Fitoalexinas e a Resistencia de Plantas a Insetos

35
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA DISCIPLINA: Resistência de Plantas a Insetos PROFESSORA: DRª Nivia Dias-Pini FITOALEXINAS E A RESISTÊNCIA DE PLANTAS À INSETOS Discente: Jean Kelson da Silva Paz

Transcript of Fitoalexinas e a Resistencia de Plantas a Insetos

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARPROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA/FITOTECNIADISCIPLINA: Resistncia de Plantas a InsetosPROFESSORA: DR Nivia Dias-PiniFITOALEXINAS E A RESISTNCIA DE PLANTAS INSETOSDiscente: Jean Kelson da Silva Paz

  • RESISTNCIA CONSTITUCIONAL barreiras constitucionais presentes nos tecidos da planta (herana gentica).

    RESISTNCIA SISTMICA VEGETAL proteo bioqumica sistmica ativa ou estimulada por estresse ou inoculao. Ela pode ser:

    INTRODUOADQUIRIDA quando o elicitor ou indutor um agentepatognico ou herbvoro.

    INDUZIDA quando o elicitor um agente simbitico, benfico ou neutro.www.agrocin.com.br

  • COMPOSTOS ORGNICOS E A RESISTNCIA A INSETOSPOTAFOS (2004)

  • FITOALEXINASEm 1940, na Alemanha, foram descobertas plantas resistentes acumulavam substncias inibidoras do fungo causador da requeima da batata (HARBORNE, 1999).

    Estas substncias foram denominadas FITOALEXINAS (do grego phyto=planta e alexin= composto que repele).

    So compostos de baixo peso molecular responsveis pela defesa das plantas. As fitoalexinas no so protenas, no possuem especificidade e no imunizam a planta.www.ambientesutentavel.org

  • A primeira fitoalexina descrita quimicamente foi a PISATINA, isolada em plantas de ervilha (Pisum sativum).

    Diversas classes de produtos naturais, como alcalides, compostos fenlicos e flavonides entre outros tem sido descritos como fitoalexinas. Entre estes compostos pode-se destacar:

    - Epxido de Rutacidona encontrada em Ruta graveolens, - Letucinina encontrada em alface (Lactuta sativa), Momilactona A encontrada em arroz (Oryza sativa) e; - Kievtona encontrada em Phaseolus vulgaris.www.freshplaza.it

  • Constituem um grupo de metablitos secundrios quimicamente diverso, que se acumulam em torno do local de infeco e apresentam atividade antimicrobiana.

    A produo de fitoalexinas parece ser um mecanismo comum de resistncia a microrganismos patognicos e artrpodes em uma grande variedade de plantas.www.globorural.com.br

  • Os isoflavonides so fitoalexinas comuns em leguminosas, enquanto em plantas da famlia Solanaceae, como batata, tabaco e tomate, vrios sesquiterpenos so produzidos como fitoalexinas. Em geral, as fitoalexinas no esto presentes nas plantas antes da infeco, mas so sintetizadas muito rapidamente aps o ataque de microrganismos ou artropdes.www.globorural.com.br

  • OBJETIVO Relatar a origem metablica das fitoalexinas e as suas aplicaes, destacando o seu papel na resistncia de plantas insetos.

  • ORIGEM METABLICA DAS FITOALEXINAS

    Duas rotas metablicas bsicas esto envolvidas na sntese dos compostos fenlicos: a rota do cido chiqumico e a rota do cido malnico (TAIZ; ZEIGER, 2004).

    A rota do cido chiqumico participa da biossntese da maioria dos fenis vegetais. A rota do cido malnico, menos significativa nas plantas superiores.

    A rota do cido chiqumico converte precursores de carboidratos derivados da gliclise e da rota da pentose fosfato em aminocidos aromticos.

  • A rota do cido chiqumico est presente em plantas, fungos e bactrias, mas no encontrada em animais, os quais no podem sintetizar trs aminocidos aromticos (fenilalanina, tirosina e triptofano), nutrientes essenciais na sua dieta.

    A formao de muitos compostos fenlicos vegetais, incluindo fenilpropanides simples, cumarinas, derivados do cido benzico, lignina, antocianinas, isoflavonas, taninos condensados e outros flavonides, inicia com a fenilalanina.

  • POTAFOS (2004)

  • GHARAM (1983)

  • ELICITORES DE FITOALEXINASAtivam os mecanismos de defesa pelos vegetais um processo iniciado com a percepo do estmulo agressor.

    Os vegetais so capazes de reconhecer a presena de fitfagos por meio da deteco de compostos secretados por estes e que interagem, com constituintes da superfcie celular vegetal.

  • ELICITORES DE FITOALEXINAS So produtos do metabolismo primrio ou secundrio do patgeno ou artrpodes, e tm a propriedade de desencadear uma srie de alteraes no metabolismo celular vegetal (elicitao).

    Ocorre o aumento da sntese de compostos em momentos anteriores (fitoanticipinas constitutivas) ou posteriores ao ataque (fitoalexinas), constituindo uma resposta de defesa qumica do vegetal perturbao (TAIZ; ZEIGER, 2004).

  • ELICITORES DE FITOALEXINASOs compostos com ao elicitora envolvem enzimas (celulases, hemicelulases e pectinases) que determinam a formao de fragmentos de parede celular (oligossacarinas) (BUCHANAN et al., 2000).

    Estes fragmentos podem atuar como elicitores, peptdeos (elicitina e criptogena, glicopeptdeos, lipdios) ou derivados de cidos graxos e metablitos secundrios (ergosterol e salicilato de metila).

    Podem ser considerados elicitores a temperatura e a disponibilidade de gua, bem como suas variaes.

  • FITOALEXINAS QUE ATUAM NO COMPORTAMENTO DOS INSETOSAgem como qumicos que conferem resistncia as plantas pela:

    Presena de repelentes gustativos e olfticos. Ausncia de atraentes e arrestantes, Presena de supressores, Ausncia de incitantes, Presena de deterrentes, Ausncia de estimulantes e; Balano relativo destes estmulos.

  • Lara (1991) destaca vrias fitoalexinas/composto, elaborado pelas plantas, que atuam no comportamento dos insetos /caros. At = Atraente ; R = Repelente.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroAbies grandisVapores de monoterpenosRScolytus ventralisAllium spp.leo de mostardaAt Hymelia antigua,Formia reginaAndropogun nardusGeraniolAtDacus dorsalisCitrolenolRMosquitosCompositaeSesquiterpenos de lactona RSpodoptera frugiperdaSpodoptera eridanea

    Trichoplusia ni

  • At = Atraente ; Et = Estimulante de Aliementao; Ea= Excitante de alimentao; Eo= Excitante de ovoposio.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroCruciferasleo de mostardaAt, EaListrodecus oblicuosAt , EtPierus brasicae, Pierus rapaeAt, EoPlutella maculipennis

    AtPhylotreta cruciferaeSinalbinaEtPlutella maculipennis

    SinigrinaAt, EtBrevicoryne brassicae, Mysus persicae, Plutella maculipennis.

  • Ar= Arrestante At = Atraente ; Et = Estimulante de Aliementao; Ea= Excitante de alimentao; R= Repelente.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroCurcubitceasCurcubitacinasAt, ArAcalynna vittata;Cerotoma arcuataEtDiabrotica balteata,Diabrotica speciosa,Diabrotica undecimpuctata howardiRAbelhas e VespasTetranychus urticaeFragaria sp.Trans-2-haxen-1-olAtTetranychus urticaeTetranychus turkestani

    LinaloolRTetranychus urticaeTetranychus turkestaniAt, EaListrodecus obliquos

  • At = Atraente ; Da= Deterrente de alimentao; Do=Deterrente de ovoposio; Ea= Excitante de alimentao; Et = Estimulante de Alimentao; R= Repelente.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroGossypium sp.AmniaAtAnthomonus grandisTerpenosRAnthomonus grandisGlicosideos, flavonidesEtAnthomonus grandis-bisabolol, limoneno, pinenoAtAnthomonus grandisLipdeosEaDysdercus kaenigiiGlycine maxSaponina, UreaseEoCallosobruchus chinensisSapogeninaDoCallosobruchus chinensisLotus penduncularesVestitol, SativanDaCostelytra zealandica

  • At = Atraente ; Da= Deterrente de alimentao; Eo= Excitante de ovoposio; Et = Estimulante de Alimentao; R= Repelente.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroLycopersicon sp.TomazinaR, DaLeptinotarsa decemlineataMallus sp.FlorizinaDaMysus persicaeAmphorophora agathonicaMedicago sativaSaponinasDaCallosobruchus zealandicaHeteronychus aratorMorus sp.Linalool, CitralAtBombix moriLupeol, Ergosterol, -sitosterolEoBombix moriInositolEtBombix mori

  • At = Atraente ; Da= Deterrente de alimentao; ; Do=Deterrente de ovoposio; Eo= Excitante de ovoposio; Et = Estimulante de Alimentao; R= Repelente.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroNicotiana tabacumNicotinaRLeptinotarsa decemlineataOlea europaeaPirocatecol, Tiresol, HidroquinonaDoDacus oleaeOryza sativaOrizinaAtChilo supressalisAsparginaEtNilaparvata lugnes-sitosterolDaNilaparvata lugnes

    Methil chavicolAtPapilo ajaxD--pineno L--pinenoEoChoristoneura fumiferanaDaPorthetria disparTerpentinaRLiparis monarchaSistosterolEtHylobus pales-pinenoRPissodes strobiLimonenoAt/EoPissodes strobi

    3-carenoAtDendroctonus frontalisFurfuralDaCupins

  • Da= Deterrente de alimentao; Eo= Excitante de ovoposio; Et = Estimulante de Alimentao.

    PlantaFitoalexina/CompostoEfeitoInseto/caroSolanum sp.Cis-hex-3-en-1-olEtEpilachna fulvosignataDemissina, SolaninaDaLiparis decemlineata LecitinaEoLiparis decemlineata

    Sorghum sp.cidos fenlicos , HCNDaLocusta migratoriaSchizaphis garminumVigna unguiculatacidos eicosenico e linoleicoEtChalcodermus aeneusZea maysDIMBOADaOstrinia nubilalisMaisinaDaHelicoverpa zeaAcirtoquinonaEoOstrinia nubilalis

    Acares, AminocidosEtHelicoverpa zea

  • FITOALEXINAS QUE ATUAM NO METABOLISMO DOS INSETOSLara (1991) e Saxena et al (1977) relatam que algumas fitoalexinas possuem ao semelhante a ecdisnios e hormnios juvenis, alterando diapausa, produo de feromnios e desenvolvimento de ovrios.

    os autores destacam entre elas as seguintes fitoalexinas e compostos que atuam no metabolismo de insetos/caros.

  • PlantaFitoalexina/CompostoInseto/caroChysantemum cinerariaefoliumPiretroVarias espciesDerris sp.RotenonaVarias espcies

    Glycine maxPinitolHelicoverpa zeaGossypium sp.GossipolLygus hespenus

    Helicoverpa zea

    QuercitinaHelicoverpa zea

    Pectnophora gossypielaTaninoHelicoverpa virensis

    Tetranychus urticaeHemigossopoloneHelicoverpa zea

    HeliocidaPectnophora gossypiela

  • PlantaFitoalexina/CompostoInseto/caroGymnospermaJuvabione desidrojuvabioneVrias espciesLarix sp.cido abitico Pectnophora gossypiela

    Lycopersicon sp.TomatinaHelicoverpa virensisSpodoptera frugiperdaMalus sp.cido coumricoRhagoletis pomonellaQuercitinaRhagoletis pomonella

    Medicago sativaSaponinas Costelytra zealandicaAcyrthosiphon pisumOryza sativacido SaliclicoChilo supressaliscido BenzicoChilo supressalisCampestrol Chilo supressalis-sitosterolSpodoptera frugiperda

  • PlantaFitoalexina/CompostoInseto/caroPhaseolus vulgarisPentosesCallosobruchus chinensisPinus sp.Monoterpenos Dentroctus monticolaeDentroctus brevicomisQuercus macrocarpaMorinaHelicoverpa virensisMiristicinaBombix moriSolanum tuberosumSolanina, ChacominaLeptinotarsa decemlineataEmpoasca fabaeZea maysDIMBOAOstrinia nubilalisMaisinaHelicoverpa zea

  • FITOALEXINAS QUE INDUZEM A RESISTNCIA DE PLANTAS A INSETOS Algumas substncias vem sendo utilizadas com grande eficincia conferindo resistncia temporria insetos.

    Entre eles podem ser destacados o Cis-Jasmonato, o Metil Jasmonato, o cido Jasmnico e o cido Saliclico.

  • Cis-Jasmonato um produto orgnico de origem vegetal que induz a formao de volteis que repelem pragas e insetos indesejveis.

    Estudos demonstraram que tratamentos com Cis-jasmonato podem reduzir populaes de afdeos em 99% , nas culturas do milho, pimento, tomate, feijo, algodo, batata e berinjela (BORKE, 2011).

    Bakk (2012) relataram que a aplicao de Cis-jasmonato a 1% sobre Thrips tabaci em alho poro, teve efeito significativo sobre a ovoposio e significativa reduo na alimentao destes insetos.

  • Metil Jasmonato Possui amplo espectro de atividades fisiolgicas da planta, desde a germinao das sementes de senescncia e apresentam molculas de sinalizao em defesa da planta contra herbvora (SCHALLER; STINTZI, 2008).

    Sampedro et al (2011) relataram que a induo de mudas de pinheiro com metil jasmonato foram 21% menos atacadas pelo gorgulho do pinheiro Hylobius abietis. Boughton et al (2005) observaram que o metil jasmonato induziu a formao de tricomas em mudas de tomate que dificultaram a ao do trips nesta cultura.

  • cido Jasmnico produzido pela planta em condies de ataque onde esta aumenta a atividade das enzimas responsveis por elevar a defesa das plantas contra o ataque de insetos (CIPOLLINI; REDMAN, 1998).

    Koda (1992) afirma que aplicao de soluo de 28g de cido jasmnico por litro de gua , em folhas de milho, capaz de aumentar a atividade de enzimas que atuam na proteo contra a herbivoria.

  • cido Saliclico um derivado do cido benzico na rota dos fenilpropanides, acumula-se em altas concentraes nas proximidades de locais infectados e tem vrios papis nas respostas de defesa da planta (HAMMOND-KOSACK; JONES, 2000).

    Hammond-Kosack e Parker (2003) afirmam que a sua importncia esta relacionada a defesa contra insetos mastigadores.

  • CONSIDERAES FINAIS A utilizao de fitoalexinas como parte de resistncia constitucional ou induzida tem apresentado resultados positivos em diferentes culturas.

    A rota metablica que a planta utiliza para reagir ao ataque do inseto, definir a maior ou menor oferta de fitoalexinas.

    A resistncia definida atravs das interaes entre a planta, o inseto e o ambiente, sendo que o desequilbrio em qualquer um destes fatores poder afetar o resultado final da resistncia adivinda das fitoalexinas.

  • REFERNCIASBAKK, O. O. Effects of metil salicylate, methyl jasmonate and cis-jasmone on Thrips tabaci Lindeman. 64f. 2012. Master Thesis, University of Natural Resources an Life Sciences, Vienna Division of Plant. Vienna. 2012.

    BORKE, L.V. Cis-jasmone and synergist provides an effective natural insect control mechanism. Biopesticide for Control of Plant Insect Pests. 2011.2p.

    BUCHANAN, B. B.; GRUISSEN, W.; JONES, R. L.Biochemistry and molecular biology of plants.Rockville: American Society of Plant Physiologists, 2000. 1,367p.

    CIPOLLINI, D.F.J.R.; REDMAN, A.M. Age-dependent effects of jasmonic acid treatment and wind exposure on foliar oxidases activity and insect resitsenece in tomato. Journal of Chemical Ecology. v. 25, p.271-281.1998.

    GRAHAM, R.D. Effects of nutrient stress on susceptibility of plants to disease with particular reference to the trace elements. Advances in Botanical Research, v. 10, p. 221-276, 1983.

    HAMMOND-KOSACK, K.E.; JONES, J.D.G. Response to plant pathogens.In: B.B. BUCHANAN, W . GRUISSEM, R. L. JONES, EDS, Biochemistry and Molecular Biology of Plants. ASPP Press, Rockville, MD, p.11021156. 2000.HAMMOND-KOSACK, K.E.; PARKER, J.E. Deciphering plant-pathogen communication: fresh perspectives for molecular resistence breeding. Curr. Opin. Biotechnol., v.14, p.77-93. 2003.

    HARBORNE, J.B. The comparative biochemistry of phytoalexin induction in plants. Biochemical, Systematics and Ecology, v.27, p.335-367. 1999.

    KODA, Y. The role of jasmonic acid and related compounds in the regulation of plant development. 1, v.35:, p.155-199.1992.

    LARA, F.M.Princpios de resistncia de plantas a insetos. 2.ed. So Paulo: cone, 1991. 336p.

    SAXENA, B.P.; KOUL, O.; TIKKU, K.; ATAL, C.K. A new insect chemosterilant isolated from Acorus calamus L. Nature, v. 270, p. 512-513, 1977.

    SAMPEDRO, L.; MOREIRA, X.; ZAZ, R. Resistence and response of Pinus pinaster seedlings to Hylobius abiets after induction with methyl jasmonate. Plant Ecology. v.212, p. 397-401.2011. SCHALLER, A., STINTZI, A. Jasmonate biosynthesis and signaling for induced plantdefense against herbivory. In: Schaller, A. (Ed.), Induced Plant Resistance Against Herbivory. Springer, Heidelberg, pp. 349365. 2008.

    TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed.719 p. 2004.

  • Esta apresentao esta disponvel para download em:

    http://agronomium.blogspot.com.br/