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Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril
Mestrado em Turismo
Gesto Estratgica de Destinos Tursticos
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Tnia Filipa Ramos Cabeleira
Dezembro de 2011
Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril
Tnia Filipa Ramos Cabeleira
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Orientao do Professor Doutor Sancho Silva
Dezembro de 2011
Capa e Ilustraes: Rita Vaza
Aqui nesta praia onde
No h nenhum vestgio de impureza,
Aqui onde h somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro Espao e lcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a prpria liberdade.
Sophia de Mello Breyner Andresen (2005)
Dedicatria
memria do meu pai que me inspirou nesta viagem pelo mundo do turismo.
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Agradecimentos
v
Agradecimentos
A realizao da presente dissertao de Mestrado foi um caminho complexo no qual o
apoio, compreenso e motivao de vrias pessoas transformaram num percurso
objectivo e exequvel.
Todos os envolvidos no meu percurso acadmico contriburam para o nvel de
conhecimento que me permitiu elaborar a dissertao. Contudo, o meu profundo
agradecimento pela dedicao, cordialidade e eficincia, dirige-se ao Professor Doutor
Sancho Silva, que me orientou e aconselhou cientificamente, incentivando-me e
acreditando sempre nas minhas capacidades.
Neste sentido, um especial agradecimento professora Marta Castel-Branco, pela sua
dedicao no acompanhamento activo nos esclarecimentos estatsticos. Agradeo
tambm, ao professor Bruno Osrio pela disponibilidade prestada nos sistemas de
informao geogrfica.
No esquecendo o princpio dos estudos acadmicos, agradeo e reconheo a
receptividade na correco das tradues por parte da professora Norma Ferreira, que
durante a licenciatura me leccionou a unidade curricular de Ingls para o Turismo, na
Escola Superior de Tecnologia e Turismo do Mar, no Instituto Politcnico de Leiria.
A investigao do estudo no seria possvel sem a colaborao e a disponibilidade dos
entrevistados que contriburam com os seus conhecimentos e apreciaes formadas com
base na sua experincia profissional, valorizando e suportando toda a investigao
efectuada, refiro-me ao Dr. Antnio Carneiro, Presidente do Turismo do Oeste; ao Dr.
Antnio Jos Correia, Presidente da Cmara Municipal de Peniche; ao Eng.. Pedro
Bicudo, Presidente da SOS e docente e investigador no Instituto Superior Tcnico; e um
agradecimento muito especial a Pedro Martins de Lima por me ter recebido
pessoalmente, tendo sido uma experincia enriquecedora na partilha de vivncias,
conhecimentos e na transmisso de valores.
De referir tambm todos os inquiridos, designadamente a comunidade surfista local e os
visitantes surfistas de Peniche, que com muita ou pouca vontade colaboraram no
preenchimento do questionrio, muito obrigada pela cooperao.
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Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Agradecimentos
vi
Na expresso criativa agradeo Rita Vaza pelas aguarelas de mar e ao Nelson Graa
pela dedicao no design do logtipo da Rota de Surf, acrescentando valor a todo o
projecto.
A todos os meus amigos. Em especial, ao Andr que me acompanhou neste caminho,
participando e apoiando sempre e incondicionalmente. Ftima pela amizade, carinho
e motivao. Ao Jorge colega e amigo neste captulo acadmico, na partilha de dvidas
e alegrias. Aos amigos do PEPAL, nomeadamente Francisco, Gil, Guilherme e Rita
contribuindo sobretudo para encarar todo este projecto com tranquilidade e positivismo.
Cristina, amiga com respostas divertidas s incertezas e ao Marco, meu coordenador
de estgio profissional, pela ajuda no estabelecimento de contactos, pela sua
compreenso e considerao.
Por fim, mas no em ltimo lugar agradeo minha famlia, especialmente me
Teresa, irm Ctia e sobrinho David pela compreenso e persistncia em transmitir-me
fora, bem como o reconhecimento que o pai Jorge, a me e irm tiveram na minha
educao e formao de valores contribuindo para quem sou.
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Resumo
vii
Resumo
A dissertao Turismo de Surf na Capital da Onda: ensaio sobre a sustentabilidade de
uma rota de surf em Peniche tem como principal objectivo definir o potencial de
Peniche para o surf, avaliar as condies para a implementao de uma rota de surf,
bem como investigar o seu contributo para o desenvolvimento sustentvel e
reconhecimento nacional e internacional da regio.
A gesto de destinos e produtos tursticos assenta no planeamento de estratgias,
considerando a especificidade de cada destino para a conceptualizao dos produtos
prioritrios. A concepo de novos produtos tursticos pode conferir novas
oportunidades de negcio pela inovao no turismo. Neste sentido, o surf cada vez
mais abordado na perspectiva turstica, embora os estudos sobre os potenciais
benefcios para o desenvolvimento local sejam recentes, intensifica-se a necessidade de
implementar orientaes estratgicas para o desenvolvimento sustentado dos destinos
tursticos de surf.
O turismo de surf em Peniche encarado como uma aposta turstica local, por
conseguinte interessa investigao estudar os seus benefcios, atravs de fontes
primrias (inventrios, entrevistas, questionrio) e secundrias (investigao
documental), de modo a compreender os desafios estruturantes e as oportunidades no
desenvolvimento do surf enquanto produto turstico emergente.
A avaliao das condies para a criao de uma rota de surf em Peniche, permitiu
concluir que existem recursos endgenos excelentes, nomeadamente a qualidade e
diversidade de ondas para a prtica de surf, bem como projectos de interesse associados
matria. No entanto, algumas carncias de infra-estruturas de apoio e desafios
identificados tero de ser colmatados. Assim, a rota de surf pode ser uma proposta
impulsionadora para as condies base do turismo de surf, bem como para a visibilidade
nacional e internacional de Peniche na aposta estruturada deste produto.
Palavras-chave: Turismo, Destinos e Produtos Tursticos, Turismo de Surf,
Sustentabilidade, Rota de Surf
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Abstract
viii
Abstract
The dissertation "Surf Tourism in the Capital of the Wave: essay on the sustainability of
a surf route in Peniche" has as main objective to define the surf potential of Peniche,
evaluate the conditions for the implementation of a surf route, as well as investigate its
contribution to sustainable development and national and international recognition of
the region.
The management of tourism destinations and products is based on planning strategies,
considering the specificity of each destination to conceptualize the priority products.
The design of new tourism products can provide new business opportunities thought
innovation in tourism. In this sense, the surf is increasingly approached from the
perspective of tourism, although studies on the potential benefits for local development
are recent, they intensify the need to implement strategic guidelines for the sustainable
development of tourist surf destinations.
The surf tourism in Peniche is seen as a local tourism strategy, therefore interest study
its benefits through research: primary sources (inventories, interviews, questionnaires)
and secondary sources (documentary research), in order to understand the structural
challenges and opportunities in the development of surf as an emerging tourism product.
Evaluating the conditions for the creation of a surf route in Peniche, concluded that
there are excellent local resources, including the quality and diversity of waves for
surfing, as well as other projects of interest associated with the matter.
However, some lack of support infrastructure and identified challenges must be
overcome. Thus, the surf route can be a proposal with potential to promote the basic
conditions of the surf tourism, as well as provide national and international visibility to
Peniche through the structured investment in this product.
Key-words: Tourism, Tourism Destinations and Products, Surf Tourism,
Sustainability, Surf Route
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Glossrio
ix
Glossrio
ASP Association of Surfing Professionals
BTL Bolsa de Turismo de Lisboa
CAR Centro de Alto Rendimento
CBNTPL Cluster de Bens No Transaccionveis de Produo Localizada
CDU Coligao Democrtica Unitria
EUROSIMA European Surf Industry Manufacturers Association
FENACERCI Federao Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social
FENACERCI Federao Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social
FPAS Federao Portuguesa de Actividades Submarinas
FPS Federao Portuguesa de Surf
ISN Instituto de Socorro a Nufragos
MEI Ministrio da Economia e da Inovao
NSW New South Wales
OMO Our Mother Ocean
OMT Organizao Mundial do Turismo
ONU Organizao da Naes Unidas
PENS Plano Estratgico Nacional de Surf
PENT Plano Estratgico Nacional do Turismo
PNB Produto Nacional Bruto
POOC Plano Ordenamento da Orla Costeira
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Glossrio
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PROTOVT Plano Regional de Ordenamento do Territrio do Oeste e Vale do
Tejo
QREN Quadro de Referncia Estratgico Nacional
RTP Rdio e Televiso Portuguesa
SIC Sociedade Independente de Comunicao
SIMA Surf Industry Manufacturers Association
SOS Salvem o Surf
SPC Service & Profit Consulting
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
TIC Tecnologias de Informao e Comunicao
USBA Unio de Surfistas e Bodyboarders dos Aores
WQS World Qualifying Series
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Glossrio de Surf
xi
Glossrio de Surf
Beach break Tipo de onda que rebenta na praia com substrato de areia
Beach point break Tipo de onda que rebenta num ponto de terra adjacente linha
costeira com substrato de areia
Point break Tipo de onda resultante do embate num ponto de terra natural ou
artificial adjacente linha costeira
Boat charter de turismo de surf Tipo de viagem de surf em que os surfistas
permanecem hospedados a bordo da embarcao que os transporta para ondas de
eleio
Crowd Excesso de lotao de surfistas no mar
Drop Movimento de descer a onda da crista at base
Leash ou Chop Equipamento de surf que prende a prancha ao p
Longboard Tipo de prancha de surf geralmente acima dos 2,70 metros com a sua
frente (nariz) mais arredondado, estando associado a um estilo de surf mais clssico
Offshore Vento que vem de terra em direco ao mar, alisando a crista da onda,
atribuindo-lhe qualidade
Outlets de surf Lojas de surfwear e de materiais/equipamentos de coleces
anteriores a preos reduzidos
Reef break Tipo de onda resultante do fundo/substrato martimo em que a praia
tem fundo rochoso ou de recife de coral
Point Reef Break Tipo de onda que rebenta num ponto de terra adjacente linha
costeira, sendo o tipo de fundo rochoso ou de recife de coral
Secret spots Lugares ainda no descobertos ou explorados com qualidades para o
surf
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Glossrio de Surf
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Shortboards Tipo de prancha de surf com cerca de 1,80 metros e com a sua frente
(nariz) relativamente pontiagudo, concebida para um surf mais veloz e manobrvel
Soft adventure Tipo de turismo aventura composto por actividades ao ar livre de
baixa intensidade como observao de fauna, campismo, percursos pedestres, entre
outras. Em oposio a hard adventure.
Spots de surf Locais (praias ou ondas) de qualidade para a prtica de surf
Surf media Comunicao social temtica de surf
Surf schools Escolas de surf
Surf travel companies Agncias de viagens especializadas no nicho de mercado
do surf
Surf trips Viagens de surf
Surfari Viagem de surf exploratria e de aventura
Surfcamps Tipo de alojamento temtico de surf
Surfer Surfista
Surfwear Estilo de vesturio casual ligado filosofia do surf que gerou uma
grande indstria
Swell Ondulao ocenica
Take off Movimento que permite ao surfista colocar-se de p em cima da prancha,
entrando na onda iniciando o drop
Uncrowded Ausncia de lotao de surfistas no mar
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ndice
xiii
ndice
Agradecimentos .............................................................................................................. v
Resumo .......................................................................................................................... vii
Abstract ........................................................................................................................ viii
Glossrio ......................................................................................................................... ix
Glossrio de Surf ........................................................................................................... xi
ndice ............................................................................................................................ xiii
ndice de Figuras ........................................................................................................ xvii
ndice de Tabelas ....................................................................................................... xviii
Captulo I Introduo ................................................................................................... 19
1.1. Enquadramento e Contextualizao do Tema ................................................ 19
1.2. Conceptualizao da Estrutura do Trabalho ................................................... 20
1.3. Objectivos e Questes do Estudo ................................................................... 22
1.4. Pertinncia do Estudo ..................................................................................... 23
Captulo II Reviso da Literatura ............................................................................... 25
2.1. Conceptualizao dos Aspectos Gerais do Turismo....................................... 25
2.1.1. Conceito de Turismo .................................................................................. 25
2.1.2. Sistema Turstico ........................................................................................ 26
2.1.3. Impactes do Turismo .................................................................................. 28
2.1.4. Planeamento em Turismo ........................................................................... 31
2.1.5. Turismo e o Desenvolvimento Sustentvel ................................................ 33
2.1.6. Destinos Tursticos: Gesto Estratgica de Marketing ............................... 36
2.2. Produtos Tursticos: Organizao, Gesto e Desenvolvimento ..................... 38
2.2.1. Conceito de Produto Turstico .................................................................... 38
2.2.2. Organizao, Gesto e Engenharia do Produto .......................................... 39
2.2.3. Desenvolvimento de Produtos Tursticos ................................................... 41
2.2.4. Tendncias e Inovao dos Produtos Tursticos ......................................... 42
2.2.5. Planeamento Estratgico e Operacional de Marketing ............................... 43
2.3. O Surf e o Turismo ......................................................................................... 45
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ndice
xiv
2.3.1. Breve Histria do Surf ................................................................................ 45
2.3.2. Definio do Turismo de Surf .................................................................... 51
2.3.2.1. Tipologias de Turismo de Surf ........................................................... 53
2.3.2.2. Perfil da Procura: Comportamentos e Motivaes ............................. 53
2.3.3. Surf: Mercado em Evoluo ....................................................................... 56
2.3.4. Promoo e Comunicao na Indstria do Surf ......................................... 58
2.4. Sustentabilidade do Turismo de Surf.............................................................. 60
2.4.1. Impactes do Turismo de Surf...................................................................... 60
2.4.2. Planeamento Sustentvel do Turismo de Surf ............................................ 65
2.4.3. Rotas Temticas: Relevncia para o Desenvolvimento Local.................... 69
2.4.4. Potenciais Oportunidades de uma Rota de Surf ......................................... 71
Captulo III Metodologia ............................................................................................. 73
3.1. Modelo Conceptual ........................................................................................ 73
3.2. Design do Estudo ............................................................................................ 74
3.3. Modelo de Anlise .......................................................................................... 75
3.3.1. Objectivos do Estudo .................................................................................. 76
3.3.2. Perguntas de Partida ................................................................................... 76
3.3.3. Hipteses em Estudo .................................................................................. 76
3.4. Mtodos de Observao.................................................................................. 77
3.4.1. Instrumentos de Investigao ..................................................................... 77
3.4.2. Grupos de Estudo e Respectivos Mtodos de Seleco e Amostragem ..... 79
3.4.3. Equipamentos Utilizados na Recolha de Informao ................................. 81
3.4.4. Forma de Registo e Organizao dos Dados Recolhidos ........................... 81
3.5. Mtodo de Anlise e Tratamento de Dados.................................................... 81
Captulo IV Anlise Emprica de Dados I Fontes Secundrias ............................. 83
4.1. O Surf em Portugal ......................................................................................... 83
4.1.1. Breve Histria do Surf em Portugal ........................................................... 83
4.1.2. Surf no PENT ............................................................................................. 89
4.1.3. Oportunidades do Turismo de Surf em Portugal ........................................ 92
4.1.4. O Contributo dos Eventos Desportivos de Surf ......................................... 93
4.2. Potencialidades do Surf em Peniche ............................................................... 96
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ndice
xv
4.2.1. Breve Histria do Surf em Peniche ............................................................ 96
4.2.2. Breve Anlise dos Principais Planos de Relevncia para Peniche ............. 99
4.2.3. Principais Espaos e Respectivas Caractersticas para o Surf .................. 101
4.2.4. Procura Turstica: Perfil dos Visitantes .................................................... 103
4.2.5. Anlise SWOT: Potencial do Turismo de Surf de Peniche ...................... 104
4.2.6. Turismo de Surf de Peniche: Desafios e Oportunidades .......................... 106
Captulo V Anlise Emprica de Dados II Fontes Primrias .............................. 107
5.1. Sistematizao dos Principais Resultados .................................................... 107
5.2. Identificao dos Principais Aspectos Quantitativos ................................... 107
5.2.1. Perfil do Surfista ....................................................................................... 108
5.2.2. Percurso do Surfista .................................................................................. 109
5.2.3. Condies de Peniche para o surf ............................................................. 111
5.2.4. Imagem e Promoo de Peniche ............................................................... 113
5.2.5. Rota de Surf em Peniche .......................................................................... 113
5.3. Avaliao e Integrao dos Contedos Qualitativos .................................... 114
5.3.1. Oferta Turstica: Avaliao Geral dos Recursos de Surf .......................... 115
5.3.2. Perspectivas Relativas ao Turismo de Surf em Peniche ........................... 116
Captulo VI Proposta de Desenvolvimento da Rota de Surf em Peniche .............. 118
6.1. Rota de Surf: Concepo e Planeamento ...................................................... 118
6.1.1. Marketing Estratgico............................................................................... 118
6.1.1.1. Conceito ............................................................................................ 118
6.1.1.2. Objectivos ......................................................................................... 119
6.1.1.3. Factores Crticos de Sucesso ............................................................ 119
6.1.1.4. Benchmarking / Concorrncia .......................................................... 120
6.1.1.5. Infra-estruturas de Apoio a Implementar.......................................... 122
6.1.2. Marketing-Mix ......................................................................................... 122
6.1.2.1. Produto ............................................................................................. 122
6.1.2.1.1. Posicionamento / Branding ........................................................... 123
6.1.2.2. Preo ................................................................................................. 124
6.1.2.3. Comunicao / Comunicao ........................................................... 124
6.1.2.4. Poltica de Distribuio .................................................................... 125
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
ndice
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6.1.3. Projectos Complementares ....................................................................... 125
Captulo VII Concluses e Recomendaes ............................................................. 130
7.1. Principais Concluses e Recomendaes ..................................................... 130
7.2. Limitaes do Estudo e Contributo para a rea Cientfica .......................... 133
7.3. Perspectivas de Trabalho Futuro .................................................................. 133
Referncias Bibliogrficas ......................................................................................... 135
Volume de Anexos (Separata)
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
ndice de Figuras
xvii
ndice de Figuras
Figura 1 Etapas do Procedimento ................................................................................... 21
Figura 2 Sistema Turstico .............................................................................................. 26
Figura 3 Sistur ................................................................................................................ 27
Figura 4 Sistema Funcional do Turismo ........................................................................ 27
Figura 5 Desenvolvimento Sustentvel .......................................................................... 34
Figura 6 Relao Produto / Mercado .............................................................................. 41
Figura 7 Prioridade no Surf ............................................................................................ 61
Figura 8 Interaco dos Sectores do Turismo de Surf Sustentvel ................................ 65
Figura 9 Modelo de Anlise ........................................................................................... 75
Figura 10 Peniche Capital da Onda ................................................................................ 97
Figura 11 Logtipo Rota de Surf .................................................................................. 123
file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127147file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127148file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127149file:///C:/Users/T/Desktop/Dissertao.docx%23_Toc310127150
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
ndice de Tabelas
xviii
ndice de Tabelas
Tabela 1 Impactes Positivos e Negativos no Turismo .................................................... 30
Tabela 2 Caractersticas Psicogrficas e Demogrficas do Turista Surfista .................. 55
Tabela 3 Impactos Negativos do Turismo de Surf ......................................................... 62
Tabela 4 Impactos Positivos do Turismo de Surf ........................................................... 64
Tabela 5 Influncia da Comunidade no Turismo ........................................................... 66
Tabela 6 Turismo de Surf Sustentvel - Recomendaes .............................................. 67
Tabela 7 Etapas do Estudo.............................................................................................. 74
Tabela 8 Seces do Questionrio .................................................................................. 79
Tabela 9 Principais Objectivos do PENS ....................................................................... 93
Tabela 10 Principais Spots de Surf em Peniche ........................................................... 102
file:///C:/Users/T/Desktop/Disserta...docx%23_Toc309560215
Turismo de Surf na Capital da Onda
Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Introduo
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Captulo I Introduo
1.1. Enquadramento e Contextualizao do Tema
A dissertao em investigao Turismo de Surf na Capital da Onda: ensaio sobre a
sustentabilidade de uma rota de surf em Peniche tem como principal objectivo avaliar
se Peniche rene condies para a implementao de uma rota de surf, bem como
investigar o seu contributo para o desenvolvimento sustentvel e reconhecimento
nacional e internacional da regio.
Neste contexto, o turismo enquanto actividade econmica assume extrema importncia
nas sociedades actuais pela sua capacidade de gerar riqueza e melhores condies de
vida s populaes. No entanto, o turismo inclui impactes negativos que devem ser
minimizados por uma gesto integrada. A gesto estratgica de destinos tursticos
fundamental para minimizar os impactes negativos, mas tambm para responder e
satisfazer as exigncias da procura, fomentando a sua competitividade. Como tal, a
criao de novos produtos tursticos resultantes da segmentao e emergentes nichos de
mercado constitui desafios para os stakeholders e novas oportunidades de negcio.
A concepo de novos produtos tursticos ligados ao conceito de sustentabilidade vinga
no mercado, como intuito de desenvolver um turismo responsvel e de qualidade, que
v ao encontro da satisfao do consumidor. Desta forma, a prpria sobrevivncia do
sector turstico est na base da preservao e promoo dos recursos naturais,
identidades culturais e tradies locais.
Neste sentido, o surf tornou-se um fenmeno social, econmico e cultural que interessa
aprofundar academicamente. Este desporto foi evoluindo ao longo dos anos e
actualmente surge a necessidade de definir o turismo de surf, conhecer o
comportamento e motivaes da sua procura turstica. A indstria do surf apresenta-se
como um mercado em evoluo, desde surfwear, surfcamps, escolas de surf, eventos
desportivos como campeonatos de surf, surf trips, entre outros modelos de negcio que
envolvem o surf e que o ligam ao sector turstico como turismo de surf.
A sustentabilidade do turismo de surf uma abordagem que interessa investigao,
procurando aprofundar os principais impactes da sua prtica nos campos econmicos,
Turismo de Surf na Capital da Onda
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Introduo
20
socioculturais e ambientais, com o objectivo de compreender como o planeamento
sustentvel do turismo de surf pode contribuir para ajudar a consolidar um destino surf
atravs de estratgias definidas, como o potencial contributo de uma rota de surf para o
desenvolvimento local.
Em Portugal, o surf uma realidade recente por desconhecimento dos seus potenciais
benefcios de desenvolvimento local. Contudo, os seus benefcios so cada vez mais
investigados cientificamente, demonstrando a necessidade de valorizar o surf e de
implementar orientaes estratgicas para o seu desenvolvimento sustentado, dadas as
potencialidades do surf em Portugal.
O caso de estudo incide no territrio de Peniche pela potencialidade dos seus recursos
endgenos ligados ao mar smbolo da identitria local. Na estratgia do mar de
destacar a fileira da onda enquanto marca Peniche Capital da Onda. Neste sentido, o
surf assume-se como uma aposta turstica local, na medida em que confere benefcios
regio que interessam estudar, de modo a compreender os desafios estruturantes e
oportunidades no desenvolvimento do surf enquanto produto turstico emergente.
1.2. Conceptualizao da Estrutura do Trabalho
A metodologia de investigao fundamenta-se principalmente no modelo de Quivy
(1998). O procedimento contempla os trs actos: a ruptura, a construo e verificao,
com o objectivo final de concretizar uma investigao realista e devidamente suportada
nos princpios do mtodo cientfico.
Na presente introduo para alm da anterior contextualizao da temtica apresenta-se
a sistematizao dos objectivos e a definio das perguntas de partida, representando as
questes de fundo em relao s quais e investigao dever obter respostas, tal como a
estruturao do trabalho presente na figura 1 Etapas do Procedimentos, com o fim de
facilitar a compreenso e leitura da investigao.
Turismo de Surf na Capital da Onda
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Introduo
21
Figura 1 Etapas do Procedimento
Fonte: Adaptado de Quivy (1998)
No segundo captulo correspondente reviso da literatura, procede-se teorizao da
problemtica, ou seja, o estudo das teorias e dos conceitos de autores de relevncia pelas
suas investigaes realizadas na temtica. Esta comea com uma breve contextualizao
do turismo, prosseguindo para o campo relacionado com o desenvolvimento e gesto de
produtos tursticos, restringindo a rea do turismo de surf.
Seguidamente, o terceiro captulo inicia-se com o modelo conceptual resumindo a
metodologia utilizada e estabelecendo ligao ao que anteriormente foi investigado na
reviso da literatura, expondo depois a construo do modelo de anlise, composto pela
reviso bibliogrfica e a anlise emprica de fontes I e II, respectivamente fontes
secundrias e primrias e a escolha dos mtodos de observao, terminando com a
explicao da anlise emprica de dados.
A anlise dos resultados obtidos apresenta-se no captulo IV Anlise Emprica de Dados
I Fontes Secundrias reflexo da investigao documental estudada sobre as
potencialidades do surf em Portugal e o caso de estudo surf em Peniche.
I Introduo
Contextualizao do Estudo
Objectivos e Questes
Pertinncia do Estudo
II Reviso da Literatura
Desenvolvimento e Gesto de Produtos Tursticos
Turismo de Surf
III Metodologia
Modelo Conceptual
Modelo de Anlise
Mtodos de Observao
Mtodo de Anlise de Dados
IV Anlise Emprica de Dados - Fontes Secundrias
Potencialidade do Surf em Portugal
Caso de estudo surf em Peniche
V Anlise Emprica de Fontes Primrias
Principais Resultados
Anlise Descritiva de Quantitativos
Avaliao e Integrao dos Contedos Qualitativos
VI Proposta de Desenvolvimento da Rota de Surf em Peniche
Concepo e Planeamento
VII Concluses e Recomendaes
Principais Concluses
Limitaes do Estudo
Perspectivas de Trabalho Futuro
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Introduo
22
No captulo V Anlise Emprica de Dados II Fontes Primrias so expostas as
interpretaes dos dados quantitativos obtidos pela aplicao do questionrio e dados
qualitativos, particularmente o inventrio e as entrevistas, a fim de, respectivamente
identificar os locais e respectivas condies para a prtica de surf e fundamentar a
investigao documental realizada na reviso da literatura.
O captulo relativo proposta de desenvolvimento da rota de surf pretende contribuir
para alguns elementos cruciais para a sua criao e implementao trabalhando
sobretudo os aspectos de base conceptuais e de estratgia de comunicao.
Finalmente, so consideradas as concluses e recomendaes finais, alm de se
evidenciarem as limitaes do estudo e por fim, as perspectivas de trabalho futuro.
1.3. Objectivos e Questes do Estudo
a) Objectivos do Estudo
No seguimento da problemtica de investigao evidenciam-se os seguintes objectivos
gerais da investigao:
Avaliar se existem condies para criar uma rota de surf em Peniche?
Investigar o contributo de uma rota de surf em Peniche?
Mas tambm os objectivos especficos:
a) Caracterizar o territrio e avaliar as potencialidades para a prtica do surf em
Peniche;
b) Aprofundar o conhecimento sobre as potencialidades e os desafios do
desenvolvimento do surf e turismo de surf em Peniche;
c) Estudar o potencial perfil de segmento de mercado da rota de surf na poca alta;
d) Aferir como a criao de uma rota de surf pode contribuir para o desenvolvimento
sustentvel da regio;
e) Averiguar se a rota do surf pode valorizar a promoo turstica da regio;
f) Desenvolver as bases de planeamento da rota de surf;
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Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Introduo
23
b) Perguntas de Partida
A relao entre as abordagens e as questes especficas que pretendo investigar relativas
problemtica traduzem as seguintes perguntas de partida:
Existem condies (recursos, servios, infra-estruturas e mercado) para criar uma
rota de surf em Peniche?
A rota de surf pode contribuir para o desenvolvimento sustentvel da regio e para o
seu reconhecimento nacional e internacional?
1.4. Pertinncia do Estudo
Aps reflexo profunda sobre eventuais teorias que justificassem aprofundamento e
estudo especfico surgiu a ideia da criao de uma rota de surf em Peniche,
consolidando a escolha da temtica. As motivaes prendem-se com o facto de me
assumir como iniciante desta modalidade, a qual reveste num interesse pessoal muito
forte. Por outro lado, a leitura de artigos e notcias sobre o surf, onde se referem os
impactes socioeconmicos e tursticos que a modalidade pode acarretar, completou o
interesse na efectivao da presente pesquisa. A escolha de Peniche como caso de
estudo do produto surf baseou-se no reconhecimento emprico das potencialidades da
regio para a prtica do surf, bem como pela visibilidade da aposta do turismo ligado
aos desportos de onda parte da Cmara Municipal de Peniche.
Neste sentido, mais do que um desporto, o surf assume cada vez mais importncia
econmica, social e cultural. A indstria do surf tem um enorme potencial de
crescimento no s pelo nmero de praticantes estimados cerca de dez milhes de
surfistas em todo o mundo, como pelos cerca de dez bilies de dlares por ano em
negcios relacionados com o desporto (Buckley, 2002a). Em termos sociais e culturais
o surf est cada vez mais associado ao bem-estar e estilo de vida saudvel pelo contacto
com a natureza e melhor nvel de vida. A busca pela onda perfeita representa a essncia
do surf, ligando a modalidade desportiva ao turismo. O turismo de surf tem vindo a ser
alvo de estudos cientficos de modo a investigar o seu contributo para a sustentabilidade
do destino turstico, tal como aprofundar os impactes positivos e negativos e o
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Ensaio Sobre a Sustentabilidade de uma Rota de Surf em Peniche
Introduo
24
conhecimento do perfil e comportamento do visitante surfista, servindo de base a este
estudo cientfico e possibilitando o desenvolvimento da temtica, embora a carncia de
estudos com incidncia no pas basicamente por falta de reconhecimento das
potencialidades que o surf representa no contexto nacional.
A imensa extenso da costa portuguesa afirma-se pelas suas condies nicas para a
prtica de surf, atribuindo ao pas enquanto destino de surf uma nova centralidade
europeia (Nunes, 2010). O surf um dos sectores que pode combinar crescimento
sustentado, potencializando novas oportunidades para a economia do mar (Ado e Silva,
2009). O turismo de surf no pas pode conferir vantagens competitivas na medida em
que o surf contribui para a reduo da sazonalidade, visto que Portugal detm condies
para a prtica da modalidade o ano inteiro (Ado e Silva, 2009). Por outro lado, os
eventos de surf contribuem para a afirmao e projeco da imagem do pas tanto ao
nvel interno como externo. Quando se fala do surf nas nossas praias, falamos muito
mais do que um desporto: evocamos um estilo de vida e uma relao como o mar que
para ns, portugueses, natural e ancestral (Silva, in SurfTotal, 2011).
O caso de estudo a investigar incide no contributo de uma rota de surf para Peniche. A
escolha da regio resulta da emergncia de actividades relacionadas com o mar, de
onde se destaca o papel do surf, cuja notoriedade observada atravs dos eventos que
vo ocorrendo, assim como os nichos de negcio e de mercado a implantados (Cmara
Municipal de Peniche, 2009e,p.121). O surf deve ser encarado como uma oportunidade
e enquanto factor contributivo para a consolidao da imagem de Peniche ancorada na
Estratgia do Mar (Cmara Municipal de Peniche, 2009e, p.121). O estudo do turismo
de surf em Peniche reflexo do seu potencial para a prtica desportiva nutica.
Portanto, o levantamento das suas condies dos locais para a prtica de surf, boas
prticas e aprofundamento do perfil do surfista justificam a necessidade de elaborar esta
investigao, organizando os recursos existentes para se desenvolver um produto
turstico sustentado e vivel, articulando com outros projectos estruturantes com o
intuito de responder s necessidades tursticas da regio.
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Reviso da Literatura
25
Captulo II Reviso da Literatura
2.1. Conceptualizao dos Aspectos Gerais do Turismo
O presente captulo tem como objectivo principal introduzir as noes bsicas de
turismo para que o leitor possa compreender o encadeamento das temticas na
sequncia do geral para o particular. O interesse em retratar o conceito de turismo e os
modelos do sistema turstico assenta na compreenso da complexidade das interaces
no turismo e na necessidade de planear para atingir um desenvolvimento sustentvel,
minimizando os impactes negativos e maximizando os positivos, com o intuito de
desenvolver um turismo responsvel e de qualidade.
2.1.1. Conceito de Turismo
A complexidade do turismo advm da sua multidisciplinaridade e heterogeneidade, na
medida em que envolve diferentes sectores de actividade, dificultando uma definio
universal. Todavia o conceito de referncia para o estudo estatstico, advm da
Organizao Mundial de Turismo [OMT], que em 1999 definiu como as actividades
realizadas pelos visitantes durante as suas viagens e estadas em lugares distintos do seu
ambiente habitual, por um perodo de tempo consecutivo inferior a 12 meses, com fins
de lazer, negcios ou outros motivos no relacionados com o exerccio de uma
actividade remunerada no local visitado, (Turismo de Portugal, 2008, p.18). De notar o
facto de existir uma predominncia da definio assente na procura turstica, sobretudo
devido dificuldade de determinar as actividades constituintes da oferta turstica
prestadas aos turistas e aos residentes locais. O turismo como indstria compsita e
transversal especialmente afectado pela procura turstica, visto a sua elasticidade em
oposio rigidez da oferta turstica.
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26
Figura 2 Sistema Turstico
2.1.2. Sistema Turstico
O turismo apresenta-se sob a forma de um sistema complexo composto por elementos
que estabelecem entre si relaes de interdependncia. O equilbrio do sistema turstico
depende do prprio equilbrio do funcionamento dos diversos elementos. Assim,
considera-se que a relao turstica um sistema de sistemas (Lain, 1980 citado por
Cunha, 2003, p.112). Existem diversos modelos e vrios autores que traduzem o sistema
funcional do turismo, todavia este subcaptulo incidir nos autores Leiper (1990), Beni
(2007) e Cunha (2003). A escolha deve-se relevncia destes autores no mbito do
ensino superior em turismo, a fim de desenvolver uma abordagem integrada e
progressiva da perspectiva sistmica do sector turstico.
O modelo sugerido por
Leiper (1990) citado por
Cooper et al. (2007) expe
na Figura 2 uma abordagem
mais simples com base na
regio emissora, na regio
em trnsito e na regio
receptora. Estas interaces
ocorrem num vasto ambiente
externo (exemplificando:
sociedade, economia, poltica,
entre outras). Neste modelo apresentam-se trs elementos bsicos: o turista enquanto
actor principal e dinmico; os elementos geogrficos, que compreendem a regio
emissora, a regio em trnsito e a regio receptora, (isto , destino turstico); por ltimo,
o sector turstico abrangendo empresas e organizaes tursticas. Este esquema embora
mais simples que os que se seguem, apresenta grande flexibilidade na sua aplicao,
permitindo identificar os diferentes sectores na cadeia produtiva.
Fonte: Adaptado de Leiper, 1990, citado por Cooper et al., 2007, p.37
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27
Figura 3 Sistur
Figura 4 Sistema Funcional do Turismo
Beni (2007) na figura 3 Sistur permite aprofundar as relaes constituintes do processo
turstico atravs de trs componentes correspondentes a subsistemas: a organizao
estrutural, (de notar a ausncia
deste componente nos outros
dois esquemas), as relaes
sistmicas e as aces
operacionais. A organizao
estrutural representa tanto o
sector pblico como o privado
na gesto e organizao do
sistema, atravs de
investimentos indispensveis
estruturao da oferta turstica.
Quanto s aces operacionais
compreendem as interaces
do mercado, na medida em que
a oferta turstica equivalente produo, atravs da distribuio leva o consumidor
deciso de compra, retratando o consumo da procura turstica, isto , os visitantes. No
que respeita ao conjunto das relaes
sistmicas em turismo permitem determinar o
Sistur [como] um sistema aberto. Realiza
trocas com o meio que o circunda e, por
extenso, independente, nunca auto-
suficiente, (Beni, 2007, p.53). Desta forma,
considera-se que o turismo desenvolve-se em
funo de diversos factores dos quais depende
e afecta positiva ou negativamente.
O esquema da Figura 4 desenvolvido por
Cunha (2003) apresenta a procura turstica
como sujeito do subsistema, ou seja, o
visitante. Por outro lado, a oferta turstica
Fonte: Adaptado de Beni, 2007, p.50
Fonte: Adaptado de Cunha, 2003, p.114
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28
enquanto objecto do subsistema, compreende os destinos tursticos, que por sua vez
suportam os transportes, as empresas e servios tursticos, as organizaes tursticas e a
promoo e informao. Neste contexto, a relao representada no esquema assenta na
viso sistmica em que a promoo e informao influenciam o processo de deciso de
compra do visitante, deslocando-se por meio de transportes aos destinos (centros
receptores), onde se concentram as empresas de servios tursticos e organizaes
tursticas, tendo em vista a satisfao dos consumidores.
Concluindo, o desenvolvimento do turismo pressupe a concertao de interesses dos
quatro principais intervenientes do turismo do sistema: populao local, sector pblico,
empresas e turistas, com base em princpios de gesto integrada. O turismo um
sistema dinmico impulsionado por foras positivas e negativas cujos efeitos tm de ser
compreendidos por todos os intervenientes (Cunha, 2003, p.116), caso contrrio
provoca constrangimentos ao equilbrio do sistema do turismo.
2.1.3. Impactes do Turismo
Mathieson e Wall (1982) citam que a indstria do turismo um sistema aberto e
compsito, composto pela diversidade de variveis e de relaes que compreende o
processo de viagens tursticas, repercutindo em impactes positivos e negativos nos
principais campos econmico, ambiental e sociocultural num determinado destino
turstico.
De acordo com Sancho et al. (1998) o turismo influencia tremendamente a economia
dos pases e regies onde se desenvolve pela sua dinamizao e diversificao, quer ao
nvel nacional, regional ou local. Relativamente aos benefcios econmicos
identificados pelos autores Mathieson e Wall (1982), (1) equilbrio da balana de
pagamentos, (2) criao de riqueza, (3) criao de emprego, (4) melhoria das estruturas
econmicas, (5) impulsionador da actividade empresarial, Sancho et al. (1998)
acrescenta a contribuio do turismo para o Produto Nacional Bruto [PNB] e para o
aumento e distribuio de rendimentos, bem como os efeitos multiplicadores do turismo
geram valor acrescentado e capacidade de desenvolver outras actividades econmicas.
Os custos do turismo no sector econmico devem ser igualmente, de modo que os
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autores Mathieson e Wall (1982) identificam (1) dependncia do sector turstico, (2)
inflao dos preos e especulao imobiliria, (3) aumento de propenso para importar,
(4) sazonalidade e baixa taxa de retorno de investimento, (5) a criao de outros custos
externos, especificamente aumento dos custos relativos recolha de lixo e dos custos de
manuteno e conservao das atraces tursticas.
A relao entre o turismo e o ambiente natural particularmente ambivalente
(Mathieson & Wall, 1982, p.131-132). O patrimnio natural constitui uma das razes
para o desenvolvimento turstico pela motivao de conhecer paisagens nicas e
simblicas. No obstante, o turismo exerce enorme presso nos recursos naturais
provocando uma relao de conflito, dado que o turismo depende do meio ambiente, o
seu desenvolvimento causa danos considerveis. Neste sentido, Sancho et al. (1998)
define como principais consequncias positivas (1) a revalorizao ambiental, (2) a
preservao ambiental e cultural, (3) a incluso de padres de qualidade, (4) a
sensibilizao para iniciativas de planeamento. Os aspectos negativos resultantes do
turismo dizem respeito s presses ambientais e culturais exercidas, nomeadamente o
congestionamento, a poluio e contaminao (do ar, da gua, sonora), a falta de
integrao da arquitectura na paisagem local, a destruio da fauna e da flora (Sancho et
al., 1998; Mathieson & Wall, 1982).
A actividade turstica envolve o contacto entre diferentes bagagens culturais e
socioeconmicas entre a populao local e os visitantes, dessa diferena resulta
geralmente a motivao para viajar, conhecendo novas culturas e tradies, contudo
pode dar-se o sentimento de averso e rejeio (Sancho et al., 1998; Ferreira, 2009). Os
impactes socioculturais tornaram-se especialmente evidentes com a massificao do
turismo tendo consequncias negativas, como o efeito de demonstrao - a imitao de
comportamentos, a mudana de linguagem usada no destino, a prostituio, a droga, o
jogo e muitas vezes o vandalismo (Rtz, 2002 citado por Ferreira 2009, p.112),
afectando a qualidade da estada do visitante e a qualidade de vida da populao local.
Acrescentam-se ainda aos impactes negativos as diferenas sociais entre populao
local e visitantes; o choque de culturas; a aculturao; o aumento da criminalidade; a
mercantilizao e objectificao dos aspectos culturais (Sancho et al., 1998; Ferreira
2000; Mathieson & Wall, 1982).
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No que respeita aos impactes positivos socioculturais definidos por Sancho et al. (1998)
consideram-se (1) a melhoria das condies de vida da populao pelo incremento de
infra-estruturas e facilidades, (2) a recuperao e conservao dos valores culturais, (3)
efeito de demonstrao positivo, que poder ser o incentivo pela procura de melhores
condies de vida ou igualdade pela populao residente, (4) o fomento da tolerncia
social, pela formao de novos contactos e conhecimento. UNEP (2000) adiciona na sua
abordagem (1) o cultivar do orgulho das tradies culturais; (2) a promoo do
artesanato; (3) a realizao de eventos culturais e festivais, onde as populaes locais
so os protagonistas; (4) a reduo da emigrao dos locais rurais para as grandes
cidades; (5) a criao de novos postos de trabalho; e (6) o desenvolvimento de novos
acessos, servios e infra-estruturas, (UNEP, 2000 citado por Ferreira, 2009, p.112).
Em suma, o reconhecimento dos potenciais riscos provocados pelo turismo nos campos
analisados permite a criao de uma estratgia de polticas para o turismo e
planeamento com base nos princpios da sustentabilidade, podendo os destinos tursticos
desfrutarem dos benefcios que o turismo pode gerar (Edgell et al., 2008). O quadro
seguinte apresenta uma sntese dos impactes positivos e negativos no turismo
explicitados anteriormente.
Tabela 1 Impactes Positivos e Negativos no Turismo
Impactes Positivos Negativos
Econmicos
Equilbrio da balana de pagamentos;
Criao de riqueza e crescimento econmico;
Oportunidades de diversificao para as economias locais;
Criao de emprego;
Melhoria das estruturas econmicas;
Impulsionador da actividade empresarial, particularmente Pequenas e Mdias
Empresas;
Atrai investimento estrangeiro;
Contribuio para o PNB;
Aumento e distribuio de rendimentos;
Efeito multiplicador dos recursos totais da economia.
Dependncia do sector turstico;
Inflao dos preos e especulao imobiliria;
Aumento de propenso para importar;
Descontinuidade da actividade turstica (Sazonalidade);
Baixa taxa de retorno de investimento;
Tendncia de lucros empresariais para o estrangeiro;
Criao de outros custos externos.
Ambientais
Revalorizao ambiental;
Preservao ambiental e cultural;
Incluso de padres de qualidade;
Sensibilizao para iniciativas de planeamento.
Presses ambientais e culturais;
Congestionamento;
Poluio (ar, gua, sonora);
Falta de integrao da arquitectura na paisagem local.
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31
Socioculturais
Incremento de infra-estruturas e facilidades (melhoria das condies de vida);
Recuperao e conservao dos valores culturais;
Efeito de demonstrao positivo;
Fomento da tolerncia social;
Cultivar do orgulho das tradies culturais;
Promoo do artesanato;
Realizao de eventos culturais e festivais;
Reduo da emigrao dos locais rurais para as grandes cidades;
Criao de novos postos de trabalho.
Diferenas sociais entre populao local e visitantes;
Choque;
Aculturao;
Aumento da criminalidade;
Mercantilizao e objectificao dos aspectos culturais.
Fonte: Elaborao prpria
2.1.4. Planeamento em Turismo
Edgell et al. (2008) expe que o conceito de planear implica uma relao entre o futuro
e a compreenso das actuais tendncias e do ambiente envolvente, contemplando os
aspectos econmicos, ambientais, sociais e culturais que influenciam um determinado
destino turstico, sendo um passo necessrio para a criao de polticas no turismo.
O primeiro passo alude para a criao de um quadro geral composto por uma eficaz
estratgia de polticas para o turismo, essas guidelines pressupem uma orientao para
o futuro e harmonizao dos interesses de todos os stakeholders, com o propsito de
propiciar benefcios mximos aos interessados na regio, ao mesmo tempo em que
deve minimizar os impactos negativos (Goeldner et al. 2002, p.294).
A integrao das polticas do turismo e o planeamento fundamental para a gesto de
um destino, visto que o planeamento um processo mais conciso e prtico, explicando
o como e desenvolvido para um determinado espao de tempo (Goeldner et al. 2002,
p.337). Portanto, o planeamento estratgico assume-se como o processo destinado a
optimizar os benefcios do turismo, para que o resultado seja o equilbrio entre a
qualidade e a quantidade da oferta e o nvel adequado da procura, sem comprometer o
desenvolvimento socioeconmico e ambiental local nem a sua sustentabilidade (Edgell
et al., 2008, p.297). Esta ferramenta de gesto serve para determinar objectivos para os
destinos tursticos e suas organizaes assentando nos conceitos de qualidade, eficincia
e eficcia. Pressupe ainda a integrao e cooperao entre todos os stakeholders para
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uma gesto eficaz que se ajuste s tendncias actuais e competitividade dos mercados
(Edgell et al., 2008).
No que concerne ao processo de planeamento o seu dinamismo prev reformulaes
necessrias em resposta s mudanas externas e internas. Logo, Goeldner et al. (2002)
considera a seguinte sequncia do processo de planeamento em turismo (1) definir o
sistema turstico, (2) formulao objectivo, (3) recolha de dados, (4) anlise e
interpretao, (5) plano preliminar, (6) aprovao do plano, (7) plano final e (8)
implementao.
Na perspectiva de Edgell et al. (2008) o processo inclui (1) a viso, (2) a misso, (3)
metas, (5) objectivos, (6) estratgias e (7) aces, tendo em vista a melhoraria do
processo acrescentar uma anlise SWOT, monitorizao e avaliao.
Por sua vez, Cooper et al. (2007) afirma que o processo de planeamento em turismo
contm (1) reconhecimento e preparao do estudo, (2) definio dos objectivos ou
metas para a estratgia, (4) levantamento de dados existentes, (5) implementao de
novas pesquisas, (6) anlise de dados primrios e secundrios, (7) formulao de plano
e polticas de aco iniciais, (8) recomendaes, (9) implementao, (10)
monitoramento de reformulao do plano.
Como tal, a diversidade de processos de planeamento em turismo no difere
consideravelmente podendo adaptar-se a metodologia ao objecto e dimenso territorial
a planear. De notar a importncia da sua flexibilidade adaptando-se s mudanas nos
mercados tursticos ou mesmo introduo de novos produtos tursticos. Alm disso,
importa reforar a relevncia da monitorizao e da avaliao, uma vez que o processo
contempla dinamismo e continuidade, pressupondo uma permanente actualizao,
atravs da redefinio permanente de objectivos, envolvendo a interaco entre um
conjunto de actores. Assim, o planeamento contempla uma viso de consecutiva
avaliao, com o objectivo de avaliar os resultados da execuo, as alteraes da
envolvente e da estratgia dos actores, e desencadear a redefinio de objectivos e
meios considerada necessria (Perestrelo, 2000, p.9).
Em concluso, actualmente essencial ter uma viso global e sistmica de determinada
realidade, pois os cenrios so dinmicos e esto em permanente alterao. O
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planeamento estratgico envolve atitudes proactivas ligadas anlise prospectiva. O
planeamento em turismo prope-se a desenvolver a sustentabilidade para o futuro,
traduzindo-se na qualidade dos produtos tursticos e dos destinos que o compem e no
incremento dos benefcios que um turismo responsvel possibilita (Edgell et al., 2008).
2.1.5. Turismo e o Desenvolvimento Sustentvel
A expanso da indstria do turismo resultou na necessidade de procurar um equilbrio
entre o crescimento da actividade turstica e o consumo do meio ambiente e dos valores
socioculturais que caracterizam os destinos tursticos (Vignati, 2008, p.39), reflexo da
consciencializao dos limites dos recursos e da relao insustentvel entre o homem e
o seu meio envolvente.
Segundo Vignati (2008) a preocupao com a sustentabilidade tem vindo a evoluir de
forma mais completa ao longo dos anos. Iniciando-se cerca de 1960 com as primeiras
discusses ambientais, que marcam o princpio da conscincia ambiental. A criao da
Comisso Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento data de 1984, com o
objectivo de criar propostas de soluo para as questes ambientais atravs de
cooperao internacional e consciencializao para a problemtica. Mais tarde, no
relatrio de Brundtland surge a primeira definio que mencionava a poltica de
sustentabilidade como aquela que atenda s necessidades de hoje, sem comprometer a
capacidade das geraes futuras atenderem s suas prprias necessidades [Organizao
da Naes Unidas (ONU), 1987 citado por OMT, 2003, p.23].
Em 1992, a abordagem do desenvolvimento sustentvel tornou-se mais completa com a
realizao da Conferncia das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Neste encontro foi aprovado um conjunto de
aces que levavam ao desenvolvimento sustentvel pelos pases das Naes Unidas. O
programa Agenda 21 aprovado nesta conferncia generalizou a prtica de polticas de
desenvolvimento sustentvel por toda a populao. Do mesmo modo a OMT adaptou os
princpios de sustentabilidade ao turismo definindo:
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Socialmente Justo
Ecologicamente Equilibrado
Economicamente Vivel
O desenvolvimento do turismo sustentvel atende s necessidades dos turistas
de hoje e das regies receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as
oportunidades para o futuro. visto como um condutor ao gerenciamento de
todos os recursos, de tal forma que as necessidades econmicas, sociais e
estticas possam ser satisfeitas sem desprezar a manuteno da integridade
cultural, dos processos ecolgicos essenciais, da diversidade biolgica e dos
sistemas que garantem a vida. (OMT, 2003, p.24).
Vignati (2008) afirma que a sustentabilidade no turismo proporciona aos destinos
tursticos obter mais-valias particularmente a melhoria da competitividade, atingir e
superar a satisfao dos visitantes, o fomento da gerao de riqueza e a criao de
emprego e por ltimo, a valorizao do patrimnio natural e cultural, incluindo as
tradies culturais.
O desenvolvimento sustentvel abrange vrias dimenses ambientais, econmicas,
sociais, polticas e culturais, repercutindo-se em preocupaes com o presente e o futuro
e com a produo e o consumo, visto que no turismo a produo e consumo tendem a
ter lugar em reas onde os recursos naturais ou artificiais so frgeis (Cooper et al.,
2007, p.269), um exemplo de interesse nesta investigao so as reas costeiras, alm
disso porque o ambiente e a cultura so
usados como componentes principais do
produto, sem estarem sujeitos a mecanismos
de preos que se aplicam a muitos recursos
naturais (Cooper et al., 2007, p.269).
Os seus principais fundamentos do
desenvolvimento sustentvel assentam na
viabilidade econmica, na equidade social e
no equilbrio ecolgico. Neste contexto, a
equidade social representa um dos maiores
desafios tendo implicaes directas nos
problemas ambientais pelas presses exercidas.
Figura 5 Desenvolvimento Sustentvel
Fonte: Elaborao Prpria
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35
De acordo com Cooper et al. (2007) a sustentabilidade envolve um processo de
reconhecimento e de responsabilidade, na medida da consciencializao para a
vulnerabilidade dos recursos usados e consequentemente na gesto inteligente dos
mesmos recursos.
A gesto sustentvel de destinos tursticos promove um posicionamento consistente pela
implementao de padres de qualidade e consequente capacidade competitiva. Edgell
et al. (2008) refere que o turismo sustentvel implica atingir um crescimento de
qualidade, no esgotando o ambiente natural e construdo e preservando a cultura,
histria e o patrimnio das comunidades locais.
Cooper et al. (2007) alude para o aparecimento de novos produtos tursticos ligados ao
conceito de sustentabilidade comeou a partir de 1980, apontando o ecoturismo e o
turismo alternativo como formas de turismo de natureza com base na conservao do
meio ambiente, incluindo a diversidade biolgica e ainda comunidades locais de
caractersticas tradicionais, pressupondo a educao dos turistas para o meio ambiente e
sua conservao. Em oposio ao turismo massificado estes novos produtos tursticos
de pequena escala esto associados a estratgias de marketing, reflectindo a maior
consciencializao ambiental e a necessidade de ligao com o meio ambiente e cultural
tradicional.
Em suma, o desenvolvimento turstico sustentvel est indiscutivelmente na base da
prpria sobrevivncia do sector pela capacidade de preservar e promover os recursos
dos quais a actividade turstica depende. Mas tambm pelo fomento de polticas para a
qualidade possibilitando uma competitividade do destino turstico e satisfao do
visitante. A responsabilizao para a sustentabilidade passa por todos os stakeholders
envolvidos no sistema turstico, trazendo benefcios para o destino e igualmente a todos
os intervenientes. O desenvolvimento de novos produtos tursticos ligados ao conceito
de sustentabilidade vingam no mercado, evidenciando formas de conservar recursos
naturais, identidades culturais e tradies locais, reflectindo uma maior conscincia para
as questes apresentadas e o efeito das estratgias de marketing.
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36
2.1.6. Destinos Tursticos: Gesto Estratgica de Marketing
No que concerne definio de destino turstico, Leiper (1995) citado por Buhalis
(2000) afirma que os destinos so lugares para onde as pessoas viajam e onde escolhem
permanecer por um perodo de tempo com o intuito de experienciar certas atraces. Por
sua vez, Cooper, Fletcher, Gilbert, Shepherd and Wanhill (1998) citados por Buhalis
(2000) definem destinos tursticos como o centro de facilidades e servios de encontro
com as necessidades dos turistas. Porm, a definio mais completa de destinos
tursticos considera que so determinados espaos geogrficos que oferecem
experincias tursticas1, sendo compostos por produtos tursticos, como servios,
atraces e recursos tursticos, que pela sua centralidade e oferta estruturada atraem
visitantes. Um destino turstico pressupe uma gesto, imagem e percepo que revelem
a sua competitividade. Este concentra diversos stakeholders desde organizaes,
empresas e grupos que tm relaes de competio e cooperao, at a populao local,
uma vez que a criao de um destino turstico consiste numa via para alcanar a
melhoria de condies de vida, crescimento econmico e consequentemente
desenvolvimento local (OMT, 2007a, p.1).
O marketing de destinos funciona como um mecanismo de gesto estratgica para
potencializar os destinos e maximizar os seus benefcios. Na vertente de Seaton e
Bennett (1999) o marketing de destinos assume especial importncia no seio do
marketing turstico, considerando as suas principais operaes como (1) avaliao dos
mercados actuais e previso das tendncias dos mercados, (2) analisar o destino e a sua
atractividade perante os mercados, (3) desenvolver objectivos estratgicos e marketing-
mix, (4) desenvolver uma organizao para implementar os objectivos e (5) avaliar e
mensurar os resultados.
De acordo com Middleton and Hawkins (1998) citado por Buhalis (2000) a perspectiva
de marketing essencialmente uma orientao geral de gesto, reflectindo atitudes
corporativas que, no caso do turismo, supem equilibrar os interesses dos stakeholders
com os interesses de sustentabilidade de um destino, tal como responder s necessidades
e expectativas dos consumidores, pois os destinos tursticos devem diferenciar os seus
1 Ver Volume de Anexos I Elementos que compem as experincias do destino.
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37
produtos e desenvolver parcerias entre sector pblico e privado numa relao de
cooperao.
O marketing tem tambm um papel predominante na criao e gesto da imagem de
marca de um destino turstico. Cada destino tem determinadas caractersticas ou
produtos intrnsecos que marcam a sua imagem e qual corresponde um determinado
tipo de procura turstica. Como tal, a marca do destino o processo de
desenvolvimento de uma identidade e personalidade nicas que diferenciam de todos os
destinos concorrentes (Morrison & Anderson, 2002 citado por Cooper & Hall, 2008,
p.218).
Desta forma, a imagem de um destino igualmente fundamental para o processo de
escolha de um destino, visto que o consumidor cria uma imagem e expectativas antes da
realizao da prpria viagem (Buhalis, 2000). Segundo Swarbrooke & Horner (2007) o
que estimula a deciso de compra de um destino so os determinantes pessoais,
respeitante s atitudes, percepes, conhecimento, experincia e at circunstncias do
prprio visitante e aos determinantes externos, nomeadamente a influncia dos meios de
comunicao e das estratgias de marketing, opinio dos amigos e familiares e todo o
meio poltico, social, econmico e tecnolgico. Posteriormente, na fase ps-compra
urge a avaliao da satisfao resultante do consumo, na qual decorrem as intenes
comportamentais quer sejam de fidelizao ou de recomendao, demonstrando que a
imagem do destino mais afectada pelo passa-palavra do que a maioria das outras
influncias (Seaton & Bennett, 1999, p.365). Neste contexto, Buhalis (2000) refere que
o grau de satisfao do turista medido pela avaliao da experincia versus as
expectativas e percepes antes da viagem.
Portanto, o sucesso de um destino passa pela diversificao e diferenciao da oferta
turstica e pela criao de uma imagem consolidada e um conhecimento geral do destino
utilizando a informao sobre os seus servios e produtos de forma efectiva, quanto
melhor for esse conhecimento e a sua aplicao ao processo de deciso do visitante
melhor ser a experincia e consequentemente o grau de satisfao.
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2.2. Produtos Tursticos: Organizao, Gesto e Desenvolvimento
A presente abordagem gesto e desenvolvimento de produtos tursticos contempla a
sua definio enquanto elemento central do marketing de turismo, devendo ser alvo de
estratgias particulares pelas suas especificidades para que corresponda s expectativas
do mercado a que se dirige. Na verdade, a formulao do produto, tem implicaes na
gesto das operaes e servios e na lucratividade, reflectindo-se no s no marketing-
mix, mas tambm nas polticas e na estratgia de crescimento a longo prazo (Middleton,
2001). A compreenso do planeamento de marketing permite a integrao das decises
e de aces de marketing.
2.2.1. Conceito de Produto Turstico
Existem diversas definies de produto turstico que realam os seus atributos
intangveis, caractersticos do marketing de servios, no qual o consumidor tem um
papel de co-produtor, interagindo no processo de produo e consumo, reflectindo a
inseparabilidade do produto. Este pode encerrar em si um componente ou um conjunto
de componentes, isto , um pacote, ou ser produto total de um destino (Cooper & Hall,
2008).
Gilbert (1990) define produto turstico como uma amlgama de diferentes bens e
servios ofertados como experincia ao turista (Gilbert, 1990 citado por Cooper &
Hall, 2008, p.27). Nesta definio de destacar a amlgama de componentes denotando
a diversificao dos produtos tursticos, para alm de ser considerado como o total da
experincia do visitante revelando o carcter abstracto do produto.
Middleton (2001) expe que o produto turstico comporta (1) atraces no destino e
meio ambiente, (2) instalaes e servios do destino, (3) acessibilidade ao destino, (4)
imagens do destino e (5) preo ao consumidor. Tocquer e Zins (2004) acrescentam na
sua constituio a populao local e animao e ambiente. Logo, o produto turstico
composto por um conjunto de elementos tangveis e intangveis.
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Tocquer e Zins (2004) referem que o produto o elemento central do marketing
turstico por representar a oferta ao visitante existente ou potencial com o objectivo de
satisfazer as suas necessidades, conferindo-lhe benefcios. As pessoas no compram
produtos, elas compram a expectativa de benefcios. Os benefcios que so os
produtos (Levitt, 1969 citado por Middleton, 2001, p.134).
Como tal, identifica-se um ponto de convergncia nas definies apresentadas
nomeadamente considerar o produto uma amlgama de componentes tangveis e
intangveis, considerando o produto compsito e complexo. A sua complexidade deriva
da intangibilidade do produto que determina que este no pode ser testado antes do
consumo, sendo que a complementaridade de componentes indica a globalidade da
avaliao do produto, para alm da variabilidade procedente do factor humano, porque o
mesmo produto depende de quem e onde se oferece o servio. A satisfao do
consumidor confere-lhe determinados benefcios que devem ser o foco da comunicao
ao consumidor.
No que concerne concepo de um produto turstico, Middleton (2001) distingue trs
nveis: (1) o produto principal correspondendo ao servio essencial na satisfao das
necessidades do mercado-alvo; (2) o produto formal ou tangvel, transformando em
servios tangveis para venda; e por fim (3) o produto valorizado, que engloba todos os
elementos tangveis e intangveis da oferta num produto integrado e adaptado ao cliente
final agregando valor acrescentado que os torna mais atractivos e competitivos. Assim
sendo, a concepo de produtos tursticos corresponde ao procedimento de inventrios e
respectiva avaliao dos recursos atractivos do destino, posteriormente agregando os
recursos em produtos tursticos, criando um porteflio dos mesmos, podendo optimizar
os seus benefcios e adaptar o seu marketing-mix (Buhalis, 2000).
2.2.2. Organizao, Gesto e Engenharia do Produto
A gesto de produtos tursticos j existentes implica uma constante preocupao em
inovar e modificar produtos para que se mantenham como vantagem competitiva e de
diferenciao face concorrncia. Neste contexto, Tocquer & Zins (2004) mencionam
que interessa ao responsvel de marketing proceder a uma anlise da posio actual do
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produto, de modo a compreender qual o grau de satisfao que o produto proporciona,
qual a eficcia dos produtos da concorrncia e qual a posio do produto no seu ciclo de
vida2, pois medida que os produtos e destinos progridem no ciclo de vida necessitam
de uma constante reformulao e revitalizao (Cooper & Hall, 2008, p.96). O
entendimento da avaliao futura do produto interessa por permitir antecipar o que
poder afectar e suceder ao produto no mercado.
Buhalis (2000) refere que todos os elementos de atraco turstica esto sob a imagem
de marca do destino, sendo fundamental conhecer o produto core, bem como os
produtos de suporte para cada mercado-alvo. A competitividade do produto turstico no
processo de deciso do consumidor baseia-se na sustentabilidade de produtos e no
desenvolvimento de produtos inovadores, pela necessidade de diferenciar produtos com
enfoque na sua singularidade. Assim, o objectivo centra-se na gesto correcta para que
os produtos tenham a capacidade de manter o destino na fase de maturidade e
consolidao, evitando os estgios de estagnao, saturao ou declnio.
A escolha de uma estratgia de produto baseia-se no posicionamento, ou seja, o espao
que o produto ocupa na mente do consumidor e na constante adaptao do marketing-
mix, ajustando o produto s necessidades do consumidor. Logo, Seaton e Bennett
(1999) afirmam que o desenvolvimento de novos produtos difere da gesto para manter
os produtos j existentes no mercado, tal como o planeamento do produto difere se
dirigidos a mercados existentes ou novos. O quadro desenvolvido por Holloway e Plant
(1992) mostra a estreita relao entre o mercado e o produto, permitindo compreender
que a gesto do produto deve ter em considerao as estratgias do produto em relao
s caractersticas do mercado que pretende satisfazer.
2 Ver Volume de Anexos II Ciclo de Vida do Produto.
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Introduo de novo produto no mercado
existente
Lanamento de um novo produto num mercado
novo
Modificao de um produto j existente para o seu mercado
presente
Reposio do produto actual para atrair novos mercados
Figura 6 Relao Produto / Mercado
Fonte: Holloway e Plant, 1992 citado por Seaton e Bennett, 1999, p.131
O presente quadro permite identificar as quatro estratgias relativas formulao da
estratgia, mais concretamente: a criao de um produto novo num mercado j
existente; a criao de um produto novo num mercado novo; a modificao de um
produto j existente no seu mercado actual; por ltimo, relanar o produto existente em
novos mercados.
Concluindo, a gesto do produto considera o controlo contnuo do seu desenvolvimento,
pela avaliao do seu posicionamento no ciclo de vida do produto, adaptando a sua
estratgia de marketing-mix e formulando a sua estratgia de acordo com as
necessidades identificadas e a relao do produto com o mercado.
2.2.3. Desenvolvimento de Produtos Tursticos
O desenvolvimento de novos produtos representa a principal forma de inovar em
turismo, sendo essencial para o crescimento do sector. Os novos produtos so
importantes para a diversificao, incremento das vendas e lucros e vantagem
competitiva (Cooper & Hall, 2008, p.29).
Produto
Mercado
Existente
Existente
Novo
Novo
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Relativamente ao lanamento de novos produtos tursticos Tocquer e Zins (2004)
referem como etapa inicial a procura de ideias de produtos j existentes. Por
conseguinte, Seaton e Bennett (1999) apontam para algumas formas de obter ideias para
novos produtos tursticos:
Ideias provenientes de produtos j existente;
Identificando a insatisfao com produtos existentes;
Resultado do crescimento num mercado existente expandindo o produto;
Na busca de solues para necessidades no satisfeitas ou latentes;
Atravs de inovaes tecnolgicas;
Explorao de modas;
Realizao de brainstorming para identificar tendncias tursticas e prever
necessidades futuras.
Seguidamente, a filtragem das ideias j que nem todas renem a capacidade de ser
comercialmente viveis. O processo segue com o desenvolvimento do conceito de
produto e dos respectivos benefcios conferindo-lhe factor diferencial e concorrencial de
acordo com as necessidades da demanda. Antes de lanar o referido produto
fundamental fazer um estudo de viabilidade para compreender a rentabilidade do
produto. Caso haja viabilidade poder proceder-se ao desenvolvimento do produto, a
realizao de um teste de mercado antes do lanamento de um produto torna-se
prudente. O processo de adopo essencial no lanamento de um produto, visto que
vai da tomada de conscincia experincia e consequente adopo pela inteno de
repetio na sua utilizao. Finalmente, o processo de difuso pela consequente
aceitao dos turistas.
2.2.4. Tendncias e Inovao dos Produtos Tursticos
A perspectiva contempornea de considerar a experincia turstica enquanto produto
turstico espelha as tendncias dos produtos tursticos e os novos hbito de consumo,
uma vez que o turista procura o consumo de experincias autnticas pela atmosfera do
lugar. Os mercados tursticos maduros procuram produtos tursticos autnticos,
(Cooper & Hall, 2008, p.29).
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A crescente economia da experincia associada ao produto turstico reflecte a
mudana do valor econmico para a venda de experincias ao invs de posse de bens
materiais e servios (Pine & Gilmore, 1999 citado por Cooper & Hall, 2008, p.29),
resultando na objectificao e mercantilizao dos aspectos tursticos, remetendo para a
procura da satisfao da experincia personalizada, originando criao de memrias.
Importa referir a mudana de paradigma do turista que passa de passivo a activo e
participativo, tal como a ideia de que a experincia transforma o visitante, assim as
experincias so pessoais, memorveis, evocando uma resposta emocional medida
que o turista entra numa relao multifacetada entre os actores e o cenrio de destino da
experincia, (Cooper & Hall, 2008, p.29).
No que concerne s inovaes nos produtos, as mudanas actuais resultantes das
Tecnologias de Informao e Comunicao [TIC], particularmente o e-commerce
(comrcio electrnico) e consequentemente as mudanas no comportamento do
consumidor, cada vez mais exigente e individualizado, resultam na abordagem ao
marketing de relao, na medida em que existe reciprocidade no contacto entre
empresas e consumidores, pela importncia que o consumidor detm no seio de uma
empresa ou organizao, mas tambm resulta no crescimento de pacotes tursticos
electrnicos como dymanic packing, criando just in time um pacote de produtos e/ou
servios desejados por um preo final.
Resumindo, as tendncias e inovaes dos produtos tursticos reflectem a mudana
comportamental da demanda, devendo a oferta adaptar-se s necessidades dos
consumidores. A valorizao da experincia turstica enquanto produto permite a
valorizao dos recursos naturais e culturais, ajudando a criar uma identidade local. Por
sua vez, as inovaes tendencialmente tecnolgicas permitem a resposta
personalizao que o consumidor actual exige, sendo o e-commerce uma aposta
crescente no mbito dos modelos de negcios actuais.
2.2.5. Planeamento Estratgico e Operacional de Marketing
O conceito de planeamento estratgico de marketing de uma determinada organizao
turstica alude ao processo de gesto, com vista a desenvolver e manter a adequao de
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um plano de decises e aces, que consiste na anlise do mercado e do seu ambiente;
na identificao dos problemas e das oportunidades; na seleco dos mercados-alvo; na
escolha de um posicionamento; na definio de um programa de marketing, designado
de marketing-mix, com intuito de atingir determinados objectivos, que naturalmente
sero alvo de monitorizao e avaliao revertendo em oportunidades (Tocquer & Zins,
2004).
O processo de planeamento estratgico de marketing envolve o desenvolvimento de um
plano de marketing estratgico e de marketing operacional. O plano de marketing
estratgico o elemento chave do processo de planeamento estratgico de marketing a
longo prazo, inclui a misso e viso da empresa, a anlise de mercado, a definio dos
objectivos, a seleco dos mercados-alvo, a escolha de um posicionamento e a
formulao de uma estratgia. Por sua vez, o plano operacional de marketing diz
respeito s decises de marketing-mix, tendo a caracterstica de ser anual.
Tocquer & Zins (2004) demonstram que as principais vantagens do planeamento
estratgico de marketing advm da identificao de problemas e oportunidades,
permitindo uma tomada de decises com base em informao til no presente e no
futuro, permitindo um melhor aproveitamento dos recursos e uma melhor progresso
dos objectivos, revertendo num processo de avaliao mais eficaz e na fixao de
prioridades.
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2.3. O Surf e o Turismo
O Turismo de Surf uma aventura dentro de outra aventura 3
O surf tornou-se um fenmeno social, econmico e cultural que interessa aprofundar
academicamente. Este desporto foi evoluindo ao longo dos anos, sendo interessante
explorar a sua histria. O turismo de surf surge nos anos 70 e 80, marcado pelo
incremento do marketing que transformou este desporto num mercado lucrativo.
Actualmente surge a necessidade de definir o turismo de surf, conhecendo as tipologias
que engloba, tal como conhecer o comportamento e motivaes da procura turstica
deste segmento. A indstria do surf apresenta grande evoluo e importncia econmica
nos dias de hoje, especialmente no mercado de surfwear. A comunicao e promoo da
indstria do surf efectivada pelos meios da publicidade e dos surf media, reflectindo-
se no consumo do surf enquanto mercadoria objectificada, porm a realidade
essencial permanece a mesma: homem e onda (Kampion & Brown, 2003, p.25).
2.3.1. Breve Histria do Surf
a) A origem do surf
A origem do surf permanece desconhecida. No entanto, ressalta a certeza de que o surf
est intimamente ligado cultura havaiana. Por conseguinte, os polinsios que
exploraram o Havai deram origem a uma nova