ESTE JORNAL PUBLICA OS RETRATOS DE TODOS OS SEUS...

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, A.IN© ¥11 RIO DE JAMEIRO, QUARTA-FEIRA, 29 BEMO¥EMBBO DEI91I li. 3»! ESTE JORNAL PUBLICA OS RETRATOS DE TODOS OS SEUS ASSIGNANTES p^_^mr^EM FLAGRANTE pe ' Numerosos roubos commettidos em uma Wht?a cidade enchiam de indignação todos 2]...Entretanto havia um ladrão, do qual ninguém desconfiava, um rapaz chamado Bemvindo. 3] Graças ao todos o estimavam certo que era elle. r seu physico sympathico 5 Ninguém imaginaria por " O ¦¦4 CC actes. trJ"-0 autor de tantos roubos famosos. En- des um Sr- Castello, que fora roubado, c°nfiou das constantes viagens de Bemvindo. 5] Lembrando-se de que no dia em que fora roubado, o ladrão tinha bebido vários licores e notando que Bemvindo gostava muitd de álcool, o Sr. Castello disse deante d'elle que ia dar 6).. .um sumptuoso banquete. Na véspera do dia marcado para esse banquete Bemvindo pôz-se a passear deante da casa do Sr. Castello, com a esperança de ser convidado. O O' < CC E- OfíÕc do ba Cas/e//onão appareceu. Mas no dia ar mu?^uete Bemvindo o viu apparecer com te'effr ° amic,°. dizendo que recebera um 8)... communicando-lhe que, um de seus filhos, residente em outra cidade, estava muito doente. Por isso—disse o Sr. Castello—sou obri- gado a partir, deixando o banquete perdido... 9] Ouvindo isso Bemvindo teve aj idéa de ir saquear a casa do Sr. Cas- tello e roubar os vinhos e licores que estavam Vestidc como um operário e com o rosto pintado de preto. . \Conclue na pagina seguinte] 0 o tf

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ESTE JORNAL PUBLICA OS RETRATOS DE TODOS OS SEUS ASSIGNANTES

p^_^ mr^ EM FLAGRANTE

pe ' Numerosos roubos commettidos em uma

Wht?a cidade enchiam de indignação todos2]...Entretanto havia um só ladrão,

do qual ninguém desconfiava, um rapazchamado Bemvindo.

3] Graças aotodos o estimavamcerto que era elle.

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seu physico sympathico 5Ninguém imaginaria por "

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trJ"-0 autor de tantos roubos famosos. En-des um Sr- Castello, que já fora roubado,c°nfiou das constantes viagens de Bemvindo.

5] Lembrando-se de que no dia em que foraroubado, o ladrão tinha bebido vários licores enotando que Bemvindo gostava muitd de álcool,o Sr. Castello disse deante d'elle que ia dar

6).. .um sumptuoso banquete. Navéspera do dia marcado para essebanquete Bemvindo pôz-se a passeardeante da casa do Sr. Castello, com aesperança de ser convidado.

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OfíÕcdo ba Cas/e//onão appareceu. Mas no diaar mu?^uete Bemvindo o viu apparecer comte'effr ° amic,°. dizendo que recebera um

8)... communicando-lhe que, um de seusfilhos, residente em outra cidade, estava muitodoente. Por isso—disse o Sr. Castello—sou obri-gado a partir, deixando o banquete perdido...

9] Ouvindo isso Bemvindo teve ajidéa de ir saquear a casa do Sr. Cas-tello e roubar os vinhos e licores que láestavam Vestidc como um operário ecom o rosto pintado de preto. .\Conclue na pagina seguinte]

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EM FLAGRANTE O TICO-TICO

11) Chegando á sala de jantar encontrou 12) Sentou-se, comeu e bebeu ainda rne-10).. .Bemvindo introduziu-se na casa doSr. Caslello á meia noite. Pulou o muro do a mesa posta com varias iguarias frias e muitas lhe*, contando cõm^Va^üdãdê"vlra.Mjardim, arrombou a porta e saqueou toda a ^ bebidas. Não resistiu á tentação. gir, caso ouvisse algum rumor suspeito.

13] Mas o Sr. Caslello havia preparado os 14] Mas era tal sua energia que, ouvindo 15] Mas sentia todo o corpo entorpecidovinhos com um poderoso narcótico. Apenas rumor pouco depois, saltou pela janella par por effeito do narcótico. Não teve força8acabou de beber, Bemvindo sentiu somno o jardim. para saltar o muro.irresistível.

16] Nesse momento abriu-se uma janella 17[ Furioso, resolvido a fugir, fosse como fosse, Bemvindo ia fazer um novo esforço parída casae appareceu nella o Sr.Cas/e//o,que saltar o muro, mas de repente appareceram do outro lado do muro vários vultos.Eram pess<3asexclamou—Olá, Sr. Bemvindo. Que faz com as quaes Bemvindo mantinha relações e que alli estavam prevenidas pelo Sr. Casle-U0,senhor por aqui a esta hora?

18] Bcmvindo voltou-se e viu dtante de sium soldado de policia. U'cssa vez não podie.escapar.

19] Foi preso, ficaram descobertos todos os 20] Quanto ao Sr. Caslello foi muito fe'seus crimes e a cidade livre de suas perigosas licitado por todos os seus amigos por su»proezas. engenhosa idéa. L

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E X F EIDIE KTTETCondições da assignatura:

interior: 1 anno, llSOOO, 6 mezcs 6^000exterior: 1 » 20S000, 6 > 12S000

Numero avulso, 200 réis. Numero atrazado, 500 réis.

O TICO-TICO

Pedimos aos nossos assignantes, cujas assignaturasterminam em 31 de dezembro, mandarem reformal-as emtempo para que não fiquem com suas collecções desfál-cadas.

A importância das assignaturas deve nos ser remetti-das em carta registrada, ou em vale postal, para a rua<lo Ouvidor n. 104:.

As assignaturas começam em qualquer tempo, mas ter-minam em Junho e Dezembro, de cada anno. Não serão ac-celtas por menos de seis mezas.

A empreza d'0 Malho publica todas as quartas-feiras,O Tjco-Tico, jornal illustrado paracreancas.no qual collabo-ram escriptores e desenhistas de nomeada.

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Meus netinhos:A nossa conversa de hoje tratará

do fogo do calor e da electricidade.Sabem vocês o que é o fogo?O fogo é um resultado do calor e

da luz, produzido pela combustão doscorpos chamados combustíveis (I)taescomo a madeira, a palha, etc. ; masnão se conhece a natureza do calor,da mesma forma que não se explicaa luz.

O fogo está em toda a parte, quer dizer que está occul-to mesmo nos corpos que parecem mais frios, taes comoo gelo.

A electricidade é um fluido invisível que reside emmaior ou menor quantidade em todos os corpos.

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O peixe elcctrico {.Torpedo)

A electricidade desenvolve-se nos corpos pela fricção,pelo calor, e pela influencia ou a visinhança de outro cor-po já electrisado.

Ha mineraes como o iman, por exemplo, e mesmoalguns animaes como o siluro, [peixe do Nilo) e o torpedo[peixe do Oceano e do Mediteraneo], que estão natural-mente no estado de corpos electrisados.

Os corpos electrisados têm a propriedade de attrahirou de afastar os outros corpos por uma força de repulsãoou de attracção da qual a causa é ainda desconhecida.

fij Combustíveis quer diier que sâo susceptíveis do arder eredu-iir-se a cinzas.

A electricidade se propaga sem fim como o ar e a luz;mas nota-se que não se tiansmitte com a mesma facilidadeatravéz dos corpos que encontra ; de modo que nem todosos corpos são egualmcnte bonsconductores da electricidade.

Chamam-se bons conduetores os corpos atravéz dosquaes a alectricidade passa facilmente ; e máos condueto*res os que lhe dão diffilcimente passagem.

A experiência demonstra que o vidro, a seda, e todasas substancias resinosas, a cera de Hespanha, o enxofre,são maus conduetores ; mas a maior parte dos líquidos, osmetaes sobretudo, são bons conduetores.

Arapidezcomqueo fluido electrico se move nos corposbons conduetores é incalculável e de tal modo rápido quese approxima da instantaneijade.

Vovô

** RH *s»vera e Luiz Rutowitsch, moradores nesta capital e que nos

enviaram seus reiratinhos no dia do nosso anniversario

1

A graciosa Marina, filha do Sr. José de Smoradora em Porto Alegre

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O TICO-TÍCO

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O TICO-TICO

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HTitOtde melhor gênio das trez filhas do pescador, disse por fim :— Estou prompta, meu pai, a sacrificar-me, para sal-/ar a sua vida e a vida de minhas irmãs.

Na manhã seguinte o pescador levou a filha mais novaao jardim encantado e, quando chegaram ao logar ondena véspera elle tinha apanhado a flor, deu-lhe um beijo eabalou.

_ A pobre da rgpariguinha desatou a chorar e estevemuito tempo lavada em lasrrymas. Por fim cobrou animo,encaminhou-se para o castello e bateu á porta.Ninguém respondeu nem veiu abrir.

Bateu muitas mais vezes e,-como sempre lhe aconteceuo mesmo, voltou para o jardim e poz-se a apanhar flores.

Quando o sol se escondeu, uma voz disse-lhe :

A FILHA DO PEEra uma vez um pescador que tinha trez filhas muito

bonitas, chamadas Maria, Mauricia e Martha.Martha era a mais nova e tinha o gênio de uma pomba ;nias o pai gostava mais das outras duas, e quando ia á

Cidade, sempre trazia presentes para ambas, e nunca se•embrava de Martha.Vai esta disse-lhe um dia :

, —O pai nunca me traz da cidade nenhum presente, e«embra-se sempre das minhas irmãs.Deixa estar que não te esquecerei, da primeira vez°iue lá fôr. Que queres que te traga?Uma flor me basta—respondeu Martha.Tão poucol Pois trago-te uma flor, descansa.Daiij a dias, o pescador foi á cidade vender o peixe°.ue tinha apanhado, e comprou umas fitas para Maria e"lauricia; mas, conforme o seu costume, não comprou nada

Para Martha. Quando já vinha a caminho de casa, lem-orou-se da promessa, que tinha feito á filha mais nova, aoer as lindas flores de um jardim, situado á beira daestrada.

Como não sabia que era encantado aquelle jardim,entrou por elle a dentro e foi colher a mais linda de todasas flores que lá havia.Vinha sahindo muito sorrateiro, quando ouviu umav°z dizer-lhe :

„. — Pescador, furtaste a mais linda de todas as minhas«ores.Quem me fala?—perguntou o pescador, olhando emedordesi e não vendo ninguém.Saberás quem sou quando eu quizer que o saibas,

^-respondeu a mesma voz. Furtaste a mais linda de todas"s minhas flores, e se não mé deres em troca a mais lindaQas tuas filhas morrerás e tuas filhas morrerão lambem.O pescador bem quiz fugir do jardim encantado; mas,

P°r mais esforços que fizesse, não logrou dar um passo.Então disse :' — Vou fallar ás minhas filhas.« ". ~~ Pois vai—respondeu a voz.—Agora já te podes irctllbora.

|i-. Quando chegou a casa, deu as fitas a Maria e a Mau-lCla e a flor a Martha.E depois disse lhes :Qual é de vocês a mais bonita.

Sou eu ! —bradou Mauricia.Sou eu ! Sou eu ! —gritou Maria.E Martha, por ser modesta, não tinha dito nada.

en *• o pescador contou o que lhe acontecera no jardimpjdantado ; e, mal acabou de fallar, Maria disse toda le-

»,-, ~~ Pensando melhor, acho que a mais bonita de nósWez é a Martha.rjcj lambem digo o mesmo—aceudiu do seu canto Mau-

A Martha, realmente a mais linda, a mais animosa e a

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O pescador no jardim encantado

Apanha as minhas flores mais lindas. Apanha quantas quizeres.Qncm me falia?—perguntou Martha, olhando á rodade si.Se és bôa e animosa—tornou-lhe a voz, dize mai3

uma palavra e eu te appareço.Não tenho medo—respondeu Martha.—Apparece 1

Mas não poude deixar de tremer como varas verdes,quando viu uma grande serpente passar por cima da mu-ralha do castello e vir para ella, rastejando pela rocha e pelomeio da verdura. Nem assim mesmo pensou em fugir, eperguntou :

O que me queres ?Casar comtie;o.Ai! Não ! Não posso—respondeu Martha.

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O TICO-TICO 6— Pois então vai ter com teu pai e verás o que acon-

tece a toda a tua família. Teu pai roubou-me a flor que eutinha mais linda, c tanto ellè como tuas irmãs cahlram de-baixo do meu poder.

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serpente apparecendo aMartha no jardim encantado

Era já noite escura quando Martha chegoucasa. O pai estava tão doente, que não pôde dizer-lhe uma só palavra, e as duas irmãs gemiam ambascom muitas dores.

Na manha seguinte estavam todos trez aindamais doentes e não se puderam levantar da cama. A'medida que ia passando o tempo,tornavam-se cada vez mais'fracos.

Ai I Deus do ceu I — disse Martha comsigo mesma.A serpente vai os matando, por eu lhe ter dito que não.Ainda será tempo de remediar o mal?

Correu logo para o jardim encantado, e logo que osol se escondeu, a grande serpente desceu da muralha docastello e veiu ter com Martha.

Já sabes.meu amor—disse-lhe a serpente—o resulta-do do que fizeste. Se teimares em não querer casar commi-go, teu pai e tuas irmãs morrem esta noite.

Estou prompta 1—respondeu a bôa rapariguinha.A serpente conduziu-a até á porta do casicfo, que se

abriu de par em par quando lá checaram,deixando ver, ao fundo de um corredormuito escuro, uma capellinha cheia de lu-zes. Já lá estava um padre á espera d'elles,e casou-os immediatamente. Durante a ce-rimonia, Martha estava a tremer tanto, quesó por milagre nãocahiu.e nunca levantoudo chão os olhos quasi fechados.

No final, ouviu uma voz muito meigadizer-lhe ao ouvido :

Não queres, vida minha, olhar parao teu esposo ?

Martha levantou os olhos e viu a seulado um formoso mancebo ricamente ves-tido. Aos pés tinha a pelle escamosa dnserpente. **

Sou eu, sim, meu amor. Casaste ,^com o filho do rei. Com este casamento,restituiste-me á minha fôrma própria e li- vraste-me do poder do Dragão. Durantedous annos o malvado me teve fechadoneste castello, e encantado cm serpente.Antes de ir commigo para a corte,tens quefazer-me outro favor.

Qual ? — perguntou Martha, cornosolhos a luzirem de amor e alegria.

Vai & praia que fica diante do cas- ..tello ; leva esta pelle e deita-lhe fogo, dei-xando-a arder até ao fim. Se ficar um bo-

cadinho por queimar, por muito pequeno que seja, caiooutra vez em poder do Dragão.

Martha foi á beira mar, accendeu uma grande fogueirae atirou-lhe para cima a pelle da serpente. Ao cabo deuma hora a fogueira apagou se, ficando entre as cinzasuma flor muito linda. Martha viu-a e achou-a perfeilamen-te egual á que o pai colhera no jardim encantado. Levan-tou-a e pôl-a ao peito.

Nisto lembrou-se de que o marido lhe tinha recom-mendado que queimasse tudo, mas já era tarde. O Dragãoestava de alcateia e, mais veloz do que o raio, surgiu dasondas, agarrou em Martha e levou-a para o seu palácio nofundo do mar.

Sou o Dragão,—disse-lhe elle—senhor de todas aságuas que banham o mundo. Para ti, a mais linda e íncan-tadora das donzellas, mandei tecer com os raios do soleste vestido côr de ouro ! Para ti, mandei fazer este diade-ma de luar 1 Ouve me, querida Martha. Amo-te loucamen-te t Casa commigo e serão teus todos os mares d'este mun-do, com todos os thesouros que nelles se oceultam.

Não posso—respondeu ella. Já estou casada com ofilho do rei.

O Dragão, ao ouvir isto, tornou-se azul de raivoso. Mastinha tanto amor á rapariga, que não lhe fez nenhum mal-

—Pouco importa que já tenhas casado—respondeu elle.Não tarda que me obedeças, mas até lá tenho um meio deimpedir que fujas.

Mandou vir uma argola de ouro,que foi posta em volta da perna es-querda de Martha e fechada soliJamen-te á força de martelladas. A' argolaestava preso um cordão também deouro, mais fino que umcabello e maisrijo que uma barra de ferro, e do com-primento de sete léguas.

— Assim, minha querida Martha,não me podes fugir. Passeia quantoquizeres por cima das águas, e verásquanto são vastos e opulentosos meus reinos. Serão teus, logo quecasares commigo. Quando estiverescansada do passeio, não tens maisdo que cantar:

Depressa, depressa, puxae-me Dragão,Depressa, depressa, puxae o cordão l

c eu puxar-te-hei logo para o meu palácio no fundo domar.

O palácio do Dragão era o mais lindo que dar-se pôde,todo aberto num grande crystal muito puro e transparente,e adornado de estatuas de ouro e prata,encontradas dentrode navios que se tinham afundado. A' roda havia um jar-dim cheio de plantas marinhas, com flores de muitos ma-tizes, que espalhavam clarões suaves e phantasticos, en-chendo de luz o interior do palácio.

Martha não deu attenção a nenhuma d'estas cousas.Subia até ao lume da água e ia andando, andando, et»busca do jardim encantado.

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O dragão agarrando Martha

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O TICO-TICONão sabia que elle ficava a sete lcguas e cem braças

do palácio do Dragão. Voltou para oeste e avançou para omar largo, chegando a perder a terra de vista.

Quando o sol se escondeu, já estava muito cansada echeia de tome; lembrou-se do que o dragão lhe tinha ditoe cantou :

Depressa, depressa, puxae-me Dragão,Depressa, depressa, puxae o cordão 1

O Dragão puxou logo pelo cordão de ouro e Marthavoltou para o palácio do fundo do mar, onde encontrou umbello jantar á sua espera. O Dragão fazia todo o possívelpara agradar-lhe. As iguarias eram m?is jeliciosas que asque figuram na mesa dos reis, e os vinhos, muito velhos edos melhores, tinham sido encontrados na dispensa de na-vos tragados pelas ondas durante as tempestades.

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Martha caminhando por cima da onda

Martha viu, com prazer, que o Dragão não queria ven-cel-a pela fome. Quanto melhor elle a tratasse, tantas maisoccasiões ella teria para lhe fugir.

Ao nascer do sol, principiou a andar outra vez por cimadas ondas.

Agora, tomou felizmente para q sul e avistou o castello.que ficava ao pé do jardim encantado. No alto da torre olilho do rei, com a cabeça pendida para o peito, dava mos-trás de grade afflic,ão.

Olhai! —disse o escudeiro ao príncipe. Naovedes aquella formosa donzella, que vem andando porcima das ondas, com um vestido feito de raios de sol e umdiadema de luar?

O filho do rei olhou e, mais pallido que a morte, disseem alta voz:

Martha ! Minha querida Martha !Ellla bem quiz acercar-se do castello, mas como o cor-

dão de ouro que lhe prendia o pé não tinha o comprimentocastante, ainda ficou cem braças longe da costa.

E então cantou:Dragão despiedoso retem-me captivaEm lindo palácio, no fundo do mar.Se queres que a teus braços eu torne indavíva,Cordão de ouro fino precisas cortar.

E, depois de se esconder o sol, cantou outra vez :Depressa, depressa, puxai-me, Dragão,Depressa, depressa puxai o cordão I

E o príncipe levou toda aquella noite a rezar na capella

em que se tinha casado com Martha. De manhã afiou asua espada mais forte, apparelhou o seu cavallo mais veloz,e galopou direito á beira mar. Accendeu uma grande fo-gueira e ficou esperando.

A(quella mesma hora acordou Martha e disse ao Dra-gão:— Adeus ! Vou dar um passeio sobre as ondas. Quandoestiver cansada, cantarei como de costume :

Depressa, depressa, puxai-me. Dragão,Depressa, depressa, puxai o cordão!

E Martha foi desusando por cima das águas, com o ves-tido de raios de sol e o diadema de luar, levando ao peitoa flor que se esquecera de queimar na fogueira.

Quando o príncipe a avistou muito ao longe,desembainhou a espada forte e cortante.

A cem braças da praia, Martha foi obrigada a parar.E então o príncipe, mettendo esporas ao cavallo,

entrou a galope desfechado pelo mar dentro, agarrou Mar-tha, cortou o cordão de ouro com uma só cutilada e voltoupara terra.

Mas o Dragão não estava a dormir. Sentiu cortarem ocordão de ouro, deu um grande salto, fazendo as ondasferver em cachão, como se houvesse um grande temporal,e correu atravez do mar, mais veloz do que um corisco.

Foi tudo em vão. Quando chegou ao pó da costa, jáo príncipe estava em terra, tendo Martha ao seu lado, livrede todo o perigo.

Tinha-se levantado vento forte e atiçou o lume da fo-gueira, que o priucipe accendera na praia. Martha arrancoudo peito a flor e atirou a para lá. Assim que a flor acaboude queimar se, o Dragão perdeu todo o poder e afundou-senas águas, indo ter ao seu palácio no fundo do mar,U'onde nunca mais se atreveu a sahir.

Martha e o filho do rei, muito felizes e socegados, fica-ram vivendo no castello, e desciam muitas vezes ao jar-dim, onde já podiam,sem perigo.apanhar as flores que lhesappeteciam

Num canto do jardim, mandou o príncipe levantar umacasa muito bonita e deu a ao pescador. Alli morou o pobre,do homem até muiio velho, em companhia das outras duasfilhas, que vieram a casar com dous fidalgos da corte,quando o príncipe, por morte do pai, subiu ao throno.

CREANÇASl?allicUis, Lymphaticas, Rsevoplmlosa.»

Bachiticas ou anêmicasO Juglandlnodo

Glffoní é um ex-cellente «recons-tituinte geral»dos organismosenfraq u ecid osdas creanças, po-deroso tônico, de-purativo anti-es-crophuloso, quenunca falha notratamento dasmoléstias con-sumplivas acimaapontadas.

E' superior aoóleo de fígado debacalhau e suasemulsões, porquecontém em muitomaior proporçãootoíio vegetalisa-do, intimamentecombinado aotannino da no-gueira (juglansregia) e o phos-

phoro physiologico, medicamento eminentemente vitalisa-dor, spb uma forma agradável e inteiramente assimilável.

_E' um xarope saboroso que não perturba o estômago eos intestinos, como freqüentemente suecede ao óleo e ásemulsões; d'ahi a preferencia dada ao Juglandino pelosmais distinetos clínicos, que o receitam diariamente aosseus próprios filhos. Para os adultos preparamos o Vinhoodo-tannico glvccro-phosphatado.

Encontram-se ambos nas boas drogarias e pharmaciasdesta cidade e dos Estados e no deposito geral:

Pharmacia e drogaria de Francisco Giffoni & C.RUA PRIMEIRO DE MARÇO, 17 — Rio de Janeiro

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O TICOTICO 8

O SR. X" E A SUA PAGINATYPOS COMPARADOS DOS HOMENS E DOS ANIMAES

O MACACO

O macaco é um animal que se parece como homem, vias...

O macaco é considerado como o typo da astucia, de asíntelligencia e as vezes da maldade. Elle é mais geitoso doque qualquer outro animal para imitar os gestos, a attitude,acções que ve no homcn.

Ha um provérbio muito antigo, que diz que o ma-caco paga tudo com caretas, e chama as caretas moedas demacaco. Eis a origem histórica.

Durante o reinado de nra dos reis de França do séculoXVI, construíram em Paris uma ponte sobre o Sena. Haviaordem de não passar por ahi sem uma ligeira retribuição.

Era um d'esses caprichos de soberano, tão freqüentesnaquelles tempos. Todos pagavam a passagem, mas os sal-timbancos e os domadores de animaes raros foram excep-tuados do pagamento d'esse imposto, com a condição deexiberetn ao recebedor os macacos fazedores de caretas.Dahi a expressão moedas de macaco.

Entre os anjmaes d'esse gênero, ha no Brazil uma es-pecie que chamam os invasores, e cuja voz se faz ouvirá distancia de meia legua.

Um escriptor notável, chamado Margtaff, qje estudoumuito os animaes do novo mundo, attribue a esses maça-cos costumes muito singulares. Elle affirma que esses ma-cacos tem o costume de se reunirem em circulo em tornode um d'elles, ouvindo-o com o maior silencio, enquantoelle fazia com extrema volubilidade uma espécie de discur-so ensurdecedor; logo que o orador se detem c faz umsignal com a mão, todos os seus ouvintes começam a gri-tar ao mesmo tempo, até que o primeiro, com outro signal,reclama de novo o silencio, para continuar seu discurso,depois do qual está levantada a sessão.

Do testemunho d'este sábio, resulta que a arte oratóriafaz também parte dos conhecimentos ou das aptidões quese encontram nos indivíduos da raça simia.

E' particularmente por causa de sua malícia que o ma-caco é conhecido, tanto que. para designar um homemmuito hábil muito astucioso diz-se — Fulano é um verda-deiro macaco.

Para provar a que ponto esta phrase é exacta, julga-mos dever nos limitar a pedir aos nossos pequenos leitoresqne comparem o typo que apresentamos d'este quadru-mano com o do macaco humano ou antes com um homemcomo ha muitos, que tem caracteristicamente traços desimio.

Em compensação ha homens que parecem macacos

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Filhos do tenente-coronel Cordeiro de Faria,os meninos Oswaldo e Sylvio

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^L^l Brinquedos para os dias de chuva 1^7^"f || UM ELEPHANTE LEVE COMO UMA PENNA || W/sTS

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f wlÉ™™ ws 3 Wi llliliil H Pi

!Arranjem uma folha de papel de seda, que se amassa muito facilmente (prefiram cor de castanha) e apertem-o na

mão, Puxando-o para baixo no sentido do comprimento, até que a folha de papel fique como mostra a figura 1. Depoisdobrem-o pelo meio, sem calcar ou abrir sobre a dobra e introduzam no papel assim dobrado duas meias folhas amarradasdo mesmo modo. Ficará tudo como se vê na fig. 2. Já ahi temos o corpo, as patas e a tromba do elephante. Enrolem umfio de linha escura em torno das patas e da tromba para as tornar mais fortes E' o que se vê na fig. 3. Cortem um pedaçode papel do feitio da figura 4 e apertem-a pelo meio com um fio de linha. Ficará este pedaço de papel como

nfifT- 5. A cauda [fig. 6] faz-se com uma trança de linha, os dentes com dous palitos... Pintam-se os olhos no logarE ahi está um elephante mais leve do que um pinto.

mostra apróprio.-.

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O TICO-TICO ÍO

LEITORESDO

TICO-TICO

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Helena Yolanda, filha do ma-jor Lopes, agente da

Estação Centraldo Brazil

Gracioso grupo de leitores e amiguinhos, posandopara o Tica-Tico—S. Paulo

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Domingos, filho do Sr. Lin-dolpho Velloso—Goyaz w

LEITORESDO

TICO-TICOL|3@P$c _-*

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Hevari Perissé de 3 annosde idade, morador

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Maria Isabel, filha do escrivãodo 2- officio de Padua—

Estado do Rio

Odette e Maria, filhas do coronelVirgílio José de Üarros, resi-

dente em Goyaz

Virgílio, filho do coronel VirgílioJosé de Barros, que rc-

side em Goyaz

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\ **"V*S. ¦Wl'^9 l^O .-—— ^^*^ . ^BBBSBTeJfeXb^ EpAl^T^JsBBBBB^^H^nSBBBi^SfiB^^BBBl .. , JM^^^JBlÉfJgSS,. V'^U^Qa.i'1 ¦¦

Como dissemos /faA;imfcown, tornando-se transpa- ... e cahiu sobre o planeta Saturno. Pipoca, desesperado por ter perdido o patroa, arrumou armas e bagagens e partiu emrente, conseguiu fugir atravez das pedras da prisão direcção a Terra. De repente Tônico, armado de binóculo viu Kayimbown trepado no planeta Saturno e deu o alarme.[olhem por transparência o logar por onde elle passou]—Foi porém m uito long-e...

OH5oiHÕ0

De facto Kaximbown, cahindo sobre o planeta Saturno vira logo que não se podiamanter em equilíbrio e a cada instante levava um tombo acrobatico.

De repente as rodelas do planeta Saturno começaram a rodar vertiginosamente e o coitado doKaximbuwn virou roda de carro. Horas e horas o major esteve rodando com assombrosa veloci-dade. Estava tão tonto que nem mais se lembrava se tinha a cabeça nos pés ou os pés na cabeça.

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IPEIISrS^MEINrTO LIVRE12 ^ O TICO-TICO

1] Quando o joven e orgulhoso Maheme,subiu ao throno, tornou-se o mais terríveltyranno. Quiz ser adorado como um deus e,indo guerrear um pequeno reino vizinho, foi

nais feroz possível.

52] J ulgando-se o maior conquistador domundo, mandou chamar o poeta Ali Rachide ordenou-lhe cantasse em verso seus feitosde armas. O poeta recusou, mas tanto lheordenou que confessou não podia escrevero que não pensaví

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3] Enfurecido, o orgulhoso suítIóT"manc*°ulançar o poeta, carregado de cadeias, no fundode uma prisão. Julgava o sultão que o poej3-preso, comporia o poema. Passados dias fo* âprisão e perguntou ao poeta pela sua obrí'Teve a mesma resposta.

4] Cheio de cólera, ordenou a um escravocortasse a língua ao altivo poeta. Depois per-guntou a este—Reconheces ser eu o maior dosreis?—Não—respondeu o poeta com um signalde cabeça. Então ordenou ao escravo queimasseos olhos do poeia. T

Julgando ter vencido o poeta, fez-lhe amesma pergunta, mas elle respondeu ainda,por signaes, negativamente. O sultão quiz ellepróprio cortar a cabeça do poeta, mas para antesde morrer o forçar a confessar ser elle o maiordos reis...

pontas e perguntou—Sou o maiorreis ?—O escravo puxou a golilha e °

^feliz, foi forçado a abaixar a cabeça, e^

_signal affirmativo. Emflm, confessasE riu de satisfação. Mas

7].. .notou que um dos olhos do suppliciado se fez num buraco negro, e umaluz estranha,que se dirigiu para elle.Fez-se tão pequeno, que parecia um anão e,como ave nocturna, era attrahido pelauz mYSteriosa.

8] E elle que julgava mandar o próprio sol,foi forçado a entrar no buraco negro. Ládentro, admirado, achou-se numa grande sala,maravilhosa,como não havia em seu palácio.

9] O mármore fino eragranito vulgar junto ? .quellascolumnatas. Jorravam diamantes Hqul (e,e o vento fazia vibrar harpas, deliciosam^oHavia cousas tão bellas e admiráveis, impossivde descrever.

10) De repente as harpas tocacaram ocanto da alegria e uma joven bellissimaapparcceu c se dirigiu ao rei. Seu vestidoparecia feito do azul do céu e de raios dosol.

11] Esta appãrição perturbou o sultão, mascomo era orgulhoso,disse—Bella dama. souumgrande senhor e acho-a encantadora.Faço-lheva honra de a tomar por esposa e ordeno-lhevá para meu palácio.

{Comlinua na pagiua seguinte

12| lira uma deusa, que apenas ?J £licom pisdade para o déspota e c°nllleStíseu caminho—Como—disse o sultão, f6|mulher desdenha ser esposa do mai°r 0\}do mundo? E tirando sua adaga, jy?cortar a cabeça da que julgava umalente escrava.

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O TICO-TICO PENSAMENTO LIVRE (CONCLUSÃO) 13

13) Mas a espada quebrou-se como vidro.Ue repente, tocado como por mão de ferroV°M°U"^e e v'u um velnoa^t0' a quem disse :Miserável, ousas tocar no maior dos sobe-ranos? Quecastigo merece um tal sacrilégio?

14] ü velho, que estava vestido como umjuiz, nada disse; apenas fez um signal e a salatransformou-se em tribunal, com juizes se-veros.—Quem vão julgar,—perguntou o sul-tão?—A ti—disse o velho perto d'elle.

15) Revoltou-o a idéia de julgarem o sobe-rano mais temido do universo e todavia umaforça mysteriosa o obrigou a ficar de joelhos ea ouvir, em silencio, os julgamentos severosque elles faziam.

16) Depois foi conduzido a uma praça pu-blica, onde uma multidão estranha lhe di-rigiu chufas. Cheio de vergonha, o sultão,tão arrogante, baixou a cabeça e...

17] ...encontrou-se, sem saber como, presoa um pelourinho. Um carrasco arrancou-lhesuas ricas vestes e lançando-as ao vento,ellasse fizeram em pó. Quando despido.os assis-tentes deram gritos de horror e fugiram.

18) O sultão viu então que suas vestes escon-diam o corpo d'um monstro horrendo e tevehorror de si mesmo, vendo sua imagem repro-duzida nos espelhos que surgiam de todos oslados. Para escapar, desceu por um cano de...

19; ...esgoto onde encontrou seres immun-dos que, todavia, vendo-o fugiram. O rei, co-b?rto de ignomínia, exclamou:—Ninguém teráPiedade de mini?

20] Então, appareceu a formosa joven.quelhe estendeu a mão e o conduziu ao logarpor onde elle primeiro entrara, dizendo-lhe:—E's livre.

21] Então Mehemed teve a impressão de terdado uma grande queda e tornou-se maior.De repente voltou a ser o grande monarchade outr'ora, tendo na mão a espada, sobre acabeça do pobre poeta, que não se movera.

-•-] O sultão baixou o braço. ComprehenderaHue se pode ser senhor do corpo, mas não doPensamento, e que, emquanto um homem tem1(3a, não ha poder que o impeça de pensar o^"e lhe approuver. Cahiu de joelhos e disse :—*" Itachid, perdoas-me ?

231 O poeta abriu os olhos e disse:—Sim,e por teres comprehendido a grandeza e po-der do cérebro humano, desejo que sejaspara o futuro o maior dos reis 1 E como osultão se admirasse de elle conservar a vistae a falia, o escravo confessou que fingiraexecutar suas terríveis ordens.

24) O sultão perdoou ao escravo e re-compensou-o. Tornou-se o maior dos reis,pois sempre governou com justiça, sabe-doria e bondade. Isto não causou admira-ção, quando se soube que o primeiro mi-nistro era o poeta Ali Rachid.

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O TICO-TICO

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Zé Macaco e Faustina se viram dede um dia para outro a braços com amiséria e por isso resolveram traba-lhar. Depois de muito matutar, de-cidiram apresentar-se ao director deum theatro, na qualidade de artistas

{excêntricos

TOTRftlRIÊuA%;, Wj 3 ,J;..;-

DES. ! f!; *hoje! hoje!

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ZE* MACACO â

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e B Dado o aspecto exótico do casal, foram contractados incontinenti e no mesmo dia os cartazes annunciavam a estréa do Zé Macrf"e Faustina no theatro Variedades. Effectivamente, chegando a noite deu principio o espectaculo em que appareceram os dous nO^veis artistas. Embora não soubessem o que iam fazer, Zé Macaco e sua mulher, aquelle mettido numa pavorosa casaca, e esta com ve8-tuario de dançarina, atiraram-se a uma dança desesperada que arrancou gostosas gargalhadas ao publico.

VA T ,-Rl*tlS* O CONCURSO .V «IO

VALEIMRA O CONCURSO M. tt*0

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32 ¦Bibliothec.a d'0 TICO-TICO SOBRE O GELO ERRANTE

tos outros de eníre seus cúmplices se ti-nham achado em semelhante situação enão tinham hesitado ; iria elle mostrar,elle o chefe, mais sensibilidade 5 ! Não,mil vezes não!

Sem largar o braço de sua mulher, queapertava fortemente, Luiz approximou-sede uma das paredes do gabinete e apoiouo dedo num botão de marfim,que só elleconhecia, disfarçado nos ornatos do ga-binete.

Immediatamente abriu-se a parede,dei-xando ver um pequeno esconderijo. D'alliCasteloup tirou, febrilmente, um punhalde lamina fina, afiada e luzidia. Terrível-mente brandiu essa arma! Foi um relam-pago!

Mais rápido do que o pensamento, en-terrou o punhal até o cabo no peito de Ger-vasia.que nem sequer deu um gemido,tendo apenas um arranco de ligeira ago-nia 1

Uma escuma sangrenta aflorou aos Ia-bios da victirr.a, mas da ferida em queficara o punhal não sahiu uma gotta desangue !

Luiz collocou o cadáver no tapete dogabinete e.julgando seria prudente fechara porta de fechadura dupla,para preveniro caí-o da chegada de qualquer pessoa,olhou em volta de si.

Nesse momento o bandido não poudereprimir um grito de surpresa e espanto!Seus olhos não viam !

Que se passara? cegueira passageira?T,eve como que um desfallecimento.que

augmentou a comoção que acabava desentir. Qual a causa d'esse estado incom-prehensivel? Que horror! Podia vir ai-guem. e encontral-o alli, cego, e juntod'elle sua mulher morta!...

Teve um terrer espantoso e, ás apalpa-delas, avançou, tremulas as mãos, pro-curando a porta...

Quando, finalmente, a encontrou, seusolhos, pouco a pouco, encheram-se deluz.'

Invadiu-o uma intensa alegria; não es-tava cego ! Aquelle estado anormal tinhasido muito rápido e passageiro.

A porta estava fechada e Luiz, reani-mado, deu um suspiro de alivio.

- Ninguém viu—murmurou—Mas logouma espécie de duvida, que o assaltouj?or um instante, fez-lhe calefrios e, ao

mesmo tempo, a fronte se lhe inundoude suor frio.

—Não— acerescentou — em tão poucotempo, não pode ser.

E entreabriu a porta para escutar paraocorredor. Nenhum ruido perturbava acasa em silencio. Em seguida fechouaquella porta e. por precaução, ser-viu-se de dous fortes varões de ferro in-teriores.

CAPITULO VII

No cmtanto, se o miserável podesseter visto o que se passara em alguns se-gundos, um segundo crime iria, prova-velmente, pezar em sua consciência.

Durante os breves instantes em queLuiz esteve privado da luz dos olhos, umcreado da casa comtemplava a horrívelscena 1...

Tendo por accaso passado no corredor,precisamente no momento em que o as-sassino dera um grito de surpreza, jul-gara elle também que seu dever lhe im-punha entrar no ga inete, para prestarauxilio, embora a formal prohibição.

A' vista de Gervasia immovel e morta,com as mãos crispadas numa ultimaagonia, a vista de Luiz com os braçosestendidos para a frente, os olhos con-gestionados e perturbados, tateando asparedes, que não via, á vista d'esse es-pectaculo infernal que parecia um pesa-dello, Severino ficara como que petre-ficado durante alguns instantes. Um ul-timo olhar permittira-lhe ver no braçode Casteloup, o horrível signal, dis-tinetívo da associação maldita I Os ca-bellos de Severino puzeram-se em pé.

Muito pallido, tinha, sem ruido, fecha-do a porta e pó ante pé retitara-se comouma sombra, não ousando sequer respi-rar.

Precisamente no momento em que ocreado dava volta ao angulo do corredor,Luiz Casteloup tinha recuperado a vistae observava o mesmo corredor.

Severino, tremendo, tinha parado paranão fazer ruido. esperando acadainstan-te uma luta, talvez mortal... Com a mãosobre o coração, comprimia o bater pre-cipitado d'elle.

No emtanto, lentamente, aporta tinha-se fechado: Severino, apurando o cuvidotinha percebido que a chave dera duas

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pantoso vácuo que existia em meu cora-ção...

E Gil aestasultimas palavras,não poudeconter sua commoção e interrompeu-se.Alli, sentado numa cadeira, perto da ja-nella, evocava a recordação de toda a suafelicidade familiar, aniquilada pelo des-tino cruel...

Dumont. vendo seu amigo assim, re-pentinamente mergulhado em suas re-cordações e como que alheio a tudo, en-tendeu não dever continuar o dialogo tãodolorosamente interrompido, Respeitan-do a dor de seu amigo, tomou lhe doce-mente a mão e disse a Gil que, emboraacordado, sonhava com o passado.— Boa noite...

Depois, sem ruido, retirou-se.Por muito tempo Gil imaginava ver o

S. Lourenço, os botezinhos.o ancoradou-ro... No céu, semeado de estrellas, de-senhavamse em linhas negras, as mas-treações dos navios. Na multiplicidadede suas recordações, revia o tempo desua infância feliz, que tinha gravado namemória Depois a fugitiva visão do Ker-Saintíves, que por tão pouco tempo go-zára...

Mas Gil, fazendo um esforço supremo,baniu de seu pensan:ento essas recorda-ções, que o enterneciam e fatigavam.Passou a mão pela fronte ardente, comoque para afastar essas inapagaveis ima-gens. Depois, levantando-se para ir dei-tar-se no leito, olhou com prazer para amachina de sua invenção; e alli, á vistad'aquella pequena maravilha, que amavacomo se fosse um ser vivo, suas idéiasesclareceram-se e tornaram-se tão calmascomooformoso céunocturno que naquel-le momento cobria toda a Acadia.

CAPITULO VII

NO BRAÇO DE LuiZ CASTELOUP

As desventuras de Gil Plomonach ti-nham, como se deve imaginar, servidode assumpto para muitas cousas; —Arti-gos de jornaes.commentandoas decisõesdo juiz Mandine, discussões, narraçõesmais ou menos phantasticas e até com-passivas canções.

Isso durou por algum tempo;depois fal-lou-se menos d'esse caso singular; maistarde esqueceu-se. Esquecimento, vora-

gem em que se abysmam todas as cousashumanas I

Em Ker Sainl-Ives o golpe fora fatalpara a viuva Plomonach;depois d'aquellesdias fataes tinham-sc abalado muito asfaculdades mentaes da velha senhora." Seu filho, seu Gil, que ella amava eodiava ao mesmo tempo! Seu filho fa-zendo parte da terrível e temida socieda-de dos Estreitados.

Suas mãos enrugadas tremiam ; etinha por vezes no olhar peiturbaçõe-singulares, que manifestavam o vr^ut.que progressivamente se ia fazendo erríseu cérebro.

Luiz Casteloup nunca fora tão feliz,ma? sabia dar a seu rosto a expressão dedor que entranava todos os habitantes deKer Satnt-Ives.

A alegria monstruosamente odiosa deLuiz explicava-se. Não tinha elle de umsó golpe obtido duplo resultado?

Primeiramente a separação definitivade mãi e filho; depois o abalo causadono cérebro da viuva, em seguida á provaesmagadora e soberanamente dolorosa,abalo do qual o miserável a via ir mor-rendo! De dia para dia, em resultado derepentinos accessos, o pensamento davelha senhora agonisava num súbitoamollecimentodoencephalo. Mas,n'aquel-les sombrios momentos que o bandidoantecipadamente adivinhava, elle seques-trava a infeliz em sua casa, no seu pro-prio quarto, para que os restantes da ca-sa não descobrissem que uma tal doençase ia apoderando da velha senhora!

Dissemos já que Luiz Casteloup usava nobraço uma larga pulseira de prata, o quealiás não era singular, para as pessoasque não tinham conhecimento da cathe-goria do bandido, mas que este usava,como o leitor bem deve imaginar, paraoceultar o terrível desenho, que repre-sentava a estrella e a vibora.

A própria mulher de Luiz ignorava es-sa tatuagem e tinha seu marido na contado homem mais honrado de todoomun-do. De resto, muitos bandidos que faziamparte da associação estavam em eguaescircumstancias; entre os membros deuma mesma família acontecia muitas ve-zesqueum d'elles pertencia aos Estrel-lados, sem que os outros disso tivessemconhecimento.

Gervasia considerava o braceletc flua

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Bibliotheca d'0 TICO-TICO SOBRE O GELO ERRANTE 31

reu marido usava, como uma innocentephantasia sua. E ainda pensava ella queelle nunca o tirava do braço,também porphantasia. Alem d'isso Luiz dissera-lhe,sorrindo, a uma pergunta que ella emtempo lhe fizera acerca d'aquella jóia :

E' a minha mascotle, querida ami-ga. Podes considerar-me um supersticio-so, mas por nada do mundo tirarei estebracelette, que já usava antes de nossocasamento. E' o meu idolo, meu talis-raan Cedo ou tarde afasta de mim ades^ça. Não temos sido felizes ha ai-^uns.jmpos a esta parte? Não éramosinfelizes e agora não gozamos uma si-tuação invejável? E' á sua mysteriosa in-fluencia que eu attribuo essa mudança.

Gervasia sorrira e não insistira mais.Todavia, dous dias depois dos aconte-

cimentos que narrámos no capitulo ante-cedente, isto é, dous dias depois da des-coberta que Gil fizera da propagação dofrio a distancia, Gervasia por sua desgra-ça, teve conhecimento do fatal segredodos Fstrellados.

Luiz tinha passado a noite precedented'aquelle dia a escrever e a meditar, numpequeno aposento de Ker Saint-Ives, on-de ninguém entrava, nem mesmo sua mu-lher.

Na manhã seguinte áquella noite, Ger-vasia ficou surprehendida por não ver seumarido sahir d'aquelle seu pequeno ga-binete de trabalho.

Inquieta foi bater á porta do gabinete,a principio de vagar e depois, como seumarido não abrisse nem respondesse,mais fortemente.

Dorme, talvez—pensou Gervasia —E chamou com voz forte—Luiz 1 Luiz !

Não obteve ainda resposta e no gabi-nete reinava o mais absoluto silencio Opensamento de uma desgraça assaltou apobre senhora. A idéia de violar a prohi-bicão que seu marido lhe fizera, assusta-va-a e fazia-a tremer; mas, enchendo-sede coragem,forçou e abriu a porta.

Luiz Gasteloup estava deitado sobre oespaldar da cadeira, muito pallido, acom-mettido certamente de doença repentina.

D'esse modo não tinha podido respon-der a sua mulher, o que era muito natu-ral.

Gervasia ia em seu soecorro; mas seugesto generoso deteve-se repentiiiampn-

te, á vista d'uma cousa inaudita, inverosi-mil, espantosa mesmo 1

Oh! —rouquejou ella, levando asmãos crispadas á cabeça emquanto seuolhar se fixava,medonhamente espantado,no ante-braço de seu marido, onde nãoestava o bracelete que elle sempre usa-va. Deante da tatuagem maldita,que aca-bava de descobrir, ella ficou estática, li-vida...

Aestrella e a vibora! — murmurouella com voz sibilante — Luiz, tu psrten-ces, pois, a esse bando?!...

E recuou até á porta, retendo a respi-ração o coração batendo-lhe fortemente.

Um indescritível terror se apoderoude todo seu ser, sua garganta apertava-se.

Ah ! — murmurou ella — comprehen-do agora... porque... aquelle braceletede prata! Luiz, Luiz! que mal!...

Mas Gervasia calou-se de repente. Seumarido, voltando a si, acabava de abriros olhos.

Oh ! aquelles olhos, com que terrivelexpressão a fitaram! Oh ! aquelles olhosexprimindo cólera feroz !

Quando Luiz viu sua mulher fixando atatuagem e o largo bracelete de prata,aberto e collado junto d'elle,teve, depoisd'aquelle olhar de cólera, um sobresaltoque o reanimou completamente, e levan-tou-se como que galvanisado...

Uma espécie de desmaio tinha-o feitocahir na cadeira, no momento em que,cousa estranha! ao tirar o bracelete, pen-sava, com temor, em que o segredo desua mysteriosa situação pudesse ser co-nhecido de sua mulher.

A' vista de qualquer de seus subalter-nos, esse segredo, descoberto em iden-ticas circumstancias, importaria na morteimmediata do infeliz que involuntária-mente o descobrisse. Quantos crimes queficaram inexplicáveis, e por conseqüênciaimpunes, tinham sido commettidos poraquelle motivo ? !

Era senha formal do regulamento dosEstreitados.

Gervasia—murmurou elle com vozcava, muito pallido — para que entrasteaqui, desgraçada?!... Devias bater, ad-vtírtir-me—acerescentou cerrando convul-si vãmente os punhos.

Nunca ella o vira assim, em estado tão¦íspantoso, terrivelmente agitado, pare-

cendo uma fera. Teve as forças suffícien-tes para se encostar a um movei e dizertremula e com voz quasi imperceptível :

— Meu amigo... se o fiz... julgava...que tua saúde...

espirito d'aquelle homem. Obedecer ásleis da terrivel associação era o dever.

Aquella mulher que elle amava,aquellacompanheira de seus dias, ia pois mor-rer ás suas mãos ! Teve um momento

.. .terrivelmente, brandindo essa arma, enterrou-a no peito de Gervasia 1...E não poude continuar, porque Luiz, de hesitação, bem fácil de se explicar,

agarrando-a brutalmente por um braço, O bandido tornava-se por instantes umatínha-a atfahido para si. creatura sensível. Masreappareceu nelle

Todavia luta medonha se travava no immediatamente o chefe do bando. Mui-

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17 O TICOTICO

^¦'•'''•'''''''•'•'•'iViifii'—i r":':"

O MAIOR BENEFICIO<Hie se pode prestar ao cabello ó laval-o regularmente com o^ixavon, O Pixavon é um sabão cie aleatrão, liquido e suave, ao«Jüal tirou-se o mau cKeiro por meio de vim processo chimico.

irSTinguem deve ignorar que o aleatrão é considerado como umagente soberano no tratamento do couro cabelludo e na conser-vaeão dos cabellos. O sabão de aleatrão é tido, pelos dermatolo-gistas mais afamados, como o mais etficaz nas alludidas moléstias.Também no conbecidissimo methodo de Lassar (dermatologistaallemão) o emprego de sabão de aleatrão nas lavagens da cabeçaRepresenta papel nruito importante.

O Pixavon não só conserva limpos os cabellos, como também*az com que o seu ingrediente de aleatrão actue como estimii-lunte sobre o coviro cabelludo. Dentro os methodos modernos detratar dos cabellos e conserval-os, o uso regular do Pixavon é oMelhor que se pode imaginar. O "Pixavon

produz uma espumamagnífica que se tira facilmente dos cabellos, enxrigando-os ligei-lamente. Tem rim elieiro muito agradável e, devido ao alça-trão que contém, combato vantajosamente a queda parasitaria doscabellos. Depois de algum tempo de uso do Pixavon começar-se-ãa sentir a acção benéfica que provoca e por isto pode-se consideral-ocomo o preparado ideal para o tratamento dos cabellos.

E' digno de referir que o Pixavon vem constituir um prepa-*ado de superioridade incontestável e do um preço ao alcance de^dos. Vende-se nas drogarias, pharmacias e perfumarias. O con-teudo d* um frasco dura alguns mezes.

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O TICO-TICO 18SCIENCIA FACL

Trabalhos recebidos durante asemana finda :

Contos, versos e descri-rçÕES: O Mendigo, Maria da Can-delaria S. Diniz; O Caipira, JoséPretextato Alves da Silveira; Ver-sos; José Finamese ; s Acrostico,Isa Fontoura ; O pequeno Paulo,A manhã e As cento e vinte chavesde Mazagan [traJucção), JulietaGranado: Acrostico, Isaura Gra-nado; Menino Caridoso, PaulinoBotelho Vieira; A V"olela, Arlindo

Mariz Garcia; O Mentiroso, Aristóteles Azamor; Um travesso,Hilton de S. Ribeiro; A Musica, Dulce Pinto Passos;/lo que-rido Tico Tico, Manuel Antunes Mattos; Onze de Outubro,Maria Olina de Azevedo e Silva; Aquarella, Francisco Giu-g-ni Azevedo Lomonaco; Uma Flor e Simples Desculpa, C.Lima.

Desenhos de : José Defrengo, O. Peixoto, CremildoLima, Gonran Mury, Francia Lindpen e Luiz MarinhoMaia.

Perguntas de concursos de : Francirco Branco,Edgard Xavier da Costa, Ruben Antônio Gomes, Walde-mar Paim, Álvaro de Azurara, Gontran Mury, Justino Cor-deiro, Archimedes de Azevedo, Adaucto de Assis, Ociremad'Albuquerque, Cleantho de Albuquerque, Hilton SouzaRibeiro, Belmiro de Castro, João Malzitano, Paulino Bo-telho Vieira, Lúcia Perez de Araújo, Lydia da Silva,Castellar José Freire, José da Rocha Martins.

-LÊRCOM ATTENÇAO-AOS QUE PRECISAM DE DENTADURAS

Multas pessoas que precisam de dentaduras, devido á exigui-d a tie dos seus recursos, são, multas ve7.es, forçadas a procurarproflssionaes menos hábeis, que as illudem em todos os sen-tidns, pois esses trabalhos exigem muita pratica © conheci-mentos especiaes.

Para eviiar Uies prejuizos e facilitar a todos obter dentaduras,dentes a pivot, corôos de ouro, bridge-work, eic.,o que hade mais perfeito nesse gene.o, resolveu o abaixu assinado reduzirornais possível a sua antiga tabeliã de preços, que ficam d'essemodo ao alcance dos menos favorecidos da fortuna. No seunovo consulu.no, r rua do Carmo n. 71, (canto da do Ouvidor)dá iniormaçíies completas a todos que as desejarem. Acerta e fazfunecionar perfeitamente qualquer dentadura que nao estejabem na bocea e concerta as que se quebrarem, por preçosinsignificantes.Os clienresque não puderem vir ao consultório serão

aitendidos em domicilio, sem augmento de preçoDR. SÁ REGO (Especialista)

kudou-se RUA DO CARMO 71 £0^

EEEOÍ£BRMÕÜA

DT5ABE-TüDQ

Dous rapazes ahi estão; dous rapazes bem distinetos...entre si. Um delles afílrma que oBromil é mais efficaz, é osuper milagroso xarope, que cura todas as tosses cm 21horas.

Qual d'eücs tem essa opinião?

Jandyra Granado —Ha va-rios sabonetes líquidos antise-pticos que fazem desapparecercravos e espinhas. Porém osremédios mais fimples e dosmais efficazes para limpar apelle de todos esses incom-modos são água oxygenada ousueco de limão.

Carmen G. — 1- — Rever-bero é uma cousa que reflectea luz ou o calor. 2- — Pornogra-phia éumacousaimmoral, inde-cente; A nação maior do mun-do é a Inglaterra; a mais atra-zada parece-me queéa China.

Arlindo Marys Garcia — 1'Trismo é um termo de medicina—é o nome, que se da ao as-pecto da boceaque fica fechada

por uma contracção inevitável dos músculos. 2- — Horirurossão ornatos de fantazia. 3- — Amacesante, quer dizer leve-mente amargo. As demais.palavras não são portuguezas.

T. A. S. [S. Vicente)—Em primeiro logar deve escrevertcomo se devem pronunciar as palavras?» Agora vamosás perguntas. 1 • Pronunciam-se—Oceania, , Pm Jaro, So-phocles, /lrafophanes. A syllaba tônica é a que vai emgrypho. 2- O melhor meio de se conseguir boa conversaçãoé ler bons livros e boas revistas, ler muito. 3'—O melhordiecionario portuguez é—julgo eu—o de Vieira que aindaassim tem grandes defeitos. 4- Banhos constantes comágua oxygenada, ou água commum, com algumas gottasde tintura de Benjoim e usar sabonetes aniisepticos, depreferencia líquidos.

Hermann Tormin —Approximadamenteum pára-raio-pieserva uma circumferencia que tenha como raio a alturaa que elle está collocado acima do solo; por tanto um pára-raios collocado a trinta metros põe em segurança umaárea, em circumferencia, cujo diâmetro é 00 metros.

O conduetor de ferro não é muito empregado; as ulti-mas descobertas da sciencia mandam empregar o cobre eem fitas isoladas, terminando em uma grande placa.

A profundidade a que deve attingir o conduetor \ariasegundo certas condivões entre as quaes a qualidade daterrae seu estado de humidade.

Drt. Sabetudo

ÁS MAIS DE FAMÍLIA

COMO

TODAS AS CRIANÇAS, MEU FILHO, DU-RANTE ALGUM TEMPO, FICOU FRACO E NÃOTINHA FUME.

Como todas as crianças, meu filho Eduardo, de seisannos de idade, durante algum tempo e devido a doençasdo estômago e intestinos, começou a emmagrecer e ficoumuito fraco.

Fiquei muito afflicta, e procurava, por todos os meios,devolver-lhe a saúde, sendo, porém, infeliz nos primeirostempos, não tendo os remédios que empreg-uei produzidoos resultados que desejava, continuando meu filho sempremagro, pallido, sem fome, sempre com eólicas, expellindoás vezes, vermes intestinaes e continuamente com to-se.

Continuando com o maior empenho a tratai o, enipre-guei, por ver muitos attestados nos jornaes, o I0DUL1N0DE ORH, fortificante e reconsiituinte, digno de tal nome,approvando tão bem o organismo de meu filho, que, no fimda primeira semana, era elle o primeiro a pedir comida,que antes lhe repugnava, e, pouco tempo depois, já eragrande o auermento de peso e via-se claramente em seurosto corado e alegre a saúde e bem estar; pelo que, publi*camente declaro que só ao IODnLINO DE ORH devo *cura de meu filho—Arnvnda S.mches Cabral.

Recife, 27 de Maio de 1911.Venda-se em todas a» drogarias e onarmaclas — Garrafa 6$8oo.

Agentes geraes: SILVA GOMES & C.—Rio de janeiro

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19 O T1COTICO

SECQÃO PARA MENINASA BOLSA DE BORDADO ÁRABE

O 1 r pW1 - ,i 1; 0

Aqui está um objecto que podem fazer_ facilmentepara uso próprio, para presente ou para leilão de pren-das. ...,

Para brinquedo podem fazel-o de papelão; para utiliaa-de façam-no de couro. Nas casas que vendem ojectos parabordados ha um muito barato, que se chama basane e emuito próprio para isso.

Os quatro moldes que publicamos indicam claramente

como se arma uma bolsa, que ficará como mostra o mode-Io no alto da pagina.

Os arabescos bordam-se a seda gressa, com ponto dacasear nos hordas e pontos cheios nos ornatos interioresSe o couro for muito duro devem-se fazer os furos bem re-«jutarmente, antes de bordar, para não amassar a seda. Osbotões devem ser de pressão,aproveitados de luvas velhas.

Pode-se também fazer essa bolsa de panno espesso.

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O TICO-TICO 20

^^Êl^^^^^Ê RESULTADO DO

íM^^ká^^M CONCURSO N. 002mmÊÊÈ^wMm

ofe •Oliveira

A falta de espaço obriga-nosa não publicar neste numero ne-nhuma das soluções enviadaspara o concurso n. 002 que oraencerramos. Ao sorteio concor-

reu grande numero de decifradores, entre os quaes forampremiados :

1- prêmio—10$000 :

Maria JLuizaque reside á rua Marquez de S. Vicente, 70, Gávea, Ca-pitai.

2- prêmio—lOfOOO :

Adhemar Paulo Ferraz10 annos de edade, Fazenda de S. Jeronymo, Municípiode Limeira—Estado de S. Paulo.

Rcmetteram soluções :Amalia Teixeira, Moysés Júlio Waltemberg, José Marquesde Oliveira, Marilia Marques de Oliveira, Antônio LuizGonçalves, Ed. Luiz, Renato Porciano, Maria do CarmoDias Leal, Donguinha Dias Leal, Homero Dias Leal, FilhoteDias Leal, Alba Fonseca,- Jano Martins Brandão, AidaFrancisca Moreira, Carlos L:jpes de Miranda, AntônioPorto, Mario Pimentel, Vicente Nonato Barccllos, Aristote-les Valença de Lemos, Leopoldo de Affonseca, Armandode Afonseca, Oswaldo Paretro Torres, Arlindo AraújoVianna, Edesio de Alencar Araripe, Octavio Séllos, ManuelVaz, Mario Cunha, Carlos da Costa e Silva, Maria da Can-delaria, Mathilde Marmo, Francisco Luiz Leitão, AdhemarPaulo Ferraz, Gibson Mendes F., Anna Mendes da Rocha,Rogério da Cunha Lima, Maria Clément, Eduma de BarrosSouza, Cleantho d'Albuquerque, Edmundo Velloso da Sil-veira, Geraldo de Faria Alvim, Raul Meirelles, Luiz A.Silva, José P. Velloso da S. Filho, Hugo Mariz de Figuei--redo, Arminda Faria, Yolanda C. Ferraz, Luiz de AzevedoIlvantina Gomes, Lody Machado, Célia de Oliveira Fausto,José Abreu, Roldão Roma, Maria de Lourdes Foeppeel, Ste-sio Ilonorio de Almeida, Armando Lopes de Araújo, Fran-cisco Branco Sobrinho, Cassilda Lima Alvares, Adaucto deAssis, Clarindo do Nascimento Mesquita, Mario de Oli-veira Brandão, Archimedes de Gumercindo Souza, Achil-les Motta, Arlindo Rodrigues Lima.Goutran Mury.ArlindoMariz Garcia, Adelina Lago, Maria Luiza Gouvòa, Lindol-pho Barbosa, Eurites Gomes da Silva, Maria de LourdesPinheiro Baptista, Helena de Ávila Machado, Maria daPenha Machado, Carlinda Tinquitella, Octavio da SilvaSellos, Frederico Von Dollinger, Jorge R. Rinton, PedroFernandes da Costa Mattos, Maria Magdalena C. Ferraz,Paulo Queiroz Burle, José Marques Lins, Antônio SiqueiraCabral, Zoraido Lima, Luiza Pinheiro, Armando de Vas-concellos Bittenconrt, Thereza de Gouvéa, Gilvandro Pes-soa, Nelson Tinoco, Maria da Candelária S. Diniz, Esco-lastica de Castro, Luiz Rogatli, Edgard Mello Mattos deCastro, Lasthenia de Vasconcellos, José Lobão, FranciscoAntônio Curzio, Alice Fontoura, Manoel Ferreira da CunhaFilho, Carlos Frederico Braga, Aracy Froes, Ulysscs Viei-ra Ferreira, Arthur Napoleão Goulart, Cicero da Costa Vi-digal, Maria Luiza de Oliveira, João José da Silva e Walde-mar Alves Ferraz. Joaquim Antônio Naegele, Carlos PintoBarbedo, Edison Nobre de Lacerda, Noemi da Costa Cou-tinho, Floriano Lopes, Cecília Andrés, Elias Alves de Al-

meida e A., Antônio dos Santos Oliveira Ferr.ar.do Olyn:-pio Cavalcanti de Albuquerque, Victor de Mellr, Jci.é" deCastro. -

RESULTADO DO CONCURSO N.respostas

1-—Em ambos terem2—Gaio-la.3-—Canteiro.4-—Pereira.Resultado do sorteio :1- premio-10$000.

quartos.

Arnaldo Beviíaequarua Silva Jardim 584—Petropolis.

2- prêmio—10IS000.

Eaida N, da Fonsecamoradora á rua de S. Braz n. 13, moderno

Eis a lista de nomes dos leitores que nos mandaramsoluções :

Darcilia P. de Almeida, Alice Dias Cardoso, CarlindaTinquitella, Juridy Conçalves, Jayme Gonçalves MelgaçoBenjamin Gomes de Amorim, Sarah Werncck MoreiraMargarida Guimarães, Dalila de Castro, Arnaldo Bevilacqua, João E. da Rocha, Sylvio Ferreira da Silva, Odetí-Nones^Isaltina Pereira Villar, Hercyna Proserpina de Assumpção, Adherbal Azamor, José

"Marques de Oliveira

Oswaldo Pareto Torres, Jandyra Rocha Pinto, Mana dCarmo Dias Leal, Donguinha Dias Leal,Homero Dias LealFilhote Dias Leal, Jorge daSilva Leal.Evan Amorim, Mariode Oliveira Brandão, Eugênio Bohir, Joaquim AntônioNaegele, Irene Nogueira da Gama, Gontran Mury, ManuelFerreira da Cunha, Juquita de Moraes, Regina Trindade,Celestino Barata da Silveira, Ormindo da Rocha Santos,Ricardo José Antunes Júnior, Luiz Pereira Dias, EdgardXavier da Costa, Luiz de Melio Alvarenga, Jacy Garnier deBacellar, João Carlos Ferreira de Aguiar, Maria de Lour-des Guimarães Carvalho. Alcida Coelho,Marinella Peixoto,Paulo Marques de Andrade, Mario Aghina, Victorino LuizPereira, Annete Manso, José Rocha Lisboa, Olinda Gomes

THALASS0L

mÉSkzmamRUA OQ hospício, 35-Rlo de Janeiro

O mais poderosotônico para fazernascer os cabellosExtincção

das caspasEspecifico para

alopecias, tinhae todas as moles-

tias do courocabelludo.

Extrahido de pro-duetos HI » 1 i -ioIhis c vegetacs.

Preparado porli. LEMOS

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21 O TICO-TICO

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Chaves, Marina Souza, Zildade Briíto Pereira,' BenedictoMendes de Castro, Maria An-toniettade Souza Lima, Lour-des Reis, Frederico Von Dof-linger, Linncu Balthazar daSilveira, Abignil Reis, Hiltonde Souza Ribeiro, MiguelLage Sayão, Thomaz AuroraMartins, Adaucto de Assis,Sylvio Alves de Guimarães,Alfredina Fernandes da Cos-ta Mattos, Pedro Fernandesda Coste Mattos, Amalia Tei-xeira, Clarimundo do Nasci-mento Mesquita, Jacy Nunesdos Santos, Aida de SouzaLima, Gilvandro Pessoa, Ali-ce Brandão da Silva. NelsonTinoco. Tilandizia Sócrates,Othon Vianna, Dalila de Cas-tro, Clotilde R. Maia, ClariceCortes Sigaud, Amélia Lima,Waldomiro C. Dias, Georgi-na da Conceição Chaves,Cie-antho de Albuquerque, LuizFragoso, Sylvio Brandão, Ar-chi medes de Azevedo, ZaidaN. da Fonseca, Julieta deSouza Dias.Dinorah Azevedo,Maria de Jesus da Silva San-tos, Cláudio Mendes,Nicome-des M. dos Santos, OrmindaMoraes, Eurydice Paim, Wal-demarlgnacio Paim.GuinmarNogueira da Gama e HelenaTeixeira.

CONCURSO N. 619

¦ O BIOMBO JAP0NEZ

Com um pouco de paci-encia terão hoje os nossosamiguinhes, como concurso,um lindo biombo japonez. Otrabalho é mais que facll enello mostrarão os nossos lei-tores o seu gosto artístico. Oconcurso está justamente ahi.

Expliquemos, porém:Comecem por colar toda

a figura em papel cartãoDepois recortem com- cuida-do as figuras de bnixoe appli-quem-as sobre as divisõesacima,correspondentes ás par-tes do biombo.

Será feito sorteio entre assoluções mais bem feitas eofferecidos dous prêmios de103000 cada um.

As soluções serão recebi-dsa até o dia 18 de Janeiro.

CONCURSO N. 620«"ARA OS LEITORES DOS ESTADOSPRÓXIMOS E d'esta CAPITAL

Perguntas:1 ¦ —Qual é o movei que, tendo a primeira das lettras

roçada, nos torna popular?(Enviada pela menina Alexandrina Ribeiro^2. —Uma fiôr collocada entre duas vogaes forma um

nome de mulher —Que é?(De Victorino Luiz Pereira)3- —Qual éa frueta que, se lhe tirarmos uma syllaba.é

outra frueta ?(Euclydes A. Xavier)

ÍA1 SE ACHAI NO PRELO OS ALMANACHS

* '' ' ti*-

I .

r^rastt^frrt&^^4- E' tempo de verbo e é rormado por trez notas mu-

sicaes? — Que é ?[Remettida por Adherbal Azamor)E basta, por hoje. Não nos parecem poucas as quatro

perguntas acima. Serão dados aos decifradores 2 prêmiosde 10$ cada um. A solução deverá ser assi"-nada pelo con-corrente, vir acompanhada de sua residência e edade etrazer collado á margem o vale n. 620

ir® iip t Tica-Tico

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O TICO-TICO 22

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E NOVO!!!É UNICO!!

A Direcoâo da Casa Colombo (a casa que mais baratovende em todo o Rio) avisa a todas suas Exmas. Freguezus cFreguezes que fará durante o mez de Dezembro próximo a suacolossal LIQUIDAÇÃO DE NATAL, fazendo grandes abatimen-tos cm todos os artigos de seus Departamentos.

A Direcção da Casa Colombo também leva ao conheci-mento de sua bondosa freguezia que, a titulo de FESTAS, faráuma grande LOTERIA de Natal para todos os seus Freguezesque, durante a sua Colossal Liquidação de Natal, compraremem seus Armazéns.

EIS AS CONDIÇÕES E A LISTA DE PRÊMIOSTodo Freguez, que de 30 de Novembro a 31 de Dezembro com-

prar nos Armazéns da Casa Colombo, receberá por cada compraque fizer, em cada Departamento, um Talão Numerado, que concor-rerá ao sorteio de 26 prêmios; sorteio este que se realizará nos Sa-lões da Casa Colombo no dia 31 de Dezembro,

OS 26 PRÊMIOS SÃO:Io prêmio—Uma toilette completa para senhora, no valor de 600$2o Prêmio—Uma toilette completa para homem, no valor de 300$3o Prêmio —Uma toilette completa para menina, no valor de lb0$4o Prêmio -Uma toilette completa para menino, no vaior de 100$De N. 5o a 15°--0NZE Brinquedos para meninas.DeN. 16° a26° --ONZE Brinquedos para meninos.

PUBLICAREMOS BREVEMENTE AS GRAVURAS DOS PRÊMIOS QUE SERÃO DISTRIBUÍDOSVantagens que offerece a CASA COLOMBO

Uma assignatura de 6 mezes do jornal O TICO-TICO. a iodo o lreguez que com-prar acima da quantia de 100$000. Uma assignatura de um snno quar.do aí compnf foremacima da quantia de 2OOSO0O. Uma assignatura de 6 mezes do jornal A ILLLSTRAO'C atodo o freguez ou fregueza que comprar 2308000. Uma assignatura de um anno.a quen com-prar500$000. Uma assignatura de 6 mezes do jornal O MALHO, ao freguez cu:a.<- orrpiasiorem de 1001000. Uma assignatura de 1 anno a quem comprar 2008000 Uma atsif naturaannual d"A LEITURA PARA TODOS, para aquelles cujas compras forem de 100$000

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Podemos emfim sahir da gruta

de nos inspirou o desejsabiam um pouco de inque poderíamos ter umErnesto era o primerro

o de cultivar as línguas que sabíamos, e aprender aquellas que não sabíamos,glez ; Jack applicou-se a aprender o hespanhol e o italiano,eu o maláio,porque sempre suppuzdia ou outro que entrar em relações com essa raça. Em todos esses exercícios de intelligencia,e mostravaital ardor, que éramos muitas vezes obrigados a arrancal-o do estudo.

O horizonte cobriu-se de nuvens negras e espessas ; de tempos em tempos t'cava e apressávamos os trabalhos ; éramos assustados com os relaiupagcs e cs *Jcontinuos, que os echos das montanhas repetiam. Até o mar tomou parte nesta revenatureza ; as cataratas do céu abriam-se mesmo mais depressa do que eu pensava,e vivemospor doze longas semanas profundas em nossa gruta. Os primeiros momentos de nossareclusão foram tristes; a chuva cahia com desesperadora uniformidade. Só tínhamos com-nosco na gruta a vacca, por causa do leite, o pequeno burrinho Sturn e a onagra. Deixámosno Ninho do Falcão os carneiros, os porcos e as cabj-as porque lá estavam abrigados etinham alimentos em abundância. Além disso iamos todos os dias visital-os. Os cães, aáguia, o chacal e o macaco, cuja sociedade devia nos alegrar durante a precisão, tambémestavam comnosco.

A gruta só tinha quatro aberturas,contando a porta. Os quartos de meus filhos e todoo fundo da habitação estavam constantemente mergulhados em escuridão profunda. Erapreciso illuminar a sala. Eis como o consegui. Ainda me restava um grande bambu, quepor accaso era da jiltura do tecto ; levantei-o e enterrei-o no chão da altura pouco mais ou^menos de um pé;

""depois, utili&an-do-me da agili-dade de Jack,fil-o subir pelobambu, levandouma roldana,uma corda e ummartello. Man-dei-o prender aorochedo a rolda-na, depois pas-sar a corda porcima, e suspen-di na corda umagrande lanternatrazida do navio.Franz e minhamulher foramencarregados decuidar d^Ila.í.V-nesto e Franzarranjaram a bi-bliotheca; puze-ram em ordemos instrumentoseos livros que ti-nhamos trazidodo navio, e leveiFritz commigopara arranjar oquarto de traba-Iho.

Armámos umtorno perto dajanella. As cai-xas que tinhamos salvo con-tinham muitos li-vros em diffe-rentes línguas.Havia obras dehistoria natural,de viagens, dasquaes algumascom gravuras.

Esta varieda-F"rilz e Ernesto,

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Pouco mais ou menos a duzentos passos distante de mim, vi o mar.

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O almoço não durou muito tempo

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Apezar de munido do meu ouclo,

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não me Joi possível ver o que era

T\t\Y*axc\os amd& nwAvofe oxiVroa ota\e.evos\uxo,dos quaes não íattei.taes como commodas,secretarias e um soberbo cnxonometro;fazia de nossa casa um verdadeiro palácio,assim como o chamavam as creanças.

Resolvemos trocar-lhe o nome, edepoisdemuitas hesitações adoptámos simplesmente ode Felsen-Heim (casa do rochedo).

CAPITULO XXXV

UMA BOA PRESA

Quando afinal conseguimos ver o céu lim-pido e claro, quando tivemos opportunidadedevoltar á vida do ar livre, isso foi para nós umagrande alegria.

Exactamente nesse dia, como parafestejar nossa liberdade, o fim de nosso encar-ceramento na casa de pedra, tivemos a felici-dade de ver naufragar deante de nossa ilhauma soberba baleia.

Logo que chegámos ao littoral meus filhoschamaram-mc a attencão para um vulto queapparecia no mar, a certa distancia próxima áilhota, que já havíamos visitado.

Apezar de um óculo não consegui distin-guir o que era. Parecia um bote voltado dequilha para cima e encalhado na areia quecir-cumdava o ilhote.

Mas|comoa maré estava muito alta encobria-o quasi completamente.

Aquillo intrigou-me tanto que, mettendo-me no bote com Fritz e £Vwes/o.dirigi-me paraaquelle logar, fazendo força de remos para an-dar mais depressa.

A certa distancia vi que era uma baleia queencalhara no banco de areia.

E eu não trouxera arpões para atacal-a !...O monstruoso cetáceo parecia bem novo;

mas se a mais subisse maré um pouco elle po-deria fugir.

Felizmente meus filhos tinham trazido asespingardas, de que nunca se separavam eapproximandõ-me bem consegui matar a ba-leia com tiros na bocca.

Mas já o dia ia declinando e tivemos quevoltar á ilha,onde minha mulher já estava cheiade inquietação pela demora.

CAPITULO XXXVI

ESQUARTEJAMENTO DA BALEIA

Logo depois do almoço, que foi muitorápido,preparámo-nos para voltar á ilhota; masantes eu me occupei em procurar os barrispara guardar a gordura da baleia.

Eu não queria levar as barricas vasias quetínhamos, porque ellas conservavam o maucheiro.

No emtanto essa gordura ser-me-hia útilpara alimentar as grandes lanternas da gruta.Minha mulher lembrou-me emfim que tinha-mos ainda as quatro tinas do nosso primeirobote, que estavam na água.

Partimos moi,? devagar

¦ ¦ ... ¦.. !—: 'i V-, , >. r**~—' —"

1 Baleia

Offioinas lithoaraphicas d'0 MALHO