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ESPAÇO SENTIDO, PERCEBIDO E VIVIDO: percepção socioambiental e aplicação dos conceitos de paisagem no âmbito
da educação geográfica
ANDRADE, VAGNER L. DE (1); SOUZA, EDILÉA L. DE (2); NICK, ALEXANDRE G. (3)
1. Programa Agentes Ambientais em Ação, Rede Ação Ambiental. Graduando de Licenciatura em Ciências Biológicas pela Universidade de Franca (UNIFRAN).
Praça Quatorze Bis, 130, Apto 906, Bela Vista, São Paulo – SP CEP 03240-400 E-mail: [email protected]
2. Studio Socioambiental. Educadora, bacharela/licenciada em Geografia e Análise Ambiental pelo
Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH/2007) e Mestranda em Sustentabilidade Socioeconômica e Ambiental pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Rua W, nº 412, Bairro Tupã, Contagem – MG CEP 32060-100 E-mail: [email protected]
3. Fundação Educacional Cristo Rei. Graduado em Geografia e Análise Ambiental pelo Centro
Universitário de Belo Horizonte (UNIBH) e especialista em Educação do Campo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Rua Rio de Janeiro, 1870, Centro, São Gabriel do Oeste – MS CEP 79490-000 E-mail: [email protected]
RESUMO
A importância da pesquisa em percepção ambiental para o planejamento do ambiente foi ressaltada pela UNESCO em 1973. O relacionamento entre as pessoas e o ambiente natural tem se consolidado atualmente como uma das principais preocupações da sociedade contemporânea. Epistemológicamente, o comportamento humano é muito complexo. Dentro desta perspectiva, um certo número de pesquisadores vem trabalhando, há alguns anos sobre percepção ambiental e buscam uma nova alternativa de desenvolvimento econômico que associe homens verdadeiramente comprometidos em relação ao ambiente. Para se pensar em novas concepções as atuais aspirações, decisões e ações vivenciadas, individuais e coletivas, devem ser avaliadas através de uma cuidadosa análise das atitudes, preferências, valores, percepções e imagens que a mente humana tem a capacidade de elaborar. Os seres humanos ainda não compreenderam que se não houver uma boa gestão ambiental, não somente a qualidade de vida estará ameaçada como também, a própria vida sobre a Terra. Através da percepção ambiental é possível ter uma visão estratégica do espaço produzido através da busca constante de um equilíbrio entre ser humano e natureza. Isso chama à atenção para inúmeras manifestações de desequilíbrio e desarmonia entre estas duas partes que teimam em se chocar, mas que são parceiras em sua essência. Embora se possa dizer, a rigor que a atividade humana, desde suas origens mais remotas, sempre se baseou nas percepções ambientais de seus praticantes, o que se observava, a partir do final dos anos sessenta é um verdadeiro resgate e uma nova valorização dessa maneira de explorar os lugares e as paisagens da Terra.
Palavras chave: Percepção Socioambiental; Paisagem; Educação Geográfica.
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Belo Horizonte, de 26 a 28 de setembro de 2016
INTRODUÇÃO
A percepção ambiental caracteriza-se como uma tomada de consciência do ambiente pelo
homem, ou seja, o ato de perceber o espaço em que está culturalmente e existencialmente
inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo. A abordagem de percepção ambiental
como visão holística se refere ao comportamento humano, colocando-o como resultado de um
processo perceptivo no qual o ambiente possui um papel fundamental (AMORIM FILHO,
2007). O estudo da percepção ambiental avalia níveis de preservação e degradação natural
de uma determinada região contribuindo decisivamente para uma análise critica buscando
assim possíveis soluções, no tempo e no espaço, consolidando permanências, rupturas e
adequações. Existem ainda trabalhos em percepção ambiental que buscam não apenas o
entendimento do que o indivíduo percebe e de como se dá este processo, mas acima de tudo
como ferramenta fenomenológica para se promover a sensibilização. O desenvolvimento do
sistema perceptivo e sua contribuição para a compreensão integrada do ambiente é uma nova
alternativa de potencial incomensurável ao possibilitar o planejamento da qualidade. Diante
das inúmeras transformações culturais, econômicas, políticas e sociais nos últimos séculos
aprofundaram-se as alterações que interferem na qualidade de vida e na construção da
sustentabilidade, uma vez que a natureza sofre com o crescente desenvolvimento tecnológico
e industrial da humanidade. Com isso, o homem age de acordo com os seus interesses no
ambiente natural, sem se preocupar com a finitude das matérias-primas desenvolvendo
técnicas capazes de interferir seriamente nos ecossistemas levando ao desgaste e à
escassez das fontes naturais do mundo. Os serviços ecossistêmicos indispensáveis à
manutenção e perpetuação da vida encontram-se ameaçados.
Por muito tempo, o ser humano se apropriou de recursos naturais sem se preocupar com a
sustentabilidade e, segundo Aguiar (2009), através dessas atitudes, acreditava dominar
plenamente a natureza. No entanto, através deste domínio e exploração irresponsável e
leviana dos recursos presentes no meio ambiente, o ser humano chegou a explorá-lo sem
permitir o tempo suficiente para se recompor. Foi a partir da década de 1970 que ocorreu um
maior destaque quanto à importância da proteção ao meio ambiente, com a esfera ambiental
se refazendo de uma degradação considerável que se estendeu e se desenvolveu ao longo
de vários anos, repercutindo nas condições de vida da humanidade. Essa discussão, que
envolve a superação da crise ambiental e desenvolvimento, tem sido apresentada em
diversos fóruns, desde então. Assim, a crise ambiental, aponta para a ameaça à vida humana
no que se trata às dimensões dos problemas ecológicos em escala planetária. A sociedade
enfrenta dificuldades em prover meios efetivos de impedir degradações, na medida em que
não acompanha os efeitos de um acelerado desenvolvimento econômico, industrial e
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tecnológico. Ações e medidas devem ser imediatamente adotadas buscando-se amenizar ou
acabar com a degradação e os impactos ao meio ambiente. No entanto, para que sejam
adotadas as corretas ações torna-se necessário conhecer o sujeito fenomenologicamente e a
sua relação com o ecossistema, que varia de acordo com a cultura, escolaridade, idade, entre
outros fatores e elementos. Através da percepção ambiental e também da geografia é
possível identificar estas relações, de maneira que se adotem medidas adequadas aos usos e
apropriação dos recursos disponíveis combatendo os efeitos negativos ao meio ambiente.
Nesse contexto, a necessidade de associar um modelo de desenvolvimento econômico
sustentável urge aliando-se à preservação do meio ambiente tanto natural, quanto cultural.
Assim à aplicação dos conceitos de paisagem no âmbito da educação geográfica criam a
noção de um espaço sentido, percebido e vivido consolidando uma percepção
socioambiental, rompendo paradigmas.
Percepção Ambiental: aspectos fenomenológicos
Através da fenomenologia é possível identificar, compreender e não mais aceitar, atitudes que
permitam ao homem destruir seu próprio meio de sustentação, inviabilizando projetos futuros.
A fenomenologia, segundo Rocha (2002), “busca mostrar que o ser humano vê o mundo e
seus fenômenos de com acordo com sua cultura, meio ambiente, formação educacional,
estado emocional, entre outros fatores que formam seu entorno e seu interior”. Assim, a
fenomenologia é utilizada como uma maneira de se explicar as possíveis diferenças
existentes entre as pessoas, o seu modo de agir e até mesmo de se relacionar com ambiente
cultural ou natural (Figura 01), sendo possível que uma pessoa que more no campo, tenha
uma maneira de enxergar e de interpretar o meio ambiente, diferente daquele indivíduo que
more em uma área urbana. A fenomenologia também é responsável por estudar a essência
da percepção e a essência da consciência (MERLEAU-PONTY, 1999), sendo o mundo tudo
aquilo possível de se perceber através da sua consciência e da sua visão. Desta forma,
segundo Aguiar (2009), “cada indivíduo percebe, reage e responde de diferentes maneiras
diante o meio. As respostas ou manifestações para com o meio são, portanto, resultado das
percepções, julgamentos e expectativas de cada indivíduo”. Para Merleau-Ponty (1999, p.
02), “tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu sei a partir de uma visão minha, ou
de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada,
todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido (...)”
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Figura 01 – Múltiplas conexões entre o sujeito e sua percepção
Fonte: esquema de Melazo (2007, p. 48)
De acordo com Souza (2007) "o ambiente" é um campo amplo e diversificado e as questões
ambientais galgaram à posição de destaque na agenda política, tanto nacional como
internacionalmente, durante as últimas décadas. Paralelamente, grupos de estudos crescem
em todo o mundo e no Brasil. Na verdade, muitos geógrafos e outros estudiosos buscaram
nos estudos de percepção ambiental uma nova alternativa epistemológica. Somado a isso, os
estudos de percepção ambiental foram incluídos em um grande movimento que recebeu o
nome de "Geografia Humanística”, trazendo contribuições que constituem, de fato, etapas na
evolução dos estudos da percepção ambiental. A questão permeia novas áreas de formação
acadêmica como a Psicologia, com o advento da Psicologia Socioambiental (FEAD, 2016) na
formação dos psicólogos contemporâneos. É fato que os estudos das percepções ambientais
dos homens de hoje constituem a última e decisiva fronteira no processo de uma gestão mais
eficiente e harmoniosa do ambiente e deve permear todas as áreas de conhecimento e
formação. Segundo Amorim Filho (2007), a atividade geográfica, desde suas origens mais
remotas, sempre se baseou nas percepções ambientais de seus praticantes, na ampliação do
ecúmeno. O que se observa, a partir do final dos anos de 1970 é um verdadeiro resgate e uma
nova valorização dessa maneira de explorar os lugares e paisagens da Terra.
As pesquisas em percepção ambiental viriam consolidar se efetivamente como uma das
linhas mestras dos estudos dos ambientes humanos a partir da década de 1970, quando a
União Geográfica Internacional – UGI criou o “Grupo de Trabalho sobre a Percepção
Ambiental”, e a UNESCO incluiu em seu “Programa Homem e Biosfera”, o Projeto 13:
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“Percepção de Qualidade Ambiental”. Enquanto o primeiro, previa a realização de uma série
de estudos internacionais comparativos sobre os “riscos do ambiente” e os "lugares e
paisagens valorizados”, o segundo preconizava o estudo da percepção ambiental como uma
contribuição fundamental para uma gestão mais harmoniosa dos recursos naturais (AMORIM
FILHO, 2007). Conforme já relatado, no Brasil, a partir da década de setenta, alguns
pesquisadores tem um papel significativo no desenvolvimento da nova abordagem com novos
conceitos, temas e técnicas fundamentais da percepção ambiental. Esses conceitos
alcançam um número bem elevado, e foram selecionados entre dez, tendo-se em vista a
freqüência e a regularidade com que vêm sendo empregados nos trabalhos sobre a
percepção ambiental. Os principais e mais expressivos de acordo com Yi-Fu Tuan, segundo
apontamentos de Souza (2007) são:
1. Atitude: um estado de espírito do indivíduo, orientado para um ou mais valores;
2. Cognição: é o processo psicológico por meio do qual o homem obtém, armazena e
utiliza a informação;
3. Imagem do lugar: tipologia de representação mental;
4. Paisagem: expressão que se tem ao observar a superfície da Terra e resultante da
combinação entre a natureza, as técnicas e a cultura dos homens;
5. Percepção: função psicológica que capacita o individuo a converter os estímulos
sensoriais em experiência, organizada e coerente;
6. Representação: processo que permite a evocação de objetos, paisagens e pessoas,
independentemente da percepção atual deles;
7. Topocídio: aniquilação deliberada de lugares ;
8. Topofilia: refere a laços afetivos que o ser humano desenvolve com seu ambiente, em
especial com lugares específicos criando uma ligação de sentimento com o lugar ;
9. Topofobia: alguma forma de aversão a paisagens e lugares.
10. Valor: está ligado a qualidade que o homem atribui, conscientemente ou não, a um
tipo de relação, a uma representação, ou a um objeto;
A partir desses conceitos, os estudos de percepção ambiental nos últimos anos, trabalham
temas bastantes consideráveis: qualidade ambiental; riscos ambientais; valorização e
história das paisagens; representações do mundo; imagens de lugares distantes; espaços
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pessoais; construção de mapas mentais; percepção ambiental e planejamento ( AMORIM
FILHO, 2007).
Geografia da Percepção: a paisagem e os sentidos enquanto peças-chave
A maneira de se perceber o meio ambiente, suas características, seus benefícios e até
mesmo a sua beleza irão variar de pessoa para pessoa, sendo possível que pessoas
diferentes enxerguem o mesmo local de maneira diversificada. De acordo com Aguiar (2009),
“diversas são as maneiras do ser humano perceber o mundo em que se encontra inserido,
assim como também de avaliá-lo”, o que permitirá múltiplas visualizações e visões de um
mesmo lugar. Para se perceber o mundo, o indivíduo utiliza simultaneamente todos os cinco
sentidos: audição, olfato, paladar, tato e visão (Figura 02) que poderá lhe proporcionar um
sentimento de topofilia ou topofobia com aquele lugar.
(...) embora todos os seres humanos tenham órgãos semelhantes do ponto de vista anatômico e fisiológico, o modo como suas capacidades são usadas e desenvolvidas começam a divergir numa idade bem precoce, de acordo com as necessidades próprias. Como resultado, as atitudes perceptivas para com o meio diferem também com a capacidade real dos sentidos, de modo que as pessoas em diferentes culturas possam desenvolver sentidos mais refinados para uma determinada questão enquanto outras desenvolvem outros modos perceptivos para a mesma questão (TUAN, 1980, p.14).
Figura 02 – imagem ilustrativa dos cinco sentidos
Fonte: queconceito.com.br (2016)
Quando se fala em percepção lembra-se também da educação ambiental e das interfaces
entre ambas no que se refere ao espaço sentido, percebido e vivido pelo homem ao longo de
sua jornada cultural e existencial. Quando Aguiar (2009) atesta que foi por volta da década
de 1960 e 1970 que surgiu um “resgate e a valorização para se perceber e explorar os
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diversos lugares e paisagens”, evidencia-se o protagonismo da “geografia humanística” na
busca por esta valorização e a experiência do indivíduo e de se compreender o
comportamento e as maneiras de sentir das pessoas em relação aos seus lugares. Assim
gradativamente a percepção socioambiental se insere na dinâmica formativa dos indivíduos
em escolarização com a aplicação dos conceitos de paisagem no âmbito da educação
geográfica permitindo o entendimento das diversidades que compõe o lugar e suas paisagens
(Figura 03). O entendimento da diversidade de uma paisagem perpassa por uma série de
interpretações a partir dos cinco sentidos, entendo suas nuances artísticas, biológicas,
filosóficas, geográficas, históricas, pedagógicas, sociológicas, dentre outros aspectos. Ao
perceber o meio ambiente ou até mesmo um lugar específico, o indivíduo, através de seus
sentidos, cria um elo afetivo, também conhecido como topofilia.
A topofilia diz respeito aos laços afetivos que o ser humano desenvolve com seu ambiente, em especial com lugares específicos, enquanto topofobia representará uma aversão ou até mesmo desprezo a determinado ambiente, ambientes esses que podem ser considerados desagradáveis ou até mesmo gerar medo (AGUIAR, 2009).
Figura 03 - Serra do Curral e a diversidade de ambientes que compõem a integralidade de uma paisagem.
Fonte: Fotografia de Vagner Luciano de Andrade (2015)
Alguns conceitos da Percepção: Topofilia X Topofobia
Enquanto uma aversão e até mesmo uma relação de medo com determinado lugar,
proporciona o sentimento de topofobia. Estes sentimentos podem inclusive se apresentar
quando indivíduos da área rural visitam uma área urbana, ou vice-versa. Morar em lugares de
insegurança pessoal e social, áreas propícias a desastres naturais e até mesmo guerras civis
pode significar, para muitos indivíduos, um sentimento topofóbico. No entanto, para as
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pessoas que já vivem nestes locais há bastante tempo, elos afetivos foram criados com o
lugar que, muitas vezes, não as fazem sentir aversão ou até mesmo medo com relação a este
ambiente. A relação que criada com o ambiente vivido está também relacionada com a
história que se constroi em determinado lugar, com a sua cultura, com os laços familiares que
o ambiente proporciona a este indivíduo, entre diversos outros fatores. Um sujeito que desde
que nasceu está acostumado com a rotina vivenciada no campo, com a tranquilidade e
segurança deste lugar, a obtenção de alimentos através do seu próprio trabalho, entre outros,
pode favorecer o surgimento de um sentimento topofílico com o lugar, visto que esta pessoa
criará um elo afetivo, através da percepção e da relação existente com este ambiente.
Ao visitar um centro urbano, com tráfego intenso de carros e pessoas, muito barulho, muitos
prédios, pouca vegetação, podem favorecer o surgimento de um sentimento de repulsa e até
mesmo de medo, diante um ambiente diferenciado ao que está acostumado a viver. Estas
relações existentes entre as pessoas e os lugares podem representar sentimentos de medo
ou de afeição, como também de degradação ambiental, como ocorre através do topocídio.
Segundo Amorim (1996), topocídio significa realizar uma aniquilação deliberada de lugares.
As atitudes de topocídio podem ser observadas através dos desmatamentos, poluição de rios,
queimadas, etc. Ao se conhecer a percepção ambiental de uma pessoa, é possível identificar
o motivo que a leva a ter determinados cuidados ou não com aquele lugar, visto que este pode
ser visto como meio um de se lucrar cada vez mais, como um meio de sobrevivência, sua
moradia, etc.
Ensino de Geografia e a Educação Ambiental: As questões ambientais
no contexto mundial
Os princípios da percepção conectam-se diretamente aos precitos pedagógicos da educação
geográfica e da educação ambiental. Durante vários anos, acreditava-se que os recursos
naturais eram infinitos, não havendo nenhum tipo de preocupação diante sua exploração e
preservação. No entanto, com o passar dos anos foi visível a degradação ocorrida ao meio
ambiente e os impactos da exploração, principalmente econômica, e a exaustão desses
recursos. Somente nas últimas décadas do século XX foi que as discussões e reuniões acerca
das questões ambientais, passaram a ser discutidas com relevância em vários países, onde
se promovia a necessidade de se adotar atitudes e responsabilidades ambientais. Em 1972,
em Estocolmo, Suécia, ocorreu a Primeira Conferência Internacional para o Meio Ambiente
Humano, promovida pela Organização das Nações Unidas – ONU, onde foi representada a
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realidade ambiental e a Educação Ambiental entrou para a história do movimento
ambientalista mundial, passando a ser considerada como campo de ação pedagógica e como
uma nova dimensão na educação.
Esta conferência, segundo Souza (2002), “inseriu a questão ambiental de forma prioritária e
definitiva na agenda internacional” e as “nações começaram a estruturar seus órgãos
ambientais e estabelecer suas legislações visando ao controle da poluição ambiental”
(VALLE, 2002, p. 20). A partir deste momento, os temas socioambientais ganharam grande
repercussão e, através desta conferência, uma das consequências foi também à criação do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA. O PNUMA “tem entre suas
tarefas, a informação, a educação e a capacitação orientadas preferencialmente a pessoas
com responsabilidade de gestão social sobre o meio” (DÍAZ, 2002, p. 52).
A coincidência da UNESCO e do PNUMA em algumas tarefas e a necessidade de estender a formação e a educação ambientais ao conjunto da população levaram à criação conjunta, em 1975, de um programa internacional de Educação Ambiental (PIEA), cuja primeira atuação tem lugar em outubro de 1975, com a organização de um seminário internacional (Seminário de Belgrado). O PIEA representou avanços notáveis em aspectos, como o intercâmbio de informação, a pesquisa, a formação ou a elaboração de materiais educativos. Assim, graças ao intercâmbio, foi possível difundir interessantes publicações e materiais em reuniões regionais e nacionais, como seminários, oficinas etc. (DÍAZ, 2002, p. 52).
Depois de realizada a Conferência de Estocolmo, mais de 100 países se reuniram, incluindo o
Brasil, para avaliar os objetivos e os resultados que se pretendiam alcançar. Neste momento
foi redigido um documento, chamado Agenda 21 Global. Através dos assuntos tratados na
Agenda 21 Global, é realizada a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, que aconteceu no Rio de Janeiro em 1992, onde foi reconhecida a
importância de assumir a ideia de sustentabilidade em qualquer programa ou atividade de
desenvolvimento. Em 1997, através do Protocolo de Kyoto, vários países industrializados se
comprometeram a reduzir, até 2012, a emissão de gases que estariam contribuindo para o
aumento do aquecimento do global. De acordo com Guimarães (2000), essa demanda pelas
temáticas ambientais, não só decorre dos aspectos legais, mas também dos problemas
socioambientais vivenciados por toda a sociedade na atual conjuntura, provoca a
necessidade de formar profissionais aptos a trabalhar como essa nova dimensão do processo
educativo que é o tratamento das demandas ambientais. Sob esse aspecto ressalta-se a
preocupação com a melhoria da qualidade de vida das gerações futuras bem como o destino
do território, e, portanto, de suas paisagens remanescentes. Em consonância com a
Constituição, a Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a Educação Ambiental e
institui a Política Nacional de Educação Ambiental:
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Art. 1º. Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Art. 2º. A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis do ensino e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal (ROCCO, 2002, p. 225)
A educação ambiental, não se formata como disciplina compartimentada e deve permear todos os
conteúdos e currículos vigentes no projeto político pedagógico escolar, sem se limitar a este espaço
formativo, transpondo-o. A Geografia, enquanto conteúdo interdisciplinar, multidisciplinar e
transdisciplinar não estaria de fora das discussões que permeiam a reformulação da educação
básica frente às discussões ambientais contemporâneas. Assim ao se pensar o projeto educacional
vigente, aliando-o à percepção è a educação de cunho socioambiental destaca-se a discussão
teóricas das inteligências múltiplas (Figura 04). Segundo Campbell (2000) elas são as oito
seguintes:
1. Inteligência linguística: É a habilidade de articular bem as palavras, tanto na linguagem
escrita quanto na falada. Esta é a inteligência em que a pessoa facilmente memoriza nomes,
demonstra maior gosto pela leitura. Geralmente crianças das séries iniciais que demonstram
esta inteligência têm um vocabulário maior e conseguem pronunciar com mais facilidade as
palavras do que os demais colegas de classe. Podemos destacar os profissionais das áreas
do humor, escritores e poetas que têm esta inteligência.
2. Inteligência lógico-matemática: É a habilidade de entender facilmente cálculos, questões
aritméticas e gráficos, bem como de fazer prognósticos e lidar com máquinas. Destacam-se
nesta inteligência os contadores, programadores, matemáticos e cientistas.
3. Inteligência espacial: É a capacidade de perceber facilmente as formas dos objetos e
descrevê-las, localizar-se em locais desconhecidos, interpretar mapas e diagramas; é a
habilidade de desenhar e pintar. Estas características são encontradas nos profissionais de
arquitetura, pintura, desenho, escultura etc.
4. Inteligência corporal-cinestésica: É a capacidade de usar o corpo para expressar e
demonstrar sentimentos e emoções, ao invés de usar palavras. Por exemplo, uma pessoa
pode representar muito bem a arte da mímica e não ter talento algum para o esporte ou
trabalhos manuais. Pode ser encontrada nos mímicos, dançarinos e atletas.
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5. Inteligência musical: A pessoa com essa inteligência tem a sensibilidade de identificar sons,
melodias e volume; tem voz agradável e facilidade de tocar instrumentos musicais. São
encontradas estas características em músicos, compositores e bailarinos.
6. Inteligência intrapessoal: É a capacidade de se autoconhecer. A pessoa com esta
inteligência reconhece facilmente seus sentimentos, motivações, fraquezas, desejos e
intenções. Geralmente essas pessoas têm uma elevada autoestima e preferem trabalhar e
estudar sozinhas a fazê-lo em grupos. Expressam facilmente como se sentem. São
características encontradas em filósofos, conselheiros e terapeutas.
7. Inteligência interpessoal: É a habilidade de conhecer e compreender os sentimentos,
motivações e intenções das outras pessoas. Pessoas com esta inteligência são líderes natos,
têm facilidade para dar conselhos, fazer amizades, trabalhar em grupos; gostam de frequentar
clubes e outras organizações. Líderes comunitários ou religiosos, professores, políticos e
terapeutas destacam-se nesta inteligência.
8. Inteligência naturalista: É a habilidade de reconhecer e classificar animais, minerais e
plantas. Estas características são encontradas em pessoas que têm preocupação voltada à
conservação das espécies e do planeta, que participam de ONGs em favor da preservação da
natureza e que manifestam preocupação com o aquecimento global.
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Figura 04 – Inteligencias múltiplas e suas relações no processo de percepçãod a realidade.
Fonte: Campbell (2000)
Portanto, a questão ambiental deixou de ser uma preocupação restrita aos profissionais
envolvidos com problemas dessa ordem passando a ser uma demanda emergencial aos
docentes e discentes. Considerando a atual dinâmica socioambiental, essa temática é de
responsabilidade de toda a sociedade, uma vez que todos estão sujeitos aos efeitos dos
problemas ecológicos, tanto regional quanto globalmente. Portanto, “isto significa afirmar que
a referida temática transcende o envolvimento apenas de biólogos, de geógrafos ou
ecologistas, mas estende-se a todos os cidadãos, ou ainda, a todos os atores sociais”
(CASTRO, 2000 apud LOUREIRO, 2000, p.157). O tema meio ambiente tem suscitado
inúmeros debates tanto no âmbito da própria educação como também da esfera política. No
âmbito político, tais discussões vieram à luz nas diversas conferências mundiais. A partir
dessas exposições definiram-se orientações adotadas por várias nações, inclusive o Brasil.
Através de vários documentos oficiais, esse assunto se tornou relevante nos processos
educacionais formais com o propósito de valorizar e permitir a construção do saber ambiental.
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O saber ambiental surge então como o conjunto de paradigmas de conhecimentos, disciplinas científicas, formações ideológicas, sistemas de valores, crenças, conhecimentos e práticas produtivas sobre os diferentes processos e elementos – naturais e sociais – que constituem o ambiente, suas relações e seus potenciais. Este saber plasma num discurso teórico, ideológico e técnico, e circula dentro de diferentes esferas institucionais e ordens de legitimação social. Desta forma, o saber ambiental está refletindo nas teorias científicas sobre o ambiente, no discurso político e nos planos oficiais, nas expressões da consciência cidadã e nos princípios de suas organizações e de seus programas de ação, nas ordenações ambientais e nas técnicas e tecnologias para a gestão ambiental (LEFF, 2006 p. 144).
Ainda de acordo com Leff (2006), o saber socioambiental possibilita a efetivação dos
princípios relacionados à educação ambiental para os vários níveis de formação, constituindo
uma complexa dialética entre as realidades e os conhecimentos. Dessa forma, o saber
socioambiental não é somente uma posição teórica mais adequada a um contexto
sociocultural, mas algo complexo formado a partir de novas aproximações holísticas e
sistêmicas. Guimarães (1995), afirma que discutir as questões ambientais é relevante para
permitir a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente. Nesse
sentido, uma relação harmoniosa (almejada), entre a sociedade e natureza deve permitir a
criação de mecanismos que possibilitem novos conhecimentos, valores e atitudes, inserindo
educandos e educadores como cidadãos no processo de transformação da atual situação
ambiental do Planeta.
Cascino (1999) ressalta a relevância da necessidade de pensar as demandas
socioambientais não de maneira desconectada e específica, porém sob um ponto de vista
interdisciplinar, que deva propiciar a formação de cidadãos críticos em relação a sua
realidade. As Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN +) para o Ensino de Geografia aponta como objetivos desse segmento de
ensino a leitura, interpretação e elaboração de documentos cartográficos; compreensão das
estruturas constituintes do espaço; reconhecimento e identificação dos processos de
construção/reconstrução do espaço geográfico bem como a avaliação dos impactos
decorrentes desses processos do ponto de vista histórico.
Tal documento continua afirmando que, sob esse aspecto, a dimensão física/natural não deve
se desvincular da dimensão humana, haja visto que os homens são produtores de cultura, e
que esta é resultado da relação sociedade-natureza (BRASIL, 2006, p. 66). Uma dimensão
privilegiada nessa abordagem é a busca pelo diálogo entre as disciplinas, o que significa que,
cotidianamente, deve-se valorizar a interdisciplinaridade para que a construção do
conhecimento de fato ocorra. O termo interdisciplinaridade pode ser reservado à inter-relação
de diferentes campos do conhecimento com a finalidade de pesquisa ou solução de
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problemas, sem que as estruturas de cada área do conhecimento sejam afetadas em
consequência da colaboração. Souza (2007) destaca que os principais e mais expressivos
objetivos da integração entre as diferentes disciplinas ressaltando a unidade que deve existir e
formas de conhecimento nas instituições escolares.
O raciocínio geográfico forma-se a partir de um referencial teórico-metodológico, assentado
sobre os conceitos de natureza, paisagem, espaço, território, região e lugar, congregando
dimensões de análise que abordam tempo, cultura, sociedade, poder e relações econômicas
e sociais (PNLD, 2006). Em qualquer modelo de organização da ciência geográfica, ou com
qualquer estrutura curricular, a gestão do programa cabe ao professor de forma individual ou
em grupo, ao transformar o currículo planejado em currículo construído. O professor constitui
o eixo motivador em todo o processo e é ele que introduz a perspectiva ambiental. O ensino
da Geografia “deve priorizar a análise do espaço vivido e as práticas do espaço percebido,
transpondo-o para as representações do espaço concebido” (Castrogiovanni, 1999, p. 81).
Essas dimensões devem estar presentes no currículo da escola.
Sendo o currículo a escola como um todo, o mesmo deve ter uma estrutura multicultural. Ao
longo dos anos, o currículo escolar brasileiro, passou por diversas modificações para se
adaptar à realidade e às exigências da sociedade. De acordo com as Orientações
Complementares ao Ensino Médio (PCN +),
Mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar símbolos, estar formado para a vida, num mundo como o atual, de tão rápidas transformações e de tão difíceis contradições, significa saber se informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir, enfrentar problemas de qualquer natureza, participar socialmente, de forma prática e solidária, ser capaz de elaborar críticas ou propostas e, especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado (BRASIL, 2006. p. 16)
Sob essa perspectiva, Gadotti (2000) informa que nos últimos anos surgiu uma nova
abordagem a ser incorporada ao currículo escolar, a Ecopedagogia. Essa abordagem aponta
para a formação de um novo cidadão, que se coloca como agente ativo frente às questões
ambientais. Tais questões referem-se tanto à exploração desenfreada dos recursos do
planeta bem como a distribuição desigual das riquezas. Considera ainda, uma ética global que
valorize as culturas, e os diversos saberes produzidos por elas. Segundo Grun (1995), a
temática ambiental efetivou-se no universo escolar há mais ou menos duas décadas,
decorrente da emergência da crise socioambiental. Esse autor afirma que a crise foi precedida
por certa “ecologização” das sociedades, marcada pelo estado alarmante, de degradação do
ambiente denunciado por diversos setores da sociedade.
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De acordo com Cavalcanti (2002), um aspecto relevante sobre a temática ambiental, é que a
mesma pode e deve ser trabalhada a partir da contribuição da Geografia. Como entende
Cavalcanti (2002), o tema da educação ambiental, no sentido de formação para a vida no
ambiente, está cada vez mais presente nas formulações teóricas e nas indicações para o
ensino de Geografia. Ainda de acordo com Cavalcanti,
A concepção que se tem hoje de Geografia não é mais a de uma ciência que trata da descrição de aspectos gerais observáveis da natureza, da população e da economia dos diferentes lugares do planeta. Entendemos, hoje, que essa descrição é insuficiente para o conhecimento do espaço geográfico e do papel desse espaço nas práticas sociais – conhecimentos fundamentais para a atuação social (CAVALCANTI, 1993, p. 71).
Segundo Cavalcanti (1993), o professor para verdadeiramente ensinar, deve reconstruir,
reestruturar, selecionar e acrescentar conceitos, fatos e fenômenos da Geografia aos temas a
serem trabalhados para a formação integral do aluno. Isso significa necessariamente, o
abandono dos conceitos geográficos clássicos, significando um rearranjo metodológico do
livro didático e uma nova abordagem dos temas propostos. A temática ambiental enquanto
elemento educativo deve conduzir esta reformulação da metodologia clássica para a ação e a
reflexão, inserindo os educandos como protagonistas nas transformações de suas realidades
geográficas.
De acordo com Loureiro (2000), a educação ambiental, como proposta educativa surge da
consciência das limitações do processo civilizatório moderno, é uma via que expressa,
fundamentalmente, a contestação do modelo de exploração do ambiente natural e,
conseqüentemente, do ambiente social da vida moderna. Em suma, a preocupação da
Geografia Escolar, segundo Cavalcanti (2002), deve estar ligada ao desenvolvimento
intelectual, social e afetivo do aluno, de modo a contribuir para sua formação como cidadão,
através da prática de construção e reconstrução dos conhecimentos sócio-espaciais.
Segundo Souza (2007), tais práticas devem levar o aluno a compreender o mundo em que
vivem e atuam e, conseqüentemente, posicionar-se criticamente frente às questões
ambientais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, a partir da década de setenta, alguns pesquisadores tem um papel significativo no
desenvolvimento da nova abordagem sobre as questões socioambientais. A partir daí surgem
novos conceitos, temas e técnicas fundamentais da percepção ambiental. Esses conceitos
alcançam um número bem elevado, e tendo-se em vista a freqüência e a regularidade com
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que vêm sendo empregados nos trabalhos sobre a percepção e intrepretação do meio
ambiental. Para que seja possível trabalhar conceitos de meio ambiente, sustentabilidade e
demais ações acerca de preservação da natureza é necessário conhecer o indivíduo e a sua
relação existente com o meio no qual se encontra inserido, permitindo assim, medidas e
recursos adequados, de acordo com o perfil e a necessidade de cada um. a disciplina
geográfica fornece instrumentos para que os cidadãos possam localizar os diferentes
ambientes produzidos pelo homem e, outros por ele reservados ou destruídos, com o objetivo
principal de compreender os significados dessa localização. Partindo desse pressuposto, um
determinado tema pode ser estudado na escola como tema transversal de Meio Ambiente.
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