o asta hei o e t ata de fo a o eta as pa tes doe tes retiradas. Tanto nos cortes de poda como nas feridas realizadas por qualquer outro motivo, deverão ter-se em conta as normas básicas de cicatrização, para favorecer o fecho das feridas ou pelo menos a formação do calo de cicatrização. Para isso, os autores através de estudos elaborados por Serrano et al., (2001) recomendam que se realize a poda durante o período vegetativa da árvore. Quanto á altura ideal para intervir não é complemente consensual, alguns autores defendem uma intervenção na fase inicial, quando o cancro mostra uma mancha amarelo-acastanhada ou avermelhada, sendo mais fácil de recuperar a árvore. A pior fase para intervir é quando se veem os pontos alaranjados, pois aí será a mais propicia a disseminação da doença, pelo que deve ser evitado. Assim, defendem que a melhor altura do ano para intervir contra o cancro é no verão, entre junho e agosto (Ivo Magalhães, B. et al. 2015). Porém, eles referem que outros autores como Portela et al. (2004) defendem que a melhor altura para controlar a doença será até Fevereiro ou Março e que a pior altura será na Primavera entre Abril e Maio. Conclui-se assim que a melhor altura para intervir no combate ao cancro será nos meses de Verão (meados de Junho a fins de Setembro), uma vez que as temperaturas são elevadas e as humidades relativas serão baixas, condições estas menos favoráveis à atividade e de dispersão da doença do cancro do castanheiro. Para além disso, a planta encontra-se em plena atividade vegetativa, dando, por isso, resposta na cicatrização das feridas. Por outro lado, as podas em verde são favoráveis ao castanheiro. Deve ser também referido que a aplicação de oxicloreto de cobre

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(fungicida cúprico), como medida profilática após a realização dos cortes, é uma boa estratégia. O combate à doença do cancro do castanheiro pode ser praticado ao longo de todo o ano, uma vez que a situação de infeção é grave na região. A melhor atitude será, combatê-la com a maior brevidade possível e de uma forma continuada. O controlo do bichado-da-castanha é um tema que é igualmente muito comum entre os agricultores, e por isso torna-se fundamental mencionar que, conforme Aguin-Pombo, O. (2015), são conhecidas como bichado da castanha, três espécies diferentes de traças da família Tortricidae, sendo que as mesmas provocam danos em alturas diferentes do Verão: o tortricídeo do cedo (Pammene fasciana), o tortricídeo intermédio (Cydia fagiglandana) e o tortricídeo do tarde (Cydia splendana). Esta espécie é de difícil controlo, pelo facto de terem uma fase adulta curta e um desenvolvimento larvar protegido no interior dos frutos, ou no solo, onde se enterram após abandonarem as castanhas. O autor classifica a Cydia splendana como a espécie que causa maiores estragos, podendo ser responsável, em anos de ataques intensos, por perdas na produção que podem ultrapassar os 50% da produção total. A presença desta espécie nos soutos é facilmente detetável na altura da recolha e comercialização dos frutos porque as castanhas bichadas apresentam excrementos no seu interior e um orifício de saída, oval, de 1,5 mm de diâmetro, no exterior do fruto. Os impactos da praga são nefastos para a qualidade da produção, na medida em que, para além de reduzir drasticamente o volume de produto comercializável, requer mais mão-de-obra para a seleção dos frutos sãos dos bichados, aumentando assim os custos de produção. Esta espécie, que tem apenas uma geração por ano, passa por quatro estados diferentes: ovo, larva, pupa e imago (também designado por borboleta ou inseto adulto). Os ovos são geralmente depositados nas folhas próximas dos frutos e após a sua eclosão, as larvas jovens escavam imediatamente uma galeria nos ouriços até atingirem o fruto. Todo o desenvolvimento larvar ocorre no interior do fruto havendo, na maior parte dos casos, apenas uma larva por castanha (Aguin-Pombo, O., 2015)

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Durante os meses de Outubro a Novembro, as larvas abandonam as castanhas para se enterrarem no solo, onde hibernam. Posteriormente, entre Maio e Junho, passam à fase da pupa, sendo que se dá a emergência do adulto em finais de Julho - Agosto, que normalmente começam a voar a partir de inícios ou meados de Agosto até finais de Outubro, período em que morrem. O facto do bichado passar a maior parte do seu ciclo biológico no interior da castanha ou enterrado no solo, dificulta o seu combate. Assim Aguin-Pombo, O. (2015) sublinha a necessidade de aplicação de medidas preventivas que ajudem a limitar o seu desenvolvimento. Uma das medidas a executar é a recolha das castanhas e destruição dos frutos bichados, de forma a evitar que as larvas tenham tempo de abandonar os frutos e enterrarem-se no solo. Deve ainda, em casos de ataques severos, mobilizar-se o solo superficialmente, a uma profundidade entre 10-15 cm, mas neste caso, a mobilização não deve ser feita nas imediações do tronco, de forma a evitar cortes e feridas na zona radicular, por onde podem penetrar agentes patogénicos. Outra medida preventiva, mas não menos importante, é que deve ser utilizada rede de malha muito fina, colocada debaixo das árvores, cobrindo a área onde irão cair os frutos, para que estes fiquem todos sob a rede facilitando a sua remoção. Marrão, R. (2018, Maio), assegura que na cultura do castanheiro, o uso de inseticidas considera-se ineficaz e em termos económicos não é viável para explorações de pequena dimensão, devido essencialmente à dificuldade inerente à sua aplicação devido ao porte das árvores, que acarretam elevados custos em mão-de-obra. O uso de inseticidas arrasta ainda consigo efeitos notavelmente negativos, não só para a saúde do consumidor como também para o ambiente, podendo ainda ter efeitos noutras atividades associadas a esta cultura (por exemplo a apicultura). Por outro lado, a luta biotécnica com recurso a feromonas sexuais é o método de controlo mais usado contra o bichado da castanha. As feromonas sexuais são substâncias químicas voláteis emitidos pelas fêmeas, para atrair o sexo oposto, com o objetivo de acasalarem e reproduzirem-se. Associadas a estas, estão diversas vantagens, evidenciando-se o facto de serem substâncias específicas da espécie alvo, não afigurando riscos para o equilíbrio biológico e serem completamente seguras para o homem e para o ambiente. Outro ponto-chave é que atualmente podem ser obtidas a custos muito competitivos.

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Outra ameaça aterradora e que tem dado muito que falar é a vespa-das-galhas-do-castanheiro que é uma das pragas mais recente que tem vindo a afetar o negócio da castanha. A vespa surgiu em 2002 em Itália. Mais tarde em 2014 sobrevoou para Portugal entrando pela zona do Minho. Esta ataca o castanheiro introduzindo a formação de galhas nas bermas do mesmo. Esta praga apresenta uma reprodução por partenogénese, criando cerca de 100 ovos por inseto e uma geração por ano. Segundo Marrão, R. (2018, Maio), a dispersão desta praga realiza-se através de plantas ou porta-enxertos infestados, sendo a atividade dos adultos 8 a 25 km/ano. Existe ainda possibilidade de transporte acidental da mesma, podendo até mesmo ser transportada, sem querer, na roupa dos agricultores e por tanto carece de uma elevada atenção por parte dos mesmos. Os sintomas desta ameaça são visíveis, através de galhas instaladas na folha ou no gomo da árvore, podendo estas serem verdes (estado menos avançado) ou arrozadas (estado mais avançado). Quando esta se instala na folha, a consequência negativa que arrasta não é tão elevada como quando se instala no gomo, uma vez que na folha não vai prejudicar a formação de ouriço e consequentemente do fruto, o que não acontece no caso do gomo, porém não deixa de se tornar prejudicial, visto que proporcionará a produção de ovos, fazendo aumentar cada vez mais a praga para que esta mais tarde se alastre. Marrão, R. (2018, Maio) explica que vespa-das-galhas-do-castanheiro demora 1 ano a completar o seu ciclo, e este realiza-se da seguinte forma: Ovos (Verão) Larvas (Outono/Inverno/Primavera) Pupas (o desenvolvimento e crescimento param Verão/Primavera) Adulto (Primavera/Verão)

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• Ovo – meses de Junho, Julho e Agosto, a larva instala-se dentro das galhas; • Pupa – meses de Abril a Setembro; • Adulto – meses de Junho a Setembro. Estudos efetuados revelam que esta acarreta elevados prejuízos, sendo os principais a redução do crescimento, a debilitação da árvore (podendo esta chegar mesmo a morrer), e a redução da produção (50% a 70%). A redução da produção, aumenta com o número de anos que passam, e por isso no primeiro ano ainda não se verifica impacto na redução da produção, no segundo ano verifica-se uma redução de 5% a 10%, e no terceiro ano a redução da produção pode variar entre 30% a 50%, podendo esta redução ser maior à medida que o tempo passa e esta praga se alastra. Como combatê-la tem sido um dos principais temas de debate, uma vez que esta praga veio gerar a balbúrdia e o medo nos agricultores e comércios envolventes, que do negócio da castanha adquirem rendimento como meio de sustento das suas famílias. No seminário aos agricultores, Marrão, R. (2018, Maio) esclarece que uma vez que os ovos, e as larvas se encontram protegidas no interior das galhas é difícil aplicar qualquer tipo de produto que consiga penetrar com sucesso até à parte interna das mesmas. Além do mais, não existe qualquer produto homologado (inexistência de produtos químicos) que tenham como finalidade e sucesso no que a esta ameaça diz respeito. Apesar deste pesadelo, a autora ameniza os ânimos e afirma que existe ainda alguns meios que permitem o controlo e que ajudam a amenizar os danos provocados pela praga. Em primeiro lugar, temos a luta cultural, esta prende-se com o facto de as galhas fechadas, encontradas em viveiros e nos soutos jovens, serem cortadas e destruídas (queimadas), não podendo esta regra aplicar-se de igual forma aos soutos velhos dada a altitude e maturidade dos castanheiros. Em segundo lugar, existe a luta genética, em que o dilema é a utilização de castanheiros que são mais resistentes à vespa. Em terceiro lugar, diz respeito à utilização de um parasitoide denominado por

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Torymus sinensis Kamijo, específico da vespa, que só dela se alimenta, originário da China, que apresenta uma geração anual, e com reprodução sexual de cerca de 70 ovos por inseto, sendo que os adultos vivem cerca de 30 dias. Em cada galha tem 3 câmaras, e o parasitoide pode efetuar uma postura em cada, mas também pode acontecer o caso de não pôr nada. A larva do parasitoide fica dentro da galha, e mata a vespa que já lá estava instalada, tornando-se ela a habitante daquela galha e fazendo posturas novas na mesma, e dessa forma aumentando a sua espécie, e consequentemente espécie essa que vai combater cada vez em maior número a vespa. Cada largada é constituída por 120 machos e 70 fêmeas, sendo estes adquiridos em Itália. Para que esta luta seja eficaz, há que haver condições climáticas para se realizar as largadas, e por isso é fundamental que não haja vento e esteja sol, porque se o dia for de chuva ou de vento a eficácia, sem dúvida, ficará comprometida. O período ideal para se efetivar a largada é entre o mês de Maio e o mês de Julho, porque as galhas estão mais verdes, e não estão tão secas, e dessa forma, estando moles o parasitoide tem maior facilidade de perfurar a galha. Após a largada biológica torna-se interdito o corte das galhas dos soutos bem como o uso de produtos fitofármacos. Outro cuidado a ter é não mobilizar a terra senão o parasitoide instalado na folha vai ser acidentalmente enterrado. As taxas de parasitismo significativas necessitam de 4 a 6 anos para serem atingidas, pois este combate não é rapidamente eficaz (Marrão, R., 2018, Maio). Claramente existem outros parasitoides que poderiam combater esta praga, todavia estes alimentam-se de outros insetos para além da vespa, e dessa forma poderíamos denominá-lo e enquadra-lo como uma solução que acaba por se transformar numa nova ameaça, não resolvendo o problema e até mesmo torna-lo ainda maior. Contrariamente isto não acontece com o parasitoide Torymus sinensis Kamijo, que se alimenta somente da vespa e por isso quando esta for aniquilada este parasitoide vai junto, pois não terá como sobreviver, uma vez que o seu alimento já não existe mais, e portanto é impossível manter a sua espécie, nunca existindo a possibilidade de este se tonar numa ameaça futura.

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Outras alternativas, que ainda estão em estudo, são os repelentes, essencialmente o caulino. O caulino é um produto inovador que veio dar que falar. Este apresenta duas finalidades: prevenir que os raios solares penetrem nos troncos das árvores e levem à seca dos mesmos, e também o afastamento da vespa, uma vez que após a sua aplicação as folhas ficam esbranquiçadas o que provoca menos atratividade aos olhos da praga. Este produto já foi utilizado nas vinhas, o que vem a reforçar a sua eficácia no que respeita á seca do troco da árvore. Estudos realizados pela UTAD também vêm acrescentar e fundamentar que este tem o duplo atributo de afastar a vespa, apesar de que, ainda assim, é possível haver a formação de galhas no castanheiro, mas irrefutavelmente será em menor quantidade. Acompanhado do caulino, vem especulação de saber se o peso na balança da relação custo/benefício é compensatório, isto porque se estamos perante condições climáticas significativas de precipitação, vai exigir a que a aplicação deste produto volte a ser repetida, o que arrastará custos adicionais. Existem ainda outras ameaças como o Xyleborus, as cabras bravas e Javalis. O Xyleborus é out a p aga ue te ga hado asta te te e o e o eça a da pa os pa a a gas o que toca aos estragos provocados. Segundo Marrão, R. (2018, Maio) esta cria galerias dentro da mesma levando-a à sua morte, sendo que o mesmo é muito difícil de detetar visto que é minúsculo e invisível a olho nu, e que por isso deve-se estar bem alerta de forma mais minuciosa as árvores de forma a notar qualquer atividade na mesma. Esta praga é combatida através da utilização de armadilhas que contêm um atrativo visual e de cheiro, para que ele fique preso na cola ou afogado no álcool. Por outro lado, temos os animais selvagens como as corsas e javalis que tem atacado os castanheiros, e que apesar de se u a es ala ais i o it ia põe os a elos e p a uito p oduto es, destruindo por completo algumas plantas jovens, o que arrasta custos e prejuízos. Finalizando, é de relevante utilidade proferir que, como supramencionado, as doenças e pragas diminuem de forma significativa a rentabilidade da produção de castanha, chegando mesmo em alguns casos, provocar a morte do castanheiro. A somar a esta problemática, estão os incêndios que apesar do peso da área ardida composta por

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castanheiro não ter vindo a ser muito significativo, é outro fator que reduz a rentabilidade da produção da castanha. Para além disto, o que reduz a produtividade dos castanheiros em termos do fruto é a pequena dimensão das explorações, que não permite o efeito de economia de escala. Por outro lado, o envelhecimento da população agrícola, o conservadorismo e o seu baixo nível de instrução são igualmente barreiras à dinamização do sector e ao aumento da produtividade por via de novas técnicas. A falta de investimento e de inovação no sector são também razões da reduzida produtividade, isto porque um castanheiro poderia ser muito mais produtivo com o aprimoramento da espécie, o que não acontecendo diminui, infalivelmente, a porção de fruto disponível e encarece a exploração. Consumidores pouco informados - em termos de consumo e dada a sua sazonalidade, a castanha no seu estado fresco, nomeadamente assada ou cozida, é consumida entre os meses Setembro a Janeiro, tendo maior impacto até ao S. Martinho. Porém a castanha congelada, que já se encontra disponível todo o ano, vem diluir a sazonalidade deste fruto e desenvolver novos hábitos de consumo. Como a castanha congelada é um produto com uma recente inserção no mercado nacional e representa um valor considerável, o seu público-alvo são essencialmente consumidores mais informados que reconhecem as inúmeras utilizações alternativas para a castanha e que a utiliza frequentemente na sua alimentação. Relativamente aos outros produtos derivados de castanha, estes podem encontrar-se todo o ano expostos em grandes superfícies, mas principalmente em lojas gourmet e de produtos naturais. Neste caso, estes são designados como produtos de nicho, premium, produzidos de uma forma mais artesanal e em pequena escala, pelo que também são produtos mais caros e dirigidos a um público mais exigente e sofisticado. Temos o exemplo do projeto de Eurico Castro, que consiste numa pasta de castanha para doçaria, que começa já a marcar a presença dos seus produtos não só em pastelarias, mas também nos voos da TAP como sobremesa para os passageiros de classe executiva.

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10 Metodologia Este estudo procura analisar e descrever a gestão da cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha portuguesa. O estudo será aplicado na Região da Capital da Castanha: Carrazedo de Montenegro. Os tipos de pesquisa a ser utilizados são: a pesquisa exploratória, a pesquisa descritiva e a pesquisa analítica. Com o uso da pesquisa exploratória o meu objetivo é encontrar ideias acerca de como pesquisas futuras poderão ser conduzidas. De seguida, e usando a pesquisa descritiva, pretendo examinar e descrever os problemas pertinentes de uma forma mais profunda e exaustiva. Por fim, recorrendo à pesquisa analítica, será feita uma análise dos fenómenos, com o objetivo de compreender os mesmos, descobrindo e medindo relações causais entre eles. O paradigma fenomenológico é aquele que vai ser utilizado para a elaboração desta investigação, uma vez que se pretende optar por um estudo caso, com a finalidade de se fazer uma análise extensiva de um fenómeno numa unidade concreta, analisando uma região específica, tratando-se assim de uma pesquisa desenvolvida no campo (terreno). Deste modo, irá ser feita uma recolha de dados qualitativos, dados estes que tem como características a profundidade e a qualidade. Apesar da escolha do paradigma acima referido, é importante referir que isso não exclui a hipótese da necessidade de recorrer ao uso do paradigma positivista, usando assim métodos positivistas e consequentemente dados quantitativos, uma vez que para concluir e complementar o meu estudo, o seu uso poderá ser essencial. Os dados serão obtidos através da análise de documentos, de entrevistas e observação, o que me proporcionará uma mais -valia a nível de experiência da situação que está a ser estudada, e para além disso há uma melhor compreensão e interpretação deste fenómeno, o que me permite considerar determinados aspetos que de outro modo me era impossível. Por fim, no que diz respeito à tipologia das variáveis, este estudo utilizará variáveis independentes e dependentes, sendo que a variável dependente é a gestão da cadeia de abastecimento sustentável: o negócio da castanha portuguesa, uma vez que este é o objetivo do meu estudo, e por outro lado serão utilizadas variáveis independentes, que neste caso são: o impacto económico, social e ambiental, manipulando assim estas variáveis para ver os efeitos que estes exercem sobre a

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variável dependente, e poder chegar assim a uma conclusão. As unidades sujeitas à análise foram toda a cadeia de abastecimento do negócio da castanha, começando pelo agricultor até ao consumidor final. Aqueles que se tornou pertinente entrevistar foram os agricultores, porque estão diretamente ligados à produção do fruto; ajuntadores, porque diminuem a distância entre os produtores e os grossistas, uma vez que seria difícil este conseguir chegar aos inúmeros produtores; os grossistas, porque são aqueles que tornam possível o escoamento do produto, principalmente para o mercado externo; as transformadoras, porque são os responsáveis por acrescentar valor ao produto e potencial para diluir a sazonalidade do mesmo; o Presidente da Câmara Municipal, porque é o elemento que mais conhecimento tem sobre o impacto económico que a castanha traduz para a região, bem como é aquele que tem o poder de disseminar, divulgar e promover este fruto; e por fim, entendeu-se por bem, entrevistar ainda o Engenheiro Agrónomo, uma vez que este é aquele que possui mais conhecimentos, principalmente no que concerne aos tratamentos e cuidados a ter com os soutos, e que mais pode informar sobre os cuidados a ter para que o meio ambiente não seja afetado. Os agricultores, ajuntadores e grossistas estão identificados por letras alfabéticas, sendo que no que toca ao agricultor como também foram realizadas entrevistas em grupo foram identificados alfabeticamente e numericamente. Relativamente às transformadoras estas estão identificadas pelo país a que pertencem, neste caso Itália e França, não tendo havido a oportunidade de entrevistar uma transformadora portuguesa por falta de colaboração por parte da mesma. Os restantes como são membros individuais não houve a necessidade de recorrer a outro tipo de identificação, sendo estes o Presidente da Câmara Municipal de Valpaços e o Engenheiro Agrónomo da ARATM. Foi ainda possível a consulta de diversos documentos fundamentais nas instalações da ARATM.

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11 Resultados 11.1 Amostra Tabela 3 - Entrevistados Entrevistados Designação Função Idade Género Habilitações A Agricultores 45 Masculino 4ª Classe B 36 Masculino 9º ano C 65 Masculino 4ª Classe D1 63 Masculino 4ª Classe D2 62 Feminino 4ª Classe D3 25 Masculino Licenciado E 65 Masculino 4ª Classe F1 67 Masculino 4ª Classe F2 60 Masculino 4ª Classe F3 55 Masculino 4ª Classe F4 48 Feminina 4ª Classe F5 70 Masculino 4ª Classe G 56 Masculino 4ª Classe H 26 Masculino 9 º ano I1 43 Masculino 4ª Classe I2 54 Masculino 4ª Classe I3 67 Feminino 4ª Classe I4 46 Feminino 4ª Classe J 52 Masculino 4ª Classe A Ajuntadores 43 Masculino 9º ano B 32 Masculino 12º ano C 26 Masculino 9º ano D 42 Masculino 12º ano E 40 Masculino 12º ano A Grossistas 36 Masculino 9 º ano B 68 Masculino 4 º Classe C 55 Masculino 4 º Classe D 52 Masculino 4 º Classe Transformadora Italiana Transformadora Francesa Engenheiro Agrónomo Presidente da Câmara Municipal de Valpaços

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11.2 Descrição do negócio da castanha O ponto primordial das entrevistas realizadas foi perceber que impacto tem a castanha na vida de todos os operadores e stakeholders envolvidos na cadeia de abastecimento do negócio da castanha. Para que seja exequível a compreensão daquilo que acontece e daquilo que é sentido por cada envolvido, os resultados foram divididos e explicitados segundo as perspetivas das diferentes posições que os entrevistados podem ocupar dentro da cadeia de abastecimento da castanha, uma vez que cada um tem realidades comuns, mas também realidades diferentes. Apesar disso, foi constatado no realizar das entrevistas que as reflexões de cada parte da cadeia vão ao encontro umas das outras convergindo e caminhando na mesma direção, porque no fundo mesmo em dimensões desiguais todos querem o mesmo, o sucesso da castanha. 11.3 Agricultores 11.3.1 Impacto do negócio da castanha Assim, e começando pelo início verificou-se que para os agricultores, o poder e a influência do negócio da castanha podem criar dois tipos de situações. Uma das situações é o facto de os agricultores terem apenas como fonte de rendimento o dinheiro proveniente do negócio da castanha, sendo por isso esta a sua única forma de sobrevivência, chegando mesmo a denotar-se uma expressão de desespero no agricultor A, entre muitos out os, ua do ita: o i pa to da asta ha asta te

g a de po ue o te ho out o t a alho e se falta a asta ha fi a uito o pli ado , e posto isto, para este individuo é inimaginável sobreviver sem a castanha e a dependência da mesma é uma realidade. O ag i ulto D fo e ta: o i pa to fo te

pois a ossa f i a a ui a egi o po ue o te os out a oisa a o se a

asta ha e a es e ta ue uito trabalhoso, as e fi o e h ue te uito

e tusias o e dedi aç o . Há que considerar também a parte da amostra que tem pequenas pensões de reforma, mas que fazem questão de mencionar, que apesar de estarem em fase de receber pensão, é algo que tem pouca importância para as suas vidas, uma vez as mesmas são de um valor muito reduzido. A outra situação diz respeito ao facto de os rendimentos

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obtidos no negócio da castanha não serem a única fonte de rendimento, contudo funciona como um suplemento essencial e é contributivo para uma melhor qualidade de vida destes sujeitos. Tal como referiu o ag i ulto B a asta ha au e ta o di hei o que nós temos no final do mês, dá para gozarmos férias, para termos carros e pode os a ealha di hei o, ue de out a fo a o e a possí el . Nu a e s o ais

est e a o ag i ulto G hegou es o a ita ue Esta os numa região que se as asta has desapa e e te os ue e ig a . Foi ainda mencionado por um dos agricultores, que o impacto chega a ser tão contagiante e extensível que, como explica o agricultor J, embora ele tenha outros rendimentos provindos de uma loja que vende produtos agrícolas, verifica que em anos com produções de castanha mais fracos, é logo sentido no negócio, o que significa que nem ganha grande coisa por parte da agricultura, como também é afetado no seu comércio local. Assim palavras e expressões o o e -esta , ualidade de ida , para onde vai

u j o ai o out o e elho te a te a o os asta hei os, do ue te a te a

po ulti a s o ias ezes ou idas pelos i te lo uto es. 11.3.2 Manuseamento de soutos No que toca ao manuseamento dos soutos as opções são diversas, uns cuidam mais e seguem à risca todos os cuidados a ter ao longo do ano, enquanto outros optam por o a i o do seu di hei o, p o ede do ape as a u a i o ia de uidados pa a com os seus terrenos. Claramente surge aqui a questão da característica justiça, inserida na dimensão social, isto porque muitas vezes alguns agricultores querem vender a sua castanha vender ao mesmo preço que a do vizinho, mesmo sabendo que ele cuida melhor dos soutos e a sua castanha ter uma notável diferença de qualidade. Esta ação, com certeza, não é justa, há que ter mais consciência social por favor. Um dos agricultores que me despertou à atenção, transparecendo o seu total empenho para com os seus soutos foi o agricultor H que, de forma ordenada, disse

ue os uidados a te s o a poda, as la o as, a adu aç o, as aldas e o o t olo e

p e e ç o das p agas e doe ças , e i di ou ue o o p odutos utiliza o Aliette ue

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previne a doença da tinta, o inseticida para que a fruta não tenha bicho e o Dictis que é u p oduto pa a o o ate ao a o . Denotei ainda que existem produtores inconscientes em relação a estes cuidados, ou porque são informados mas resistentes e por isso não querem saber, ou porque fazem porque sempre fizeram e não querem mudar os seus hábitos, ou ainda porque veem os seus vizinhos a fazer e os imitam, mesmo não sabendo se isso se traduz numa boa ou má prática. Esta negligencia foi detetada em diversas entrevistas, tal como verificado, por exemplo, na reunião do grupo de agricultores I, em que o individuo I2

e io ou ue p o edia s la ou as po ue gosto ais de os e la ados do ue

o el a o sa e do as o se u ias dos seus atos. Muitos ag i ulto es t a perfeita noção que esta pode ser prejudicial, exatamente da mesma forma que é e pli ado a e is o de lite atu a, o o ealça o ag i ulto E ue diz as la ou as as alfaias dos tratores, podem contaminar de souto para souto, e, portanto, essas alfaias tem que ser desinfetadas. Os tratores também destroem a matéria orgânica e além disso arrancam as raízes superficiais dos castanheiros, o que não acontecia com as lavouras com animais, que eram feitas de forma mais superficial e de forma mais uidadosa . Nestes últimos anos, um dos estrumes que se tem revelado mais eficaz e benéfico é o

est u e dos ogu elos ue o o i fo a o ag i ulto E o est u e dos ogu elos uma maravilha porque mantêm os soutos verdinhos, pois esse estrume solta um pó espo os ue o ate ta a doe ça da ti ta . A análise aos soutos é feita pelo menos uma vez por ano pela grande maioria dos agricultores, existindo apenas um minoritário grupo que não o fazem. Dentro deste grupo minoritário, ainda há, quem o faço apenas quando detetam alguma anomalia no souto tal como procede o agricultor B, que normalmente só faz análises ao souto ua do algu a alte aç o os asta hei os, ua do eles est o e ti hos segue sempre o mesmo método, tratando-os da mesma maneira. Quando vê que estão a precisar de alguma coisa e que não consegue controlar aí faz análises. Torna-se ainda importante incluir a ideia que é transmitida pelos diversos entrevistados, que todos os

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anos fazem as análises não só pela sua importância, mas também pela obrigatoriedade a que o subsídio os submete. 11.3.3 Tipos de produção No que concerne às certificações decorrentes pela escolha do tipo de produção em que estão inseridos, em geral, muitos agricultores não têm. Isto porque como explica o agricultor F1, apesar de fazer a produção integrada, porque dá mais vantagens como ajudas e apoios, tem também algumas regras associadas. Pela observação obtida, conclui-se ue essas ditas eg as t u pode de egaç o po pa te de uitos agricultores, que têm medo de falhar e por isso ter que pagar as consequências. Apesar deste medo infundado pelo desconhecimento por parte de alguns, existe uma parcela ainda considerável que procede è produção integrada por diversos motivos, inclusive como menciona o agricultor E, que está a utilizar a certificação de produção i teg ada po ue te a tagens a nível de qualidade de venda de castanha e é uma ajuda o ple e ta pa a os ustos apesa de te ta algu s disp dios associados ao controlos nos soutos, em que os engenheiros vêm verificar a o fo idade e esse t a alho te ue se e u e ado .

Co o o e ta o ag i ulto D O su sídio te u i pa to tal e ual o o a asta ha na mesma dimensão. Acho que isso deveria ser conforme as estatísticas do ano, se o produto está a dar rendimento ao mercado devia se apostar no agricultor. Há castanheiros que estamos a cultivar por causa do subsídio porque senão era impossível porque há soutos que não dão rendimento principalmente no seu início, normalmente demora vinte anos a dar o rendimento que compense os custos, até lá somos oti ados pelo su sídio . Pa a o lui o ag i ulto I a es e ta ue ais u a

ajuda ue e e ue fu io a o o oto oti ado e pa a a p oduç o deste f uto . No que respeita à agricultura biológica apenas o agricultor B tocou no assunto dizendo que a ag i ultu a iológi a é sempre uma boa escolha, apesar de que na castanha, quando pensamos em agricultora biológica, pensamos em colheitas se calhar em 30% ou 40% menos do volume daquilo que colhemos agora. Posso dizer que os castanheiros que tenho mantido em agricultura biológica, porque não tenho aplicado nenhuns produtos, não são rentáveis, simplesmente não são rentáveis. Tanto no tamanho da castanha como na

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qualidade, são muito mais pequenas, muito mais bichosas, produzem muito menos, por isso s o uito e os e t eis . A ui quero acrescentar o facto de que, tal como proferido pelo eloquente, não são usados nenhuns produtos quando o mesmo realiza a produção biológica, porém é sabido que conforme descrito na revisão de literatura já existem produtos que podem ser aplicados e que melhoram as produções, não implicando que as mesmas deixem de ser consideradas biológicas. Dentro de todos os inquiridos, o agricultor J foi o único que mencionou a certificação GLOBALGAP que requer outros cuidados e tratamento adequados para com os soutos e que mais uma vez, valoriza o produto no ato da venda. 11.3.4 Pagamento da faturação Denota-se alguma flexibilidade no pagamento da faturação, dependendo da relação para com o comprador. Mas em termos de respostas a essência foi a mesma. Como evidencia o agricultor E, depende muito do cliente, podendo ter flexibilidade no

o e to do e e i e to ou o. Ele e pli a: Qua do e do ao lie te ha itual, e que já existe uma relação construída baseada na confiança, entrego a mercadoria e posso esperar um mês ou mais pelo pagamento. Relativamente a clientes que aparecem e não os conheço bem o pagamento é feito no ato da entrega para não ficar sujeito a ficar sem a mercadoria e sem o dinheiro da mesma . 11.3.5 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções Na perspetiva dos agricultores os problemas existentes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável são as pragas/doenças, as alterações climáticas, a falta de mão-de-obra. 11.3.5.1 Pragas/Doenças Na perspetiva destes experientes agentes, e tendo em conta que são aqueles que mais em contacto estão com o souto, as pragas e doenças mais visíveis e temidas são a vespa asiática, a tinta, o Xyleborus e o cancro. A vespa-das galhas foi designada pela maioria dos agricultores como uma das ameaças mais assustadoras, pois segundo os mesmos pode provocar uma enorme quebra na produção e como diz e bem o ag i ulto H: a espa-das-galhas é a mais difícil, pois dependemos de uma luta biológi a .

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Surpreendentemente surge numa das entrevistas, uma nova e boa sugestão por parte do agricultor D1, que considera que a vespa mudou o sistema de limpeza das árvores. Ele explica que normalmente a limpeza é feita antes da primavera, perto do rebentamento das folhas, para evitar o alastramento do cancro, porque como a árvore está em fase de rebentamento as feridas efetuadas na poda tapam-se mais depressa, não ficando estas tanto tempo abertas e propícias ao cancro. Neste momento, e com o surgimento da vespa asiática, a limpeza deve ser efetuada após a colheita das castanhas, procedendo-se a limpeza geral das galhas que tenham vespa, de modo a não permitir que esses ramos permaneçam até à Primavera. O locutor ensina que cortando os ramos cedo, por sua vez eles renascem mais cedo do que habitual, e quando a Primavera chegar, os ramos da parte brava do castanheiro já estarão florescidos (uma vez que florescem mais cedo), e a partir do enxerto de variedade (que é implantado no castanheiro) para cima só rebenta mais tarde, o que significa que quando as vespas vêm ao encontro do castanheiro para se instalar, já não se instalarão nos ramos superiores onde brotam as flores, residem os ouriços e nascem as castanhas da respetiva variedade enxertada, instalando-se na sua maioria na parte brava do castanheiro, pousando essencialmente nas folhas, não destilando tanto prejuízo sobre as produções transmontanas. Relativamente aos restantes problemas, percebe-se que segundo a perceção dos agricultores, a tinta é um problema grave porque não há forma de combater, é como uma morte súbita do castanheiro, apenas se pode tentar prevenir. O Xyleborus é uma recente praga que faz com que as árvores sequem sem que ninguém se aperceba antes. O cancro, apesar de perigoso para a cultura do castanheiro, é visto de forma mais amenizada comparativamente aos problemas anteriores, tal como fundamenta o ag i ulto F : Se os ape e e os a os o ta do os a os e aspa do a as a do

asta hei o at ti a a pa te o ta i ada . 11.3.5.2 Mão-de-obra Algo em que todos concordaram foi a dificuldade em encontrar mão-de-obra, essencialmente para a época da colheita. É frequente ouvir dizer que é um negócio de gerações, e por isso há recorrência, em muitos casos, praticamente apenas à mão-de-obra familiar. Já quem não tem essa oportunidade consegue arranjar mão-de-obra

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perto ou longe da região, às vezes, e se pagar jeiras mais altas com a adição do custo do transporte. Recorrer à mão-de-obra estrangeira será, para a maioria dos agricultores, uma opção de último recurso, apesar de ser mais barata, pois para além dos roubos aleatórios pelos soutos, ainda têm a lata de quando apanham para os pat ões, fi a e o lo al e i e l poste io e te out os dias e e t a e po ali a

de t o o o se fosse tudo deles, apanhando e roubando. Chega ao cúmulo de os roubos serem efetuados durante a noite com lanternas na cabeça ou com os faróis das viaturas a iluminar os soutos. É ainda acrescentado o facto de eles não fazerem o trabalho em condições e ainda serem mal-educados. Para evitar os roubos as castanhas devem ser apanhadas mais rapidamente, impedir que eles vaiam ao rebusco, os soutos devem ser melhor vigiados, por parte dos donos e pelas autoridades do SEF (Serviço de Estrangeiro e Fronteiras), e nenhum ajuntador ou grossista deve comprar castanha a estes indivíduos. O agricultor I3 explica que é difícil encontrar alguém com a habilidade de fazer a li peza os soutos e o dições, te os ue os sujeita ao ue h . Reside a ui a presença da característica emprego/formação, em que muitas pessoas trabalham nos soutos, mas não o sabem fazer adequadamente e não tem noção de como deve ser feito. Ora bem, juntamente com eles entra aqui também o caso de agricultores, que sabiam fazer tudo muito bem, mas que de acordo com as novas técnicas inovadoras que são acrescidas, alteradas e melhoradas a cada passo, o já não o sabem fazer. Existe então uma lacuna que deve ser preenchida oferecendo formação atualizada a todos os que estão em contacto direto ou indireto com os soutos. É marcante avistar que muitos produtores têm a noção que vão envelhecendo, chegando mesmo o ag i ulto C a solta u desa afo: po e ua to eu ai da uido dos eus soutos, as

da ui a u s a os j o te ei apa idade e fo ças pa a o faze . De e se i pulsionado o incentivo à fixação de pessoas no interior, para corrigir estes problemas. Perante a possibilidade da colheita mecânica já existente, existe uma maioria com opi i o o t o e sa e elaç o es a. Co o e io a o ag i ulto E É ais rentável a colheita à mão, porque a máquina apanha lixo e apanha tudo, o que leva a custos posteriores na escolha e na limpeza da mercadoria, já para não falar é cara, tem que ser utilizada em terrenos grandes e que estejam preparados, o que não é caso

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desta região. A maquinaria também faz com que a castanha perca qualidade, ficando ais assa e pe de do a sua o e eleza , e p e isa e te a ui ue se pe de algumas das características que fazem com que esta castanha não seja aceite na certificação DOP da Padrela, uma vez que perde as suas melhores qualidades, desvalorizando o produto. 11.3.5.3 Alterações climáticas O agricultor D1 explicita de forma mais minuciosa que o problema que ele considera mais assustador são as alterações climáticas, pois se tiver calor o mercado fresco não tem saída porque as pessoas não querem castanhas, e isso pode provocar a procura dos clientes pela longal que dá para a indústria, em detrito do valor alto que a judia tem. Este fez ainda questão de contar um facto verídico que lhe aconteceu, citando:

Foi e ifi ado po i o e oei o f io de a h ua do fui ao souto, a folha ta a o castanheiro e tudo parecia estar em conformidade, contudo nessa mesma tarde devido aos raios solares fortes e calor forte sobre os castanheiros, quando lá fui qual o meu espanto quando me deparei com muita folha no chão. É incrível ver que por onde passa a septo iose est aga . E te os a ie tais, e iste o o he i e to po pa te do ag i ulto B ue e pli a: Sei de um projeto que ainda não está implementado, que está em fase de implementação, acho que faltam alguns fundos, mas é um projeto para a instalação de uma estação meteorológica na serra e que nos é muito útil, para nós conseguirmos prever e calcular o clima, e assim antecipar os efeitos das alterações climáticas. Não sei o o e desse p ojeto, ue te esse p ojeto a Aguia Flo esta . Para combater a seca, é percebido que a solução dos agricultores passa pela implementação de um sistema de rega, gasta-se o dinheiro e pode até nem ser muito usado, mas se lá estiver têm essa opção quando for preciso, caso contrário se a seca se instalar pode ter consequências nefastas e aí já não haverá nada que possa ser feito. Sendo uma das possíveis soluções à seca os soutos em regadio, observa-se que a existência de informação ou a falta da mesma está bastante balanceada. Há agricultores que defendem a rega dos soutos e que obtiveram bons resultados, outros admitem que apesar de momentaneamente não usarem mais tarde vai fazer falta derivado à seca. São conhecidos pela maioria o sistema de a gota a gota, com

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depósitos de água (cisternas) e bombas. Obviamente, os sistemas de rega têm que ser bem pensados e tendo sempre em consideração a zona onde estão a ser implementados pois por norma os castanheiros vivem com pouca água e por isso deve-se dar-lhes apenas a quantidade de água essencial, e assim nasce mais um custo acrescentado a esta cultura. Uma opinião que vem de forma mais instrutiva tentar demonstrar que realmente o siste a de ega efi az, o ag i ulto I ue elu ida: Fi a a o, po se fosse regados teria muita mais produção porque zonas de mais precipitação tem mais p oduç o . Apesa disto, e iste ai da a ueles ag i ulto es ue est o eti e tes a essa questão, mas justificados por desconhecem as suas funcionalidades. 11.3.6 Perspetivas futuras Por fim, as perspetivas dos agricultores são variadas, mas todas elas têm presente uma ideia reticente de que com o tempo, se não forem implementadas medidas que combatam estes problemas, poderá ser o fim deste fruto nesta região. O agricultor H afirma que apesar destas ameaças todas, a castanha é um produto com bom escoamento, e por isso é esperado que se houver estudos que consigam ultrapassar estas doenças o castanheiro vai ter sucesso uma vez que a castanha é um produto muito requisitado principalmente pelo mercado externo. O sucesso da castanha é a última esperança dos agricultores. 11.4 Ajuntadores 11.4.1 Impacto do negócio da castanha Passando aos segundos entrevistados, que são os ajuntadores, podemos dizer que o negócio da castanha ganhou, e continua a ganhar um impacto grande para as suas vidas. O ajuntador A começa por explicar que iniciou o negócio devido à crise que assolou o país a partir de 2011, e pertencendo ao ramo da construção que foi o mais afetados pela crise, viu-se obrigado a procurar alternativas, e chega mesmo a dizer que o negócio é rentável mas para isso não se pode olhar a horários e fins-de-semana. Para sublinhar ainda mais esta ideia, ue e todas as e t e istas foi isí el, o aju tado C a es e ta: O egó io da castanha para mim é um negócio importante, pois na zona onde vivo só as castanhas dão

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rendimento. O resto das culturas não compensa nem paga as despesas. No que toca a rendimentos o que se ganha na aquisição da castanha dá para investir em novos projetos desde a plantação de soutos à aquisição de novas máquinas para as culturas dos mesmo, e la o u elho o fo to pa a o esto do a o . Assim verifica-se que apesar de alguns ajuntadores elaborarem em sintonia este negócio juntamente com a agricultura da castanha, existem outros das mais diversas áreas que entram neste circuito como forma de obter um rendimento secundário que lhes permita ter uma melhor qualidade de vida. De forma global, todos estes ajuntadores possuem um elo de ligação a soutos ou tem o intuito de proceder à plantação dos mesmos, encontrando-se estes relativamente próximos de pessoas e em regiões onde a castanha está presente. Poucos são aqueles que não têm produção ou intenção de ter. 11.4.2 Compra/Venda das castanhas No que toca à escolha de compra apenas para um grossista ou mais, notaram-se duas perspetivas, a fidelidade apenas para com um, ou ter mais que um para diminuir o risco e garantir o escoamento na sua totalidade. A primeira destas duas perspetivas é a mais optada, por uma razão principal, como mencionou o ajuntador E, que apenas vende a um grossista, em virtude de lhe ter dado segurança e confiança na transação. Outro motivo, é o facto de ser um processo que já perdura há muitos anos e estando contente com o cliente que escoa todas as castanhas não há motivos para trocar. Foi ainda relatado por diversos entrevistados, que vender apenas a um grossista, uma vez que tenha a quantidade que tiver garante o seu escoamento, e seja um ano bom ou mau sabe que essa relação de confiança e de compromisso irá garantir o escoamento da mesma. Por outro lado, temos então a segunda perspetiva, que é optada por uma minoria, mas que é feita com base em vários motivos, sem deixar de ter sempre em mente a existência de externalidades negativas. Segundo o ajuntador A pelo compromisso que têm para com os agricultores que lhes são fiéis, optam por vender para mais do que um grossista, pois assim falhando um pode sempre abrir uma porta do outro lado e vender a outro, conseguindo assim manter os laços de confiança com os produtores. Contudo é assumido pelo entrevistado que vender para várias empresas também tem pontos negativos, como a

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perda de confiança das mesmas, pois podem achar que servem melhor uns do que outros, podem pensar que revelam o que se passa nas instalações de cada um, e que podem ter mais tentação em fazerem chantagem para atingir melhores preços. Em termos de transporte da mercadoria do agricultor até aos grossistas o transporte pode ser alugado, próprio ou fornecido pela empresa grossista para a qual compram, sendo verificadas de forma maioritária estas duas últimas opções. Na negociação o processo é basicamente sempre o mesmo, como referiu de forma mais completa o ajuntador B que explica que depende muito da procura e da oferta. Porque quando há muita procura o preço sobe e aí já é mais difícil negociar porque há muitos concorrentes a tentar comprar a castanha, e se a oferta é maior já se compra a melhor preço. Por outro lado, alguns agricultores têm consideração pelos compradores que lhe compram todos os anos, sejam anos bons ou maus e por isso muitas vezes guardam-lhes as castanhas. Torna-se complicado e pese-embora que se a concorrência oferecer mais pelo produto algumas pessoas acabam por ceder, ficando muitos agricultores aborrecidos porque o ajuntador em quem faziam confiança não conseguiu igualar os preços. De uma forma simplista e objetiva, quando se chega ao agricultor em primeiro lugar vê-se a qualidade do produto, depois chega-se em acordo em relação ao preço por quilograma. Após o consenso entre ambas as partes o procedimento é o mesmo, pesar as castanhas, seguindo-se o carregamento da camioneta e passando por fim o talão de compra ao agricultor em questão. A parte do processo considerada por estes agentes como a mais difícil é tentar comprar ao preço corrente (que na maioria dos casos lhes é estipulado pelo grossista), sem ter que aumentar os preços a pagar aos agricultores, resultando isso numa margem menos apelativa para o ajuntador e podendo ainda refletir num aumento de preço para o grossista ou fazer-lhe perder o total interesse no produto. E como existe um grau elevado de competitividade na busca pela castanha, deve existir uma estratégia envolvida. Normalmente, pelo percebido das entrevistas, a estratégia por numa fase inicial perguntar ao agricultor se tem castanhas, depois mesmo que digam que já estão vendidas, insistir mais um bocadinho e dar-lhe um preço superior ao que têm, e nesse caso já pensam duas vezes que pode surgir daí um grande negócio. Isto claro

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acontece naqueles que são abordados pela primeira vez. Os que costumam ser fornecedores habituais, quando são tentados pelos concorrentes costumam informar o seu comprador habitual para ver se o mesmo consegue fazer um preço melhor porque preço por preço preferem vender-lhe a ele, devido à confiança previamente criada. O aju tado E e io a alo es o o: edu aç o, si e idade, se iedade e o fia ça . Importa referir que apesar da estratégia anteriormente mencionada estar mais ligada pelo laço de relação, existe também outra vertente mais monetária, como nos elucida o aju tado A dize do ue paga a p o to u po to p i o dial . E te os de ualidade do p oduto O o t olo de ualidade feito at a s de testes como por exemplo cortar um quilo de castanha para ver a percentagem de bicho e de podridão. A variedade é examinada à primeira vista, pois como ajuntador estou habituado e o heço todas as a iedades aju tado C . Isto apli el a todos os e t e istados. A flexibilidade do pagamento pode variar dependendo do agricultor. Se for um agricultor habitual, está disposto a esperar um mês ou mais, no caso de existirem agricultores

o os te ue se lhe pe gu ta o o ue o paga e to, po ue esses asos uito importante pagar a oito dias ou até mesmo no ato da compra porque é uma mais-valia para conseguir ganhar um cliente para os próximos anos. Tudo isso por causa da elevada concorrência. O principal objetivo destes intermediários é aproximar ou diminuir a distância entre o grossista e o agricultor, tendo em conta que existem milhares de produtores e os poucos grossistas não conseguem alcançá-los, até porque a distância é bastante longa, tendo sempre presente o foco de obtenção de rendimentos. 11.4.3 Relação Ajuntador - Agricultor E porque a relação e o conhecimento é essencial, os ajuntadores não costumam variar as suas zo as de o p a, te do se p e o seu luga segu o ue uitas ezes ata ado por novos concorrentes. A maioria dos ajuntadores tentam sempre alargar os seus horizontes. É importante ter em atenção, que como se trata de um negócio sazonal, a proximidade

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durante o ano vai interferir e ajudar nesta ligação, sendo que de ajuntador para ajuntador, os que vão beneficiar mais são aqueles que para além de exercer esta função, são ag i ulto es, e po isso, o o e pli a o aju tado C: Vi e os u eio pe ue o, logo encontro os agricultores muitas vezes, e por vezes eles necessitam de conselhos para uida dos seus soutos e e o e a i . Esta ideia efo çada pelo aju tado B ue refere que na sua opinião o mais importante e aquilo que opta por fazer é tentar durante o ano manter o contacto físico, desde abordá-los na rua até ir visitá-los e perguntar como se está a desenrolar a produção. 11.4.4 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções Foi adquirida, nestas entrevistas, muita informação valiosa e que vem comprovar os desafios e problemas existentes na revisão de literatura. Como afirma o ajuntador A, a castanha é um produto cada vez mais procurado, mas há fatores que podem fazer emperrar a cadeia comercial como a sanidade do fruto, a altura em que caem as castanhas (se for muito cedo, no tempo mais quente, não são tão apetecíveis e a conservação é mais reduzida), a apresentação nas lojas comerciais não é a mais adequada, se a castanha cair ao mesmo tempo nos países produtores há problemas de escoamento, a qualidade do produto fica comprometida com a subida das temperaturas e mais propícias a vários tipos de ameaças, os roubos essencialmente por parte de estrangeiros (que cria conflitos entre agricultor e ajuntador ou grossista porque são acusados muitas vezes de comprar as castanhas a esses lad ões , e a o o ia desleal po pa te de pe ue os etalhistas (que pagam sempre mais caro, sem fatura e no ato, e isto permite-lhes que escolham apenas os sacos com as melhores castanhas, comprometendo assim em elevada escala o trabalho do ajuntador, uma vez que é impossível concorrer contra estes fatores todos que são por norma ilegais). Todos estes fatores comprometem seriamente a produção de castanha, alguns são passageiros e acontecem de vez em quando, mas o problema climático e da vespa asiática vai estar presente nas produções vindouras.

H uitas egiões ue i e su sta ial e te da asta ha, de o i ada o o o ou o de Carrazedo Montenegro, e por isso logicamente esta esmagadora quebra na produção vai afetar e muito significativamente agricultores, ajuntadores, grossistas, comércios locais, entre outros envolvidos de forma direta ou indireta neste negócio.

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É de alo a es e tado efe i ai da ue, o o efe e o aju tado D, a aio ia dos produtores já tem uma idade muito avançada, o que às vezes torna difícil a perceção das novas exigências do mercado bem como cuidados que devem ter nos seus soutos de modo a não comprometer a saúde pública e o meio ambiente, abusando muitas vezes dos he i idas , e a es e ta ue pa a pio a a situaç o, existem ainda muitos agricultores que não vendem as castanhas no momento certo, e as guardam com o intuito de lhe pagarem mais, acabando por consequentemente ficarem com as mesmas nos seus a az s, pe de do assi o alo das es as po ga ia . São consideradas como possíveis correções aos pontos mencionados, segundo as perspetivas destes operadores, dar prioridade às largadas de insetos que se alimentem das larvas do parasita que vem afetar os ouriços, incentivar os agricultores a colocarem sistemas de rega nos soutos tentando que essas medidas sejam apoiadas pelos organismos interessados, estudar se com a subida das temperaturas será possível fazer plantações de soutos em terras mais altas (que são mais expostas ao frio), acondicionar o produto em fresco (quer nos furgões, camiões e armazéns), deve-se escoar o produto o mais depressa possível (para que esse durante o processo não perca tanta qualidade), uma boa apresentação do produto nas comerciantes finais é essencial para que haja vontade de consumir (muitas vezes são visíveis castanhas secas e mirradas que não são apetecíveis), uma maior fiscalização por parte das autoridades competentes nas estradas e nas aldeias (para vigiar e a controlar se a mercadoria é comprada ou não com faturação), atrair pessoas através de apoios possivelmente da câmara municipal (de modo a não deixar que o interior fique deserto), e implementações de possíveis adaptações nos soutos para uma eventual receção de maquinarias de colheita em caso de necessidade. Neste contexto importa ainda referir que para que uma boa relação para com os agricultores não seja afetada deve-se ati a a o fia ça e fidelidade po pa te dos agricultores mostrando-lhe que uns perdem os outros consequentemente perdem ta aju tado C . 11.4.5 Perspetivas futuras As futuras perspetivas destes agentes são na sua maioria boas, mas sempre remetendo a atenção de que só combatendo e fazendo por ultrapassar estas problemáticas, a castanha

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o segui al a ça su esso. O aju tado D elu ida ue se o seguíssemos combater estas dificuldades, atingir-se-ia portanto um objetivo fundamental e comum no mundo inteiro que era o de criar sustentabilidade e até mesmo fontes de rendimentos para gerações futuras, tendo em conta que esta região do interior depende muitos dos rendimentos provenientes do castanheiro, que apesar de suscetível a vários ataques tem u a espe a ça dia de ida ele ada . 11.4.6 Conclusões Dentro da cadeia de abastecimento da castanha os ajuntadores são aqueles, que apesar da feroz competitividade na procura, têm mais vantagens pois a sua única função para além de conquistar os agricultores é proceder ao transporte de mercadorias até ao grossista, e mesmo que haja volatilidade nos preços o mesmo continua a ganhar a mesma margem, isto claro se for um ajuntador que compra somente para um grossista e dependendo do acordo pré-elaborado. O problema que aqui surge muitas vezes independentemente da qualidade da castanha é o objetivo inapropriado de o intermediário querer fazer o máximo de quilos para ganhar mais. Qualquer interrogação a nível ambiental é quase inexistente uma vez que os mesmos se limitam a transportar as castanhas no estado em que as encontram na casa do agricultor e as colocam assim mesmo no grossista, não tendo uma intervenção tão aprofundada com o fruto e por isso não tendo nem revelando tanto impacto como os outros intervenientes da cadeia. 11.5 Grossistas Passando à próxima fase da cadeia de abastecimento temos os grossistas que tem um papel fundamental, tornando-se importante saber aquilo que se passa realmente no terreno onde eles atuam. 11.5.1 Evolução e descrição da atividade A ideia de criar uma empresa grossista é uma ideia de valor histórico e familiar, que foi incentivado pelos antepassados dos agentes envolvidos. Tal como refere o grossista A, esta ati idade j e dos a os 9 e foi passa do de ge aç o e ge aç o . A ideia su giu ainda no tempo do seu avô, já nessa altura, este produto tinha o seu valor potencial, nascendo daí a sua comercialização. A essência de início de exploração deste fruto é

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basicamente a mesma para todos, o motor é familiar e histórico e aquilo que os motiva a continuar é a angariação de um rendimento com um valor atrativo. Os passos a que procederam não foram muito distintos, e passavam essencialmente por visitar possíveis clientes além-fronteiras e assim angariá-los de forma a ter escoamento do produto, fazer investimentos na construção de um pavilhão e mecanização para calibragem e embalagem do produto. Como já havia muita produção na região, encontrar fornecedores deste produto não causou qualquer dificuldade na aquisição da mesma. Quando a castanha entra num armazém de um grossista até à sua saída, ela passa por di e sas etapas, tal o o e u e adas pelo g ossista D: E p i ei o luga a asta ha chega e é pesada e controlada de forma a garantir a sua qualidade e identificação da variedade. Posteriormente passa pela linha de calibragem, embalagem e novamente pesage pa a depois faze o a ega e to o espeti o t a spo te e e t ega ao lie te . 11.5.2 Comercialização As dificuldades entendidas relativas à comercialização deste fruto prendem-se essencialmente ao facto de haver fragilidade de conservação do produto uma vez que além de diminuir o seu peso em armazém ainda pode aumentar o desenvolvimento de bicho na mesma atingindo uma percentagem maior quando chega ao cliente e por isso muitas vezes esse problema faz com o valor da mesma num camião desça. Como resolução dessa problemática, segundo perspetivas grossistas, deve evitar-se ter stocks elevados e proceder ao escoamento da castanha o mais rapidamente possível, já para não falar de lhes oferecer as condições de temperatura adequadas que ficam entre 0 e 2 graus positivos quer enquanto as armazeno quer no seu transporte. O grossista C vê a problemática da comercialização co out os olhos ita do: a difi uldade o se ada a o e ializaç o deste fruto é se calhar o excesso de compradores secundários, pois agora qualquer um trabalha com a castanha. Isso vai ter influência não só pelo aumento dos preços como também na escassez de castanha e cá há muita procura. Há excesso de gente a juntar, se do ue, uitas ezes s o pessoas ue o pe e e ada de asta ha , e adia ta ue

o es o se pode esol e faze do u aio t a alho de a po po ta a po ta dos agricultores, para fica o a o iss o do i te edi io, pois ais algu a e t a . Em termos de estabelecimento de preços da castanha, ficou esclarecido que é o mercado e

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a relação entre a oferta e a procura que está no comando, podendo o seu valor mudar rapidamente. Segundo o g ossista B A Judia est o topo . O g ossista C faz uest o de p o u ia ue

a ais o e ializada esta zo a a Judia ue ale e t e € e , €/kg, depois a Lada po

olta de , €/kg e a Redo da ue ale e a de €/kg . A ideia do g ossista D e ainda completar que há também variedades com relevância na comercialização como a Longal, a Lada, Côta, Martaínha e Bouche. 11.5.3 Opção de produção própria Estes grossistas, na sua maioria optam por ter produção própria com a justificação de que sabendo que é o fruto que dá mais dinheiro por quilo, há um esforço por ter produção p óp ia. E iste ai da essa aç o, o o i tuito de, o o diz o g ossista D, da ais rentabilidade e tem maior garantia de produção no que diz respeito ao fornecimento dos nossos clientes . 11.5.4 Possibilidade de implementação de unidades fabris Se houvesse a possibilidade de implementar um sistema de transformação nas instalações destes grossistas era ótimo, pois todos demonstram que seria muito vantajoso. O grossista C e ide ia ue a t a sformação é uma mais-valia e traz valor acrescentado ao produto, o que já exige um investimento mais forte que a calibragem e embalagem. Como cada vez mais não há a vertente de consumir a castanha em fresco, a solução passará pela transformação durando a sua vida útil mais. As empresas não se arriscam porque também existe a recente praga e têm medo de investir e depois não ter retorno. É um ciclo como o de Itália, que teve 0 de produção, e apesar de já termos algum trabalho de campo no combate, há receio de fi a igual aos izi hos italia os . 11.5.5 Relações 11.5.5.1 Relação Grossista - Agricultor Alguns agricultores tomam a iniciativa de levarem diretamente a castanha aos grossistas sem passar por intermediários, e a conclusão a que se chegou através das entrevistas, que eles o fazem muitas vezes após a apanha nos soutos de forma a não sofrerem mingas nos próprios armazéns, para tentar negociar um valor mais abastado devido à não existência de

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um intermediário, e devido à relação de confiança e gostarem de apreciar o ambiente. Há a e tuaç o po pa te do g ossista C ue assi ha e Pe a de peso po o ta de ue compra e não por conta de quem vende. Tentam também fazer pressão junto de nós para tentar levar um preço com mais 5 ou 10 cêntimos (que seriam dados a outro ajuntador), e obter assim uma mais- alia . 11.5.5.2 Relação Grossista - Ajuntador Na seleção de ajuntadores os aspetos revelados são essencialmente o desempenho e esultados o tidos de ada u , í ulo da o fia ça e pela ualidade. Os ue o conhecem a castanha é melhor tirá-los do circuito porque só trazem prejuízo e ainda compram mais caro, e por isso o melhor mesmo é dispensa-los g ossista C . 11.5.5.3 Relação Grossista – Clientes internacionais É fundamental falar ainda na relação para com os clientes internacionais, pois a dependência do mercado externo é real. São sugeridas, pelo grossista A, como a a te ísti as fu da e tais de u a elaç o se t a uila, e t a spa e te e ealça ue

te os e ossas os o elho p oduto po eles p o u ado . 11.5.6 Controlo da qualidade Para garantir o controlo da qualidade, as ideias são similares, sendo que o grossista C afi a: E iste u a pessoa ue faz o o t olo de ualidade a e t ada do p oduto,

faze do f utos e kg e ue pe e tage te de i ho, % de a hadas e defeitos i te os . O transporte da mercadoria é feito por todos de igual forma, pois todos concordam que o mesmo deve ter as condições propícias para que a castanha não perca qualidade, se estrague, ou até de uma forma mais drástica comprometa a saúde pública. 11.5.7 Preocupações ambientais Na dimensão ambiental, estes armazenistas, referem que tem vários cuidados com o tratamento de resíduos e desperdícios. Eles explicam, que é essencial que os agricultores não coloquem a castanha em sacos de adubo ou fertilizantes porque muitos ainda têm essa mania. Os sacos inutilizados são recolhidos de forma adequada, havendo uma empresa (SUMA – Serviços Urbanos e Meio Ambiente) que disponibiliza um contentor para colocar os sacos utilizados bem como outros resíduos. O grossista B destaca ainda o facto

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de ue se de e usa as asta has despe diçadas ou pod es pa a faze est u e pa a os

soutos . 11.5.8 Certificação DOP Em termos de certificações há uma lacuna em termos de informação, porque muitos grossistas não sabem daquilo que devem ou se torna vantajoso implementar. Uma das e tifi ações ais ade idas a DOP da Casta ha da Pad ela. O g ossista B ealça ue ada vez mais, seja o produto que for, vai ter que ter certificações, não há volta a dar, isso é o

futu o . 11.5.9 Apoio financeiro O apoio financeiro não é difícil de ser alcançado se a empresa tiver bons resultados, porém o o efe e o g ossista C o oope ati is o te u siste a i ple e tado ue de e ia sere implementado aos outros players da castanha, porque têm mais flexibilidade de pagamento. A cooperativa não pesa, não dá preço, não paga logo e tem muitas mais a tage s, e ua to ue ós te os ue i a a . Denota-se, portanto, aqui a presença da característica da concorrência desleal entre as empresas privadas e as cooperativas na relação com o agriculto /p oduto . A ós, a aio ia dos ag i ulto es ti a -nos na margem e tiram-nos no dinheiro que lhes temos de dar logo. Alguns deles esperam, mas fazem sempre questão de nos relembrar, como se esperarem algum tempo para receber fosse um favor que nos fizessem. Nós a ser tratados como enteados e as cooperativas a ser tratados o o filhos . 11.5.10 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções Em termos de problemas serão relatados alguns que surgem como novidade e que não foram ditos anteriormente porque a fase da cadeia de abastecimento onde se encontram não permite uma visão tão ampla como a destes operadores. 11.5.10.1 Pragas/Doenças Em relação à praga que está a chegar prevê-se uma descida na produção provocada pela mesma. Até aqui nada de novo, é uma perspetiva que coincide com a dos operadores anteriores.

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Há ainda uma preocupação relacionada como o abandono dos soutos caso não haja uma ação de intervenção por parte de entidades superior que ajudem os agricultores, devendo estes unir-se e bater o pé ao ministro da agricultura, pedindo um subsídio extra que dê uma ajuda devido à quebra futura na produção, enquanto a vespa nas terras transmontanas perdurar, caso contrário, poderá vir a verificar-se um abandono dos soutos e das aldeias também. Em relação à vespa asiática, o grossista C, explica que devemos insistir na luta biológica com associações, poder político agricultores e cooperadores, lançar mais Torymus e combater. E todos juntos somos mais fortes. Assim poderemos minimizar os estragos, e como já sabemos como combater a praga é só agir. Itália já não teve essa sorte. 11.5.10.2 Alterações climáticas Como explica o grossista C, as alterações climáticas estão a provocar a perca de árvores, fruto da seca. As soluções apresentadas pelos entrevistados na resolução destes problemas são de uma forma geral mencionadas de forma mais explícita pelo grossista C. Este aconselha tudo que é novas plantações a colocar rega de forma o t olada. Te os e ões p olo gados, e sete o ge te a p aia, esta os a fi a um pouco o te de f i a e j o te os ta to as uat o estações, e o i e o e a falta de neve já não matam a i ha ada das te as . De e-se recorrer à rega pela copa e à implementação de sistemas de rega. Será mais caro levar a água para os soutos do que a própria instalação do sistema. A rega já é utilizada por exemplo por Itália, porque não conseguindo prever as temperaturas, controlam melhor essas ameaças que possam surgir repentinamente. 11.5.10.3 Mão-de-obra Há falta de mão-de-obra, o que leva à recorrência de mão-de-obra de locais mais distantes o que provoca um acréscimo nos custos. 11.5.10.4 Concorrência desleal

Po ua do se to a as pala as o o ia desleal , su ge u a o idade ue fala sobre castanhas provindas do Chile, adquiridas por operadores portugueses, colocadas no mercado como sendo portuguesas. A verdade é que apesar de dizerem que são castanhas portuguesas que vieram mais cedo, o que é inconcebível, pois não havendo castanhas

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ainda é impossível justificar a existência delas no mercado. Os grossistas entrevistados sancionaram e consideraram vergonhosa esta atitude por parte de outros operadores que t a alha o a asta ha, e pli ita do o g ossista C ue se ue e des alo iza as castanhas chilenas, a verdade é que qualidade não é a mesma, e isto est a da asas a uma problemática gravíssima, pois estão a estragar o nome da castanha Portuguesa, i duzi do os o su ido es e e o . Faze do o io de asta has o iu das de fo a de Portugal, deve identificar-se o produto com a verdadeira origem que tem. No que toca à entrada do produto em Portugal devia haver mais fiscalização e exigência perto do operador, obrigando-o a rotular da forma correta, senão uns estão a construir a imagem da castanha portuguesa por um lado, e outros destroem pelo outro. 11.5.11 Perspetivas futuras Como perspetivas futuras, existe aqui novamente uma dúvida, se Portugal é capaz de ult apassa ou o os ilões ue t su gido. Co o fala e e o g ossista B A í el de comercialização a nossa zona não vai ter dificuldade em escoar o produto. O problema maior é com as pragas e consequentemente haver menos produção e não termos produto suficiente, e a procura sendo maior o preço vai disparar e o cliente internacional pode não estar disposto a pagar mais caro, podendo recorrer a outros países que mesmo que a asta ha o seja tao oa pode se uito ais a ata .

O g ossista C apesa de esta ap ee si o la ça a uest o Se It lia o seguiu e upe a

po ue ue os o o segui e os? e a es e ta o toda a e teza ue a os te uma fase mais difícil para operadores e agricultores, mas como temos avanço em relação à Itália, esperamos que a praga seja menos prejudicial que nos vizinhos italianos e franceses. Esperemos que ela não fique tanto tempo. Os idosos não migraram mesmo com a quebra da produção na Itália. Se a produção baixar muito poderá vir a verificar-se um abandono por parte de uma faixa etária mais jovem como aconteceu no norte de Itália. Os emigrantes que vêm da frança para a apanha nos seus soutos deixarão de vir e poderão abandonar os seus soutos. Apesar disto a castanha é sem dúvida o produto de mais valor a es e tado da egi o .

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11.6 Transformadoras Em termos de transformação, as entrevistas conseguiram alcançar um nível em maior escala, sendo entrevistadas duas transformadoras, uma italiana e outra francesa, de grande dimensão e que dominam o mercado, sendo estas umas das maiores importadoras de castanha portuguesa. O objetivo desta descrição detalhada de processos das maiores transformadoras internacionais prende-se com o facto de transmitir e ter noção do certo know-how existente nesses mesmos países que adoram a nossa castanha. 11.6.1 Evolução e descrição da atividade E como tudo tem um começo, estas transformadoras não são exceção à regra. A transformadora italiana surgiu por uma herança de família, começando o trabalho de transformação de castanhas na década de 50. Nos anos 80, iniciaram as exportações para a Europa e os Estados Unidos, e em 1998 iniciaram o processamento de castanhas para a indústria, congelando o produto previamente descascado e direcionando-o para vários mercados. A transformadora francesa afirma que o consumo de castanhas cozidas é um costume muito antigo na França e a tecnologia de descasque de castanha foi inventada por uma empresa da região de Périgueux na década de 1960. Naturalmente, na década de 1970, a sua empresa de agro-negócio regional foi equipada com este material industrial para o descascamento de castanhas e para o posterior processamento de produtos enlatados (caixas, frascos). O produto assim fabricado (castanhas enlatadas) foi rapidamente comercializado no mercado francês, que era muito exigente. A empresa respondia por 55% a 60% do consumo nacional nos anos 90. Desde então, outras empresas agroalimentares francesas têm-se interessado por esse mercado, recuperando assim as ações desse mercado. Atualmente, a empresa representa 25% do mercado francês. Relativamente aos pro edi e tos ue eles ti e a ue efetua pa a a o st uç o

deste egó io, a t a sfo ado a italia a afi a ue pa a al das auto izações burocráticas que se estão a tornar cada vez mais complexas na Itália e na Europa, foi certamente importante e estimulante conhecer a dinâmica do mercado de compra e venda, começando pelo conhecimento da matéria-prima, variedade de castanhas, tamanho, defeitos e doenças. Com o início das importações, tornou-se necessário

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começar a conhecer os mercados, as técnicas de exportação e pagamento, o he i e to de t a spo te, e alage e leis asso iadas s e po tações . Po out o

lado, a t a sfo ado a f a esa e pli ou ue i ple e tou a sua si ples e p esa a tecnologia utilizada para a queima em fornos a gás, o que tornou mais fácil descascar as castanhas, que são então processadas como um produto congelado (2ª faixa) ou um p oduto ozido e lata ª e ª fai a . Com esta atividade, a transformadora italiana tem como missão o consumidor final ou a indústria que utiliza os seus produtos para fornecer um produto ao consumidor final. O objetivo de longo prazo é criar uma empresa líder e um ponto de referência para o sul da Itália na transformação e comercialização de castanhas (frescas e congeladas) e outras frutas processadas. Para atingir esse objetivo de longo prazo, é necessário que a empresa produza lucros a cada ano e que esteja sempre atualizada em técnicas de processamento com uma gestão eficiente dos custos de produção e eficaz nas políticas de compra e venda de produtos. Já a transformadora francesa, tem como principal objetivo propor um produto processado cozido que correspondesse às expectativas dos consumidores para o seu uso gastronómico ao preparar refeições familiares para as celebrações do final do ano. Este produto é bastante adequado, já que mais de 80% dessa p oduç o o su ida esta po a do a o . 11.6.2 Etapas do processo de transformação Tornou-se interessante e curioso que estas transformadoras nos explicassem o processo pelo qual passa a castanha desde a entrada em armazém até à sua saída. A transformadora italiana enumera que no mercado congelado, dependendo do ano segue os segui tes passos: Esta ilizaç o t i a e / ou u a ou des as ue di eto, ultracongelação, seleção e embalagem de expedição. A francesa procede, explicando que no processo completo as castanhas são recebidas num camião refrigerado e, em seguida, a aze adas u a sala f ia a tes de se e usadas . As etapas a segui o processo de fabricação consistem em descascar (queimar, descascar e remover a pele), depois lavar e triagem mecânica (triagem ótica por câmara) e manual nos tapetes antes de embalá-los em enlatados (revestimento, pesagem e colocação ou nivelamento) e esterilização em autoclave para garantir a preservação a longo prazo do produto final acabado. As caixas ou frascos assim fabricados são então rotulados

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sob diferentes marcas e embalados para comercialização, principalmente em lojas de retalho francesas. 11.6.3 A castanha portuguesa nos mercados internacionais 11.6.3.1 Importação Em termos de média de castanha portuguesa importada por estas empresas, temos dependendo do ano entre 30% e 50% por parte da transformadora italiana, enquanto que a francesa num volume anual de 1200 a 1500 toneladas, a castanha portuguesa representa em média cerca de 60% deste volume importado. Esta última acrescenta ainda que atualmente, importa principalmente castanhas descascadas congeladas. Pode-se assim dizer que diante de todas as castanhas existentes no mundo, a castanha portuguesa sobressai nas maiores empresas internacionais. A longal ganhou o mérito quando foi referida como das melhores ou mesma a melhor variedade de castanha para indústria, chegando mesmo a ser premiada pelas palavras da t a sfo ado a f a esa ue fez uest o de ita ue se dú ida, a a iedade Longal, uitas ezes de elho saúde e ualidade o ga ol ti a . Foi importante questionar em que medida seria vantajoso importar a castanha diretamente congelada de Portugal em vez de fresca, e realmente denotou-se que são importadas castanhas descascadas e congeladas para atender às procuras sazonais, apesar de os intervenientes assumires que este produto ser muito mais caro. 11.6.3.2 Diferenciação No que concerne à importância da castanha portuguesa nos mercados internacionais esta efletida pela i dúst ia italia a o o u a asta ha ue dese pe ha u papel importante tanto no mercado de produtos frescos como para a indústria. O impacto é muito importante para os problemas que a plantação de castanha italiana teve e o ti ua a te . A i dúst ia f a esa faz uest o de t a s iti ue a p oduç o de castanha portuguesa tem vindo a aumentar nos últimos anos com, no entanto, variações significativas nos volumes, dependendo dos anos devido às alterações li ti as . A fo te p o u a dos e ados, e pa ti ula do e ado eu opeu, favorece a exportação de castanhas. Atualmente, Portugal exporta mais do que

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consome no mercado interno. As exportações são principalmente para a Itália, França e Espanha na Europa e no Brasil para o mercado internacional. A França importa 22% da produção portuguesa. As características da castanha portuguesa são diferenciadas pela transformadora italia a o o te do a a a te ística de se adaptar tanto aos mercados frescos como aos o gelados . J a f a esa faz uest o de lhe apli a ias a a te ísti as

a tajosas, e pli a do de u a fo a ais i u iosa ue a p oduç o de asta has portuguesas é bastante tardia e os frutos têm geralmente uma melhor qualidade de saúde do que os frutos anteriores. Dependendo do tamanho da fruta, dois mercados são provenientes de Portugal, o mercado de produtos frescos e o mercado da indústria. O mercado de produtos frescos está mais interessado nos frutos maiores obtidos com algumas variedades portuguesas (Judia, Martaínha), já os frutos médios a pequenos (variedade Longal) são ideais para o mercado da indústria de p o essa e to . 11.6.3.3 Produtos derivados Uma castanha portuguesa tem potencialidade para originar diversos produtos derivados. Nestas indústrias para além de uma 1ª transformação, foi optado pelas mesmas adicionar uma 2ª transformação à castanha, isto por causa do percebido valor que é acrescentado aos produtos. Assim os produtos enumerados pela transformadora italiana são a farinha de castanha com todos os produtos substitutos, os flocos de e ais, a g a ola de asta ha, astag a del p ete” (que é a castanha em pequenas

sa uetas pa a o su o a ho a, pode do se des as adas ou o e Calda oste o gelada ue se t ata de asta ha j assada e poste io e te o gelada . Pelas

pala as da t a sfo ado a f a esa o o gela e to o side ado o o u a primeira transformação que permite fixar a conservação do produto transformado para armazenamento numa sala fria e negativa. A nossa empresa é uma fábrica de conservas e nós produzimos outros produtos secundários, como castanhas enlatadas ozidas faze do uest o de a es e ta a e ele te i fo aç o de ue out as transformações podem ser praticadas, mas cada tipo de transformação requer uma ferramenta industrial especializada para essa transformação (confeção, secagem, torrefação). O investimento desses materiais deve ser objeto de um estudo de

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viabilidade, rentabilidade e habilidades técnicas específicas que muitas vezes exigem ios a os de dese ol i e to . Atualmente, a castanha portuguesa é encontrada em cinco tipos de produtos processados: castanhas assadas (que é um processo fácil que compreende castanhas assadas na brasa ou no forno), castanhas cozidas (que é o processo que mais é desenvolvido na França, sendo as castanhas cozidas e depois comidas como acompanhamento de carne), marrons glacé (que consiste numa técnica de confeção que permite cozinhar castanhas no xarope de açúcar (castanhas cristalizadas) criando uma crosta de açúcar), castanhas secas (que são secas em ar quente nos secadores e depois descascadas, podendo ser mantidas secas por vários meses e depois as reidratando com água ou leite para consumo. De castanhas secas, farinha de castanha pode ser feita em um moedor de pedra adequado), e puré e creme de castanha (em que após a cozedura, as castanhas são trituradas ou em creme com adição de xarope de açúcar). Essas fabricações são então enlatadas para um armazenamento mais longo. No as fo as de o su o ta pode se de i adas a pa ti destas matérias-primas e visível a cada ano novidades a aparecer no mercado, como o pão de castanha, biscoitos de castanha, cerveja e licor de castanha, muesli e flocos de castanha, entre outros . Em termos de conservação de castanha a indústria italiana afirma que para além do processo de estabilização térmica e seleção, e conservação para o produto fresco de 0 a 4 graus Celsius, o produto descascado e congelado é armazenado a uma temperatura de 20 graus Celsius negativos. Por outro lado, a francesa fala que para manter as castanhas frescas, é imperativo armazená-las no frio e longe da luz brilhante. O armazenamento em câmara fria é recomendado para armazenamento por várias semanas até 1 a 2 meses, dependendo do estado inicial de saúde das castanhas. A transformação nas formas mencionadas acima também permite prolongar a conservação das castanhas e disponibilizar um produto durante todo o ano. 11.6.3.4 Valor acrescentado Aqui é demonstrado que a percentagem do valor acrescentado à castanha que chega de Portugal vai depender de diversos fatores, mas que a principal causa será desde

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logo a qualidade inicial da castanha. Isto comprova-se quando a transformadora italia a ita: o alo adi io ado o e ado depende do preço de venda. Os custos i dust iais e a ualidade do p oduto i flue ia uito o esultado fi al , o ue ai ao

e o t o da pe speti a f a esa ue diz ue o alo ag egado de u p oduto processado é altamente dependente do rendimento da produção, que é em si alta e te i flue iado pela ualidade sa it ia i i ial do p oduto , e e ide ia ai da

ue de fa to, depe de do do dese pe ho dessas t a sfo ações, o alo adicionado pode variar consideravelmente. Leva em média um pouco mais de 2 kg de castanhas frescas para obter 1 kg de castanhas descascadas congeladas, mas se a qualidade for ruim, esse rendimento pode mudar para 3 kg de produtos frescos para p oduzi kg de p oduto a a ado p o essado . E seguida, ada ope ado do seto adiciona uma margem de comercialização até a venda final do produto. Em geral, a cadeia do produtor consiste de grossistas ou operadores comerciais que condicionam frutos fresco a transformadores e operadores logísticos ou plataformas de distribuição para vendas a supermercados. Assim, quanto mais longa a cadeia de comercialização, mais o preço aumentará. 11.6.4 Comercialização Como dificuldades de comercialização deste produto foi referido por parte da transformadora italiana que as castanhas ainda não são reconhecíveis como produto para a massa de consumidores, sendo este produto concentrado no mediterrâneo e no sul da Alemanha, bem como na Áustria e na Suíça. Consomem predominantemente as castanhas quem, tradicionalmente ou por cultura, sempre as consumiu. O consumo é principalmente como "castanhas assadas" e pouco usado pelos grandes chefes das cozinhas mais difundidas do mundo. Quanto à castanha transformada, é produto que é consumido na França, na Suíça e no sul da Alemanha. Outro lugar é o Japão, mas mesmo assim as quantidades não são excessivas. Para combater isso, afirma que se deve ter um impacto sobre as autoridades para impulsionar o consumo através de campanhas para o consumidor, e produto para celíacos. Outra campanha poderia ser direcionada para a romper a sazonalidade do produto fresco, aumentando o período de consumo pelo menos até abril / maio. Por parte da transformadora francesa, consegue-se perceber que como os produtos

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processados são facilmente preservados, a comercialização depende principalmente da procura, que no caso das castanhas é muito sazonal. Na França, este produto é consumido apenas durante os meses de inverno e principalmente para as festividades de fim de ano. Verificamos então que a castanha transformada tem vantagem sobre a fresca, uma vez que esta tem outro prazo de conservação, ou seja, um prazo mais alargado. Como explica a transformadora francesa, há necessidade de antecipar a procura do consumidor através de um armazenamento de produtos processados para atender à sua forte procura no final do ano. A transformação pode ser uma resposta para tentar aumentar o período de consumo deste produto. Em termos de escoamento de produto para mercado interno ou externo verifica-se que este é feito com facilidade principalmente no inverno e no que diz respeito principalmente ao produto em fresco, como é entendida na perspetiva da transformadora italiana que relata que o mercado de produtos frescos não tem problemas de vendas. A venda de produtos congelados é mais problemática. As mesmas dificuldades ou oportunidades existem tanto para a Itália como para o exterior. A perspetiva da transformadora francesa indica que a castanha é um produto de nicho que responde bem à expectativa do consumo de inverno, porém é muito difícil vender este produto fora desse período. Quando se tocou no assunto de estabelecimento de preços ambas concordaram que preço é uma relação entre a oferta e a procura, sendo que a transformadora francesa fez uest o de adi io a ai da o fa to de ue os a os de ai a p oduç o est o sujeitos a um aumento especulativo dos preços. Além disso, esta produção florestal mal controlada e tradicional é gerida num mercado de balcão, onde é muito difícil regular os preços, o que pode ser um entrave na comercialização deste produto tanto no seu estado fresco como no seu estado processado. As castanhas portuguesas mais comercializadas por estas indústrias são essencialmente a castanha Judia, Longal e Martaínha. Na perceção da italiana a Lo gal pa a ali e tos o gelados e a Judia pa a o e ado f es o , e na perceção da francesa as variedades portuguesas são bastante numerosas, assim como em muitos outros países europeus, mas três variedades são mais comercializadas. As

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variedades Judia e Martaínha são comercializadas no mercado de produtos frescos porque os frutos maiores são muito populares no mercado de produtos frescos. A variedade Longal é mais procurada para o mercado industrial porque possui boas características e é muito fácil de descascar. 11.6.5 Investimento de unidades fabris em Portugal Se seria ou não vantajoso para estas instalar uma unidade de transformação em Portugal para tratar a castanha as transformadoras ficaram um pouco suscetíveis, te do a italia a espo dido de fo a di eta ue te ia algu as a tage s, e a francesa de forma mais explicativa transmitiu não o consideram muitos vantajoso porque é uma produção sazonal de três ou quatro meses e, portanto, é difícil depreciar as instalações industriais nessas condições. Além disso, a produção não é muito bem organizada e, de acordo com os anos, os volumes produzidos não permitem operar corretamente uma ferramenta industrial de produção. Assim verificamos que um novo investimento no setor, aqui em Portugal, teria que ser bem pensado em termos de custo. Enquanto se percebeu que a transformadora italiana ponderava a intenção vantajosa de o fazer, a francesa olhava mais numa perspetiva de custos e de receio por ser um produto sazonal, preferindo talvez continuar a transformar nas suas instalações já existentes. 11.6.6 Opção de produção própria No que concerne à opção de a empresa ter ou não produção própria estas são divergentes por parte das duas transformadoras. A italiana refere que têm algumas propriedades de terra, mas que seria impossível possuir toda a quantidade com a qual trabalham, e por isso a sua solução passa por recorrer a fornecedores garantidos, afirmando que estão a implementar discussões sobre a cadeia de abastecimento com o controlo de fornecedores, sendo que as certificações deste ponto de vista também impõem algumas formas de verificação e controlo sobre a administração e correção dos fornecedores. Por outro lado a francesa é explícita quando afirma que esta não é a política adaptada à sua empresa e, além disso, a gestão de terras remotas complicaria consideravelmente os recursos humanos e técnicos, o que significa que na sua ideia se recorresse a essa opção, iria ser difícil controlar no que respeita aos vários recursos associados.

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11.6.7 Relação Transformadoras – Clientes internacionais A relação com os clientes internacionais é intitulada por eles como uma característica ital. Co o e pli a a t a sfo ado a italia a A elaç o fu da e tal pa a da continuidade ao trabalho e desenvolver estratégias comuns ou campanhas de vendas

e o ju to , e o pleta dize do ue o i po ta te pa a at aí-los é garantir a continuidade e a qualidade do produto. Quantitativamente é importante que, quando solicitado, o produto esteja sempre disponível nos formatos ou nas várias soluções de e alage e ess ias . A ideia olhida t a sfo ado a f a esa ue os pontos-chave do relacionamento com o cliente internacional são a reputação da empresa,

uitas ezes ela io ada ualidade e segu a ça desses p odutos fa i ados . Po isso, é importante dominar esses critérios perfeitamente para alcançar um mercado internacional. A originalidade do produto também é procurada em um mercado que é frequentemente muito competitivo. 11.6.8 Requisitos Havendo cada vez mais exigências de mercado, foi importante também reter informação no que respeita às normas que devem ser cumpridas e que são impostas em termos de informação obrigatória e formação de quem trabalha diretamente com a matéria-p i a. Ta to pa a os aspetos de p oduç o ua to pa a a segu a ça o trabalho, os colaboradores são constantemente informados por meio de cursos ministrados por empresas de treino especializadas. Portanto, de acordo com o nível de classificação profissional e responsabilidades operacionais, existem regras internas para a formação qualitativa de pessoal. Enquanto no nível de segurança adotamos todas as práticas previstas pela legislação italiana Consolidated Act 81/08 sobre segu a ça o t a alho t a sfo ado a italia a . A t a sfo ado a f a esa ta realça essas normas dizendo que todas as empresas agroalimentares em França devem cumprir as normas em vigor no país em termos de segurança alimentar e saúde, que são uma garantia para o consumidor. A equipa recebe treino específico para aplicar boas práticas de fabricação e higiene alimentar. Auditorias são realizadas regularmente por órgãos privados ou administrativos para verificar a implementação de boas práticas na planta. A empresa deve estar certificada noutro lugar para poder comercializar com retalhistas franceses, mas também em mercados internacionais

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pad ões ISO 9 , IFS, BRC . 11.6.9 Preocupações ambientais Como as preocupações ambientais estão inseridas numa das dimensões da sustentabilidade, tornou-se importante tentar perceber que cuidados têm estes agentes para não prejudicar o meio ambiente. Assim a transformadora italiana evidencia que a empresa deve cumprir todos os regulamentos europeus e italianos para a descarga de fumos e líquidos e para a eliminação de resíduos. Para o fumo, adotar as medidas em termos de filtros e instalações compatíveis, e para sistemas de purificação de líquidos deve-se ir trabalhando e atualizado para os novos regulamentos. A francesa chega mesmo a dizer que os padrões ambientais estão em constante mudança e devemos investir parte de nossos lucros de cada ano para fazer investimentos para melhorar a qualidade ambiental. Vários desses dispositivos dizem respeito a equipamentos de filtragem e controle de poluição que reduzem o impacto de descargas na atmosfera e em efluentes de águas residuais. Outros resíduos também podem ser classificados para se juntarem aos canais de reciclagem. Como falado na revisão de literatura é importante reaproveitar ao máximo todos os componentes da castanha, bem como evitar os desperdícios. Concluiu-se portanto que neste aspeto há um cuidado predominante em utilizar tudo, sem nada ficar para trás, e isso foi o luído pelas pala as p ofe idas da t a sfo ado a italia a ue diz ue as castanhas não saudáveis são descartadas em fábricas de produção de fertilizantes e/ou o o e e gia de io assa , pala as p ofe idas pela t a sfo ado a f a esa que diz ue e ual ue ati idade de p o essa e to, s o ge ados esíduos de fa i aç o que são produtos residuais ou resíduos de classificação. É necessário procurar maneiras de revalorizar ou reciclar esses resíduos. Algumas rejeições de fabricação podem ser usadas como coprodutos em outras transformações. Outros produtos são recuperados para produzir biomassa que pode ser usada para produzir energia por combustão (pele de castanha) ou para ser usada na alimentação animal (resíduos de asta ha .

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11.6.10 Certificações E te os de e tifi ações a e p esa italia a otifi a: a ossa e p esa j ati ou e implementa diariamente todas as práticas com ou sem certificação que tornam toda a cadeia de produção rastreável, desde a campanha de compra até o consumidor fi al . Isso ajuda em termos de qualidade de produção, de impacto ambiental, e de sustentabilidade. Por isso, é essencial começar desde logo na campanha para educar para procedimentos saudáveis e corretos. Por outro lado a empresa francesa eleva o nível e a i fo aç o, e te os de e tifi ações, e pli ita do ue e iste ios níveis de certificação: as marcas do reconhecimento do produto fresco atualmente designado como de qualidade oficial ou denominação de origem (AOP, DOP, IGP, Rótulo de Garantia, entre outros) nacionais ou europeias, reconhecem o produto que o identifica como um produto de melhor qualidade para os consumidores. As certificações de cadeias de embalagens ou ferramentas de processamento industrial aprimoram o processo de transformação e o produto acabado e tornaram-se essenciais para o marketing em redes de distribuição nacionais ou internacionais. Todas essas certificações são obtidas como resultado de arquivos e auditorias de avaliação realizadas por órgãos certificadores, validando os processos e sistemas de qualidade implementados pelas empresas em questão para atender aos requisitos da e tifi aç o soli itada . 11.6.11 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções Como não poderia deixar de ser, e como núcleo deste trabalho, as problemáticas e ameaças também foram faladas durante as entrevistas. 11.6.11.1 Pragas/Doenças A vespa asiática é a que tem mais destaque, que segundo a transformadora italiana, atingiu os castanheiros europeus nos últimos 10 anos. A transformadora francesa sugere o controlo de pragas, doenças por agentes e organismos bio reguladores.

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11.6.11.2 Mão de-obra Ê odo u al, e elhe i e to da populaç o u al e falta de o-de-o a (Transformadora Francesa). A solução, segundo a perspetiva da mesma serão incentivos para a retomada da exploração e organização da força de trabalho. 11.6.11.3 Alterações climáticas

Segu do a pe speti a da t a sfo ado a italia a a uda ça li ti a u desafio que devemos aceitar e trabalhar para resolver o problema. É interrompido o equilíbrio microclimático das áreas de produção, o que exige a busca de um novo equilíbrio que a natureza encontre e se consiga adaptar. Infelizmente, os tempos de produção e de negócios são diferentes. É necessário, portanto, estudar soluções que regulem a produção e os volumes produzidos para estabilizar todos os fatores sociais, económicos e ambientais que estão extremamente conectados. Sem rendimentos as pessoas abandonam os campos e não cuidam dos bosques e montanhas, causando problemas também para o meio ambiente. Este logo de seguida rematou que se deve buscar soluções, declarando que as castanhas do ponto de vista agronómico devem ser consideradas como outras frutas e vegetais com tratamentos específicos constantes e sistemáticos, administrados por agrónomos e coordenados entre todos os produtores. A transformadora francesa mencionou as mudanças climáticas e a seca como um problema ambiental, e acrescentou que como solução devem implementar-se medidas de adaptação às mudanças climáticas, controle da irrigação de pomares e controle dos recursos hídricos. 11.6.11.4 Fatores económicos A t a sfo ado a f a esa o side ou a di e s o e o ó i a a o ga izaç o da produção, formação técnica agrícola, falta de estrutura técnica profissional e regulação de p eços . E pa a os es os apresentou como possíveis soluções na dimensão e o ó i a a o ga izaç o de est utu as p ofissio ais ag í olas g upo de p oduto es, organização interprofissional), treino de técnicos e estrutura agrotécnica, organização de mercado estável e regulação de preços (preço ao produtor, grossista, indústria) e o t ataç o .

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11.6.12 Perspetivas futuras As perspetivas futuras são variadas, e bastante intuitivas e essencialmente baseadas nestas mudanças que a cadeia de abastecimento da castanha está a sofrer. São e io adas pela e p esa italia a a eduç o do o su o sazo al, de sete o a abril / maio, criação de produtos alternativos e substitutos para alimentos frescos e

o gelados ou, e ual ue aso, pa a os seto es de o feita ia e o su ido fi al . Foi oferecida uma visão mais global e ampla por parte da empresa francesa, que dese ol eu: O e ado permanece flutuante num mundo com uma população crescente (9 bilhões de pessoas em 2050). A produção agrícola será o próximo desafio deste século. A castanha é um fruto que transmite uma forte imagem de produto natural, saudável e dietético, que também se mostrou útil como alimento do planeta nos séculos anteriores. A China tornou-se rapidamente ciente desta utilidade e expandiu enormemente a sua produção nos últimos 40 anos, de uma produção de 400.000 toneladas para mais de 2.000.000 toneladas. Mas a sua produção cai novamente pelas mesmas razões que conhecemos na Europa (êxodo da juventude rural para as cidades, limitação de terras agrícolas disponíveis, produção de pomares para baixo) e a procura dos seus consumidores continuará ou crescerá. Com 1,5 bilhão de habitantes, a China consome 85% de sua produção e exporta para suas comunidades internacionais o restante de sua produção. Na Europa, durante o mesmo período, a produção caiu drasticamente de 400.000 toneladas para 150.000 toneladas, mas a demografia continua a crescer e a procura é forte. Precisamos encontrar um nível de produção para atender às necessidades futuras dos consumidores. Além disso, as tecnologias alimentares permitirão a criação de novos produtos e a castanha tem todas as qualidades necessárias para se adaptar a muitas formas de processamento, abrindo assim perspetivas de um consumo moderno e de boa qualidade, que se adapte perfeitamente à sua imagem. É um alimento equilibrado, energético e dietético capaz de enfrentar o desafio alime ta do pla eta .

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Figura 9 - Produção industrial de castanha europeia (Dados de 2015). 11.7 Presidente da Câmara Municipal De seguida, e porque considerado detentor de um valor e contributo importante nesta temática, foi entrevistado o Presidente da Câmara de Valpaços, que é sem dúvida um interveniente marcante deste negócio, negócio este que para além de dar vida ao concelho, é um dos produtos com maior valor económico da região e portanto tem um impacto gigantesco quer a nível económico, social e ambiental, e por isso torna-se fundamental garantir a sua sustentabilidade. 11.7.1 Impacto do negócio da castanha Foi percebido notoriamente, que segundo o presidente, os soutos e os castinçais

ep ese ta u alo e o ó i o ele ado, já por si rico e dinâmico em sede de setor p i io , já para não falar que para além de isso o su sta ia u ele a te alo paisagístico, sendo magnificente a paisagem quando composta por soutos novos, suscetíveis de reforçar a produção e evidenciar a continuidade na aposta neste p oduto su li e . Tal o o ele e pli a, a asta ha t a s o ta a u p oduto ue

Marrons Glacés5%

Castanhas cristalizadas

2%

Castanhas descascadas congeladas

55%

Castanhas a vácuo

3%

Conserva de castanha

12%

Creme e puré de castanha

15%

Castanha seca4%

Farinha de castanha

4%

Fonte: Adaptado do gráfico realizado e fornecido pela Transformadora Francesa entrevistada.

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cada vez mais é cobiçado e valorizado pela sua qualidade e sabor, tanto pelos o su ido es a io ais o o i te a io ais. Esta det a De o i aç o de O ige Protegida no que tange à Castanha da Padrela (DOP), onde se situa a maior mancha de castanha judia da Europa, sendo paralelamente um dos principais centros de produção

de asta ha de Po tugal . O valor da castanha é elevado ao máximo e quando o entrevistado fala na proporção de riqueza proveniente da mesma, denota-se que é um produto que rapidamente esgota, ou seja, o produtor vende tudo. Só por esse aspeto já se observa a rentabilidade avultada deste fruto que para o mercado é escasso, relativamente à p o u a ue e iste so e o es o. Tal o o ita o P eside te: A asta ha a aio referência a nível de setor primário na nossa economia. A sua riqueza é tal que o concelho de Valpaços dispõe de cerca de 4.000 hectares que produzem cerca de 12 mil toneladas/ano, representando cerca de 50 milhões de euros de volume de negócio e 40% do rendimento do setor primário no concelho. São ao todo cerca de 2000 produtores nas 18 localidades do concelho de Valpaços que fazem parte da DOP Casta ha da Pad ela . Como se percebe, tem sido refletida a luta pelo desenvolvimento económico e sustentável do concelho, através do desenvolvimento do sector primário.

Co o e pli a o p eside te a Ma a Valpaços u a a a o sag ada ju to de profissionais e amantes da boa mesa que se faz representar nos mais diversos certames a nível nacional e internacional. Além de levarmos os nossos produtos fora de portas, também organizamos eventos para a atração de visitantes ao nosso território. Esse tem sido o nosso contributo mais imediato, o da promoção e di ulgaç o do osso se to p i io . Pa a al disso, a C a a Mu i ipal de Valpaços tem tido a preocupação de oferecer diversas vantagens a quem se queira instalar no concelho, de forma a dinamizar a ocupação das zonas industriais. 11.7.2 Importância da exportação È tida a noção que o mercado interno não é suficiente para escoar toda a produção po tuguesa e iste te, e pa a al disso, no mercado externo a nossa castanha é

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valorizada, sendo o negócio mais rentável". A castanha judia, predominante no concelho, é intitulada como a melhor, a que se conserva mais tempo e a mais saborosa, não lhe faltando qualidades. Como é explicado durante a entrevista, nas proximidades da vila de Carrazedo de Mo te eg o, o side ada a Capital da Casta ha , e iste ias e p esas especializadas essencialmente na calibragem e embalagem e algumas possuem linhas de transformação cuja capacidade chega a centenas de toneladas por dia. Como consequência de todas estas vantagens competitivas, as empresas estão em condições de abastecer as grandes superfícies comerciais e de exportar para diversos países, entre os quais se destacam Espanha, Brasil, Itália, Luxemburgo, França. A exportação do Ouro das Terras de Montenegro faz todo o sentido e deverá ser uma aposta cada vez maior das empresas locais, na medida em que a produção noutros países está a ser fortemente afetada por doenças do castanheiro e, como referido, a qualidade do fruto não se compara à nossa, sendo a nossa castanha muito melhor e com capacidade para ser muito mais competitiva. 11.7.3 Potencialidades da castanha Como é sublinhado, com o peso da castanha na economia local e a singularidade das suas a a te ísti as, este f uto j o ta o u luga ese ado e dife e tes mercados da Europa - como Espanha, Itália, França, Luxemburgo e Suíça – do Brasil e, inclusive, da Turquia. Nesta fase, urge então aproveitar as mais-valias deste precioso produto e potenciar o desenvolvimento de novos produtos secundários, por assim dizer, ao nível da gastronomia, incluindo a doçaria, a conservação e as diferentes formas de transformação que possa assumir, reforçando a nossa quota no mercado. Valpaços é um oásis para todos os sabores e saberes. É um concelho repleto de pote ialidades, pode do ge a uitas opo tu idades . 11.7.4 Apoio no combate à Vespa Asiática Com o surgimento da praga denominada por vespa asiática, que veio assombrar as terras desta região, tornou-se necessário saber que apoios e medidas estão a ser implementados para o combate da mesma. Assim, e segundo a informação obtida na entrevista, verificou-se que tem sido feito o melhor possível, desde que esta ameaça

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foi detetada no país pela primeira vez, tendo sido reunidos esforços e ações de sensibilização no sentido da prevenção, disponibilizando meios técnicos e financeiros que visam funcionar como armas para o efeito. Como profere o Presidente da Câmara o Mu i ípio de Valpaços te feito tudo o ue est ao seu al a e pa a i i iza os impactos da praga da vespa do castanheiro e, sobretudo, travar a sua disseminação. Só nas duas últimas semanas de Maio foram efetuadas 88 largadas do inseto parasita que combate a vespa, num total de 11 mil insetos, um investimento a rondar os 20 mil

eu os . Esta aç o est a se le ada a a o u a pa e ia e t e a Asso iaç o Na io al da Castanha - RefCast, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Município de Valpaços e ARATM – Associação Regional de Agricultores das Terras de Montenegro. Como é afirmado na entrevista, e dada a importância da produção de castanha para a e o o ia do o elho, o Mu i ípio Valpacense não tem poupado esforços para travar a praga. Juntamente com as juntas de freguesia tem constituído equipas de prevenção para continuar a vistoriar os soutos com o objetivo de retirar o material contaminado dos castanheiros e impedir a sua propagaç o . 11.7.5 Certificação DOP Relati a e te ao e o he i e to da e tifi aç o da asta ha a í el da egi o a certificação da Castanha DOP da Padrela implica que 90% do lote certificado seja castanha da variedade judia, apanhada manualmente, após a queda do ouriço de forma natural. Estas e outras normas descritas no caderno de especificações atestam a qualidade e a autenticidade do produto, o que para a região só traz vantagens. Casta ha DOP da Pad ela só h a ossa e ais e hu a . Ao se esta a e tifi ada, quer dizer que a aposta em novas plantações, que têm aumentado todos os anos, será na judia, o que garante não só a preservação da variedade como uma maior confiança por parte do consumidor na hora de decidir o que comprar. Para além disso, sendo tem adicionada a vantagem de ser vendida a um preço mais elevado, dada a garantia de qualidade, tornando-a mais rentável. 11.7.6 Promoção e divulgação No ue o e e p o oç o e di ulgaç o deste f uto o o uso gast o ó i o intenção do Município de Valpaços dar maior visibilidade à variedade de Castanha

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Judia, a elho e a uela e ue so os u o elho p oduto de desta ue . Brilhou recentemente um mural de arte urbana que destaca a Castanha Judia na vila a azede se e e alte e o ou o das Te as de Mo te eg o, ue ideia de um filho da

te a e o eç o de out o foi usteado pela auta uia . O o jeti o ful al alo iza o

p oduto, i o taliza as ge ações passadas ue pla ta a os p i ei os soutos, da esperança aos mais jovens para continuarem a apostar neste legado, e elevar a marca JUDIA, diferenciando-se das esta tes . T ai da t azido f utos o efo ço da p o oç o ue e e e tos de a iz a io al, como internacional para darmos a conhecer a qualidade dos nossos produtos nos mais conhecidos eventos dos sectores nos quais nos destacamos, como o SISAB, a Bolsa de Turismo de Lisboa, o Xantar em Ourense, a FITUR em Madrid, entre outros realizados e Pa is, Lo d es, B u elas e Chi a . Al disso e iste u a aposta a di ulgaç o e termos de publicidade na televisão, redes sociais e metro, contando muitas vezes com a p ese ça de ó g os de o u i aç o, o o a TVI, SIC, RTP e Po to Ca al, ue os

le a asa de ilhões de pessoas, ost a do o ue de elho te os . Castmonte foi o nome atribuído à Feira da Castanha Judia de Carrazedo de Montenegro, que conta com mais de duas décadas de história. Esta tem como objetivo ia u espaço de p o oç o, di ulgaç o e es oa e to dos p odutos lo ais e ao

es o te po se i de i e ti o p oduç o lo al . Se do a ai ha do e ento a Casta ha DOP da Pad ela, a doça ia da asta ha ta est e desta ue, se do também promovida a Jeropiga, bebida de eleição para acompanhar os magustos por Te as de Mo te eg o . O p i ipal o jeto de at aç o o Bolo de Casta ha ue pesa cerca de 600 Kg e é partilhado com o público presente. 11.7.7 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções As problemáticas mencionadas, e pertencentes às dimensões de sustentabilidade foram a falta de mão-de-obra jovem, apesar de haver quem dê continuidade ao negócio de família, a vespa asiática nas plantações já mais antigas e no caso de novas plantações o Xyleborus, que é uma ameaça que surgiu mais recentemente. Para esoluç o dos es os o o itado te os te tado t aze u sos de fo aç o para

Valpaços ue te ha e o ta a ealidade da egi o, daí a aposta a fo aç o e

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te os feito de tudo o ue est ao osso al a e pa a o ate a p aga da espa do

asta hei o e esta os ate tos a possí eis o pli ações a p oduç o . 11.7.8 Perspetivas futuras Pa a fi aliza , fo a e atadas as elho es pe speti as futu as u a ez ue e iste escassez de castanha no resto da Europa, já para não falar de outros países fora do o te to eu opeu e a es e ta ue possui do estas te as a elho ualidade u a deixará este fruto de ser o mais procurado. Apesar disso, e com algum receio finaliza

dize do: espe a os e tudo fa e os pa a ue a p oduç o o seja afetada po

doe ças . 11.8 Engenheiro Agrónomo Por fim, e para saber mais acerca da dimensão ambiental foi realizada uma entrevista ao engenheiro agrónomo, que ocupa uma função importante na ARATM – Associação Regional de Agricultores das Terras de Montenegro. 11.8.1 Enquadramento e objetivo A ARATM tem como principal objetivo dar apoio, administrativo, democrático e técnico aos agricultores. Normalmente são realizadas assembleias duas vezes por ano em que uma é a apresentação de contas e a outra é a apresentação do plano de atividades para o ano seguinte. A quota anual dos associados é de 10 euros, e a joia de inscrição é no valor de 15 euros. Para incentivar os jovens a iniciar a atividade de produção de castanha, segundo o engenheiro, existe um prémio de primeira instalação no valor de 20 0 €, se porventura fizerem um projeto de jovens agricultores com um investimento de valor superior a 100 €. 11.8.2 Tipos de Produção Em termos de dimensão ambiental, e através das palavras proferidas pelo entrevistado, é importante realçar o facto de que para o ambiente, estes produtos têm um impacto médio baixo, porque são utilizados em pequena escala, contudo para a saúde pública terão um impacto colossal para os aplicadores se não usarem o equipamento adequado de proteção individual e para os consumidores apenas se ultrapassarem as dosagens específicas. Os tratamentos que se podem tornar mais

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tóxicos são os inseticidas para o bichado, tal como faz questão de realçar o engenheiro afirmando que o tia lop ide o ais tó i o . Este pode to a -se um verdadeiro vilão quando não é respeitado o espaço de segurança de aplicação com um prazo de pelo menos 30 dias antes da época colheita. Diflubenzurão é outro inseticida, mas que recentemente é menos utilizado, pois provoca doenças degenerativas, polui o ambiente e desequilibra os ecossistemas. Torna-se importante referir também que só quem possui o cartão de aplicador é que pode aplicar, devendo ser pessoas cada vez mais conscientes e por isso têm algumas exigências associadas como fazer o curso e numa fase posterior realizar o exame. Apesa disto e iste alte ati as ais a igas do a ie te ue s o o SPINTOR ue um inseticida menos nocivo que também mata os insetos, com substância ativa spinosad) e o cobre. Mas atenção, pois existe uma diferença de cerca de 30% a 40% ou mais no que toca à opção por estes produtos. Claramente que isto pode e influencia a tomada de decisão por parte dos produtores, que ambicionam gastar menos e pouco pensam nas consequências ambientais. Apesar disso há confiança nas pessoas que decidem integrar o modo de produção biológica, que por o fazerem por opção deliberada, somente podem aplicar estes produtos. Uma vez aqui tocado nos modos de produção, importa referir que, através do engenheiro, é sabido que existem três tipos para corresponderem a todas as diferentes escolhas: a produção convencional, a produção integrada e a produção biológica. Figura 10 – Tipos de Produção Fonte: Elaborado pela própria, tendo em conta a informação proferida ao longo da entrevista feita ao Engenheiro Agrónomo.

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Assim e como observado na imagem supracitada, pode ver-se a ordem intencional em que demonstrado a preocupação por parte dos produtores para com o ambiente. Assim foi percebido que a produção convencional (tradicional) continua a ser a mais usual e é selecionada ou porque a parcela de souto não tem dimensão suficiente de parcela, ou porque não estão para seguir regras, e em caso de incumprimento não ter problemas, recebendo em termos monetários apenas as denominadas indeminizações compensatórias (manutenção da atividade agrícola em zona desfavorecida). De seguida, e como intermediária das outras duas produções temos a produção integrada que é escolhida por atribuir um subsídio mais atrativo, e porque têm uma preocupação ligeira para com o ambiente. Por último temos então a produção biológica que fornece o subsídio mais generoso, mas que também implica regras e custos maiores que as pessoas não estão dispostas a cumprir e a incorrer. Claro que apesar dos produtos terem um preço maior, a utilização de quantidade e de variedade dos mesmos também vai ser menor. Por outro lado, esta escolha pode originar uma produção um pouco menos avultada e ligeiramente mais bichosa, mas tem uma boa qualidade, e podem vender 20% mais caro que os outros, porém só alguns compradores específicos dão valor a essa eleição. Importa ainda dizer que dentro da produção integrada e da biológica existem ainda subpontos que podem ser adicionados, acrescendo mais valor ao subsídio e em consonância mais normas. Um dos exemplos é o enrelvamento que beneficia a captura de carbono e libertação de oxigénio, e por isso ajuda no ambiente. É visível, portanto que interceder pelo meio ambiente só acarreta benefícios. E como com os direitos vêm sempre abraçados os deveres, e este caso não é exceção, para que os produtores não tenham problemas com a entidade certificadora dos subsídios têm que cumprir diversas regras subjacentes. No caso da produção integrada, que é a mais usual em relação à biológica (que ainda não possui grande poder), os agricultores nela inseridos devem não possuir vegetação não superior a 50 cm, as árvores têm que ser podadas e limpas de forma que consigam produzir frutos de bom calibre e deve ser evitada a mobilização dos terrenos inclinados por causa da erosão. Já para não falar no facto de existirem tabelas com os produtos que devem ser usados para cada problema, sujeitando-se à utilização destes em vez de outros que só poderiam ser usados na produção convencional, como podemos verificar nas tabelas que

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se seguem. Tabela 4 - Produtos fitofarmacêuticos homologados para a cultura do castanheiro em modo de Produção Integrada

Nº PRAGA ou DOENÇA MARCA COMERCIAL Substância ativa FUNÇÃO EMPRESA Intervalo de Segurança APV REQUERENTE Concentração Dose 1 Bichado Cydia splendana DIMILIN WP 75 diflubenzurão INSETICIDA CHEMTURA 28 dias 2241 APPITAD 15/02/2006 Fora de validade 2 Bichado Cydia splendana CALYPSO tiaclopride INSETICIDA BAYER 14 dias 71 Coop. Penela da Beira 02/11/2011 25 ml/Hl 250 ml/Ha 3 Cancro do castanheiro Cryphonectria parasitica CUPROCAFFARO oxicloreto de cobre FUNGICIDA ISAGRO COPPER 7 dias 3464 DRATM 21/10/2004 Fora de validade 4 Tinta Phytophtora cinnamomi ALIETTE FLASH fosetil de aluminio FUNGICIDA BAYER 28 dias 0506 Escrito no rótulo castanheiro 250 gramas/Hl 2,5 Kgs/ha 5 Cancro do castanheiro Cryphonectria parasitica COBRE NORDOX SUPER 75 WG oxido-cuproso FUNGICIDA MASSÓ 7 dias 3468 ARATM 18/01/2010 200 gramas/Hl 5 Septoriose ou antracnose Micosphaerella maculifornis COBRE NORDOX SUPER 75 WG oxido-cuproso FUNGICIDA MASSÓ 7 dias 3468 REFCAST 16/03/2016 270 gramas/Hl 6 Septoriose ou antracnose Micosphaerella maculifornis KATANGA DUPLO fosetil de alumínio e mancozebe FUNGICIDA PROPLAN GENYEN 44 dias 0609 ARATM 30/07/2015 400 gramas/Hl 2,8 Kgs/Ha 7 Cancro do castanheiro Cryphonectria parasitica CALDA BORDALESA VALLÈS Sulfato de cobre e cálcio FUNGICIDA IQV 7 dias 3339 ARATM 2017 0,5 Kg a 1Kg/Hl 5 a 10 Kgs/Ha 8 Tinta Phytophtora cinnamomi CURENOX 50 oxicloreto de cobre FUNGICIDA IQV 20 dias 3320 ARATM 2017 0,5 Kg a 1,33 kgs/Hl 2 a 5 Kgs/Ha Nota adicional: Não se pode utilizar outros produtos fitofarmacêuticos para além dos supra referidos, é de recordar que todos os adubos foliares são permitidos. Fonte: Adaptado de documentos disponíveis pela ARATM.

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Tabela 5 - Herbicidas homologados para a cultura do castanheiro em modo de Produção Integrada. Para um maior controlo, para além das visitas regulares aos soutos, existe ainda uma plataforma com fotografias aéreas para remotamente aferir a limpeza das parcelas e cumprimento das regras subjacentes (que se designam por boas práticas agrícolas), se isso não for cumprido há penalização de 10, 15 ou 20%, ou ainda em casos mais graves não receber absolutamente nada naquele ano, sendo que se o compromisso for de 5 anos para além de não receber, terá que devolver tudo o que recebeu nos anos anteriores. A CERTIS é a entidade responsável pelo controlo das certificações. O IFAP (Instituto de Financiamento à Agricultura e Pescas), em conjunto com Ministério da Agricultura são os

Nº PRAGA ou DOENÇA MARCA COMERCIAL Substância ativa FUNÇÃO EMPRESA Intervalo de Segurança APV REQUERENTE Concentração Dose 1 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas DIQUE diquato /sal de dibrometo HERBICIDA AGROTOTAL 0063 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 Litros/Hl 1,5 a 4 Litros/Ha 2 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas ENVISION 45 glifosato / sal de isopropilamónio HERBICIDA EPAGRO 28 dias 0158 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 a 1,5 Litro/Hl 1,6 a 8 Litros/Ha 3 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas PREMIER glifosato / sal de isopropilamónio HERBICIDA CHEMINOVA CADUBAL 28 dias 0053 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 a 1,5 Litro/Hl 2 a 10 Litros/Ha 4 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas REGLONE diquato/sal de dibrometo HERBICIDA SYNGENTA 0023 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 Litros/Hl 1,5 a 4 Litros/Ha 5 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas RUMBO VALLÉS glifosato / sal de isopropilamónio HERBICIDA IQV 28dias 0076 APPITAD 01-02-2006 Fora de validade 6 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas SATELITE glifosato / sal de isopropilamónio HERBICIDA EPAGRO 28 dias 0227 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 a 1,5 Litros/Hl 2 a 10 Litros/Ha 7 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas TOUCHDOWN PREMIUM glifosato / sal de amónio HERBICIDA SYNGENTA 28 dias 0022 Escrito no rótulo castanheiro 0,5 a 1,5 Litros/Hl 2 a 7 Litros/Ha 8 Infestantes anuais e vivazes ou ervas daninhas HELOSATE PLUS glifosato / sal de isopropilamónio HERBICIDA BELCHIM Crop Protection 28 dias 00867 Escrito no rótulo castanheiro 0,4 a 1 Litro/Hl 2,4 a 6,4 Litros/Ha Fonte: Adaptado de documentos disponíveis pela ARATM.

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principais responsáveis por pagar os subsídios. Só para que seja tida uma noção, e baseado em dados documentais apresentados pela ARATM, dos 500 associados, 292 estão dentro da produção convencional, 200 estão inseridos na integrada, e espantosamente, somente 8 estão em agricultura biológica. 11.8.3 Identificação dos problemas no negócio da castanha e possíveis soluções As difi uldades ue t su gido o o as p agas e doe ças, e o o as alte ações climáticas podem fazer quebrar a produção a pique, e havendo falta de rendimento a intensificação da desertificação e o êxodo rural são uma realidade. As pessoas i e da castanha e se não tiverem castanha é um descalabro total, porque aqui na zona existe monocultura e a dependência das pessoas da castanha é brutesca. Apesar disso, e como esta agricultura é rentável, quando morrem os pais os filhos vêm tomar conta ou vendem os terrenos, arranjando-se rapidamente sucessores por causa da valorização do produto, o ue out as ultu as o a o te e o ta ta fa ilidade E ge hei o Ag ó o o . 11.8.3.1 Pragas/Doenças Antes de serem mencionadas as doenças e as pragas, o engenheiro agrónomo fez questão

de disti gui a dife e ça dize do ue as doe ças s o p o o adas po u se ue o vemos, são fungos vírus e bactérias, enquanto que as pragas são provocadas por insetos, oedo es ou a i ais sel age s . Após esta distinção, foram referidas como doenças o cancro e a tinta, e como pragas a vespa-das-galhas do castanheiro, o Xyleborus, cabras bravas e javalis, o bichado da castanha e a broca (que consiste em fazer grandes buracos no castanheiro mas não tem grande impacto). Como possíveis tratamentos destas doenças, de uma forma sucinta, o engenheiro

p ofe iu ue pa a o a o a e i a o se de e e ita o tes ou fe idas de g a des dimensões, e fazendo cortes é importante desinfetar as ferramentas com lixivia antes de passar de um castanheiro para o outro, e se por ventura a doença tiver instalada trata-se com um produto milagroso fabricado na Escola Superior Agrária de Bragança, e que é biológico, devendo conservar-se no frigorífico pois contém um ser vivo (fungo) lá dentro, carregado com vírus que vai destruir o fungo mau que faz o cancro, e que se desig a Di tis . Pa a a ti ta de e-se e ita o ilizações de solo, u a ez ue as lavouras podem disseminar a doença, sendo o ideal cortar a relva com um triturador

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de martelos ou capinadeira de correntes e podendo ainda aplicar-se o Aliette Flash para prevenção. Caso esta apareça não há nada a fazer. Existe ainda outro produto, mas é mais caro e por isso as pessoas não usam, que se chama Ridomil GOLD SL, para aplicar na terra onde est o as aízes, po ue a ti ta o apod e i e to das aízes . A vespa-das-galhas o atida o ta do e dest ui do o fogo as galhas, o ue e castanheiros de grande porte isso é inconcebível e ainda com largadas do predador natural que se chama Torymus sinensis. Existe ainda o caulino funciona como repelente, não a mata, mas protege o castanheiro do calor e funciona como repelente espa . Pa a o ate o Xyleborus, que ataca mais as plantações com idade inferior a 10 anos porque tem a casca mais mole, o engenheiro explica, que se deve proceder à utilização de armadilhas tipo Rebell rosso fabricadas na Suíça, atraindo este ser através de um atrativo visual e de cheiro, ficando lá preso na cola ou afogando-se no álcool. Devem ser colocadas uma ou duas armadilhas por hectare, ficando um pouco

dispe dioso, pois ada a adilha fi a po e a de ,9 €. Relati a e te s a as bravas e javalis Corsas ou javalis deve-se aplicar redes ou protetores à volta do tronco das plantações novas, em que normalmente deve circundar um metro. Para o bichado da castanha deve-se utilizar e aplicar inseticidas (tiaclopride) mais ou menos em início de agosto. Por fim, a broca, apesar de não ter grande expressão, deve ser eliminada usando arames para esmagá-las nos seus buracos, ou abafá-las tapando com silicone esses mesmos buracos. Apesar de existirem soluções para quase todas as ameaças, elas o s o % efi azes . 11.8.3.2 Alterações climáticas Ai da de t o da di e s o a ie tal, as alte ações a ie tais s o istas o o u pro le a g a íssi o se do de u iadas as segui tes p eo upações: "di i uiç o dos recursos de água e por conseguinte aumento do stress hídrico das plantas, fenómenos naturais extraordinários cada vez mais frequentes, tais como tempestades, granizo, ventos ciclónicos e escaldão. Deve contornar-se estas dificuldades da forma mais eficazmente possível. Para tentar controlar a seca ou pelo menos minimizar os impactos resultantes da mesma deve implementar-se sistemas de regadio, apesar de um pouco custoso, uma vez que quando o castanheiro está seco precisa de bastante água, normalmente 500 litros por

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planta quando tem mais de 15 anos e se encontra na fase adulta. 11.8.3.3 Mão-de-obra Esta problemática resulta do êxodo rural e consequente desertificação do interior. 11.8.4 Certificação DOP A DOP pode ser usada como uma excelente vantagem competitiva, como se pode verificar ao longo deste trabalho. Aquilo que não era sabido e se torna importante de adicionar à informação é que, segundo a ARATM, o encargo financeiro suportado pelo utilizado de . €/KG pa a o o ga is o e tifi ado CERTIS ais . €/KG pa a a

dete to a da DOP ARATM este aso , totaliza do o o usto u alo de . €/KG. Atenção que se a quantidade de castanha certificada for superior a 100 toneladas, os dispê dios o de es e do, pode do assi o usto ati gi u í i o de . €/KG. Estes intervenientes realizam testes, observando o calibre, a variedade, os aspetos e a sa idade da asta ha. A DOP ga a te ge ui idade e p o e i ia da zo a do

p oduto . Dentro das DOP’s e iste tes, a ossa a ú i a ue te po h ito faze

t ata e tos fitossa it ios, as out as uito a o e os ag i ulto es a faze isso . Talvez isto se deva à dependência existente desta monocultura nesta região, dando o máximo de empenhamento para com a mesma que é, na maioria dos casos, a única fonte de rendimento. 11.8.5 Perspetivas futuras O futuro esperado, é que devido à sua escassez na europa e no mundo, este é um fruto que ainda não caiu e já está vendido, e devido a este fator é um produto economicamente valorizado, sendo neste momento uma das culturas mais rentáveis do país e que gera mais i ueza. Pa a fi aliza o E ge hei o e ata ue o o apa e i e to destas últi as pragas, aquilo que estava em fase de crescimento, vai estar agora em fase de decréscimo, prevendo-se uma curva com duração de 7 anos em que 3 ou deles vai com direção abaixo e

os esta tes o ue de o a a su i pa a olta o alidade . Uma vez que as perspetivas futuras são muito mencionadas, e tentar prever a produção é algo inevitável achei por bem incluir aqui uma tabela que relata a evolução das produções

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por toneladas e hectares nos anos de 2015, 2016 e 2017. Tabela 6 – Cultura da Castanha/Ano Cultura da Castanha/Ano Superfície Produção 2015 2016 2017 2015 2016 2017 Hectare Tonelada 35 595 35 718 36 759 27 628 26 780 29 875 11.9 Conclusão de Resultados Desta forma e após a verificação da realidade entre todos os entrevistados, está perfeitamente enquadrado aquilo que está descrito na revisão de literatura, aliás todas as problemáticas e características são evidenciadas ainda mais quando observamos na realidade, aquilo que estava em papel. Importa ainda acrescentar pequenas conclusões de resultados, percebidas quando elaborado o trabalho de campo, através de conversas informais e apuramento de informação com os agricultores, comércios locais, empresas, consumidores e outros operadores da cadeia de valor da castanha e até mesmo reuniões de debate com direito a visitas aos soutos e a empresas da região, e que vêm realçar e acrescentar informação e que permitirá ainda explicar a parte da cadeia de abastecimento que toca ao retalhista e ao consumidor final. Essas conclusões são as seguintes: ✓ A produção da castanha, como foi demonstrado ao longo deste estudo, pertence a uma cadeia de valor constituída por inúmeros produtores com dimensão média das explorações, e por isso exige um notável número de intermediários, o que baixa automaticamente a rentabilidade desta atividade, já para não falar no limitado poder negocial do agricultor perante outros concorrentes de maior dimensão e na sua baixa capacidade de investimento. ✓ Cada vez mais os soutos são ameaçados com doenças e pragas, o que reduz a produtividade das áreas cultivadas, sendo destacados a tinta, o cancro e a vespa asiática mais recentemente. Já existem alguns meios de combate a estas ameaças, Fonte: INE I.P., Estatísticas da Produção Vegetal

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porém é necessário uma maior aposta na investigação e desenvolvimento, nomeadamente entre o meio académico e o setor privado. ✓ A grande parte dos agricultores de castanha tem mais de 50 anos e um nível de instrução baixo, o que provoca um entrave à inovação e ao investimento, dado o reduzido conhecimento de novas técnicas, a dificuldade no acesso a programas de financiamento e a maior resistência à mudança. Existe muitas vezes uma

tei osia po pa te do ag i ulto e a eita edidas i o ado as, o ue p o o a muitas vezes conflitos entre aquilo que deve ser feito e aquilo que realmente é feito. É preciso existir uma maior compreensão, união e colaboração entre os agricultores para que caminhem todos na mesma direção, pois não é cada um fazendo à sua maneira que as coisas vão seguir adiante. Importa ainda apoiar e prestar assistência técnica aos produtores atuais e fomentar o aparecimento de jovens produtores. ✓ A falta de conhecimento sobre a existência das diferentes espécies de castanha, os seus tamanhos, aspeto, qualidade e sabor, por parte do cliente final é outra problemática que de certa forma desequilibra a produção da castanha no que diz respeito às variedades, e faz com que a castanha em vez de ser diferenciada pela sua qualidade, seja avaliada pelo seu calibre/tamanho e aspeto exterior. A verdade é que quando o consumidor se dirige ao supermercado e olha para a castanha, aquilo que lhe salta à vista é o tamanho da castanha e o brilho porque pensam que é a melhor, porém essa é uma atitude que está errada e que trás consequências para toda a cadeia de abastecimento da castanha, começando pelos produtores. Como a castanha que é mais valorizada pelo cliente é a com um maior calibre, como a judia ou a boa ventura, o produtor opta por produzir essas variedades em maior escala ou até mesmo toma a medida drástica de as produzir a elas somente. Isso faz com que, por outro lado, os produtores percam o foco na qualidade e deixem de investir em variedades de menor calibre tais como a longal que tem melhor sabor, são mais fáceis de descascar, o que traz imensos benefícios quer para o seu consumo em fresco como para transformação.

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✓ Muitas vezes os problemas e as ameaças existentes na cultura do castanheiro provêm juntamente com o mesmo desde a sua compra no viveiro, acompanhando-o até à sua instalação no souto. Desta forma, é essencial aumentar e reforçar a obrigatoriedade, o controlo e o rigor do sistema de certificação e registo de viveiros e viveiristas, para melhorar e tornar efetivo o controlo e sanidade dos castanheiros comercializados. ✓ Existe dificuldade em saber ao certo a quantidade de castanha produzida uma vez que alguma dela é para autoconsumo e outra é desviada para o mercado paralelo,

ais espe ifi a e te e da a e a da est ada , o e t a do os a ais de comercialização e por isso não havendo conhecimento acerca da existência da mesma, reduzindo assim o valor económico percebido. Normalmente a castanha é comprada ao produtor com o ajuntador a ir de porta em porta carregar a mercadoria e pagando posteriormente ou no ato da compra, porém a atratividade do mercado paralelo, no qual o produtor é beneficiado através da isenção de impostos, é um entrave à aposta num crescimento sustentado da produção e à profissionalização do sector, bem como ao trabalho dos intermediários entre os produtores e os comerciantes ou transformadores. ✓ A transformação de produtos de alto valor acrescentado (2ª transformação) é quase inexistente, sendo apenas a castanha congelada (1ª transformação) o único produto transformado com importância significativa. ✓ Não existe grande esforço por parte da comunicação no que respeita à divulgação dos benefícios, características e usos da castanha que permita modificar o posicionamento do fruto na mente dos consumidores. Assim, em Portugal, esta é consumida essencialmente na época da colheita, no seu estado fresco, não havendo uma visão sobre a mesma como uma substituta de outros alimentos essenciais à alimentação como os hidratos de carbono, tais como de batata, arroz, massa ou para produção de outros alimentos. ✓ É apresentada ainda, uma lacuna de investimento no papel do marketing, o que leva a uma carência de promoção no consumo. A castanha portuguesa é comprada pelos mercados que necessitam de mais matéria-prima do que aquela

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que conseguem produzir, ambicionando-a principalmente para a 2ª transformação, em que a castanha é muito apreciada pelas suas dotadas qualidades para produção de produtos com maior valor acrescentado, como o Ma o Gla . H ai da u a oa pa te de asta ha o p ada pelos e ados de

saudade , ue s o e ados de e ig a tes ue p o u a p odutos característicos dos seus países de origem. De qualquer forma é fundamental que surja uma promoção mais integrada da castanha portuguesa nesses mercados, pois apesar de não ter sido sentida a necessidade de investimento na sua promoção e diferenciação (marca forte, selo de qualidade, entre outras certificações como a DOP) uma vez que a mesma tem um escoamento na sua totalidade, essa é uma realidade que cada vez mais terá tendência a acontecer quando o mercado for mais competitivo e exigir uma maior profissionalização. ✓ A falta de mão-de-obra é outro problema, havendo pouca população no interior e nas aldeias, nomeadamente população jovem. Esta escassez leva à recorrência de mão-de-obra estrangeira, que mesmo não tendo muita técnica de apanha de castanha, levam uma jeira mais baixa e é muitas vezes a única solução. Por outro lado, arrasta a externalidade negativa que é o roubo por parte dessa mesma mão-de-obra estrangeira o que cria inúmeros conflitos sociais. ✓ Uma vez que a castanha tem um impacto gigantesco em termos de exportação, há que relevar os destinos a explorar e mais vantajosos para a mesma. Esses destinos podem ser distribuídos por oportunidades. Como principais países para exportação de castanha fresca e congelada temos a Itália, França e Espanha que são responsáveis pela transformação (essencialmente 2ª transformação). ✓ De o i ados o o Me ados da Saudade , ue est dispe so po países o o a Suíça, Luxemburgo, França, Brasil e Angola. Em termos de países prioritários pela posição geográfica e peso nas importações temos o reino Unido, o Brasil e os EUA, que podem importar produtos de 1ª e 2ª transformação, contudo torna-se

fu da e tal ia a e essidade . Po fi te os ai da, países o o a Ale a ha, Suíça e Áustria, onde Portugal tem uma desvantagem em termos de posição competitiva em termos de localização geográfica. Após aferidos os resultados,

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para que seja exequível o entendimento de todas as características mencionadas por parte dos diferentes intervenientes da cadeia de abastecimento do negócio da castanha, é relevante criar uma ferramenta mais simplificada, de forma a iluminar a dimensão originária da característica/problemática e as dimensões consequentemente afetadas, mostrando onde elas se cruzam. Desta forma, isto pode verificar-se nas seguintes tabelas: Social Características Agricultor Ajuntador Grossista Transformadoras Retalhistas Consumidor final Falta de mão-de-obra X X Roubos nos soutos X Resistência à mudança X População envelhecida X Êxodo rural X Saúde pública X Bem-estar dos agricultores X Bem-estar animal e espécies X Nível de instrução baixo X Consciência social X X X X Justiça X Relação baseada na confiança X X X X Segurança alimentar X X X Avaliação inadequada do fruto X Posicionamento do produto X Consumidores da "saudade" X Preferências do consumidor X

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Económico Características Agricultor Ajuntador Grossista Transformadoras Retalhistas Consumidor final Jeiras + Custos de transporte X Jeiras não declaradas X Trabalho próprio a custo nulo X Máquinas da apanha X Certificações X X X DOP's X X Variedades misturadas X Valor económico elevado X Volatilidade nos preços X X X Fonte de rendimentos X Emprego/formação X X X Eficiência X X X Desequilíbrio na produção X Concorrência desleal X X Controlo das variedades X X X Depende do mercado externo X Atraso nos pagamentos X X X Mingas (KG) de castanha X X Otimização de custos X X X Transformação nacional escassa X Potencial da castanha X Controlo do produto X Exposição atrativa dos produtos X Fruto de elevado valor X Qualidade do produto X X X X Diversos derivados de castanha X X X

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Ambiental Características Agricultor Ajuntador Grossista Transformadoras Retalhistas Consumidor final Cuidados a ter com os soutos X Aplicação de produtos X Pragas e doenças X Tipo de produção X Licenças e formações X Alterações climáticas X X X X X Replantação de castanheiros X Seca X Septoriose X Libertação de oxigénio X Captura de dióxido de carbono X Utilização de recursos naturais X X X X X Monocultura X Armazenagem adequada X X Transporte adequado X X Desperdícios X X Tratamento de resíduos X X X Risco de perecibilidade X X X Emissão de GEE X X

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Após a conciliação entre a revisão de literatura e a realidade proferida pelos agentes entrevistados pertencentes à cadeia de abastecimento, bem como as características identificadas e associadas por cada seção, torna-se de sublime ideia elaborar uma matriz SWOT que funcione de forma engenhosa e que facilite a criação de estratégias e a sua perceção como ferramentas para a criação de uma gestão da cadeia de abastecimento sustentável. Desde já se torna essencial explicitar que a análise SWOT consiste, segundo Lindon, D., Lendrevie, J., Joaquim, R., Lévi, J., Dionísio, P. (2011), numa técnica de apoio à definição de objetivos estratégicos alternativos que emergem como relação causa-efeito entre a componente externa (oportunidades e ameaças) e interna (forças e fraquezas) de uma empresa. Como a capacidade analítica e científica da técnica SWOT é algo subjetivo, é exigida uma adaptação para observar a dinâmica do negócio da castanha num contexto de mudança, e por isso o enquadramento que será apresentado, constitui mais propriamente uma técnica de síntese de conclusões do que verdadeiramente uma técnica analítica, harmonizando e ajustando as forças/oportunidades (tirando o máximo partido das forças para aproveitar ao máximo as oportunidades detetadas), as fraquezas/oportunidades (desenvolvendo as estratégias que minimizem os efeitos negativos das fraquezas e simultaneamente aproveitem as oportunidades emergentes), forças/ameaças (tirando o máximo partido das forças para minimizar os efeitos das ameaças detetadas) e as fraquezas/ ameaças (devendo as estratégias a desenvolver minimizar ou ultrapassar as fraquezas e, tanto quanto possível, fazer face às ameaças).

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Análise SWOT Fraquezas - Weaknesses Localização adequada, bem como condições climatéricas propícias para uma boa produção da castanha; Crescimento da área de produção de castanha; Diversificação de atividades no âmbito da agricultura sustentada; Boa qualidade e características diferenciadoras do fruto; Produto com elevado valor económico; Mediante a qualidade das variedades regionais, bom material vegetal; P estígio da Judia, i titulada o a ai ha das te as do Montenegro (DOP da Castanha da Padrela) Produto com muita procura, principalmente pelo mercado internacional; Bom rendimento para todos os operadores envolvidos; Procura assegurada por força das tradições e pela sua escassez. Potencialidade nutricional deste fruto e multiplicidade de produtos derivados.

Produtores, na sua maioria de idade avançada e com nível de instrução baixo, o que cria barreiras à inovação; Êxodo rural, sazonalidade do produto e falta de jovens na zona; Escassez e elevado custo de mão-de-obra; Falta de conhecimento por parte dos consumidores; Pouca aposta na investigação e desenvolvimento para ultrapassar e combater certas ameaças; Exploração diluída por pequenas parcelas, o que dificulta a mecanização; Falta de indústria que retenha maior valor acrescentado, bem como falta de know-how (saber/conhecimento); Produto perecível, o que exige temperaturas adequadas, quer no seu armazenamento quer na sua distribuição; Cadeia que exige um número considerável de intermediários; Tendência para a monocultura na Terra Fria Transmontana; Dificuldade em saber ao certo a quantidade produzida; Dependência do mercado externo; Concorrência feroz na compra, e não cooperativismo na venda, o que causa concorrência desleal e especulações. Oportunidades - Opportunities Ameaças -Threats

Aumentar a gama de tipos de retalhistas; Produção de espécies híbridas resistentes às doenças da tinta e cancro; Expansão da procura de castanha congelada para utilização como matéria-prima na indústria: Exploração na 2ª transformação; Venda online do produto; Posicionamento do produto ao nível dos diversos públicos-alvo (Ex: TAP); Investir em mais investigação e desenvolvimento; Inserção da castanha na gastronomia caseira e comercial; Crescimento do segmento de mercado de produtos biológicos; Tendência do consumidor para uma alimentação mais saudável; Aumentar o valor acrescentado da castanha; Aumentar a produtividade por hectare; Aumento generalizado da procura de castanha; Colheita mecânica.

Com o acréscimo da produção, aumentam conjuntamente os problemas com doenças e pragas; Alterações climáticas; Importação de variedades estrangeiras; Contínuo acréscimo da desertificação do interior, do envelhecimento da população e da falta de mão-de-obra; Roubos cada vez mais frequentes, provindos maioritariamente por estrangeiros; Concorrência desleal; Consumidores com pouco conhecimento acerca do produto; Desequilíbrios na produção; Acréscimo da concorrência de outros países, bem como facilidade de entrada no mercado pelos mesmos (China).

Forças - Strengths Figura 11 – Análise SWOT

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Estratégias a colocar em prática para resolução destas problemáticas e garantir uma gestão da cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha portuguesa: Efetuação de registos obrigatórios nos viveiristas, bem como certificação dos viveiros; Melhor divulgação dos apoios existentes à plantação de novos soutos e ao empreendedorismo jovem; Oferecer formação aos novos agricultores bem como apoiar e formar os existentes para as constantes mudanças e novas práticas culturais que surgem; Plantar novos soutos com recurso a novas práticas culturais mais inovadoras; Amplificar as áreas cultivadas, a produtividades das existentes e o valor da castanha; Eleger a produção de variedades como a longal e judia, mas sem negligenciar outras variedades; Alcançar um maior empenhamento em instituições e reforçar a investigação na resolução de problemas do castanheiro como as doenças e as pragas; Aumentar a produção biológica e apostar nos métodos de desinfestação naturais; Maior investimento em desenvolvimento e investigação no que respeita à colheita mecânica, procedendo a máquinas com mais habilidades e potencial para apanhar as castanhas de forma mais eficiente, sem degradá-las, e com aptidões para entrar nas parcelas dos soutos com as condições reais e existentes que eles apresentam; Fomentar uma maior cooperação entre os agricultores; Elaboração de reuniões de forma a observar e comentar a época de colheita e a respetiva evolução da produção por variedade, com a presença de agricultores, comerciantes e transformadores; Controlo acentuado por parte dos agentes da autoridade na época da apanha, estando em alerta a possíveis roubos nos soutos; Fixação de pessoas no Interior através de programas atrativos; Fortalecer o papel das associações de produtores e cooperativas;

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Incentivar o bom relacionamento e cooperativismo na venda de forma a combater as especulações; Criar empresas que se dediquem à prestação de serviços para aluguer e exploração de soutos; Cumprimento das regras de comercialização, bem como maior transparência e uma contabilização mais acertada na produção de castanha, colocando toda a castanha nos canais de comercialização, ou identificação do destino final da mesma; Maior fiscalização por parte das autoridades competentes no que concerne aos operadores envolvidos no circuito da castanha, de modo a combater a concorrência desleal; Proveitos das DOP existentes como fator diferenciador e vantagem competitiva em termos de mercado internacional; Apostar e aumentar a exportação para o Norte da Europa, uma vez que estes valorizam a castanha nacional; Criação de novas unidades fabris quer para uma 1ª transformação, quer essencialmente para efetuar uma 2ª transformação, de forma a colmatar os aumentos de consumo interno e externo; Aumentar a multiplicidade da oferta, produzindo novos produtos incluindo o modo de produção artesanais; Implementar um maior número de estudos de mercado, principalmente nos consumidores e dos concorrentes externos; Maior divulgação, bom como implementação de uma certificação da variedade de a a Lo gal e pu li aç o da es a aos o su ido es, e i i do os respetivos atributos diferenciadores; Estimular o consumo interno durante o ano inteiro, bem como campanhas que promovam de uma forma mais acentuada a inserção da castanha na gastronomia; Fazer florescer a castanha no setor do turismo, promovendo os diferentes

p odutos de i ados da es a e ia u a iage pela ota da asta ha, as

di e sas DOP’s e iste tes.

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12 Conclusão Como podemos verificar ao longo deste estudo, o castanheiro passa por diversas etapas ao longo da sua vida, normalmente a maioria nascem nos viveiros, são transplantados ou passam diretamente para o local definitivo formando um souto, passam pela gestão florestal e tratamentos adequados desde as lavouras, escarificadores, proteções especificas contra animais, enxertias, aplicação de produtos, procedendo mais tarde à apanha do fruto e comercialização do mesmo. A verdade é que o castanheiro enfrenta diversas adversidades, que dependem de inúmeros fatores, ao longo da sua vida, adversidades essas que muitas vezes são difíceis de ultrapassar ou até mesmo impossíveis, acabando por colocar fim à sua vida. A baixa colaboração entre os produtores, a sua dispersão e a não profissionalização da gestão funciona como um entrave à melhoria da produção e da produtividade e ainda reduz o seu poder negocial, assim apesar do papel chave que os produtores têm na cadeia de valor da castanha, a sua produção individual é por regra reduzida, o que torna necessária a existência de ajuntadores. Estes são uma entidade essencial, pois asseguram a aglomeração de inúmeras produções com uma quantidade significativa de castanha, adicionando uma margem sobre o preço do produtor, sendo posteriormente transportada e vendida a grossistas e transformadores. Já no que concerne à comercialização da castanha, esta pode apanhar diversos canais como foi explicado ao longo desta investigação, sendo que ao chegar à fase da transformação, essa é feita na sua maioria fora do país em consequência da pouca indústria existente no setor da castanha aqui em Portugal, e por esse motivo Portugal não consegue reter grande parte do valor acrescentado deste fruto. Apesar disso as poucas transformadoras nacionais tratam da castanha apenas numa fase mais inicial, essencialmente na sua congelação, os outros produtos que possam ser fabricados não tem grande peso pois são produzidos em pequena dimensão comparado com os milhares de toneladas de castanhas nascidas em território português. Intitulando-se a castanha como o Ouro de Trás-os-Montes nasce aqui a enorme questão de como é possível Portugal ainda estar na fase de exportar castanha sem reter a maioria do valor acrescentado da sua transformação. Posto isto, subsiste uma

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enorme oportunidade na retenção de valor acrescentado que Portugal pode alcançar através do aproveitamento dos castanheiros e implementação de estratégias como as que foram mencionadas neste estudo. A verdade é que um castanheiro tem uma durabilidade gigantesca, podendo durar mais de 500 anos, e assim sendo brota daí a ideia de que quem for capaz de pensar para além do seu tempo, sem dúvida que deixará ficar um negócio para várias gerações, o que eleva a ideia da importância da sustentabilidade deste fruto como compromisso para com as gerações futuras. Dias, J. (2005) profere que é importante que para além de encontrar soluções para os problemas do presente, haja um foco na previsão do futuro, uma vez que as suas tendências e mudanças são cruciais. Para além disso ele ainda considera que tal como no meio envolvente, na natureza, a competição por recursos escassos torna-se um ponto fulcral, na medida em mais do que uma matéria não pode ocupar o mesmo lugar desejado no mesmo tempo, para poderem ambas sobreviver, crescer e multiplicar-se. Logo, tal como no negócio da castanha portuguesa, é indispensável promover ações estratégicas de antecipação e resolução, que protejam esta cultura diferenciadora e todos os seus agentes envolvidos, conseguindo alcançar assim uma vantagem competitiva, debatendo a concorrência feroz por parte de outros países. E como um bom provérbio tem a capacidade de interpretar o papel de demonstrar de uma forma mais bela e singela a realidade, segue-se por isso um bom exemplo daquilo que foi falado. E f i a, todas as a h s u a gazela a o da. Sabe que tem que correr mais depressa que o leão mais veloz ou será morta. Em áfrica, todas as manhãs um leão acorda. Sabe que terá que correr mais que a gazela mais lenta ou morrerá de fome. Não interessa se és leão ou uma gazela. Qua do o sol se le a ta se o ue o as! Provérbio Africano Fonte: Guedes, Arantes, Martins, Póvoa, Luís, Dias, E., Dias, J., Menezes, Carvalho, J., Ferreira, Carvalho, M.,

Oli ei a, Aze edo & Ra os , Logísti a e gest o logísti a , Robalo, M. (Ed.), Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento (p. 56) Lisboa: Sílabo.

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O provérbio acima referido é um ponto paradigmático na medida em que explica genericamente como fazer face à competitividade. Entende-se por competitividade ser melhor que alguém (neste caso correr melhor) em algum aspeto ou área, do que os outros concorrentes existentes no mercado (Guedes, Arantes, Martins, Póvoa, Luís, E., Dias, J., Dias, Menezes, J., Carvalho, Ferreira, M., Carvalho, Oliveira, Azevedo & Ramos, 2012). Os autores enunciam ainda que, numa perspetiva de lógica de força, de poder e rivalidade, para além de competir com os seus concorrentes, sente-se muitas vezes a necessidade de concorrer também com os fornecedores e lie tes. Esta o ida , a ótica da perspetiva supracitada, faz-se de uma forma solitária e isolada, onde cada empresa deve correr, por si só, mais que os seus adversários. Assim percebe-se que ou Portugal avança, investe e cresce, ultrapassando os obstáculos que lhe aparecem e que podem comprometer a sustentabilidade desta cadeia, ou então, será alcançado e ultrapassado nesta corrida por aquele for detentor do produto mais atrativo. "Seja nosso cuidado conhecer previamente os ventos e o clima de um lugar, as culturas usadas na região e a natureza dos terrenos, que frutos cada região produz e quais cada uma recusa. E não contentes com a autoridade dos agricultores anteriores ou atuais, desenvolveremos nossos próprios métodos e tentaremos novas experiências" (Labrador, 1990).

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Anexos

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Agricultores: 1. Qual o impacto que o negócio da castanha tem para os seus rendimentos e para a sua qualidade de vida, bem como a da sua família? 2. Quais são os cuidados a ter com os soutos e quais os produtos usados nos mesmos? 3. É usual fazer análises ao solo dos soutos? Com que frequência? 4. Existem várias pragas que afetam o castanheiro. Quais considera mais frequentes e difíceis de combater? 5. Tem alguma certificação que lhe dá vantagem e valoriza o seu produto? 6. Uma vez que é um produto sazonal e exige mão-de-obra apenas temporária, quais as dificuldades no que diz respeito à procura de mão-de-obra? 7. É mais rentável a apanha das castanhas recorrendo à mão-de-obra ou a maquinarias específicas para o efeito? 8. Poderá vir a existência de maquinarias específicas para a apanha da castanha resolver a lacuna existente relacionada com a falta de mão-de-obra? 9. Com a alteração climática, cada vez mais é frequente recorrer a soutos com sistema de rega. Que sistemas conhece? Utiliza algum deles? 10. Relativamente à prática anterior quais são os custos associados e quais os seus benefícios? È compensatório ou não? 11. Quais as despesas que compreendem todo o processo da castanha desde o cuidado dos soutos até à apanha? 12. Relativamente ao recebimento da faturação da mercadoria tem alguma exigência perante o comprador? 13. Em que medida considera importante a atribuição do subsídio e que impacto tem o mesmo como componente atrativo para a exploração deste fruto? 14. Que outras opções a nível de rendimento poderia, ou tem sem ser as castanhas? 15. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha (em termos económicos, sociais e ambientais)? 16. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos (em termos económicos, sociais e ambientais)? 17. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?

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Ajuntadores: 1. Qual a importância que o negócio da castanha representa pra si, e que impacto tem nos seus rendimentos? 2. Para além de ter este papel de ajuntador também tem produção própria? 3. É usual comprar apenas para um grossista ou para mais? E o que define essa opção? 4. Qual o meio de transporte que utiliza, e como o obtém (aluga, viatura própria ou é disponibilizada pela empresa grossista para a qual trabalha)? 5. Como funciona o processo de negociação? 6. Após um consenso entre ambas as partes como se efetua todo o processo desde a pesagem até ao carregamento do veículo? 7. Qual a estratégia de abordagem aos agricultores? 8. Como é feito o controlo da qualidade e variedade da mercadoria? 9. Que dificuldade existe em lidar com a exigência de agricultores no que toca ao pagamento atempado do produto? 10. Quais as zonas que compra? Elas variam de ano para ano ou são fixas? 11. Qual a importância da relação de confiança ajuntador-agricultor e como isso se destaca perante outros concorrentes? 12. Como faz para manter o bom relacionamento com os agricultores uma vez que se trata de um negócio sazonal? 13. Qual o seu principal objetivo como ajuntador relacionado com este negócio? 14. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha (em termos económicos, sociais e ambientais)? 15. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos (em termos económicos, sociais e ambientais)? 16. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?

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Grossistas: 1. Quando iniciou esta atividade de comercialização da castanha? E como surgiu esta ideia? 2. Quais os passos que teve que dar para iniciar esta atividade? 3. Inicialmente quais os objetivos que pretendia com esta atividade? Conseguiu concretizá-los ou não? 4. Desde a entrada da castanha em armazém até à sua saída quais as etapas pela qual a castanha passa? 5. Do seu ponto de vista quais as dificuldades que encontra na comercialização deste fruto? 6. De que forma atua para poder contornar essas dificuldades? 7. Quem estabelece os preços/valor da castanha? 8. Que variedades são mais comercializadas? E qual o valor que representam cada uma respetivamente? 9. Qual a forma de seleção de ajuntadores e como funciona esse vínculo? 10. Apesar da existência de ajuntadores, no processo de comercialização da castanha muitos produtores optam por trazer a castanha aqui diretamente. Qual acha que é o motivo para os levar a fazer isso? 11. Que medidas são implementadas na sua empresa para garantir o controlo de qualidade? 12. Qual a dificuldade no recrutamento de trabalhadores para a época da castanha? 13. A empresa também optou por adquirir soutos de forma a ter produção própria? 14. Em que medida implementar um sistema de transformação nesta empresa melhoraria ou até mesmo inflacionaria a cadeia de valor deste produto? 15. Os Magusteiros recorrem na maior parte dos casos na busca de castanha direta aos agricultores. Em que medida os Magusteiros vem afetar o negócio dos grossistas na região? 16. Infelizmente Portugal, na grande parte da sua produção, está ainda na fase de exportar castanha sem reter o valor acrescentado da sua transformação. Que medidas poderiam ser tomadas para que este valor acrescentado ficasse em Portugal e não fora? 17. Qual a importância da relação com os clientes internacionais? E que atributos considera fulcrais para os aliciar neste mercado competitivo? 18. Qual o meio de transporte utilizado para conduzir a mercadoria ao seu destino? E que condições tem que possuir?

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19. Que preocupações ambientais tem e considera importantes (sacos, desperdícios, entre outros)? 20. Qual a importância das certificações e que impacto elas trazem consigo para uma cadeia de valor mais sustentável? Como são implementadas? 21. É difícil encontrar apoio financeiro (Banco)? 22. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha (em termos económicos, sociais e ambientais)? 23. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos (em termos económicos, sociais e ambientais)? 24. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?

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Transformadoras: 1. Quando iniciou esta atividade de comercialização e transformação da castanha? E como surgiu esta ideia? 2. Quais os procedimentos que teve de recorrer para iniciar esta atividade? 3. Inicialmente quais os objetivos que pretendia com esta atividade? Conseguiu concretizá-los ou não? 4. Qual a percentagem de média anual de castanha portuguesa importada pela sua empresa? 5. Desde a entrada da castanha em armazém até à sua saída quais as etapas pela qual a castanha passa? 6. Qual o impacto e a importância das castanhas portuguesas nos mercados internacionais? 7. Quais as características que distinguem a castanha portuguesa das restantes? 8. Quais os produtos que podem ser produzidos com castanha portuguesa e quais as suas respetivas etapas, desde a sua entrada no armazém até à sua saída? 9. Quais são os métodos utilizados para a conservação de castanhas e por quanto tempo eles conseguem ser mantidos? 10. Qual a percentagem média do valor acrescentado (lucro) do produto desde a chegada das castanhas portuguesas até chegar à cadeia de supermercados? 11. Do seu ponto de vista, quais as dificuldades associadas à comercialização deste produto? 12. De que forma atua para poder contornar essas dificuldades? 13. Existe alguma dificuldade em escoar o produto? Se sim para que tipo de mercado interno ou externo? 14. Além da castanha fresca, seria vantajoso para a sua empresa importar castanha processada diretamente? 15. Quem estabelece os preços/valor da castanha? 16. Seria vantajoso para a sua empresa investir numa unidade fabril de castanhas em Portugal? 17. Que variedades são mais comercializadas? E qual o valor que representam cada uma respetivamente? 18. Qual a variedade de castanha mais indicada para a indústria? 19. A fábrica também optou por adquirir soutos de forma a ter produção própria?

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20. Para além do congelamento, que outras transformações da castanha são ou poderiam ser realizadas? 21. Qual a importância da relação com os clientes internacionais? 22. Na indústria da castanha quais são as exigências informativas e que formação obrigatória é exigida aos colaboradores que trabalham diretamente com a matéria-prima? 23. Que estruturas e equipamentos tem que ter a fábrica para que a sua atividade não afete o meio ambiente? 24. O que acontece à castanha que não tem aproveitamento para venda? De que forma são tratados os desperdícios? 25. Qual a importância das certificações e que impacto elas trazem consigo para uma cadeia de valor mais sustentável? Como são implementadas? 26. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha? 27. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos? 28. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?

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Presidente da Câmara de Valpaços: 1. Qual o impacto que a produção de castanha tem a nível regional? 2. Uma vez que o concelho é rico em outros produtos regionais, qual a proporção de riqueza proveniente do negócio da castanha? 3. De que forma a Câmara Municipal de Valpaços poderia apoiar as empresas grossistas ou transformadoras de castanha para que estas consigam manter a sustentabilidade do negócio? 4. Em que nível considera importante a exportação para a sustentabilidade deste fruto? 5. Que medidas poderiam ser tomadas para aumentar a produtividade do negócio da castanha? 6. Qual o apoio que a câmara presta no combate à mais recente praga que afeta o castanheiro: a vespa asiática? 7. Qual a importância do reconhecimento da certificação da castanha a nível da região e a nível da variedade? 8. Qual a publicidade que é adotada para divulgar este fruto? 9. Qual o objetivo principal que se pretende atingir com a feira da castanha que se realiza anualmente? 10. Quais os esforços que têm sido feitos para a promoção e divulgação deste fruto como uso gastronómico? 11. Qual o impulso que o negócio da castanha tem nos comércios locais, quer na sua época quer anualmente? 12. A nível geográfico qual o desenvolvimento da mancha de soutos espalhados pela região? 13. Quais as precauções ambientais que a Câmara Municipal de Valpaços implementa e considera indispensáveis? 14. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha (em termos económicos, sociais e ambientais)? 15. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos (em termos económicos, sociais e ambientais)? 16. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?

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Engenheiro Agrónomo: 1. Qual é a função da Associação dos Agricultores? 2. Com que frequência são realizadas as assembleias gerais ou extraordinárias? 3. Qual o valor da quota anual dos associados? 4. Existe algum incentivo para os jovens que pretendem iniciar a atividade? 5. Quais são as doenças existentes do castanheiro? 6. Como é que as doenças anteriormente mencionadas podem ser tratadas ou até mesmo evitadas? 7. Existe solução/produtos para tratar todas as doenças? 8. Qual o impacto que esses produtos têm a nível ambiental? 9. Existem alternativas mais amigas do ambiente? 10. Existe muita diferença entre os preços de produtos mais ou menos agressivos para o meio ambiente (Agricultura biológica)? 11. Quais as regulamentações que tem vindo a ser implementadas e quais os seus objetivos (limpeza dos terrenos, cuidados a ter, entre outros)? 12. Que preocupações existem relacionadas com as alterações climáticas? 13. Que tipos de apoios ou subsídios existem na ajuda aos agricultores? E qual a entidade responsável pelos mesmos? 14. De que forma os diversos tipos de certificações influenciam a utilização de determinados produtos? 15. Que cursos de formação são necessários e obrigatórios para poder aplicar corretamente os produtos, e outros cursos complementares e essenciais? 16. Quais os problemas que considera relevantes e que podem comprometer uma cadeia de abastecimento sustentável do negócio da castanha (em termos económicos, sociais e ambientais)? 17. Desses problemas que mencionou, o que aconselharia como possíveis soluções e manobras para a resolução dos mesmos (em termos económicos, sociais e ambientais)? 18. Quais as suas futuras perspetivas na comercialização deste fruto?