Erliquiose canina Complicações diagnósticas e tratamento Leonardo P. Brandão, M.V., MSc, PhD...
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Erliquiose caninaErliquiose caninaComplicações diagnósticas e Complicações diagnósticas e
tratamentotratamento
Erliquiose caninaErliquiose caninaComplicações diagnósticas e Complicações diagnósticas e
tratamentotratamento
Leonardo P. Brandão, M.V., MSc, PhDLeonardo P. Brandão, M.V., MSc, PhDGerente de Produto Animais de Companhia – MERIAL Saúde AnimalGerente de Produto Animais de Companhia – MERIAL Saúde Animal
20122012
HemoparasitosesHemoparasitoses
• Doenças causadas por protozoários ou bactérias, transmitidas aos animais por ectoparasitas (pulgas e carrapatos), que infectam os diferentes componentes do tecido sanguíneo (células e elementos figurados) com o desenvolvimento de anemia, leucopenia e/ou trombocitopenia
HemoparasitosesHemoparasitoses• Agentes mais comuns em nosso meio:• Babesia canis• Ehrlichia canis• Mycoplasma haemofelis
– São muito frequentes– Os sintomas clínicos são inespecíficos na maioria das
vezes– Todos os animais são susceptíveis (uso de
ectoparasiticidas??)– São graves e podem levar à morte se não tratadas
Hemoparasitoses Hemoparasitoses
• 381 cães estudados, 36% foram sorologicamente positivos para Babesia canis vogeli , 23% positivos para E. canis e 14% foram positivos para ambos os agentes - Trapp et al, Veterinary Parasitology, 2006
• 51 cães de casas com áreas externas de grama – 16% E. canis e 2% Babesia canis (exame do esfregaço da ponta da orelha). Em nenhum cão de apartamento foi encontrado hemoparasitos (Juiz de Fora, MG) – Soares et al., Ver Bras. Parasit. Vet., 2006.
Erliquiose caninaErliquiose canina• Agente: (classificação por genogrupo 16sRNA)
– Ehrlichia canis (cães)
– Anaplasma platys (cães)
– Anaplasma phagocytophilum (antiga E. equi) (cavalo, cão, humano, lhama)
– Ehrlichia risticii (cavalo, cão)
• Vetor: – Rhipicephalus sanguineus
• Células alvo:– Monócitos, Linfócitos– Neutrófilos– Plaquetas
Erliquiose caninaErliquiose canina– Riquetsiose canina, febre hemorrágica canina,
desordem hemorrágica de Nairobi ou pancitopenia tropical canina.
– Descrita pela primeira vez como uma doença distinta em 1935 na Algéria (Donatien e Lestoquard)
– De 1968 a 1970: 200 a 300 cães americanos morreram de erliquiose no Vietnã
– 1987 – Reconhecimento da doença como zoonose (E. chaffensis, E. equi – HGE-, E. phagocytophila, e E. sennetsu)
– Descrita pela primeira vez no Brasil em 1973 em um cão de Belo Horizonte (Costa, 1973)
Erliquiose caninaErliquiose canina
– Bactéria Gram-negativa intracelular obrigatória (sem lipopolissacáride de parede celular)
– Infecção do carrapato, sem transmissão transovariana, que permanece infectante por até 155 dias
– No cão: Infecção e multiplicação em células do sistema monocítico fagocitário (linfonodos, baço, fígado e medula óssea)
– Linfoadenopatia e esplenomegalia– Componente imunológico da infecção
Erliquiose caninaErliquiose canina
– Estimulação antigênica prolongada pela perpetuação do agente (mecanismos de sobrevivência intracelular)
– Produção de Ac – Hipergamaglobulinemia• Deposição de imunecomplexos: artrite, glomerulopatias,
trombocitopenia e vasculite (citocinas)
• Alteração do microambiente medular – MO hipercelular ou aplásica
• Infiltrado plasmocitário dos órgãos
PatogeniaPatogenia
Picada do carrapato e
transmissão do agente
Invasão dos leucócitos e
distribuição pelos tecidos linfoides
Eliminação ou perpetuação do agente
Desaparecimento dos sintomas e perpetuação
da estimulação antigênica
Reaparecimento (agudização) dos
sintomasFase crônica Fase assintomática
Fase agudaPeríodo de incubação(7 a 21 dias) (2 a 4
semanas)
(6 a 9 semanas)
Erliquiose canina - SintomasErliquiose canina - Sintomas
• Fase aguda:– Trombocitopenia, anemia branda regenerativa e leucopenia ao
redor do 15o dia P.I.– Depressão, perda de peso, linfoadeno/esplenomegalia, febre,
epistaxe, petéquias, claudicação e ataxia– Lesão cardiomiócitos – maior predisposição a lesão miocárdica
nessa fase
• Fase assintomática:– Meses a anos (pode haver a eliminação do agente infeccioso)
• Fase crônica:– Fraqueza, depressão, emaciação, mucosas pálidas, epistaxe,
petéquias, artrite, glomerulopatia, aborto, cio prolongado, polimiosites, uveíte, presença de infecção secundárias, etc.
Erliquiose caninaErliquiose canina• Achados laboratoriais:
– Trombocitopenia (MPV pode ser indicativo de bom prognóstico)
– Leucopenia ou leucocitose– Anemia (mais grave com a progressão da doença)– Pancitopenia
• Urinálise:– Proteinúria, hematúria
• Achados bioquímicos– Hipergamaglobulinemia (indício de doença crônica)– Hipoalbuminemia Ativ. Sérica transaminases hepáticas (ALT, AST, FA)
Por que meu tratamento falhou?
Por que meu tratamento falhou?
– Avaliação da efetividade do tratamento:• Melhora clínica – animais em fase aguda têm melhor prognóstico• Melhora laboratorial – timming dependente da capacidade de
resposta medular– Eritrograma - variável– Leucograma - variável– Contagem de plaquetas - variável (avaliar a ocorrência de TIM)– Proteína total plasmática - tardia
– Eliminação do parasito - PCR– Tratamento:
• Não houve adesão ao tratamento• Tempo insuficiente (28 dias)• Tratamento inadequado (ex. enrofloxacina)
Por que meu tratamento falhou?
Por que meu tratamento falhou?
Tratamento correto?Doxiciclina 5mg/kg/BID 28 dias
Não
Sim
Avaliação hemograma e contagem de plaquetas
Melhora significativa?
Sim Não
Aguardar e reavaliar em 7 dias Mielograma
PCRCorticoideterapia?
PCR
Positivo Negativo
Novo tratamento e acompanhar hemograma
MielogramaCorticoideterapia?
Hemoparasitoses Hemoparasitoses • Devemos sempre nos lembrar que só a
trombocitopenia não é tudo.....– Estudo para determinar a a prevalência de E. canis em
cães trombocitopênicos no Rio de Janeiro. Em apenas 26,8% dos cães trombocitopênicos foi detectado E. canis (PCR) (Macieira et al., 2005)
– Determinação da incidência de E. canis em cães anêmicos, trombocitopênicos ou infectados por R. sanguineus (126 animais) Dagnone et al., 2003:
• 21% dos cães com carrapatos tinham erliquiose• 20% dos cães com trombocitopenia tinham erliquiose• 21% dos cães anêmicos tinham erliquiose
Erliquiose canina - prevalência
Erliquiose canina - prevalência
• 221 cães estudados - Ribeirão Preto (Santos et al, 2009 – The Vet Journal): – 38,9% positivos para E. canis
•Trombocitopênicos 66,3% •Não trombocitopênicos 33,7%
– 14,9% positivos para A. platys– 8,1% positivos para Babesia canis
Erliquiose canina – Prognóstico
Erliquiose canina – Prognóstico
• Indicadores prognósticos na erliquiose canina (Shipov et al., Vet Parasit, 2008):
• Mucosas hipocoradas, quadros hemorrágicos e prostração foram mais prevalentes no grupo de cães que morreram– Fatores indicativos de risco de morte:
• Leucócitos< 4.0 103/L• Ht < 25%• Plaquetas < 50.000/L
– Fatores indicativos de morte (probabilidade de 100%):• Leucócitos< 0,9 103/L• Ht < 11,5%• TTPA > 18,25s• [K]<3,65 mEq/L
– Fatores indicativos de bom prognóstico:• Leucócitos >5,18 103/L• Ht >33,5%• TTPA < 14,5s• Plaquetas > 89.5000/L• [K]>4,75 mEq/L
Erliquiose caninaErliquiose canina
• Diagnóstico– Detecção de mórulas no sangue periférico– Cultura– Anticorpo fluorescente direto - IFA– ELISA– PCR e nested PCR*
*considerado mais sensível que o PCR simples (Aguirre et al., Annals of the New Yourk Academy Press, 2009).
Ehrlichia sp.Ehrlichia sp.
Ehrlichia canis
Tratamento Tratamento
• Doxiciclina – 5 mg/kg a cada 12 horas/ 28 dias
• Dipropionato de imidocarb– 5 a 7 mg/kg – duas doses com intervalo 15 dias– Atropina 0,044 mg/kg 10’ antes (diminuição do efeito
anticolinesterásico do medicamento)
• MinociclinaMinociclina20 mg/kg a cada 12 horas20 mg/kg a cada 12 horas
• Cloranfenicol Cloranfenicol 50 mg/kg a cada 8 horas50 mg/kg a cada 8 horas
• Hidrocloridrato de tetraciclinaHidrocloridrato de tetraciclina22 mg/kg a cada 8 horas 22 mg/kg a cada 8 horas
• OxitetraciclinaOxitetraciclina25 mg/kg a cada 8 horas25 mg/kg a cada 8 horas
Tratamento Tratamento
• Cães em fase aguda e assintomática da doença têm melhor prognóstico de cura com o uso da doxiciclina
• Animais em fase crônica tiveram remissão da doença mesmo após 28 dias de tratamento com doxiciclina
McClure et al. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, Dec. 2010, p. McClure et al. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, Dec. 2010, p. 5012-5020 5012-5020
Tratamento Tratamento • Clearence da infecção por E. canis em cães por
Doxiciclina e Rifampicina (Schaefer et al., Annals of the New York Academy of Sciences, 2009)
– A Rifampicina é um antibiótico semi-sintético da Rifamicina (interfere com a síntese de DNA). Utilizado para tratamento de infecções virais e bacterianas
• Tratamento de tuberculose e hanseníase em seres humanos
– Indicado para tratamento de infecções fúngicas no SNC em cães e gatos (aspergilose e histoplasmose) na dose de 10-20 mg/kg/VO/ TID
– Indicado para tratamento da actinomicose em cães - 10-20mg/kg/VO/BID
Tratamento Tratamento • Doxiciclina
– Relatos de falhas no tratamento da erliquiose canina quando administrada por 14 dias (Schaefer et al., 2007)
– Completa esterilização da infecção por E. canis quando administrada por 3 ou 4 semanas (Eddlestone et al., 2007)
• Dipropionato de imidocarb– Relatos de falha no tratamento quando utilizado
isoladamente a 6,6 mg/kg, IM, 2 injeções com 2 semanas de intervalo (Eddlestone et al., 2006)
Tratamento Tratamento
• Corticosteroides– Prednisona 0,5 a 1 mg/kg/SID/7 dias
• Esteroides anabólicos– Sem efeito comprovado
• Transplante de medula óssea (?)
PrevençãoPrevenção• Infecção precedente não confere imunidade
protetora
• Medicamentos ectoparasiticidas (96,4% de eficácia com o uso de fipronil em cães na África – Davoust et al, 2003)
• Oxitetraciclina – 6,6 mg/kg/dia
• Doxiciclina– 100mg/dia (3mg/kg/dia) em 614 cães franceses que
permaneceram 4 meses na África conferiu 100% de proteção (Davoust et al., 2005)
Muito [email protected]