Estudar e Refletir sobre a Indisciplina Escolar na busca ... · A indisciplina escolar apresenta...
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Estudar e Refletir sobre a Indisciplina Escolar na busca de enfrentamentos coletivos
CURITIBA2011
Márcia do Rocio Coutinho Agne
PDE 2010
FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: Estudar e refletir sobre a indisciplina escolar na busca de enfrentamentos coletivo
Autor Márcia do Rocio Coutinho Agne
Escola de Atuação Col. Est. Princesa Isabel – Ensino Fundamental e Médio
Município da escola Cerro Azul
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
Orientador Lennita Rodrigues Ruggi
Instituição de Ensino Superior UFPR- Universidade Federal do Paraná
Disciplina/Área (entrada no PDE) Pedagogia
Produção Didático-pedagógica Caderno Pedagógico
Relação Interdisciplinar
(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)
Público Alvo
(indicar o grupo com o qual o professor PDE desenvolveu o trabalho: professores, alunos, comunidade...)
Professores e Pedagogos
Localização
(identificar nome e endereço da escola de implementação)
Col. Est. Princesa Isabel – Ensino Fundamental e Médio
Rua- Romário Martins- 120 – Centro - Cerro Azul - Paraná
Apresentação: O Caderno Pedagógico em questão, trata dos diversos aspectos
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(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)
que envolvem a disciplina escolar vista como uma questão social.
O referido material didático, surgiu a partir do projeto de intervenção, que previa estudos e reflexões, com professores e pedagogos, acerca da problemática da indisciplina. Como este projeto apontou para uma formação continuada de professores e equipe diretiva da escola, foi que se pensou num material que viesse oportunizar, estudos, discussões e reflexões de como está acontecendo a construção do processo de disciplina no interior da escola.
Dessa forma, o caderno foi estruturado em 10 unidades, as quais abordam temas condizentes com os variados aspectos que englobam a indisciplina. Cada unidade traz um texto, como um aporte teórico e na seqüência propõe leituras para aprofundamentos e proposta de atividade para praticar o que se aprendeu.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Indisciplina – Reflexão – Estudo – Enfrentamento - Coletivos
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SUMÁRIO
Apresentação 06
Introdução 081 Conceituando disciplina e indisciplina 10
Introdução 10
Seção 1: conceito de indisciplina 12
Seção 2: a indisciplina e a incivilidade 18
2 A indisciplina dos diferentes segmentos da escola 22
Introdução 22
Seção 1: a indisciplina do aluno, do professor, da escola
e da família 22
Seção 2: indisciplina do aluno 23
Seção 3: indisciplina do professor 24
Seção 4: indisciplina da escola 25
Seção 5: indisciplina da família 26
3 Causas da indisciplina 29
Introdução 29
Seção 1: as diversas causas da indisciplina 30
4 Desenvolvimento moral da criança: a construção da
autonomia 34
Introdução 34
Seção 1: o desenvolvimento moral da criança 35
Seção 2: anomia 35
Seção 3: heteronomia 35
Seção 4: autonomia 36
Seção 5: atitudes que auxiliam no desenvolvimento da autonomia 36
5 A relação da indisciplina com a escola, a família e a sociedade 39
Introdução 39
Seção 1: a responsabilidade da escola, da família e da sociedade
com a disciplina escolar 40
6 Indisciplina: autoridade, autoritarismo e limite
4
Introdução 47
Seção 1: conceito de autoridade e autoritarismo 47
7 A indisciplina e a coerção 59
Introdução 59
Seção 1: o uso da coerção na disciplina escolar 60
8 Indisciplina: a metodologia e o processo de ensino e
aprendizagem 63
Introdução 63
Seção 1: a metodologia e a indisciplina escolar 64
9 O diálogo e a afetividade como formas de encaminhar a
indisciplina na escola 77
Introdução 77
Seção 1: o uso do diálogo e da afetividade na escola 78
10 Projeto político pedagógico como espaço de construção
coletiva da disciplina escolar 84
Introdução 84
Seção 1: o PPP e a construção da disciplina escolar 85
Considerações finais 88
Orientações didático-pedagógicas 89
Parâmetros para a avaliação do projeto 90
Referências bibliográficas 91
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APRESENTAÇÃO
Caros colegas, tendo compreensão dos desafios que a problemática
da indisciplina, principalmente dos alunos, nos impõe para prática pedagógica
cotidiana atual é que proponho esse Caderno Pedagógico para os
professores da rede pública do Estado do Paraná como subsídio para
estudos e reflexões acerca do tema. Este material didático é resultado de
estudos realizados no período inicial do PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional com o objetivo de atuar na escola visando á
melhoria da qualidade do ensino.
A indisciplina é hoje um dos problemas da escola, que mais tem
preocupado a direção, a equipe pedagógica e os professores pela forma
como tem se avultado no espaço escolar nos últimos anos e também pelos
inúmeros desafios que vem apresentando para seu enfrentamento, seja
pelo uso somente da coerção para inibir os atos indisciplinares dos alunos,
seja pela falta de conhecimento dos diferentes segmentos da escola, em
como enfrentar de forma mais eficaz a problemática.
A partir do egresso no PDE - Programa de Desenvolvimento
Educacional foi realizada uma pesquisa prévia com 45 professores do
Colégio Estadual Princesa Isabel com a finalidade de averiguar qual aspecto
da indisciplina deveríamos abordar no trabalho de intervenção, 98% dos
entrevistados apontaram que o tempo para estudos e reflexões acerca da
indisciplina é escasso e a falta deste tem dificultado e muito a solução dos
problemas de indisciplina, pelos encaminhamentos feitos no interior da
escola de forma isolada e sem continuidade de ações, o que tem
demonstrado ser insuficiente para dar conta de toda a problemática que ora
se apresenta.
Portanto o Colégio Estadual Princesa Isabel, como tantos outros
colégios, tem como desafios com relação à indisciplina escolar buscar (1)
compreender como a indisciplina interfere no processo de ensino e
aprendizagem assim como (2) constituir limites com os alunos (3)
coletivamente buscar possibilidades de enfrentamentos para essa
problemática.
6
Frente a esse contexto, o referido caderno foi elaborado com a
pretensão de oferecer aos pedagogos e professores, textos e oportunidades
de realizar atividades de reflexão acerca dos diversos aspectos, que
envolvem a indisciplina escolar.
Portanto, está dividido em 10 unidades, as quais abordam diferentes
aspectos da indisciplina:
1- Conceito de indisciplina
2- A Indisciplina dos Diferentes Segmentos da Escola
3- Causas da Indisciplina
4- Desenvolvimento mora da criança: a construção da autonomia
5- A relação indisciplina escola, família e sociedade
6- Indisciplina: autoridade-autoritarismo e limites
7- A indisciplina e a coerção
8- Indisciplina: a metodologia e o processo de ensino e aprendizagem
9- O diálogo e a afetividade como forma de encaminhar a
indisciplina no espaço escolar
10-O projeto político pedagógico como espaço de construção
coletiva da disciplina escolar
No decorrer das unidades, deste caderno, será relatado o resultado
de uma pesquisa de campo realizada na escola de implementação, do projeto
de intervenção, de forma parcial, sendo que a mesma será divulgada mais
detalhadamente no artigo final do PDE.
É importante ressaltar que este material não tem a pretensão de
esgotar a problemática da indisciplina, mas sim de servir de ferramenta para
provocar a comunidade escolar á estudar, refletir e discutir sobre os diferentes
aspectos da indisciplina escolar.
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INTRODUÇÃO
Vivemos atualmente na educação um momento de crise muito
profunda, isto porque a sociedade como um todo passa por diversas e radicais
transformações, principalmente com o advento das novas tecnologias,
modificando a maneira de viver das pessoas e consequentemente a maneira
de educá-las. Vemos que a escola tem acompanhado muito vagarosamente
este processo de transformação, o que tem ocasionado o aparecimento de
uma série de problemas em seu interior, dentre eles a indisciplina, considerada
por muitos professores como o mais relevante de todos eles.
A indisciplina escolar apresenta diferentes expressões, atualmente
tornou-se mais complexa e “para os professores, parece ficar cada vez mais
difícil de equacionar e resolver o problema de um modo efetivo” (GARCIA,
1999, p.103). Acredita-se que a visualização de encaminhamentos adequados
e eficientes, não consegue ser feita, pelos professores, porque dificilmente é
reservado, na escola um espaço para estudar, discutir e refletir sobre o
fenômeno da indisciplina, sendo que muitas vezes, cada segmento escolar age
e toma decisões de forma isolada, o que não contempla um programa de
ações discutidas e criadas no coletivo da escola.
Concordamos com Vasconcellos (2004, p. 25) quando diz que:
Antes, de mais nada, para enfrentar o problema da indisciplina, é necessário compreendê-lo, ou seja, entender o que está acontecendo hoje com a indisciplina de sala de aula, na escola (e na sociedade) com certeza, uma série de fatores influencia, mas devemos analisar como ocorre concretamente, como síntese de várias determinações, no processo de análise é que irão emergindo os determinantes fundamentais do problema em estudo.
Vemos então, é de fundamental importância refletir constantemente
sobre a indisciplina escolar, para poder compreendê-la nos seus diferentes
aspectos para atuar sobre ela de forma mais competente e eficiente.É neste
sentido que elaboramos este caderno pedagógico.
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1 CONCEITUANDO DISCIPLINA E INDISCIPLINA
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais está cada vez mais difícil e complexo conceituar
indisciplina, e isto se dá devido aos diversos fatores que a influenciam, sejam
de ordem interna ou externa à escola.
De acordo com Rego (1996, p. 84)
O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural, não é estático, uniforme e nem tão pouco universal. Ela se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas e numa mesma sociedade, nas diversas classes sociais (...). No plano individual a indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito, do contexto que forem aplicadas.
Vemos assim que ela pode se apresentar de diversas formas, nas
diferentes épocas históricas e nos mais variados contextos escolares.
Porém sabemos que se faz imprescindível conceituá-la, para podermos
compreendê-la em toda sua amplitude e então buscarmos possíveis formas de
amenizá-la no espaço escolar.
Concordamos com Rego (1996, p. 870) quando diz que:
O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus desempenhos na escola como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.
Sendo assim, se concebermos que a indisciplina se reduz aos atos
indisciplinares apresentados pelos alunos, o estabelecimento de regras e o
uso de coerções poderão ser suficientes para a sua amenização, sendo que
10
de acordo com Franco (1986, p. 62. 63) “o professor quando discute
indisciplina na escola se refere exclusivamente ao aluno.”
Porém se concebermos que a indisciplina também pode ser fruto da
metodologia inadequada do professor, da desorganização do trabalho
pedagógico da escola, assim como da total omissão de muitos pais com
relação à vida escolar de seus filhos e ainda da influência da sociedade sobre
o indivíduo assumiremos uma postura mais crítica e reflexiva no sentido de
buscarmos soluções coletivas e mais eficientes para a problemática.
Não se trata aqui de apontarmos este ou aquele culpado pela
indisciplina, mas sim de trazer à tona os diferentes conceitos que esta abrange
para termos como parâmetro inicial no projeto de implantação ora
desenvolvido.
Dessa forma acreditando que a concepção que temos de indisciplina
interfere profundamente no nosso fazer pedagógico cotidiano é que
procuraremos nesta unidade elencar diferentes conceitos para podermos
refletir sob a luz de alguns teóricos a problemática em questão.
Caros professores e pedagogos! Vamos refletir um pouco sobre
o que é indisciplina assistindo ao vídeo!!!!
Disciplina e indisciplina na sala de aula youtube.com 3 min – acessado em 02 de agosto de 2011 - Vídeo enviado por nittasvideoTrailer do DVD - Disciplina e indisciplina na sala de aula - da coleção Celso Antunes I - ATTA Mídiaatedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel
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SEÇÃO 1: CONCEITO DE INDISCIPLINA
Inicialmente é preciso partir do conceito que se tem de disciplina para
então fazermos a relação desta com a indisciplina.
De acordo com Ferreira (1998, p. 224) o termo disciplina pode ser
definido como ”(...) regime de ordem imposta ou mesmo consentida” ou ainda
“relações de subordinação do aluno ao mestre”. Portanto disciplinado é
“aquele que consente, obedece e é subordinado”.
Sendo assim também é necessário esclarecer o termo indisciplina que
segundo Ferreira (1986, p. 595) pode ser definido como “procedimento ato ou
dito contrário á disciplina, desobediência, desordem, rebelião”. Assim
indisciplinado é aquele que “se insurge contra a disciplina”.
As definições em foco efetuam uma relação entre disciplina e obediência
das normas, das regras sociais. Assim “disciplinado” é aquele que obedece e
cede, sem questionar às regras e preceitos vigentes em determinado contexto.
Temos ainda que o conceito de indisciplina tenha sido atrelado à noção
de disciplina. A leitura etimológica elaborada por Garcia (2000, p. 51-52)
sugere duas matrizes latinas associadas ao termo disciplina. De um lado o
termo discípulos, originado do verbo capere, que descreve um indivíduo em
situação de aprendizagem que se apropria de algo que lhe é mostrado
enquanto outra matriz seria o verbo disco, comumente traduzido por aprender
ou tornar-se familiarizado, dessa raiz deriva o sentido de disciplina como
seguir ou acompanhar.
Ainda em Garcia (2000, p. 52-57) encontramos a idéia, segundo a qual
historicamente, a noção de disciplina se atrela à noção medieval de castigo,
medo, punição e apenas mais tarde assume o sentido de ramo do
conhecimento.
Vemos assim que um conceito está ligado ao outro e que a concepção
de comportamento inadequado é imensamente acentuada.
Para Estrela (1992, p. 17) a indisciplina pode ser pensada como
negação da disciplina, ou como “desordem proveniente da quebra das regras
estabelecidas pelo grupo”. Admitimos ser de fundamental importância a
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existência de regras no interior da escola, mas o que precisa ser pensado é a
forma como elas serão construídas e estabelecidas pela direção escolar.
Segundo Estrela (1995, p.65) é prioritariamente o professor quem
produz e comunica normas sociais as quais julga serem necessárias para
exercer sua ação pedagógica, e assim prescreve determinadas posturas e
regras a serem aceitas, muitas vezes sem a devida discussão com os alunos,
e sem que aquelas atendam suas expectativas e necessidades.
Percebe-se que a questão da estipulação de regras (pois a disciplina
está intrinsecamente ligada a este fator) por parte do coletivo é muito
importante, não só no sentido de que o aluno estará consciente que participa
das decisões tomadas na sala de aula, mas também no sentido de que acaba
tendo um comprometimento maior com a disciplina, uma vez que participou da
construção das regras que terá de obedecer.
Fortuna (2002, p. 90) aponta “a noção predominante de não
cumprimento de regras de rebeldia contra qualquer regra construída e de
desrespeito aos princípios de convivência combinados sem uma justificativa
viável cria transtornos e incapacidades de se organizar e se relacionar de
acordo com as normas estabelecidas por um grupo.”
De acordo com Vasconcellos (2006, p. 49)
Em contrapartida sabemos que temos o dever enquanto educadores, de promover uma disciplina verdadeiramente contrária aos castigos e punições que venha a conseguir o auto – governo dos sujeitos participantes do processo educativo e dessa forma as necessárias condições para o trabalho coletivo em sala de aula (e na escola), onde haja o desenvolvimento da autonomia, da solidariedade e principalmente as condições para uma aprendizagem significativa, crítica, criativa e duradoura.
A escola enquanto instituição formadora, precisa transformar o aluno
num sujeito ativo, capaz de transformar sua realidade, mas para tanto
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necessita refletir muito sua prática pedagógica buscando amenizar os
problemas de indisciplina.
De acordo com Franco (1986, p. 62)
A disciplina toda a via, não pode ser entendida como se tivesse uma finalidade educativa em si mesma. Nesse sentido, não pode ser puramente exterior, baseada num conjunto de regras de conduta, normas disciplinares e hierárquicas rígidas. Ao contrário a necessidade da disciplina aparece não por mero autoritarismo ou arbitrariedade dos responsáveis pela condição do trabalho escolar, mais como condição indispensável para conduzir uma pratica pedagógica comprometida com os anseios das classes trabalhadoras e com o estabelecimento de uma sociedade igualitária. Dessa forma a disciplina deve passar por um processo de construção, uma vez que toda comunidade escolar sinta sua necessidade.
Mas a questão da indisciplina é extremamente complexa, sendo que
sua análise não pode se resumir simplesmente nas atitudes e comportamentos
dos alunos, pois sua abrangência é muito maior, indo para além dos muros da
escola, envolvendo o contexto sócio, histórico e cultural em que o aluno está
inserido, os modelos conceituais, as questões políticas, estruturais e
metodológicas de que a escola dispõe para a organiza.
. Entendemos então que a indisciplina ultrapassa os “muros da escola”,
devendo ser compreendida para além atos indisciplinados dos alunos, sendo
que estes, muitas vezes, são indicações de que algo não esta indo bem no
processo de ensino e aprendizagem.
Ainda segundo Franco (1986, p. 63)
Reduzir o problema da disciplina nas escolas a faltas cometidas pelos alunos, pouco contribui para a compreensão dessa problemática, isso porque a disciplina não pode ser entendida de maneira estanque, como se fosse algo que dissesse respeito a este ou àquele elemento envolvido com o processo de ensino e aprendizagem. A disciplina ao contrario, diz respeito a todos os elementos envolvidos com a prática escolar e precisa ser compreendida como algo necessário para atingir
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um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando, dessa maneira, intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.
Vemos assim, que a forma como a escola organiza seu trabalho
pedagógico e os muitos fatores internos e externos a ela, podem interferir na
geração da indisciplina pelo aluno, fazendo com que os atos indisciplinados
sejam indicativos no processo de ensino e aprendizagem.
Neste sentido cabe discutirmos, de forma mais ampla, como a
indisciplina interfere de forma negativa no processo de ensino e aprendizagem,
contribuindo assim para os altos índices de reprovação, apresentados pelas
escolas na atualidade.
Temos então, de acordo com Franco (1986, p. 63), que
A disciplina está indissoluvelmente ligada ao processo de transmissão e assimilação dos conhecimentos elaborados historicamente pela humanidade. Deixa assim de ser alguma coisa que diz respeito somente ao aluno para transformar-se em preocupação permanente da comunidade escolar, em uma exigência da escola.
Diferentes autores atribuem a indisciplina do aluno aos diferentes
segmentos da escola, sendo que uns apontam a metodologia inadequada do
professor, como Rego (1996, p. 100) que diz:
O comportamento indisciplinado, do aluno, está diretamente relacionado à ineficiência da prática pedagógica desenvolvida pelas propostas curriculares problemáticas e metodologias que subestimam a capacidade do aluno (assuntos pouco interessantes ou fáceis demais), constante uso de sansões e ameaças visando o silêncio da classe, pouco diálogo, etc.
Outros, como La Taille (1996, p. 22), dizem que “a indisciplina em sala
de aula não se deve essencialmente às falhas psicopedagógicas, pois está em
jogo o lugar que a escola ocupa hoje na sociedade, o lugar ocupado pela
criança e pelo jovem, o lugar que a moral ocupa.”
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De acordo com Rego (2008, p.84) “o termo indisciplina pode ter
sentidos diferenciados, dependendo de cada indivíduo, de suas vivências e do
contexto da situação”. Sendo assim, o que muitas das vezes é indisciplina para
um professor pode não ser para outro.
Segundo Parrat-Dayan (2008, p.19) “(...) para um professor indisciplina
é não ter o caderno organizado, para outro, uma turma será caracterizada
como indisciplinada se não fizer silêncio absoluto e, já para um terceiro a
indisciplina até poderá ser vista de maneira positiva, considerada sinal de
criatividade e de construção de conhecimento”.
Temos assim que um determinado comportamento apresentado por
um aluno pode ser considerado inadequado, portanto indisciplinar para um
professor, enquanto para outro o mesmo comportamento não é tomado como
indisciplina, pois ela é vista de diferentes formas nos contextos em que se
apresenta.
Nesta perspectiva temos um conceito de indisciplina que reflete as
expectativas no processo de interação entre professor e aluno.
De acordo com Cohem e Cohem, ( 1987: ATTINSON ET AL, 1988
apud AMADO, 2001, p.35)” (...) indisciplina é uma realidade construída na
própria aula, resultante de um processo de interação entre os participantes,
professor e aluno, possuindo todos eles expectativas mútuas, percepções e
pontos de vista mútuo, próprios de tudo o que acontece com eles a sua volta.”
Vemos assim que na relação professor e aluno muitas são as
expectativas, com relação ao processo de ensino e aprendizagem, mas muitas
vezes por diversos fatores é inevitável a frustração por ambas as partes.
A partir desse contexto acredita-se que o fato de ouvirmos realmente
os apelos e sugestões dos (as) alunos (as), seja uma possibilidade de
mudarmos as propostas pedagógicas que não estão adequadas.
Neste sentido, Garcia (1999, apud ABUD e ROMEO 1989), explica que
“um dos elementos preventivos relevantes da indisciplina está no próprio
ambiente da escola, o qual deve ser verdadeiramente humano, no sentido de
construir em espaço democrático e onde o diálogo e a afetividade humana são
cultivados, onde a observação e a garantias de direitos constitucionais são
postos em prática”. Ainda neste pensamento o mesmo autor esclarece que “o
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clima caloroso deve refletir um conhecimento e preocupação quanto aos
estudantes enquanto pessoas, tendo em vista suas condições concretas,
individualidades e singularidades” (GARCIA, 1999, p. 07)
Na pesquisa de campo, realizada na escola de implementação deste
projeto de intervenção, foi perguntado a 45 professores da rede pública do
Estado do Paraná - Cerro Azul, o que é indisciplina. O resultado foi que 85%
dos entrevistados, mencionaram a indisciplina como sendo o comportamento
inadequado do aluno, como poderemos constatar com algumas respostas
dadas pelos professores.
PROF-1 “Aluno que não se concentra nas atividades e nas explicações e fica
agitado fazendo outras coisas na aula.”
PROF-2 Quando o aluno contraria o professor de forma negativa, tumultuando
a sala, conversando, fazendo outras coisas alheias a proposta do professor.”
PROF-3”Tudo o que se refere ao mau comportamento do aluno.”
PROF-4 “Falta de educação e de limites do aluno.”
PROF-5 “Falta de educação do aluno que agride professores e colegas.”
PROF-6 “Tudo o que o aluno faz de errado como: bagunçar, ser
desinteressado, chegar atrasado na aula, etc.”
PROF-7 “Alunos com o comportamento violento, desinteressados.”
PROF-8 “Não ter limites, não obedecer as regras.”
PROF-9 “É o aluno não cumprir suas obrigações escolares.”
PROF-10 “Alunos que não respeitam as regras e direitos.”
PROF-11 “É a manifestação clara de que o aluno não compreendeu o
verdadeiro sentido da escola. É o reflexo do aluno que não consegue ou não
quer aprender.”
PROF-12 “São alunos que se comportam mal, que só bagunçam, conversam,
atrapalham as aulas e os outros colegas, passeiam pelos corredores e
agridem os colegas.”
Apenas 11% das respostas apontaram que a responsabilidade também
é do professor, da escola e da sociedade como veremos:
PROF-13 “A indisciplina é causada muitas vezes por motivo de domínio de
sala. Começa com o professor em sala de aula.”
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PROF-14 ”A indisciplina diz respeito á escola como um todo, cabendo uma
parcela de culpa para cada um de seus segmentos.”
PROF-15 “A sociedade atual da forma como ela está estruturada é que é a
grande responsável pelos comportamentos inadequados que o aluno
apresenta na escola, pois ele é fruto dessa sociedade.”
Os 4% restante dos professores não responderam.
Vemos pelo resultado da pesquisa que os professores ainda
encontram-se muito presos à questão das regras, quando se reportam a
indisciplina escolar e ainda contemplam-na como se fosse somente o aluno
que a comete por não ter limites e valores.
O que precisamos ter claro é a concepção de que a indisciplina não é um
fenômeno nato, mas é algo que se emerge de inúmeras influências sofridas
pela criança ao longo de seu desenvolvimento moral, sendo que esse aspecto
terá um estudo mais aprofundado na unidade III desse caderno.
SEÇÃO 2: A INDISCIPLINA E A INCIVILIDADE
É muito comum presenciarmos atitudes inadequadas dos alunos
acontecerem constantemente no interior da escola, seja para com o professor,
seja para com os colegas, para com a direção e equipe pedagógica ou para
com os funcionários em geral, que se traduzem por “ofensas verbais,
grosserias, desordens, palavrões, ou falta de respeito”. Esse tipo de
indisciplina é chamado pelo teórico francês Bernard Charlot (2002, p. 47) de
incivilidade. Sendo que, de acordo com o mesmo autor, as incivilidades se
referem às condutas que se contrapõem às regras de boa convivência.
De acordo com Garcia (2006, p.4)
As incivilidades englobam comportamentos desafiantes que rompem regras e esquemas da vida social, sejam tácitos ou explicitados contratos sociais. Mas as chamadas incivilidades não rompem, necessariamente, com acordos, regras e esquemas pedagógicos. Antes, rompem com expectativas do que pode estar tacitamente esperado como boa conduta social. “Destaca-se entre as incivilidades reportadas nas
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queixas usuais dos professores, a falta de respeito”. Essa alegação, em particular, sugere a ocorrência em sala de aula, de práticas de incivilidade na forma de insensibilidade aos direitos de cada um de ser respeitado como pessoa.
Portanto vemos que estas atitudes de incivilidade, muitas vezes
atrapalham o andamento do trabalho pedagógico, por desafiarem muitas
regras que foram construídas para uma boa relação entre professor e aluno,
para que esta aconteça de forma harmoniosa na sala de aula.
Caros colegas vamos trabalhar um pouco?
Escolha um dos artigos abaixo e trabalhe.
Indisciplina escolar: um dos desafios à gestão escolar
Autoras: Rogéria Aparecida Lima
Silvia A. dos Santos
Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1154-4-pdf
Indisciplina: carência de limites e valores morais
Autora: Elena karuimi N. kakazu
Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2147-8-pdf
Indisciplina escolar: percepção social dos professores
Autora: Anderléia Sotoriva
Acessível:www.anped.org.br/reuniões/29ha/trabalçhos/pôsteres/gt13-
2124-int.pdf
Indisciplina na sala de aula: algumas reflexões
Autora: Tereza Benetti de F. Costa.
Acessível: www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2147-8-pdf
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Tarefa 1
• Reunidos em grupos, a partir das leituras realizadas,
discutam e listem os comportamentos que consideram
indisciplina e que mais frequentemente os alunos de
sua escola apresentam.
Tarefa 2
• Com base no artigo lido e no texto apresentado no
caderno discutam e elaborem um conceito de
indisciplina que mais se aproxime da realidade de sua
escola.
• Na seqüência, participe de um seminário, expondo o
resultado de seu estudo. .
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2 A INDISCIPLINA DOS DIFERENTES SEGMENTOS DA ESCOLA
INTRODUÇÃO
Caros colegas, costumeiramente quando pensamos em indisciplina nos
reportamos aos comportamentos inadequados que os alunos apresentam no
cotidiano da sala de aula. Dificilmente nos questionamos se a indisciplina
também pode existir por parte dos pais, professores e da própria escola.
Portanto, a intenção desta unidade é apresentar algumas formas de
indisciplina apresentadas pelos diferentes segmentos escolares e de refletir
como esse comportamento pode interferir na construção da disciplina pelo
aluno.
SEÇÃO 1: A INDISCIPLINA DO ALUNO, DO PROFESSOR, DA
ESCOLA E DA FAMÍLIA.
Somos ingênuos ao pensar que somente o aluno, na escola, comete
indisciplina. Até mesmo porque os alunos não interagem apenas com os
alunos, mas com toda a comunidade escolar - pais, professores, direção,
funcionários, equipe pedagógica e a comunidade - e nessas interações muitos
comportamentos considerados indisciplinados poderão ocorrer de ambos os
lados.
Antes de iniciarmos, assistiremos ao video abaixo!!!!
Dá-me o telemóvel, já!youtube.com2 min - 22 mar. 02/08/2011 - Vídeo enviado por gnelo Figueiredo.Indisciplina O famoso vídeo da Carolina Michaelis. Escola indisciplina violência professor.atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&frature=rel.
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Portanto a pretensão desta unidade é refletir quando e de que forma, os
pais, os professores e a escola como instituição organizada podem também
apresentar indisciplina.
SEÇÃO 2: INDISCIPLINA DO ALUNO
O aluno como centro do processo de ensino e aprendizagem, é o foco
da indisciplina, pois irá se relacionar com os diferentes segmentos escolares,
podendo nestas relações cometer diversos e variados comportamentos
inadequados os quais são considerados como indisciplina.
De acordo com OLIVEIRA (1996);
Os atos caracterizados como indisciplinados na escola estariam relacionados à atitude do aluno, como por exemplo: falar ao mesmo tempo em que o professor atrapalhando as aulas; responder com grosserias; brigar com outros alunos ou mesmo brigar com professor; bagunçar; ser desobediente; não fazer as tarefas escolares.
Sabemos que muitos dos atos de indisciplina que os alunos apresentam
podem representar as decepções que estes sofrem com o ambiente escolar, a
partir de suas expectativas, levando-os a traduzirem essas decepções em atos
reprováveis socialmente.
Vale ressaltar que a indisciplina apresentada pelo aluno sofre inúmeras
influências seja de ordem internas ou externas a ele, exigindo da comunidade
escolar conhecimentos psicológicos e sociológicos para não correr o risco de
uma análise artificial dos comportamentos apresentados por ele no decorrer da
aprendizagem.
Sendo assim, o aluno precisa ser visto a partir de sua realidade para
que se ofereça um ensino adequado às suas condições sociais e econômicas.
De acordo com Vasconcellos (2000)
o aluno que não está inserido no processo de ensino e aprendizagem passa a apresentar
23
comportamentos que causam preocupação à escola, são manifestações que surgem na forma de agitação ou, contrário, comportamento de apatia e falta de comprometimento. Manifestações pacíficas, quase estáticas, do silêncio e alienação ás regras impostas.
Neste sentido a indisciplina é vista como um ponto de partida para se
realizar mudanças significativas no ambiente escolar e é recomendável estar
em constante alerta com relação aos comportamentos que os alunos
apresentam no cotidiano escolar.
SEÇÃO 3: INDISCIPLINA DO PROFESSOR
O professor que, muitas vezes, se considera o detentor do saber e um
ser inquestionável pelo aluno, não realiza planejamento, ou usa em suas aulas
constantemente a mesma metodologia (quase sempre inadequada), está
desmotivado fazendo somente o essencial e não se envolve completamente
com o processo de ensino e aprendizagem mostrando interesse e afetividade
para com o aluno e compromisso com a sua função demonstra também
atitudes indisciplinadas.
A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono a habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado corretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (AQUINO, 1998, p. 8)
Quando age da forma referida acima, não desempenhando com
qualidade seu trabalho, estará conseqüentemente desestimulando o aluno ao
aprendizado.
Para Vasconcellos (2001) “o ato pedagógico é o momento de emergir
das falas, do movimento, da rebeldia, da oposição, da ânsia de descobrir e
construir juntos, professores e alunos.”
Portanto vemos que o professor também é passível de erros e falhas,
enquanto ser humano, e assim deve cultivar a empatia no processo de ensino.
24
SEÇÃO 4: INDISCIPLINA DA ESCOLA
A organização do trabalho pedagógico e da escola como um todo é fator
essencial para a questão da disciplina, pois se todos tiverem a mesma linha de
ação a escola funcionará mais harmoniosamente sem muitos conflitos, e isto
passará ao aluno uma segurança e confiança, fazendo com que ele acredite
na eficiência da instituição.
Muitas vezes, o que presenciamos no interior da escola é uma total falta
de organização dos seus diferentes setores, o que se traduz em desrespeito
ao aluno, ocasionando e propiciando o surgimento de uma série de atos
indisciplinado pelos alunos, como por exemplo: quando na falta de um
professor os alunos sequer são comunicados além de serem deixados sem
atendimento na sala de aula para fazerem o que bem entenderem. O aluno
que passa então a fazer uma leitura dessas ações e, muitas vezes, a julgar a
escola como incompetente e desorganizada perdendo seu prestígio para com
esse aluno.
Outra questão fundamental diz respeito às regras escolares que, muitas
vezes, são impostas para os alunos, mas não estão claras. Manifestações de
indisciplina podem ser decorrentes do descontentamento com essas regras e
pela não compreensão das mesmas. O não entendimento das mesmas pode
reverter em tomadas de decisões indevidas com relação ao grupo de alunos.
Na medida em que “a escola vigia e pune o aluno confirma que sua
atitude é irregular e alheia ao esperado por ela, assim, ele assume a posição
de excluído e não adequado ao ambiente escolar” (FOUCALT, apud SILVA,
1998).
Se a escola cobra tanto do aluno, com relação ao cumprimento das
normas, o mínimo que se espera é que esta ofereça, são os subsídios
necessários para os alunos obedecerem.
Enfatizando que esta construção das regras deve acontecer de forma
coletiva, com o envolvimento de todos os segmentos da escola, contribuindo
assim, para a gestão democrática da escola.
Nesse sentido, segundo Frazatto (apud FERREIRA, 2001, p. 175) é
importante que os alunos participem do processo de construção de regras, não
25
as recebam prontas, pois “ao participar da construção de regras a criança
aprende a ser parte de um grupo, ao mesmo tempo em que desenvolve sua
autonomia”.
SEÇÃO 5: INDISCIPLINA DA FAMÍLIA
Geralmente os pais abandonam os filhos à “própria sorte” dentro da
escola, quando muito comparecem para pegar o boletim informativo no final do
bimestre.
Tendo ainda o agravante de que, muitas vezes, quando convocados a
comparecer, na escola, por motivo de indisciplina do aluno acabam apoiando
as atitudes de seu filho, pois não conseguem enxergar como são seus filhos
de fato, estimulando ainda muito mais a indisciplina.
A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugerindo que as dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância mostra que a educação, dada aos filhos, é atualmente muito permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e co dificuldades para o estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos. (PERI e CORDEIRO, 2002).
Dessa forma, pais indisciplinados são aqueles que apresentam
dificuldades em conduzir seus filhos para um “bom caminho”, em impor
responsabilidade aos filhos, estabelecer limites, fazer-se respeitar, pois são
eles os verdadeiros educadores, não podendo se eximir da função de pais.
Mas muitas são as famílias, que delegam papéis à escola, os quais não
condizem com as competências, dos que estão envolvidos na área
educacional.
Concordando com Aquino (1998) quando diz que, “escola e família
exercem papéis distintos no processo educativo. Evidencia-se uma confusão
de papéis. A principal função da família é a transmissão de valores morais às
crianças, já à escola cabe a missão de recriar e sistematizar o conhecimento
histórico, social, moral”.
26
Temos então que é prioridade da família passar valores humanos e
éticos no desenvolvimento moral da criança, contribuindo assim para a
formação de um ser humano mais justo e comprometido com a sociedade
em que vive.
Caros colegas é hora de praticar!
• O professor PDE divide a turma em 4 grupos
distribuindo á cada grupo, um papel contendo o nome
do segmento a ser trabalhado e solicita que:
TAREFA 1
• Após uma breve discussão montem uma
representação teatral deixando transparecer as
indisciplinas que, mais frequentemente, são
apresentadas pelo segmento na sua escola e apontem
possíveis soluções para as mesmas.
TAREFA 2
• Na seqüência apresentem o resultado de seu trabalho
abrindo espaço para a contribuição dos demais
colegas.
27
3 CAUSAS DA INDISCIPLINA
INTRODUÇÃO
A indisciplina, sendo um dos problemas mais relevantes, nos dias
atuais, tem sido muito discutida e procura-se sempre buscar suas causas. Mas
isto não tem sido tarefa muito fácil, dada a sua complexidade e os fatores
internos e externos à escola que influenciam consideravelmente o seu
aparecimento.
A pesquisa de campo, realizada na escola de implementação deste
projeto, apontou, pelas respostas dadas por 45 professores entrevistados que
as maiores causas da indisciplina, por 70% dos professores, são: pouca
vigilância do espaço escolar, castigos pouco severos aos alunos, problemas
familiares, desinteresse do aluno pelo estudo, pais que não educam seus filhos
e principalmente a falta de um trabalho formativo-preventivo da indisciplina na
escola. Apenas 30% apontaram que aulas pouco atrativas, metodologias
inadequadas do professor e professores que não dominam a turma também
são fatores causadores de indisciplina na escola.
Este resultado nos mostra que até mesmo as causas da indisciplina
apontadas pela maioria dos professores estão focadas na família e no aluno,
sendo que apenas uma minoria percebe que a escola quando não se organiza
e também o professor quando não cumpre com competência seu trabalho,
podem contribuir e muito com a indisciplina escolar.
Portanto, O que se pretende nesta unidade, é apresentar algumas
possíveis causas da indisciplina discutidas sob a ótica de alguns teóricos, com
o intuito de detectar quais as que mais dizem respeito à realidade das escolas
na atualidade.
29
SEÇÃO 1: AS DIVERSAS CAUSAS DA INDISCIPLINA
Em se tratando de indisciplina, não podemos apontar uma única causa,
pois sua complexidade é tanta que, inúmeros e variados são os fatores que
condicionam o aparecimento desta no contexto escolar.
O que podemos, em termos mais abrangentes, é indicar que as causas
da indisciplina podem permear dois grupos, sendo: os de causas externas à
escola e os de causas internas da escola.
Dentro do primeiro grupo podemos destacar: a influência exercida pelos
meios de comunicação, a violência social, os conflitos familiares, a inexistência
de valores sociais e a estrutura social como um todo.
Já no segundo grupo podemos apontar: o ambiente escolar, a relação
entre professores e alunos, as relações interpessoais, a intervenção
pedagógica, entre outras.
Costumeiramente dizemos que os maiores culpados pela indisciplina
escolar são os pais e a escola, poucas vezes analisamos de que forma as
questões sociais também estão implícitas nessa problemática, ou seja,
como a sociedade pode contribuir ou ser a causadora da indisciplina
escolar?
Camargo (2000, p. 16) diz que “pais e professores são fundamentais
na constituição de filhos e alunos como cidadãos”. Temos então uma
questão fundamental: como educar filhos e alunos no contexto social atual
onde o individualismo e a competição, advindos do mundo capitalista, são
as linhas de frente? Qual seria então o papel da escola frente às questões
sociais no como e para que educar?
30
Colegas vamos para o entretenimento!!!
Neste momento o professor PDE exibe o filme “Mentes
Perigosas”
•
SINOPSE
Oficial da marinha (Michelle Pfeiffer) deixa carreira militar e para realizar o sonho de ser professora, mas o grupo de alunos, da escola onde ela vai trabalhar são tão rebeldes, que ela é desafiada pelos seus comportamentos à mudar aquela situação.Então com esse objetivo ela mergulha a fundo na vida deles e acaba descobrindo fatos inéditos fazendo-a se envolver cada vez mais com os alunos, pais e a escola na busca de amenizar a indisciplina daquela e para tanto não impõe limites às suas ações.
Informações TécnicasTítulo no Brasil: Mentes PerigosasTítulo Original: Dangerous MindsPaís de Origem: EUAGênero: DramaClassificação etária: 14 anosTempo de Duração: 99 minutosAno de Lançamento: 1995Site Oficial:www.submarino.com.br/ Estúdio/Distrib.: Buena VistaDireção: John N. Smith
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Vamos exercitar um pouco mais!!!!
Os professores, em duplas, recebem do professor PDE, um
roteiro prévio para realizarem as seguintes tarefas:
Tarefa 1
• A partir de um roteiro prévio e diferente das demais
duplas, analisar um dos aspectos do filme reportando -
se sempre à realidade apresentada pela sua escola.
Tarefa 2
• Expor em seminário o trabalho realizado para uma
discussão no grande grupo.
32
UNIDADE 4
O DESENVOLVIMEMTO MORAL DA
CRIANÇA: A CONSTRUÇÃO DA
AUTONOMIA
Fonte: petalolimon.blogia.com
33
4 O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA: A CONSTRUÇÃO DA
AUTONOMIA
INTRODUÇÃO
É de extrema importância termos a consciência de que a moral da
criança não é algo que seja dado de presente pelo “céu”, mas sim de que é
resultado da interação que esta tem com as instituições sociais com que
convive diariamente na sociedade em que está inserida, portanto ela não é
algo inato, mais sim construída e desenvolvida cotidianamente a partir das
relações que a criança estabelece com os diferentes segmentos sociais,
como por exemplo: a escola, a igreja, o clube, a roda de amigos, a família,
etc.
Sendo assim, essa unidade tem a finalidade de apresentar as fases,
pelas quais, passa a criança durante o seu desenvolvimento moral, de acordo
com Piaget (1994) – O JUÍZO MORAL DA CRIANÇA - para que possamos
compreender melhor o papel do adulto na formação psicossocial dessa
criança, seja na figura dos pais, do professor ou de qualquer outro adulto que
represente autoridade para ela.
Inicialmente vamos refletir sobre autonomia com o vídeo:
PEDAGOGIA DA AUTONOMIA
http://www.youtube.com/watch?v=9ANnDHM_VQE&FEATURE=related
34
SEÇÃO 1: O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA
O próprio termo desenvolvimento moral nos sugere que a moral não
é inata, mas construída pela criança.
De acordo com Piaget (1994) as fases do desenvolvimento moral da
criança são as seguintes: anomia - 0 a 2 anos; heteronomia - 2 a 7 anos e
autonomia a partir dos 7 anos.
Temos que ter clareza de que essas fases são progressivas e não
podem ser transgredidas. Tendo a criança que passar por todas elas
indiscutivelmente.
Na seqüência apresentaremos algumas características de cada uma
das fases.
Nesta fase a criança desconhece totalmente a existência de regras,
sendo regida pelo princípio do prazer, tendo completamente a ausência da
moral. Não consegue ter obediência, pois o princípio do prazer orienta
completamente seu comportamento. Necessita do cuidado total que o adulto
possa lhe dar, controlando todos os seus passos, pois seu objetivo é ter
segurança física e afetiva no adulto. Neste contexto, a função do adulto, de
forma representativa, deve ser a materna oferecendo a criança todo o
cuidado possível par que ela se situe no mundo, ensinando-lhe tudo o que
for necessário para ela crescer saudavelmente.
Nesta fase a criança é indiscutivelmente conduzida pelo adulto, ao
qual ela irá obedecer quando considerá-lo autoridade. É regida pelo
princípio da transição do prazer para o princípio da realidade, obedecendo
às regras de forma externa, ou seja, obedece porque o adulto, o qual ela
considera, diz que é daquela forma e não porque já internalizou – as. Possui
uma moral extremamente rígida e dicotômica. Sua obediência ao adulto se
35
SEÇÃO 2: ANOMIA
SEÇÃO 3: HETERONOMIA
dá, muitas vezes, mais pelo medo do que pelo afeto. Necessita muito que o
adulto lhe dê orientação, rotina e limites, para o desenvolvimento de sua
autonomia. Obedece “cegamente” ao adulto por considerá-lo mais
conhecedor do mundo, do que ela. Nesta fase a função do adulto, de forma
representativa deve ser a paterna, no sentido de ter “pulso” e colocar limites
no comportamento da criança.
Nesta fase a criança é regida pelo princípio da realidade, sendo que
as regras já são internalizadas e a moral contextualizada. A obediência se
dá pelo princípio da cooperação e quase nunca pela coerção. Tem ainda
necessidade da mediação do adulto, nas suas decisões, mas de forma mais
amena. Nesta fase a criança já deve ser capaz de fazer escolhas e possuir
pensamento crítico da realidade em que vive. A função do adulto, de forma
representativa deve ser a fraterna, ou seja, caminhar ao lado da criança
auxiliando-a, quando se fizer necessário.
SEÇÃO 5: ATITUDES QUE AUXILIAM O DESENVOLVIMENTO DA
AUTONOMIA
A construção da autonomia, pela criança, deve ser constantemente
estimulada pelo adulto. Para tanto, é necessário ter atitudes tais como:
explicar limites; fazer perguntas, não dar respostas; fazer combinados;
proporcionar escolhas; lançar dilemas e desafios; estimular trocas em grupos,
entre outras.
36
SEÇÃO 4: AUTONOMIA
É hora de exercitar!!
O professor PDE exibe o vídeo “Chilrem see, Chilrem Go” acessível pelo site:
www.youtube.com/watch?v=m3jqrZk4ZZw2 min - 30 out. 2007 - Vídeo enviado por raffaandradeAcessado em 20/06/2011
E em seguida divide a turma em 3 grupos solicitando que:
TAREFA 1
• Discutam o vídeo assistido e produzam um texto
enfatizando o papel do adulto na vida da criança.
TAREFA 2
• Cada grupo escolhe uma das fases do desenvolvimento
moral e representa de forma criativa as principais
características apresentada pela criança nesta fase
apontando como o adulto deve proceder diante delas.
Apresenta ao grande grupo para discussão e
colaboração dos demais.
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UNIDADE 5
A RELAÇÃO INDISCIPLINA, ESCOLA,
FAMÍLIA E SOCIEDADE.
• Fonte: 8a-eb23ilhavo.blogspot.com
38
5 A RELAÇÃO DA INDISCIPLINA COM A ESCOLA, A FAMÍLIA E A
SOCIEDADE.
INTRODUÇÃO
A indisciplina de forma alguma deve ser vista como um fato isolado
cometida tão e simplesmente pelo aluno, como se este fato esgotasse o
assunto. Ao contrário, ela deve ser analisada a partir das diferentes relações
que tem com a escola, a família e principalmente a sociedade.
Na pesquisa de campo realizada na escola de implementação desse
projeto, 45 professores foram questionados quanto a responsabilidade das
dimensões sociais na indisciplina escolar, sendo que 95% responsabilizou
primeiramente a dimensões sócio cultural, a instituição escola e os professores
como sendo as principais responsáveis pela indisciplina colocando em
segundo plano as dimensões família, aluno e sistema educacional. Apenas 5%
responsabilizaram primeiramente as dimensões família, sistema educacional e
sócio cultural e em segundo plano as dimensões instituição escola,
professores e alunos.
Isto nos mostra que apesar do professor considerar somente o aluno
como indisciplinado, têm consciência de que a tanto a sociedade quanto a
instituição escola e também o professor, quando não desempenham com
eficiência seu papel acabam contribuindo para a indisciplina em sala de aula e
em todo o espaço escolar.
Sendo assim, esta unidade intenciona demonstrar qual a relação que a
indisciplina tem com os diferentes segmentos sociais, ressaltando que ela é,
muitas vezes, resultado das influências das ações desses segmentos, sobre
as crianças. Procura ainda mostrar que se faz necessário o professor
compreender de que forma essas influências direcionam os comportamentos
que as crianças apresentam no contexto escolar.
39
CAROS COLEGAS! VAMOS RELAXAR UM POUCO ASSISTINDO O VÍDEO:
MOTIVAÇÃO PARA PROFESORES
http://www.youtube.com/watch?v=RQAWbhuV5PU&feature=related
ENVIADA POR CAMILA SANTOS COSTA
SEÇÃO 1: A RESPONSABILIDADE DA ESCOLA, DA FAMÍLIA E DA
SOCIEDADE COM A DISCIPLINA ESCOLAR.
A fim de compreendermos as relações existentes entre escola, família
e sociedade com o fenômeno da indisciplina e para entendermos o papel de
cada uma dessas instâncias no favorecimento do aparecimento e também da
superação dessa problemática, tomaremos como parâmetro as obras:
”Educação e Sociologia,” “A Educação Moral” e a “Evolução Pedagógica na
França” de Émile Durkheim, tal como foram comentadas numa Coletânea de
Textos do Ministério da Educação e Cultura, intitulada Émile Durkheim no ano
de 2010, escrita por Jean Claude Filloux, traduzida por Maria Lúcia Salles
Boudet e organizada por Celso Carvalho e Miguel Henrique Russo. Esses
textos servirão de referência para tratarmos dessas relações por acreditarmos
que os mesmos fornecem o suporte teórico necessário para a compreensão e
entendimento de como essas relações acontecem.
A reflexão inicial se dará a partir do conceito de educação em
Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p. 15) o qual recorre à “observação
histórica” para explicar que “cada sociedade, considerada num momento
determinado de seu desenvolvimento tem um sistema de educação que se
impõe a seus indivíduos”, fixa também um “ideal de homem”, o qual norteará o
40
modelo de educação a ser estabelecido. Sendo que esta educação servirá
para perpetuar e reforçar a homogeneidade que os indivíduos devem ter para
viver em sociedade, apontando o que é necessário saber para viver no
coletivo. Acredita-se assim que através da educação é possível transformar o
“ser individual” em um “ser social”.
Dessa forma Durkheim conceitua a educação como sendo “a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que não estão ainda maduras para a vida social. Tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais, que requerem dela, tanto a sociedade política em seu conjunto, quanto o meio especial ao qual ela é mais particularmente destinada... Resulta da definição acima que a educação consiste em uma socialização metódica da jovem geração”(DURKHEIM, 1911, p. 51 apud FILLOUX, 2010, p.16)
Ainda no mesmo texto Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.16)
aponta que “a educação opera na família desde o nascimento da criança, mas
que é na escola que esta é sistematizada,” sendo que dessa forma a escola se
torna o lugar central da continuidade social, quando da transmissão de
normas, valores e saberes. Então, assim como a sociedade muda e evolui, a
educação institucionalizada também necessita mudar e evoluir para
corresponder às necessidades dessa sociedade.
Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.16) procurou estudar ”a
socialização das jovens gerações dentro do sistema escolar” ao qual ele
chamava de “máquina”. Para ele a escola vai buscar significação, no sistema
global, que é a sociedade. Neste sentido, Durkheim (1911 apud FILLOUX,
2010, p.16) procura mostrar que apesar desse “subsistema” depender do todo
social, este tem características estruturais, muito peculiares, o que lhe
proporcionará certa “autonomia relativa” e também como todo o sistema, é
concomitantemente submetido a forças de permanências, que tem sua fonte
no sistema de conjunto e forças de mudanças, as quais respondem às
necessidades emergentes próprias.
41
Dessa forma a teoria durkeiminiana do sistema escolar e sua evolução
devem ser compreendidas pela dinâmica social. Sendo que dentro da sua
teoria a questão da “consciência coletiva” é ponto central. Uma sociedade é
feita por pessoas, que só conseguem “viver juntas” porque têm valores e
regras comuns, muitas das quais transmitidas pela escola.
Neste sentido, vemos que o espaço escolar é fundamental na
socialização do indivíduo, fato este que a família isoladamente não consegue
alcançar, por mais que empenhe esforços, pois é só o convívio social que
consegue afirmar o homem como tal.
Como a sociedade moderna baseia-se na industrialização e na
crescente divisão do trabalho, o que faz com que cada vez mais, se
diferenciem os papéis sociais, obrigando aos pais se envolverem muito mais
com os afazeres profissionais em detrimento às funções de pai e mãe, do ato
de educar e de transmitir valores, o que arrisca fazer com que se rompa com a
“solidariedade social”. Para Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.19) esse
risco deve ser compensado pelo desenvolvimento dos valores supremos, com
relação à legitimação dos direitos, à responsabilidade e à valorização dos
atores sociais.
Na sua obra “Da Divisão do Trabalho Social” (1893) Durkheim (1911
apud FILLOUX, 2010, p.20) já apontava um panorama do “individualismo
moderno”, no qual o respeito pela pessoa humana vem do valor supremo, fator
este o único a assegurar a coesão das sociedades industriais modernas.
Na sua obra intitulada “O suicídio”, Durkheim (1911 apud FILLOUX,
2010, p.20) diz que se os homens ainda podem “comungar” em algo, só pode
ser no respeito do homem enquanto homem e esse respeito é o único cimento
social que permanece o único “elo social verdadeiro”.
Diante de todo esse contexto, Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010,
p.23) coloca como a escola pode realizar a função que não seja só de
conservação do sistema social, mas também de mudança. Assim, pergunta-se
de que forma as práticas pedagógicas podem interligar-se às instituições
formais e informais, elaboradas pela sociedade global e por qual percurso elas
resultam de idéias, produzidas no sistema escolar? Enfim, quais modelos
42
pedagógicos recorrem para ensinar aos alunos o sentido da “comunhão com
os outros” e os “saberes” científicos e literários?
No contexto da sociedade industrial, a socialização da criança, deve
abarcar aprendizados, nos níveis de mecanismos de integração (vontade de
“viver juntos”) e de mecanismos de regulação (submissão às normas comuns),
procurando respeitar sua autonomia própria. Assim temos que a escola deve
definir três “elementos da moralidade” para o aluno sendo: “o espírito da
disciplina”, o da “vinculação dos grupos” e o da “autonomia da vontade”, pois
para uma vida coletiva é necessário que a criança tenha a necessidade de
controlar pulsões e desejos anti-sociais. Se deixarmos as crianças soltas,
fazendo o que querem como querem, elas não conseguirão superar o estado
de “anomia”, de confusões, sendo, portanto necessário o senso da disciplina,
vista como gosto pela regularidade e pela subordinação às regras, para
auxiliar nesta superação.
Para Durkheim (1911 apud FILLOUX, 2010, p.23) a disciplina moral tem
um papel considerável na formação do caráter e da personalidade no sentido
que auxilia na inibição dos nossos desejos. Sendo assim, a disciplina é útil não
apenas no interesse da sociedade e como meio indispensável sem o qual não
poderia haver cooperação regular, mas no interesse do próprio indivíduo.
É, sobretudo em sociedades democráticas como a nossa que é indispensável ensinar à criança essa moderação salutar porque caíram as barreiras convencionais que, nas sociedades organizadas sobre outras bases, refreavam violentamente os desejos e as ambições e não há mais nada, a não ser a disciplina moral, que possa exercer essa ação reguladora. (DURKHEIM, 1911, p. 39-42 apud FILLOUX, 2010, p. 25).
Para o referido autor o homem só se realiza enquanto tal, na
convivência em grupo, pois sua vinculação ao grupo está fortemente ligada à
“vinculação do homem enquanto homem” é ali que ele tem sua afirmação
efetivada, enquanto ser pensante e criativo fato este que contribui para
desenvolver no indivíduo o respeito pelo outro.
Para que a autonomia da vontade se estabeleça, no interior da escola, é
necessário que o aluno compreenda pela razão a necessidade de ser
43
autônomo e queira aderir aos valores supremos que fundamentam o social, ou
seja, que queira aprender o ato moral, por si próprio, para tanto Durkheim
(1911 apud FILLOUX, 2010, p.23) diz que “é a escola que deve proporcionar a
aquisição da inteligência para tal”.
Para refletir!!
Assista ao filme “Treino para a vida”
Sinopse
Ken Carter recebe o maior desafio de sua vida ao assumir treinar um time de basquete, de uma escola de bairro. Inicialmente os garotos são extremamente indisciplinados e querem fazer tudo do seu jeito, é quando o treinador toma as “rédias” da situação com atitudes, ao ver dos pais e dos alunos, autoritárias inclusive impedindo-os de ir para a universidade. Com o passar do tempo, recebe muitos elogios e críticas, além de muita pressão para levar o time de volta às quadras. Então é que começa o trabalho de superar os obstáculos de seu ambiente, disciplinados - os, buscando mostrar aos jovens um futuro que vai além de gangues e prisão, não depende só do basquete, mas de um esforço de acertar em todos os aspectos da vida e a disciplina é a única maneira de fazer a mudança necessária para isto acontecer. Informações Técnicas
Título no Brasil: COACH CARTER—Treino para a vidaTítulo original: Coach CarterPaís de origem: EUA/ AlemanhaGênero: DramaTempo de Duração: 136 MinutosAno de lançamento: 2005Site oficial: http: /www.coachercartermovie.comStudio/ destrib.: Paramount home entertainmentDireção: Thomas Carter
44
TAREFA 1
• Selecione no mínimo três cenas do filme e redija um
texto analisando cada uma delas a partir da realidade
apresentada pela sua escola.
TAREFA 2
• Em pequenos grupos, discutam sobre a relação da
escola, dos pais e da sociedade com a indisciplina
vivida na sua escola e construam um cartaz
representativo dessas situações.
45
6 INDISCIPLINA: AUTORIDADE, AUTORITARISMO E LIMITE
INTRODUÇÃO
No que diz respeito, às questões da autoridade e do autoritarismo, nas
escolas, o que se tem presenciado é uma imensa confusão com relação a
esses termos. Temos muitos professores agindo de forma extremamente
autoritária, em função de não fazerem a devida distinção entre um ato de
autoridade de um ato de autoritarismo.
Por esse motivo essa unidade tem a pretensão de discutir o conceito
de autoridade e de autoritarismo, procurando diferenciá-los, para melhor
compreendê-los na prática.
Procura ainda mostrar a necessidade de impor limites às crianças para
que tenham sucesso na aprendizagem.
Por fim faz apontamentos de como desenvolver a autoridade do
professor.
SEÇÃO 1: CONCEITO DE AUTORIDADE E AUTORITARISMO
É quase que impossível nos dias atuais falarmos de indisciplina sem
focarmos na questão de constituição de limites, pois é muito comum vermos
crianças respondendo mal, desobedecendo e desrespeitando seus pais e
também seus professores, o que interfere diretamente na convivência diária de
sala de aula e conseqüentemente no processo de ensino aprendizagem.
Se muitas vezes os pais não conseguem lidar com as crianças e
muitos dizem isto quando são chamados ao serviço de orientação educacional,
quem dirá os professores e a equipe pedagógica que não conseguem impor
limites aos alunos e a “coisa” fica sem solução na base de “empurra-empurra”
e do “este” ou “aquele” é o culpado pela indisciplina. Não trata se aqui de
achar culpados para a questão da indisciplina, mas sim de refletir sobre suas
possíveis causas e como trabalhá-la da melhor forma possível.
Mas também não temos como falar em estabelecer limites sem
abordarmos primeiramente a questão da autoridade.
47
Neste enfoque temos em Pedro Rodolfo Bodê de Moraes e Joice Kelly
Pescarolo no artigo intitulado “Quem Tem Medo dos Jovens?” (2008) uma
análise questionadora com relação a autoridade, autoritarismo e limites.
Neste artigo, Moraes e Pescarolo (2008, p. 1) citam (Durkheim
(1997{1895}; Berger e Luckmann 1985) colocando a premissa de que “os
jovens são a imagem e semelhança da sociedade em que vivem e das
instituições, que freqüentam, vale dizer dos processos de socialização e
sociabilidade que juntos formam e atualizam os seres sociais.”
O jovem, muitas vezes, é “fruto” e reflexo das experiências que vivencia
nas diferentes instituições sociais que freqüenta como: escola, família, clubes
sociais e outros, na sociedade em que está inserido.
Segundo Moraes e Pescarolo (2008, p.1-2) três elementos são
fundamentais na formação do jovem: o primeiro é de que os jovens são
resultados da socialização a que foram submetidos, sendo seus defeitos e
virtudes reflexos dos adultos que o conduziram; o segundo é de que a
responsabilidade da formação dos jovens é de toda a sociedade (do conjunto
de instituições que a constituem: escola, família, trabalho entre outras); e o
terceiro é que a “formação do jovem depende da capacidade da sociedade na
qual ele vive, de orientá-lo para o que é entendido como seus valores, sejam
eles positivos ou negativos.”
Esses elementos colocados por Moraes e Pescarolo (2008, p. 2) nos
demonstram cada vez mais que a indisciplina não deve ser vista como um
problema gerado no contexto escolar, sendo assim exclusivo da escola.
Percebemos que este é um fato social e que deve ser analisado a partir da
estrutura da sociedade como um todo, para que possamos entender sua
origem suas causas e então buscarmos formas mais eficientes de
enfrentamentos no espaço escolar.
De acordo com Moraes e Pescarolo (2008, p. 2) a família tem papel
fundamental na formação dos jovens, mas não é a única responsável por esse
processo, então não nos cabe culpá-la pelo fracasso dessa formação assim
como a nenhuma das instituições sociais em específico, colocando quem tem
mais peso de culpa. Cabe-nos sim dizer que a o fracasso da formação dos
48
jovens deve ser atribuído ao conjunto das instituições sociais que estes
freqüentam.
Mas o que tem faltado para que estas instituições consigam constituir
limites nos jovens, sendo que vemos nisto o imenso problema da sociedade
atual?
Moraes e Pescarolo (2008, p. 9) nos apontam que é a autoridade.
Temos então aí a necessidade de entendermos o que vem a ser autoridade. E
são os mesmos autores que nos explicitam ao citarem Max Weber (1984[1922]
a e 1984[1922]b.)
A autoridade é uma qualidade derivada da legitimidade. Esta por sua vez seria construída com base na crença ou percepção de que as leis ou orientações legítimas, são boas, por isso referências para a ação do indivíduo ou do grupo. Por isso mesmo é que as pessoas submetidas àquela autoridade obedecem-na, não porque a temem, ainda que o medo possa ser um dos elementos presentes, mas porque acreditam e sentem que os valores que a autoridade representa contribuem para ordenar ou organizar sua existência.
Sendo que Sennet (2001, p. 30 apud Moraes e Pescarolo 2008, p. 10)
acrescenta que a autoridade necessária para que o adulto seja respeitado pela
criança é aquela “autoridade qualidade”, ou seja, “a autoridade que tem o
papel de orientar e organizar o indivíduo e os grupos.” que as instituições e
pessoas precisam ter. A partir dessas definições vemos que a autoridade do
professor em particular perpassa pelo domínio do conteúdo, dos
conhecimentos sistematizados que transmite ao aluno, assim como da
demonstração de sua competência pedagógica em planejar aulas e da
maneira como encaminha as situações de indisciplina na sala de aula.
E percebemos que nos dias atuais essa autoridade tem faltado para
muitos professores que levam, constantemente, situações de indisciplina que
seriam facilmente resolvidas por eles ao planejarem melhor suas aulas ou se
estivessem dispostos a darem mais atenção ao seu espaço de sala de aula,
para a equipe pedagógica resolver.
49
Presenciamos muitas reclamações por parte dos professores de que é
difícil lidar com os adolescentes, por estes serem rebeldes e desobedientes
demais e não terem nenhum limite.
A adolescência é por sua natureza um período bastante conflitante tanto
para os jovens, quanto para pais e professores, pois é marcada por profundas
transformações físicas e emocionais do jovem que está em plena formação de
sua identidade.
Segundo Sennet (2001, p.38 apud MORAES E PESCAROLO 2008, p.
10) Freud observava que os adolescentes “rebelam-se contra a obediência aos
pais, mas, apesar disso querem que os pais cuidem deles toda vez que se
sentem necessitados”.
Portanto este é uma contradição que deve ser levada em conta também
pelo professor, que deve perceber que muitas vezes uma atitude de rebeldia
do aluno pode ser um pedido de socorro, pois ele não sabe mais que rumo dar
a sua vida.
A escola é um “cenário de crises diversas”, porque idealmente se presta
a ser passagem para a vida profissional adulta, assim “pedagogos, pais e
professores são o alvo de seu (do adolescente) ataque rebelde contra a
autoridade, através de algo que considera como pertencente a eles e não a ele
o estudo” (CARVAJAL, 1918, p. 125 apud MORAES E PESCAROLO 2008, p.
11)
Para Moraes e Pescarolo (2008, p. 12) “pais e professores que
realmente se constituem como autoridades são fortes o suficiente para lidar
com os questionamentos e desafios postos pelos jovens”.
Mas nem sempre é o que temos visto, ao contrário disso o que muitas
vezes acontece é que, por intolerância, o professor retribui um comentário do
aluno com atitudes intransigentes e autoritárias, o que acaba incitando no
aluno o maior uso da indisciplina e da violência.
Neste sentido acreditamos que o “adulto” da relação professor-aluno é o
professor cabendo-lhe então o papel de encontrar o equilíbrio nessa relação,
buscando estar constantemente atento a tudo o que se passa na sala de aula,
a tudo que diz respeito ao aluno, orientando-o no seu comportamento e
organizando da melhor forma o trabalho pedagógico.
50
Concordando, assim, com Moraes e Pescarolo (2008, p. 12) quando
dizem que:
(...) fundada na certeza de que ser alvo daquele comportamento que pode ser até chato e indesejável faz parte do processo por intermédio do quais os jovens constituem sua identidade e testam a consistência da autoridade do adulto. As saídas autoritárias, sejam quais forem, são uma negação mesmo da autoridade e pior, exigirão sempre mais autoritarismo constituindo-se num beco sem saída marcado pela infelicidade e impotência.
Na atualidade, frequentemente os professores atribuem a perda de sua
autoridade à promulgação do E. C. A (Estatuto da Criança e do Adolescente)
alegando que este trouxe um aporte de direitos e um respaldo legal aos
comportamentos inadequados dos jovens.
Moraes e Pescarolo (2008, p. 9), porém, não acreditam que alguém
possa ser destituído de sua autoridade por quem quer que seja, acreditam sim
que a perda da autoridade advém “do resultado de um processo anterior ao
esvaziamento da autoridade”. Para estes autores o que acontece, muitas das
vezes é que pais e professores não conseguem reunir as qualidades
necessárias para constituírem-se como autoridades.
De acorda ainda com Moraes e Pescarolo (2008, p. 14), “o jovem
precisa do mundo adulto para constituir sua identidade, mas esse mundo
parece que está carente de consistência necessária para lidar com a rebeldia,
pois pais e professores não sabem quais valores são válidos”, portanto não
sabem mais como contribuir verdadeiramente na construção da moral, pela
criança.
Dessa forma a questão da constituição de limites somente poderá
acontecer quando realmente pais e professores se imbuírem de uma
autoridade que reúna a consistência necessária para que possam lidar com as
situações de indisciplina e não com a imposição cada vez maior de regras e
ações punitivas e coercitivas.
Portanto, acreditando que a questão da indisciplina escolar perpassa
muito mais pelas questões sociais do que simplesmente o comportamento do
aluno em si é que concordamos com Moraes e Pescarolo (2008, p. 13) no fato
51
de que “colocar a polícia na escola não é garantia de se ter disciplina, pois
com essa ação estamos mais uma vez usando o medo, a coerção e a punição
para questões que são de orientação, afetividade e de diálogo”.
Neste momento apresentaremos alguns slides com o objetivo de
compreendermos melhor a temática.
Cabe informar que o conteúdo desses slides estão baseados na
palestra, assistidas pelo professor PDE, no PROJETO NÃO- VIOLÊNCIA,
sobre “A AUTORIDADE DO PROFESSOR” dirigida por JOICE
PESCAROLO (2011).
52
Vamos praticar!!!!!!
TAREFA 1
• Em grupo acessem o: SITE:
www.mp.go.gov.br/drogadicao/htm/med1_art03.htm e
leiam o artigo “Quem tem medo dos jovens?” de Pedro
Rodolfo Bodê Moraes e Joice Pescarolo (2008) fazendo
uma síntese das idéias mais relevantes dos autores e
mencionando como está acontecendo o processo de
autoridade dos professores na sua escola.
• Apresentem o resultado da discussão em plenária.
57
7 A INDISCIPLINA E A COERÇÃO
INTRODUÇÃO
O tratamento da indisciplina através apenas da coerção é uma questão
que se encontra na “berlinda,” nos dias atuais pelo fato de que ela por si só
não têm dado conta de forma eficiente da problemática que envolve a
indisciplina nas escolas.
Portanto essa unidade objetiva refletir, sob o apontamento de alguns
teóricos como o uso exclusivo da coerção não tem dados resultados, positivos,
na amenização da indisciplina escolar, assim como ressaltar que se faz
necessária a discussão e criação de regras coletivas para nortear o
comportamento das crianças.
NESTE MOMENTO VAMOS QUESTIONAR SOBRE OS ENCAMINHAMENTOS
DADOS À INDISCIPLINA NAS ESCOLAS, ASSISTINDO AO VIDEO:
TV GLOBO quer castigos mais severos para os alunos?
Aluno que xinga é punido. Professor que xinga é promovido. Mais uma vez a TV Globo dá amplo destaque a um caso de aluno que é punido por xingar ...
por movimentocoep | 1 ano atrás | 1393 exibições
atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel
59
SEÇÃO 1: O USO DA COERÇÃO NA DISCIPLINA ESCOLAR
A escola até hoje vem tratando a indisciplina através da coerção e pelos
resultados obtidos até então, podemos concluir que muito pouco ou quase
nenhum efeito esta tem tido sobre os problemas indisciplinares.
Nas palavras de Makarenko (1980 apud Franco 1986 p.65) a disciplina
“deve ser acompanhada da compreensão de sua necessidade, de sua
utilidade, de sua obrigação, do seu dignificado de classe”. Vemos assim que
somente a imposição de regras e a aplicação de coerções, para os atos
indisciplinares dos alunos não dão conta de superar a problemática da
indisciplina.
Concordando com Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) quando
diz que “a simples obediência não é sinal de uma boa disciplina e não pode
nos satisfazer, assim como a obediência cega que se exige habitualmente na
velha escola”. A partir dessa afirmação podemos perceber que obedecer
somente pelo ato de obediência, não possibilita o crescimento do aluno e nem
a internalização de regras, o que ela nos proporciona é apenas um alivio
momentâneo da indisciplina escolar, o que não deve ser a intenção final da
escola.
É ainda Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) que vai nos dizer
que “a indisciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com
todo o sistema educativo, com a organização de toda a vida com a soma de
todas as influências que atuam sobre a criança”. Dessa forma os castigos e
outras medidas coercitivas ficam sem efeito, pois só causam medo e temores
momentâneos em alguns alunos, geralmente os mais obedientes.
Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 64) diz que a “disciplina significa
a capacidade de comandar de si mesmo de se em impor aos caprichos
individuais, às vaidades desordenadas, significa enfim uma regra de vida.”
Além disso, diz que, “a indisciplina significa a consciência da necessidade
livremente aceita, na medida em que é reconhecida como necessária para que
um organismo social qualquer atinja o fim proposto”.
60
Vemos assim que o aluno deve livremente aceitar as regras a partir do
momento que tem consciência de que elas são necessárias para uma boa
aprendizagem.
Gramsci enfatiza a importância da disciplina ao mesmo tempo em que
é contrário à coerção e à arbitrariedade. Gramsci (1978b, apud Franco 1986,
p. 64) afirma que “colocar o assento na disciplina, na sociabilidade e pretender
toda a via, sinceridade, espontaneidade, originalidade, personalidade, eis o
que é verdadeiramente difícil e ardor”.
Portanto o ideal de uma escola é realizar um trabalho de construção
da disciplina, juntamente com a comunidade escolar, de forma coletiva ao
invés de ficar criando e impondo regras e coerções para os atos indisciplinares
dos alunos.
Para discutir!!
O professor PDE divide a turma em grupos e solicita:
TAREFA 1
• Respondam: Na opinião do grupo a coerção é suficiente é
eficaz no enfrentamento da indisciplina dos alunos? Justifique.
TAREFA 2
• Representem uma cena demonstrando uma situação de
indisciplina pelo aluno sendo resolvidas de duas formas:uma
pela coerção e outra pela orientação através do diálogo.
61
UNIDADE 8
INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Fonte: mdtbindisciplina.blogspot.com
62
8 INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM.
INTRODUÇÃO
O quadro acima sugere que nossa metodologia em sala de aula precisa
ser constantemente estudada, refletida e repensada em função da
aprendizagem do aluno. Considerando que assim como existem diferentes
formas de inteligências, estas exigem também diferentes formas de se
aprender, que devem ser consideradas no processo de ensino e
aprendizagem.
A presente unidade pretende assim demonstrar a relação direta que a
metodologia usada pelo professor tem com a indisciplina do aluno, procurando
evidenciar a sua importância para a amenização da mesma na sala de aula,
sob a luz de algumas teorias pertinentes ao assunto.
63
Vamos assistir ao video abaixo e aproveitar para fazer uma reflexão sobre
nossa prática pedagógica!!!!
Estudo Errado
por wiltonvideos | 3 anos atrás | 127381 exibições
atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel
SEÇÃO 1: A METODOLOGIA E A DISCIPLINA ESCOLAR
Tanto a questão da indisciplina quanto a do processo de ensino-
aprendizagem são extremamente complexos, difíceis de serem definidos, pois
interpelam vários conceitos, devido aos diversos fatores que os influenciam.
Mas cabe, neste trabalho em particular, compreendermos de que forma
a indisciplina, entendida como atitudes e comportamentos inadequados,
interfere no processo de ensino-aprendizagem.
Percebemos que a indisciplina interfere negativamente no processo
pedagógico, quando acarreta um desgaste emocional muito forte na figura do
professor que acaba perdendo suas forças, desestimulando-se e
desmotivando-se para o ato de ensinar, culminando assim em aulas mal
planejadas, conteúdos transmitidos de forma aleatória e a sala de aula
transformando-se num verdadeiro espaço de indisciplina.
No tocante aos alunos, cabe-lhes o prejuízo da não aprendizagem, uma
vez que não conseguem se concentrar e focar nos conteúdos que lhe estão
sendo transmitido.
Estrela (1992) destaca que apesar de todas as modificações pelas quais
a escola já passou até os dias atuais, muito da Concepção Pedagógica
Tradicional ainda está presente no cotidiano das escolas.
64
Assim percebemos que quando a disciplina não corresponde com as
expectativas do professor, que acredita na sua autoridade, mas, muitas vezes,
age autoritariamente como forma de conseguir a disciplina da turma, o
desgaste emocional é inevitável, levando o trabalho pedagógico ao fracasso.
Para Makarenko (1978 apud Franco 1986, p. 64) “a conquista do saber
é uma coisa tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser
com muito esforço, trabalho e disciplina”. Nesse sentido é fundamental que o
aluno seja disciplinado para ter sucesso na sua aprendizagem.
Corroborando Makarenko com Gramsci (1976, apud Franco 1986, p.
63) diz que “a escola deve assegurar ao aluno, ainda que abstratamente a
condição de poder ser dirigente”. Ora isso não pode ser alcançado
espontaneamente e num clima de liberdade entendido de maneira abstrata e
metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar preocupado em propiciar ao aluno
as condições para ser dirigente e não subalterno, exige esforços trabalho e
disciplina. A escola assim não pode ser um local de ensino fácil e atraente em
todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao aluno, impõe
sacrifícios, renuncias e esforços.
O aluno é peça fundamental no processo de ensino-aprendizagem e
no contexto histórico atual, “com as constantes mudanças sociais, a
velocidade da informação de massa, o acesso a internet”, como são
destacados por Outeiral (2001), permitem ao indivíduo ficar mais informado e
consequentemente mais exigente diante das informações que recebe.
Temos então um novo perfil de aluno mais dinâmico, informado, em
busca de “coisas” diferentes, enquanto que a escola ainda centraliza seu
trabalho pedagógico no caderno, livro didático, quadro e giz, questionando
muito pouco sobre sua prática, sua eficiência metodológica e relações inter
pessoais.
De acordo com Estrela (1992) a indisciplina escolar se dá pelo tipo
de relação pedagógica estabelecida. Portanto devemos considerar alguns
fatores condicionantes dessa relação.
Segundo a mesma autora, o primeiro fator condicionante é que a
relação se estabelece através das ligações que os intervenientes têm com o
saber e pelos papéis que mutuamente se atribuem em função dessas ligações,
65
o que implica uma relação ordinária do saber-poder. Outros fatores seriam: o
tempo e o espaço, por imporem limites diferentes dos necessários ao
crescimento do aluno. Tem ainda a natureza das atividades requerendo que o
processo de ensino dirija-se primeiramente à coletividade dos alunos, a
pequenos grupos e a cada aluno individualmente.
Esses são alguns dos condicionantes que atribuem autenticidade na
relação professor e aluno, e que dependendo da forma como é conduzida a
relação é que insurge ou não a indisciplina. Assim, a sala de aula é o espaço
de múltiplos significados, sendo alguns antecipadamente definidos pela cultura
escolar e outros construídos, no coletivo por professores e alunos.
Neste sentido a metodologia e as relações interpessoais devem ser
objetos de constantes pesquisas e estudos para atender às demandas de
diferentes épocas históricas e sociais e diferentes espaços escolares.
Para uma melhor compreensão sobre a questão da
metodologia e a indisciplina escolar teremos uma apresentação
de slides sobre: APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
66
Caros colegas têm trabalho!!!!
Neste momento o professor PDE exibe o vídeo “Estudo Errado” de
Gabriel “O Pensador” acessível pelo SITE:
atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel
Tarefa 1
• O professor escolherá uma cena do vídeo que mais julgar
significativa e expõe ao grande grupo suas conclusões.
Tarefa 2
• Escrever um texto refletindo de que forma sua prática
pedagógica se relaciona com a indisciplina apresentada pelos
seus alunos.
75
UNIDADE 9
O DIÁLOGO E A AFETIVIDADE
AMENIZANDO A INDISCIPLINA NO ESPAÇO
ESCOLAR
Fonte: www.crischabes.blogspot.com
76
9 O DIÁLOGO E A AFETIVIDADE COMO FORMAS DE ENCAMINHAR A
INDISCIPLINA NA ESCOLA
INTRODUÇÃO
Muito pouco se tem visto da prática do diálogo e da afetividade nos
espaços escolares, na atualidade, seja pelo temor do professor em perder a
sua autoridade ou perder o controle da situação ou mesmo por não acreditar
que estes dêem resultados positivos no trabalho com a indisciplina escolar.
Na pesquisa de campo, realizada na escola de intervenção desse
projeto, os professores quando questionados qual a melhor estratégia para
lidar com a indisciplina na escola 100% responderam que se deve atuar
sempre que o problema surgir/ comunicar os pais, realizar um trabalho
coletivo com pais, alunos, professores e equipe pedagógica da escola e ainda
realizar projetos que visem a amenização/ superação da indisciplina na
escola.
O resultado obtido na pesquisa demonstra que os professores, apesar
de estarem focados nos alunos, com relação à indisciplina, têm consciência
de que é necessário um trabalho coletivo no enfrentamento da indisciplina
escolar, para que se tenha sucesso e êxito no resultado. Este resultado
também serviu de indicador para a realização deste material didático e das
ações, a serem desenvolvidas, no interior da escola.
Neste sentido, essa unidade procura demonstrar a importância do
uso do diálogo e da afetividade no decorrer do processo de ensino e
aprendizagem como forma de amenizar a problemática da indisciplina nos
diversos espaços escolares.
Esta unidade tem ainda a pretensão de apontar algumas ações , as
quais a autora deste caderno julga serem eficientes no trabalho com a
indisciplina escolar.
77
Vamos assistir ao vídeo:
A PALAVRA AFETIVIDADE E DISCIPLINA NA SALA DE AULA
atedhttp://www.youtube.com/watch?v=C6TDodb1qwQ&feature=rel
Enviado por edy306188 em 09/12/2008
Uma palestra que mostra o valor da palavra e da afetividade na disciplina em
sala de aula. Confira!
SEÇÃO 1: O USO DO DIÁLOGO E A AFETIVIDADE NA ESCOLA
Diante do contexto atual da indisciplina, percebe-se que a escola
impõe muitas normas e regras sem anteceder um trabalho de construção das
mesmas com os alunos, na crença de que educar é função exclusiva dos pais
muitas vezes acaba até se omitindo de trabalhar a questão por não conseguir
dar conta dessa problemática no seu cotidiano.
Dessa forma, os professores têm sua “autoridade” em sala de aula,
bastante questionada, por parte dos alunos, não conseguindo ter domínio de
turma, ocasionando sérios danos ao processo de ensino aprendizagem.
Então nos questionamos o que fazer perante os desafios e as
dificuldades que a indisciplina dos alunos nos impõe no cotidiano da escola?
O que se propõe, em particular, neste trabalho, é que inicialmente se
utilize do diálogo sério, que leve o aluno a perceber onde está seu erro e onde
deve melhorar, no sentido abordado por Santos (2009, p. 125) que diz:
O diálogo supõe a argumentação, mais
especificadamente disposição para encontrar razão na razão alheia, vontade de escutar. Supõe tentar encontrar razoabilidade na fala do outro, prestar atenção seriamente no que o outro diz e não apenas considerar uma participação meramente figurativa, naquilo que já está previamente acordado.
78
Temos que o diálogo é fundamental para um processo libertador:
(...), pois é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo e ao ser transformado e humanizado, não podendo reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro nem tampouco tornar-se simples troca de idéias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE citado por REBELO, 2003, p.50).
Assim vemos que o diálogo pode ser uma forma de se estabelecer uma
relação horizontal entre todos os segmentos da escola, facilitando as relações
interpessoais e contribuindo positivamente no processo de ensino
aprendizagem, ajudando a refletir sobre as causas da indisciplina, na busca de
possíveis soluções.
Acredita-se ainda que a afetividade também seja fator primordial para o
aluno na construção do conhecimento, pois de acordo com Piaget (1994,
p.288), “o cognitivo e o afetivo são fatores indissociáveis não podendo
funcionar um sem o outro, toda conduta seja qual for contém necessariamente
estes dois aspectos: o cognitivo e o afetivo”.
A afetividade então é tão fundamental, quanto a metodologia escolhida
pelo professor, para que realmente o processo de aprendizagem venha a
acontecer de forma eficiente.
Piaget (1994, p.67), diz que “podem existir duas interpretações sobre as
relações estabelecidas entre inteligência e afetividade: a primeira é que o
conhecimento e as operações cognitivas seriam resultantes da afetividade ou
vice-versa e a segunda é que a afetividade pode interferir na inteligência
acelerando-a”.
Portanto, no processo de ensino-aprendizagem esses dois fatores
(diálogo e afetividade) fazem toda a diferença, pois proporcionam mais
significados, despertando para o prazer de ensinar e aprender.
Dessa forma, vemos que o diálogo e a afetividade são fatores
conquistados ao longo do processo ensino-aprendizagem, cabendo à direção,
numa gestão democrática, criar e dar espaço para que estes aconteçam
constantemente nas tomadas de decisões e no interior da escola.
79
A INDISCIPLINA NA ESCOLA TEM “SAÍDA”, PORTANTO
APRESENTAREMOS ALGUNS SLAIDES DE ATITUDES QUE PODEM DAR
CERTO NO TRABALHO PEDAGÓGICO COTIDIANO DA ESCOLA!!!!
Cabe informar que estes slaides foram adaptados de um curso ministrado
pela Polícia Militar do Estado do Paraná nas escolas públicas.
80
Vamos labutar mais um pouco!!!
TAREFA 1
• Em grupos descrevam uma situação de indisciplina apresentada
pelos alunos sendo num primeiro apontamento situação
conduzida de forma autoritária e posteriormente a mesma
situação conduzida pelo diálogo, afetividade e orientação.
82
UNIDADE 10
O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO
ESPAÇO POR EXCELÊNCIA DA
CONSTRUÇÃO COLETIVA DA DISCIPLINA
ESCOLAR
FONTE WWWedywan.blogspot.com
83
10 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO ESPAÇO DE
CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA ESCOLAR
INTRODUÇÃO
Há um ditado chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)
Esta unidade tem a pretensão de demonstrar como o PPP (Projeto
Político Pedagógico) pode e deve ser o espaço privilegiado para discussão da
disciplina escolar assim como o de propiciar a construção de regras e normas
que nortearão o comportamento esperados de todos os segmentos da escola.
Procura ainda fornecer subsídios para estudos e reflexões acerca de quais
são os desafios que a indisciplina tem imposto ao trabalho pedagógico da
escola de implementação desse projeto, buscando construir com o coletivo da
escola um programa de ações para o enfrentamento da mesma.
Vamos prestar bem atenção às cenas do vídeo!!!!!!!
REGRAS DE CONVIVÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR
ACESSADO EM 02/08/2011
http://www.youtube.com/watch?v=cDkrFr-W_X4&feature=related
84
SEÇÃO 1: O PPP E A CONSTRUÇÃO DA DISCIPLINA ESCOLAR
O projeto político pedagógico, sendo um documento que reúne tanto
os aspectos administrativos quanto pedagógicos da escola, constitui-se num
espaço por excelência de democracia, pois prevê a participação de toda a
comunidade escolar nas decisões tomadas pela escola.
Nesse sentido o momento de discutir, estudar e analisar a questão da
indisciplina escolar é na elaboração do PPP, para que as ações a serem
realizadas sejam construídas pelo coletivo da escola.
De acordo com Gramsci (1976 apud Franco 1986, P. 64) “a disciplina
fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a ser
aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação”. Isto se dá porque toda a
ação programada parte da realidade vivida pelo estudante, sendo que sua
eficiência, quando construída no coletivo é muito maior.
Ainda em Gramsci (1976 apud Franco 1986, P. 63) “a disciplina não
pode ser entendida como uma imposição externa e contrária aos anseios da
coletividade, mas sim, como um meio necessário para esta crie e encaminhe
uma assimilação responsável e lúcida das diretrizes”.
Corroborando com Gramsci temos Makarenko (1978 apud Franco
1986, P. 63) que defende que:
Só se alcança a disciplina através do trabalho conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e co-responsável pelo êxito escolar, uma escola em que cada aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.
Vemos assim, que é de extrema importância que a escola esteja
organizada em seu trabalho pedagógico, assim como em suas instâncias
colegiadas atuando de forma bastante participativa no contexto escolar, para
que se possa a partir de um planejamento coletivo buscar ações para
amenizar a questão da indisciplina escolar.
85
Saiba mais!
Acesse o site: WWW.scielo.br/pdf/edur/v25n3/07.pdf
E leia.
SANTOS. A.R. Explorando e construindo um conceito de gestão
democrática. Educação em revista. Belo Horizonte. V.25. N.03. P 123-140.
Dez. 2009
86
Enfim chegou a hora de praticarmos o que aprendemos!!!!!
TAREFA 1
• Neste momento cada grupo receberá um texto contendo
possibilidades de enfrentamento da indisciplina para que
realizem uma leitura e a partir deste construam no ”power point”
o esboço de um programa para conduzir a questão da
indisciplina apresentando no seminário para os demais grupos.
Indisciplina, incivilidade e violência nas escolas-causas,
conceito e possibilidades de enfrentamento: os diferentes
olhares do professor da educação básica.
Autoras: Sônia Regina de Moura Jorge
Maria das Graças do Espírito Santo
Acessível:
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/6792-8-pdf
Indisciplina no cotidiano escolar
Autora: Claudivone Freitas dos Santos
Acessível em: revista.unijorge.edu.br/candomba/2006
Indisciplina: como se resolve? Será que você sabe lidar com
esse problema?
Autor: Anderson Moço
Disponível em: [email protected]
Revista Nova Escola. Pg. 78 Ed. Abril
TAREFA 2
• Na medida, em que os grupos apresentarem suas idéias, o
professor PDE vai realizando a síntese das mesmas no quadro
ressaltando as mais importantes e interessantes. Finalmente o
grupo vai votando nas ações que irão compor o plano de
trabalho da escola com relação á indisciplina que será aplicado
a partir de 2012.
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O primeiro período do PDE foi destinado para a participação do
professor em cursos, seminários, inserção acadêmica além da elaboração do
projeto de intervenção e da produção do material didático,. Todos esses
eventos contribuíram de uma forma ou de outra, para que o professor PDE se
fundamentasse teoricamente, através de todos os estudos feitos nos cursos e
com a própria leitura realizada para a elaboração do projeto de intervenção
para a produção do material didático, no caso em específico, esse caderno
pedagógico que hora vos está sendo apresentado.
Particularmente, essa primeira fase do PDE foi extremamente
importante e producente, no sentido de que permitiu nos distanciarmos da
escola e ter um novo “olhar” para os problemas que o espaço escolar
apresenta, podendo assim visualizar possíveis soluções.
É muito comum vermos, no contexto escolar, projetos importantes e
relevantes para a educação, não saírem do papel, sendo muitas vezes
engavetados e esquecidos, por diversos motivos. Sendo assim, as
expectativas para com a realização deste projeto de intervenção, são as
maiores possíveis, no sentido de que este venha a ser um “ponta pé” inicial,
para um trabalho de enfrentamento coletivo da indisciplina escolar.
Dessa forma espera-se que este caderno pedagógico sirva de suporte
teórico, capaz de incitar à comunidade escolar a estudar, refletir e discutir
como está sendo conduzido o trabalho pedagógico da indisciplina em todos os
seus aspectos.
Portanto professores, acredita-se que devemos estar estudando,
refletindo e discutindo a indisciplina de nossa escola, para buscarmos construir
um programa que nos permita agirmos coletivamente diante de todos os
desafios que a problemática da indisciplina tem nos imposto para a realização
do trabalho pedagógico.
88
ORIENTAÇÕES DIDÁTIC0-PEDAGÓGICA
ESTRATÉGIAS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Nas dez unidades foram contempladas de forma integrada e não seqüencial os
quatro aspectos a seguir:
1) Fundamentação teórica - todas as unidades trazem um aporte teórico
com o objetivo de oportunizar aos professores e pedagogos
participantes o contato com teóricos pertinentes buscando propiciar,
estudos, reflexões e discussões sobre o tema.
2) Propostas de atividade - a relação teoria e prática é um elemento
imprescindível no processo educacional, portanto as atividades
propostas permitem que o participante coloque em prática o que esta
sendo estudado e discutido.
3) Referência para leitura - foram indicadas algumas leituras, para que o
participante possa fazer um maior aprofundamento teórico sobre o
tema.
4) Experiência do professor - em algumas das unidades foi proposto para
o professor fazer a relação do que seta estudando com a realidade
apresentada pela sua escola.
Acredita-se que esse caderno pedagógico está organizado de forma
muito simplista, sendo acessível a qualquer escola que resolva fazer uso de
seu conteúdo e atividades, podendo adaptá-las ou modificá-las.
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PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DO PROJETO
As questões abaixo servirão de parâmetro para avaliar a eficiência desse
Caderno pedagógico na fase de implementação do projeto de intervenção.
1) Os conteúdos dos textos apresentados servem para um embasamento
teórico dos diferentes aspectos da indisciplina escolar?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo
2) As atividades propostas permitem uma reflexão dialética dos diferentes
aspectos da indisciplina escolar?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo
3) É possível a partir dos conteúdos propostos nos textos ter uma maior
compreensão de como a indisciplina influencia no processo de ensino e
aprendizagem?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo
4) As reflexões realizadas a partir dos textos permitem repensar a relação do
processo de ensino e aprendizagem, mais especificadamente a metodologia
com a disciplina escolar?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo
5) O conjunto das unidades deste caderno é suficiente para instrumentalizar os
professores e os pedagogos para a criação de um programa de um
enfrentamento coletivo da indisciplina?
( ) Concordo ( ) Concordo Parcialmente ( ) Não concordo
90
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