ESTUDO DO PROCESSO PRODUTIVO DE UMA FÁBRICA DE … · A utilização da bicicleta vem se tornando...
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ESTUDO DO PROCESSO PRODUTIVO
DE UMA FÁBRICA DE BICICLETAS:
UMA ABORDAGEM DA
ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO
Debora Cristina de Souza Rodrigues (IFMG )
Caroline Passos de Oliveira (IFMG )
Erica Dutra de Almeida (IFMG )
Rafaela Moreira Oliveira (IFMG )
A utilização da bicicleta vem se tornando uma importante alternativa
de meio de transporte não poluente que contribui para o
descongestionamento de cidades e para a melhoria da qualidade de
vida das pessoas. Uma montadora de bicicletas foi escolhida com a
intenção de estudar o seu processo produtivo de uma fábrica de
bens/serviços. Com isso, analisou-se o seu sistema de planejamento da
necessidade de materiais, o planejamento e controle da cadeia de
suprimentos, o controle de estoque e a gestão da qualidade. Como
ferramentas, utilizou-se o estudo de caso avaliativo, a observação
direta e a entrevista informal. A empresa possui diversos fornecedores,
dos quais dois são do exterior, por isso, a compra de matéria prima
necessita ser realizada antecipadamente, com base em dados da
demanda do ano anterior. Existem diversos estoques na empresa, como
o estoque de proteção, estoque de ciclo e estoque de antecipação. O
controle de tais estoques é feito a partir de um sistema que auxilia os
gestores no planejamento das necessidades de materiais. A empresa
trata a qualidade de seus produtos com grande importância,
realizando testes de qualidade em todas as etapas da produção e
também no produto acabado. A partir desde estudo, foi possível
analisar todos estes fatores da empresa e propor soluções para a
melhoria do processo de estocagem de materiais.
Palavras-chave: Gestão da qualidade, controle de estoque, cadeia de
suprimentos
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Mediante as necessidades de locomoção, seja por motivos de lazer, estudos ou
trabalho, a bicicleta vem se destacando cada vez mais como uma alternativa ecológica e
econômica de transporte urbano. Diante desta realidade, o poder público está dando mais
incentivos para este meio de locomoção (ANDRADE, 2014).
Segundo Andrade (2014), atualmente no Brasil há mais de 60 milhões de bicicletas,
sendo que 50% destas são utilizadas pela população para se deslocar ao trabalho. Grandes
capitais brasileiras estão realizando iniciativas para incentivar a utilização de bicicletas como
meio de transporte e lazer. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, contam
com o sistema de aluguel de bicicleta, Bike Rio e Ciclo Sampa respectivamente, sendo um
resultado da parceria entre as prefeituras e os bancos das cidades.
O incentivo a utilização de bicicletas não ocorre somente no Brasil, alguns países já
possuem ciclovias em grande parte dos territórios urbanos. Em Tóquio e na Holanda, 25% dos
trajetos são feitos de bicicleta. Além das ciclovias, estes países procuram utilizar demais
iniciativas para estimular o uso da bicicleta. (ANDRADE, 2014)
A utilização da bicicleta traz consigo diversos benefícios, como a redução do
congestionamento no transito de grandes metrópoles, a diminuição da poluição e,
consequentemente, a melhoria da qualidade de vida da população. Além disto, segundo um
estudo realizado em Nova Iorque, as vendas das lojas de rua aumentaram em até 49% após a
construção de ciclovias. O estudo argumenta que um ciclista tem menos barreiras para entrar
numa loja local que, ao contrário do carro, é mais fácil encontrar um ponto para prender a
bicicleta. (ANDRADE, 2014)
Sendo assim, este estudo objetiva analisar o processo produtivo de uma fábrica e
montadora de bicicletas, a fim de averiguar o sistema de planejamento da necessidade de
materiais, o planejamento e controle da cadeia de suprimentos, a gestão da qualidade e tipos
de estoques utilizados. Além disso, pretende-se identificar possíveis melhorias no processo
produtivo, com base em teorias da Administração da Produção e Serviços.
2. Referencial teórico
A gestão da cadeia de suprimentos é a interconexão das empresas, em que estas estão
relacionadas por meio das ligações ao montante e à jusante entre os demais processos. Tal
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conexão produz valor na forma de produtos e serviços para o consumidor final. A
administração de toda a cadeia de operações traz benefícios substanciais a serem ganhos de
modo que satisfaçam o cliente final. Esses benefícios centram-se nos seguintes objetivos:
satisfazer efetivamente os consumidores e fazer isso de forma eficiente (SLACK;
JOHNSTON E CHAMBERS, 2007).
A gestão da cadeia de suprimentos está diretamente ligada ao planejamento de
estoque, visto que algumas empresas precisam manter o estoque para atender as necessidades
de seus consumidores de forma eficiente. O planejamento do estoque tem grande importância
em qualquer tipo de empresa, sendo o responsável por apurar valores para análise e controle
dos desperdícios a fim de não prejudicar o capital de giro da organização.
Segundo Santos (2006), a otimização do fluxo de materiais para uma organização é de
vital importância, pois os estoques representam grande parte dos seus custos logísticos e de
manutenção, representando um capital parado que poderia ser utilizado para outros fins.
Existem quatro tipos de estoques, sendo eles: estoque de proteção, estoque de ciclo, estoque
de antecipação e estoques no canal (de distribuição).
O estoque de proteção tem como propósito compensar as incertezas inerentes ao
fornecimento e demanda como por exemplo, o estoque que a empresa encomenda dos seus
fornecedores de forma que sempre tenha disponível. O estoque de ciclo é empregado quando
um ou mais estágios na operação não tem condições de fornecer simultaneamente todos os
itens que uma empresa produz. Um exemplo seria uma padaria que não consegue fornecer
todos os pães ao mesmo tempo e os clientes devem aguardar cada fornada ficar pronta, com
isso, as fornadas devem ser grandes o suficiente para que consigam atender a demanda.
(SLACK; JOHNSTON E CHAMBERS, 2007).
O estoque de antecipação é usado para compensar as diferenças de ritmo de
fornecimento e demanda, um por exemplo é a produção de itens ao longo de um período a
frente da demanda e colocado em estoque até que fosse preciso. E, por fim, o estoque no canal
é utilizado quando o material não pode ser transportado instantaneamente entre o ponto de
fornecimento e o ponto de demanda como por exemplo, um item encomendado que está em
transito para o consumidor (SLACK; JOHNSTON E CHAMBERS, 2007).
Para satisfazer os consumidores de forma eficiente, as empresas também se preocupam
com a gestão da qualidade. Com o crescimento das organizações, tornou-se muito importante
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o tema qualidade tanto em produtos quanto em serviços. A qualidade, devido à grande
competitividade, revelou-se um grande diferencial das empresas (MAINARDES et al., 2009).
Ainda segundo o mesmo autor, qualidade pode ser definida como: qualidade como
preço; qualidade como conformação a requisitos prévios; qualidade como ajustamento do
produto/serviço para o cliente; qualidade como redução de perdas dos produtos; qualidade
como atendimento das expectativas dos consumidores, entre outros. Diante disso, qualidade é
corresponder ao objetivo que a empresa se propôs a cumprir, diante da necessidade de seu
cliente.
Segundo Santana Filho (2011) o programa 5S vem auxiliar as empresas na busca pela
qualidade. É um método simples que pode ser praticado em qualquer empresa, apenas com a
mudança de alguns hábitos dos trabalhadores fazendo com que eles produzam mais e
melhorem suas condições de trabalho. O programa 5S foi criado no Japão para reestruturar as
empresas após a guerra, ele consiste em 5 palavras japonesas que se iniciam com a letra S:
Seiri (Senso de utilização), Seiton (Senso de ordenação), Seiso (Senso de limpeza), Seiketsu
(Senso de saúde) e Shitsuke (Senso de autodisciplina).
Senso de utilização visa separar o que for útil do inútil, eliminar o desnecessário. O
Senso de ordenação objetiva identificar e arrumar tudo, para que todos possam localizar
facilmente. O Senso de limpeza mantém o ambiente limpo, eliminando as causas da sujeira. O
Senso de saúde mantém o ambiente arrumado e limpo. E, finalmente, o Senso de
autodisciplina tenta fazer dessas atitudes um hábito.
Outro grande diferencial competitivo adotado por empresas, além da qualidade, é
MRP I (Materials Requirements Planing). O MRP I, ou planejamento da necessidade de
materiais, é um sistema lógico de cálculo que transforma a previsão de demanda em
programação da necessidade de seus componentes. Este possibilita que as empresas façam
cálculos da quantidade, do tipo e em que momento é preciso determinado material.
Ao longo dos anos 80 e 90, o conceito e o sistema do MRP foram ampliados e
integrados a outras partes da empresa. Esta versão expandida é conhecida na atualidade como
Planejamento dos Recursos de Manufatura (Manufacturing Resourse Plannig), ou MRP II, e
permite que as empresas façam uma avaliação das implicações da futura demanda no setor
financeiro e de engenharia, bem como analisar as implicações no que diz respeito à
necessidade de materiais (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2007).
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3. Material e métodos
Neste trabalho utilizou-se como ferramenta o estudo de caso. Yin (2005) define o
estudo de caso como uma averiguação empírica, onde se analisa os acontecimentos da vida
real, principalmente aqueles que são evidentes perante o contexto a que estão inseridos.
O estudo de caso abordado no presente trabalho se caracteriza como avaliativo, assim,
buscou-se o máximo de atenção e precisão no decorrer da pesquisa envolvida, pois cada
situação necessita de uma forma de observação única.
Outra ferramenta importante utilizada foi a observação direta, que é um procedimento
onde se coleta dados através da observação, verificando a maneira como tal evento está sendo
executado e, a partir desta observação, interpretando as situações analisadas.
Além de tais ferramentas, realizou-se entrevistas com os responsáveis pela produção e
câmera fotográfica para registrar as atividades analisadas.
3.1 Caracterização do local
A montadora de bicicletas iniciou suas atividades no ano de 2011 e, mesmo sendo
nova no mercado, já possui experiência de 12 anos no ramo de produção de bicicletas. Com
sua unidade fabril e matriz sediada na região do Centro-Oeste mineiro, possui hoje uma
fábrica pronta para atender as necessidades do mercado. Atuando em todas as regiões do país,
a empresa oferece produtos para todos os públicos e classes.
A empresa tem como missão “a satisfação de seus clientes e colaboradores, nunca se
esquecendo da responsabilidade com o meio ambiente”. Dessa forma, a mesma se
compromete com o bem-estar dos seus colaboradores e se preocupa com o meio ambiente,
buscando minimizar os impactos de suas ações.
A empresa estudada possui mais de 30 modelos diferentes de bicicleta no mercado e
produz cerca de 350 quadros por dia. O processo produtivo desta empresa, têm seu
sequenciamento planejado de acordo com a data de entrega.
Para a fabricação dos quadros, a empresa compra tubos de aço de seis metros. Estes
tubos passam por processos de preparação, conformação e estampagem e são estocados antes
de serem finalmente soldados no formato do quadro. Após a soldagem os quadros também
são estocados e, do estoque, eles passam pelo tratamento de superfície para a retirada de
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resíduos da soldagem, onde são mergulhados em tanques com desengraxante, refinador,
fosfato e água.
Após tratamento os quadros são pintados com uma tinta eletrostática, uma pintura
mais resistente e efetiva que dispensa verniz e utiliza um processo diferenciado por meio de
cargas elétricas para a fixação da tinta. Depois desse processo, o material é levado para a
estufa por 15 minutos a uma temperatura de 220ºC para ganhar perfeita uniformidade na
superfície do material. Os quadros pintados são armazenados em estoque antes de irem para o
processo de montagem.
Paralelamente a produção dos quadros a empresa produz os aros. A matéria-prima
desta produção são perfis de alumínio de 6 metros, raios e cubos. O processo consiste nas
etapas de calandragem, corte, fechamento com pinos, furos e montagem do aro, esta última é
realizada por uma empresa terceirizada (Fluxograma 1).
Fluxograma 1 - Processo produtivo da montadora
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Fonte: Elaborados pelos autores (2014)
As etapas do processo produtivo da empresa podem ser observadas na Figura 1.
Figura 1: Etapas do processo produtivo: (a) Estoque de tubos de aço; (b) Preparação, conformação e
estampagem; (c) Estoque de tubos conformados; (d) Soldagem; (e) Estoque de quadros soldados; (f) Tanques de
tratamento químico; (g) Pintura eletrostática; (h) Estufa; (i) Estoque de quadros prontos; (j) Estoque de perfis de
alumínio; (k) Produção de aros; (l) Estoque de aros prontos; (m) Estoque dos demais componentes das bicicletas;
(n) Estoque de pneus e (o) Montagem
(a)
(b)
(c)
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(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
(i)
(j)
(k)
(l)
(m)
(n)
(o)
Fonte: Elaborado pelos autores (2014)
Atualmente, a empresa possui em estoque todos os aros que necessita para a demanda
de bicicletas do restante do ano. Sendo assim, a produção de aros da empresa está parada. O
motivo seria a alocação dos funcionários desse setor para a etapa de montagem da bicicleta,
visto que esta representa um gargalo na empresa e requer mais pessoas trabalhando para seu
melhor desempenho.
As demais peças que compõem a bicicleta são compradas pela empresa e estocadas.
Dos seus respectivos estoques os aros, quadros e demais peças vão para a etapa de montagem.
Na montagem ocorre a adesivagem e a instalação de central, pé-de-vela, coroa, garfo, guidom
e seus componentes, corrente, rodas, pedal e banco. E, por fim, é feito a regulagem dos freios.
As embalagens dos produtos finais são divididas em dois tipos, dependendo do
consumidor alvo. Embalagens na caixa, para bicicletas desmontadas, e embalagens com
bicicletas semi-montadas.
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A cadeia de suprimentos da empresa é composta por 600 clientes e 50 fornecedores,
dentre os quais dois são internacionais. O período de negociações para pedidos com os dois
fornecedores internacionais demora em média 20 dias, e o prazo de entrega é de
aproximadamente 60 dias. Por esta razão, é necessário que os gestores estejam atentos às
necessidades de estoque da empresa. Como forma de otimizar este processo, a compra da
matéria-prima é realizada antecipadamente com base em dados da demanda do ano anterior.
Após a realização da visita técnica à fábrica, observou-se que a empresa mantém, na
produção de aros, estoques de matéria-prima e de produto pronto. Já na produção de quadros,
esta possui estoque de matéria-prima e estoques entre cada etapa do processo, sendo o estoque
de produto final quase inexistente. Existem três tipos de estoques nesta empresa, o estoque de
proteção, estoque de ciclo e estoque de antecipação.
O estoque de proteção é utilizado na empresa para matérias-primas e peças
complementares que são utilizadas na produção da empresa. Este estoque se faz necessário
principalmente para produtos adquiridos dos fornecedores internacionais, sendo programado
em função do período de negociação e de entrega dos produtos.
O estoque de ciclo é empregado na empresa entre as etapas da produção de aros, já que
a linha de produção da empresa não consegue fornecer simultaneamente todos os itens
necessários para a sua produção.
O estoque de antecipação é utilizado atualmente pela empresa na produção de aros,
para que esta pudesse ser interrompida. Desta forma, a empresa fabricou grande quantidade de
aros para estocagem, com a finalidade de remanejar os funcionários responsáveis por esta
produção para o setor de montagem, o atual gargalo da sua produção. Para minimizar os
problemas deste setor, a empresa já está estudando a possibilidade de adquirir maquinas para
a automação deste processo de forma a eliminar a necessidade do estoque de antecipação.
Para o controle de estoque, a empresa contratou uma organização de serviços de
desenvolvimento de softwares que criou o programa atualmente utilizado por ela. O programa
criado não é necessariamente um MRP, mas auxilia os gestores no planejamento das
necessidades de materiais, escopo principal de um sistema MRP.
A gestão da qualidade é considerada um fator essencial para a empresa, assim, ela
preocupa-se em tentar atingir as expectativas de seus consumidores para garantir que seus
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produtos tragam conforto e segurança. A empresa procura fabricar seus produtos conforme as
especificações de seus projetos, por isso é realizado um planejamento e controle da qualidade.
Além do planejamento da qualidade, a empresa possui um encarregado que, ao final de
cada lote produzido, realiza testes de qualidade com procedimentos internos não divulgados
pela empresa.
4. Resultados e discussão
Com este estudo observou-se que o estoque de ciclo e o estoque de segurança de peças
complementares não são devidamente controlados, visto que, o software utilizado pela
empresa somente contabiliza os itens sem organizá-los de forma correta. Para tentar
solucionar este problema sugere-se a implementação do método 5S.
O senso de utilização seria abordado na empresa de forma a manter a prática já
existente de separação dos itens necessários dos não necessários na produção.
O senso de ordenação auxiliaria a empresa na organização dos itens no estoque de
ciclo e antecipação, onde as peças ou caixas seriam arranjadas de acordo com a data em que
foram fabricadas ou compradas. Desta forma, seriam evitados prejuízos com depreciação,
facilitado à retirada de itens e garantindo uma produção em forma de fila, ou seja, o primeiro
item que entrar será o primeiro a sair.
Para o estoque de proteção, o senso de ordenação também visa auxiliar a organização
dos itens em forma de fila. Para auxiliar a sua implementação, sugere-se que a empresa
adquira prateleiras e as ordene de forma a obter corredores, facilitando a locomoção dos
funcionários e acesso aos itens.
O senso de limpeza deve ser aplicado através da manutenção da limpeza do ambiente.
Para isso, a empresa deve conscientizar os funcionários sobre a importância de manterem seus
setores limpos. Além disso, sugere-se que a empresa adquira lixeiras de coleta seletiva e as
posicionem em locais estratégicos da fábrica.
O senso de saúde deve ser aplicado na manutenção dos três sensos anteriores, através
da determinação de padrões que devem seguidos por todos os funcionários. E, por fim, o
senso de autodisciplina deve ser adotado pela empresa para que todos os sensos se tornem um
hábito entre seus funcionários. Para isso, faz-se necessário a verificação do cumprimento das
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normas e procedimentos e a conscientização dos funcionários sobre a importância de se
implementar e manter o 5S.
5. Considerações finais
Analisou-se o processo produtivo da fábrica e montadora de bicicletas, observando o
sistema de planejamento da necessidade de materiais utilizado, sendo este um software que
auxilia os gestores da empresa; e a cadeia de suprimentos da empresa, sendo a mesma
composta por 600 clientes e 50 fornecedores dentre os quais dois são internacionais.
Verificou-se também os estoques existentes na empresa, sendo estes divididos em
estoque de proteção, estoque de ciclo e estoque de antecipação; e o controle de qualidade da
empresa, que é realizado em todos os setores, e no produto final, através de procedimentos
internos.
Para a melhoria das possíveis falhas identificadas, recomendou-se que a empresa
adotasse o método 5S e algumas ações foram sugeridas para o bom funcionamento do mesmo,
como: a organização das caixas ou peças dos estoques, a aquisição de prateleiras, e a obtenção
de lixeiras de coleta seletiva para facilitar na limpeza. É importante que haja uma verificação
do cumprimento das normas de qualidade e a conscientização dos funcionários sobre a
importância da implementação do 5S.
Com isso, concluiu-se que a implementação do método 5S na organização, fará com
que os seus produtos estejam dentro do padrão de qualidade que a empresa almeja. Além
disto, tal método ira otimizar a produção, pois a organização de seus estoques diminuirá o
tempo de procura das mercadorias.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Wendy. O avanço das bicicletas no Brasil e no mundo. Disponível em
<http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/07/o-avanco-das-bicicletas-brasil-e-mundo/> Acesso em 23 de
Outubro de 2014.
MAINARDES, Emerson; LOURENÇO, Luis; TONTINI, Gerson. Gestão pela qualidade total: percepções na
universidade. Diálogo e interação. Blumenau. 2009.
SANTANA FILHO, Arnold de. Como implantar o 5S nas indústrias de sementes. 2011. 38p. Rio de Janeiro,
2011.
SANTOS, Antônio Marcos dos; RODRIGUES, Iana Araújo. Controle de estoque de materiais com diferentes
padrões de demanda: estudo de caso em uma indústria química. Gestão & Produção, v. 13, n. 2, p. 223-231,
2006.
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SLACK, N.; JOHNSTON, R.; CHAMBERS, S. Administração da Produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
YIN, R. (2005). Estudo de Caso. Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman.