etapa1_uni1
-
Upload
daniela-iamashita -
Category
Documents
-
view
222 -
download
1
description
Transcript of etapa1_uni1
Curso Básico de
Gestão de Energia
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de AndradePresidente
DIRETORIA EXECUTIVA – DIREX
José Augusto Coelho FernandesDiretor Executivo
Carlos Eduardo AbijaodiDiretor de Operações
Mônica Messenberg GuimarãesDiretora de Relações Institucionais
INSTITUTO EUVALDO LODI - IEL Conselho Superior
Robson Braga de AndradePresidente
IEL – Núcleo Central
Paulo Afonso FerreiraDiretor-Geral
Carlos Roberto Rocha CavalcanteSuperintendente
Elektro – Eletricidade e Serviços S/A
Max Xavier LinsDiretor Executivo Comercial e de Suprimento de Energia
João Gilberto Mazzon Gerente Executivo de Mercado e Suprimento de Energia
Evandro Gustavo Romanini Coordenador de Projetos de Eficiência Energética da ELEKTRO
FEDERAÇÃO DA INDÚSTRIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA – FIESC
Alcantaro CorrêaPresidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina
Sérgio Roberto ArrudaDiretor Regional do SENAI/SC
Antônio José CarradoreDiretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC
Marco Antônio DociattiDiretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
João Roberto LorenzettDiretor do SENAI/SC – Florianópolis
Adamastor Rangel KammlerEliana de Matos Rosenhaim
Guilherme de Oliveira CamargoIsmar Henriques Silveira
Katherine Helena Oliveira de MatosMarcio Silva Viana Araújo
Wenilton Rubens de Souza
Curso Básico de
Gestão de Energia
Confederação Nacional das IndústriasServiço Nacional de Aprendizagem Industrial
Florianópolis, 2011
R E D E
SENAIDE EDUCAÇÃOA DISTÂNCIA
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor.
AutoresAdamastor Rangel KammlerEliana de Matos RosenhaimGuilherme de Oliveira CamargoIsmar Henriques SilveiraKatherine Helena Oliveira de MatosMarcio Silva Viana AraújoWenilton Rubens de Souza
FotografiasCNI | STOCK.XCHNG | Morguefile | Microsoft | Senai/SC
Ficha catalográfica elaborada por Luciana Effting CRB14/937 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis
C977
Curso básico de gestão de energia / Adamastor Rangel Kammler ... [et al.]. – Florianópolis : SENAI/SC/DR, 2011.
206 p. : il. color ; 28 cm.
Inclui bibliografias.
1. Energia. 2. Energia - Consumo. 3. Energia – Medição. 4. Ferramentas de gestão. 5. Liderança. I. Kammler, Adamastor Rangel. II. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina.
CDU 620.9
SENAI/SC* — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Faculdade de Tecnologia SENAI/SC — Florianópolis Rodovia SC 401 n°. 3730, Saco Grande, Florianópolis/SC CEP 88032-005 Fone: (48) 3239 5800 — Fax: (48) 3239 5802 www.sc.senai.br
Sumário
Apresentação ......................................................................................................... 07
Plano de estudos ................................................................................................... 09
Etapa Introdutória
Unidade 1 – Tarifas e Faturas dos Insumos Energéticos ................................ 13
Etapa P
Unidade 1 – Balanço Energético da Planta/Linha de Produção/Centro de Custo ........................................................................................................................ 37
Unidade 2 – Ferramentas de Gestão ................................................................. 55
Unidade 3 – Sistemas de Gestão ....................................................................... 87
Etapa D
Unidade 1 – Conversão de Energia ................................................................. 103
Etapa C
Unidade 1 – Eficiência Energética ................................................................... 125
Unidade 2 – Medição e Verificação (M & V) ................................................... 135
Etapa Conclusiva
Unidade 1 – Economia ....................................................................................... 151
Unidade 2 – Comportamental ............................................................................173
Glossário ............................................................................................................... 195
Sobre os autores .................................................................................................. 197
Referências .......................................................................................................... 201
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo ao Curso Básico de Gestão de Energia. Este curso foi construído com o objetivo de oportunizar aos alunos o conhecimento, as atitudes e as práticas de gestão, necessárias para a área de eficiência energética nas indústrias, identificando os desperdícios (elétricos e térmicos) e os outros insumos dos processos industriais, e comunicando a alta gerência de forma eficaz.
Para iniciar, você conhecerá as tarifas e faturas dos insumos energéticos. Somente conhecendo as faturas, você poderá identificar onde está o maior gasto de energia de sua empresa, e mesmo de sua casa. Para complementar os seus estudos, você encontrará um material de Saiba Mais sobre os principais equipamentos e sistemas, para que possa identificar possíveis gastos de energia indevidos. Esta unidade tem um total de 4 horas de estudo.
Entrando no Ciclo PDCA – na etapa P – você estudará sobre balanço energético da planta/linha de produção/centro de custo, ferramentas de gestão e sistemas de gestão. Serão 36 horas de estudo. Na etapa D, você estudará conversão de energia e terá leituras complementares no Saiba Mais sobre processos de manutenção e de suprimentos, serão 6 horas de estudo. Na Etapa C - A, você acompanhará 12 horas de estudo sobre eficiência energética e Medições e Parâmetros. Para concluir, você terá quatro unidades de 3 horas cada uma: na unidade Economia, você aprenderá como calcular custos, Valor Presente Líquido, Taxa Interna de Retorno e Payback; na unidade Comportamental, você estudará sobre liderança. Nas unidades Comunicação e Trabalho em equipe, você estudará sobre comunicação e relacionamento interpessoal. Essas unidades também acompanham leitura complementar sobre Gestão de Projetos, que lhe dará uma base para elaborar, no fim do curso, um Diagnóstico de gestão de energia da empresa onde trabalha. Com certeza será um grande aprendizado.
Você tem muito a ganhar com este curso, portanto, faça bom proveito e mãos à obra!
SENAI/SC em Florianópolis
Planode estudos
Carga horária de dedicação
64 horas de atividades.
Ementa
Tarifas e Faturas dos Insumos Energéticos, Principais equipamentos e siste-mas, Balanço energético da planta/linha de produção/centro de custo, Ferra-mentas de gestão, Sistemas de gestão, Conversão de energia, Processos de manutenção e de suprimentos, Eficiência energética, Economia, Comporta-mental.
Objetivo geral
Oportunizar aos alunos o conhecimento, as atitudes e as práticas de gestão necessárias para a área de eficiência energética nas indústrias, identificando os desperdícios (elétricos e térmicos) e outros insumos dos processos indus-triais, comunicando a alta gerência de forma eficaz.
Objetivos específicos
� Conhecer detalhadamente sua fatura de energia elétrica. � Identificar os desperdícios energéticos (elétricos e térmicos). � Diagnosticar oportunidades de eficiência energética, comunicando a alta
gerência e demais colaboradores de forma eficaz. � Interpretar e gerar indicadores/relatórios de viabilidade técnico-financeira. � Identificar e correlacionar o conjunto dos aspectos técnicos, econômicos,
culturais e éticos envolvidos nas questões de eficiência energética dentro da organização.
� Interagir com equipes nas diversas fases de diagnóstico e implementa-ção de trabalhos envolvendo os assuntos abordados no curso.
Curso Básico de Gestão de Energia 10
Unidades de estudo
Etapa Introdutória
� Unidade 1 – Tarifas e Faturas dos Insumos Energéticos – Energia Elétrica Etapa P
� Unidade 1 – Balanço Energético da Planta/Linha de Produção/Centro de Custo
� Unidade 2 – Ferramentas de Gestão � Unidade 3 – Sistemas de Gestão
Etapa D
� Unidade 1 – Conversão de Energia Etapa C e A
� Unidade 1 – Eficiência Energética � Unidade 2 – Medição e Verificação (M & V)
Etapa Conclusiva
� Unidade 1 – Economia � Unidade 2 – Comportamental
Etapa
Introdutória
UnidadeTarifas e Faturas dos Insumos Energéticos
1
Objetivos
No fim desta unidade, você terá subsídios para:
� Conhecer as modalidades tarifárias que integram o sistema de fornecimento de energia elétrica.
� Compreender as diferenças entre os elementos que constituem a tarifa de energia elétrica.
Seções de estudo
Nesta unidade, você acompanhará as seguintes seções de estudos:
� Seção 1: Consumo e demanda de energia elétrica
� Seção 2: Fator de potência
� Seção 3: Modalidades tarifárias
� Seção 4: Conhecendo a fatura de energia elétrica
Curso Básico de Gestão de Energia 14
Para Iniciar
Você já parou para pensar na importância de conhecer as modalidades tari-fárias e as faturas de energia? Pode não parecer importante, mas, o conheci-mento e a correta compreensão dos mecanismos de cobrança das tarifas de energia elétrica proporcionam às empresas reais condições para atingirem melhores níveis de excelência em sua gestão energética. A apresentação das modalidades tarifárias possibilitará uma reflexão acerca da situação atual das empresas como consumidoras de energia elétrica
Seção 1
Consumo e demanda de energia elétrica
O faturamento da energia elétrica apresenta peculiaridades de acordo com o horário, o período do ano e também o grupo consumidor. Conhecendo esses elementos, torna-se possível adequá-los à rotina da indústria e obter melho-res resultados financeiros.
Para isso, é necessário conhecer os conceitos de consumo e demanda de energia elétrica. Confira!
Figura 1: Conceitos de consumo e demanda
Curso Básico de Gestão de Energia 15
Para o consumo, as concessionárias adotam o período mensal para fins de faturamento. Já para a demanda, a medição é realizada e integrada em in-tervalos de 15 minutos. No entanto, a demanda a ser faturada no respectivo mês será maior entre a demanda medida e/ou demanda contratada.
Segundo a ANEEL (2008), a demanda contratada é a demanda de potência ativa, obrigatória e continuamente disponibilizada pela concessionária no ponto de entrega, conforme valor e período de vigência fixado no contrato de fornecimento. Esta deverá ser integralmente paga, seja ela utilizada ou não, durante o período de faturamento, e é expressa em quilowatts (kW).
Já a demanda medida é a maior demanda de potência ativa, verificada por medição e integralizada em intervalos de quinze minutos durante o período de faturamento, também expressa em quilowatts (kW).
Atenção
Com a nova regra da resolução n. 414/2010, poderá haver faturamento sem cobrança de ultrapassagem se a medi-ção ficar até o valor contratado + 5%. Com a resolução n. 456/2000, o valor da tarifa de ultrapassagem era três ve-zes a tarifa normal, e, sempre era cobrado ultrapassagem da diferença do valor medido pelo contratado, ou seja, em um exemplo em que o contrato é 100 kW, e o cliente me-diu 200 kW, será cobrado 100 kW de ultrapassagem.
Com a entrada das novas regras de alteração de tolerância (art. 93 – Res. n. 414/2010) e forma de faturamento (art. 104 – Res. n. 414/2010), o fatu-ramento passou a ocorrer de uma maneira diferente; entretanto, no fim, os valores resultantes serão equivalentes aos anteriores. A nova regra prevê o faturamento de clientes com ultrapassagem da seguinte forma:
Total Medido x Tarifa + (Valor medido – Valor contratado) X 2 X Tarifa
Para melhor exemplificar, observe a Figura a seguir.
Curso Básico de Gestão de Energia 16
Figura 2: Nova regra
A demanda representa um valor considerável nas despesas com energia elétrica das indústrias ligadas em tensão igual ou superior a 13,8 kV, princi-palmente aquelas faturadas pela estrutura horossazonal.
Operacionalizar uma indústria com a menor demanda possível, sem preju-dicar a produção, representa um dos principais objetivos na utilização eficaz da energia elétrica.
Dicas
Para utilizar a demanda com maior eficiência, esta deve ser supervisionada e controlada. Existem, no mercado, equipamentos que controlam a demanda para que não ul-trapasse os valores predeterminados, desligando algumas cargas previamente selecionadas.
Lembre-se de que:
� a demanda medida é a máxima verificada ao longo do mês. Basta você deixar todos os equipamentos ligados por 15 minutos que você pagará a demanda como se eles estivessem permanecidos ligados o mês todo;
� em todas as modalidades tarifárias, sobre a soma das parcelas incide o [por extenso? ICMS, com alíquotas variando entre 20 e 30% (depende do Estado);
Curso Básico de Gestão de Energia 17
� as tarifas são diferenciadas por concessionária, e os reajustes tarifários anualmente homologados pela ANEEL.
Na próxima seção, você acompanhará o estudo do fator de potência e verá o que acontece quando se corrige um fator de potência de uma instalação. Então, prossiga com os estudos.
Seção 2
Fator de potência
A energia elétrica é a força motriz de máquinas e equipamentos elétricos.
A energia instantânea consumida pelos consumidores pode ser dividida em duas partes: energia ativa e energia reativa.
A energia ativa é a que realmente realiza trabalho, isto é, ela transforma a energia elétrica em outras formas de energia, tais como energia luminosa (lâmpadas), energia mecânica (motores) e energia térmica (fornos). O supri-mento à energia ativa só pode ser feito por meio de usinas ou geradores.
Curso Básico de Gestão de Energia 18
Já a energia reativa (magnetização) é responsável pela criação de campos magnéticos necessários ao funcionamento de equipamentos industriais (mo-tores, transformadores, reatores) que não executam trabalho, apenas trocam energia com a fonte de suprimento.
O suprimento da maior parte da energia reativa também é realizado por meio das usinas; no entanto, uma parcela desse suprimento é compensada mediante a instalação de capacitores junto ao consumidor final.
Atenção
O ideal seria que toda carga reativa fosse compensada o mais próximo possível das cargas instaladas no parque fabril.
Figura 3: Representação da correção do fator de potênciaFonte: Adaptado de WEG (2009)
A composição dessas duas formas de energia denomina-se energia apa-rente. O fator de potência é um índice que indica quanto dessa energia foi utilizada em trabalho e quanto foi utilizada em magnetização. Trata-se, assim, do quociente da energia ativa (kW) pela energia aparente (kVA).
Curso Básico de Gestão de Energia 19
Para melhor entender o assunto, veja o Triângulo de Potências – uma repre-sentação na qual são evidenciadas as potências que integram uma instala-ção elétrica. O fator de potência (FP) corresponde ao cosseno do ângulo (φ).
Figura 4: Triângulo das potênciasFonte: WEG (2009)
É importante que você se lembre sempre de que:
� o fator de potência indica a eficiência do uso da energia;
� a legislação exige das unidades consumidoras, para que não ocorra o pa-gamento de multas, um fator de potência de no mínimo 0,92;
� os capacitores compensam a energia reativa somente nos trechos dos cir-cuitos elétricos a montante, quer dizer, tomando como base o ponto de instalação dos capacitores, tem-se a compensação desse ponto para trás.
Quando a unidade consumidora opera com um baixo fator de potência, te-mos as seguintes consequências:
� perdas na instalação por aquecimento dos condutores; � necessidade de aumento da seção transversal dos condutores; quedas de
tensão; � subutilização da capacidade instalada (Quadro 1);
acréscimo na fatura de energia elétrica por operar com baixo fator de potên-cia.
Curso Básico de Gestão de Energia 20
Potência útil absorvida – kW Fator de Potência Potência do trafo – kVA
800
0,50 1.600
0,80 1.000
1,00 800
Quadro 1: Triângulo das potênciasFonte: WEG (2009)
Para que seja atingido o valor mínimo exigido pela legislação e sejam elimi-nados os problemas de um baixo fator de potência, recomenda-se, inicial-mente, a utilização de equipamentos com elevado fator de potência. Quando tal recomendação não puder ser atendida, torna-se necessária a correção do referido fator por meio da instalação de capacitores.
A correção do fator de potência pode ser feita instalando os capacitores de três maneiras diferentes, tendo como objetivos a conservação de energia e a relação custo/benefício:
Correção na entrada de energia: permite uma correção bastante significa-tiva, normalmente com bancos automáticos de capacitores.
� Aplicação: instalações elétricas com elevado número de cargas com po-tências diferentes e regimes de utilização pouco uniformes.
� Desvantagem: não ocorre alívio sensível dos alimentadores de cada equi-pamento.
Correção localizada: é obtida instalando-se os capacitores junto ao equipa-mento do qual se pretende corrigir o fator de potência.
� Aplicação: representa, do ponto de vista técnico, a melhor solução, com as seguintes vantagens:
� reduz as perdas energéticas em toda a instalação; � diminui a carga nos circuitos de alimentação dos equipamentos; � gera potência reativa somente onde é necessário.
� Desvantagem: elevado investimento em equipamentos e instalações.
Curso Básico de Gestão de Energia 21
Correção mista: como o próprio nome define, é obtida por meio da utiliza-ção das demais formas de instalação de capacitores, permitindo termos do ponto de vista da “Conservação de Energia”, considerando aspectos técnicos, práticos e financeiros, a melhor solução.
� Aplicação: sugerem-se à correção mista os seguintes critérios: � instala-se um capacitor fixo diretamente no lado secundário do trans-
formador; � motores de aproximadamente 10 cv, ou mais, corrigem-se localmen-
te; � motores com potência inferior a 10 cv, corrigem-se por grupos; � redes próprias para iluminação com lâmpadas de descarga, usando-se
reatores de baixo fator de potência, corrigem-se na entrada da rede; � na entrada da energia, instala-se um banco automático de pequena
potência para equalização final.
Quando se corrige um fator de potência de uma instalação, consegue-se um aumento de potência aparente disponível e também uma queda significativa da corrente elétrica do circuito.
Na próxima seção, você verá o impacto de um baixo fator de potência e como ele é apresentado nas faturas de energia. A correção do fator de potência é uma das medidas mais baratas na redução das despesas com energia elétrica nas indústrias.
Seção 3:
Modalidades tarifárias
Para a adoção de estratégias que possibilitem a otimização do uso da ener-gia elétrica nos processos fabris, faz-se necessário o perfeito conhecimento da sistemática de tarifação em vigor. A legislação brasileira permite, às concessionárias de energia, calcular as faturas em função do consumo de energia elétrica, da demanda e das diferentes modalidades tarifárias.
Segundo a ANEEL (2008), na aplicação das tarifas de energia elétrica, os consumidores são classificados por grupos e subgrupos de consumo.
Curso Básico de Gestão de Energia 22
Figura 5: Grupos e subgrupos de consumo
Cada classe tem uma estrutura tarifária distinta, de acordo com as peculiari-dades de consumo de energia e de demanda de potência. O quadro a seguir retrata a classificação de tais consumidores. Confira!
Grupo A – Alta Tensão
A1 Tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV
A2 Tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV
A3 Tensão de fornecimento de 69 kV
A3a Tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV
A4 Tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV
AS Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a partir de sistema subterrâneo de distribuição e faturada no Grupo A excepcionalmente
Curso Básico de Gestão de Energia 23
Grupo B – Baixa Tensão
B1 Residencial e residencial baixa renda
B2 Rural, cooperativa de eletrificação rural e serviço público de irrigação
B3 Demais classes
B4 Iluminação pública
Quadro 2: Classificação tarifáriaFonte: ANEEL (2008)
Além disso, a tarifa de energia elétrica poderá ser monômia ou binômia, apresentando as seguintes diferenças:
Tarifa monômia: tarifa de fornecimento de energia elétrica constituída por preços aplicáveis unicamente ao consumo de energia elétrica ativa, utilizada por consumidores do grupo B (baixa tensão).
Tarifa binômia: conjunto de tarifas de fornecimento constituído por preços aplicáveis ao consumo de energia elétrica ativa e à demanda faturável.
A estrutura tarifária possui ainda uma divisão ao longo do dia e também ao longo do ano, apresentando custos diferenciados. Veja:
a. Divisão no Dia � Horário de Ponta – período definido pela concessionária e composto
por três horas diárias consecutivas, exceção feita aos sábados, do-mingos e feriados nacionais, considerando as características do seu sistema elétrico.
� Horário Fora de Ponta – período composto pelo conjunto das horas diárias consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta.
b. Divisão no Ano � Período Seco – período de sete meses consecutivos, compreenden-
do os fornecimentos abrangidos pelas leituras de maio a novembro. � Período Úmido – período de cinco meses consecutivos, compreen-
dendo os fornecimentos abrangidos pelas leituras de dezembro de um ano a abril do ano seguinte.
Curso Básico de Gestão de Energia 24
Segundo a ANEEL (2008), para o segmento industrial, a atenção deverá estar voltada para a estrutura tarifária, visto que poderá ser convencional ou horossazonal, possuindo as seguintes diferenças:
Estrutura tarifária convencional: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas de consumo de energia elétrica e/ou demanda de potência inde-pendentemente das horas de utilização do dia e dos períodos do ano.
Estrutura tarifária horossazonal: estrutura caracterizada pela aplicação de tarifas diferenciadas de consumo de energia elétrica e de demanda de potência de acordo com as horas de utilização do dia e dos períodos do ano, conforme especificação a seguir:
a. Tarifa Azul: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferencia-das de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utilização do dia e os períodos do ano, bem como de tarifas diferenciadas de de-manda de potência de acordo com as horas de utilização do dia.
Quadro 3: Faturamento horossazonal azul
HORÁRIOS FATURAMENTO DE MAIO A NOVEMBRO (PERÍODO SECO)
FATURAMENTO DE DEZEMBRO A ABRIL (PERÍODO ÚMIDO)
Ponta – 3 horas (por ex.: 18h às 21h)
Consumo – ponta secaDemanda – ponta seca
Consumo – ponta úmidaDemanda – ponta úmida
Fora de ponta (21h restantes)
Consumo fora de ponta secaDemanda fora de ponta seca
Consumo fora de ponta úmidaDemanda fora de ponta úmida
Fonte: Elektro (2010)
Curso Básico de Gestão de Energia 25
b. Tarifa Verde: modalidade estruturada para aplicação de tarifas diferen-ciadas de consumo de energia elétrica de acordo com as horas de utiliza-ção do dia e os períodos do ano, bem como uma única tarifa de deman-da de potência.
Quadro 4: Faturamento horossazonal verde
HORÁRIOS FATURAMENTO DE MAIO A NOVEMBRO (PERÍODO SECO)
FATURAMENTO DE DEZEMBRO A ABRIL (PERÍODO ÚMIDO)
Ponta – 3 horas (por ex.: 18h30 às 20h30)
Consumo – ponta seca Consumo – ponta úmida
Fora de ponta (21h restantes) Consumo fora de ponta seca Consumo fora de ponta úmida
Todo dia (24 horas) Demanda única
Fonte: Elektro (2010)
Curiosidades
De modo geral, a fatura de energia elétrica inclui o ressar-cimento de três custos distintos:
Figura 6: Custos da energiaFonte: ANEEL (2008)
Curso Básico de Gestão de Energia 26
Segundo a ANEEL (2008), quando a fatura de energia elétrica chega ao con-sumidor, ele pagará pela compra da energia (remuneração do gerador), pela transmissão (custos da empresa transmissora) e pela distribuição (serviço prestado pela distribuidora), além dos encargos e tributos determinados por lei, destinados ao poder público.
Tais custos possuem as seguintes distribuições:
Figura 7: Distribuição dos custosFonte: Adaptado de ANEEL (2008)
Mas, você deve estar pensando: “para fazer o cálculo das faturas, deve ser necessário seguir algumas fórmulas”, não é mesmo? Confira, a seguir, a fórmulas que devem ser seguidas para o cálculo da fatura convencional, da fatura horossazonal verde e da fatura horossazonal azul.
Curso Básico de Gestão de Energia 27
Tarifa convencional
FT = Dfat x Td + C x Tc FT – valor da fatura, R$ Dfat – valor da demanda faturável, kW Td – tarifa de demanda, R$/kW C – consumo de energia elétrica medido no mês, kWh Tc – tarifa de consumo, R$/kWh
Tarifa horossazonal verde
FT = Dfat x Td+ Cp x Tcp + Cfp x Tcfp FT – valor da fatura, R$ Dfat – demanda faturada, kW Td – tarifa da demanda, R$/kW Cp – consumo medido no mês - horário de ponta, kWh Tcp – tarifa de consumo no horário de ponta, R$/kWh Cfp – consumo medido no mês - horário fora de ponta, kWh Tcfp – tarifa de consumo no horário fora de ponta, R$/kWh
Tarifa horossazonal azul
FT = Dfatp x Tdp + Dfatfp x Tdfp + Cp x Tcp + Cfp x Tcfp FT – valor da fatura, R$ Dfatp – demanda faturada no horário de ponta, kW Tdp – tarifa de demanda de ponta, R$/kW Dfatfp – demanda faturada no horário fora de ponta, kW Tdfp – tarifa de demanda fora de ponta, R$/kW Cp – consumo medido no mês – horário de ponta, kWh Tcp – tarifa de consumo no horário de ponta, R$/kWh Cfp – consumo medido no mês – horário fora de ponta, kWh Tcfp – tarifa de consumo no horário fora de ponta, R$/kWh
Curso Básico de Gestão de Energia 28
TIPO DE TARIFA
VALORES A SEREM FATURADOS
CONSUMO (kwh) DEMANDA (kw) ULTRAPASSAGEM DE DEMANDA
CONVENCIONALAplicada como opção para consumidores com demanda menor que 300 kW. A demanda contratada mínima é de 30 kW.Ver observação 1.
Total registrado×
Preço único
Maior valor entre:– a medida ou– a contratada
×Preço únicoExceção: Ver observação 2.
Aplicável quando a demanda medida superar a contratada em 5%.
VERDEAplicada como opção para consumidores da MT.Ver observação 3.
Total registrado no HFP
×Preços HFP para período seco e úmido.
×Preço HP para períodos seco e úmido.
Maior valor entre:– a medida ou– a contratada
×Preço únicoExceção: Ver observação 2.
Aplicável quando a demanda medida superar a contratada em 5%.
AZULAplicada de formacompulsória para clientescom demanda maior ou igual a 300 kW e opcional para aqueles com demanda entre 30 a 99 kW.
Ver observação 3.
Total registrado no HFP
×Preços HFP para período seco e úmido.
×Preço HP para períodos seco e úmido.
Maior valor entre:– a medida ou– a contratada
×Preço diferenciado para HFP e HP
Exceção: Ver observação 2.
Aplicável quando ademanda medida superar a contratada em 5%.
Quadro 5: Resumo do enquadramento tarifárioFonte: ELEKTRO (2010)
Preste atenção nas seguintes observações:
Curso Básico de Gestão de Energia 29
1. Se uma unidade consumidora enquadrada na tarifa horossazonal apre-sentar nove registros de demanda medida menor que 300 kW nos últi-mos onze ciclos de faturamento, poderá optar por retornar para a tarifa convencional.
2. Quando a unidade consumidora for classificada como rural ou reconheci-da como sazonal, a demanda a ser faturada será:
� tarifa convencional: a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10% da maior demanda medida em qualquer dos onze ciclos comple-tos de faturamento anteriores;
� tarifa horossazonal: a demanda medida no ciclo de faturamento ou 10% da demanda contratada.
A cada doze meses, a partir da data da assinatura do contrato de forne-cimento, deverá ser verificada, por segmento horário, a ocorrência de de-manda medida superior à demanda contratada em no máximo três ciclos completos de faturamento. Caso contrário, a concessionária poderá cobrar, complementarmente, na fatura referente ao décimo segundo ciclo, as dife-renças positivas entre as três maiores demandas medidas e as respectivas demandas contratadas.
3. Se, nos últimos onze meses de faturamento, a unidade consumidora apresentar três registros consecutivos ou seis alternados de demandas medidas maiores ou iguais a 300 kW, o cliente será enquadrado com-pulsoriamente na tarifa horossazonal azul, mas poderá fazer opção pela verde.
O quadro a seguir mostra, de forma resumida, as modalidades tarifárias para clientes do Grupo A.
Subgrupotarifário
MODALIDADE TARIFÁRIA
Convencional THS – Azul THS – Verde
A1
ImpedidoCompulsório para qualquer valor de demanda contratada
ImpedidoA2
A3
A3a Disponível para contratos inferiores a 300 kW
Disponível para qualquer valor de demanda contratada
Disponível para qualquer valor de demanda contratada
A4
As (subterrâneo)
Quadro 6: Modalidades tarifárias – Grupo AFonte: ELEKTRO (2010)
Curso Básico de Gestão de Energia 30
Dicas
Existem diferentes alternativas de enquadramento tari-fário. Ao conhecer o perfil de carga da indústria, torna-se possível escolher o mais adequado e o que representará o menor desembolso financeiro para a empresa.
Agora que você já conferiu as informações sobre consumo e demanda, já conheceu os impactos de um baixo fator de potência e as modalidades tarifárias, é importante conhecer e entender a composição de uma fatura de energia elétrica. Prepare-se, pois é o assunto da próxima seção.
Seção 4
Conhecendo a fatura de energia elétrica
A fatura de energia elétrica é o instrumento utilizado pela concessionária para apresentar aos consumidores uma síntese das informações acerca do fornecimento da energia elétrica.
O acompanhamento das faturas mensais permite às empresas uma visua-lização efetiva das relações entre a variabilidade do processo produtivo e o consumo de energia. Além disso, o histórico dos dados consolida-se como um importante instrumento de informação para a realização de estudos de viabilidade econômica em projetos de eficiência energética.
Observe, a seguir, um exemplo de fatura elétrica e confira as informações importantes que devem ser observadas em uma fatura.
Curso Básico de Gestão de Energia 31
Figura 8: Fatura de energia elétrica – industrial
� Conta do mês: informa o mês/ano da respectiva fatura de energia elétri-ca.
� Dias do período: informa o número de dias pertencentes ao respectivo faturamento, tendo como base o calendário de leituras da concessionária.
� Demanda contratada: representa a demanda de potência ativa, expres-sa em quilowatts (kW), contratada junto à concessionária de energia.
� Demanda medida: representa a maior demanda de potência ativa, me-dida e integralizada no intervalo de quinze minutos, ao longo do período de faturamento. Expressa também em quilowatts (kW).
� Tarifa de ultrapassagem: tarifa a ser aplicada ao valor de demanda registrada que superar o valor de demanda contratada, respeitada a tolerância.
Curso Básico de Gestão de Energia 32
� Consumo reativo excedente: representa a quantidade de energia rea-tiva consumida de forma excedente e, por consequência, o custo despen-dido com a ineficiência do sistema de correção do fator de potência da instalação.
Relembrando
Nesta unidade, você aprendeu como é importante fazer um bom gerenciamento do enquadramento tarifário, da demanda de energia elétrica e do fator de potência, pois, se estes não forem bem gerenciados, podem aumentar de forma significativa os custos com a energia elétrica nas indústrias.
Saiba Mais
Você pode obter mais informações sobre tais conceitos consultando os sites das concessionárias de energia, dos fabricantes de capacitores para a correção do fator de po-tência e de controles de demandas.
Para obter maiores informações sobre as faturas de ener-gia elétrica, consulte a cartilha elaborada pela ANEEL – Por dentro da conta de luz. Além disso, a Resolução n. 456, da ANEEL, traz os conceitos estudados nesta unida-de e demais condições para o fornecimento de energia elétrica. Você encontra esses dois materiais disponíveis na biblioteca do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Ah! Lá você encontra, também, informações das tarifas e faturas de água, gás natural e óleo diesel. Confira!
Curso Básico de Gestão de Energia 33
Colocando em Prática
Que tal testar o que acabou de aprender nesta etapa? Acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e confi-ra o Desafio que foi preparado para você. Se achar neces-sário, consulte novamente o material para resolvê-lo.