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Ascensores com histria O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal
Qualidade, segurana e ambiente A Preocupao Ambiental na Produo, Instalao e Manuteno de Elevadores
Notas tcnicas Integrao do Projeto de Elevadores em Edifcios
Figuras Resumo Biogrco de Joaquim Pinto
DOSSIER QUALIDADE
elevareSuplemento tcnico sobre elevadores e movimentao de cargas
-
PUB
-
1elevare
DIRETOR
Fernando Maurcio Dias
COLABORAO REDATORIAL
Fernando Maurcio Dias, Jos Aidos Rocha, Miguel Tato,
Modesto Ribeiro, Ricardo Arajo, Jos Pirralha,
Nuno Carneiro, Joo Paulo Rocha,
Fernando J. T. Estvo Ferreira, Leopoldo Cortez,
Rogrio Marques, Antnio de Vasconcelos Loureno,
Antnio Vasconcelos, Ricardo S e Silva e Helena Paulino
COORDENADOR EDITORIAL
Ricardo S e Silva, Tel.: +351 225 899 628
DIRETOR COMERCIAL
Jlio Almeida, Tel.: +351 225 899 626
CHEFE DE REDAO
Helena Paulino
ASSESSORIA
Joo Miranda
DESIGN
Luciano Carvalho
WEBDESIGN
Martino Magalhes
PROPRIEDADE, REDAO, EDIO E ADMINISTRAO
CIE - Comunicao e Imprensa Especializada, Lda.
Grupo Publindstria
Tel.: +351 225 899 626/8 Fax: +351 225 899 629
[email protected] www.cie-comunicacao.pt
Os trabalhos assinados so da
exclusiva responsabilidade dos seus autores.
Imagem da capa gentilmente cedida
por Antnio Vasconcelos
2 EDITORIAL
Objetivo: Qualidade
3 LEGISLAO
Regulamento Tcnico de Segurana contra Incndio em Edifcios
6 ARTIGO TCNICO
Aplicao em Elevadores de um Sistema de Poupana de Energia LESS
8 NORMALIZAO
Caminhos da Normalizao Europeia
10 QUALIDADE, SEGURANA E AMBIENTE
A Preocupao Ambiental na Produo, Instalao e Manuteno de Elevadores
12 NOTAS TCNICAS
Integrao do Projeto de Elevadores em Edifcios
16 INVESTIGAO E DESENVOLVIMENTO
Impacto dos Variadores Eletrnicos de Velocidade nos Motores e na Rede Eltrica
20 DOSSIER: QUALIDADE
[20] A Soluo do Conceito de Qualidade e a sua Aplicao
no Setor dos Elevadores
[24] Acreditao de Entidades
[26] Certicao
[28] O Sistema de Gesto da Qualidade e a Relevncia da sua Implementao
[32] a segurana uma preocupao crescente da sociedade
35 FIGURAS
Resumo Biogrco de Joaquim Pinto
36 ASCENSORES COM HISTRIA
O Elevador do Bom Jesus do Monte, o Mais Antigo de Portugal
38 NOTCIAS E PRODUTOS
40 CONSULTRIO TCNICO
Sumrio
elevareSuplemento tcnico sobre elevadores e movimentao de cargas
Ficha tcnica
-
Editorial
2 elevare
Objetivo: Qualidade
No passado dia 15 de junho foi divulgado o 1.o nmero da ELEVARE que, dados os coment-
rios que recebemos, foi muito bem acolhido pela generalidade do pblico ao qual a revista
se destina. No fcil colocar em p um projeto desta natureza. Da nossa parte, e enquanto
houver interesse do mercado, estaremos disponveis para manter e melhorar a publicao.
Gostaria, mais uma vez, de frisar a importncia de fazerem chegar os vossos comentrios,
sugestes e crticas na certeza de que sero sempre analisados e considerados em futuros
nmeros.
Neste nmero damos destaque ao tema da Qualidade, um tema controverso no nosso se-
tor, principalmente quando a reviso do Decreto-Lei n.o 320/2002 prev a introduo de
alteraes signicativas quer ao nvel das empresas de manuteno quer ao nvel das en-
tidades inspetoras. nosso objetivo desvendar um pouco do que a Qualidade e o seu en-
quadramento a nvel nacional relativamente aos formalismos de acreditao e certicao.
Para tal, convidamos a participar, entre outros, as entidades nacionais que tutelam o setor,
nomeadamente o IPQ Instituto Portugus da Qualidade e o IPAC Instituto Portugus de
Acreditao.
Gostaria de deixar uma palavra relativamente s 2.as Jornadas Tcnicas de Elevadores que
decorreram no Centro de Congressos do ISEP Instituto Superior de Engenharia do Porto
e que tiveram organizao conjunto da FIPP Fundao Politcnico do Porto, OE Ordem
dos Engenheiros e ISEP. Mais uma vez as Jornadas pautaram-se pelo elevado nvel de co-
municaes apresentadas e tambm pela elevada adeso de participantes no evento (mais
de 300). , certamente, com encontros desta ndole que se consegue uma maior partilha
de experincias e de preocupaes entre todos os interessados, direta ou indiretamente,
nesta atividade.
Para nalizar desejo que tenham um bom ano de 2013 quer a nvel pessoal quer a nvel
empresarial.
Boa leitura.
Fernando Maurcio Dias
Diretor
-
Legislao
3elevare
Regulamento Tcnico de Segurana contra Incndio em Edifcios
1. INTRODUO
A construo de edifcios com mltiplos
pisos levou criao, desenvolvimento e
instalao de dispositivos de transporte uti-
lizados para mover bens ou pessoas verti-
calmente. Deste modo, passou a ser poss-
vel um acesso rpido e cmodo a qualquer
andar de uma edicao, independente-
mente da sua altura.
No entanto, a resoluo de um problema
acarretou, como reverso, o aparecimento
de riscos associados utilizao de ele-
vadores pelo que a nvel internacional os
regulamentos de segurana, designada-
mente os de segurana contra incndio,
passaram a conter exigncias para garantir
a segurana dos ocupantes dos edifcios.
Em Portugal, estas questes esto conti-
das no Regulamento Tcnico de Segurana
contra Incndio em Edifcios (RT-SCIE) - Por-
taria n. 1532/2008, de 29 de dezembro que
dene as condies, entre outras, a cumprir
pelas instalaes tcnicas.
2. DEFINIES/CONCEITOS
Para melhor entendimento das disposies
contidas na legislao em vigor, apresen-
tam-se as denies subjacentes presen-
te temtica:
Plano de referncia (PR)
Plano de nvel, cota de pavimento do
acesso destinado s viaturas de socor-
ro, medida na perpendicular a um vo de
sada direta para o exterior do edifcio;
Resistncia ao fogo
Propriedade de um elemento de cons-
truo, ou de outros componentes de
um edifcio, de conservar durante um
perodo de tempo determinado estabi-
lidade e ou estanquidade, isolamento
trmico, resistncia mecnica, ou qual-
quer outra funo especca, quando
sujeito ao processo de aquecimento re-
sultante de um incndio.
As classicaes de desempenho mais
utilizadas na atribuio de resistncia
ao fogo aos produtos de construo
so as seguintes:
R - capacidade de suporte de carga;
E - estanquidade a chamas e gases
quentes;
I - isolamento trmico.
A estes critrios est associado um es-
calo de tempo (em minutos, variando
entre 15 e 240, passando por 20, 30, 45,
60, 90 ...), durante o qual um determi-
nado elemento de construo mantm,
em condies de fogo normalizado, as
exigncias que lhe so solicitadas. Por
exemplo: porta E [escalo de tempo] ou
parede EI [escalo de tempo];
Cmara corta-fogo
Compartimento corta-fogo indepen-
dente, com um grau de resistncia e os
meios de controlo de fumo, que esta-
belece, em regra, a comunicao entre
dois espaos com o objetivo de garantir
a proteo temporria de um deles ou
evitar a propagao do incndio entre
ambos;
Ascensor prioritrio para bombeiros
Elevador situado na fachada de um
edifcio ou no seu interior, dispondo
neste caso de caixa prpria protegi-
da, equipado com maquinaria, fonte
de energia permanente e comandos
especialmente protegidos, com dispo-
sitivo de comando para utilizao ex-
clusiva pelos bombeiros, em caso de
emergncia;
Jos Aidos Rocha
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Legislao
4 elevare
Posto de segurana
Local, permanentemente vigiado, de um edifcio onde possvel controlar todos os sis-
temas de vigilncia e de segurana, os meios de alerta e de comunicao interna, bem
como os comandos a acionar em situao de emergncia.
3. SEGURANA PASSIVA
3.1 Caixas dos elevadores
A segurana passiva dos edifcios passa, entre outros requisitos, pelo estabelecimento de
compartimentos corta-fogo (setores de fogo). Esta compartimentao garantida por pa-
redes guarda-fogo e pavimentos com resistncia ao fogo adequada para fracionar a carga
de incndio do seu contedo ou impedir a propagao de um eventual incndio entre espa-
os denidos por essa setorizao.
A compartimentao anteriormente referida pode ser colocada em causa pela instalao
de elevadores que atravessam todos os pisos pelo que h que adotar algumas medidas de
segurana que a seguir se caraterizam.
O isolamento e proteo das caixas de elevadores ou de baterias de elevadores so assegu-
rados pela atribuio de resistncia ao fogo s paredes e s portas de patamar, de acordo
com o apresentado na Tabela 1:
Tabela 1. Isolamentos e proteo das caixas de elevadores.
Altura do edifcio N. pisos abaixo do PR Paredes Portas de patamar *
H 28 metrosAt um piso EI 30 ou REI 30 E 15
Mais do que um piso EI 60 ou REI 60 E 30
H > 28 metros Qualquer EI 60 ou REI 60 E 30
* Estas portas so obrigatoriamente de funcionamento automtico.
Nos pisos abaixo do plano de referncia, os acessos aos elevadores que sirvam espaos
afetos a estacionamentos, para alm do discriminado, devem ainda ser protegidos por c-
maras corta-fogo, que podem ser comuns s das caixas de escadas.
Nos edifcios com altura superior a 28 metros, os elevadores podem comunicar diretamen-
te com as circulaes horizontais comuns desde que satisfeitas as condies expressas na
Tabela 1, com exceo dos prioritrios de bombeiros que devem ser servidos, por um trio
com acesso direto cmara corta-fogo que protege a escada.
Salienta-se que nos edifcios com altura superior a 28 metros, a ligao entre circulaes
horizontais comuns interiores e as vias verticais protegidas interior obrigatoriamente as-
segurada por cmaras corta-fogo, desde que sejam ambas interiores.
3.2 Isolamentos das casas das mquinas
As casas de mquinas de elevadores com carga nominal superior a 100 kg, quando existam,
devem ser instaladas em locais prprios isolados dos restantes espaos do edifcio, com
exceo da caixa do elevador ou da bateria de elevadores, por elementos de construo
que garantam pelo menos as classe de resistncia ao fogo discriminadas na Tabela 2:
Tabela 2. Isolamentos das casas das mquinas.
Elementos de construo Resistncia ao fogoParedes no resistentes EI 60
Paredes e pavimentos resistentes REI 60
Portas E 30 C*
* Portas dotadas de dispositivo de fecho automtico (C).
3.3 Reao ao fogo
Os materiais util izados na construo
ou no revestimento de caixas de eleva-
dores devem ter uma reao ao fogo da
Classe A1 (grosso modo, podem dizer-se
que os materiais util izados devem ser
incombustveis).
4. EXIGNCIAS DE EXPLORAO
4.1 Dispositivo de chamada em caso de
incndio
Os ascensores devem ser equipados com
dispositivos de chamada em caso de in-
cndio, acionveis por operao de uma
fechadura localizada junto das portas de
patamar do piso do plano de referncia,
mediante uso de chave especial, e auto-
maticamente, a partir de sinal proveniente
da central de deteo de incndio, quando
exista.
A chave referida no pargrafo anterior deve
estar localizada junto porta de patamar
do piso do plano de referncia, alojada em
caixa protegida contra o uso abusivo e sina-
lizada com a frase Chave de manobra de
emergncia do elevador, devendo o posto
de segurana, caso exista, dispor de uma
cpia dessa chave.
O acionamento do dispositivo de chamada
deve desencadear as seguintes aes:
Enviar as cabinas para o piso do plano
de referncia, onde devem car esta-
cionadas com as portas abertas;
Anular todas as ordens de envio ou de
chamada eventualmente registadas;
Neutralizar os botes de chamada dos
patamares, os botes de envio e de pa-
ragem das cabinas e os dispositivos de
comando de abertura das portas.
Se, no momento do acionamento do dispo-
sitivo, qualquer das cabinas se encontrar
em marcha, afastando-se do piso do plano
de referncia, deve parar, sem abertura das
portas e, em seguida, ser enviada para o
piso referido.
Se, no momento do acionamento do dis-
positivo, um ascensor estiver eventual-
mente bloqueado pela atuao de um
dispositivo de segurana, deve manter-se
imobilizado.
-
Legislao
5elevare
4.2 Sinaltica
Em todos os pisos dos edifcios, junto dos
acessos aos ascensores, devem ser axa-
dos sinais com a seguinte inscrio: No
utilizar o ascensor em caso de incndio ou
com pictograma equivalente.
5. ASCENSOR PRIORITRIO PARA
BOMBEIROS
5.1 Critrios de exigncia
obrigatria a instalao de, pelo menos,
um ascensor destinado a uso prioritrio dos
bombeiros em caso de incndio os edifcios
que possuam as seguintes caratersticas:
Altura superior a 28 m;
Mais de dois pisos abaixo do plano de
referncia (isto , um edifcio possuindo
trs ou mais pisos abaixo do plano de
referncia deve ser dotado de elevador
prioritrio).
De realar que deve ser estabelecido pelo
menos, um elevador por cada comparti-
mento de fogo, servindo todos os pisos,
bem como devem ser servidas por estes
todas as zonas de refgio quando exigidas
pelo pelo RT-SCIE.
5.2 Dispositivo de chamada em caso de
incndio exigncias complementares
Cada ascensor deve ser equipado com
um dispositivo complementar ao de cha-
mada anteriormente descrito, constitudo
por um interruptor acionado por chave
prpria, colocado no piso do nvel de re-
ferncia, que desencadeia uma segunda
atuao e o coloca ao servio exclusivo
dos bombeiros, restabelecendo a opera-
cionalidade dos botes de envio da cabina
e dos dispositivos de comando de abertu-
ra das portas.
Esta chave de manobra da fechadura e a
respetiva cpia devem estar posicionadas
nos locais e nas condies elencados no
ponto 4.1 do presente artigo.
5.3 Principais caratersticas
O ascensor destinado a uso prioritrio dos
bombeiros em caso de incndio deve ainda
possuir as seguintes caratersticas:
Ter capacidade de carga nominal no
inferior a 630 kg;
Ter dimenses mnimas de 1,1 m 1,4 m;
Ter portas de patamar e de cabina, des-
lizantes de funcionamento automtico,
com largura no inferior a 0,8 m;
Ter um alapo de socorro instala-
do no teto da cabina, com pontos de
abertura ou fecho claramente identi-
ficados e cujo acesso no esteja obs-
trudo por qualquer elemento ou dis-
positivo, com as dimenses mnimas
de 0,4 m 0,5 m;
Ter na cabina meios de acesso que per-
mitam a abertura completa do ala-
po de socorro a partir do interior, por
exemplo com a ajuda de um ou vrios
degraus escamoteveis com um passo
mximo de 0,4 m e capazes de suportar
uma carga de 1.200 N;
Ter no interior ou no exterior da ca-
bina escada que permita ao bombei-
ro eventualmente encarcerado o seu
auto-socorro at ao patamar mais
prximo;
Efetuar o percurso entre o piso do pla-
no de referncia e o piso mais afastado
deste, num tempo no superior a ses-
senta segundos aps o fecho das por-
tas;
Ser dotado de um sistema de interco-
municao entre a cabina e o piso do
plano de referncia e o posto de segu-
rana;
Ser apoiado por fontes de energia de
emergncia (por exemplo: grupo gera-
dor).
A caixa de cada ascensor para uso dos
bombeiros deve ser independente, pos-
suindo as condies de isolamento e pro-
teo denidas no ponto 3.1 do presente
artigo.
Caso o elevador se destine a apoiar a eva-
cuao de pessoas em macas ou camas, as
exigncias so maiores no que concerne
capacidade e s dimenses.
6. CONCLUSES
As instalaes tcnicas dos edifcios, com
destaque neste caso para os elevadores,
devem ser concebidas, instaladas e explo-
radas, de modo que no constituam causa
de incndio, nem contribuam para a sua
propagao, devendo satisfazer as exign-
cias tcnicas exaradas no Regulamento
Tcnico (RT-SCIE).
Os edifcios de grande ou de muito grande
altura, bem como os que possuem trs ou
mais pisos abaixo do plano de referncia,
devem ser dotados de elevadores com ca-
ratersticas especiais para serem utilizados
pelos bombeiros em caso de incndio.
BIBLIOGRAFIA
Decreto.-Lei n. 220/2008, de 12 de novem-
bro - Regime Jurdico da Segurana contra
Incndio em Edifcios;
Portaria n. 1532/2008, de 29 de dezembro
- Regulamento Tcnico de Segurana contra
Incndio em Edifcios;
Norma NP EN 81-72 Regras de segurana
para o fabrico e a instalao de ascensores
- Aplicaes particulares para ascensores de
pessoas e ascensores de cargas Parte 72:
Ascensores prioritrios de bombeiros;
Norma NP EN 81-73 Regras de segurana
para o fabrico e a instalao de ascensores
- Aplicaes particulares para ascensores de
pessoas e ascensores de cargas Parte 73:
Comportamento de ascensores em caso de
incndio.
RESENHA CURRICULAR
Licenciado em Engenharia Civil pela Acade-
mia Militar. detentor de uma Ps-gradua-
o em Proteo Contra Incndios de Edif-
cios promovida pela Faculdade de Cincias e
Tecnologia da Universidade de Coimbra e La-
boratrio Nacional de Engenharia Civil;
Atualmente Diretor-Geral da Exactusensu,
empresa que desenvolve atividades de con-
sultoria e de projeto nas reas da segurana
contra incndio, segurana no trabalho e or-
ganizao da emergncia (medidas de auto-
proteo);
Desempenhou, em comisso de servio, as
funes de Adjunto Tcnico e de 2 Coman-
dante, entre 2002 e 2006, no Batalho de Sa-
padores Bombeiros (BSB) do Porto;
Foi-lhe outorgado o ttulo de Especialista em
Engenharia de Segurana, em maio de 1999,
sendo presentemente vogal da Comisso de
Especializao em Engenharia de Segurana
da Ordem dos Engenheiros;
Foi agraciado com a Medalha de Servios Dis-
tintos - Grau Ouro, pela Liga dos Bombeiros
Portugueses, em maro de 1994 e com a Meda-
lha de Bons Servios - Grau Prata, pela Cmara
Municipal do Porto, em setembro de 2005.
-
Artigo tcnico
6 elevare
Aplicao em Elevadores de um Sistema de Poupana de Energia LESSMiguel Tato, Modesto Ribeiro, Ricardo Arajo
Efalift Sistemas e Tecnologias para Elevadores, Lda.
INTRODUO
semelhana de todos os equipamentos
eltricos, tambm os elevadores tem um
elevado consumo de energia em standby
(modo de espera), que quando comparada
com a de um televisor (4 W) a do elevador
(80 W a 800 W) pode chegar a 200 vezes
mais. Segundo os estudos levados a cabo
pelo "E4 Ecincia Energtica em Eleva-
dores e Escadas Rolantes", o consumo de
energia do elevador em standby, pode che-
gar a mais de 70% do total da energia por
ele consumida, caso se trate de um edifcio
residencial (Figura 1). Esta energia com-
pletamente desaproveitada, no produzindo
qualquer trabalho til e contribuindo desta
forma para uma reduo drstica do rendi-
mento energtico do elevador.
POTENCIAR A EFICINCIA ENERGTICA DOS
ELEVADORES INSTALADOS
Tendo em vista tornar o parque dos eleva-
dores instalados em Portugal mais ecien-
te, contribuindo assim para uma reduo
no consumo de energia eltrica, que de
acordo com o estudo E4-D2.2-Country Re-
port-Portugal o consumo em standby dos
elevadores em Portugal corresponder a
305.272 Gwh por ano e que ao ser elimina-
do proporcionaria uma reduo de cerca de
112.950 toneladas de CO2eq por ano gastas
para a produo da mesma. Posto isto, urge
serem adotadas medidas que permitam re-
duzir o consumo de energia em standby.
Para tal pode ser seletivamente desligada
a energia a alguns equipamentos (motor
de portas, displays, sensor de carga, entre
outros), quando o elevador est parado, ou
seja, em modo standby, no entanto tal situ-
ao nem sempre possvel e por vezes
muito dispendiosa.
Dada a grande variedade de marcas de
quadros de comando instalados nos eleva-
dores existentes, o desao foi desenvolver
um sistema econmico, universal, de fcil
instalao em qualquer tipo de modelo de
elevador e capaz de desligar total ou par-
cialmente elevadores que no estejam a
ser utilizados, de modo a economizar a
energia em standby. Este sistema tem em
considerao os seguintes pontos:
A atividade dos botes de chamada de
piso;
Atividade/utilizao tpica dos elevado-
res para cada edifcio (perl de necessi-
dade de utilizao).
Com base na informao anterior, poss-
vel inferir uma parametrizao (perodo de
adormecimento, por exemplo) que permite
anar o sistema para otimizar a utilizao
energtica dos elevadores do edifcio em
questo, ligando ou desligando os eleva-
dores conforme sejam ou no necessrios
(aplicvel a elevadores residenciais de uso
espordico).
Outra funcionalidade fazer essa para-
metrizao dependente de um calendrio
semanal, de maneira a se poder anar
de forma mais precisa o sistema (por dia
da semana e por hora com resoluo de
30 minutos, por exemplo). A soluo ideal
atinge-se permitindo ao sistema guardar o
histrico das chamadas realizadas nos ele-
vadores do edifcio e com base nesse his-
trico, aplicar uma heurstica capaz de esti-
mar as necessidades imediatas do elevador
e, com isso, gerir a sua energia de modo a
otimizar o seu desempenho. Este mtodo
adaptativo no s o mais indicado para
encontrar o perl de necessidades de utili-
zao de cada edifcio, mas tambm para se
ajustar s respetivas variaes que so de
esperar ao longo do tempo.
Figura 1.
Figura 2.
Figura 3.
Consumo anual de eletricidadepara cada tipo de edifcio (%)
Potencial poupana de energia Sistema less
Energia consumida em funcionamento normal
Residencial
Fonte: E4 - Ecincia energtica em elevadores e escadas rolantes | D2.2 - Relatrio Nacional
Escritrio Hospital Hotel Comercial Outros
72% 29% 18% 17% 37% 52%
Chamadas de piso
SISTEMA LESS
Chamadas de piso
Atividade dos elevadores
Energia para os elevadores do grupo
Parametrizao
Elev. 2Elev. 1
6h 7h 8h 9h 10h 11h 12h 13h 14h 15h 16h 17h 18h 19h 20h 21h 22h 23h 0h 1h 2h 3h 4h 5h
-
Artigo tcnico
QUANTO SE PODE POUPAR
Com este sistema toda a energia poupada advm da energia
de standby consumida pelos elevadores quando esto para-
dos espera de aceitar chamadas. Para saber quanto os ele-
vadores vo poupar necessrio saber:
A potncia consumida em standby;
O perl de necessidades de utilizao.
Para se determinar a energia consumida em standby, o mto-
do mais correto o recurso a um wattmetro trifsico monta-
do entrada do quadro de comando.
A no existir o processo adaptativo j referido, o perl de
necessidades de utilizao para os elevadores de um edif-
cio mais complicado de denir, podendo ser conseguido,
por exemplo, aplicando um registador durante um perodo
de tempo razovel (no inferior a 2 semanas), que armazene
os perodos (data e hora) em que o elevador est em modo
standby (modo de espera). Recolhida esta informao deter-
mina-se o perl de necessidades de utilizao do elevador e
calcula-se a potencial energia a poupar.
CASOS PRTICOS
Caso 1.
Num edifcio residencial com apenas um elevador, mediu-se
a potncia que consome em standby e obteve-se um valor
de 183 W. Com base na informao recolhida junto do admi-
nistrador do condomnio estimou-se que o elevador pode ser
desligado durante 11.5 horas por dia, noite das 23 horas s
6.30 horas, durante o dia das 9.30 s 11 e das 14.30 s 17 ho-
ras. Com base neste perl de necessidades de utilizao, com
a aplicao do sistema LESS o potencial de poupana ser de
768,14 kWh/ano.
Caso 2.
Edifcio tambm residencial, com dois elevadores a trabalhar
em grupo e com uma potncia consumida em standby de 237 W
por elevador, obteve-se o perl de utilizao da Figura 3, ou
seja, o potencial de tempo para desligar os elevadores de:
10 horas/dia para o elevador 1;
18 horas/dia para o elevador 2.
o que se traduz num potencial de poupana de consumo de
energia em standby de 1.557 kWh/ano para o elevador 2 e
865 kWh/ano para o elevador 1, ou seja 2.422 kWh/ano no
conjunto dos dois elevadores.
Conforme se pode vericar em ambos os casos, h uma pou-
pana signicativa de energia, o que torna o sistema econo-
micamente vivel.
De notar que estes valores de poupana de energia podero
ser inferiores, pois o sistema monitoriza em permanncia a
atividade dos botes de piso por forma a se for necessrio
usar um elevador que esteja desligado baste para isso pres-
sionar um boto de patamar, atingindo-se um compromisso
entre poupana de energia e disponibilidade do elevador.
Ao utilizar o mtodo adaptativo para a gesto dos grupos de
elevadores face ao histrico de chamadas, o grau de pou pan-
a/otimizao ener g ti ca pode ainda atingir patamares mais
elevados e, portanto, mais apelativos ao investimento dos
utilizadores.
H ainda poupanas mais difceis de contabilizar ao utilizar
este mtodo de otimizao energtica por poupana na ener-
gia de standby, como por exemplo a maior durao do equi-
pamento pelo menor tempo de utilizao, ou o aumento do
tempo de vida dos componentes eltricos e eletrnicos por
atenuao da fadiga. Quaisquer destes pontos so vantagens
adicionais do sistema, no se traduzindo diretamente na pou-
pana energtica mas na rentabilizao do investimento.
CONCLUSO
Ao contribuirmos de forma a diminuir ao mximo o enorme
desperdcio de energia quando os elevadores se encontram
parados, em modo standby, todos, utilizadores ou no, direta
ou indiretamente, ganharamos com tal facto.
Elevis uma empresa especialista no ramo dos elevadores, apresentamos solues, com a instalao de todos os tipos de elevadores e plataformas elevatrias, assim como, solues em mobilidade reduzida.
Sentimos a modernizao de elevadores como uma imagem de marca
Elevis ElevadoresRua Professor Egas Moniz, Lote 5, R/C Drt8005-272 MontenegroFaro
PUB
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Normalizao
8 elevare
Caminhos da Normalizao Europeia
Falar hoje de Normalizao em Portugal,
mais no , salvo honrosas excepes, do
que falar em Normalizao Europeia.
Num tempo de globalizao e de interna-
cionalizao das economias, as Normas
assumem-se cada vez mais como instru-
mentos fundamentais para a competitivi-
dade, ao mesmo tempo que exercem uma
grande inuncia na sociedade, em es-
pecial em matrias de segurana e bem-
estar dos cidados, eccia das redes,
interoperabilidade, ambiente, segurana
e condies de trabalho, acessibilidades,
entre outros.
A crescente difuso do comrcio inter-
nacional, deu s Normas Europeias uma
relevncia cada vez maior, alargando-se
escala global.
Para tal, muito tem contribudo o chamado
"Vienna Agreeement" acordo pelo qual o
CEN e o ISO se comprometem a estabelecer
formas de cooperao tcnica e institucio-
nal de tal forma que as Normas produzidas
adquiram cada vez mais o estatuto global.
com base neste acordo, que deu os pri-
meiros passos h mais de 20 anos e que ao
longo do tempo tem vindo a ser melhorado,
que hoje uma parte signicativa das Nor-
mas se apresentam como EN ISO.
Nesta linha e com o objectivo de melhorar
a produo de Normas foi recentemente
publicado e entrar em vigor em janeiro de
2013 o novo regulamento europeu para a
Normalizao (n.o 1025/2 de 25.10.2012),
o qual estabelece regras para a coope-
rao entre Organizaes Europeias de
Normalizao (CEN, CENELEC e EPSI), os
Organismos Nacionais de Normalizao, os
Estados-Membros e a Comisso para a ela-
borao de Normas Europeias.
A elaborao das Normas Europeias assen-
ta num conjunto de princpios basilares, tais
como:
coerncia;
transparncia;
abertura;
consenso;
aplicao voluntria;
independncia;
ecincia.
Embora considerando a importncia destes
princpios como um todo, permitimo-nos
destacar dois deles, justamente a transpa-
rncia (o processo de elaborao/aprova-
o requer a participao dos organismos
nacionais) e o facto das Normas serem de
aplicao voluntria.
Nesta abordagem, e procurando agora uma
maior aproximao s Normas que esto
mais prximas do setor de elevao, va-
mos deter-nos sobre a famlia de Normas
EN 81-xx.
Antes de olharmos com algum detalhe
para esta famlia de Normas, que como to-
das as famlias tem uma estrutura e de cer-
ta forma uma hierarquia, necessrio que
reavivemos alguns conceitos.
Entendida a Norma como uma especica-
o tcnica, aprovada por um Organismo de
Normalizao reconhecido, para aplicao
repetida ou continuada, cuja observncia
no obrigatria, importante que relem-
bremos o conceito de Norma Harmonizada,
desde logo por se tratar de uma Norma
Europeia aprovada com base num pedido
apresentado pela Comisso, tendo em vista
a aplicao de legislao da Unio em ma-
tria de harmonizao.
este o mecanismo que vertido para a
Directiva 95/16/CE, conduz aos mecanis-
mos de colocao no mercado, no caso
chamada presuno de conformidade, isto
, para que um ascensor seja colocado no
mercado, condio suciente que se-
jam cumpridas as Normas Harmonizadas
aplicveis.
A FAMLIA DE NORMA EN 81-XX
nesta famlia de Normas que podemos
encontrar as Normas especficas de ele-
vadores. Tal, como hoje se nos apresen-
tam as Normas EN 81-xx, esto estru-
turadas em 8 grupos, verificando-se ao
longo dos ltimos anos uma atualizao
de designaes das Normas existen-
tes com vista a enquadr-las de forma
coerente.
De forma simplicada podemos apresentar
os 8 grupos do seguinte modo:
EN 81-1x: bases da organizao do sistema
e as interpretaes;
EN 81-2x: ascensores para transporte de
pessoas e pessoas e mercadorias;
EN 81-3x: elevadores destinados a trans-
porte de mercadorias (exclusivamente);
Jos Pirralha
Presidente da CT 63 Elevadores, escadas mecnicas e
tapetes rolantes
Interpretations
Standardization GuidesISO GESR's & GSP's
EN81-20
EN81-50
Users' Requirements, Comments & Input
Legal Requirements
Revision Process
New Technologies & State-of-the-art
EN81-2
EN81-1
EN81-2/A1
EN81-1/A1
EN81-2/A2
EN81-1/A2
EN81-2/A3
EN81-1/A3
-
Normalizao
9elevare
EN 81-4x: elevadores especiais para o
transporte de pessoas e mercadorias;
EN 81-5x: vericaes, clculos e testes;
EN 81-6x: documentao;
EN 81-7x: aplicaes particulares:
EN 81-8x: ascensores existentes.
No quadro de Normas da famlia EN 81-xx,
existem Normas publicadas ( 16 em 31),
Normas em reviso (4), Normas em desen-
volvimento ( 5) e Normas em previso (6).
Uma nota de destaque para duas das
Normas em desenvolvimento, exatamente a
EN 81-20 e a EN 81-50, sobre as quais falare-
mos mais adiante e a previso de que est em
agenda a preparao de uma Norma para a
modernizao de ascensores (N 81-81).
A REVISO DA EN 81-1/2:1998+A3:2009
A reviso da EN 81-1/2:1998+A3:2009 est
em curso e , sem dvida, a mais impor-
tante alterao normativa no setor nos l-
timos 25 anos, quer pelo alcance quer pelo
forte impacto para a indstria.
Na base da deciso do CEN de por ombros a
tal tarefa esto as seguintes razes:
a existncia de um nmero signicativo
de interpretaes (mais de 80);
o facto de desde 1998, se terem j reali-
zado trs emendas Norma, A1 ,A2 e A3;
o Input de diversos organismos na Eu-
ropa, tais como ELA - European Lift
Association, ELCA - European Lifts Com-
ponents Association, EFESME - European
Federation Elevator Smal and Medium
Enterprise, NBL - Notied Bodies Lifts e
Comisso Europeia;
os trabalhos da ISO/TC 178 e a harmo-
nizao internacional de Normas (Viena
agreement);
a resposta s novas tecnologias e a atu-
alizao do estado da arte.
Este , no essencial, o conjunto de razes
que determina a necessidade de to profun-
da mudana.
Para l das alteraes do contedo pro-
priamente dito, a primeira alterao digna
de registo de estrutura, estrutura das
Normas EN 81-1/2:1998+A3:2009, separan-
do o que matria normativa propriamente
dita e o conjunto de vericaes, exames e
ensaios.
Surgem assim, duas novas designaes a
que nos vamos ter que habituar, EN 81-20-
incluindo os ascensores eltricos e hidru-
licos e a EN 81-50- referente aos exames
e ensaios, tambm vlida para ascensores
eltricos e hidrulicos.
Para quando podemos esperar a publicao
e entrada em vigor da EN 81-20 e EN 81-50?
Os projetos foram submetidos a inqurito
em abril de 2012 e esto neste momento em
apreciao os comentrios apresentados.
A comprovar o interesse dos diferentes
interessados est o gigantesco nme-
ro de comentrios apresentados quer
no que refere ao pr EN 81-20 3268 co-
mentrios, quer no que diz respeito ao
pr EN 81-50 620 comentrios.
Todo este material est a ser consolidado
e analisado pelos diferentes grupos Ad Hoc
criados para o efeito.
Esta avalanche de comentrios ir atrasar
certamente o calendrio previsto, o qual
previa o lanamento do voto formal em
maro de 2013 com publicao pelo CEN
em setembro de 2013 e entrada em vigor
em 2016.
Todavia, face dimenso da tarefa est a
ser considerada a sua nova calendarizao,
estimando-se o lanamento do voto formal
para janeiro de 2014 e a publicao em ju-
nho do mesmo ano.
Como tal a entrada em vigor aponta agora
para junho 2017.
Pese embora possa parecer um prazo lar-
go, a verdade que a natureza das altera-
es introduzidas recomenda que se come-
ce a trabalhar o quanto antes.
EN 81
Family of Standards
EN 81-1x Basics &
Interpretations
EN 81-2x Lifts for Transport of
Persons & Goods
EN 81-3x Lifts for Transport of
Goods only
EN 81-4x Special Lifts for
Transport of Persons & Goods
EN 81-5x
Evaluations
EN 81-6x Documentation for
Lifts
EN 81-7x Particular Applications
Persons & Goods
EN 81-8x
Existing Lifts
(TR) 10:2008 System of EN81
Series of Standards
(TS) 11:2011 Interpretations
12 Procedures for
risk Assessment
1:2009 Passenger &
Goods/Passenger Lifts-Electric
2:2009 Passenger &
Goods/Passenger Lifts-Hydraulic
21:2009 Passenger Lifts
in Existing Buildings
7 Rack and Pinion
Lifts
20 Passenger &
Goods/Passenger Lifts
22 Passenger Lifts,
Inclined
28:2003 Remote Alarms
for Lifts
3(0):2008 Service Lifts
31:2010 Accessible
Goods-only Lifts
40:2008 Stairlifts & Inclined Lifting Platforms
41:2010 Vertical Lifting
Platforms
43:2009 Lifts for Access to
Workplaces
Legend:
Published (year of the latest)
Under revision
In development
Possible future development
50 Calculations & Tests of Lift Components
51 Type Examination
of Lifts
58:2000 Landing Door Fire
Test
60 Technical File & Instruction for passenger lifts
61 Technical File & Instruction for
goods lifts
68 Remote
Monitoring
70:2003 Accessibility for
Persons with Impaired Mobility
71:2005 Vandal Resistant
Lifts
(TS) 76:2011 Use of Lifts for
the Evacuation of Disabled
72:2003 Fireghters Lifts
73:2005 Behavior of Lifts in the
event of Fire
77 Lifts Subject to
Seismic Conditions
80:2003 Improvement of
Safety of Existing Lifts
81 Modernization of
Lifts
(TS) 82:2008 Accessibility
Improvement of Existing Lifts
(TS) 83:2009 Vandal resistance Improvement of
Existing Lifts
-
Qualidade, segurana e ambiente
10 elevare
A Preocupao Ambiental na Produo, Instalao e Manuteno de ElevadoresEng. Nuno Carneiro
Responsvel do Departamento de Qualidade, Ambiente
e Segurana, Schmitt Elevadores, Lda.
Os impactes ambientais nos processos de produo, instalao e manuteno
de elevadores so hoje uma preocupao de todas as empresas
ligadas a este setor de atividade. por isso, do maior interesse das
organizaes, que sejam denidas e implementadas estratgias ambientais
que permitam um crescimento sustentado e a melhoria da qualidade
de vida.
1. DESENVOLVIMENTO
Os impactes ambientais resultantes das
atividades industriais so atualmente reco-
nhecidos, por todos, como problemas gra-
ves e com importantes implicaes para a
sade pblica e para a gesto dos recursos
naturais e energticos.
Uma vez que no existem processos de
fabrico isentos de impactes ambientais, as
atividades industriais esto inteiramente li-
gadas a uma maior ou menor degradao
do meio ambiente, assim como da qualida-
de de vida das pessoas.
O impacte ambiental varia mediante o tipo
de indstria, pelo que devemos ter em con-
siderao a zona de implantao (como por
exemplo, cursos de gua, solo, envolvente
natural e humana), as diversas matrias-
primas utilizadas, os processos e os pro-
dutos fabricados, os resduos produzidos
e o prprio ciclo de vida do produto, assim
como a reutilizao dos materiais aps o
seu nal de vida, entre outros.
A implementao de legislao e de nor-
mas ambientais, cada vez mais restritivas,
e a criao de mercados mais competitivos
exige que as empresas sejam mais ecien-
tes, quer do ponto de vista produtivo quer
do ponto de vista ambiental, assim como
das condies de segurana e qualidade no
trabalho.
Assim, e de forma sustentvel, o aumento
da produo industrial deve estar aliado a
uma reduo de gastos (otimizao de cus-
tos) e a uma menor produo de poluentes.
por isso muito importante que as empre-
sas industriais denam estratgias de elimi-
nao e reduo de poluentes diretamente
nas fontes emissoras. Esta atuao pode
consistir no desenvolvimento de atividades
que promovam a reduo de desperdcios,
a conservao dos recursos naturais, a
eliminao ou reduo de substncias qu-
micas que prejudiquem o ambiente, a dimi-
nuio da quantidade de resduos produzi-
dos, e como consequncia, a diminuio dos
impactes com poluentes que so lanados
para o ar, solo e guas.
A indstria de fabrico, instalao e de ma-
nuteno de elevadores est assim en-
globada nas atividades que apresentam
-
Qualidade, segurana e ambiente
11elevare
impacto no meio ambiente e na qualidade
de vida.
Para evitar as consequncias dos impactes
ambientais gerados por este tipo de empre-
sas industriais, tornou-se prioritrio denir
e implementar medidas que permitam re-
duzir e, se possvel, eliminar as fontes po-
luentes de forma preventiva.
2. A PREOCUPAO AMBIENTAL
NA INDSTRIA DE PRODUO, INSTALAO
E MANUTENO DE ELEVADORES
A reduo dos impactes ambientais nos
processos de produo, instalao e de
manuteno dos elevadores dever ser
desenvolvida atravs de uma estratgia
ambiental, que tem sido considerada como
um fator essencial para o desenvolvimen-
to das empresas deste setor de atividade,
na medida em que permite atingir melho-
rias ambientais e ao mesmo tempo refor-
ar a sua competitividade no mercado dos
elevadores.
A preocupao e a estratgia ambiental en-
contram-se normalmente denidas na Po-
ltica de Ambiente e signicam a aplicao
contnua de melhorias a produtos e proces-
sos industriais de forma preventiva e inte-
grada, para reduzir ou minimizar os impac-
tes para a sade humana e para o ambiente,
bem como os custos de produo, atravs
da utilizao mais eciente das matrias-
-primas, energia e gua, permitindo pou-
panas nos custos de gesto das emisses
e nos resduos gerados.
As opes da adoo de uma Poltica Am-
biental, passam nomeadamente por:
Alterao do processo para a pre-
veno e minimizao de resduos e
emisses.
Boas prticas de gesto:
Controlo de inventrios;
Formao dos trabalhadores;
Gesto racional dos materiais e pro-
dutos, gua e energia;
Preveno de fugas e derrames.
Reciclagem externa:
Redues de emisso e resduos;
Reduo do consumo de gua e
energia;
Melhor utilizao de matrias-pri-
mas (eco-ecincia).
Reformulao dos produtos e a sua
substituio:
Substituio de produtos mais ade-
quados, ambientalmente, ao ciclo
de vida do produto;
Equipamentos de elevada poupana
de energia e devidamente certica-
dos como equipamentos com eci-
ncia energtica Classe A.
A estratgia ambiental que as empresas
possam denir, no se prende apenas na
questo de mudana de tecnologias, mas
sobretudo nas atitudes e comportamentos
que vo permitir s empresas deste setor
tornarem-se mais eco-ecientes, contri-
buindo assim para um Desenvolvimento
Industrial Sustentvel.
3. CONCLUSO
A forma como as empresas convivem com
a questo do Desenvolvimento Sustentvel,
passa a ter uma resposta na Eco-ecincia.
Entende-se como Eco-ecincia, as ativida-
des e esforos que uma organizao de-
senvolve para otimizar (reduo na fonte)
a utilizao dos recursos naturais (gua,
energia, matria-prima, entre outros), com
a nalidade de reduzir o impacte ambiental
e com o objetivo de ter resultados ben-
cos a nvel ecolgico e econmico.
A estratgia ambiental das empresas de
Produo, Instalao e Manuteno de Ele-
vadores passa por:
Eco-design alteraes ao nvel do de-
sign dos produtos promovem uma re-
duo do impacte ambiental associado
(reciclagem e a reutilizao);
Boas prticas Certicao Ambiental
das empresas pela Norma ISO 14001 ou
EMAS;
Melhoria de processos adoo de me-
didas de ecincia energtica (poupar
gua, eliminar/minimizar a produo de
resduos, otimizar os ciclos de consumo
de energia, alterar a logstica interna e
externa, entre outros);
Restruturao de processos a modi-
cao parcial ou geral das tecnologias
utilizadas para fabrico dos produtos,
assim como dos processos de fabrico
(substituindo tecnologias antiquadas
por outras ambientalmente mais res-
ponsveis, como por exemplo, a elimi-
nao de linhas de pintura manual com
tintas de base solvente por linhas auto-
mticas de pintura electroesttica que
permitem melhorias considerveis em
termos de impactes ambientais;
Melhores tcnicas disponveis so
as bases tcnicas para a denio dos
limites de emisses permitidos para
cada tipo de atividade e que permi-
tem diminuir os consumos de energia,
de matrias-primas e de produo de
resduos;
Tratamento e valorizao internas o
tratamento e valorizao de resdu-
os e emisses produzidas pelas em-
presas permitem incrementar a sua
eco-ecincia;
Valorizao externa de resduos o
tratamento e a valorizao dos resdu-
os devem ser efetuados por empresas
devidamente licenciadas para a gesto
de resduos.
-
Notas tcnicas
12 elevare
Integrao do Projeto de Elevadores em Edifcios
1. INTRODUO
O conceito geral do projeto de elevador em
edifcio adequar uma instalao, neste
caso um elevador, a um edifcio com uma
determinada utilizao, tendo em conta as
necessidades na data da sua conceo e fu-
turamente, com o objetivo de na data de en-
trada em explorao este ainda esteja atual
e capaz de se adaptar a necessidades futu-
ras. Para alm da funo do edifcio, outra
preocupao a levar em considerao,
adequar as instalaes legislao e nor-
malizao aplicvel, mas tambm legis-
lao futura. Assim na conceo do projeto
do elevador este no deve ser dimensiona-
do como um equipamento autnomo, mas
como um equipamento a ser incorporado
numa construo e, por consequncia, de-
vidamente adaptado.
Na especialidade dos elevadores h que ca-
tegorizar os equipamentos na sua funo
de transporte:
Pessoas;
Mercadorias.
Nestas categorias ainda podemos subcate-
gorizar o transporte de pessoas da seguin-
te forma:
Ascensores;
Monta-camas;
Monta-carros.
A categoria de equipamentos de transporte
de mercadorias tambm se pode subdividir
nas seguintes subcategorias:
Plataformas;
Monta-Cargas;
Monta-pratos.
Neste artigo, dada a extenso do tema,
abordaremos apenas o projeto de ascen-
sores, uma vez ser o tipo de elevador de
uso mais corrente sendo responsvel por
cerca 92% das instalaes em explorao
em Portugal.
2. ENQUADRAMENTO
necessrio deixar bem claro que no se
deve confundir projeto do ascensor em edi-
fcios, com o projeto do ascensor enquan-
to equipamento. Teoricamente, o segundo
seria a consequncia do primeiro. Porm
na prtica o projetista do ascensor em edi-
fcios dene as condies que se adequa
utilizao e ao edifcio. O segundo passo ca
reservado aos fabricantes dos elevadores
que desenvolvero um projeto de porme-
nor do equipamento e nalmente o proje-
tista enquanto representante do propriet-
rio dever validar a soluo desenvolvida
pelo fabricante. No desenvolvimento do
projeto do ascensor o primeiro passo ser
conhecer a utilizao do edifcio, efetuar o
estudo de trfego e a qualidade de servio
pretendida.
O estudo de trfego denir os seguintes
aspetos do projeto de ascensores:
Quantidade de ascensores;
Lotao/carga nominal;
Velocidade de transporte.
Como resultado do estudo de trfego deve-
ro ser apresentadas vrias solues que
sero aplicadas na fase seguinte. A etapa
seguinte ser integrar os resultados do es-
tudo de trfego ao projeto do edifcio.
Para concluir, o documento tcnico do pro-
jeto necessrio conrmar a adequao
regulamentar da integrao do elevador no
edifcio.
2.1. Estudo de Trfego
Para o desenvolvimento do estudo de trfe-
go necessrio obter as seguintes informa-
es sobre o edifcio:
Tipo de Utilizao;
Curso do transporte vertical;
Populao a transportar.
Tendo como base as frmulas de probabili-
dade de operao do transporte vertical de
pessoas, determinamos o ciclo de rotao
tendo em conta as caratersticas principais
do ascensor (sistema de trao, capacida-
de de transporte das cabinas tipo de porta,
largura da porta, velocidade da cabina, n-
mero de paragens e curso).
A partir do ciclo de rotao possvel de-
terminar os parmetros que avaliam o de-
sempenho dos ascensores, a saber:
Intervalo Mximo do Piso Principal
IMP;
Capacidade de Transporte T5;
Qualidade de Trfego QT;
Joo Paulo Rocha
Eng.o Tcnico de Eletrotecnia
Tcnico Responsvel de Projetos de Instalaes Especiais
Figura 1. Elevador do Peneco Albufeira.
Arq.o Joo Castro Ferreira.
-
Notas tcnicas
13elevare
2.1.1. Intervalo Mximo do Piso Principal IMP
Intervalo Mximo do Piso Principal (IMP) o
tempo mdio entre as partidas sucessivas
das cabinas do piso principal. Este parme-
tro determinante para se denir o nmero
de ascensores a instalar.
A avaliao do IMP ser efetuada de acordo
com estes limites:
25 segundos no mximo para uma qua-
lidade de servio excelente;
32 segundos no mximo para uma qua-
lidade de servio bom;
40 segundos no mximo para uma qua-
lidade de servio satisfatrio;
50 segundos no mximo para uma qua-
lidade de servio sofrvel;
2.1.2. Capacidade de Transporte T5
A capacidade de transporte o nmero de
pessoas a transportar pela soluo em es-
tudo, em 5 minutos.
2.1.3. Qualidade de Trafego QT
A Qualidade de Trafego QT a percen-
tagem de populao do edifcio acima do
piso principal, que pode ser transportada
em 5 minutos pela bateria de ascensores.
Recomenda-se:
1 a 15% para um edifcio sem trfego
importante;
15 a 25% para um edifcio com trfego
importante.
A partir dos parmetros de IMP, T5 e QT, o
clculo deve ainda levar em conta as se-
guintes consideraes:
Tipo de edifcio;
Fator de ocupao da cabina;
Curso mdio;
Paragens provveis.
Para o tipo de edifcios h quatro categorias:
Habitao Utilizao mediana;
Servios (escritrios e comrcio) Utili-
zao Elevada;
Hoteleiro Utilizao acima da mdia;
Hospital Utilizao muito elevada.
O fator de carga a percentagem da car-
ga nominal que, em mdia transportada
numa viagem, que para efeito de calculo
considerado 80% da carga nominal.
O curso mdio um dado utilizado na deni-
o do tempo de espera no piso de refern-
cia (IMP). Em funo do tipo de edifcio, este
curso mdio um valor ponderado do cur-
so total percorrido pelos ascensores. Nor-
malmente os valores considerados para o
curso mdio so os seguintes:
Habitao: 50% do curso total;
Escritrio: 75% do curso total;
Hotel: 55% do curso total;
Hospital: 75% do curso total.
As paragens provveis um fator determi-
nante para a denio do tempo de espera
e na capacidade de transporte (T5). As pa-
ragens provveis so calculadas em funo
do tipo de utilizao do edifcio e o nmero
de pisos existentes. Normalmente os valo-
res considerados para o curso mdio so
os seguintes:
Habitao: 2 x CME (Capacidade mdia
de utilizadores por ascensor);
Escritrio: 75% do curso total;
Hotel: 55% do curso total;
Hospital: 100% do curso total;
2.2. Integrao do ascensor no edifcio
O aspeto determinante para a melhor inte-
grao do ascensor ao edifcio, ser em que
fase do projeto se efetua esta integrao,
isto , quanto mais cedo, mais fcil ser e
por consequncia, melhor ser a soluo
encontrada. Com os resultados do estudo
de trfego, o mais certo termos mais do
que uma soluo de possvel aplicao. Em
conjunto com a restante equipa de projeto,
sero avaliadas as vrias solues, pon-
deradas as vantagens versus as desvanta-
gens. Na maioria das situaes os aspetos
mandatrios sero o espao disponvel, o
grau de qualidade de servio pretendido e
o custo.
Como resultado da integrao, ser a de-
nio das caratersticas do ascensor a ins-
talar nomeadamente as seguintes:
Sistema de trao;
Estrutura;
Caixa;
Cabine.
A integrao do ascensor leva com que
o respetivo projeto interra com as res-
tantes especialidades, nomeadamente as
seguintes:
Arquitetura;
Estruturas;
Eletricidade;
Mecnica;
Segurana;
Acstica;
Gesto Tcnica Centralizada.
Destas especialidades, a arquitetura a de
maior exigncia no processo de integrao,
porque a arte de maior relevncia que es-
tuda o edifcio, de forma a desempenhar a
sua funo. As restantes especialidades,
na sua essncia, devem tentar adaptar-se
s condicionantes denidas pela arquitetu-
ra. Recordo que o objetivo construir um
edifcio.
2.2.1. Arquitetura
A integrao do ascensor na arquitetura re-
leva-se importante nos seguintes aspetos:
Dimenses;
Acessibilidade;
2.2.1.1. Dimenses
Na conceo do ascensor as dimenses
so normalmente o aspeto que origina uma
maior preocupao, pois o que mais inter-
fere com o prprio programa do edifcio. Na
maioria das situaes, os programas so
to exigentes que uma pequena rea pode-
r obrigar a refazer um projeto por com-
pleto. As dimenses so determinadas pela
capacidade de transporte, sistema de tra-
o, sistema de abertura das portas (cen-
tral ou lateral). Neste aspeto, o que suscita
sempre discusso a dimenso da caixa do
elevador nos trs eixos, incluindo tambm
a dimenso do poo e do extra curso supe-
rior. Com o aparecimento dos ascensores
sem casa das mquinas a problemtica da
integrao destes espaos tm vindo a des-
parecer, porm, quando existem devem-se
ter em considerao nomeadamente o p-
direito e o sentido de abertura da porta.
2.2.1.2. Acessibilidade
Nos dias de hoje, revela-se de alguma im-
portncia a garantia das acessibilidades a
pessoas de mobilidade reduzida. Com o au-
mento da esperana de vida e a queda da
natalidade origina o aumento da percenta-
gem de populao idosa, com diculdade
de locomoo e sem apoio parental/fami-
liar. Dai a necessidade, na fase de projeto, de
precaver estas situaes e alertar os pro-
motores para esta realidade. Ressalve-se
que, ultimamente, no segmento dos promo-
tores de individuais, moradias unifamiliares,
-
Notas tcnicas
14 elevare
tem crescido a procura da instalao de as-
censores destinados para esse m.
No entanto, temos vericado algumas fa-
lhas ao nvel do projeto, mais uma vez na
restrio ao mnimo das dimenses da
cabine, levando que no permitam ser uti-
lizados por aqueles que mais necessitam.
O exemplo da falha mais frequente a ca-
bine no ter as dimenses que permitam o
transporte de uma pessoa em cadeira de
rodas.
Recentemente, deparei-me com um projeto
de remodelao de uma moradia, em que
uma das preocupaes do promotor era
a instalao de um ascensor. Quando foi
apresentado o projeto arquitetura, a conce-
o do elevador foi dado como facto consu-
mado e estava de acordo com a legislao.
Dado que era uma remodelao, a cabine
possua portas a 90 e com as dimenses
mnimas regulamentares de 1,1 x 1,4 m (Fi-
gura 2). Porm, continha uma falha grave,
que iria comprometer a utilizao do eleva-
dor por pessoas em cadeira de rodas: numa
situao de portas a 90, a dimenso de 1,1
metros de largura no permite a rotao da
cadeira de rodas no seu interior.
Ao nvel de acessibilidades deve-se
considerar:
Botes que tenham indicao luminosa
e inscries de alto-relevo em braille;
Registo do piso de destino;
Indicao numrica luminosa e sonora
do piso de paragem;
Sadas desobstrudas.
2.2.2. Estruturas
Nas estruturas, a preocupao que tere-
mos de ter sero basicamente o seu dimen-
sionamento para suportar os esforos que
os ascensores iro transmitir ao edifcio
e que o poo no coincida com elementos
estruturais, como por exemplo lintis. Nas
situaes em que h utilizao dos espaos
abaixo do ltimo piso de paragem do ascen-
sor, necessrio que a estrutura do poo
seja sobredimensionada para suportar os
esforos em queda do contra peso.
2.2.3. Eletricidade
Sendo o ascensor uma mquina eletrome-
cnica teremos de garantir a disponibilidade
de energia eltrica suciente para alimen-
tar estes equipamentos. No passado recen-
te, era habitual existir na data de arranque
da instalao problemas com disponibili-
dade de potncia eltrica para alimentar o
ascensor, por um lado motivado por falta
de coordenao e por outro pelas potncias
elevadas dos motores. Nos dias de hoje,
j so pouco frequentes estes problemas,
porque h uma maior coordenao na fase
de projeto e pelo desenvolvimento tecnol-
gico as potncias destes equipamentos tm
diminuindo.
Tambm necessrio garantir nveis m-
nimos de iluminao para os acessos aos
elevadores, casa de mquinas e caixa do
elevador.
Nas situaes onde seja necessrio prever
um ascensor de uso de bombeiros, deve-se
ainda prever a alimentao de emergncia
e as respetivas canalizaes resistentes ao
fogo.
2.2.4. Hidrulica
Na hidrulica, os aspetos a considerar na in-
tegrao esto relacionados com as redes
de gua, nas seguintes situaes:
Drenagem de gua no poo do ascen-
sor, quando os nveis freticos esto
muito prximos;
Drenagem das guas pluviais nos pata-
mares, quando no exterior;
Garantir que no h passagem de con-
dutas ao atravessar no interior da casa
das mquinas;
2.2.5. Mecnica
Nas instalaes mecnicas, as interfern-
cias so inexistentes, exceto na necessidade
de ventilao da casa das mquinas e caixa
do elevador. Em casos mais particulares,
como por exemplo ascensores panormi-
cos com exposio ao exterior, ser neces-
srio vericar a necessidade de climatiza-
o da cabine e em alguns casos a casa das
mquinas.
2.2.6. Segurana Contra incndios
A integrao da segurana contra incn-
dio incide essencialmente dos seguintes
aspetos:
Isolamento ao fogo;
Sinaltica;
Equipamento de uso dos bombeiros.
O isolamento ao fogo aplica-se na casa das
mquinas e na caixa do elevador. luz da
legislao de segurana contra incndio, as
casas das mquinas devem ser isoladas ao
fogo com uma classe resistncia ao fogo de
60 minutos e portas pra-chamas 30 minu-
tos com sistema de fecho automtico.
A caixa do elevador dever ser isolada ao
fogo com classe de resistncia ao fogo
30 minutos e portas pra-chamas 15 minu-
tos, nos casos dos edifcios de altura at 28
minutos. Para os restantes casos, o isola-
mento ao fogo dever ser 60 minutos e as
portas pra-chamas 30 minutos. As portas
devem ser sempre dotadas de sistema de
fecho automtico. O isolamento ao fogo,
pode ser dispensado sempre que os eleva-
dores apenas sirvam o mesmo comparti-
mento corta-fogo.
Junto ao acesso dos elevadores, deve ser
axado uma sinaltica com a indicao de
no utilizao em caso de incndio.
Os edifcios com altura superior a 28 me-
tros ou com mais de dois pisos abaixo do
plano de referncia, devem ser dotados de
um ascensor para uso dos bombeiros. Nes-
tas situaes, que ter a preocupao para
as seguintes condies:
sistema de chamada para uso exclusivo
dos bombeiros em caso de incndio;
capacidade e dimenso adequada quan-
do utilizado para apoio da evacuao de
acamados;
resgate dos ocupantes;
velocidade de transporte;
sistema de intercomunicao com o
posto de segurana;
caixa do elevador independente;
ndice de proteo penetrao de lqui-
dos do equipamento eltrico;
sistema de drenagem de gua no poo
do elevador.
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2.2.7. Acstica
Na integrao do ascensor necessrio conhecer o nvel de
rudo produzido pelo ascensor de forma que o estudo do com-
portamento acstico esteja considerado. Normalmente, esta
preocupao relevante nos casos em que a casa das m-
quinas est prxima de quartos. Nas situaes dos edifcios
de habitao esta problemtica reduzida quando a casa das
mquinas est instalada no piso inferior.
2.2.8. Gesto Tcnica Centralizada
Atualmente, comum os edifcios serem dotados de sistemas
de Gesto Tcnica Centralizada - GTC. Neste caso faz todo o
sentido que os ascensores comuniquem com a GTC, transmi-
tindo vrias informaes como:
Posio;
Carga;
Consumo de energia;
Estado;
Alarmes.
Para que esta interligao seja possvel necessrio que o as-
censor esteja concebido com um protocolo de comunicao,
congurado para transmitir a informao respetiva. Mesmo
num ascensor sem sistema de comunicao por protocolo
sempre possvel transmitir alguma informao atravs de
replicao de contactos dos vrios estados do ascensor.
Os objetivos da interligao dos ascensores GTC passa por
melhorar a ecincia energtica e aumentar a disponibilidade
de explorao, reduzindo as intervenes de manuteno.
3. CONCLUSO
O projeto do ascensor, como qualquer outro, deve ser uma
anteviso das necessidades pelo que se deve estar preocu-
pado por utilizar mais tecnologias, mas sempre devidamente
fundamentadas. O documento tcnico que compe o projeto
deve ser incorporado com uma maior informao e detalhe
de forma a caraterizar devidamente o ascensor.
De maneira geral o projeto um elemento chave para suces-
so da construo de um edifcio e o do ascensor no foge a
esta regra, porm requer que sejam tomadas medidas na ela-
borao do projeto na fase em que se faz a integrao com as
restantes especialidades. Esta integrao dever ser iniciada
o mais cedo possvel.
importante o acompanhamento da obra pelo autor do pro-
jeto e mesmo aps o edifcio entrar em explorao. Este ser
um processo de onde se podem retirar muitos ensinamentos.
Os cuidados com a segurana so os mais importantes, mas
atualmente, cada vez mais faz sentido ter em considerao
outros aspetos como a ecincia energtica e as intervenes
para manuteno, pois so pilares para se obterem edifcios
mais sustentveis e assim contribuir para um desenvolvimen-
to sustentvel.
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Investigao e Desenvolvimento
16 elevare
Impacto dos Variadores Eletrnicos de Velocidade nos Motores e na Rede Eltrica
Resumo Os Variadores Eletrnicos de Velocidade, devido s suas
vantagens tcnico-econmicas, so cada vez mais utilizados para
controlar a velocidade e o binrio dos motores de induo trif-
sicos. Porm, tm tambm associados alguns aspetos negativos.
Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o seu impacto nos
motores de induo trifsicos e na rede eltrica.
I. INTRODUO
Os motores de induo trifsicos com rotor em gaiola de esquilo1
(MIs, Figura 1) so o tipo de motor eltrico de Corrente Alternada
(Alternate Current, AC) mais utilizado em acionamentos eletromec-
nicos industriais com potncia nominal superior a 0,75 kW, integran-
do mais de 85% dos mesmos.
Figura 1. Motores de induo trifsicos com rotor em gaiola de esquilo.
At setembro de 2012, os MIs s estavam comercialmente dispo-
nveis para as classes de rendimento IE1, IE2 e IE3, denidas na 1.
edio da Norma IEC 60034-30 (2008). Porm, foram recentemen-
te lanados no mercado europeu MIs de classe IE42. Os motores AC
sncronos de manes permanentes (Permanent Magnet Synchronous
Motors) e de relutncia varivel (Synchronous/Variable Reluctance
1 Em portugus, so tambm denominados de motores assncronos tri-
fsicos com rotor em curto-circuito. Em ingls, so denominados de
three-phase squirrel-cage induction motors.2 O lanamento foi feito pela empresa WEG que, at data, o nico fa-
bricante a comercializar MIs de classe IE4 na gama de 3 a 355 kW (2, 4 e
6 plos). Rera-se que a WEG um dos maiores fabricantes de motores
elctricos a nvel mundial.
Motors) so tecnologias mais ecientes, estando comercialmente
disponveis para a classe IE43, mas ainda assim com uma quota de
mercado muito inferior dos MIs. Os motores AC sncronos no po-
dem ser alimentados diretamente da rede, necessitando por isso de
um controlador eletrnico, exceto se incorporarem uma gaiola de
esquilo auxiliar, como o caso do motor de manes permanentes de
arranque direto4 (Line-Start Permanent Magnet Synchronous Motor).
Com uma quota de mercado cada vez mais reduzida, os motores de
Corrente Contnua (Direct Current, DC) com escovas (commutated
DC motors) so ainda utilizados em algumas aplicaes industriais.
Na ltima dcada, a utilizao de Variadores Eletrnicos de Velo-
cidade5 (VEVs, Figura 2) tem vindo a aumentar signicativamente
para o controlo da velocidade e do binrio em motores AC sncro-
nos e assncronos. Atualmente, na Unio Europeia, vendem-se mais
de 2 milhes de VEVs por ano, dos quais cerca de 95% com potn-
cia inferior ou igual a 37 kW. Na sua grande maioria, estes VEVs so
constitudos por um reticador de dodos e um inversor de fonte de
tenso (Voltage-Source Inverter VSI) com modulao por largura
de impulso (Pulse-Width Modulation PWM), e vendem-se separa-
damente dos motores. Todavia, o mercado das unidades integradas
(VEV integrado na estrutura do motor) est a crescer na gama de
potncia de 0,75 a 22 kW.
O controlo eletrnico dos MIs atravs de VEVs permitiu que estes
substitussem os motores DC com escovas em muitas aplicaes
com necessidade de controlo de velocidade e binrio, razo pela
qual estes ltimos esto a desaparecer do mercado, uma vez que
os primeiros apresentam vantagens ao nvel do rendimento e da
abilidade.
3 A classe IE4 est denida no documento de especicaes tcnicas IEC/
TS 60034-31 e ser includa na 2. edio da Norma IEC 60034-30.4 Atualmente, a WEG o nico grande fabricante a comercializar este tipo
de motores (modelo WQuattro, disponvel de 0,37 a 7,5 kW). 5 No meio industrial, so muitas vezes denominados de inversores ou
conversores de frequncia. Em ingls, so tipicamente denominados
de Variable Speed Drives VSDs, Adjustable Speed Drives ASDs ou Va-
riable Frequency Drives VFDs.
Fernando J. T. E. Ferreira
Departamento de Engenharia Eletrotcnica, Instituto Superior de Engenharia de Coimbra (ISEC), Coimbra, Portugal
Instituto de Sistemas e Robtica, Universidade de Coimbra (ISR-UC), Coimbra, Portugal , [email protected]
-
Investigao e Desenvolvimento
17elevare
Devido s suas vantagens tcnico-econmicas, os VEVs substitu-
ram praticamente todas as outras solues para controlo de velo-
cidade (por exemplo, mecnicas e hidrulicas) em processos indus-
triais acionados por MIs.
Os VEVs foram identicados como uma das tecnologias com maior
potencial de poupana energtica, particularmente em aplicaes
de movimentao de uidos com necessidade de variao de cau-
dal/uxo, nomeadamente, bombas, ventiladores e compressores.
Porm, mesmo nestas aplicaes, os VEVs tm tido uma difuso
lenta.
Em aplicaes com operao nos quatro quadrantes (por exemplo,
elevadores e guindastes), os VEVs com regenerao energtica (ca-
pacidade de injeo de energia na rede) tm um potencial de pou-
pana de energia ainda maior.
Figura 2. Variadores eletrnicos de velocidade comerciais.
Neste artigo, de uma forma breve, discute-se o impacto dos VEVs
na rede eltrica e nos MIs, excluindo-se as j bem conhecidas van-
tagens tcnico-econmicas associadas ao controlo de velocidade
e binrio.
II. ACIONAMENTOS ELETROMECNICOS
De uma forma geral, os acionamentos eletromecnicos (ACEs, Fi-
gura 3), tambm denominados de sistemas eltricos de fora mo-
triz, para alm do motor eltrico, integram dispositivos de coman-
do e proteo, um sistema de transmisso mecnica (acoplamento
direto, engrenagens, correias, entre outros) e, opcionalmente, um
controlador/regulador eltrico/eletrnico do motor (VEV, arranca-
dor suave, entre outros). Os VEVs podem ser utilizados em ACEs de
velocidade constante ou varivel, desde que haja necessidade de
variar a frequncia e amplitude da tenso aplicada ao motor.
Figura 3. Componentes de um acionamento eletromecnico industrial.
A operao dos ACEs pode ser num ou mais quadrantes, conso-
ante o motor opera em modo de motorizao, frenagem/gerao
e/ou num ou ambos os sentidos de rotao (Figura 4). A possibi-
lidade de operao nos segundo e quarto quadrantes (modo de
frenagem/gerao) depende da bidirecionalidade da transmisso
mecnica (por exemplo, uma engrenagens com sem-m no , na
prtica, bidirecional) e do tipo de controlador eletrnico. Os moto-
res podem ainda estar sujeitos a uma carga xa ou varivel. Por
exemplo, em elevadores e guindastes de trao, os ACEs podem
operar em modo de motorizao e de frenagem, em ambos os
sentidos de rotao, e o nvel de carga pode ser muito varivel.
J num sistema de bombagem, a operao tipicamente num
nico sentido de rotao e em modo de motorizao, podendo a
velocidade e, consequentemente, o binrio (ou carga) ser xos ou
variveis.
Figura 4. Os quatro quadrantes de operao dos motores.
III. Variao de Velocidade e Binrio em MIs
De uma forma muito simplicada, nos MIs a variao do binrio
conseguido atravs da regulao da amplitude da tenso (da qual
depender o uxo magnetizante) e a variao da velocidade angu-
lar atravs da regulao da frequncia da tenso. Assim, podem-
se ter controladores/reguladores de tenso varivel e frequncia
xa ou de tenso e frequncia variveis. Rera-se ainda que, em
regime permanente, se pode ajustar o binrio (ou o uxo magneti-
zante) dos MIs carga com o objetivo de aumentar o seu rendimen-
to e fator de potncia.
Existem vrias tcnicas para variar a velocidade em MIs, podendo
ser divididas em dois grupos: 1) tcnicas baseadas na variao do
deslizamento6; 2) tcnicas baseadas na variao da velocidade de
sincronismo.
6 O deslizamento num MI corresponde diferena entre a velocidade de
sincronismo e a velocidade do rotor. Tipicamente, expresso em per-
centagem da velocidade de sincronismo. A velocidade de sincronismo
diretamente proporcional frequncia da tenso e inversamente pro-
porcional ao nmero de plos.
-
Investigao e Desenvolvimento
18 elevare
Nas Figuras 5-7, apresentam-se trs tcnicas para regular a ve-
locidade em MIs com base na variao do deslizamento, nomea-
damente, variao da resistncia rotrica (s aplicvel aos moto-
res de rotor bobinado), variao da amplitude da tenso aplicada
aos terminais do motor e alterao do modo de ligao (estrela/
tringulo).
Nas Figuras 8 e 9 apresentam-se duas tcnicas para variar a velo-
cidade em MIs com base na alterao da velocidade de sincronismo,
nomeadamente, alterao do nmero de plos (possvel em moto-
res de duas velocidades com enrolamentos do tipo Dahlander ou
enrolamentos separados/independentes) e variao simultnea da
frequncia e da amplitude da tenso aplicada aos terminais do mo-
tor (denominado de controlo escalar ou V/f; possvel em motores
alimentados/controlados por VEVs7).
Figura 5. Regulao de velocidade em MIs atravs da variao do valor da resis-
tncia rotrica (s aplicvel aos motores de rotor bobinado).
Figura 6. Regulao de velocidade em MIs atravs da variao da amplitude da
tenso.
7 Relativamente s tcnicas de controlo eletrnico de MIs implementadas
nos VEVs com inversores de fonte de tenso (VSI) e modulao por lar-
gura de impulso (PWM), para alm do controlo escalar (Scalar Control),
existe tambm o controlo vetorial (Flux Vector Control ou Field-Orien-
ted Control) e o controlo direto de binrio (Direct Torque Control), nos
quais se utiliza a posio/velocidade angular (medida ou estimada) para
o controlo do motor em malha fechada.
Figura 7. Regulao de velocidade em MIs atravs da alterao do modo de liga-
o dos enrolamentos estatricos (estrela ou tringulo).
Figura 8. Regulao de velocidade em MIs atravs da alterao do nmero de
plos em enrolamentos do tipo Dahlander (4/8 plos, binrio varivel).
Figura 9. Regulao de velocidade em MIs atravs da variao da amplitude e
frequncia da tenso aplicada ao motor (controlo V/f).
IV. TCNICAS DE ARRANQUE DE MIS
Existem vrias tcnicas de arranque de MIs. Os benefcios associa-
dos ao arranque/paragem suave dos MIs so vrios, sendo os mais
relevantes: a) reduo da corrente mxima absorvida pelos moto-
res no perodo de arranque das plataformas industriais, conduzindo
a menores quedas de tenso e a uma menor potncia tomada nes-
se perodo, o que, eventualmente, pode permitir reduzir a potncia
contratada; b) reduo do desgaste mecnico dos motores e dos
equipamentos a ele acoplados8, prolongando o seu tempo de vida e
8 Por exemplo, um arranque suave permite estender signicativamente o
tempo de vida das correias, particularmente se a carga tiver uma inrcia
relativamente elevada.
-
Investigao e Desenvolvimento
19elevare
reduzindo as necessidades de manuteno e/ou reparao; c) pos-
sibilidade de se poupar energia durante o processo de arranque dos
motores, particularmente se forem utilizados VEVs; d) possibilida-
de de se aumentar a frequncia de paragens/arranques do motor
nalgumas aplicaes, permitindo poupar energia.
A. Motores de uma velocidade
Os MIs de uma velocidade (Single-Speed Motors) podem arrancar
diretamente da rede (arranque direto; D.O.L. starting), sendo a cor-
rente de arranque e os esforos eletrodinmicos e mecnicos no
motor muito elevados, razes pelas quais este tipo de arranque s
se utiliza tipicamente para motores de potncia nominal inferior a
4 kW. No instante inicial do processo de arranque direto, o desliza-
mento de 100%, decrescendo at ao valor nal em regime perma-
nente, que depende do nvel de carga e do modelo do motor (nor-
malmente inferior a 10%). Durante este tipo de arranque, apesar de
ser relativamente rpido, as perdas por efeito de Joule no rotor e no
estator so muito signicativas.
O arranque estrela-tringulo (com um sistema de 3 contactores)
permite reduzir a corrente e o binrio em cerca de 3 vezes, sendo
esta tcnica largamente utilizada. O deslizamento varia da mesma
forma que no arranque direto, mas em duas etapas distintas. Na
primeira e segunda etapas, o deslizamento estabiliza nos pontos de
funcionamento em estrela e tringulo, respetivamente (Figura 7).
Os arrancadores suaves (Soft Starters, Figura 10) so reguladores
eletrnicos (conversores AC/AC) que permitem variar a amplitude
da componente fundamental da tenso (mantendo a sua frequncia
igual da rede eltrica) e, dessa forma, controlar o binrio do mo-
tor durante o arranque (Figura 6). Na Figura 11 apresenta-se a topo-
logia tpica de um arrancador suave. O arranque com este tipo de
dispositivo bastante mais suave e prolongado, do que o feito atra-
vs dos arranques direto e estrela-tringulo. Ao longo do arranque,
o deslizamento varia da mesma forma que o do arranque direto.
Figura 10. Arrancadores suaves comerciais.
Todavia, devido elevada distoro harmnica da tenso e da
corrente produzida pela grande maioria dos arrancadores suaves
comerciais, tanto para o motor como para a rede, no devem ser
utilizados para variar a tenso aplicada ao motor em regime per-
manente, exceto se os benefcios energticos e/ou tcnicos decor-
rentes da reduo da amplitude da componente fundamental da
tenso excederem largamente os aspetos negativos associados s
perdas do prprio dispositivo e s perdas harmnicas adicionais no
motor, bem como elevada distoro harmnica da corrente ab-
sorvida. Estes dois ltimos aspetos constituem a razo pela qual o
arrancador suave shuntado (bypass) aps o arranque. No arran-
que dos MIs podem-se tambm utilizar reguladores de tenso de
tecnologia sinusoidal (por exemplo, os dispositivos SinuMEC).
Figura 11. Topologia tpica dos arrancadores suaves com dois tirstores em an-
tiparalelo (ou um TRIAC) por fase e respetivas formas de onda da tenso e da
corrente sada, para um determinado ngulo de disparo dos tirstores.
O arranque dos MIs com VEV o mais suave e eciente, permitindo
manter o deslizamento num valor muito prximo do nominal ao
longo de todo o processo, garantindo simultaneamente um bin-
rio elevado e uma corrente relativamente baixa (Figura 9). Assim,
as perdas no motor durante o processo de arranque com VEV so
muito menores do que as que nele ocorrem com outros mtodos.
No entanto, os VEVs so demasiado dispendiosos para serem uti-
lizados apenas para efetuar o arranque/paragem do motor, reco-
mendando-se a sua utilizao s em aplicaes que, ao longo do
seu ciclo de funcionamento, possam beneciar tcnica e/ou econo-
micamente com a variao de velocidade.
Rera-se ainda que o binrio produzido pelos arrancadores sua-
ves muito inferior ao do produzido pelos VEVs no incio do ar-
ranque, podendo os mesmos no ser adequados para alguns tipos
de cargas (compare-se as Figs. 6 e 9). Com efeito, nos VEVs, sem
aumentar demasiado a corrente de arranque possvel aumentar
signicativamente o binrio, uma vez que se consegue controlar o
deslizamento.
B. Motores de duas velocidades
O arranque tambm pode ser feito de forma relativamente suave
se o MI tiver dois modos de funcionamento distintos com diferentes
velocidades de sincronismo. As solues comercialmente dispo-
nveis (mais comuns) so os MIs de duas velocidades (two-speed
motors) com dois enrolamentos independentes/separados ou com
enrolamentos Dahlander. Os enrolamentos separados permitem
qualquer combinao de pares de plos (por exemplo, 2/4, 4/8, 2/6
e 4/6) enquanto os enrolamentos Dahlander s permitem relaes
de dobro (por exemplo, 2/4 e 4/8). Os motores de enrolamentos
separados ainda so muito utilizados em elevadores residenciais,
embora sejam mais volumosos e pesados do que os de uma veloci-
dade ou mesmo que os com enrolamentos Dahlander. Nos motores
de duas velocidades, o binrio pode ser aproximadamente cons-
tante ou varivel para os dois modos de funcionamento, devendo
escolher-se a relao de binrio em funo da caracterstica mec-
nica da carga a acionar. Nos arranques com este tipo de soluo, as
perdas no motor at se atingir a velocidade nal resultam menores
que as associadas ao arranque direto, mas maiores que as associa-
das ao arranque com VEV.
(Continua na prxima edio)
-
Dossier: qualidade
20 elevare
A Soluo do Conceito de Qualidade e a sua Aplicao no Setor dos ElevadoresFernando Maurcio Dias
Departamento de Engenharia Eletrotcnica do Instituto Superior
de Engenharia do Porto. Fundao Politcnico do Porto.
SUMRIO
O conceito de Qualidade tem evoludo ao
longo dos tempos. Atualmente a Qualida-
de desempenha um papel fundamental na
sociedade em geral e nas organizaes em
particular.
A nvel da Unio Europeia a Qualidade tem-
se tornado uma ferramenta de valorizao
das organizaes que, as polticas comuni-
trias pretendem promover e reconhecer
de forma a dotar as empresas, atravs de
um processo de forte responsabilizao, de
novas competncias que promovem a des-
burocratizao e a autonomia em diversos
processos.
PALAVRAS CHAVE
Qualidade, Sistema de Gesto da Qualidade,
Diretivas Comunitrias, Diretiva Ascenso-
res, Nova Abordagem, Abordagem Global,
Requisitos Essenciais de Segurana.
1. INTRODUO
Qualidade uma palavra que todos estamos
habituados a utilizar, no entanto, uma ques-
to se coloca: qual o seu signicado, o que
representa, como se mede, qual o seu custo.
Efetivamente, a palavra Qualidade tem um
signicado muito amplo, logo, permite va-
riadssimas interpretaes e adaptaes
a diferentes contextos, por exemplo, fala-
mos em qualidade de atendimento, qualida-
de do ar, qualidade de vida, qualidade de um
produto, qualidade de um servio prestado,
entre outros.
Na prtica uma das formas de "vermos" a
qualidade a satisfao de uma ou mais
necessidades implcitas ou explcitas por
parte do cliente. importante ter ateno
ao facto que a Qualidade depende de fato-
res que, se forem alterados, podem modi-
car a perceo de qualidade. Considerando
o exemplo da compra de um ascensor e,
por exemplo, o preo o fator limitativo, a
exigncia por parte do cliente relativamen-
te ao desempenho do produto no ser a
mesma se no houver limites relativamen-
te ao preo.
No entanto, tambm existem denies
mais formais para o termo Qualidade. Nessa
perspetiva, nada melhor que a terminologia
dada pela Norma NP EN ISO 9000:2005 que
dene qualidade como: Grau de satisfao
de requisitos dados por um conjunto de ca-
ratersticas intrnsecas.
esta particularidade de "grau de satisfa-
o de requisitos" que faz com que a Quali-
dade tenha sido a "ferramenta" adotada pela
Unio Europeia como fator determinante
para a aplicao das Diretivas que respei-
tam os princpios da Nova Abordagem e
Abordagem Global. A Diretiva Ascensores
(95/16/CE) um exemplo claro da incluso
da Qualidade na aplicao da Diretiva.
2. BREVE ANLISE EVOLUO HISTRICA
DA QUALIDADE
Tendo por base o conceito da Qualidade,
podemos armar que o incio da "Qualida-
de" remonta existncia do Homem dado
que este sempre procurou o que mais se
adequasse s suas necessidades nas mais
variadas vertentes, fossem essas de ordem
material, intelectual, social ou espiritual.
No entanto, a qualidade mais prximo da
que conhecemos hoje, pode-se dizer que
teve o seu incio na revoluo industrial em
Inglaterra atravs do aparecimento das "f-
bricas" que comportavam ferramentas de
-
Dossier: qualidade
21elevare
trabalho e os primeiros equipamentos de
medio.
Podemos identicar 4 etapas distintas ao
nvel da evoluo da Qualidade:
Etapa 1 Inspeo Qualidade com foco
no produto;
Etapa 2 Controlo Estatstico da
Qualidade Qualidade com foco no
processo;
Etapa 3 Garantia da Qualidade Quali-
dade com foco no sistema;
Etapa 4 Gesto da Qualidade Total
(Total Quality Management TQM).
2.1. Etapa 1 Inspeo Qualidade com foco
no produto
No nal do sculo XVIII e incio do sculo XIX
a Qualidade era obtida de uma forma mui-
to diferente da utilizada nos dias de hoje. A
produo era totalmente artesanal e em
pequena escala. Os artesos e artces
eram os responsveis pelo fabrico do pro-
duto e pela sua Qualidade nal.
Com o desenvolvimento da industrializa-
o, e consequentemente a produo em
massa, implementou-se um sistema que
tinha por base inspees, onde um ou mais
atributos de um produto eram examinados,
medidos ou testados, de forma a assegurar
a sua Qualidade.
No incio do sculo XX, Frederick W. Taylor
estabeleceu os Princpios da Administra-
o Cientca. Atravs desses princpios
criou-se a funo de inspetor cuja atribui-
o era zelar pela Qualidade dos produtos
fabricados.
Nas primeiras dcadas do sculo XX no
era habitual as empresas possurem um
departamento afeto qualidade. Apenas
algumas organizaes de grande dimen-
so possuam departamento de inspeo
nal dos produtos. Hierarquicamente, esse
departamento, dependia do responsvel
pela produo o que, logo partida, levan-
tava problemas quanto independncia do
inspetor em desempenhar corretamente e
com eccia as suas funes.
A metodologia denida por Taylor foi exce-
lente quanto ao aumento da produtividade
das organizaes uma vez que era esse o
seu grande objetivo, ou seja: produo em
srie com vista a obter grande produtivi-
dade. No entanto, esta viso revelou-se
contraproducente, os operrios estavam
focalizados na produo e a qualidade
era relegada para um plano secundrio
e centrada exclusivamente no produto.
A atividade dos inspetores limitava-se
identicao e q