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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
FLUXO DE CAIXA – COMPOSIÇÃO E APLICAÇÃO NAS
EMPRESAS
Por: Elizângela Gomes Tomaz da Silva
Orientador
Prof. Ana Claudia Morissy
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
FLUXO DE CAIXA – COMPOSIÇÃO E APLICAÇÃO NAS
EMPRESAS
Apresentação de monografia ao Conjunto
Universitário Candido Mendes como condição
prévia para a conclusão do Curso de Pós-
Graduação “Lato Sensu” em Finanças e Gestão
Corporativa.
Por: Elizângela Gomes Tomaz da Silva
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, que
sempre me motivou e apoiou do início até o fim.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e minhas amigas de trabalho,
por me dar forças para concluir mais uma etapa
em minha vida.
5
RESUMO
O fluxo de caixa é o registro de entradas e saídas de dinheiro que origina
alteração no saldo de caixa da empresa em determinado período. De posse das
informações geradas pelo do fluxo de caixa, o administrador financeiro poderá
planejar e controlar as finanças da empresa, desde a compra de matéria prima até a
projeção das vendas fazendo com que haja uma sincronização de caixa, buscando o
equilíbrio entre os prazos de compra e venda. Sendo assim, o fluxo de caixa é uma
ferramenta financeira que facilita a análise e a decisão de comprometer os recursos
disponíveis e se necessários selecionar as taxas menos onerosas para a captação de
recursos. Diante disso, o objetivo desta monografia é demonstrar a importância da
utilização do fluxo de caixa nas empresas, como instrumento contábil com
informações precisas capazes de auxiliar o administrador financeiro na tomada de
decisões. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica através de consulta a
livros, artigos e publicações eletrônicas. Os resultados demonstraram que o fluxo de
caixa é um instrumento que permite ao administrador financeiro planejar, organizar e
controlar os recursos financeiros da empresa. E como instrumento de análise, a
Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) permite evidenciar a situação financeira da
empresa, demonstrando se foi autosuficiente no financiamento de seu giro e a
necessidade de captação de recursos com terceiros.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada nesta monografia foi a pesquisa bibliográfica.
Utilizou-se como fonte de consulta de consulta livros, monografias, artigos e
publicações eletrônicas que abordam o tema em análise.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 08
CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO............................................ 10
CAPÍTULO II
O FLUXO DE CAIXA....................................................................................... 17
CAPÍTULO III
MÉTODOS PARA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS
DE CAIXA.........................................................................................
28
CONCLUSÃO ................................................................................................. 33
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 34
ÍNDICE ............................................................................................................ 37
FOLHA DE AVALIAÇÃO ................................................................................ 38
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INTRODUÇÃO
As informações mais relevantes que uma empresa pode gerar são
aquelas relacionadas ao seu caixa. Para qualquer tomada de decisão, seja
operacional, de investimento ou de financiamento, conhecer os reflexos de curto e
de longo prazo no caixa para cada atitude tomada é o que realmente importa.
O fluxo de caixa representa a previsão, o controle e o registro de entradas
e saídas financeiras durante um determinado período, contendo informações sobre a
vida financeira da empresa. Através dele, obtêm-se as informações sobre o estado
de liquidez da empresa; como utilizar seus recursos por um determinado período; se
há capacidade da empresa aplicar recursos e/ou se há necessidade de buscar um
empréstimo.
Com isso, a idealização e construção do fluxo de caixa pode evitar
situações desfavoráveis às empresas, tais como: insuficiência de caixa; cortes nos
créditos; suspensão de entregas de materiais e mercadorias, entre outras, fatos que
podem causar uma série de descontinuidades nas operações da empresa. Dessa
forma, como apontam Assaf Neto e Silva (1997), o fluxo de caixa é de vital importância
para a empresa, pois evidencia o rumo financeiro da mesma.
Estudar o fluxo de caixa para Sá (2008) é entender o processo de liquidez
na empresa. Fazendo o demonstrativo do fluxo de caixa, o empresário poderá
analisar quais atividades estão sendo rentáveis, e quais atividades estão impedindo
o caixa tornar-se líquido.
Com base nessas considerações, esta monografia objetiva demonstrar a
importância da utilização do fluxo de caixa nas empresas, como instrumento contábil
com informações precisas capazes de auxiliar o administrador financeiro na tomada
de decisões.
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Busca-se com estudo demonstrar que o fluxo de caixa é um instrumento
que permite ao administrador financeiro planejar, organizar e controlar os recursos
financeiros da empresa. E como instrumento de análise, a Demonstração do Fluxo
de Caixa (DFC) permite evidenciar a situação financeira da empresa, demonstrando
se foi autosuficiente no financiamento de seu giro e a necessidade de captação de
recursos com terceiros.
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CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO
Planejar significa o estabelecer previamente as ações a serem
executadas, os recursos a serem utilizados e a definição de responsabilidades, para
um determinado período futuro, tendo por finalidade atingir os objetivos definidos
pela empresa (SANVICENTE, 2000).
Chiavenato (2003, p.87) afirma que planejar é “a tarefa de traçar as linhas
gerais do que se deve fazer e dos métodos de fazê-los, a fim de atingir os objetivos
da empresa”.
Segundo Bateman e Snell (1998, p. 28):
Planejar é especificar os objetivos a serem atingidos e decidir
antecipadamente as ações apropriadas que devem ser executadas
para atingir esses objetivos. As atividades de planejamento incluem
análise da situação atual, antecipação do futuro, a determinação de
objetivos, a decisão sobre em que tipos de atividades a organização
deverá se engajar, a escolha de estratégias corporativas e de
negócios, e a determinação dos recursos necessários para atingir as
metas da organização.
Para Oliveira (2004, p. 36) o planejamento é uma atividade complexa,
pois trata-se de “um processo contínuo de pensamento sobre o futuro, desenvolvido
mediante a determinação de estados futuros desejados e a avaliação de cursos de
ação alternativos a serem seguidos para que tais estados sejam alcançados”,
levando a “um processo decisório permanente, acionado dentro de um contexto
ambiental interdependente e mutável.”
Golde (apud MOURA, OLIVEIRA, 2011) afirma que nas empresas de
pequeno porte há uma tendência natural de o gestor esquivar-se do planejamento,
11
por este significar a manipulação de incertezas sobre as quais a administração tem
pouco controle, e, quando o fazem, este costuma ser informal e sigiloso, pois fica na
mente do gestor que considera ser dispensável discuti-lo ou colocá-lo no papel,
dando-se ênfase à subjetividade, sendo, ainda, comum, a utilização do planejamento
para livrar a empresa de uma dificuldade momentânea e não para evitar futuros
problemas.
O planejamento é parte primordial em todos os setores da empresa, mas
principalmente nas atividades da área financeira, como aponta Gitman (2004, p.
586-588): “o planejamento é uma parte essencial da estratégia financeira de
qualquer empresa (...) pois fornece roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas
ações para na consecução de seus objetivos”.
De forma semelhante, expõe Ross et al. (2000, p. 82), que o
planejamento financeiro “formaliza a maneira pelo qual os objetivos financeiros
podem ser alcançados. Em visão mais sintetizada, um plano financeiro significa uma
declaração do que a empresa deve realizar no futuro”.
Para Lemes Júnior et al. (2005, p. 243), o planejamento financeiro:
direciona a empresa e estabelece o modo pelo qual os objetivos
financeiros podem ser alcançados. Um plano financeiro é, portanto,
uma declaração do que deve ser feito no futuro. Em sua maioria, as
decisões numa empresa demoram bastante para serem implantadas.
Numa situação de incerteza, isso exige que as decisões sejam
analisadas com grande antecedência.
De acordo com Groppelli e Nikbakht (1998, p. 364), o planejamento
financeiro
é o processo de estimar a quantia necessária para continuar as
operações de uma companhia e decidir quando e como a
necessidade de fundos seria financiada. Sem um procedimento
confiável para estimar as necessidades de financiamento, uma
companhia pode acabar não tendo fundos suficientes para pagar
12
seus compromissos, tais como juros sobre empréstimos, duplicatas a
pagar, despesas de aluguel e as despesas de luz e telefone.
Brealey et al. (2001, p. 522) afirmam ser o planejamento financeiro um
processo que consiste: avaliar as alternativas de investimento e financiamento
disponíveis à empresa; estimar os futuros impactos previstos para as decisões
atuais; escolher os caminhos a serem trilhados; e, estabelecer medidas de
comparação entre o desempenho ocorrido e as metas estabelecidas no plano
financeiro.
Para Brigham e Ehrhardt (2001, p. 533), esse processo compõe-se das
seguintes etapas: adotar um sistema de demonstrações financeiras projetadas;
calcular a demanda de fundos necessários para a execução dos planos traçados;
elaborar a previsão da disponibilidade de fundos resultantes da execução dos
planos; conceber um sistema de controle sobre as fontes e as aplicações de fundos
dentro da organização; e, desenvolver metodologia de adaptação dos planos às
variáveis externas não controláveis.
Nesse contexto, planejamento financeiro é o processo formal que conduz
a administração a acompanhar as diretrizes de mudanças e a rever, quando
necessário, as metas já estabelecidas, permitindo visualizar com antecedência as
possibilidades de investimento, o grau de endividamento e o montante de capital que
considere necessário manter em caixa, visando seu crescimento e sua rentabilidade.
Além disso, conforme aponta Gitman (2004, p. 591), o planejamento financeiro
oferece “uma estrutura para coordenar as diversas atividades da empresa e atuam
como mecanismo de controle estabelecendo um padrão de desempenho contra o
qual é possível avaliar os eventos reais”.
O planejamento financeiro é realizado e desenvolvido em duas etapas, a
curto prazo e a longo prazo, conforme aponta Gitman (2004, p. 588):
O processo de planejamento financeiro começa com planos
financeiros a longo prazo, ou estratégicos, que por sua vez guiam a
formulação de planos e orçamentos a curto prazo ou operacionais.
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Geralmente, os planos e orçamentos a curto prazo implementam os
objetivos estratégicos da empresa a longo prazo.
De acordo com o referido autor, a diferenciação entre planos financeiros a
longo prazo e planos financeiros a curto prazo se coloca da seguinte forma:
Planos financeiros a longo prazo (estratégicos) planejam ações
financeiras e o impacto antecipado dessas ações em períodos que
vão de 2 a 10 anos. O uso de planos estratégicos de 5 anos, que são
revisados à medida que novas informações significativas se tornam
disponíveis, é comum.[...] Planos financeiros de curto prazo
(operacionais) especificam as ações financeiras a curto prazo e o
impacto antecipado dessas ações. Na maioria das vezes, esse
planos cobrem um período de 1 a 2 anos. Entradas-chave incluem a
previsão de vendas e várias formas de dados operacionais e
financeiros (GITMAN, 2004, p. 584).
O planejamento financeiro a longo prazo busca conhecer
antecipadamente o impacto da implementação de ações projetadas sobre a situação
financeira da empresa, indicando se haverá excesso ou insuficiência de recursos
financeiros. Esses planos, segundo Gitman (2004, p. 588), “focalizam os dispêndio
de capital, atividades de pesquisa e desenvolvimento, ações de marketing e de
desenvolvimentos de produtos, estrutura de capital e importantes fonte de
financiamentos”, estando, portanto, ligados ao planejamento estratégico da
organização, sendo sua ausência, o principal motivo de ocorrência de dificuldades e
falências das organizações.
O planejamento financeiro a curto prazo consiste em uma análise das
decisões que afetam os ativos e passivos circulantes, com efeitos sobre a empresa
dentro do prazo de um ano. “Os elementos mais importantes do ativo circulante são
as disponibilidades, os títulos negociáveis, as exigências e as contas a receber. Os
elementos mais importantes do passivo de curto prazo são empréstimos bancários e
as contas a pagar” (BREALEY et al., 2001, p. 839).
14
Segundo Lemes Júnior et al. (2005, p. 515), o planejamento financeiro de
curto prazo têm como objetivo “preparar as projeções do fluxo de caixa, também
denominada orçamento de caixa, e das projeções das demonstrações financeiras, a
Demonstração de Resultados e o Balanço Patrimonial.” Esse planejamento
possibilita a empresa ter uma abordagem mais técnica sobre o nível de caixa a ser
mantido para pagamento de contas, quantidade de matéria prima a ser
encomendada e crédito a ser concedido aos clientes (ROSS et al., 2000).
O planejamento financeiro auxilia as empresas na tomada de decisão a
curto e longo prazo, oferecendo um suporte para a administração coordenar as
diversas atividades da empresa da melhor maneira possível, diminuindo os riscos
quanto a possibilidade de se tomar decisões equivocadas, que possam trazer
prejuízos ou até a falência as organizações. Esta ferramenta, portanto, oferece
subsídios a empresa, para que não seja surpreendida e possa ter uma alternativa já
prevista, caso tenha que tomar uma decisão.
É através de informações financeiras que as organizações são capazes
de determinar o volume de capital necessário, bem como desenvolver os processos
de análise, planejamento e controle financeiro que consistem em coordenar,
monitorar e avaliar todas as suas atividades (HOJI, 2004).
O controle financeiro torna-se um poderoso instrumento, para quem
busca uma adequada educação financeira, ao passo em que permite analisar e pôr
em pratica tudo aquilo que foi previsto e projetado no planejamento financeiro da
organização.
O controle financeiro pode ser compreendido como um conjunto de
medidas utilizadas com a finalidade de controlar e analisar todo o movimento de
caixa da organização. Ou seja, trata-se de um instrumento para análise e
aperfeiçoamento de todas as atitudes que levam à entrada e saída de dinheiro. O
controle financeiro quando bem aplicado pode garantir um fluxo de caixa positivo,
isto é, não somente ganhar dinheiro, mas saber aproveitá-lo corretamente para que
o mesmo não seja desperdiçado.
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Para ter um planejamento e controle financeiro eficaz, o administrador
financeiro deverá possuir um sistema de informação que lhe traga dados atuais do
andamento da empresa. De acordo com Segundo Filho (2005, p. 01):
O ideal é que esse sistema de informações seja totalmente
interligado, controlando, do lado dos ingressos, a emissão do pedido
do cliente, a venda, o faturamento da venda, a saída da mercadoria
do estoque, o recebimento da venda e a entrada do recurso em
caixa, e do lado dos desembolsos, a requisição de compra, a entrada
no estoque, a fatura do fornecedor, a entrada da mercadoria no
estoque, o pagamento ao fornecedor e a saída dos recursos do
caixa.
Alguns instrumentos servem de apoio ao controle financeiro, tais como a
demonstração de resultado do exercício (DRE), o balanço patrimonial, e com maior
destaque, devido a sua precisão de informações, o fluxo de caixa.
Segundo Zdanowicz (2004, p. 23):
Fluxo de caixa é o instrumento que relaciona o futuro conjunto de
ingressos e de desembolsos de recursos financeiros pela empresa
em determinado período. Pode ser também conceituado como
instrumento utilizado pelo administrador financeiro com o objetivo de
apurar os somatórios de ingressos e desembolsos financeiros da
empresa, em determinado momento, prognosticando assim se
haverá excedentes ou escassez de caixa, em função do nível
desejado pela empresa.
Iudícibus e Marion (2004, p. 143) complementam que o fluxo de caixa
propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento
financeiro. Por meio do planejamento financeiro, o gerente saberá o
momento certo em que contrairá empréstimos para cobrir a falta
(insuficiência) de fundos, bem como quando aplicar no mercado
financeiro.
16
O fluxo de caixa possibilita ao administrador financeiro programar e
acompanhar as entradas e as saídas de recursos financeiros, de forma que a
empresa possa operar de acordo com os objetivos e as metas determinadas, a curto
e a longo prazos. A curto prazo para gerenciar o capital de giro e a longo prazo para
fins de investimentos.
Segundo Gitman (2004), o fluxo de caixa é a espinha dorsal da empresa,
sua adoção possibilita uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações
de insolvência ou falta de liquidez que representam sérias ameaças à continuidade
das organizações.
A importância do fluxo de caixa é constituída pelo norteamento dos rumos
financeiros na empresa. Ele também é ferramenta facilitadora do planejamento,
tendo como objetivo maior dispor a organização de recursos financeiros suficientes a
honrar os compromissos assumidos e prover a maximização da lucratividade
(NETO; SILVA, 1997).
17
CAPÍTULO II
O FLUXO DE CAIXA
2.1 Conceito de fluxo de caixa
Assaf Neto e Silva (1997) conceitua o fluxo de caixa como um instrumento
que relaciona os ingressos e saídas de recursos monetários no âmbito de uma
empresa. Ainda de acordo com o referido autor, a partir da elaboração do fluxo de
caixa é possível prognosticar eventuais excedentes ou escassez de caixa,
determinando-se medidas saneadoras a serem tomadas.
Iudícibus e Marion (2004, p. 122) apontam que:
Fluxo de caixa é a técnica do regime de caixa que dá base para a
estruturação de um instrumento indispensável para tomar decisões
para todos os tipos de empresa. Normalmente é representado pelo
relatório denominado de Demonstração do Fluxo de Caixa, DFC.
Sá (2008, p. 11) define fluxo de caixa como “o método de captura de
registros dos fatos e valores que provocam alterações no saldo final de caixa e é
apresentado com relatórios estruturados, de forma a permitir sua compreensão e
análise”.
Para Santos (2005, p. 57) “o fluxo de caixa é um instrumento de
planejamento financeiro que tem por finalidade fornecer estimativas da situação de
caixa da empresa em determinado período de tempo á frente”. Ressalta o autor que
a “necessidade de planejamento de caixa está presente tanto nas empresas com
dificuldades financeiras, como naquelas bem capitalizadas”.
Zdanowciz (2004) relata que o fluxo de caixa é o instrumento que permite
demonstrar as operações financeiras que serão realizadas pela empresa, facilitando
a análise e a decisão de comprometer os recursos financeiros, de relacionar o uso
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das linhas de crédito menos onerosas, de determinar o quanto a organização dispõe
de capitais próprios, bem como utilizar as disponibilidades da melhor forma possível.
De acordo com autor, o fluxo de caixa “utiliza as seguintes contas: caixa, banco,
aplicações financeiras de resgate imediato da empresa, ou seja, consiste no fluxo do
disponível” (ZDANOWCIZ, 2004, p. 26).
Em uma linguagem técnica, o fluxo de caixa é um mecanismo de registros
contábil que mede a liquidez dos recursos financeiros através das entradas e saídas
monetárias de uma empresa a fim de identificar os excessos ou a necessidade
desses recursos para um determinado período de tempo. De forma mais
simplificada, o fluxo de caixa é o registro de entradas e saídas de dinheiro que
origina alteração no saldo de caixa da empresa em determinado período. Este
intervalo de tempo que pode ser apresentado de forma diária, semanal, quinzenal,
mensal e anual, ou de acordo como a política de controle financeiro da empresa.
Assim, pode-se compreender o fluxo de caixa como o registro e controle
sobre a movimentação de caixa de qualquer empresa, expressando as entradas e
saídas de recursos financeiros ocorridos em determinados períodos de tempos.
Silva (1998, p. 262) relata que a expressão fluxo de caixa apresenta duas
formas de entendimento: “(a) o fluxo de caixa passado, isto é, aquele que já foi
realizado; e (b) o fluxo de caixa previsto, ou seja, previsão de caixa que abrange um
período futuro.”
Nesse sentido, Sá (2008) aponta que o fluxo de caixa possui dois
momentos: temos o fluxo de caixa realizado que neste se encontram fatos passados
como pagamentos e recebimentos de contas, e, em um segundo momento, temos a
projeção do caixa, que é quando vamos prever o que será recebido ou pago.
Existem diversos fatores internos e externos que afetam o fluxo de caixa,
provocando distorções entre a projeção e o realizado comprometendo a liquidez da
empresa.
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Como fatores internos podem ser citados: a) aumento no prazo de vendas
a fim de atrair mais clientes o que provoca desencaixe entre o recebimento e
desembolso para pagamento dos fornecedores e despesas; b) compras além das
expectativas de vendas projetadas; c) ciclos de produção muito longos em
dissonância com o prazo médio de aquisição da matéria prima; d) folha de
pagamento e despesas fixas incompatíveis com as receitas; e) endividamento
elevado gerando altos custos financeiros; f) ociosidade de ativo fixo como máquinas,
equipamentos e veículos.
Entre os fatores externos que afetam o fluxo de caixa estão os seguintes:
a) queda nas vendas em função de retração do mercado ou recessão econômica; b)
surgimento de novos concorrentes para disputar a mesma fatia de mercado; c)
mudanças nas regras de impostos elevando alíquotas; d) aumento da inadimplência
administrada.
2.2 Objetivo do fluxo de caixa
O objetivo do fluxo de caixa, segundo Santos (2005, p. 57), é “informar a
capacidade que a empresa tem para liquidar seus compromissos financeiros a longo
prazo”.
De acordo com Zdanowicz (2004, p. 41), o principal objetivo do fluxo de
caixa é “dar uma visão das atividades desenvolvidas, bem como as operações
financeiras que são realizadas diariamente, no grupo ativo circulante, dentro das
disponibilidades, e que representem o grau de liquidez da empresa”.
Tem-se, pois que o fluxo de caixa tem por objetivo demonstrar ao
administrador financeiro a projeção das entradas e das saídas de recursos
financeiros para um determinado período, visando prognosticar a necessidade de
alçar recursos ou aplicar os excessos de caixa em operações mais rentáveis.
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Zdanowicz (2004) aponta como objetivos básicos do fluxo de caixa,
dentre outros:
§ Permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as disponibilidades de
caixa, através das informações constantes nas projeções de vendas, produção e
despesas operacionais, evitando-se o acúmulo de compromissos vultuosos em
época de pouco encaixe;
§ Determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado período, e
aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os recursos de
terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa;
§ Analisar a viabilidade de serem comprometidos os recursos pela empresa;
§ Participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os
controles financeiros;
§ Desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;
§ Financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;
§ Providenciar recursos para atender aos projetos de implantação, expansão,
modernização ou relocalização industrial e/ou comercial;
§ Facilitar a análise e o cálculo na seleção das linhas de crédito a serem obtidos
junto às instituições financeiras;
§ Verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa;
§ Programar os ingressos e os desembolsos de caixa, de forma criteriosa,
permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e o
montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias.
21
Matarazzo (2003) destaca como principais objetivos do fluxo de caixa,
avaliar alternativas de investimento, avaliar e controlar ao longo do tempo as
decisões importantes que são tomadas na empresa, com reflexos monetários,
avaliar as situações presente e futura do caixa na empresa, posicionando-a para que
não chegue a situações de iliquidez, e certificar que os excessos momentâneos de
caixa estão sendo devidamente aplicados.
2.3 Importância e finalidade do fluxo de caixa
De acordo com Matarazzo (2003), o fluxo de caixa apresenta como
finalidades principais: avaliar as alternativas de investimento; controlar e avaliar ao
longo do tempo decisões importantes tomadas na empresa; avaliar situações
presentes e futuras do caixa, evitando a iliquidez; certificar como os excessos de
caixa estão sendo aplicados.
Assaf Neto e Silva (1997) enfatizam que o fluxo de caixa é um importante
instrumento de planejamento e controle financeiro, tornando-se indispensável em
toda a tomada de decisão.
Queji (2002), o fluxo de caixa é fundamental para o andamento de uma
empresa, pois é ele que promove o nível de liquidez necessário para saldar
precisamente as obrigações assumidas pela empresa. A insuficiência de caixa pode
determinar cortes de crédito, cancelamento de entregas de pedidos, além de
ocasionar uma série de descontinuidades em suas operações.
Assaf Neto e Silva (1997, p. 37) esclarecem que, devido o fluxo de caixa
ser um importante instrumento de planejamento e controle financeiro, este “não deve
ser uma preocupação exclusiva da área financeira, mas sim de todos os setores da
empresa”, apontando as considerações:
§ Na área de produção: promover alterações nos prazos de fabricação dos
produtos, determinar novas alterações nas necessidades de caixa;
22
§ As decisões de compras devem ser tomadas de maneira ajustada com a
existência de saldos disponíveis em caixa;
§ Políticas de cobrança mais ágeis e eficientes, ao permitirem colocar recursos
financeiros mais rapidamente à disposição da empresa;
§ A área de vendas, junto com a meta de crescimento da atividade comercial, deve
manter controle mais próximo sobre os prazos concedidos e hábitos de
pagamento dos clientes, de maneira a não pressionar negativamente o fluxo de
caixa;
§ A área financeira deve avaliar criteriosamente o perfil de seu endividamento, de
forma que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração
de caixa da empresa.
Tem-se, portanto, que o fluxo de caixa é de vital importância para a
continuidade da empresa, pois através dele o administrador financeiro toma
conhecimento de toda movimentação monetária, administrando os recursos de
forma ideal, não deixando a empresa de cumprir com seus compromissos, e sempre
tendo a sua disponibilidade saldo em caixa, em níveis adequados.
2.4 Tipos de fluxo de caixa
2.4.1 Fluxo de caixa realizado ou histórico
O fluxo de caixa realizado tem por finalidade mostrar como se
comportaram as entradas e as saídas de recursos financeiros da empresa em
determinado período, possibilitando com isso análise de tendência, além de servir de
base para o planejamento do fluxo projetado.
O fluxo de caixa realizado quando comparado com o fluxo de caixa
projetado permite avaliar a forma como os recursos da empresa vinham sendo
23
aplicados, possibilitando identificar os motivos das variações ocorridas, se ocorreram
por falha de projeções ou por falhas de gestão, tornando possível, com essa análise,
identificar as causas de eventuais divergências de valores e sanar pontos críticos no
desempenho financeiro da empresa.
2.4.2 Fluxo de caixa descontado
Segundo Znadowicz (2004, p. 294), “uma forma prática de analisar as
alternativas de investimento de uma empresa, é através do fluxo de caixa
descontado, também denominado de fluxo de caixa liquido”.
O fluxo de caixa descontado pode ser mensurado por duas maneiras básicas
em que a primeira é para obter o fluxo de caixa dos acionistas e a segunda é através
do uso do fluxo de caixa livre. O fluxo de caixa livre é gerado pela empresa após a
dedução dos impostos, investimentos permanentes e variações esperadas no capital
circulante líquido. E o fluxo de caixa dos acionistas representa o fluxo de caixa
líquido, após computados os efeitos de todas as dívidas para complementar o
financiamento da empresa (MARTINS, 2001).
O fluxo de caixa descontado apresenta a real disponibilidade ou necessidade
de captação de recursos, podendo assim o administrador financeiro, analisar e
decidir antecipadamente sobre os fluxos de investimentos e políticas de prazos,
antes deles acontecerem.
2.4.3 Fluxo de caixa projetado
Conforme Sá (2008), o fluxo de caixa projetado é o produto final da
integração das contas a receber com as contas a pagar. Seu objetivo é identificar as
faltas e os excessos de caixa, as datas em que ocorrerão, por quantos dias e em
que montantes.
Segundo Zdanowicz (2004) o fluxo de caixa projetado pode ser expresso
de forma genérica pela seguinte equação:
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SFC = SIC + I - D
Onde:
SFC = Saldo final de caixa
SIC = Saldo inicial de caixa
I = Ingressos
D = Desembolsos
A aplicação desta equação com base nos registros administrativos da
empresa permitirá projetar a capacidade de geração de caixa pela empresa durante
o período examinado, considerando que todas as operações serão liquidadas
conforme pactuado.
É a partir do fluxo de caixa projetado que se faz o planejamento
financeiro, podendo ser projetado a curto ou a longo prazo. A curto prazo busca-se
identificar os excessos de caixa ou a escassez de recursos dentro do período
projetado, para que através dessas informações se possa traçar uma adequada
política financeira (LITENSKI; LOZECKYI, 2007).
A longo prazo, o fluxo de caixa projetado, além de identificar os possíveis
excessos ou escassez de recursos, visa também obter outras informações
importantes, tais como: a) verificar a capacidade da empresa de gerar os recursos
necessários para custear suas operações; b) determinar o capital em giro no
período; c) determinar o Índice de Eficiência Financeira da empresa (IEF = capital
em giro/capital de giro da empresa); d) determinar o grau de dependência de
capitais de terceiros da empresa; etc. (LITENSKI; LOZECKYI, 2007).
2.5 Componentes do fluxo de caixa
Segundo Gelbecke et al. (2009) o FASB (Financial Accountig Standards
Board) classifica os componentes de fluxo de caixa em:
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§ Atividades Operacionais: refere-se às entradas e saídas de recursos
relacionadas com a atividade operacional da empresa e normalmente envolvem
nas transações as contas da Demonstração de Resultados. Consistem
basicamente em: a) recebimentos operacionais de: clientes por vendas a vista,
clientes por vendas a prazo, clientes – adiantamentos, rendimentos de
aplicações financeiras, juros de empréstimos concedidos, dividendos recebidos e
outros recebimentos; b) pagamentos operacionais a: fornecedores de matérias-
primas, fornecedores de mercadorias, adiantamento a fornecedores, salários e
encargos, utilidades e serviços, tributos, encargos financeiros e outros
pagamentos.
§ Atividades de Investimento: está ligada aos investimentos no ativo permanente
da empresa, envolvendo a redução/aumento de ativos que a empresa utiliza na
produção de bens ou serviços. Consistem de: aplicações financeiras (com prazo
de vencimento maior que três meses), empréstimos concedidos, participações
em controladas/coligadas, participações em outras empresas, terrenos, obras
civis, móveis – utensílios – instalações, máquinas – ferramentas – equipamentos,
veículos de uso, equipamentos de processamento de dados, software/aplicativos
de informática.
§ Atividades de Financiamento: refere-se à origem dos recursos obtidos para
financiamento da atividade, sejam por meio de empréstimos junto a credores ou
por integralização dos sócios. Também fazem parte deste fluxo a amortização
dos empréstimos e os retornos sobre investimento.
2.6 Periodicidade do fluxo de caixa
A periodicidade para a elaboração do fluxo de caixa dependerá do ramo
de atividade de empresa, se ela dispõe de uma atividade mais ociosa a tendência é
realizar a projeção do fluxo de caixa pode ser mais curta (diário, semanal, mensal);
se empresa opera com atividades mais estáveis poderá optar por realizar uma
projeção mais longa (meses, trimestre, anual), como aponta Frezatti (1991, p. 10):
26
Discutir horizonte implica na definição do período pelo qual a
empresa se preocupa e mobiliza para obter resultados de caixa.
Pode fazê-lo para 30 dias, 90, 360, enfim, o horizonte que trouxer
benefício ao processo decisório da empresa. O critério para se definir
horizonte não é o critério de "gosto", pelo simples fato de querer tê-
lo. O critério correto consiste em usar o horizonte que tenha utilidade
em termos de decisão para a empresa.
Assim, a periodicidade do fluxo de caixa deve ser estabelecido de acordo
com o que melhor se adapta a empresa, se a longo ou curto prazo.
2.6.1 Fluxo de caixa a longo prazo
O fluxo de caixa a longo prazo, segundo Zdanowicz (2004), tem por
objetivo demonstrar a possibilidade de serem geradas as disponibilidades de caixa,
ou obtidos os recursos financeiros necessários à manutenção das atividades
planejadas para um dado período, devendo indicar o período em que as
disponibilidades poderão ser insuficientes para honrar compromissos, permitindo,
dessa forma, que o administrador financeiro possa planejar e buscar caminhos para
saldar os mesmos.
Normalmente, o fluxo de caixa a longo prazo, é planejado de dois a cinco
anos, incluindo os projetos de expansão, modernização, recolocação ou novas
instalações da empresa (LITENSKI; LOZECKYI, 2007).
2.6.2 O fluxo de caixa a curto prazo
A projeção do fluxo de caixa de curto prazo pode ser diária, semanal ou
mensal, sendo utilizado onde existem grandes oscilações, com a finalidade de ser
obter um acompanhamento constante e evitar surpresas. Geralmente é realizado a
partir de um fluxo de caixa a longo prazo, alterando-se para um período mensal,
posteriormente em semanal e este em diário, que “fornece a posição dos recursos
em função dos ingressos e desembolsos de caixa, constituindo-se em poderoso
27
instrumento de planejamento e controle financeiros para a empresa” (ZDANOWICZ,
2004, p. 128).
28
CAPÍTULO III
MÉTODOS PARA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO
DOS FLUXOS DE CAIXA
A Lei nº 11.638/2007 tornou obrigatória a publicação da Demonstração do
Fluxo de Caixa (DFC) para todas as empresas de capital aberto, ou sociedades
anônimas com Patrimônio Líquido superior a R$ 2.000.000,00.
De acordo com Santos (2005), a DFC é um demonstrativo financeiro que
demonstra a variação líquida do saldo contábil do caixa e equivalentes ao caixa num
período reportado, detalhando os recebimentos e pagamentos que causaram essa
variação.
Iudícibus e Marion (2004, p. 143) explicam que a DFC
propicia ao gerente financeiro a elaboração de melhor planejamento
financeiro. Por meio do planejamento financeiro, o gerente saberá o
momento certo em que contrairá empréstimos para cobrir a falta
(insuficiência) de fundos, bem como quando aplicar no mercado
financeiro.
Thiesen (2000, p. 10) complementa explicando que a DFC “permite
mostrar, de forma direta ou mesmo indireta, as mudanças que tiveram reflexo no
caixa, suas origens e aplicações”.
A DFC proporciona ao administrador financeiro uma melhor capacidade
de avaliar o caixa e equivalentes de caixa e ver como estão sendo usados esses
recursos independentemente de sua natureza de atividade, apontando a
necessidade de captar empréstimos ou aplicar excedentes de caixa em operações
rentável com a finalidade de buscar a eficácia financeira e administrativa da
empresa.
29
3.1 Método Direto
O método direto caracteriza-se por apresentar os componentes dos fluxos
por seus valores brutos, ao menos para os itens mais significativos dos
recebimentos e dos pagamentos. Devem ser apresentados, no mínimo, os seguintes
tipos de recebimentos e pagamentos relacionados a: a) clientes; b) juros, lucros e
dividendos; c) fornecedores; d) empregados e encargos sociais; e) tributos sobre
operações; f) tributos sobre lucros.
Na prática, é como se a demonstração do resultado fosse reconstruída,
considerando-se como receitas somente os valores efetivamente recebidos e como
despesas apenas o que foi desembolsado no período. A diferença entre os
pagamentos e recebimentos resulta no caixa gerado (ou consumido, se negativo)
pelas atividades operacionais no período (FERNANDES et al., 2005).
Segundo Marion (2005), as demonstrações financeiras utilizadas para a
realização do fluxo de caixa modelo direto são: Balanço Patrimonial, Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE), Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados (DLPA) e Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).
Segundo Campos Filho (1999), o método direto apresenta as seguintes
vantagens: a) cria condições favoráveis para que a classificação dos recebimentos e
pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais; b) permite que a cultura de
administrar pelo caixa seja introduzida mais rapidamente nas empresas; c) permite
que as informações de caixa estejam disponíveis diariamente.
Como desvantagens do método direto podem ser citadas: a) o custo
adicional para classificar os recebimentos e pagamentos; b) a falta de experiência
dos profissionais das áreas contábil e financeira em usar partidas dobradas para
classificar os recebimentos e pagamentos (CAMPOS FILHO, 1999).
O fluxo de caixa pelo método direto, segundo Sá (2008), permite o
administrador financeiro perceber se o caixa está tendo um déficit ou superávit.
30
Quadro 1 – Demonstração de Fluxo de Caixa Mensal pelo Método Direto
PERÍODOS
CONTAS JANEIRO FEVEREIRO
1 – ENTRADAS P R D P R D
Vendas a vista
Recebimento de títulos em carteira
Recebimento de títulos em bancos
Descontos de títulos
Receitas com aluguéis
Receitas financeiras
Vendas de imobilizado
Outras receitas diversas
Total de entradas
2 – SAÍDAS
Fornecedores
Compra de mercadorias a vista
Salários
Energia elétrica
Telefones
Despesas com manutenção
Despesas administrativas
Despesas com vendas
Despesas financeiras
Impostos
Compras de imobilizado
Outras despesas diversas
Total de saídas
3 – ENTRADAS - SAÍDAS (1 - 2)
4 – SALDO INICIAL DE CAIXA
5 – DISPONIBILIDADES (3 + 4)
6 – EMPRÉSTIMOS A CAPTAR
7 – APLICAÇÕES FINANCEIRAS A
RESGATAR
8 – AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS
9 – SALDO FINAL
P = Valor projetado; R = Valor realizado; D = Diferença ente P e R
31
3.2 Método Indireto
O método indireto, também chamado de método da reconciliação,
consiste na derivação do fluxo de caixa a partir do lucro líquido ajustado. A partida
para o demonstrativo é o lucro somado com as contas de resultado que não
afetaram o caixa. Posteriormente a geração de caixa operacional e não operacional
é a diferença do saldo inicial com o saldo final das contas do Balanço Patrimonial.
Segundo Sá (2008, p.121) o fluxo de caixa obtido pelo método indireto
“baseia-se em dados das demonstrações contábeis”. Os elementos de análise com
os quais trabalham são as variações das contas contábeis no início e no fim do
período considerado.
Esse método caracteriza-se por apresentar o fluxo de caixa líquido
oriundo da: a) movimentação líquida das contas que influenciam na determinação
dos fluxos de caixa das atividades operacionais, tais como estoques, contas a
receber e contas a pagar; b) movimentação líquida das contas que influenciam na
determinação dos fluxos de caixa das atividades de investimentos e de
financiamentos, a partir das disponibilidades geradas pelas atividades operacionais,
ajustadas pelas movimentações dos itens que não geram caixa, tais como:
depreciação, amortização, baixas de itens do ativo permanente etc. (DALMAZ;
SOBRINHO, 2007).
Para Iudicíbus e Marion (2004, p. 222) o método indireto consiste em
“estender a análise dos itens não circulantes (própria daquele relatório) as
alterações ocorridas nos itens circulantes, excluindo, as disponibilidades, cuja
variação se está buscando demonstrar”. Os autores complementam que por este
método “são efetuados ajustes ao lucro líquido pelo valor das operações
consideradas como receita e despesas, mas que, não afetaram as disponibilidades,
de forma que se possa demonstrar a sua variação no período”.
O método indireto apresenta baixo custo e com a utilização de dois
balanços patrimoniais, o do início e o do final do período, a demonstração de
32
resultados e algumas informações adicionais obtidas na contabilidade pode ser
colocado em prática. Além disso, concilia o lucro contábil com o fluxo de caixa
operacional líquido, mostrando como se compõe a diferença. Por outro lado,
algumas de suas desvantagens estão no tempo necessário para gerar as
informações pelo regime de competência e a interferência da legislação fiscal na
contabilidade oficial o que pode gerar distorções (CAMPOS FILHO, 1999).
Quadro 2 – Demonstração de Fluxo de Caixa pelo Método Indireto
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa Fluxo de caixa das atividades operacionais: Lucro líquido Depreciação e amortização (+) Provisão para devedores duvidosos (+) Aumento/diminuição em fornecedores (+/-) Aumento/diminuição em contas a pagar (+/-) Aumento/diminuição em contas a receber (+/-) Aumento/diminuição em estoques (+/-) Caixa líquido das atividades operacionais (+/-) Fluxo de caixa das atividades de investimento: Venda de imobilizado (+) Aquisição de imobilizado (-) Aquisição de outras empresas (-) Caixa líquido das atividades de investimento (+/-) Fluxo de caixa das atividades de financiamento: Empréstimos líquidos tomados (+) Pagamento de leasing (-) Emissão de ações (+) Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-) Aumento/diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa Caixa e equivalentes de caixa - início do ano Caixa a equivalentes de caixa - final do ano
33
CONCLUSÃO
O fluxo de caixa é o instrumento que relaciona o conjunto de ingressos e
de desembolsos de recursos financeiros pela empresa em determinado período,
sendo capaz de resumir e refletir todas as atividades da empresa, sejam elas
operacionais, econômicas ou financeiras, sejam relacionadas à administração do
capital de giro ou à administração financeira de longo prazo.
Por meio da demonstração do fluxo de caixa se identifica a escassez ou
excedente de recursos para que as providências necessárias sejam tomadas em
tempo hábil. Ela indica a origem de todo dinheiro que entrou no caixa, bem como a
aplicação de todo dinheiro que saiu do caixa em determinado período e, ainda, o
resultado do fluxo financeiro, proporcionando informações muito importantes para a
avaliação da estrutura financeira da empresa.
A adoção do fluxo de caixa proporciona condições mais sólidas para as
tomadas de decisão inerentes a situação financeira da empresa, sobre as aplicações
ou captações de recursos monetários, pois permite analisar a real situação da
empresa em determinado período, e, com esta informação gerencial é possível dar a
atenção devida aos setores da empresa que estão, de certa forma, deixando de
contribuir para o seu crescimento, possibilitando a busca de recursos, ou até mesmo
melhores investimentos.
A ausência de planejamento do fluxo de caixa é um fator predeterminante
para que a empresa não atinja seus objetivos. O controle e o planejamento podem
de forma contundente serem utilizados como instrumento para gerar lucros e manter
a saúde econômica e financeira da empresa sempre em boas condições.
34
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ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de Caixa: uma decisão de planejamento e
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37
ÍNDICE
DEDICATÒRIA................................................................................................ 03
AGRADECIMENTOS....................................................................................... 04
RESUMO......................................................................................................... 05
METODOLOGIA ............................................................................................. 06
SUMÁRIO........................................................................................................ 07
INTRODUÇÃO................................................................................................. 08
CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIRO.............................................. 10
CAPÍTULO II
O FLUXO DE CAIXA......................................................................................... 17
2.1 Conceito de fluxo de caixa..................................................................... 17
2.2 Objetivo do fluxo de caixa...................................................................... 19
2.3 Importância e finalidade do fluxo de caixa............................................. 21
2.4 Tipos de fluxo de caixa.......................................................................... 22
2.4.1 Fluxo de caixa realizado ou histórico............................................ 22
2.4.2 Fluxo de caixa descontado........................................................... 23
2.4.3 Fluxo de caixa projetado............................................................... 23
2.5 Componentes do fluxo de caixa............................................................. 24
2.6 Periodicidade do fluxo de caixa............................................................. 25
2.6.1 Fluxo de caixa a longo prazo........................................................ 26
2.6.2 O fluxo de caixa a curto prazo...................................................... 26
38
CAPÍTULO III
MÉTODOS PARA ELABORAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE
CAIXA................................................................................................
28
3.1 Método Direto......................................................................................... 29
3.2 Método Indireto...................................................................................... 31
CONCLUSÃO.................................................................................................... 33
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................. 34
ÍNDICE.............................................................................................................. 37
39
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes
Título da Monografia: Fluxo de Caixa – Composição e Aplicação nas Empresas
Autor: Elizângela Gomes Tomaz da Silva
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: