Ferramentas Para Acessibilidade Na Web

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Ferramentas para Acessibilidade na Web Web Accessibility Tools Lucas Augusto M. C. Carvalho Universidade Federal de Sergipe Cidade Universitária s/n. CCET Departamento de Computação 49100 000 São Cristovão-SE lucas a mcc @dcomp.ufs.br ABSTRACT The main objective of this article is to discuss various tools for Web developers which also help individuals with a disability, all with the goal of improving Web accessibility. In addition, the article shows what Web accessibility really is and its relevance for those with any special need. It is also reported reasons to have a an accessible website, as well as some tips on how to make it accessible. It will be shown the case studies results which considerated the evaluation using two different approaches of two servants portals that have different views about Web accessibility. Categories and Subject Descriptors H.5.2 [Information Interfaces and Presentation]: User Interfaces – Screen design, Standardization, Style guides, User- centered design. General Terms Design, Economics, Reliability, Human Factors, Standardization, Legal Aspects, Verification. RESUMO O objetivo principal deste artigo é abordar diversas ferramentas para desenvolvedores Web como também para ajudar os portadores de alguma deficiência, mas todas com o objetivo de melhorar a acessibilidade na Web. Porém, é mostrado no artigo o que é realmente acessibilidade na Web e a sua importância para aqueles que possuem qualquer necessidade especial. Também são relatados alguns motivos para possuir um website acessível, assim como algumas dicas de como torná-lo acessível. Será mostrado os resultados dos estudos de casos que levou em consideração a avaliação utilizando duas abordagens diferentes de dois portais públicos que possuem diferentes visões sobre acessibilidade. Palavras-chaves Acessibilidade, W3C, ferramentas, portadores de deficiência, padrões, design, recomendações, diretrizes. 1.INTRODUÇÃO A acessibilidade é um tema que está começando a ser bem difundido na Web atualmente. No Brasil, já existe um decreto, 5296/04 de 2004 [40], que torna obrigatório a acessibilidade em portais públicos federais e deu um prazo de 12 meses para a adequação. Em outros países, como Portugal e Irlanda, também já há leis específicas tratando da acessibilidade. Essa é, sem dúvida alguma, uma tendência mundial. Poucas pessoas sabem, mas acessibilidade significa não apenas permitir que pessoas com deficiências participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do uso destes por todas as parcelas presentes em uma determinada população [39]. Isso significa que mesmo pessoas que não possuem deficiências, podem apresentar “necessidades especiais”, seja um navegador mais antigo, uma tecnologia nova, uma impossibilidade de usar as duas mãos no momento para navegar e várias outras. E um desenvolvedor de websites deve levar em conta tudo isso, pois, caso contrário, seu website pode não estar acessível a alguns desses visitantes. O número de celulares no país já chega a 120 milhões [36] com crescimento de mais de 10% ao ano, e com a chegada da tecnologia 3G [37], que possibilita às operadoras de celular oferecer uma gama maior de serviços ao usuário de celular como Internet com banda larga. Um website que não esteja acessível aos usuários de celular, estará em grande desvantagem competitiva em menos de 2 anos. Lavorini comenta em um dos seus artigos [27] que há 25 milhões de brasileiros com deficiência, conforme dados de 2002 pelo IBGE, cuja taxa (14,5%) – compatível com a de países como Noruega (13%), Austrália, Espanha e Inglaterra; o estado de São Paulo tem a menor taxa (11,4%) dessas – corresponde, na maioria, a homens com distúrbios mental, físico e auditivo, e a mulheres com dificuldades visual e motora. Todas essas pessoas também possuem necessidade de ter acesso a informação. E a melhor maneira, na maioria das vezes, é através de um computador conectado a Internet. Porém, se o website não estiver adaptado para melhor atender esses visitantes, muitos deles acabarão sem acesso a informações tão necessárias. Ter um website acessível, não é só sinônimo de caridade. Ter um website acessível é ter uma visão de que visitantes com alguma deficiência são pessoas como qualquer outra, e que muitas vezes, são consumidores mais fiéis e que tem uma necessidade maior da utilização dos serviços daquele website. Algumas outras vantagens em ter um website acessível são abordadas na seção 5.1. O maior benefício claro que a acessibilidade pode trazer, é permitir que as próprias pessoas que possuem alguma deficiência, possam contribuir com outras pessoas que também possuem deficiência, como é o caso do autor do website Bengala Legal

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Este é um artigo sobre ferramentas para ajudar desenvolvedores web a construirem websites mais acessíveis e também para ajudar os portadores de alguma deficiência a aproveitarem a Web.

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Ferramentas para Acessibilidade na WebWeb Accessibility Tools

Lucas Augusto M. C. CarvalhoUniversidade Federal de SergipeCidade Universitária s/n. CCET

Departamento de Computação49100 � 000 São Cristovão-SE

lucas a mcc @dcomp.ufs.br

ABSTRACTThe main objective of this article is to discuss various tools for Web developers which also help individuals with a disability, all with the goal of improving Web accessibility. In addition, the article shows what Web accessibility really is and its relevance for those with any special need. It is also reported reasons to have a an accessible website, as well as some tips on how to make it accessible. It will be shown the case studies results which considerated the evaluation using two different approaches of two servants portals that have different views about Web accessibility.

Categories and Subject DescriptorsH.5.2 [Information Interfaces and Presentation]: User Interfaces – Screen design, Standardization, Style guides, User-centered design.

General TermsDesign, Economics, Reliability, Human Factors, Standardization, Legal Aspects, Verification.

RESUMOO objetivo principal deste artigo é abordar diversas ferramentas para desenvolvedores Web como também para ajudar os portadores de alguma deficiência, mas todas com o objetivo de melhorar a acessibilidade na Web. Porém, é mostrado no artigo o que é realmente acessibilidade na Web e a sua importância para aqueles que possuem qualquer necessidade especial. Também são relatados alguns motivos para possuir um website acessível, assim como algumas dicas de como torná-lo acessível. Será mostrado os resultados dos estudos de casos que levou em consideração a avaliação utilizando duas abordagens diferentes de dois portais públicos que possuem diferentes visões sobre acessibilidade.

Palavras-chavesAcessibilidade, W3C, ferramentas, portadores de deficiência, padrões, design, recomendações, diretrizes.

1.INTRODUÇÃOA acessibilidade é um tema que está começando a ser bem difundido na Web atualmente. No Brasil, já existe um decreto, 5296/04 de 2004 [40], que torna obrigatório a acessibilidade em portais públicos federais e deu um prazo de 12 meses para a adequação. Em outros países, como Portugal e Irlanda, também já

há leis específicas tratando da acessibilidade. Essa é, sem dúvida alguma, uma tendência mundial.

Poucas pessoas sabem, mas acessibilidade significa não apenas permitir que pessoas com deficiências participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do uso destes por todas as parcelas presentes em uma determinada população [39].

Isso significa que mesmo pessoas que não possuem deficiências, podem apresentar “necessidades especiais”, seja um navegador mais antigo, uma tecnologia nova, uma impossibilidade de usar as duas mãos no momento para navegar e várias outras. E um desenvolvedor de websites deve levar em conta tudo isso, pois, caso contrário, seu website pode não estar acessível a alguns desses visitantes.

O número de celulares no país já chega a 120 milhões [36] com crescimento de mais de 10% ao ano, e com a chegada da tecnologia 3G [37], que possibilita às operadoras de celular oferecer uma gama maior de serviços ao usuário de celular como Internet com banda larga. Um website que não esteja acessível aos usuários de celular, estará em grande desvantagem competitiva em menos de 2 anos.

Lavorini comenta em um dos seus artigos [27] que há 25 milhões de brasileiros com deficiência, conforme dados de 2002 pelo IBGE, cuja taxa (14,5%) – compatível com a de países como Noruega (13%), Austrália, Espanha e Inglaterra; o estado de São Paulo tem a menor taxa (11,4%) dessas – corresponde, na maioria, a homens com distúrbios mental, físico e auditivo, e a mulheres com dificuldades visual e motora.

Todas essas pessoas também possuem necessidade de ter acesso a informação. E a melhor maneira, na maioria das vezes, é através de um computador conectado a Internet. Porém, se o website não estiver adaptado para melhor atender esses visitantes, muitos deles acabarão sem acesso a informações tão necessárias.

Ter um website acessível, não é só sinônimo de caridade. Ter um website acessível é ter uma visão de que visitantes com alguma deficiência são pessoas como qualquer outra, e que muitas vezes, são consumidores mais fiéis e que tem uma necessidade maior da utilização dos serviços daquele website. Algumas outras vantagens em ter um website acessível são abordadas na seção 5.1.

O maior benefício claro que a acessibilidade pode trazer, é permitir que as próprias pessoas que possuem alguma deficiência, possam contribuir com outras pessoas que também possuem deficiência, como é o caso do autor do website Bengala Legal

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[13], que é deficiente visual e desenvolve um website completamente acessível e que contém informações sobre acessibilidade para a Web. Um outro exemplo é o Projeto Dosvox [10], que será comentado mais para frente na seção sobre ferramentas assistivas, e que é desenvolvido com a participação de pessoas com deficiência visual. Isso é uma verdadeira inclusão digital.

É preciso estudar acessibilidade, pois, por exemplo, quem não sabe, a tecnologia Flash [24] que é uma ferramenta poderosa e muito utilizada para desenvolvimento de páginas Web até as versões anteriores a MX não permitia que leitores de telas atuais, fizesse a leitura do conteúdo que tinha nas páginas, tornando-as inacessíveis [26]. Os desenvolvedores que nem sabem o que é acessibilidade, não se importarão com isso, e não procurarão saber utilizar esse novo recurso da ferramenta.

Estudando acessibilidade também é possível acabar com o mito de que um website acessível tem uma interface feia, pobre, sem imagens e com limitações no design. Isso não existe, acessibilidade não é sinônimo de baixa qualidade gráfica, pelo contrário, deve ser associada a uma interface que propicie uma melhor experiência para o usuário. Já o acabamento do website fica por conta do gosto e habilidade do designer.

De agora em diante, ao longo deste artigo, será referido aos usuários com necessidades especiais, qualquer usuário que precise que o website esteja adaptado para qualquer que seja sua dificuldade. Seja devido ao seu dispositivo tecnológico, seja por alguma deficiência física ou mental ou ainda por alguma turbulência momentânea no ambiente que se encontra.

Na seção 2, serão abordadas as duas diretrizes mais utilizadas no Brasil. Na seção 3, serão destacadas as ferramentas estudadas durante a revisão bibliográfica. Na seção quatro, são abordados os Estudos de Caso com as ferramentas escolhidas, e na seção cinco são sugeridas algumas dicas para melhoria da acessibilidade nos websites. Ainda nesta última seção, são citadas as vantagens e desvantagens de ter um website acessível, e também é finalizado o trabalho com a conclusão e trabalhos futuros.

1.1TRABALHOS RELACIONADOSNo trabalho de Melo [33], a avaliação do website é realizado por uma das autoras do artigo que é cega utilizando um leitor de tela, mas nenhuma ferramenta de validação de diretrizes é utilizada. Os resultados são apresentados e algumas recomendações são feitas pelas autoras.

No trabalho de Tangarife [32], é utilizado uma ferramenta de validação de diretrizes e mostrado os resultados. Em Tangarife e Melo, não há qualquer referência a outras ferramentas que possibilitem fazer o mesmo tipo de avaliação, como será feito neste artigo. Tampouco foi utilizado outra abordagem para avaliação do website.

No trabalho de Souza [34], são utilizadas uma avaliação heurística utilizando critérios de acessibilidade que serão apresentados na seção 5.2, como também pessoas cegas e com experiência na navegação da Internet com leitores de tela.

1.2TIPOS DE DEFICIÊNCIASEmbora a deficiência visual seja a mais lembrada quando se pensa em Web, existem outras deficiências que prejudicam bastante a utilização dos recursos da Internet. Dentre elas estão: cegueira, daltonismo, baixa visão, deficiência mental, deficiência física, deficiência auditiva, dislexia, desordem por déficit de atenção e outras.

2. DIRETRIZES DE ACESSIBILIDADE WEBA World Wide Web Consortium (W3C) [1] é um consórcio internacional formato por mais de 500 instituições de vários países e responsável pela criação de diversos padrões para garantir a correta interoperabilidade da Web. Muitas pessoas não sabem, mas a W3C abriu um escritório no Brasil [7] em outubro de 2007 em São Paulo. Os principais objetivos da W3C no Brasil são: (i) disseminar a cultura de adoção de padrões para o desenvolvimento pleno da Web a longo prazo; (ii) organizar atividades na região para promover e demonstrar as ferramentas e padrões desenvolvidos pelo W3C Mundial; (iii) traduzir para o Português os textos produzidos pelo W3C que forem de interesse da região; (iv) criar um fórum amplo de participação dos membros do W3C na região bem como da comunidade interessada em padrões Web; (v) recomendar padrões técnicos e procedimentos operacionais para o desenvolvimento da Internet no Brasil, entre outras [18]. O Brasil foi o primeiro país da América Latina a possuir um escritório, e ele deve coordenar as atividades na região.

A Web Accessibility Initiative (WAI) [2] é o grupo da W3C que desenvolve diretrizes para acessibilidade de websites, navegadores, e ferramentas de criação de conteúdo, a fim de tornar mais fácil para pessoas portadoras de necessidades o uso da Web.

Essa diretriz é um documento que explica como produzir conteúdo acessível, não só para portadores de necessidades especiais, como já foi explicado, mas também para todos os visitantes que precisem que o website esteja adaptado a alguma necessidade física, mental ou tecnológica dele. Ela chama-se Web Content Acessibility Guidelines (WCAG) [3], está na versão 1.0 e nela existem 3 graus de prioridade. Na Figura 1 abaixo, estão os três selos da WCAG que equivalem respectivamente aos níveis A (prioridade 1), AA (prioridade 2) e AAA (prioridade 3).

Figura 1. Selos da WCAG 1.0

Os níveis ou prioridades equivalem ao grau de importância que uma certa recomendação possui. As recomendações do nível A (prioridade 1), são os pontos que os criadores de conteúdo devem satisfazer inteiramente. Qualquer recomendação desse nível que não for satisfeita poderá gerar grande dificuldade na navegação do usuário com necessidades especiais. As do nível AA (prioridade 2), são os pontos que deveriam ser satisfeitos, e o do nível AAA (prioridade 3), são os pontos que podem ser satisfeitos.

Para receber o selo de conformidade com a prioridade 2, é preciso estar em conformidade também com a prioridade 1. Já para receber o selo de conformidade com a prioridade 3, é preciso estar em conformidade com as prioridades 1 e 2. Apenas a prioridade 1, exige a conformidade somente com ela mesma para o website receber o selo.

Segundo Soares [35], a conformidade com as diretrizes não assegura que um website é acessível. É preciso também garantir a usabilidade do website para torná-lo acessível. E isso só se consegue com muitos testes. Por exemplo, não é possível verificar o grau de contraste entre a cor de fundo e a cor fonte da

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letra, e dependendo das cores utilizadas, uma pessoa com baixa visão não conseguirá visualizar o conteúdo daquela página.

Há também a diretriz e-Mag [8], que é o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico. Foi publicada no Diário Oficial da União do dia 08 de maio de 2007, a Portaria de N ° 3 que determina a sua adoção pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.

Alguns websites do governo já aderiram ao e-Mag, como o Ministério de Ciência e Tecnologia [16], que fez um website próprio para a acessibilidade, mas muitos ainda desrespeitam a portaria e não se adequaram ao e-Mag. Cabe à sociedade, nesses casos, informar aos responsáveis pela manutenção do website sobre a portaria, e caso nenhum medida seja tomada, denunciar às autoridades competentes.

3.FERRAMENTAS PARA ACESSIBILIDADEExistem várias ferramentas para ajudar, tanto os desenvolvedores a construirem websites mais acessíveis, quanto para portadores de alguma deficiência utilizarem-se delas para melhorar o seu acesso aos website. A essas últimas ferramentas, dá-se o nome de ferramentas assistivas e pode-se encontrar mais ferramentas desse tipo no website Tecnologia Assistiva [12].

3.1Ferramentas AssistivasDentre as ferramentas assistivas, pode-se encontrar: leitor de tela, navegador textual, ampliador de tela, sintetizador de voz, reconhecedor de voz, navegador com voz, teclado alternativo e outros.

Player Rybená [9] funciona como um tradutor, auxiliando na compreensão do conteúdo de textos em português. É capaz de converter qualquer página da internet ou texto escrito em português para a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS [23]. Pode ser disponibilizado em um website, onde os usuários poderão selecionar com o mouse qualquer parte do texto e ver a tradução em LIBRAS por intermédio de um simpático desenho animado. Atualmente está sendo utilizado pela UFPE.

Dosvox [10] é um sistema operacional, desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro destinado a auxiliar o deficiente visual a fazer uso de computadores, através do uso de sintetizador de voz. Foi implementado por programadores deficientes visuais, que fazem uso do próprio sistema Dosvox, sem necessitar de ajuda de pessoas videntes.

ReadSpeaker [6] é um serviço que permite uma síntese vocal quase natural, que lê o conteúdo das páginas para o visitante. Todo o serviço fica localizado no website da ReadSpeaker e o visitante não precisa fazer o download de nenhum programa. Ajuda aquelas pessoas que têm dificuldade em ler, ou apenas porque preferem ouvir.

3.2Ferramentas de ValidaçãoAs ferramentas de validação utilizam algumas diretrizes e se for aprovado, recebe um selo. Utilizar validadores e obter um selo de acessibilidade, não garante a acessibilidade. Os validadores não verificam todas as recomendações, apenas algumas.

DaSilva [5] foi o primeiro validador de língua portuguesa. Sua validação utiliza as diretrizes WCAG 1.0 e E-GOV. Ele já realizou mais de 55 mil avaliações da WCAG e 144 mil da E-GOV.

No website do DaSilva, é possível fazer o download do Silvinha que é um programa que tem as mesmas funcionalidades do website DaSilva, porém existe somente versão para o sistema operacional Microsoft Windows [28].

No website do DaSilva há uma lista [14] com mais de 300 websites que passaram na avaliação e aceitaram o convite para terem um link adicionado nessa seção do DaSilva.

Avaliador e Simulador para a Acessibilidade de Sítios (ASES) [20] é um programa que surgiu da parceria entre o Departamento de Governo Eletrônico e a OSCIP Acessibilidade Brasil [25]. Entre os seus principais recursos estão a avaliação de acessibilidade de acordo com a e-Mag e a WCAG e a simulação de leitor de tela e para baixa visão, incluindo daltonismo, miopia, catarata. A licença é livre e o software pode ser baixado sem nenhum custo.

Valida Web [11] utiliza somente a diretriz WCAG 1.0, mas possui uma maior riqueza de detalhes dos problemas encontrados na acessibilidade do website analisado.

É preciso estar ciente de que o fato do website ter passado na verificação da diretrizes, não garante que ele seja acessível, como já foi explicado anteriormente.

A W3C possui uma lista [21] de ferramentas muito interessantes para ajudar o desenvolvedor Web a melhorar a acessibilidade do website. As ferramentas vão desde validadores da WCAG 1.0, passando por avaliadores de contrastes de cores e chegam até a ter extensões para serem usadas no navegador Firefox [22] para simular a utilização de um navegador textual.

4.ESTUDOS DE CASOO objetivo dos estudos de casos é fazer uma comparação entre dois portais públicos em termos de erros de acessibilidade encontrados e de problemas na navegação, tanto por questões de usabilidade ou em consequência dos erros encontrados na verificação das diretrizes. Um dos portais possui o selo de adequação para as novas de acessibilidade, tendo feito todo um preparo para tal e o outro portal nunca fez qualquer esforço para assegurar uma melhoria na acessibilidade.

Para o estudo são utilizados duas abordagens diferentes para a avaliação dos portais. Para tanto, serão utilizadas duas ferramentas distintas, uma para a validação do website utilizando a WCAG 1.0 e outra ferramenta para fazer uma navegação pelo website para se verificar como o não seguimento das recomendações de acessibilidade podem atrapalha os portadores de deficiência visual, mais notadamente, cegueira. Os websites escolhidos foram o portal da Universidade Federal de Sergipe (UFS) [4] e do Banco Central do Brasil (BCB) [30].

A ferramenta de validação escolhida foi a DaSilva e o navegador textual, o Lynx [18] na versão 2.8.6 para o sistema operacional GNU/Linux [29]. O Lynx é um navegador que possui versões para vários sistemas operacionais, possui o código aberto e foi lançado em 1992. Ele é executado em um terminal ou console de comandos.

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4.1Portal da Universidade Federal de Sergipe

Para este estudo de caso, foi usado somente a página inicial do Portal da UFS para não estender demais o estudo de caso. A não conformidade com as recomendações de acessibilidade de um portal de uma universidade, seja ela pública ou particular, priva muitas vezes os estudantes portadores de necessidades das informações necessárias para sua própria permanência na universidade.

A ferramenta DaSilva exibiu 88 erros e 229 avisos na prioridade 1, 102 erros e 124 avisos na prioridade 2 e 0 erros e 82 avisos na prioridade 3, não conseguindo com isso um selo de aprovação em nenhuma das prioridades.

Entre os erros de prioridade 1, o que mais se destaca foi que não havia texto alternativo para nenhuma imagem do Portal.

Já com o navegador Lynx obtive-se os seguintes resultados:

Nenhuma imagem com texto alternativo.

Menu do topo totalmente confuso (tabs fora de ordem).

Menu com subitens sem possibilidade de navegação pelo teclado, impossibilitando o acesso a várias áreas do portal.

Acesso ao conteúdo do website após vários tabs (mais de 20), o que torna cansativa a navegação.

Campos e botão do formulário sem texto explicativo, tornando difícil entender o objetivo do formulário.

Não foi possível visualizar o conteúdo da agenda do portal, pois ela utiliza JavaScript para rotatividade e para exibição.

Ao fim da navegação, verificou-se o quanto difícil é para os portadores de necessidades especiais navegarem pelo portal da UFS. Estes erros só puderam ser percebidos com a utilização do navegador textual. Mas é possível perceber muitos desses erros navegando com um navegador gráfico, mas sem utilizar o mouse e desabilitando a visualização de imagens.

Sendo a UFS um orgão da Autarquida do Governo Federal, a sua adequação ao e-Mag é obrigatória, porém com a excessiva quantidade de erros, pode-se constatar que muito provavelmente o Portal da UFS não se adequa, mesmo não tendo sido feito o levantamento sobre as diretrizes específicas do e-Mag.

A maioria destas não adequações podem ser solucionadas com a aplicação dos critérios citados na seção 5.2.

4.2Portal do Banco Central do BrasilO portal BCB fez um plano para adequação à priridade 3 do e-Mag e utilizou a ferramenta DaSilva para validar todas as páginas do Portal. No primeiro momento foram alvo da reformulação somente as páginas do Portal, mas a idéia, na segunda etapa, é reformular e validar todas as páginas das aplicações que podem ser acessadas no portal. Já as novas aplicações, devem ser desenvolvidas pensando na acessibilidade.

Uma parte da equipe responsável pelo website recebeu treinamento minsitrado pelo Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) [31]. O CESAR também foi o responsável pela acessibilização das páginas do website, em um projeto que durou um ano. Os membros que receberam o treinamento estão em um processo de disseminação do

conhecimento, treinando equipes de desenvolvedores e conscientizando usuários que publicam páginas no portal.

Após a verificação pela ferramenta DaSilva, não foram encontrados nenhum erro em nenhuma das três prioridades da WCAG. Somente apresentou avisos, no caso 303 avisos na prioridade 1, 408 na prioridade 2 e 183 na prioridade 3.

Ao utilizar o navegador textual Lynx, pôde-se constatar a facilidade na navegação pelo website. Não foi percebida nenhuma dificuldade para encontrar os conteúdos desejados e navegar pelos links do portal.

4.3Comparação entre os estudos de casoA diferença entre um website que fez todo um planejamento e conscientização dos autores de conteúdo foi muito grande. O portal do BCB não apresentou nenhum dos erros de diretrizes do portal da UFS e tampouco os mesmos erros de usabilidade. Isso leva a conclusão de que um planejamento bem feito para adequar um website aos padrões de acessibilidade provoca o efeito desejado e bastante benéfico aos visitantes.

5.CONCLUSÃO E TRABALHOS FUTUROSEste artigo mostrou a importância da acessibilidade não só para os portadores de deficiência, mas também para os usuários com tecnologias diferentes ou com alguma impossibilidade de utilização dos aparatos tecnológicos disponíveis normalmente para a Web. Também foram mostradas algumas ferramentas para ajudar aos desenvolvedores a melhorar a acessibilidade no seu website através de validação e testes.

Um trabalho futuro poderia ser uma consultoria ao Portal da UFS com o conhecimento adquirido sobre acessibilidade para enquadrá-lo nas diretrizes e-Mag. Como também, treinar equipes de multiplicadores do know-how sobre acessibilidade para Web.

5.1Vantagens e desvantagens de possuir um website acessível

Dentre as vantagens, pode-se destacar:

● O website será visível a todo e qualquer tipo de visitante seja aquele que possua um navegador antigo, alguma dificuldade visuai, auditivs, idoso e etc... Ele não encontrará dificuldades em acessar o conteúdo do website.

● O website poderá ser acessado a partir de qualquer dispositivo, seja ele um leitor de tela, celular, PDA, SmartPhone, etc... Então o visitante poderá utilizar as mais novas tecnologias para acessar seu website.

● O website será navegável em qualquer situação, mesmo para aquele usuário que esteja falando ao telefone no momendo do acesso, ou com a placa de som sem funciona, mouse com defeito, etc...

● O website estará gerando mais receita, pois o seu conteúdo será mais amigável aos robores de indexação dos buscadores mais populares como o Google, Yahoo! e MSN, tornando-o melhor no ranking desses

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buscadores, gerando com isso mais visitas e mais dinheiro.

● Mostra que o autor ou empresa responsável pelo website tem responsabilidade social, e não se preocupa somente com as pessoas que não possuem nenhuma necessidade especial.

● Se a pessoa for um desenvolvedor Web, desenvolver o seu próprio website acessível, é a ótima maneira de aprender as técnicas e padrões e poder dar consultoria na adaptação de outros websites.

Diversas empresas estão se especializando na adaptação de websites para torná-los acessíveis, como foi citado o caso do CESAR. Esse é um nicho de mercado, ainda não tanto explorado, e é uma ótima oportunidade para os desenvolvedores Web, pois, os websites do governo terão que obrigatoriamente se adequar, como foi comentado neste artigo.

Entre as principais desvantagens, vale-se destacar:

● Requer mais tempo para desenvolvimento.

● Falta de pessoal qualificado.

● Maior investimento.

Quando se leva em consideração as vantagens que se pode ter tendo um website acessível, as desvantagens, mais propriamente os custos, acabam se diluindo com o tempo de uso do website. Além do que, com a disseminação da acessibilidade na Web, o número de profissionais qualificados tenderão a aumentar.

5.2Critérios a serem observados para melhoria da acessibilidade de websitesSegundo Souza [34], a International Business Machines Corporation (IBM) [38] possui os seguintes critérios de acessibilidade:

1. Providencie texto alternativo significativo e relevante para elementos não textuais, como gráficos, imagens e vídeos.

2. Ajude a criar uma navegação consistente e corretamente rotulada;

3. Permita o uso completo e eficiente do teclado;

4. Respeite as propriedades dos navegadores dos usuários;

5. Assegure o uso apropriado de padrões e controles (como elementos de formulário);

6. Não associe uma informação apenas a cores;

7. Permita aos usuários o controle sob distrações em potencial, como a abertura de uma pop-up.

8. Permita aos usuários entender e controlar restrições de tempo;

9. Assegure que o conteúdo do website é compatível com as tecnologias assistivas (monitores braille, magnificadores de tela etc.).

6.REFERÊNCIAS

[1] World Wide Web Consortium (W3C). Disponível em: http://www.w3.org Acessado em: 11 de março de 2008.

[2] Web Acessibility Initiative (WAI). W3C. Disponível em: http://www.w3.org/wai Acessado em: 11 de março de 2008.

[3] Web Content Acessibility Guidelines 1.0 (WCAG). W3C. Disponível em: http://www.w3.org/TR/WAI-WEBCONTENT/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[4] Universidade Federal de Sergipe. Disponível em: http://www.ufs.br Acessado em: 12 de fevereiro de 2008.

[5] DaSilva. Disponível em: http://www.dasilva.org .br Acessado em: 10 de março de 2008.

[6] ReadSpeaker. Disponível em: http://www.readspeaker.com Acessado em: 10 de março de 2008.

[7] Escritório Brasileiro. W3C. Disponível em:

http://www.w3c.br Acessado em: 10 de março de 2008.

[8] Portaria determina Modelo de Acessibilidade para o Governo Federal (e-Mag). Portal do Governo Eletrônico. Disponível em: https://www.governoeletronico.gov.br/noticias-e-eventos/noticias/portaria-determina-modelo-de-acessibilidade-para-o-governo-federal/?searchterm=acessibilidade Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[9] Rybená. Disponível em: http://www.rybena.org.br

[10] Projeto Dosvox. Disponível em: http://caec.nce.ufrj.br/dosvox Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[11] Valida Web. Disponível em: http://www.rybenamobile.com.br/wai Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[12] Tecnologia Assistiva. Disponível em: http://www.assistiva.org.br Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[13] Bengala Legal. Disponível em: http://www.bengalalegal.com Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[14] DaSilva: Lista de WebSites Acessíveis. Disponível em: http://www.dasilva.org.br/?blogid=1&catid=1 Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[15] Acesso Digital. Disponível em: http://www.acessodigital.net Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[16] acessibilidade.net. Disponível em: http://www.acessibilidade.net/web/ Acessado em: 20 de novembro de 2007.

[17] Ministério de Ciência e Tecnologia: Portal Especial de Acessibilidade. Disponível em: http://acessibilidade.mct.gov.br Acessado em: 10 de março de 2008.

[18] Lynx source distribution directory. Disponível em: http://lynx.isc.org/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[19] Sobre o escritório no Brasil. W3C. Disponível em: http://www.w3c.br/sobre/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[20] Avaliador e Simulador para a Acessibilidade de Sítios (ASES). Portal do Governo Eletrônico. Disponível em: https://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-MAG/ases-avaliador-e-simulador-de-acessibilidade-sitios Acessado em: 11 de março de 2008.

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[21] Complete List of Web Accessibility Evaluation Tools. W3C. Disponível em: http://www.w3.org/WAI/ER/tools/complete Acessado em: 11 de março de 2008.

[22] Mozilla Firefox. Disponível em: http://br.mozdev.org/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[23] Portal de Libras. Disponível em: http://www.libras.org.br/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[24] Adobe - Flash CS3 Professional, Interactive Multimedia, Interactive Design. Adobe. Disponível em: http://www.adobe.com/products/flash/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[25] Acessibilidade Brasil. Disponível em: http://www.acessobrasil.org.br/ Acessado em: 11 de março de 2008.

[26] Tecnologia Flash. lupadigital.info Disponível em: http://www.lupadigital.info/index.php?option=com_content&task=view&id=29&Itemid=38 Acessado em: 11 de março de 2008.

[27] LAVORINI, Paulo Roberto. Engenheiro estimula o conhecimento e a aplicação das Normas de Acessibilidade. Acessibilidade Brasil. 12 de fevereiro de 2007. Disponível em: http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=847 Acessado em: 11 de março de 2007.

[28] Microsoft Windows. Disponível em: http://www.microsoft.com/brasil/windows/default.mspx Acessado em: 11 de março de 2008.

[29] The Linux Home Page at Linux Online. Disponível em: http://www.linux.org Acessado em: 11 de março de 2008.

[30] Banco Central do Brasil. Disponível em: http://www.bcb.gov.br. Acessado em: 11 de março de 2008.

[31] Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) Disponível em: http://www.cesar.org.br Acessado em: 12 de março de 2008.

[32] TANGARIFE, Timóteo; MONT`ALVÃO, Cláudia. Estudo Comparativo Utilizando uma Ferramenta de Avaliação de Acessibilidade para Web.

[33] MELO, Amanda Meincke; BARANAUSKAS, M. Cecília C; BONILHA, Fabiana Fator Gouvêa. Avaliação de Acessibilidade na Web com a Participação do Usuário – um Estudo de Caso. IHC 2004.

[34] SOUZA, Edson Rufino. Avaliação de website baseada em critérios heurísticos de acessibilidade. ATIID 2005. São Paulo.

[35] SOARES, Horácio. O Selo não garante a acessibilidade. Acesso Digital. Junho de 2005. Disponível em: http://acessodigital.net/art_o_selo.html Acessado em: 11 de março de 2008.

[36] Número de celulares no Brasil cresce 22% em relação ao ano passado. G1. 19 de feveveiro de 2008. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL305316-6174,00.html Acessado em: 11 de março de 2008.

[37] Entenda o que é a tecnologia 3G. O Globo Online. 18 de dezembro de 2007. Disponível em: http://oglobo.globo.com/economia/mat/2007/12/18/327663571.asp Acessado em: 11 de março de 2008.

[38] IBM Brasil. Disponível em: http://www.ibm.com.br Acessado em: 11 de março de 2008.

[39] Acessibilidade. Wikipedia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Acessibilidade Acessado em: 11 de março de 2008.

[40] Lei de Acessibilidade - Decreto Lei 5296. Acessibilidade Brasil. Disponível em: http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=43 Acessado em: 16 de março de 2008.