Ficha formativa cultura da catedral

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANA História da Cultura e das Artes – 10ºF – 2013/2014 Ficha formativa 5 ________________________________________________________________________________ _________ Módulo 4 – A Cultura da Catedral 1. Caracteriza a Europa dos séculos XII a XV. Devido a uma série de condicionalismos, a Europa Ocidental viveu, entre o século XII e o século XV, tempos ora de renovação, ora de recessão. Assim, o século XII, caracterizado pela manutenção do feudalismo, conviveu também com uma fase expansionista. Fruto desse renascimento económico, a produtividade agrícola aumentou, a população cresceu, as trocas comerciais intensificaram-se (nomeadamente entre Itália e a Flandres, passando pelas feiras de Champagne), dá- se um ressurgimento das cidades e surge um novo grupo social: a burguesia, que encontra nas obras de arte um meio de afirmação social. Ao mesmo tempo que os mosteiros perdem a sua importância, as universidades afirmam-se como centros de conhecimento. O século XIII foi o culminar desse movimento: uma conjuntura económica dinâmica impôs-se e reflectiu-se na sociedade, no poder político, nas instituições e na intelectualidade. O século XIV viveu a recessão: guerras, pestes e fomes cobriram a Europa que só recuperou no século XV, com o Renascimento. 2. Enquadra a importância das catedrais no âmbito do surto urbano. As cidades não paravam de crescer, de se animar, de estender os subúrbios ao longo das estradas. Nelas, a catedral ou sé tornou-se o símbolo do poder do bispo e dos burgueses. Do bispo que controlava espiritual, jurídica e politicamente o território episcopal. A Sé tornou-se, por isso, o motor da religiosidade, do poder político e económico. É no seu adro que se realizam as feiras as representações teatrais, que se faz justiça, junto do pelourinho, e se trocam ideias entre burgueses, estudantes, letrados e aristocratas, já que era na catedral que funcionavam as mais importantes escolas da época. A catedral transforma-se no símbolo da cidade e é através dela que a comunidade urbana se afirma.

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANAHistória da Cultura e das Artes – 10ºF – 2013/2014

Ficha formativa 5_________________________________________________________________________________________

Módulo 4 – A Cultura da Catedral

1. Caracteriza a Europa dos séculos XII a XV.

Devido a uma série de condicionalismos, a Europa Ocidental viveu, entre o século XII e o século XV, tempos ora de

renovação, ora de recessão. Assim, o século XII, caracterizado pela manutenção do feudalismo, conviveu também com

uma fase expansionista. Fruto desse renascimento económico, a produtividade agrícola aumentou, a população cresceu,

as trocas comerciais intensificaram-se (nomeadamente entre Itália e a Flandres, passando pelas feiras de Champagne),

dá-se um ressurgimento das cidades e surge um novo grupo social: a burguesia, que encontra nas obras de arte um meio

de afirmação social. Ao mesmo tempo que os mosteiros perdem a sua importância, as universidades afirmam-se como

centros de conhecimento. O século XIII foi o culminar desse movimento: uma conjuntura económica dinâmica impôs-se

e reflectiu-se na sociedade, no poder político, nas instituições e na intelectualidade. O século XIV viveu a recessão:

guerras, pestes e fomes cobriram a Europa que só recuperou no século XV, com o Renascimento.

2. Enquadra a importância das catedrais no âmbito do surto urbano.

As cidades não paravam de crescer, de se animar, de estender os subúrbios ao longo das estradas. Nelas, a catedral ou sé

tornou-se o símbolo do poder do bispo e dos burgueses. Do bispo que controlava espiritual, jurídica e politicamente o

território episcopal. A Sé tornou-se, por isso, o motor da religiosidade, do poder político e económico. É no seu adro que

se realizam as feiras as representações teatrais, que se faz justiça, junto do pelourinho, e se trocam ideias entre burgueses,

estudantes, letrados e aristocratas, já que era na catedral que funcionavam as mais importantes escolas da época. A

catedral transforma-se no símbolo da cidade e é através dela que a comunidade urbana se afirma.

Os edifícios das câmaras municipais vão rivalizar em altura com as catedrais pois representavam o expoente do dever

cívico. Situavam-se igualmente no centro da cidade, diante dos quais se abrem praças para festas e celebrações.

3. Destaca a importância do abade Suger no aparecimento do estilo Gótico.

Entre os vários criadores do estilo gótico, destaca-se o abade Suger. Foi ele o criador da “Teoria da Iluminação”, que

defende que Deus é Luz e que as catedrais são como o “reino de Deus sobre a Terra” e que, por isso, deveria representar-

se o divino no espaço espiritual e físico da catedral. A partir dessa teoria, deu à catedral uma unidade estrutural, através

da planta, da verticalidade, da decoração dos pórticos e, especialmente, da luz, através de vitrais onde era realçada a cor,

a harmonia da composição, a elegância e a comunicabilidade das figuras. Na igreja da abadia de S. Denis efectuou

experiências que levaram a novas soluções estruturais (o arco ogival e as abóbadas de cruzaria de ogivas), que permitiam

aligeirar as paredes e inundar o espaço da cabeceira de luz, uma verdadeira luz celestial que entra na catedral através de

grandes janelões com vitrais. A luz entrava no interior da catedral, filtrada pela cor dos vitrais e produzindo reflexos e

projeções cromáticas. Deste mod, os vitrais contribuíram para transformar o interior da catedral num espaço mágico,

sobrenatural e metafísico.

4. Descreve a cultura cortesã da baixa Idade Média.

A cultura cortesã desenvolveu-se a partir das alterações económicas, políticas e sociais ocorridas no séc. XII, levando

ao ideal cavaleiresco e cortês. Com a relativa prosperidade e paz, houve mais tempo para o desenvolvimento cultural e a

única “profissão” dos nobres, a guerra, foi escasseando. Para manter a boa forma física e honra, organizaram-se torneios

e justas. As características desta cultura cortesã eram o amor, a alegria de viver, a paz, o prazer, a lealdade. Um

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crescente interesse na música e literatura, nas danças e no teatro religioso também pode ser notado. A igreja foi,

contudo, criticando estes exageros, argumentando que os prazeres carnais eram pecado e que a vida era uma passagem

solene para a morte.

5. Descreve os factos mais importantes da biografia de Dante Alighieri

Dante nasceu em 1265, em Florença. Rodeou-se de amigos cultos, poetas, músicos, pintores (Giotto) e filósofos, que

muito contribuíram para a sua formação. Apaixonado por Beatriz Portinari ( m.1290), seu amor eterno, dedica-lhe quase

toda a sua poesia. Porém a sua morte, e a partir de 1295, Dante passa a intervir activamente na vida política da cidade.

Em 1300, foi eleito como um dos seis Principais da Cidade. Mais tarde, por motivos políticos, foi condenado ao desterro.

Refugiou-se em Verona, depois em Pádua, Casentino, Paris (onde estudou filosofia e teologia), talvez Oxford, Pisa e

finalmente, em 1317, instalou-se em Ravena, onde morreu. A sua obra de referência entre outras que publicou foi a

“Divina Comédia” em língua vulgar, o italiano, cultivando o dolce stil nuovo. Estruturou-a em introdução e três partes

ou canzone que são percursos pelo Inferno, Purgatório e Paraíso e que corresponde a três passos – instrução, edificação e

purificação; ao todo, cem cantos que foram publicados pela primeira vez em 1472. Em companhia de Virgílio e depois de

Beatriz, Dante reflecte, nesta obra, o pensamento e a crítica filosóficas, teológicas, literárias e socioeconómica da sua

época. Constitui uma obra única e genial que apresenta: concepção engenhosa; rigor e ordenação estrutural; linguagem

clara, delicada, exigente e depurada; pormenor descritivo e beleza de detalhe; forte crítica social, política e religiosa; e o

uso da fantasia para descrever imagens visuais e auditivas, especialmente no Inferno, o qual se vai diluindo para,

finalmente, ser substituído pela contemplação divina, perante a visão do Paraíso.

6. Descreve de que modo a Peste Negra (1348) marcou a Europa

A Peste Negra de 1348 foi a epidemia que mais profundamente atingiu a Europa.

Trazida do Oriente teve o seu primeiro porto de entrada em Messina, na Itália, através dos barcos do comércio (o

portador parece ter sido a pulga do rato preto, originário da Ásia). As pessoas infectadas, por picadas de pulga ou por

via oral, ao fim de dois ou três dias no máximo, morriam devido à progressão rápida da doença, que atravessou todo o

continente europeu provocando o desaparecimento de 1/3 da população (outros autores referem o valor de ½).

Trouxe alterações a nível económico, social e político: elevada mortalidade (cerca de um 1/3 da população europeia

dizimada), que levou ao desequilíbrio das cidades, da mão de obra, do comércio e da política. Houve uma grande

transferência de populações das cidades para as zonas rurais, procurando cultivar a própria comida de forma a

sobreviver.

As consequências da Peste Negra sobre a mentalidade e a criação artísitca foram:

• incremento das manifestações de piedade colectiva, de que são exemplo os flagelantes e as peregrinações;

• massacre de grupos marginais, tornados «bodes-expiatórios» e acusados de serem responsáveis pelo surto epidémico

(os judeus e os leprosos);

• reforço das doações à Igreja para efeitos assistenciais, para criação de hospitais e de albergarias;

• representação da figura da morte, em esculturas e pinturas, como aviso da sua constante ameaça sobre os vivos;

• representação dos defuntos sob a imagem da decomposição do corpo, como advertência para a fragilidade da vida.

7. Descreve a origem do termo “Gótico”.

O termo “gótico” surgiu no Renascimento italiano para designar, pejorativamente, a arte medieval entre os sécs. XII e

XIV. Referia-se à arte com origem nos Godos (povo bárbaro), associando assim estas obras à barbárie. O gótico foi uma

revolução artística de magnitude impressionante, coincidindo com revoluções a nível social, económico e religioso.

8. Identifica o Gótico como uma arte urbana.

A catedral gótica é expressão da cidade e da renovação económica:

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• arte urbana, por excelência, o gótico é contemporâneo e produto do ressurgimento urbano e do desenvolvimento

económico europeu nos séculos XII-XIII;

• reflecte a riqueza, o prestígio e a capacidade técnica e empreendedora das cidades;

• a sua construção constituía um motivo de orgulho para as cidades, que competiam entre si na construção, em

altura, de belos e sumptuosos edifícios;

• Simbolizava o poder espiritual da igreja e o poder económico da burguesia que financiava a construção.

9. Demonstra a laicização da sociedade

Este estilo foi influenciado pela tendência da sociedade para a laicização, que se revela, por exemplo, na representação

do divino — o Cristo-Rei e Pantocrator é substituído pelo Cristo-Salvador do homem — e numa nova concepção do

homem, do mundo e de Deus.

Devido à perda de influência dos mosteiros, uma nova concepção do homem, do mundo e de Deus e a convergência

para a cidade levaram a sociedade a conhecer outras formas de viver que não a ditada pela igreja.

10. Relaciona o aparecimento das Universidades com a implementação da escolástica

Paralelamente ao crescimento das cidades, os mosteiros perderam o seu papel no desenvolvimento económico e

cultural. As urbes tomaram o protagonismo no primeiro aspecto, enquanto as universidades o fizeram no segundo. O

ensino deixa de ser exclusivo dos mosteiros, ganhando um carácter laico. Introduzem-se novas temáticas de estudo

desligadas da religião, como, por exemplo, o pensamento aristotélico, e as universidades começam a ganhar a

influência. São ensinadas as sete artes liberais: o Trivium (gramática, retórica e lógica) e o Quadrivium (aritmética,

geometria, astronomia e música). As Universidades passam a ser os novos centros de saber e de conhecimento.

Estes factores de afastamento da Igreja vão fazer com que esta tente acompanhar o ritmo da época, introduzindo a

escolástica como redinamizador da religião. Surgida como resposta da igreja, a escolástica consistia na especulação

teológica e filosófica guiada pelo pensamento aristotélico que conduzia à indagação e à sistematização das verdades

reveladas, estimulando a crítica, a especulação e a dialética . O seu princípio consistia em conciliar a fé cristã e a razão

aristotélica.

11. Descreve a importância de S. Tomás de Aquino na concepção da catedral gótica

Este esforço teve o seu expoente máximo em S. Tomás de Aquino, na obra Summa Theologica, que consiste na

sistematização de todo o pensamento cristão desde as suas origens para tentar criar uma doutrina lógica e coerente que

suportasse o pensamento religioso. Este novo guia de estudo introduzido pela igreja vai ter um enorme impacto formal

na constituição da arte gótica. A catedral, resultado de uma organização hierárquica de partes relacionadas entre si e

num equilíbrio de forças, corresponde à materialização da obra de S. Tomás. Nota-se, portanto, uma aproximação entre

o racionalismo clássico e a fé cristã. Neste sentido, a catedral constitui a materialização simbólica destes valores pois

conjuga os novos conhecimentos de geometria e de matemática (a ordem racional) com toda a carga simbólica de

ordem mística e cristã a que se encontra ligada.

Por outro lado, S. Tomás de Aquino defendia o conhecimento do mundo físico através dos sentidos. Para ele, o

Universo sensível do Homem serve para este conhecer o mundo e a natureza mas também a deus. A sensação passa a

ter primazia.

12. Refere o objetivo da arquitetura gótica.

Para o Gótico, as catedrais tinham como objetivo louvar Deus ( “Deus é Luz”) e os homens (os pobres, que

participavam na construção e os ricos, que a financiavam). As catedrais eram a suprema representação do divino no

espaço pois constituíam a máxima realização do Homem dirigido a Deus. Por outro lado, a catedral foi uma

demonstração do admirável esforço das populações e da capacidade empreendedora do homem, enquanto súbdito de

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deus. Neste sentido, a catedral constituía uma autêntica representação e materialização do divino, através das suas

formas, do seu espaço e das suas imagens. Finalmente, as Catedrais eram motivo de orgulho dos habitantes das

cidades, daí que a expansão destas seja realizada em torno da catedral.

13. Descreve as inovações técnicas introduzidas pelo Gótico.

- Arco ogival, surgido na Borgonha, devido à necessidade de elevar os 4 arcos (principais e

formeiros) à mesma altura, o que só se poderia fazer agudizando os arcos dos lados

menores ( abóbada cruzada simples e abóbada cruzada sexpartida)

- outras inovações: abóbada de cruzaria de ogivas, arcobotante (arco de

descarga da abóbada para o exterior) e contraforte (conduz as cargas até ao solo)

- Vantagens:

- É exercida menos pressão lateral, permitindo uma melhor articulação de forças

- Através das nervuras estruturais dos arcos em ogiva, as forças eram desviadas para os pilares de sustentação e

para os contrafortes no exterior

- Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios

- Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios

- Consequências: necessidade de reforçar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes; introdução

dos arcobotantes, espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais, e dos botaréus,

elementos maciços verticais adossados às paredes exteriores das naves laterais .

14. Caracteriza a nova estética introduzida por essas inovações:

- Aumentou a altura das abóbadas

- Pilares e colunelos mais delgados

- Acentuação da verticalidade

- Espaços internos mais amplos

- Paredes libertas do seu papel de suporte, passando a delimitar e proteger espaços

- Interiores iluminados (melhor aproveitamento da luz) devido aos vitrais

15. Descreve as alterações introduzidas na estrutura formal.

- Mantém-se a planta tipo basilical, em cruz latina - cabeceira virada para este - Corpo geralmente com 3 naves

- o transepto, que se desloca para o centro do edifício, é quase tão largo como o corpo principal mas, em compensação,

pouco ou nada saliente

- A cabeceira tornou-se mais complexa, ocupando cerca de um terço da área da igreja e integrando o coro, o altar-mor e

o deambulatório.

- em consequência das transformações no transepto e na cabeceira, o espaço interior é mais amplo.

- os pilares das arcadas interiores aumentam em número e são colocados mais próximos uns dos outros pois os tramos

eram retangulares (e não quadrados);

- em contrapartida, ficam mais finos e altos, o que, juntamente com a maior altura dos tetos, criava a noção de

verticalidade.

- Nova ordenação nas paredes laterais: devido ao desaparecimento da galeria, passam a ter 3 níveis (arcadas, trifório e

janelas clerestóricas); alongamento das arcadas e do clerestório, sublinhando as linhas verticais

- as janelas, mais alongadas, ocupavam toda a largura das paredes - as rosáceas tornam-se imponentes, permitindo uma

melhor iluminação

- Alterações nos portais:

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- portais talhados num corpo saliente da fachada, o qual avançava até à espessura da base dos contrafortes

- as arquivoltas ogivais tornam-se mais esguias, acentuado pelos gabletes (empenas decorativas, de forma

triangular, que servem de moldura e remate), em que, em alguns casos, estavam contidas

- Acentuação da verticalidade pelas torres sineiras, elevando-se em relação ao cruzeiro, terminando em telhados cónicos

ou em flechas rendilhadas eprolongando-se em pináculos e agulhas

- Decoração exterior abundante (estatuária erelevos): tímpanos, arquivoltas, colunelos, mainéis, cornijas, gárgulas,

botaréus, arcobotantes, pináculos

- Interligação da catedral com o espaço que a rodeia:os contrafortes afastadosdas paredes parecem prolongar a igreja

pelo espaço circundante, enquanto, no alto das torres e telhados, pináculos eflechas se perdem no céu.

16. Distingue as várias fases do Gótico:

Fase Local Anos CaracterísticasGótico primitivo

Île-de-France (Saint-Denis) e Paris

1140-1190 Introdução do sistema estrutural gótico (arco quebrado, abóbada de cruzaria de ogivas e arcobotante)

Gótico Clássico

Chartres, Reims, Bouges e Amiens

1190-1240 Amadurecimento do sistema estrutural gótico (normaliza-se a utilização da abóbada de cruzaria e do arcobotante, paredes mais delgadas, supressão das tribunas)

Gótico radiante

Expansão pela Europa

1240-1350 Aparecimento de variantes locais; decoração mais complexa

Gótico Flamejante

França e Alemanha 1350-1520 Intensa decoração com motivos ondulantes; arco ogival menos agudo

O Gótico Internacional surge numa fase tardia(finais do século XIV e inícios do século XV) na Borgonha (França) e

espalha-se por toda a Europa ocidental. Os artistas viajavam por toda a Europa acabando por uniformizar as formas e

atenuar as diferenças regionais, transformando o Gótico numa arte decorativa, sofisticada e cortesã.

17. Distingue as várias “escolas” do Gótico.

- França: foi o modelo que se impôs, seguido em vários países

- Inglaterra: mais austero pela prevalência das catedrais monásticas (corpo alongado, aberturas menores, cabeceiras

quadradas, transeptos duplos)

- Alemanha: estilo Hallenkirchen ou igrejas-salão, pelo seu espaço unificado

- Espanha: desenvolveu-se a partir do séculoXIII e distinguiu-se pela inclusão de elementos decorativos de e influência

árabe(estilo plateresco)

- Itália: introdução tardia, com a manutenção de poucas aberturas nas paredes e da pintura mural em detrimento dos

vitrais; a Catedral de Milão é dos finais do século Catedral de Milão XV, exemplo do Gótico

flamejante

18. Descreve a Catedral de Notre - Dame de Amiens.

- Fachada: portal triplo com gablete e rosácea em pedra; estatuária rica na fachada nos portais e

menor grau no seu interio; Galeria real e Coruchéu rendilhada

- Planta: transepto de três naves; o deambulatório e as capelas salientes são espaçosas e estão

separadas entre si; introdução de capelas poligonais no deambulatório:

- Estruturação das paredes 3 andares: 1º andar - janelas anteriores; 2º andar - Trifório; 3º andar

- Janelas superiores. Percorridos por pilares cilíndricos e quatro colunas adossadas.

Legenda:

1. Capela Radial

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2. Deambulatório3. Altar4. Coro5. Corredores laterais do coro6. Cruzeiro7. Transepto8. Contraforte9. Nave10. Nave lateral11. Fachada, portal19. Caracteriza a decoração das catedrais góticas.

As características da decoração exterior são: o horror ao vazio (elementos decorativos não só no portal, nas rosáceas, e

nas gárgulas mas também nos pináculos, nos arcobotantes, nos gabletes, e nos vitrais), o portal triplo, o enquadramento

do portal em molduras/gabletes, arquivoltas mais esguias, presença de relevos e estatuária, nomeadamente em nichos e

baldaquinos.

Os temas dos tímpanos eram o Cristo em majestade, o Último Julgamento ou Juízo Final, agora com o objetivo de

transmitir não o medo ou o castigo, mas a esperança, a vida da Virgem e o nascimento de Cristo (culto mariano) e

episódios da vida dos santos.

Nota-se também um retorno ao cânone artístico clássico com a maior autonomia da escultura face à arquitectura,

ganhando o seu próprio espaço e desenvolvendo capacidades expressivas próprias.

Nos portais utilizam-se as estátuas-coluna, que se prolongam nas arquivoltas em torno do tímpano, que apresentam

uma evolução significativa ao nível da composição, da expressividade e da monumentalidade:

• a expressão formal (atitudes, gestos) procura transmitir a perfeição espiritual;

• o naturalismo e o realismo das expressões, presentes na representação minuciosa do rosto, das mãos e dos

corpos;

• humanização das figuras representadas, através da serenidade e da graciosidade das suas expressões;

• os pregueados naturais das roupas deixam transparecer a anatomia dos corpos, numa clara recuperação do

modelo clássico;

• autonomização em relação à arquitectura.

Há uma decoração interior muito mais sóbria, influência da ordem de Cister (nos púlpitos, capitéis, nos medalhões, no

fecho das ogivas)

O vitral ocupou o lugar dos antigos murais executados a fresco e a sua utilização integra-se na teoria de que “Deus é

Luz”. Surgem nas rosáceas, janelas rasgadas – criando o ambiente místico que traduzia o espírito religioso da época.

Têm cores vibrantes, eram contornados a chumbo ( que unia os pequenos vidros coloridos). Ao transformar a luz solar

numa “irradiação divina”, os painéis de vitrais, contendo imagens sagradas, produziam efeitos maravilhosos no interior

das catedrais, levando os fiéis a ser transportados misticamente deste mundo inferior ao mundo divino.

20. Caracteriza a escultura do Gótico Inicial.

As esculturas de vulto redondo representam figura alongadas, posição rígida, um jogo curvilíneo do panejamento,

uma ligeira inclinação, rostos cada vez mais individualizados e transmissão de calma e serenidade. Em algumas é

evidente a posição assimétrica oblíqua do corpo em relação ao seu eixo: o tronco roda para um lado e as pernas para

o outro, formando um S.

Algumas estátuas eram colocadas em nichos e sob os baldaquinos, que ocupavam os colunelos dos ombrais

21. Caracteriza a escultura do Gótico Pleno.

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A escultura Gótica desenvolveu-se nos seguintes géneros: as estátuas-coluna, estátuas de vulto redondo, baixos-relevos

com narrativas bíblicas e temas religiosos e decoração esculpida em elementos arquitectónicos.

Regista-se uma maior procura de uma tendência mais naturalista e realista, tanto na iconografia como no relevo e na

estatuária. Os corpos são mais volumosos e as posições ligeiramente curvilíneas, acentuadas pelo requebro da anca. A

partir do século XIV, evidencia-se já um sinuoso S, quase em contraposto, numa forte tensão delinhas ondulantes. As

pregas concêntricas, em U e V, acentuam a forma do corpo e das ancas.

Há um progressivo retorno ao cânone clássico de estética, expressão e perfeição espiritual (cânone clássico) e uma

maior correcção anatómica.

A nível da expressão formal, procura-se transmitir a perfeição espiritual: mãos, rosto e corpo tratados com maior

correção anatómica; os cabelos e barbas encaracolados, com mais detalhes. As figuras sagradas (santos, Cristo, Maria)

são tratadas com, grande naturalismo das expressões e dos detalhes, numa representação próxima do real, o que sugere

uma humanização dos temas bíblicos e das figuras sagradas, o que permite caracterizar a escultura gótica como uma

“humanização do céu”.

No século XIV, são recorrentes as esculturas que transmitem sofrimento e que representam feridas exageradas ou um

Cristo esquelético. Esta expressividade é estimulada pela crise económica e social. A constante presença da morte

reflecte-se na arte e representa-se tanto o homem comum com os santos e Cristo em sofrimento. Mais uma vez é patente

as influências de Abelardo e de S. Tomás de Aquino: “A sensibilidade é a fonte do conhecimento”

22. Descreve a evolução da escultura tumular.

- A partir de 1200, vulgarizaram-se as estátuas jacentes, de início apenas com a intenção de evocar o defunto, deitado,

de olhos abertos e de mãos postas sobre o peito em oração, sem pormenorizar os seus traços físicos (utilização de

símbolos,inscrições epigráficas, brasões, …)

- Em meados do século XIII, aparece o retrato idealizado, com um leve sorriso que ilumina o rosto

- No final do século XIV, o morto é representado, muitas vezes,como que enregelado, envolto num lençol ou nu,

autênticocadáver em decomposição

23. Refere as principais alterações registadas na pintura gótica.

A pintura gótica teve o seu período mais importante no séc. XIV e no séc. XV, durante o qual o Papado se fixou em

Avinhão, as repúblicas italianas e o Sacro Império Romano Germânico estavam fragmentados. As variedades regionais

dividiam-se pela Flandres e Itália. As características do chamado estilo internacional ou estilo “1400” são as influências

bizantinas (dourados e tons brilhantes), preocupação pelo realismo dos rostos e velaturas, a inclusão de paisagens e

espaços arquitectónicos, o desenvolvimento da técnica da perspectiva, as imagens ganham volume e a expressão

humanizada de Jesus, Maria e santos. Os quadros compostos por dois ou mais painéis eram chamados de dípticos,

trípticos ou polípticos. A principal mudança na pintura vai-se dar através da relação desta com a arquitectura; o

aparecimento de mais aberturas em detrimento das paredes maciças verificadas no românico obriga ao desenvolvimento

da técnica do vitral em vez do mural. Houve também uma tendência por substituir a pintura mural pela pintura sobre

madeira (retábulos, painéis, quadros, etc.).

24. Descreve as alterações registadas nas principais técnicas:

Vitral: apogeu: 1200-1260; surge como consequência directa da estrutura do edifício gótico, ocupando o lugar

dos murais a fresco; integra-se numa nova forma de celebrar a fé através da Luz: rosáceas e janelas rasgadas (as

“igrejas de vidro”); temas: Vida de Cristo; Cenas do Antigo e do Novo testamento; Culto da Virgem

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A iluminura: Influências da arte românica e bizantina; aparecimento de iluminadores laicos, a partir de

encomendas de nobres e religiosos; representação do espaço: fundo repleto de figuras humanas e animais,

apontamentos da natureza e arquitetura; riqueza cromática, dominando ao azuis, contrastados com vermelhos

Pintura - desenvolvimento nos séculos XII, XIV e no início do século XV - a sua principal particularidade foi:

realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas,

temas religiosos,

personagens de corpos pouco volumosos, cobertos com muita roupa, com o olhar voltado para cima,

em direção ao plano celeste.

Representação de Cristo - ao contrário do verificado no românico, deixa de ser o homem sempre vivo,

vestido, indolor, passando a ser o homem nu, sofredor, corpo arqueado em sofrimento, que fecha os

olhos, aceitando a morte. Verifica-se, portanto, a humanização do divino.

25. Caracteriza a pintura em Itália.

A maior parte das grandes cidades italianas como Florença, Veneza, Milão e Pisa, adquiriram grande autonomia

e constituíram-se em cidades-estado, prosperando economicamente e obtendo um enorme desenvolvimento nas

artes. Com a ascensão das cidades como centros políticos e económicos autónomos durante o período gótico e

com o consequente florescimento da vida urbana acentuara-se o orgulho cívico que causara naturais rivalidades

e conflitos entre as cidades-estado italianas. O desenvolvimento artístico conjugou humanismo e espiritualidade

e libertou-se definitivamente das influências românicas e bizantinas, antecipando a artedo Renascimento.

em Itália, ao contrário do Norte da Europa,as Igrejas permaneceram largas ebaixas, mantendo superfícies

parietais(paredes) compactas.Por essa razão, predominou a tradição da pintura a fresco, conjugada com o uso de

retábulos.

Principais pintores:

Cimabue - considerado o último grande pintor italiano a seguir a tradição bizantina

Duccio di Buoninsegna - iniciou uma renovação na artemedieval, estabelecendo uma ruptura com a tradição

bizantina. Efetuou a síntese da plástica bizantina com a gótica desenvolvendo um novo género de espaço

pictórico. O espaço é uma construção arquitetónica onde habitam as suas personagens, aproximando-se ao

“espaço real” através do tratamento volumétrico dos corpos e da tridimensionalidade do espaço. Teve

grande influência na formação do estilo Gótico Internacional e influenciou Simone Martini e os irmãos

Ambrogio e Pietro Lorenzetti, entre outros. Seu grande rival na época foi Giotto, mestre da Escola

Florentina.

Giotto di Bondone - discípulo de Cimabue

Inovou a pintura da sua época com a introdução da perspectiva e com a plena ruptura em relação à

arte bizantina (espaço pictórico verosímil):

criação de uma visão pictórica baseada no princípio da imitação (conceito aristotélico)

Antecipa a perfeição matemática da perspectiva renascentista, revelando um grande domínio do

desenho e valorizando a luz (iniciação a uma visão racional na representação das coisas e da

natureza)

valorização das cores na definição dos corpos das figuras representadas

Humanização das figuras: identificação da mais importante figura dos santos com seres humanos de

aparência bem comum; santos com ar de homem comum, ocupando sempre posição de destaque

Personagens transmitem grande expressividade (pathos emotivo)

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visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no

Renascimento.

Simone Martini - a sua pintura caracteriza-se pelo rigor e pelas linhas sinuosas, líricas e estilizadas,

geralmente sob um fundo dourado, de influência bizantina. As suas personagens revelam intensidade

expressiva e dramática. Foi um dos pintores italianos que mais contribuiu para a arte do Estilo

Internacional.

Os irmãos Lorenzetti - Pietro (1280-1348), que conjugava monumentalidade e doçura. Ambrogio (1290-

1348), conhecido pelas suas obras repletas de naturalismo, perspicácia, ordenação e uma vista panorâmica

da cidade;

Gentile da Fabriano - as suas obras ficaram conhecidas pelo perfeccionismo técnico e formal e brilhante

policromia.

António Pisanello - ficou conhecido pelas suas pinturas murais e pelos elegantes retratos

26. Caracteriza a pintura flamenga.

No Norte da Europa, nomeadamente na Flandres, onde o desenvolvimento do Gótico foi mais tardio, a pintura revestiu-

se de certos aspectos peculiares:

- retrato físico e psicológico, de grande realismo

- paisagens naturais e arquitectónicas

- as cenas sagradas como cenas da vida quotidiana se tratassem.

- a perfeição no tratamento de volume e profundidade

A arte flamenga reflectiu bem a prosperidade económica e o bem-estar geral da sociedade da época, impulsionadapela

importância da burguesia mercantilista. A prosperidade da burguesia nascida do sucesso económico foi um grande

impulsionador da arte, uma vez que a posse de uma obra de arte era símbolo de poder e prestígio. Os pintores flamengos

responderam com eficácia a esta solicitação, criando uma linguagem plástica capaz de representar a realidade com tanta

fidelidade que os seus quadros pareciam autênticos espelhos.

Principais pintores

Robert Campin - Também conhecido como mestre de Flémalle, demonstrou uma visão realista do Mundo e

representou os santos como pessoas comuns e mortais e os temas religiosos como cenas do dia-a-dia.Possuía

uma pintura naturalista, plena de detalhes arquitectónicos e perspectiva

Dirck Bouts - foi um dos primeiros artistas nórdicos a usar o ponto de fuga nas suas composições, que dava

profundidade à cena pintada e criava uma perspectiva quase fotográfica.As suas personagensapresentam uma

beleza e serenidade intocáveis.

Flandres Hans Memling - pintor conhecido principalmente pelos seus retratos e pela sua pintura gentil e suave e

de grande sentido humanístico .

Jan Van Eyck - Lançou as bases de uma nova cultura figurativa. Foi o grande divulgador da pintura a óleo ( de

secagem lenta, permitia um trabalho minucioso pelo retoque e sobreposição de camadas, produzindo grande

detalhe e realismo) . Permanecem os simbolismos medievais; registava os aspectos da vida urbana e da

sociedade de sua época; grande cuidado com a perspectiva,procurando mostrar os detalhes e as paisagens.

Rogier van der Weyden - Discípulo de Van Eyck, foi o artista mais influente do seu tempo, no Norte daEuropa,

tendo influenciado outros pintores.

Hugo Van der Goes - nasceu em 1440 e morreu em 1482. A sua obra caracteriza-se pela tensão dramática, pela

sensação de movimento e ritmo e ainda pelasua monumentalidade.

Page 10: Ficha formativa cultura da catedral

Hieronymus Bosch - Foi a grande excepção dentro do panorama artístico do seu tempo, pelas suas obras de

carácter apocalíptico e macabro,repletas de figuras simbólicas e imaginativas e composições bastante

complexas. Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilizaçãode figuras

simbólicas complexas,originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no

seutempo.

Matias Grünewald - Foi autor de cenas sagradas expressivas, vigorosas e agonizantes. O tema mais comum é a

crucificação de Jesus Cristo.

27. Caracteriza o Gótico em Portugal.

Arquitetura:

- introduzido no século XIII, domina no Sul do país, permanecendo ligado às ordens monásticas, pelo que se implantou

sobretudo nas zonas rurais e se caracteriza pela sobriedade e austeridade.

- a introdução do Gótico em Portugal esteve relacionada com a acção da ordem de Cister e dos Dominicanos e

Franciscanos. Inicialmente, apresenta características rurais e monásticas, de formas e linhas modestas e simples, em

harmonia com a austeridade das ordens mendicantes. Somente nas obras de maior dimensão se desenvolveram

programas mais ambiciosos e onde se fizeram sentir as influências internacionais ( Abatida de Alcobaça, Sé de Évora e

Mosteiro da Batalha).

- as linhas e ormas são modestas e simples: igrejas de 3 naves, central mais alta, separada das colaterais por arcadas de

pilares finos; a cobertura é de madeira; abóbadas nervuradas apenas à cabeceira; 3 ou 5 capelas; abside com

deambulatório, cobertura com abóbadas de arcos ogivais; frontaria de portal único e com rosácea sobreposta, abrindo

sobre o corpo central; transepto saliente; exteriores compactos e fechados; austeridade na decoração exterior; abside

com deambulatório;

- primeiras construções góticas em Portugal: Mosteiro de Alcobaça, Claustro da Sé Velha de Coimbra;

- mosteiro de Alcobaça seguiu a influência da Ordem de Cister que, por sua vez, seguiu o modelo da Abadia de

Claraval, fundada por São Bernardo. Caracteriza-se pela sobriedade, solidez e funcionalidade

- Mosteiro da Batalha grande realização arquitectónica gótica portuguesa do séc. XV (período mais importante do

gótico português): Planta convencional; as naves do corpo central e do transepto são abóbadadas, divididas por arcadas

ogivais, apoiadas em grossos pilares, de colunelos ininterruptos da base ao capitel; uso de arcobotantes laterais,

construídos sobre os telhados da cabeceira

Pintura:

- influências exteriores, assimilando-as de modo próprio e original

- pintura sobre madeira, em polípticas destinadas a altares, retábulos e decoração de paredes (a de maior preferência)

- temáticas: religiosas

- composições ingénuas; demonstraram as dificuldades técnicas experimentadas pelos artistas: erros de representação;

figuras esquematizadas; cores muito duras e sem modelado

- Nuno Gonçalves – Painéis de S. Vicente:

* políptico de 6 tábuas (60 fig. quase em tamanho natural)

* objectivo do artista: retrato característico da sociedade portuguesa

* realismo do retrato de cada uma das personagens individualizando a figura humana

* personalidade bem marcada em cada uma das personagens

* obra de ruptura com os padrões góticos tradicionais

Page 11: Ficha formativa cultura da catedral

ESCULTURA

● continuou o programa funcional da escultura românica

● decoração esculpida de suporte, essencialmente, arquitectónico (portais, capiteis, rosáceas)

● tumularia: decoração de túmulos, sarcófagos, etc. onde se vão desenvolver os principais programas escultóricos

● grandes escolas: Lisboa, Évora e Batalha e a notável escola de Coimbra.

Estilo Manuelino

ARQUITECTURA

- surge no reinado de D. Manuel I, a partir do séc. XV-XVI

- Estilo arquitectónico, tipicamente português, associado às Descobertas e à Expansão Marítima portuguesa.Integra-se

no Gótico Final, distinguindo-se pelos elementos decorativos exuberantes (nacionalistas, marítimos e naturalistas).

Mantém o essencial das estruturas góticas

- novos pretextos decorativos à escultura gótica (sobretudo nos portais e fachadas)

- afirma-se principalmente ao nível da decoração da arquitectura: ornamentação [decoração] exuberante (quase

barroca); tudo aparece representado:

- nas fachadas

- em ornatos de ombreiras

- arquivoltas dos portais

- ou em arcos e pilares interiores

- motivos decorativos:

- naturalistas: troncos, cachos de uvas, folhas de loureiro;

- de origem marítima: redes, conchas, cordas, nós, algas

- nacionalistas; esfera armilar, Cruz de Cristo, escudo de D. Manuel

- arcos quebrados desaparecem, sendo substituídos por arcos polilobados (ferradura ou redondo)

- principais construções: Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (Lisboa), Igreja da Ordem de Cristo (Tomar)

PINTURA

- politica de protecção às artes, seguida por D. Manuel I

- factores que contribuíram para a evolução da pintura no inicio de Quinhentos: importação de obras da Flandres;

fixação em Portugal de pintores flamengos ou a experiencia de alguns portugueses em oficinas estrangeiras

- grande produtividade; escolas regionais: Viseu, Coimbra, Évora

- as obras eram realizadas de forma colectiva entre mestres, artífices e aprendizes (parcerias)

- especializando-se cada um no tratamento especifico de determinados elementos do quadro: a figura humana, as

roupagens, os ambientes interiores, as formas arquitectónicas ou paisagens

- tratamento realista do retrato e das paisagens

- aplicação de coloridos intensos

- representação minuciosa dos tecidos, tapetes, peças de ourivesaria (todo o tipo de acessórios que reflectiam o

requinte e cosmopolitismo/elegância da sociedade cortesã da época)

- apuramento do olhar, interesse pelo sensível e observável

- contexto cultural: emergiu um renovado interesse no homem e na sua relação com o mundo

- influência flamenga

ESCULTURA

● papel predominante que a ornamentação desempenhou na arte manuelina diversidade formal e plástica no

Page 12: Ficha formativa cultura da catedral

domínio da escultura

● favoráveis condições de trabalho/aumento da encomenda que aqui se verifica

Page 13: Ficha formativa cultura da catedral

ESQUEMA COMPARATIVO:

ASPECTOS GERAIS

ARTE ROMÂNICA ARTE GÓTICA

ØDesenvolveu-se nos séculos XI e XII.ØArte monástica: construções rurais espalhadas pelos campos.

ØSubstitui o românico a partir do século XII.ØArte citadina: apareceu com o desenvolvimento do comércio

ARQUITECTURA

ØPlanta em forma de cruz latina.ØArco de volta perfeita.ØDois tipos de abóbadas: de berço e de arestas.ØGrossos pilares interiores e contrafortes exteriores.ØParedes baixas e grossas.ØPoucas aberturas: apenas pequenas frestas.ØMonumentos escuros, austeros e pesados.

ØMantém a planta de cruz latina, mas com naves mais elevadas.ØArco quebrado ou ogival.ØNovo tipo de abóbadas: abóbada sobre cruzamento de ogivas.ØArcobotantes apoiam , no exterior, a nova abóbada.ØJogo de massas verticais; elevadas torres com flechas.ØAltas janelas nas paredes e largas rosáceas nas fachadas,ØMonumentos muito iluminados e com belos vitrais a coar a luz.

ESCULTURA

ØUm «catecismo de pedra»; meio de pregação dos temas religiosos.ØRepresentação de figuras bíblicas, monstros, demónios, folhagens e motivos imaginários.ØElementos decorativos submetidos à arquitectura.ØMuitas decorações nos portais [tímpanos], fachadas e capitéis.

ØMantém os temas religiosos espalhados pelos mesmos locais.ØUso de motivos próprios da vida do homem: flora e fauna da região.

PINTURAØPintura a fresco a decorar as vastas superfícies nuas das paredes e as capelas subterrâneas .ØMuito rica na decoração dos manuscritos

ØSubstituição da pintura a fresco pelos vitrais.ØTemas religiosos, mas também profanos [cenas agrícolas, vida de reis, combates].Influência dos vitrais nas iluminuras

FIM