EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS CAMINHOS PARA UMA … · Pela pregação do amor ao próximo e a prática...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS CAMINHOS PARA UMA VERDADEIRA INCLUSÃO
THALYTA NAYWME DO VALE SILVA
NOVA CRUZ
2016.2
THALYTA NAYWME DO VALE SILVA
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS CAMINHOS PARA UMA VERDADEIRA INCLUSÃO
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, sob a orientação da professora Mestra. Antonia Costa de Andrade.
NOVA CRUZ
2016.2
FICHA CATALOFRÁFICA
NAYWME DO VALE SILVA, THALYTA.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: os caminhos para uma
verdadeira inclusão. THALYTA NAYANE DO VALE
SILVA, 2016, P. 24.
ANTONIA COSTA DE ANDRADE
TCC – (Graduação) – UFRN –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
2016.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS CAMINHOS DE UMA VERDADEIRA INCLUSÃO
POR
THALYTA NAYWME DO VALE SILVA
Artigo Científico apresentado ao Curso de Pedagogia, na modalidade a distância, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________________________________
ORIENTADORA: MESTRA ANTONIA COSTA DE ANDRADE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
__________________________________________________________________________
PROFESSOR CONVIDADO: ALTANIR PESSÔA DE OLIVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRNDE DO NORTE
__________________________________________________________________________
PROFESSOR CONVIDADO: IZA PEREIRA DE SOUZA
UNIVERSIDADE GAMA FILHO
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a minha família, em especial a minha mãe por ter estado ao meu
lado em todos os momentos, ao meu namorado, aos meus amigos e a todos que
contribuíram para a realização desse sonho.
AGRADECIMENTOS
A Deus por sua presença, amor e bondade em minha vida, e por me abençoar com a
realização desse sonho.
A minha família por tudo o que fizeram por mim, em especial a minha mãe, mulher
admirável e batalhadora que sempre esteve do meu lado e não mediu esforços para
me dar o melhor.
Ao meu namorado por todo carinho amor e encorajamento nos momentos difíceis.
Aos meus queridos professores e tutores que contribuíram para a minha formação e
postura profissional.
A minha querida orientadora por todo suporte, atenção, ajuda e paciência.
A todos que de forma direta ou indireta contribuiu e fez parte da minha formação. O
meu muito obrigado!
EPÍGRAFE
“ Diz-me e esquecerei, ensina-me e lembrarei, envolve-me e aprenderei!
Paulo Freire.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................10
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.....................................11
1.1 A ANTIGUIDADE.............................................................................................12
1.2 IDADE MÉDIA..................................................................................................13
1.3 IDADE MODERNA...........................................................................................14
1.4 IDADE CONTEMPORÂNEA............................................................................14
2 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL.............................................................15
2.1 ESTRATÉGIAS INCLUSIVAS........................................................................17
2.2 A REALIDADE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.................................................21
2.3 O BENEFÍCIO DA INCLUSÃO.......................................................................22
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................23
REFERÊNCIAS.....................................................................................................25
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: OS CAMINHOS PARA UMA VERDADEIRA INCLUSÃO
THALYTA NAYWME DO VALE SILVA
RESUMO
O presente artigo tem por finalidade trazer uma reflexão sobre os caminhos a percorrer para
a efetivação de uma verdadeira inclusão. Para uma melhor compreensão dos avanços na
proposta da Educação Inclusiva, faremos uma retrospectiva na história das pessoas com
deficiência, começando na Antiguidade, e perpassando sobre a Idade Média, Idade Moderna,
Idade contemporânea e a história da Educação Especial no Brasil. Ressaltando a importância
e trazendo discussões sobre o papel do município, da escola, do professor e da família, no
processo de inclusão das pessoas com deficiência e necessidades educacionais especiais.
Por fim abordaremos estratégias para uma prática inclusiva, baseada nas diretrizes para a
Educação Especial, frente a realidade das escolas na sua articulação para atender a
diversidade dos seus alunos, garantindo-lhes o acesso e a permanência na escola.
PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Educação Especial. Deficiência.
ABSTRAT
The purpose of this article is to provide a reflection on the paths to be taken to achieve a true
inclusion. For a better understanding of the advances in the proposal of Inclusive Education,
we will give a retrospective on the history of people with disabilities, beginning in Antiquity, and
passing through the middle Ages, Modern Age, Contemporary Age and the history of Special
Education in Brazil. Highlighting the importance and bringing discussions about the role of the
municipality, school, teacher and family, in the process of inclusion of people with disabilities
and special educational needs. Finally, we will approach strategies for an inclusive practice,
based on the guidelines for Special Education, facing the reality of schools in their articulation
to meet the diversity of their students, guaranteeing them access and stay in school.
KEYWORDS: Inclusion. Special education. Deficiency
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INTRODUÇÃO
Percorrer os caminhos para uma verdadeira inclusão no âmbito da Educação
Inclusiva, tem sido o desafio da escola atualmente, principalmente no que se relaciona
à diversidade dos alunos.
Os avanços alcançados nos direitos e nas concepções acerca da inclusão,
trouxeram reflexões significativas e proveitosas para a melhoria da educação e o seu
acesso.
As dificuldades que encontramos em contexto nacional, sob a prática da
inclusão, nos instiga a refletir o modo de como as pessoas com deficiências e
necessidades educacionais especiais, estão sendo inseridas no ensino regular, e
quais tem sido os mecanismos da escola para promover a permanência e
desenvolvimento desses indivíduos. Vale ressaltar que “ Embora os direitos de todos
os cidadãos tenham sido bastante elaborados e proclamados em congressos e
instituições internacionais, de fato não são, em geral, postos em prática. ” (SALTO
PARA O FUTURO, 1999, p. 9).
Será que o simples fato de termo em nossas escolas e classes comuns alunos
com deficiências e necessidades educacionais especiais, faz-nos exercer a inclusão?
As nossas escolas estão preparadas para atender a esses alunos? Os professores
estão qualificados, ou necessitam de qualificação para atender esses alunos? Como
tem sido o planejamento do professor diante de uma turma heterogênea? O currículo
necessita de alguma adequação? A educação especial está do lado de fora ou do lado
de dentro da escola? Essas são algumas questões que merecem serem refletidas,
principalmente no que se refere, à postura da escola e do professor nesse processo.
De acordo com Ibid., p. 7: “ A escola deve também aperfeiçoar sua ação pedagógica,
sem considerar a Educação Especial uma parte separada da Educação. ”
A família também tem um papel de grande responsabilidade para a inclusão
das pessoas que necessitam do atendimento especializado, pois é na família que os
indivíduos adquirem as primeiras relações afetivas, experiências, e desenvolve a
aprendizagem, e de acordo com Amaral (2007, p. 2) “ São os nossos afetos, por
exemplo, que vão, em muito, determinar uma maior ou menor motivação para estudar
esse ou aquele tema. ” Por isso a família tem uma função crucial no acesso da criança
ao ensino regular e o atendimento educacional especializado.
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Para tanto objetivamos com este trabalho, refletir, sobre os caminhos difíceis
para uma verdadeira inclusão, sob a hipótese de que, o simples fato, de termos alunos
com deficiências nas escolas, não nos tornam agentes promotores da inclusão. Para
a orientação dessa discussão sobre estratégias para a prática inclusiva, teremos como
referência as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, O
Plano Nacional de Educação, A Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, juntamente com a discussão sobre algumas
adaptações curriculares, necessárias para o acesso e qualidade do ensino.
A escola atualmente precisa ter um olhar amplo e abrangente, pois é na escola
que o indivíduo se desenvolve, socializa, experimenta, aprende e compartilha. A
escola precisa ser atuante, “ Precisamos de uma escola que não tenha medo de
arriscar, que tenha muita coragem para criar e questionar o que está estabelecido, em
busca de rumos inovadores, necessários a inclusão. ” (SALTO PARA O FUTURO,
1999, p. 15).
A escola precisa abraçar a diversidade, estar aberta e qualificada e organizada
para recebe-la, e garantir o pleno desenvolvimento de seus alunos. “ É imprescindível
que nossa escola esteja preparada para lidar, no seu interior com as diferenças. É
preciso capacitá-la para trabalhar a unidade na diversidade. ( Ibid., p. 13)
1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Durante muito tempo, as pessoas com deficiência viveram totalmente
excluídas da sociedade. Não usufruíam de direitos e eram desprovidos de se
desenvolver de forma plena, como as demais pessoas consideradas normais.
O estigma “ Atributo depreciativo atribuído a uma pessoa ou grupo por aqueles
considerado “normais”. ” (NUNES, BRAUN E SOUZA, 2012, p.13), que cercava essas
pessoas fazia com que a sociedade às rotulasse de acordo com a sua deficiência
física, mental ou sensorial, intitulando-as de “ o cego “, “ o surdo”, “ o mudo”, “ o
aleijado”, etc. Ofuscando assim, todas as outras qualidades e atributos da pessoa.
Para entendermos melhor a realidade na Educação Inclusiva, os avanços
alcançados e os desafios ainda enfrentados, é importante conhecermos um pouco da
sua história, nos períodos correspondentes entre a Antiguidade, Idade Média, Idade
Moderna, Idade Contemporânea e um pouco sobre a Educação Especial no Brasil.
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1.1 A ANTIGUIDADE
A história da Educação Especial e das pessoas com deficiência, começa na
Grécia Antiga. Caracterizada por uma sociedade politeísta, mítico-religiosa, eles
acreditavam que o destino dos homens era traçado pelos deuses e espíritos,
detentores de poderes divinos e demoníacos.
De acordo com Nunes, Braun e Souza (2012, p. 31), “ Na perspectiva dos
gregos, as pessoas deficientes não eram consideradas propriamente humanas, mas
entidades detentoras de poderes sobrenaturais”. Por possuírem algum tipo de
deficiência, e o corpo disforme ser considerado uma anormalidade, os gregos que
atribuíam valor ao corpo, bem como as suas habilidades, excluíam as pessoas
deficientes de todas as formas de interação na sociedade.
No cenário da economia, no setor agrário, Nunes, Braun e Souza (apud
CARVALHO-FREITAS,2007) afirmam que “Os deficientes, percebidos como aqueles
com corpos e mentes “disformes”, seriam incapazes de produzir para a agricultura ou
servir em guerras”. Assim sendo eram vistos como seres que ameaçavam a
sobrevivência da sociedade.
Por não serem habilidosos para o trabalho, e possuírem deficiências físicas,
nem todas as pessoas deficientes eram aceitas. “ Registros históricos indicam que,
em Atenas, os recém-nascidos que apresentavam deformidades físicas eram
sacrificados, ou postos em vasos de barro e deixados à beira das estradas. (NUNES,
BRAUN E SOUZA, apud WINZER, 2002). Aqueles que eram aceitos, eram usados
para trazer benefícios principalmente econômicos, ou preparados para serem
prostitutas ou pedintes mendigos.
Durante a Antiguidade a Educação não era um direito de todos, apenas se
estendia a uma parcela da população, especificamente as classes dominantes, e o
pensamento de inserir as pessoas com deficiências, para também aprimorar seu
corpo e seu espirito praticamente inexistia.
1.2 IDADE MÉDIA
Na Idade Média, período que tem seu início marcado pela queda do Império
Romano do Ocidente, agora apresenta características um pouco divergentes da
antiguidade.
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O pensamento mítico-religioso e a crença em vários deuses, dá lugar ao
Cristianismo, e o politeísmo ao monoteísmo, ou seja, a fé em um só Deus. Com a
instauração do Cristianismo, as imagens das pessoas com deficiência começam a
tomar um novo rumo. Segundo Nunes, Braun e Souza (apud GOFFMAN, 1988) “ A
imagem do deficiente passa, então, de um indivíduo sub-humano ou sobre humano
para um indivíduo carente e merecedor de compaixão”. Pela pregação do amor ao
próximo e a prática da caridade, a sociedade da Idade Média acreditava que as
pessoas com algum tipo de deficiência, eram enviadas por Deus, para florescer nos
homens o espirito de amor e ações caridosas.
Embora que a sociedade tivesse mudado a sua forma de ver as pessoas
deficientes, eles atribuíam as mesmas, de acordo com o seu tipo de deficiência,
origens advindas de Deus ou do diabo, como encarnação do mal. “ Desse modo,
durante a Inquisição, se a excepcionalidade do indivíduo fosse percebida como
encarnação do mal, ele poderia ser torturado, queimado. ” (NUNES, BRAUN E SOUZA,
apud CARVALHO-FREITAS, 2007). Porém, contrapondo essas atitudes e
pensamentos, os deficientes que não demonstravam vínculo com o mal, eram
utilizados como entretenimento, da mesma forma que acontecia na Antiguidade.
Na Idade Média podemos evidenciar, o grande poder e influência da Igreja
Católica sobre a sociedade. De acordo com Nunes, Braun e Souza (apud
CARVALHO-FREITAS, 2007) “ O que marcou a Idade Média e seus princípios cristãos
foi, no entanto, a mudança de status do deficiente: de coisa para pessoa. Com o
reconhecimento de ser humano, as pessoas com deficiência começaram de forma
ainda restrita, a articular-se na sociedade, tendo em vista que eram desprovidos de
muitos direitos, dentre eles o direito de receber herança.
Por causa da ética religiosa, foi-se necessário pensar em uma maneira de
cuidar dessas pessoas, pois a igreja condenava o extermínio dos mesmos em
oposição a Inquisição, sendo “ Assim, ao invés de mortos e abandonados, as pessoas
com deficiência, durante a Idade Média, foram primordialmente segregadas em
instituições religiosas, abrigos e manicômios. ” (NUNES, BRAUN E SOUZA, 2012, p.
34). Mesmo sendo abrigados nesses recintos, sob os cuidados da igreja, não
recebiam nenhuma forma de tratamento diferenciada e a educação continuava se
restringindo a poucos.
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1.3 IDADE MODERNA
Sendo marcada pelo início do mundo capitalista, as concepções e olhares
sobre as pessoas com deficiência começaram a mudar. Com os avanços científicos e
territoriais, bem como da medicina, as pessoas deficientes passaram a serem vistas
baseadas na ideia da excepcionalidade, e a compreensão de possessão vindas do
mal, ou obra divina, são deixadas de lado, compreendendo a necessidade de cuidar
dessas pessoas.
Foi nesse período que o trabalho de grandes educadores, trouxe contribuições
para a inserção dessas pessoas na sociedade. Merecendo destaque Pedro Ponce de
Leon “ Considerado o primeiro educador especial da história” (NUNES, BRAUN E
SOUZA, apud WINZER, 2002), responsável por desenvolver um método para a
comunicação de pessoas surdas. Charles- de L’Èpée, criador de uma instituição para
os surdos, com objetivo educacional. E Valentin Haüy, que fundou uma instituição
voltada para o atendimento à pessoas com deficiência visual. Foi nesse contexto que
o sistema de leitura Braille foi criado por Louis Braille, para desenvolver a prática de
leitura em pessoas cegas.
As mudanças não pararam por aí, Nunes, Braun e Souza (2002, p.339) nos
mostram que:
“ No século XVII, John Locke revoluciona a visão organicista da deficiência, propondo novas perspectivas obre o funcionamento cognitivo. Locke preconizava que a mente do homem, ao nascimento, era uma tábua rasa, um quadro em branco, uma lousa vazia. ”
A experiência vivida pelo indivíduo era a responsável pelo processo de busca
ao conhecimento, sendo resultado do contato da pessoa com o mundo. Com um novo
olhar sobre as pessoas com deficiência e sua excepcionalidade, foi-se percebendo
que os mesmos eram capazes de aprender, mesmo portando alguma deficiência, e
que o ensino e a experiência vivida por eles poderiam abrir possibilidades para a
aprendizagem.
1.4 IDADE CONTEMPORÂNEA
Marcada pela consolidação do sistema capitalista, as concepções de escola,
educação e deficiência começam a se voltar para a produtividade, característica forte
do capitalismo. Nunes, Braun e Souza (2012, p. 41), evidenciam que “ A economia do
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século XX marcada pelo desenvolvimento industrial e pelo crescimento urbano,
demandava uma sociedade escolarizada e competitiva. ”
Por causa desse crescimento o ensino torna-se obrigatório, e as escolas
começaram a abrir suas portas, para receber esses alunos. As instituições para o
atendimento às pessoas com deficiência, ganharam uma maior visibilidade por parte
do Estado, que na atuação do seu papel, deixava a desejar, por não serem
significativamente capacitados e competitivos. É nesse cenário que aparece a
integração e a inclusão escolar, acompanhada pelo direito a educação em escolas
regulares e o seu acesso ao mercado de trabalho.
2 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
No período colonial as pessoas deficientes estavam inseridas junto à população
não escolarizada, sendo destinadas a instituições, hospitais ou asilos. Após o início
do século XIX, é fundado o Instituto para meninos cegos no estado do Rio de Janeiro,
funcionando em regime de internato. Segundo Nunes, Braun e Souza (2012, p.49)
“ Em regime de internato, os alunos do instituto de cegos tinham uma formação
primária e curso do secundário. ” Além dos cursos oferecidos, também eram
ensinados sobre a moral, religião e a praticarem trabalhos manuais. Ainda no Rio de
Janeiro foi fundado o Instituto para surdos-mudos, o seu fundador conhecido como
Charles Michel de L’Épée, considerado também o responsável pela criação do método
de gestualismo, caracterizado pelo uso de sinais manuais.
Mesmo diante do direito de uma educação para todos deferida pela
Constituição Federal de 1824, muitas pessoas deficientes sentiam-se impossibilitadas
por falta de diversos fatores, dentre eles os de acessibilidade e recursos, fazendo
parte ainda da população analfabeta. Foi no início do século XX, que Nune, Braun e
Souza (2012, p. 51) enfatizam que “ Os médicos, principais responsáveis pela
identificação e tratamento desses indivíduos, começaram a perceber a importância da
pedagogia. ” À exemplos da contribuição da pedagogia, muitos pedagogos
começaram a auxiliar os médicos em hospitais, no atendimento a pessoas deficientes.
Em um contexto onde se era mais viável construir escolas do que manter
instituições, o trabalho de uma educadora que morava no Brasil de origem russa,
ganha visibilidade. Conhecida como Melina Antipoff, criou métodos inspirados na
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Psicologia, dentre eles a divisão de classes. IBID., p.2 destacam que “Antipoff sugeriu
que alunos fossem agrupados de acordo com seus níveis intelectuais, medido a partir
dos testes de inteligência.
Por volta do ano de 1932, Antipoff funda a Sociedade Pestalozzi, que diante de
um cenário baseado no descaso com a educação, fornecia “orientações medico-
pedagógicas a pais e professores de alunos com excepcionalidade, incluindo os com
deficiência, problemas de conduta, surdos, dentre outros. ” (Ibid., p. 52.) Com o
fracasso escolar das pessoas com deficiências e a segregação do ensino,
movimentos voltados aos direitos humanos, por volta do final da década de 60 até a
década de 80, impulsiona os paradigmas de integração que tinha o objetivo de manter
os alunos em ambientes menos restritivos. Ibid., p.55, destacam que:
No Brasil, o paradigma da integração é, inicialmente, refletido nas Leis de Diretrizes e Bases da década de 1960 e, posteriormente, na Constituição Federal de 1988. No art. 88 da LDBN 1961 (4.024/19 61), por exemplo, costa que “ a educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integra-los na comunidade”.
O modo de integração do aluno preferencialmente nas salas regulares,
findaram segundo Nunes. Braun e Souza (apud, MENDES,2009) em “ aplicar, quase
que permanentemente, a exclusão”. Não trazendo benefícios para os educandos que
tinham que se adaptar a escola. Em contrapartida ao paradigma de integração, um
novo paradigma começou a surgir, com o objetivo de trazer para a escola todos os
indivíduos com suas singularidades, onde caberia a escola se adaptar para atender a
esses alunos, e promover sua permanência no ensino. Esse paradigma é o da
Inclusão.
A declaração de Salamanca, documento de grande importância para a
educação inclusiva, produzido em um evento promovido pela UNESCO, UNICEF e
DNUD, nos relata que a escola regular deveria:
[...] acomodar todas as crianças independentes de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagens ou marginalizados. (NUNES, BRAUN E SOUZA, apud DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994).
A escola sobre essa nova visão inclusiva, procuraria estratégias para combater
os preconceitos e despertar a valorização da diversidade, acolhendo assim a todas as
crianças, ficando a Educação Especial como uma modalidade de ensino de acordo
com a LDBN, possuindo uma função complementar, atendendo em salas de recursos
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multifuncionais com materiais didáticos que auxiliam o desenvolvimentos dos alunos
com “necessidades educacionais especiais dos alunos que apresentam deficiências,
transtornos e altas habilidades.” (Nunes, Braun e Souza, 2012, p.74).
2.1 ESTRATÉGIAS INCLUSIVAS
Diante da realidade que encontramos em nossas escolas, podemos observar a
tão grande necessidade de métodos, estratégias e recursos diante do acesso das
crianças com deficiências e necessidades educacionais especiais as salas de aula.
Muitas vezes por não possuir nenhum recurso e estrutura adequada, as escolas se
recusam a receber esses alunos, lhe privando do direito e acesso à educação.
É relevante entendermos que algumas adaptações já estão estabelecidas em
lei, relacionadas a estrutura das escolas e de edifícios públicos. Segundo a
Constituição Federal, Título VIII, da Ordem Social, no artigo 227, § 2º, “ A lei disporá
de normas de construção de logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação
de veículos de transporte coletivo para garantir o acesso adequado as pessoas
portadoras de deficiência. ” BRASIL, Ministério da Educação, 2001, p 10. Ou seja, os
seus ambientes devem possibilitar a essas pessoas um espaço adequado para
movimentação sem nenhum comprometimento.
Diante da falta desses recursos o professor sente-se limitado, procurando
meios para incluir o aluno com deficiência na sua aula. Uma das formas para dar
assistência a esses alunos é por Meio da Tecnologia Assistiva (TA), que traz algumas
estratégias para se trabalhar na sala de aula, principalmente com as pessoas
portadoras de deficiência física. A tecnologia Assistiva possui várias modalidades
dentre elas:
• A mobilidade alternativa > refere-se aos meios de locomoção para as pessoas
deficientes físicas. Geralmente os alunos com esse tipo de deficiência, já possui uma
cadeira de rodas ou outro recurso locomotivo. Cabe então ao professor junto a escola
organizar os pátios, corredores, banheiros e a própria sala de aula para facilitar o
movimento. A mobilidade alternativa também se estende “ao uso de bengalas,
andadores, cadeira de rodas manuais e motorizadas. ” Nunes, Braun e Souza, 2012,
p. 93. É importante que o professor busque junto aos pais uma parceria com
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profissionais da saúde, que façam uma avaliação sobre qual o melhor recurso
locomotivo, e as melhores formas de adequação para não comprometer o aluno.
• Adequação Postural > refere-se à posição do aluno na cadeira de rodas. Muitas
vezes esse aluno chega a escola, sendo conduzida pelos pais, e o mesmo permanece
até o final da aula na mesma posição, que por estar nela a muito tempo lhe causa
desconforto, o que interfere na aprendizagem. Para amenizar esse desconforto o
professor pode posicionar o aluno de diferentes formas, porém confortável, com pouca
duração de tempo, para manter o aluno sentado de forma alinhada. Nesses casos
geralmente se aconselha o uso de cintos ou faixas paras manter o aluno em uma
posição adequada, tanto para a cabeça, como para os membros. O professor deve
ficar atento em manter o aluno em uma posição que ele possa interagir com os demais
colegas e com o ambiente.
• Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) > nessa modalidade as estratégias
estão voltadas para as pessoas portadoras de deficiência, mas que sentem alguma
dificuldade na comunicação oral e na escrita. O professor também pode se apropriar
da comunicação não assistida, onde a comunicação pode se dá por meio das
expressões faciais, dos gestos, movimentos do corpo e comportamentos típico de
algumas formas de se expressar. Na Comunicação Alternativa e Ampliada, o
professor pode utilizar os objetos reais e miniaturas como fantoches, bonecos,
fotografias e figuras; nos símbolos gráficos Nunes, Braun e Souza, 2012,p.95,
sugerem que “ esses elementos podem ser dispostos e organizados em cartões,
pranchas ou álbuns de comunicação, comunicadores de voz gravada, computador e
tablets.”, na medição com letras e palavras o professor pode se apropriar de letras
grandes, palavras e frases relacionadas ao contexto da aula para ajudar
principalmente na alfabetização. O escaneamento auditivo também é outro recurso
produtivo nesse processo de comunicação, que se utiliza de perguntas para sondar e
chegar as respostas e informações que esses alunos querem passar.
• Comunicadores com voz gravada > esta modalidade contempla a opção de
gravação em aparelhos como computadores, e celulares já que as escolas não
dispõem de comunicadores especiais para essas atividades. As histórias, o silabário,
o alfabeto, palavras e frases e tantas outras possibilidades podem ser reproduzidas
por meio da gravação nesses aparelhos.
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• Acesso ao computador e suas adaptações > auxilia no desenvolvimento da
comunicação por meio da fala e da escrita. Essa modalidade se torna um pouco
acessível pelo fato de que nem todas as escolas possuem uma sala de computação
com mouses e teclados adaptáveis. Porém o professor pode criar métodos que
auxiliem esses alunos, com a presença do computador na escola, para que consigam
manusear ou utilizar o computador, “ o professor pode desenvolver aplicativos sobre
o conteúdo trabalhado em sala, histórias, músicas, e atividades nas quais o aluno
pode trabalhar sozinho ou com os colegas, tendo uma participação ativa, ” Nunes,
Braun e Souza, 2012, p.101.
• Adaptações de atividades escolares > Muitos dos portadores de deficiências
possuem dificuldades para segurar o lápis por exemplo e desenvolver algumas
atividades simples, parar tanto é necessário o uso de adaptações que minimizem
essas dificuldades. A utilização de letras móveis, lápis com mais espessura, borrachas
objetos que eles possam utilizar no processo de desenvolvimento escolar.
• Adaptações de equipamentos de lazer e recreação > como citado anteriormente
os espaços na escola precisam ser amplos para propiciar a locomoção sem nenhum
comprometimento. Nessa modalidade se é sugerido o uso de brinquedos adaptáveis,
vale ressaltar que o transporte adaptado é de muita importância para a movimentação
desse aluno, principalmente no que e refere do percurso do aluno da escola até em
casa. O uso de jogos da memória, dominós adaptados até mesmo pelo professor,
promovem a interação no momento de recreação dessas crianças com as demais.
Para os alunos que possuem deficiência visual, o professor ajudar o aluno no
desenvolvimento de suas práticas cotidianas, podendo contribuir para que
futuramente ele as pratique com autonomia. O sistema Braille tem uma contribuição
importante nesse processo, porém o professor necessita estar capacitado e a escola
precisa disponibilizar desses recursos. A utilização de lupas, materiais de diversas
espessuras e texturas para a estimulação dos sentidos, materiais manipuláveis,
Nunes, Braun e Souza, 2012, p.126, sugerem a utilização de “mapas táteis nas aulas
de geografia ou o uso do material dourado nas de matemática. ” Outra sugestão
também seria as formas geométricas podendo ser produzidas pelo professor e até
pelos alunos, para que eles sintam ao manipular a forma dos objetos e pelo uso dos
sentidos possam identificar a espessura ou textura. Diante das aulas é de extrema
relevância que o professor sempre verbalize o que está acontecendo na sala, ou
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sendo apresentado, servindo até de suporte para o aluno deficiente visual se
locomover para direita ou esquerda, ou para frente e para traz.
No caso dos alunos deficientes visuais o recomendável é que a comunicação
aconteça por meio da língua de sinais, mas ressaltando o que já foi dito anteriormente
o professor precisa estar qualificado para atender esse aluno por meio dos sinais. Por
não escutarem, esses alunos atentam para a visão como uma maneira de
compreender o que se está sendo dito. As imagens podem auxiliar bastante esses
alunos na comunicação e compreensão em sala de aula. As palavras faladas pelo
professor de forma pausada, a escrita, expressões faciais, os desenhos e mímicas
também são alguma das estratégias que o professor pode utilizar, caso tenha em sala
algum aluno com esse tipo de deficiência.
Aos alunos com Transtornos do Espectro Altista, é recomendável que o
professor promova atividades em grupos, deixando já definido os grupos para que na
escola dos colegas o aluno Altista não seja excluído. A turma no geral precisa ter a
ciência da presença de qualquer aluno que possua alguma deficiência, e por
orientação do professor agir de forma integrante em relação a esse aluno. Outro fator
importante é o uso da metáfora, a verbalização tem que ser clara, o uso de recursos
visuais também contribui muito para a compreensão dos conteúdos, tendo muita
cautela na mudança da rotina pois “ o aluno com espectro do autismo pode apresentar
intolerância às mudanças de rotina. ” Nunes, Braun e Souza, 2012, p 225.
Para os alunos com Altas Habilidades/Superdotação, alguns cuidados
precisam sem tomados. As atividades na escola, como também na sala de aula,
devem incentivar a criatividade do aluno. “ Nesse sentido, devem-se elaborar
estratégias que viabilizam a realização de trabalhos na (s) área (s) de seu interesse,
assim como práticas para tornar o ambiente mais adequado a sua aprendizagem. ”
Nunes, Braun e Souza apud DELPRETO, 2000.
Na Deficiência Intelectual, os alunos necessitam ser compreendidos em sua
singularidade. O professor deve estar atento para observar as possibilidades que
favoreçam o desenvolvimento desse aluno, com atividade que promovam a inserção
desse aluno com os demais alunos. As atividades devem propiciar a esse aluno sentir-
se participativo, desenvolvendo sua autonomia por meio da inserção, participação e
situações de convívio que lhe oferte o desenvolvimento experiências ricas e diversas.
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2.2 A REALIDADE DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
A Educação inclusiva vive uma fase de constantes indagações, muito se tem a
questionado sobre sua validade e eficácia, visto que as escolas na maioria das vezes
não apresentam condições estruturais nem a preparação necessária dos professores
para que se ofereça um ensino igualitário para os portadores de necessidades
especiais. É importante salientar que não se trata de da necessidade de elaboração
de um currículo especializado, mas sim da utilização de recursos que possam
desenvolver as potencialidades dos educandos. Não basta que o portador de
deficiência frequente salas heterogêneas, se ele permanecer à margem do processo
educacional realizando atividades mais fáceis e com isso não evoluem juntamente
com os seus colegas e a exclusão se perpetua. Dentro de sala há aqueles que
defendem a presença de um auxiliar, uma espécie de orientador do aluno especial,
por exemplo no caso de deficiência visual este serviria para auxiliar o educando em
leituras já que os livros em Braille são escassos, porém existe a opinião que a
presença do orientador na sala já seria uma prática de segregação do aluno especial.
Somente leis não bastam para garantira um ensino de qualidade, as novas
concepções devem ser colocadas em prática. Os profissionais da educação devem
saber respeitar e lidar com as limitações de cada aluno, proporcionando uma formação
contínua, planejada gradativa e principalmente satisfatória.
Tornar realidade a educação inclusiva, por sua vez não se efetuará por decreto sem que se avaliem as reais condições que possibilitem a inclusão planejada, gradativa e continua de alunos com necessidades educacionais especiais no sistema de ensino. Deve ser gradativa, por ser necessário que tanto a educação especial como o ensino regular possam ir se adequando à nova realidade educacional construindo políticas práticas institucionais e pedagógicas que garantem o incremento da qualidade de ensino que envolve alunos com ou sem necessidades educacionais especiais. (MEC, 2001, p. 13).
A citação acima, refere-se a importância dos sistemas e as instituições, irem se
adequando a realidade e a necessidade dos alunos especiais, para que, juntos
possam buscar e criar estratégias para atender a demanda dos sujeitos com
necessidades educativas especiais, pois este, é um direito assegurado pela a
Constituição Federal Brasileira de 1988.
Kunc (1992), fala sobre inclusão: "o princípio fundamental da educação
inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a
22
educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as
crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo".
Temos que diferenciar a integração da inclusão, na qual na primeira, tudo
depende do aluno e ele é que tem que se adaptar buscando alternativas para se
integrar, ao passo que na inclusão, o social deverá modificar-se e preparar-se para
receber o aluno com deficiência.
A inclusão também passa por mudanças na constituição psíquica do homem,
para o entendimento do que é a diversidade humana. Também é necessário
considerar a forma como nossa sociedade está organizada, onde o acesso aos
serviços é sempre dificultado pelos mais variados motivos.
2.3 O BENEFÍCIO DA INCLUSÃO PARA TODOS
A verdadeira transformação da escola acontecerá quando realmente criarmos
condições para que TODOS os alunos possam atuar efetivamente nesse espaço
educativo. Para Mittler (2001), “a escola inclusiva só começa com uma radical reforma
da escola, com a mudança do sistema existente e repensando-se inteiramente o
currículo para alcançar as necessidades de todas as crianças”.
De acordo com o autor a inclusão não representa simplesmente transferir o
aluno da escola especial para a escola regular, pois, ela requer uma mudança na
mente e nos valores, 26 para as escolas e para a sociedade em geral, porque
subjacente à sua filosofia está a celebração da diversidade.
A escola não pode mudar tudo e nem pode mudar a si mesma sozinha. Ela está intimamente ligada à sociedade que a mantém. Ela é, ao mesmo tempo, fator e produto da sociedade. Como instituição social, ela depende da sociedade e, para se transformar, depende também da relação que mantém com outras escolas, com as famílias, aprendendo em rede com elas, estabelecendo alianças com a sociedade, com a população (GADOTI, 2007, p. 12).
A concepção e os princípios da educação inclusiva dentro de um contexto mais
amplo que dizem respeito à estrutura da sociedade em que vivemos associados aos
movimentos de garantia dos direitos exigem a transformação dos sistemas de ensino
em relação a fundamentação, a prática pedagógica e aos aspectos cotidianos da
escola.
A educação inclusiva orientada pelos princípios dos direitos humanos e pela
proposta pedagógica de que todos podem aprender passa a contrapor o paradigma
23
tradicional da organização do sistema educacional, que conduzia políticas especiais
para pessoas com deficiência definidas no modelo de segregação e de integração,
com ênfase na abordagem clínica.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao darmos um passeio pela história das pessoas com deficiência, percorrendo
a Antiguidade, a Idade Média, a Idade Contemporânea e a Idade Moderna, pudemos
observar que ao longo desse tempo as pessoas com deficiências não eram tidas como
seres humanos, seguido por serem chamados de criaturas de Deus, até a
compreensão de que esses indivíduos também eram dignos de direitos e que a sua
deficiência não lhe fazia inferior aos demais. Também observamos o panorama sobre
a educação especial no Brasil e a criação de instituições voltadas a atender ainda que
de forma assistencial. Ressaltamos a importância de se entender o papel do Município,
da Escola, do Professor e da família nesse processo de inclusão dessas pessoas,
trazendo uma reflexão sobre a realidade da Educação Inclusiva nas nossas escolas,
em especial as municipais e estratégias para a prática em sala de aula, como forma
de facilitar diante da falta de recursos adequados, o processo de inclusão desses
alunos na sala de aula.
Na realidade, enfrentamos muitos desafios enquanto decentes e atuantes na
profissão, as condições das nossas escolas diante da diversidade de alunos, nos leva
a refletir se de fato estamos exercendo a inclusão e garantindo o direito das crianças
portadoras de deficiências. Se nós enquanto professores estamos contribuindo para
um pleno desenvolvimento dessas crianças. Como citado anteriormente, um simples
fato de recebermos essas crianças em nossa sala ou em nossa escola não significa
que estamos de fato exercendo a inclusão em nossa cidade, diante do número de
pessoas sem acesso à escola por falta de acessibilidade e de recursos indispensáveis
para o atendimento educacional especial com essas pessoas. Sabemos que a escola
precisa refletir sobre o seu papel na sociedade, se tem observado a necessidade de
mudança nas atitudes, de pensamentos, de métodos eficientes, de novas práticas
curriculares, da união com a família, bem como de toda comunidade escolar. Vale
também ressaltar a importância da qualificação do professor, que na maioria das
vezes por não estar qualificado, se sente angustiado sobre que forma irá utilizar, e o
24
que se deve fazer diante de uma turma tão heterogenia, planejando atividades que
respeitem a singularidade dos alunos e atendam às suas necessidades.
Por fim esperamos que este trabalho tenha contribuído para a compreensão de
que a inclusão não é uma ilusão, que os caminhos para que ela se concretize não são
fáceis, pois requer uma mudança pedagógica, social e política, capaz de transformar
a sociedade para torna-la inclusiva, sem preconceito, que respeite as diferenças e
uma sociedade que garanta a todos o direito à vida plena, a educação, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, enfim a todas as esferas da vida social. Precisamos preparar os
nossos alunos para pensarem além das diferenças, despertar a cada dia o respeito
ao outro, a solidariedade e o amor ao próximo. Precisamos entender que esse
processo começa em cada um de nós quando reconhecemos o valor do outro, “ trata-
se de um ideal, sem dúvida. Um ideal que pressupõe um mundo diferente desse
nosso. ” Salto para o Futuro, 1999, p.38.
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REFERÊNCIAS
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psicologia da adolescência – A formação da identidade: alteridade e estigma – Como se
aprende: o papel do cérebro – Como se aprende: a visão dos teóricos da educação –
Estratégias e estilos de aprendizagem: a aprendizagem no adulto – A dinâmica dos grupos e
o processo grupal – A família – A escola como espaço de socialização – Sexualidade – A
questão das drogas – Os meios de comunicação de massa. 1. Psicologia. 2. Psicologia
educacional. 3. Didática. I. Título. ISBN: 978-85-7273-370-0 RN/UF/BCZM 2007/49 CDU
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37.014.53376.014
EDUCAÇÃO INCLUSIVA: v. 4: a família / coordenação geral SEESP/MEC; organização
Maria Salete Fábio Aranha. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial, 2004. 17 p. 1. Educação inclusiva. 2. Educação Infantil. 3. Atitude da família. I. Brasil.
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http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf acessado em 9 de
setembro de 2012 ás 21:55
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