Estudo dirigido 2º ano - mobilidade social

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SOCIOLOGIA PARA O ENSINO MÉDIO PROFESSORA SARA ALVES SECRETARIA DE EDUACAÇÃO DO ESTADO PROG. INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INCIIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID/UFES/CSO EEEM PROFESSOR FERNANDO DUARTE RABELO ESTUDO DIRIGIDO 2º ANO O trabalho e as desigualdades sociais: Estratificação e Mobilidade Social Inicaremos com a reflexão sobre algumas perguntas: 1. Para que se deve trabalhar? 2. O trabalho se limita a conseguir dinheiro? 3. O trabalho, de fato, dignifica o ser humano? 4. O trabalho possibilita a toda sociedade os mesmos acessos? 5. Existe relação entre as classes sociais e o trabalho? (Perguntas 1, 2 e 3 extraídas da apostila Bernoulli.) A forma pela qual as sociedades de organizaram no decorrer do tempo levaram a constituição de sistemas de diferenciação social baseados na distribuição desigual de recursos e posições sociais na sociedade acarretandona estratificação social. No capitalismo,o sistema de classes sociais é um resultado da estratificação, já no caso das regiões hinduístas no século XV, as mesmas apresentavam a estratificação em castas sociais. Nas sociedades estratificadas pelas castas e estamentos a mobilidade social pode ser entendida como inexistente. No sistema de classes sociais a posição dos indivíduos nos grupos não é estática, ou seja, existe a possibilidade de mobilidade dentro da escala social. Mobilidade social significa a possibilidade de mudar de posição social, de status ou de poder dento da sociedade. No sistema capitalista podemos destacar dois tipos de mobilidade social, a mobilidade vertical e a mobilidade horizontal. Mobilidade vertical ocorre quando um indivíduo se movimenta para cima ou para baixo na escala social. Exemplos: quando alguém ganha herança; quando alguém por meio da educação escolar consegue adquirir uma melhor condição financeira; quando uma pessoa perde o emprego e passa a ter uma condição inferior a que possuía. Mobilidade social intergeracional se refere a mudança de posição de um individuo quando comparado à situação de seus pais.

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PROFESSORA SARA ALVES

SECRETARIA DE EDUACAÇÃO DO ESTADO

PROG. INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INCIIAÇÃO À DOCÊNCIA – PIBID/UFES/CSO

EEEM PROFESSOR FERNANDO DUARTE RABELO

ESTUDO DIRIGIDO – 2º ANO

O trabalho e as desigualdades sociais:

Estratificação e Mobilidade Social

Inicaremos com a reflexão sobre algumas perguntas:

1. Para que se deve trabalhar?

2. O trabalho se limita a conseguir dinheiro?

3. O trabalho, de fato, dignifica o ser humano?

4. O trabalho possibilita a toda sociedade os mesmos acessos?

5. Existe relação entre as classes sociais e o trabalho?

(Perguntas 1, 2 e 3 extraídas da apostila Bernoulli.)

A forma pela qual as sociedades de organizaram no decorrer do tempo levaram a constituição

de sistemas de diferenciação social baseados na distribuição desigual de recursos e posições

sociais na sociedade acarretandona estratificação social. No capitalismo,o sistema de classes

sociais é um resultado da estratificação, já no caso das regiões hinduístas no século XV, as

mesmas apresentavam a estratificação em castas sociais.

Nas sociedades estratificadas pelas castas e

estamentos a mobilidade social pode ser

entendida como inexistente. No sistema de

classes sociais a posição dos indivíduos nos

grupos não é estática, ou seja, existe a

possibilidade de mobilidade dentro da escala

social.

Mobilidade social significa a possibilidade

de mudar de posição social, de status ou de

poder dento da sociedade.

No sistema capitalista podemos destacar dois

tipos de mobilidade social, a mobilidade

vertical e a mobilidade horizontal.

Mobilidade vertical ocorre quando um

indivíduo se movimenta para cima ou para

baixo na escala social. Exemplos: quando

alguém ganha herança; quando alguém por meio da educação escolar consegue adquirir uma

melhor condição financeira; quando uma pessoa perde o emprego e passa a ter uma condição

inferior a que possuía.

Mobilidade social intergeracional se refere a mudança de posição de um individuo quando

comparado à situação de seus pais.

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Mobilidade horizontalse realiza quando são abertas novas oportunidades de emprego em

razão de uma mudança estrutural na economia. Exemplo: o grande processo de

industrialização na segunda metade do século XX no Brasil fez com que muitas pessoas se

deslocassem do nordeste para região sudeste onde alguns tiveram a possibilidade de adquirir

empregos de maior remuneração.

A mobilidade social se manifesta da mesma maneira nos países capitalistas?

Podemos observar que a mobilidade social não se apresenta da mesma forma nas sociedades

existentes, o nível de desigualdade existente influencia de forma direta nas chances de

mobilidade social. No Brasil, com base na análise de dados do IBGE, a chance de um filho de

um profissional não qualificado se qualificar é 133 vezes menor do que um filho de um

profissional qualificado, a chance ainda diminui se esse indivíduo for negro ou se for uma

mulher. Com isso, vemos que são restritas as possibilidades de ascensão social. Na teoria, as

condições para a mobilidade social existem para todos, no entanto, na prática, há obstáculos

representados por inúmeros fatores, além da dificuldade do processo de acesso existe o

preconceito das elites com essas pessoas.

A questão da mobilidade social está relacionada com uma série de aspectos envolvendo

questões de gênero, questões raciais, a divisãosocial do trabalho e à distribuição de poder.

Com isso ela se torna restrita, não se apresentando da mesma maneira para todos os cidadãos.

Estratificação social e acesso

No mês de fevereiro de 2016, espalhou-se pelas redes sociais a notícia de que João Campos,

filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, foi nomeado chefe de Gabinete do

estado. A notícia fomentou discussões nas redes a respeito do acesso desigual a empregos que

existe em nosso país e sobre questões ligadas a meritocracia.

O que aconteceu?

Vamos entender melhor a situação com um trecho da reportagem que possui a seguinte

manchete: “O que a filha de Obama e o de Eduardo Campos não têm em comum”.

“João tem 22 anos. Frequentou boas escolas e teve acesso a uma série de oportunidades em educação. Ele cursa engenharia civil na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e tem desejo de ingressar na política. Não seria estranho se João fosse contratado como estagiário de uma construtora ou se envolvesse em grêmios. Mas João Campos é filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos e mesmo antes de concluir o ensino superior será como chefe de Gabinete do Estado, trabalhando diretamente com o governador Paulo Câmara (PSB). E o seu salário líquido? R$ 7.787,43 — vencimento do antecessor Ruy Bezerra. O chefe de Gabinete é o braço direito do governador nas questões administrativas do estado. É um trabalho que exige qualificação. Para se ter ideia, Ruy Bezerra é formado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife com pós-graduação em Gestão Pública e Controle Externo, pela Universidade do Estado de Pernambuco (UPE) e auditor das Contas Públicas do Tribunal de Contas do Estado (TCE/PE), desde 1996. As diferenças entre João e Ruy expõem as rachaduras no discurso do próprio pai de João, que construiu ao longo de sua trajetória política um discurso que valorizava a meritocracia. A irmã de João, Maria Eduarda também assumiu um cargo na Prefeitura do Recife, no início de fevereiro.” (http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/o-que-a-filha-de-obama-e-o-de-

eduardo-campos-nao-tem-em-comum/108464/)

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Qual a definição de meritocracia e mérito?

Meritocracia: (do latim mereo, merecer, obter) é a forma de governo baseado no mérito. As

posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento, e há uma

predominância de valores associados à educação e à competência.

Mérito: Mérito: s.m. Aquilo que faz com que uma pessoa seja digna de elogio, de recompensa;

merecimento. Qualidade apreciável de uma coisa, de uma pessoa. O que caracteriza a ação de

merecer honras ou castigos; merecimento: condenado pelos seus méritos; prêmio recebido

pelos seus méritos.

Tal definição nos traz a ideia de que a meritocracia é justa e que proporciona uma sociedade

com direitos e acessos iguais a todos. No entanto o sentido da definição de meritocracia é mais

amplo que o que ele evoca.

Qual o problema de um discurso político meritocrático?

Quando falamos em meritocracia, se considera que existem possibilidades de acesso iguais, no

entanto, no Brasil e em países com nível de desenvolvimento análogo, temos uma corrida com

largada diferente para casa um dos corredores. Além disso, Meritocracia não se expressa de

modo puro e total, pois ela é misturada com outros métodos para escolha de suas

autoridades. Se um sistema se intitula meritocrático e não o é na prática, ele certamente será

utilizado para mascarar privilégios, as ideias de mérito ligadas a talento, educação e

competência são substituídas pelas diferenças de classe, etnia e gênero por exemplo.

“Como discutir meritocracia em um ambiente em que um auditor com 20 anos de experiência é

substituído por um garoto de 22 anos de idade, cujo diferencial no currículo consiste no

sobrenome?” (trecho extraído da reportagem <http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/o-que-a-

filha-de-obama-e-o-de-eduardo-campos-nao-tem-em-comum/108464/>)

Por que foi João Campos, um estudante de engenharia, que assumiu o cargo e não um

estudante de direito, por exemplo?

Na reportagem citada acima é relatado que o primeiro emprego da filha do presidente Obama

também causou repercussão quando foi divulgado que Malia Obama foi contratada como

estagiária no set do seriado "Girls", do canal de TV HBO, na qual sua função não era de chefia,

ela servia cafés aos atores e auxiliava a produção do programa.

Observamos então que por trás de um discurso sobre meritocracia cargos públicos são

assumidos por pessoas que não são devidamente qualificadas e o sentido da palavra mérito

entra em conflito. Passam a serem valorizados sobrenomes, classes sociais e a dedicação ao

estudo e trabalho não proporciona a todos os indivíduos o mesmo acesso e possibilidade de

ascensão social.

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Xibom Bombom- As Meninas Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Analisando Essa cadeia hereditária Quero me livrar Dessa situação precária...(2x) Onde o rico cada vez Fica mais rico E o pobre cada vez Fica mais pobre E o motivo todo mundo Já conhece É que o de cima sobe E o de baixo desce

E o motivo todo mundo Já conhece É que o de cima sobe E o de baixo desce... Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Mas eu só quero Educar meus filhos Tornar um cidadão Com muita dignidade Eu quero viver bem Quero me alimentar Com a grana que eu ganho Não dá nem prá melar

E o motivo todo mundo Já conhece É que o de cima sobe E o de baixo desce E o motivo todo mundo Já conhece É que o de cima sobe E o de baixo desce... Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! Bom xibom, xibom, bombom! (final 2x) Bom bom, xibom bombom! Bom bom, xibom bombom!

Exercícios:

1. Analise a letra da música e responda as questões a seguir:

Qual a relação da letra da música com as teorias de mobilidade social?

O que essa música revela a respeito da situação da população brasileira?

2. Vimos no decorrer do texto que a noção de trabalho aponta diversas questões como a

da mobilidade social. Nesse sentido, por que o acesso a determinado emprego não

necessita apenas a qualificação profissional? (Mínimo: cinco linhas)

3. Em que sentido a mobilidadesocial está relacionada com questões raciais e de gênero?

Apresente exemplos.

4. (Upe 2013) Observe a charge a seguir:

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Ela faz referência a uma forma de desigualdade. Acerca das características dessa

estrutura social, analise as alternativas e marque a CORRETA.

a) A hierarquização é rígida, baseada em critérios hereditários, profissionais, étnicos,

religiosos, que determinam as relações entre as pessoas.

b) A tradição é um elemento fundamental na definição das relações estabelecidas

entre os diferentes grupos.

c) A mobilidade de um estrato para outro nessa estrutura é possível, mas é controlada

pelos indivíduos que estão na hierarquia superior da organização.

d) As pessoas se diferem umas das outras pelo lugar ocupado por elas num sistema

historicamente determinado de produção social, de relação com os meios de produção

e por seu papel na organização social do trabalho.

e) A escolha do cônjuge deve ser feita exclusivamente no seio da organização social,

com base nos critérios hereditários.

5. Analise o gráfico e as imagens a seguir e relacione as mudanças ocorridas na pirâmide

social do Brasil após 2003, ano em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

assumiu o poder, com as políticas defendidas pelo mesmo.

Slogan governo Lula (2003-2010) Slogan governo Dilma (2011 à

atualidade)

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6. Para além das distinções meramente econômicas no conceito de classe social,

podemos observar que a definição de classe social também esta relacionada com

costumes, hábitos, uma serie de códigos e símbolos que

definem o comportamento de uma classe. Esses padrões

de comportamento são diariamente transmitidos pelas

mídias e demonstra que as classes "falam" diversos meios.

No quadro de humor “Lady Kate” do programa Zorra

Total, observamos que Lady Kate é uma emergente social,

e o quadro ridiculariza a tentativa de ascensão social.

A partir da analise do quadro “Lady Kate”, descreva quais

fatores estão relacionados com a definição de classe social

e por que Lady Kate não era “aceita” na classe em que se

encontrava?

(Referência imagem: http://www.memecenter.com/fun/2345639/lady-kate)

Referências: http://www.infoescola.com/politica/meritocracia/ http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/10/a-falacia-da-meritocracia.html http://www.claudiawallin.com.br/2016/02/21/meritocracia-brasileira-a-diferenca-entre-o-filho-de-campos-e-a-filha-de-obama/ Coleção Estudo EM1. – Belo Horizonte: Bernoulli, 2015. 7.Sociologia. Sociologia para jovens do século XXI. Cap. 8: “Ganhava a vida com muito suor e mesmo assim não podia ser pior” O trabalho e as desigualdades sociais na História das sociedades. Sociologia Geral – Bruno Konder Comparato