EDITORIAL - ipcfex.eb.mil.br · Ex-Comandante da EsEFEx; Presidente e Diretor Técnico da...
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EDITORIAL
Caros leitores,
Senti-me muito honrado e feliz ao receber o convite para escrever este editorial, exatamente no ms dos XV JogosPan-Americanos Rio de Janeiro, 2007. H 44 anos, ainda Aspirante-a-Oficial, estreava em competies internacionais,nos IV Jogos Pan-Americanos So Paulo,1963. Depois foram mais dez Pan-Americanos, at hoje, como atleta, rbitroe dirigente. Graas a Deus, aos meus pais e ao Exrcito ao qual perteno. Por isto, fiquei sempre ligado Escola deEducao Fsica do Exrcito.
Neste perodo, tive a ventura de desfrutar da ajuda de meus amigos, companheiros e chefes que me orientaram,a fim de vivenciar e estudar a esgrima mundial no que concerne o planejamento, a preparao total de atletas, aorganizao, a administrao e a direo. Convivi dcadas com os mais avanados centros civis e militares, que integrama pesquisa, o ensino e a aplicao no desporto, em prol da capacitao do pessoal com o objetivo de vencer competiesem vrias modalidades.
Na maioria destes centros de ponta, verifiquei o interesse maior de aportar benefcios prioritrios higidez daspessoas, em todas as idades. Atravs dos esportes olmpicos, para-olmpicos e no olmpicos. Vi a luta contra o dopinge o repdio ao mau uso do treinamento que provoca deformaes.
Cada vez mais convencido e convicto, como tantos outros companheiros de calo preto, de que a Educao Fsica,atravs do Treinamento Fsico Militar (TFM), proporciona, prioritariamente, a manuteno preventiva da sade da famliamilitar, tive a honra de vir a comandar a Escola de Educao Fsica do Exrcito (EsEFEx).
Novamente, merc da cooperao de muitos outros apaixonados pelo Brasil, pelo Exrcito, pela Escola e pelo esporte,civis e militares, brasileiros ou no, todos participando, procuramos dar continuidade aos sonhos e ideais dos fundadoresda prpria EsEFEx. Assim, surgiu o Plano Diretor do Centro de Capacitao Fsica do Exrcito, criando a integraoharmnica da EsEFEx, da Comisso de Desportos do Exrcito (CDE) e do Instituto de Pesquisa da Capacitao Fsicado Exrcito (IPCFEx) sob um s comando.
Tantos e muitos fizeram o projeto. O Centro nasceu. At de nome pde mudar, porm a idia permanece. A estrelaguia a mesma. Vive pujante. fruto de plantio l do ano de 1932, quando, h exatamente 75 anos, foi impresso onmero um da Revista de Educao Fsica, uma das publicaes mais antigas do pas.
Desde ento, esta revista, que os senhores tm em mos, divulga e desperta idias novas em seus leitores quantoaos desportos, pesquisa e ao ensino, com interesse direto no Treinamento Fsico Militar. Os temas interagem como objetivo maior de preservar e desenvolver o bem mais precioso do nosso Exrcito: o ser humano e a suaoperacionalidade.
Este o compromisso maior da Revista de Educao Fsica e de todos que, h dcadas, continuam a missointerminvel. Evoluindo para servir sempre! Mantendo a viso alm do alcance! Enfim, creio poder me permitir dizerassim, pois desfruto a alegria de ver a terceira gerao familiar com o discbolo no peito (1936, 1968 e 2003), enquantoposso usufruir de todos os nmeros de nossa Revista na internet.
A variedade de temas deste nmero retrata muito bem o mago, a essncia da universalidade e a importncia daRevista para a integrao do IPCFEx (pesquisa), da EsEFEx (ensino) e da CDE (desporto) em proveito da higidez eda operacionalidade do homem do Exrcito, atravs do TFM. Os assuntos so de interesse de um pblico variadoe com repercusso em nossas vidas: programa RPM em mulheres, exerccios em hipertensos, comportamento glicmicona natao, basquete, esgrima, voleibol, nutrio e condicionamento fsico de oficiais alunos do Exrcito, indicadorescardiovasculares e dosagem do exerccio fsico.
Parabns aos autores e direo da Revista. Continuem que a vir o Centenrio.Tenham uma boa leitura.
Cel R/1 ARTHUR CRAMER
Ex-Comandante da EsEFEx; Presidente e Diretor Tcnico da Confederao Brasileira de Esgrima;Presidente da Confederao Pan-Americana de Esgrima; Membro de Honra, Vice-Presidente, Membro
do Comit Executivo e da Comisso de Arbitragem da Federao Internacional de Esgrima.
N 137 JUNHO DE 2007
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N 137 JUNHO DE 2007
SUMRIO
EDITORIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
ARTIGO ORIGINAL
INFLUNCIA DO LANCE-LIVRE NO RESULTADO FINAL DOS JOGOS DO CAMPEONATO NACIONALDE BASQUETE ADULTO MASCULINO 2004/2005. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
Marco Antonio Muniz Lippert, Mauro Santos Teixeira, Jos Maurcio Capinuss de Souza
RESPOSTA DA FREQNCIA CARDACA E LACTATO SANGNEO DURANTE AULAS DOPROGRAMA RPM EM MULHERES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Homero Gustavo Ferrari, Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo
VERIFICAO DAS ALTERAES PROVOCADAS PELO EXERCCIO CONTRARESISTNCIA NO INDIVDUO HIPERTENSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Genivaldo Lisboa, Dhiego Gualberto de Abreu, Lilliany de Souza Cordeiro, Franz Knifis
COMPORTAMENTO GLICMICO EM TREINAMENTOS DE NATAAO COM CARTERAERBIO E ANAERBIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Alexandre Srgio Silva, Wivian Klart Cardoso de Azevedo
AVALIAO DA PERFORMANCE DE VOLEIBOLISTAS POR MEIO DO TESTE TW 20 METROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Idico Luiz Pellegrinotti, Solon Jos Gonalves de Souza
COMPARAO DO ESTADO NUTRICIONAL E DO NVEL DE CONDICIONAMENTO FSICO DEOFICIAIS COMBATENTES DO EXRCITO BRASILEIRO NOS CURSOS DE FORMAO,APERFEIOAMENTO E COMANDO E ESTADO-MAIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Daniel da Silveira Jacobina, Daniel Falco Xavier de Souza, Joo Paulo da Silva Nunes, LavidsonBarbosa Curto, Lus Felipe Martins Aguiar, Luiz Felipe Carret de Vasconcelos, Maurcio GilbertoRoman Ross, Rodrigo Artur Costa Ribeiro, Rafael Soares Pinheiro da Cunha
ARTIGO DE REVISO
NOVOS INDICADORES CARDIOVASCULARES: PROTENA C-REATIVA E HOMOCISTENA PODEMPREDIZER O RISCO DE DOENAS CORONARIANAS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Eduardo Camillo Martinez, Osmar da Silva Barros Junior
HISTRIA DA ESGRIMA, DA CRIAO ATUALIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65Jacques Chiganer Cramer Ribeiro, Felipe Keese Diogo Campos
ARTIGO DE ATUALIZAO
O PARADOXO DO EXERCCIO: DOSES ADEQUADAS E BENEFCIOS, DOSESINADEQUADAS E RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Carlos Alberto Hossri
N 137 JUNHO DE 2007
Capa Comemorativa
75 anosRevista de Educao Fsica
ARTIGO ORIGINAL
INFLUNCIA DO LANCE-LIVRE NO RESULTADO FINAL DOS JOGOSDO CAMPEONATO NACIONAL DE BASQUETE ADULTO
MASCULINO 2004/2005.
The influence of free throws on the final results of the games of the NationalAdult Masculine Championship of Basketball 2004/2005.
Marco Antonio Muniz Lippert1, Mauro Santos Teixeira1,Jos Maurcio Capinuss de Souza2
Resumo
O presente estudo visa verificar a influncia dolance-livre no resultado final dos jogos do CampeonatoNacional de Basquete Adulto Masculino 2004/2005.Estatsticas disponibilizadas pela Confederao Brasileirade Basquetebol e a anlise de jogos transmitidos pelateleviso fizeram parte da coleta de dados, permitindoverificar a quantidade de lances-livres tentados,convertidos e no convertidos, em todos os 271 jogosdesta competio. Utilizou-se o teste qui-quadrado paraverificar a proporo entre os arremessos convertidos eno convertidos, tanto pelas equipes vencedoras, comopelas perdedoras, considerando todos os jogos docampeonato. Em seguida, o teste Mann-Whitney paraanlise comparativa dos resultados entre os arremessosconvertidos das equipes vencedoras com os arremessosdas derrotadas, assim como, dos arremessos noconvertidos das equipes vencedoras e perdedoras.O nvelde significncia foi mantido em 5%.Parece haver diferenasignificativa entre a quantidade de arremessosconvertidos pelas equipes vencedoras e perdedoras(p < 0,05), ou seja, pode indicar que as equipes queconseguem converter mais arremessos de lances-livres,durante uma partida, so as equipes que vencem. Osresultados mostram, aproximadamente, que as equipesconverteram 73% de lances-livres durante os jogos docampeonato. Porm, desse resultado, as equipesvencedoras participam com 40%, aproximadamente, e asderrotadas, com 33%. No h diferena significativa(p > 0,05) quando se analisa a quantidade de arremessos
livres no convertidos, ou seja, os dados parecemdemonstrar que tanto as equipes vencedoras, quanto asperdedoras, erram a mesma quantidade de lances-livres.Dessa forma, parece haver uma relao positiva de que asequipes que convertem mais lances-livres, normalmente,so as equipes vencedoras. Porm, no se pode afirmarque as equipes que perdem mais lances-livres so asperdedoras, pois foi verificado que as vencedoras perdemtanto quanto as derrotadas. Na verdade, em termos deproporo de acertos, pode-se concluir que asquantidades de arremessos convertidos influenciaram noresultado final das partidas do campeonato. Sabendo-sedisso, tcnicos, assistentes tcnicos e demais integrantesda comisso tcnica podero prever mais tempo para otreinamento do lance-livre. Da mesma forma, os atletassabero da importncia devida e daro maior relevnciaao treinamento do arremesso livre.
Palavras-chave: Basquete, Lance-livre, Arremesso.
Abstract
The present study aims to verify the influence of freethrows on the final results of games in the National AdultMasculine Championship of Basketball 2004/2005.Available statistics by the Brazilian Confederation ofBasketball and the analysis of games broadcasted by TVwere part of data collection, this way, allowing the checkingof the amount of free throws tried, converted or not, in allthe 271 games of that competition. The chi-squared testwas used to check the proportions between the convertedand non-converted throws by the winners as well as thelosers, considering all the games of the championship.
1. Escola de Educao Fsica do Exrcito - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.2. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ - Brasil.
Recebido em 11.11.2006. Aceito em 15.04.2007.
Revista de Educao Fsica 2007;137:4-9
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Next, the Mann-Whitney test to make a comparativeanalysis of the results between the throws converted by thewinner teams and the throws of the loser teams, as well asthe non-converted throws of the winners and losers. Thelevel of significance was kept in 5%. There seems to be asignificant difference between the quantity of theconverted throws by the winners and losers (p < 0,05), i.e.,it may indicate that the teams which can convert more freethrows, during a match, are the ones that win the game.The results show, nearly, that the teams converted 73% offree throws during the games of the championship.Nevertheless, within this number, the winners generated40% and the losers, 33%.There is no significant difference(p > 0,05) when the amount of non-converted free throws isanalyzed, that is, the data seem to demonstrate that either
the winner teams or the losers fail with the same number offree throws.This way, there seems to be a positive relationsaying that the teams that convert more free throws arenormally the winners. However, it cannot be stated that theteams which lose more free throws are the losers of thegame because it was also checked that winner teams loseas many free throws as the loser teams. Actually, in termsof proportions of rightness, it can be concluded that thequantity of converted throws influenced on the final scoreof the matches of the championship. Knowing that,coaches and assistants, and all the other members of thetechnical commission will be able to spare more time totrain free throws. Thus, athletes will get to know theimportance and relevance of training free throws.
Key words: Basketball, Free Throw, Shot.
INTRODUO
O esporte pode ser definido como parte da cultura da
sociedade cuja essncia representa a atividade orientada
para a obteno da vitria, realizada nas competies e
levada a cabo dentro do sistema de preparao especial
(Zakharov, 1992:28).
Segundo Matviev (1991:14), o desporto tornou-se,
atualmente, uma demonstrao grandiosa e um
movimento social popular, ativo na educao e presente
na preparao da populao para o trabalho e para outras
atividades presentes na vida de todos. Tambm se tornou
um fundamental mtodo para a educao tica, esttica,
de desenvolvimento moral, bem como para reforar as
ligaes internacionais.
Tubino (1980:21) dividiu o treino desportivo de alto
nvel em preparao tcnica, ttica, fsica e psicolgica,
sendo a preparao tcnica de fundamental importncia
para que o atleta aprimore suas habilidades motoras
dentro de sua modalidade, melhorando, tambm, sua
aptido fsica geral (Matviev, 1991:17).
Em conjunto com a preparao tcnica, est a
preparao ttica (Matviev, 1990), que, por sua vez,
responsvel pelo desenvolvimento individual e coletivo,
tendo como base as regras do desporto e como objetivo
a vitria, utilizando da melhor maneira possvel o
desempenho de cada atleta, tentando levar vantagem
sobre pontos fracos e procurando neutralizar as
qualidades dos adversrios (Tubino, 1980).
No s isso, mas o treinamento, por sua vez, deve
contar com um profissional especializado para cada tipo
de preparao, sendo necessria a criao de uma
comisso tcnica, composta de tcnico, responsvel pela
parte tcnico-ttica, um preparador fsico, que otimizar
a condio fsica do atleta, e um mdico, que cuidar do
treinamento invisvel (Dantas, 1985:11). Alm desse
trabalho integrado praticado pelos profissionais citados
anteriormente, o treinador ou o preparador fsico precisa
ter conhecimentos aprofundados e atualizados no
desporto escolhido (Dantas, 1985:12).
Segundo Kirkov (1980:34), o basquetebol tem como
caractersticas as aes individuais e coletivas
constantes, determinando um jogo intensamente ofensivo
e de dificuldades coordenativas. J Daiuto (1983:24)
destaca ser o basquetebol um jogo de muito ritmo e de
grande intensidade motriz, desenrolado em pequenos
espaos de tempo e, tambm, de uma grande
necessidade de preciso de movimentos, controle do
equilbrio, tcnica e de grande velocidade de
deslocamento.
Como o basquetebol tem evoludo e se tornado cada
vez mais rpido e preciso, necessrio que a preparao
de uma equipe torne-se mais complexa e que sejam
usadas novas tcnicas e tticas, a fim de tornar o
treinamento cada vez mais detalhado e especfico (Daiuto,
1983:17).
Apesar de se tratar de um esporte coletivo de
cooperao-oposio, no basquetebol existem situaes
Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 5
de jogo em que os atletas agem de forma isolada e
independente, podendo determinar o resultado final do
jogo, como exemplo o lance-livre, uma das aes mais
significativas nesse sentido (Toro et al., 2005).
O arremesso de lance-livre, dentro do esporte
basquetebol, a oportunidade dada ao jogador para
marcar um ponto, sem marcao, de uma posio atrs
da linha de lance-livre e dentro do semicrculo. Esta
situao se origina de tipos e quantidade de faltas
ocorridas durante o jogo, so elas: aps uma equipe
cometer a quinta falta coletiva, inclusive, dentro de um
mesmo quarto de jogo, a equipe adversria ter o direito
a dois arremessos de lances-livres; aps uma falta
tcnica, antidesportiva ou desqualificante por uma equipe,
a outra ter o direito a dois lances-livres, alm da posse
de bola seguinte; e, no caso de uma falta qualquer em
um jogador em ato de arremesso, ou seja, de jogador em
movimento que antecede a soltura da bola para um
arremesso e toma uma falta, ento este jogador ter o
direito de cobrar um lance-livre, se conseguiu converter
o arremesso tentado, ou dois lances-livres, se no
conseguir tal xito (Regras Oficiais de Basquetebol,
2004:37).
OBJETIVO
Atualmente, tm surgido vrios estudos sobre
indicadores estatsticos que contribuem para um melhor
desfecho das partidas de basquetebol e os achados tm
apontado que, provavelmente, as equipes que mais
convertem lances-livres so as equipes que vencem mais
jogos. Porm, estes resultados esto dentro de um
contexto maior, ou seja, so avaliados outros indicadores
estatsticos nestes estudos (Sampaio, 1998). Dessa
forma, o presente trabalho, dedica-se exclusivamente ao
fundamento tcnico do lance-livre, estudado de maneira
independente em todos os jogos do Campeonato Nacional
de Basquete Adulto Masculino 2004/2005, esperando ser
uma nova oportunidade para que treinadores e atletas
saibam mais um pouco da importncia deste fundamento
e passem a treinar de maneira mais racional e cientfica.
Diante do exposto acima, este trabalho teve como
objetivo verificar a influncia do lance-livre no resultado
final dos jogos do Campeonato Nacional de Basquete
Adulto Masculino 2004/2005.
METODOLOGIA
Participantes
Foram analisados todos os duzentos e setenta e um
(271) jogos do Campeonato Nacional Adulto Masculino de
Basquetebol 2004/2005.
Coleta de dados
Em um primeiro momento, atravs dos jogos passados
ao vivo pela televiso e, em um segundo momento,
atravs da estatstica dos jogos disponveis no site da
Confederao Brasileira de Basquetebol (CBB) -
http://www.cbb.com.br.
Anlise estatstica
Foram utilizados testes no-paramtricos, pois no h
como dividir (escalar) um arremesso certo ou errado.
Foi utilizado o teste Qui-quadrado para verificar a
proporo entre os arremessos convertidos e no
convertidos, tanto pelas equipes vencedoras dos jogos,
como pelas perdedoras, considerando todos os jogos do
campeonato.
Utilizou-se, tambm, o teste Mann-Whitney para
anlise comparativa dos resultados entre os arremessos
convertidos das equipes vencedoras com os arremessos
das equipes derrotadas, assim como dos arremessos no
convertidos das equipes vencedoras e perdedoras.O nvel
de significncia utilizado foi mantido em 5%.
RESULTADOS E DISCUSSO
O GRFICO 1 ilustra os resultados comparativos entre
a quantidade de arremessos de lances-livres convertidos
e no convertidos, tanto pelas equipes vencedoras quanto
pelas equipes derrotadas.
Parece haver diferena significativa entre a quantidade
de arremessos convertidos pelas equipes vencedoras e
perdedoras (p < 0,05), ou seja, pode indicar, normalmente,
que as equipes que conseguem converter mais
arremessos de lances-livres, durante uma partida, so as
equipes que vencem os jogos.
Os resultados obtidos mostram, aproximadamente,
que as equipes converteram 73% de lances-livres durante
os jogos do Campeonato Nacional de Basquete. Porm,
desse resultado, as equipes vencedoras participam com
6 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007
40%, aproximadamente, e as derrotadas, com 33%.
Estudo recente realizado, em Portugal, por Brando, Silva
e Janeira (2003) mostra, da mesma forma, que
aproximadamente 75% dos arremessos de lances-livres
so convertidos pelas categorias adultas daquele pas,
nmero que tem significativa diminuio quando
comparados s equipes juniores (58%) e cadetes (39%).
Porm, tal estudo teve apenas quinze jogos como
amostra.
Tal idia, ainda, confirmada porTsitskaris et al. (2002)
que registra, tambm, um maior nmero de arremessos
livres executados, mas uma menor eficcia no que diz
respeito ao nvel de competio mais elementar.
O presente estudo no faz nenhuma comparao com
categorias de base, porm, analisando a literatura sobre
o tema, pode-se perceber que mesmo com menores
ndices, as equipes que conseguem uma maior eficcia
nos arremessos livres, normalmente, so equipes
vencedoras. Dentro dessa idia, Wilkes (1998) refere que
a eficcia do lanamento livre depende de vrios fatores,
de onde se destacam a mecnica do lanamento, a
capacidade de relaxamento, a capacidade de
concentrao, a quantidade e qualidade de treino,
variveis essas que so desconsideradas neste estudo.
No se fez nenhuma estatstica ou estudo para
demonstrar se os jogadores das equipes que chegaram
s finais so os mais eficientes nos arremessos livres,
porm o jogador Marcelinho, da equipe do Rio de Janeiro
(ganhadora do Campeonato), foi o atleta que se destacou
nos arremessos de lance-livre, conseguindo um ndice
aproximado de 92%.
No site da Confederao Brasileira de Basquetebol
(CBB) so apresentados os ndices gerais das equipes
com relao aos lances-livres. Com relao s sete
melhores equipes, s em uma delas a eficincia de
arremessos livres (68%) est abaixo da mdia do
campeonato (73%). Ainda com relao equipe
vencedora, a do Rio de Janeiro, esta foi a que obteve o
maior ndice de eficincia durante o Campeonato (81,5%).
No GRFICO 2, destaca-se a mediana de arremessos
convertidos, por jogo, pelas equipes vencedoras e pelas
derrotadas durante todo o campeonato, mostrando a
diferena significativa entre elas com relao eficincia
do lance-livre.
Quanto mais equilibradas forem as equipes e os jogos
entre elas, mais lances-livres acontecero, pois a falta
um recurso que as equipes utilizam para ganhar tempo
GRFICO 1TOTAL DE ARREMESSOS LIVRES CONVERTIDOS E
NO CONVERTIDOS PELAS EQUIPESVENCEDORAS E PERDEDORAS.
AC: Arremessos convertidos; ANC: Arremessos no convertidos
GRFICO 2RELAO ENTRE A MEDIANA DE ARREMESSOSCONVERTIDOS, POR JOGO, PELAS EQUIPES
VENCEDORAS E PERDEDORAS, DURANTETODO O CAMPEONATO.
Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 7
quando esto atrs no placar, principalmente no fim do
jogo e, aps o arremesso, a defesa tem privilgios quanto
posio, bem como nmero de jogadores para
disputarem o rebote. Dessa forma, conseguem recuperar
a posse de bola mais rapidamente. Porm, pouco
adiantar se a equipe que for arremessar converta os
lances.Assim, tambm, pode ser percebida a importncia
deste arremesso e o motivo das equipes vencedoras
estarem conseguindo maior nmero de lanamentos livres
nas estatsticas.
No GRFICO 3, percebe-se que no h diferena
significativa (p > 0,05) quando se analisa a quantidade de
arremessos livres no convertidos, ou seja, os dados
parecem demonstrar que tanto as equipes vencedoras
quanto as perdedoras erram a mesma quantidade de
lances-livres.Deve-se levar em considerao, nesse caso,
que os dados levam a uma verdadeira relao de que as
equipes que convertem mais lances-livres vencem as
partidas. Porm, no se pode levar em considerao que
so as equipes que erram mais arremessos
(considerando a somatria total do campeonato) que so
as derrotadas.
Cabe ressaltar que alguns estudos tm demonstrado
que os pivs so os atletas que menos convertem
lances-livres, mas so, porm, os que mais fazem esse
tipo de arremesso, porque esto jogando prximo cesta
adversria e, conseqentemente, recebem uma
quantidade maior de faltas (Okasaki et al., 2004). Isso no
foi observado nesse estudo, cabendo, porm, esta
colocao, j que eles esto inseridos nas equipes e
participaram de forma generalizada das estatsticas do
campeonato.
CONCLUSO
O presente estudo teve por objetivo verificar a
influncia do arremesso de lance-livre no resultado final
das partidas do Campeonato Nacional Adulto Masculino
de Basquetebol 2004/2005.
Parece haver uma relao positiva: as equipes que
convertem mais lances-livres em uma partida,
normalmente, so as equipes vencedoras. Porm, no se
pode afirmar que as equipes que perdem mais
lances-livres so as perdedoras, pois foi verificado que as
vencedoras perdem tanto quanto elas.
Na verdade, quando se fala em proporo de acertos,
conclui-se que as quantidades de arremessos livres
convertidos influenciaram no resultado final das partidas
do campeonato considerado.
Torna-se cada vez mais fundamental o treino deste
fundamento, pois, cada vez que os jogos so decididos
nos ltimos minutos, mais lances-livres so
arremessados, justamente pela quantidade de faltas
ocorridas, j que as equipes utilizam disso para se
beneficiarem na questo do tempo, a fim de recuperar a
posse de bola rapidamente.
A utilizao da estatstica como apoio nas tomadas de
deciso e de planejamento dos treinos cada vez mais
importante e, ainda, alm de avaliar as condies dos
jogadores, d uma boa panormica das condies do
adversrio.
Recomenda-se, por fim, novos estudos, colocando
fatores intervenientes ou mesmo complementando e
comparando com outras competies de outros pases e,
at mesmo, da NBA, a fim de verificar algum aspecto
relevante na constante busca por um treinamento
GRFICO 3RELAO DA MEDIANA DOS ARREMESSOS LIVRESNO CONVERTIDOS, POR JOGO, DAS EQUIPESVENCEDORAS E PERDEDORAS, DURANTE TODO O
CAMPEONATO.
8 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007
especfico e de resultados. Verificar as influncias
causadas pelos aspectos psicolgicos que podem surgir
pela presso da situao deste arremesso, principalmente
nos momentos finais das partidas, onde um ponto
convertido de lance-livre pode definir a equipe vencedora,
tambm recomendado.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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ARTIGO ORIGINAL
RESPOSTA DA FREQNCIA CARDACA E LACTATOSANGNEO DURANTE AULAS DO PROGRAMA
RPM EM MULHERES
Response of cardiac frequency and blood lactateduring RPM Program Classes for women
Homero Gustavo Ferrari1, Luiz Guilherme Antonacci Guglielmo2
Resumo
O ciclismo indoor uma das modalidades maispraticadas, atualmente, nas academias de ginstica.Dessa forma, o conhecimento das respostas agudas queesse exerccio provoca se faz importante. O objetivo dessainvestigao foi verificar a resposta da freqncia cardaca(FC) e do lactato sangneo durante aulas de ciclismoindoor em mulheres, utilizando o programa RPM (RawPower in Motion), bem como caracterizar o perfilfisiolgico e a intensidade desse programa. Participaramdesse estudo, sete mulheres, aparentemente saudveis,com idade mdia de 28,02,1 anos. Estas mulheres eramtreinadas e praticantes do programa RPM h, pelo menos,seis meses, tendo sido avaliadas em uma nica aula. Foicoletada, durante a aula, amostra de sangue para aanlise do lactato sangneo, alm de aferida a FC,monitorada continuamente durante toda a aula.As coletasde sangue foram realizadas ao final das msicas mpares(1 aos 5 min; 3 aos18 min; 5 aos 32 min; 7 aos 42 min; e 9aos 51 min) . Os valores mdios de lactato ficaram em8,061,87 mM, enquanto os de FC 153,36,6 bpm, quecorrespondem a 84,7% da FC mxima. Dessa forma, osvalores de FC, tanto absolutos, quanto relativos, indicamque o RPM exige de seus praticantes uma grandesolicitao do sistema cardiorespiratrio, alm de umagrande exigncia do metabolismo anaerbio em algunsmomentos da aula, como demonstrado pelos altos valoresde lactato sangneo.
Palavras-chave: Freqncia Cardaca, LactatoSangneo, Programa RPM.
Abstract
Nowadays, indoor cycling is one of the most practicedmodalities at gym clubs. This way, the knowledge of thesharp responses that this kind of exercise provokes israther important. The objective of this investigation was toverify the response of the cardiac frequency (CF) and theblood lactate during classes of indoor cycling for women,using the RPM (Raw Power in Motion) program, as well asto characterize the physiological profile and the intensity ofthis program. Seven women were subjects of this study, allof them apparently healthy, average age 28.02.1 years.These women were trained and also participants of theRPM program for at least six months, having all beenevaluated in just one class. A sample of their blood wascollected during the class in order to analyze the lactate,and their CF was also checked and monitored within thewhole class activity. The blood samples were taken at theend of the odd number tracks (1 with 5min; 3 with 18 min; 5with 32 min; 7 with 42 min; and 9 with 51 min).The averagenumber of lactate were 8.061.87 mM while the CFnumbers got to 153.36.6 bpm, which correspond to84.7% of the maximum CF. This way, the numbers of CF,either absolute or relative, indicate that the RPM demandsa great effort of the cardio respiratory system of theparticipants, and also of the anaerobic metabolism atsome moments of the class, as shown by the high resultsof the blood lactate.
Key words: Cardiac Frequency, Blood Lactate, RPMProgram.
1. Faculdades Integradas Einstein de Limeira (FIEL) - Limeira - SP - Brasil.2. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) - Florianpolis - SC - Brasil.
Recebido em 13.11.2006. Aceito em 26.01.2007.
Revista de Educao Fsica 2007;137:10-17
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INTRODUO
A busca por uma melhor qualidade de vida est
fazendo com que, cada vez mais, as pessoas modifiquem
alguns hbitos de vida, dentre eles a prtica regular da
atividade fsica.
Nesses ltimos anos, vrios estudos tm revelado que
a atividade fsica fator essencial para a qualidade de
vida do indivduo, sendo a falta de atividade fsica, tambm
chamada de sedentarismo, associada ao aparecimento
de algumas doenas, principalmente as doenas do
corao, o que prejudica, sobremaneira, a qualidade de
vida dessas pessoas (Matsudo et al., 2002; Blair et al.,
1996; ACSM, 1998).
Vrios fatores tm sido apontados como sendo os
responsveis por levarem as pessoas a aderirem a um
programa de exerccios fsicos, como, por exemplo, a
melhoria da capacidade cardiorespiratria, o
emagrecimento, o aumento da massa muscular, a
promoo da sade, entre outros. Entretanto, alguns
autores tm apontado os principais fatores como sendo
os que esto relacionados s questes estticas e
expectativa na melhoria da qualidade de vida e bem estar
(Matsudo et al., 2002; Saba, 2001).
Estes dados, aliados ao referido aumento no nmero
de academias de ginstica, conduzem, por sua vez,
concorrncia entre estes espaos, levando,
conseqentemente, a indstria do fitness a buscar
constantemente novas modalidades de atividades fsicas,
que sejam cada vez mais eficientes e motivantes, com o
intuito de atrair mais alunos e de suprir as necessidades
do mercado.
Desse modo, percebe-se, nos ltimos anos, um
aumento expressivo da variedade de programas de
exerccios oferecidos pelas academias de ginstica,
sendo o ciclismo indoor um deles.
Este tipo de aula, segundo Ferrari (2004), surgiu em
meados de 1996 e, atualmente, vem sendo muito
praticado em academias de ginstica, no s do Brasil,
mas em boa parte do mundo.
Um dos grandes atrativos dessa aula a combinao
de movimentos bsicos do ciclismo tradicional e de
diferentes ritmos musicais. Assim, seguindo o ritmo das
msicas, os praticantes simulam subidas, descidas e
planos, com muita variao de intensidade e sempre muito
motivados verbalmente pelos professores (Les Mills,
2003; JG Spinning, 2002).
Nas academias de ginstica, esse tipo de aula
classificada como sendo tipicamente aerbia, sendo
bastante eficiente para o aumento da capacidade
cardiorespiratria, bem como para o emagrecimento.
Entretanto, estas so informaes encontradas nos
manuais desses programas, baseadas em observaes
empricas, sem fundamentao cientfica (Les Mills, 2003;
JG Spinning, 2002).
Dentre os diversos programas existentes de ciclismo
indoor, os mais conhecidos so o Spinning e o Raw Power
in Motion (RPM). Apesar das diferentes terminologias,
esses programas possuem caractersticas muito
parecidas entre si, uma vez que as condies bsicas
para as aulas so muito semelhantes como: tipo de
bicicleta, ambiente, msicas e durao da sesso de
treino (Ferrari, 2004).
Com relao aos estudos abordando o ciclismo indoor,
verifica-se uma grande carncia, principalmente na
literatura internacional, talvez pelo tempo relativamente
recente dessa modalidade. Fato este que justifica a
relevncia dessa investigao, pois o conhecimento mais
detalhado do comportamento de variveis fisiolgicas
durante as aulas de ciclismo indoor pode ser importante
para os profissionais que ministram essas aulas.
Desta maneira, o objetivo dessa investigao
verificar a resposta da freqncia cardaca e do lactato
sangneo, durante aulas de ciclismo indoor, em
mulheres, utilizando o programa RPM, bem como
caracterizar o perfil fisiolgico e a intensidade desse
programa.
METODOLOGIA
Amostra
Participaram desse estudo sete mulheres,
aparentemente saudveis, com idade mdia de 28,02,1
anos. As mulheres eram treinadas e praticantes do
programa RPM h pelo menos seis meses, tendo sido
avaliadas em uma nica aula.
Aps os esclarecimentos de todos os procedimentos
que seriam adotados durante o estudo, as voluntrias
Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 11
assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Antes, porm, esse estudo foi aprovado pelo
Comit de tica e Pesquisa da Santa Casa de Misericrdia
de Limeira.
Avaliao antropomtrica e composio corporalForam mensuradas as seguintes variveis: massa
corporal (kg), estatura (cm) e percentual de gordura
corporal (%G). Para a massa corporal, foi utilizada uma
balana eletrnica de plataforma, da marca Filizola , com
preciso de 0,1 kg. Para a estatura, foi utilizado um
estadimetro com preciso de 0,1 cm, de acordo com os
procedimentos sugeridos por Lohmann et al. (1988). O
percentual de gordura corporal foi estimado pelo mtodo
duplamente indireto, a partir das espessuras das dobras
cutneas dos seguintes pontos anatmicos:
subescapular, suprailaca e coxa.Todas as medidas foram
feitas em triplicata, adotando-se, como resultado, o valor
mdio das trs medidas. Para as medidas de dobras
cutneas, foi utilizado um adipmetro, da marca Lange,
com preciso de 0,5 mm. As medidas foram realizadas
sempre do lado direito do sujeito, por um mesmo avaliador,
utilizando os procedimentos citados por Guedes (1994).
Para a estimativa do %G, foi utilizada a equao de Siri
(1961), a partir da estimativa da densidade corporal
determinada por meio da equao proposta por Guedes
(1994).
Coleta de sangue durante as aulas e dosagem delactato
Para a anlise do lactato sangneo (LAC), foram
coletados 25 l de sangue do lbulo da orelha,
utilizando-se capilares de vidro heparinizados e
calibrados. Aps cada coleta, o sangue foi imediatamente
armazenado em microtubos do tipo Eppendorff de 1,5 ml,
contendo 50 l de soluo de NaF1%. Em seguida, os
tubos foram armazenados em recipiente trmico,
contendo gelo, e levados para o laboratrio para a
determinao das concentraes de lactato sangneo,
atravs do analisador eletroqumico, modelo YSL 1500
STAT. As coletas foram realizadas ao final das msicas
mpares (1 aos 5 min; 3 aos18 min; 5 aos 32 min; 7 aos
42 min; e 9 aos 51 min).
Monitoramento da freqncia cardaca das aulasA monitorizao da freqncia cardaca (FC), durante
as aulas, foi feita atravs de monitores da marca Polar,
modelo X-Trainer, em intervalos de 15 segundos, tendo
sido armazenadas na memria para posterior anlise.
Freqncia cardaca mxima prevista
A freqncia cardaca mxima (FCmx) indireta dos
sujeitos foi determinada a partir da equao: 202 - (0,75x
idade), segundo Heyward (1997). Esta equao se
justifica pelo fato de ter sido desenvolvida em um
cicloergmetro.
Caractersticas do programa RPM
Uma aula do programa tem durao total de
aproximadamente 50 minutos, tendo um total de dez faixas
de msicas. Com relao ao ritmo das msicas utilizadas,
elas se situam de 116 a 120 batidas por minuto (bpm) para
o aquecimento e volta calma, de 120 a 136 para giros
e 52 a 68 para subidas. realizada em bicicleta
estacionria, tendo como caracterstica o trabalho
aerbio, com uma grande variao de intensidade ditada
pela frenagem da roda dianteira e freqncia de rotao
do pedal durante as msicas, que variam entre 100 e 130
rotaes por minuto (Les Mills, 2003).
Anlise estatstica
Foram empregados os mtodos estatsticos de mdia,
desvio padro () e anlise de varincia ANOVA Two-way,
seguido pelo teste de Tuckey, adotando-se um nvel de
significncia de p
sangneo, bem como elevados nveis de intensidade
relativa de esforo, sugerindo, portanto, que as aulas
promovem uma grande solicitao dos sistemas
cardiorespiratrio e metablico dos praticantes.
Com relao aos resultados da TABELA 3, a anlise
estatstica mostrou no haver diferenas de FC entre os
momentos M1, M7 e M3, M5 e M7, enquanto que, para
o LAC, houve diferenas, tanto para os momentos M1 e
M7, como para os momentos M5 e M7, demonstrando,
assim, uma maior sensibilidade s mudanas de
intensidade.
DISCUSSO
Vrios parmetros tm sido utilizados para a
prescrio, avaliao da intensidade e controle dos efeitos
do treinamento, em diferentes tipos de exerccios, sendo
alguns desses parmetros: o consumo mximo de
oxignio (VO2mx), a resposta do lactato sangneo (LAC),
a percepo subjetiva de esforo (PSE) e a freqncia
cardaca (FC), segundo Denadai (1999).
O American College of Sports Medicine (ACSM,1998)
recomenda o uso da monitorao da FC para o controle
da intensidade do treinamento, bem como para o
treinamento aerbio e para o desenvolvimento da
capacidade cardiorespiratria, intensidades que variem
de 60 a 90% da FCmx.
Dessa forma, Heyward (1997) prope trs nveis de
intensidade de esforo baseado na FC, utilizando, para
isso, o percentual da FC mxima (%FCmx). Os nveis so:
leve, moderado e pesado, que correspondem
respectivamente a 81% da FCmx.
Entretanto, a FC pode sofrer grandes variaes
durante o exerccio, no somente em funo das
alteraes da intensidade, mas tambm das alteraes de
alguns sistemas corporais como o hormonal e o
circulatrio (Fox, Bowers e Fox, 1998).
Portanto, a utilizao da FC como indicador indireto da
intensidade de esforo e do metabolismo energtico,
utilizado durante diferentes tipos de atividade, tem que ser
analisada com cautela.Alguns estudos tm mostrado que
ela pode ser muito imprecisa, no se correlacionando com
a resposta do lactato sangneo e com o consumo de
oxignio, principalmente em atividades intermitentes e
que utilizam, simultaneamente, membros superiores e
inferiores (Guglielmo, 2000; De Angelis et al., 1998).
Os resultados desse estudo revelaram, atravs de
respostas de FC durante as aulas, valores de intensidade
relativa de esforo que variaram de 79,7% a 89,3% da
FCmx, com mdia de 84,7%.
Com relao a esses resultados, outros estudos tm
encontrado valores de intensidade relativa de esforo
TABELA 1VARIVEIS DA COMPOSIO CORPORAL DOS
SUJEITOS AVALIADOS.
SujeitosPeso(kg)
Estatura(m) % de gordura
IMC(kg/m2)
Mdia 62,05 1,68 24,37 21,70
DP 6,23 0,08 2,46 1,68
TABELA 2VALORES DAS VARIVEIS FC, FCMXPREVISTA, FCMDIA, % FCMX E CONCENTRAES DE LACTATO
SANGNEO OBTIDOS DURANTE AS AULAS.
Sujeitos (n=7) Mnimo Mximo Mdia DP
FCmx. prevista (bpm) 179,5 183,3 181,1 1,46
FC mdia (bpm) 146 161 153,33 6,65
% FC mx. 79,7 89,3 84,72 3,81
Lactato (mM) 1,19 11,2 8,06 1,87
DP = Desvio padro da mdia
TABELA 3VALORES MDIOS E DESVIO PADRO () DA FC E
LACTATO SANGNEOOBTIDOS EM DIFERENTES MOMENTOS DAS AULAS.
Momentos M1 M3 M5 M7 M9
FC (bpm) 118,817,88a 167,311,43 165,59,27 160,118,52 127,68,59b
Lactato (mM) 2,591,44a 9,141,78b 9,661,52c 7,682,30d 5,771,91
FC = a,bp
semelhantes em aulas de ciclismo indoor. Em um deles,
Ferrari (2004) comparou a intensidade de esforo atravs
da resposta da FC entre os programas Spinning e RPM,
em 14 mulheres jovens, praticantes desses programas,
no encontrando diferenas significativas entre eles,
sendo que os valores mdios das aulas foram de 86,7%
para o programa Spinning e de 84,7%, para o programa
RPM.
Mais recentemente, Porto, Lafet e Jnior (2005),
avaliando cinco homens e cinco mulheres, praticantes do
programa Spinning, verificaram que, na maior parte das
aulas (67%), os valores de intensidade relativa de esforo
variaram de 70% a 89% da FCmx dos sujeitos e cerca
de 21% do tempo total das aulas acima disso. Avaliando
o mesmo programa, Ramos et al. (2005) encontrou
valores semelhantes durante as aulas, variando de 85%
a 92% da FCmx.
Portanto, essas informaes indicam que as aulas de
ciclismo indoor parecem atender s recomendaes do
ACSM (1998) em relao intensidade de esforo para
o treinamento aerbio e aprimoramento da capacidade
cardiorespiratria.
A eficincia do treinamento de ciclismo indoor para o
aprimoramento da capacidade aerbia foi demonstrada
por Smith et al. (2000), que avaliaram os efeitos de dez
semanas de treinamento de ciclismo indoor em 16
homens e 22 mulheres. Aps o perodo experimental de
treinamento, foi observado aumento significativo no limiar
anaerbio e no VO2mx.
Com relao avaliao metablica durante as aulas,
foi utilizado, como indicador, a resposta do lactato
sangneo, que tem sido muito investigada nas ltimas
dcadas, principalmente nas atividades de predomnio do
metabolismo aerbio (Denadai, 1999; Denadai, 2000).
O LAC um dos principais indicadores diretos do
metabolismo energtico utilizado durante o exerccio,
podendo classificar de uma forma mais precisa sua
intensidade (Gaesser e Poole, 1996).
Um estudo interessante, apresentado por Gaesser e
Poole (1996), relacionando intensidade de esforo e
concentrao de lactato, prope que, em atividades com
predomnio aerbio, o esforo, em relao sua
intensidade, pode ser classificado em trs esferas:
moderado, pesado e severo. O esforo moderado
corresponde quelas intensidades que podem ser
realizadas sem a modificao do lactato sangneo em
relao aos valores de repouso, ou seja, abaixo de 2 mM.
O esforo pesado seria a partir da menor intensidade de
esforo, onde o lactato aumenta, tendo como limite
superior 4 mM, em mdia. Por sua vez, o esforo severo
aquele que no existe fase estvel de lactato no sangue,
elevando-se durante todo o tempo de esforo at a
exausto.
As concentraes de lactato sangneo, durante as
aulas, chama a ateno pelos altos valores obtidos, com
concentraes mdias de LAC de 8,061,87 mM e picos
de 11,2 mM.
Valores elevados de LAC foram, tambm, reportados
em outras investigaes em aulas de ciclismo indoor.
Ferreira et al. (2005) compararam respostas
hemodinmicas e metablicas entre o ciclismo indoor e
aqutico, em dez indivduos ativos. Os valores obtidos,
respectivamente, para cada programa foram 7,93mM x
8,87mM aos 15 minutos de aula, 8,80mM x 9,78mM aos
30 minutos e 7,15mM x 8,27mM aos 35 minutos de aula.
Demonstrando, portanto, que tanto o ciclismo indoor,
quanto o aqutico, geram respostas considerveis de
lactato sangneo.
Em outro estudo, Ramos et al. (2005) compararam as
concentraes de LAC em dois protocolos de treinamento
do programa Spinning (contnuo e intervalado). As
concentraes nos dois protocolos foram verificadas em
cinco momentos das aulas, quais foram: 5 minuto do
aquecimento e 6 minuto dos estgios 1 (85% da FCmx),
2 (85% da FCmx) e 3 (92% da FCmx), e tambm no 1,
3 e 5 minutos do perodo de recuperao passiva. Os
resultados mostraram no haver diferenas estatsticas
das concentraes de LAC entre os dois protocolos nos
momentos de aquecimento, estgio 1 e recuperao. Em
contrapartida, diferenas estatsticas foram verificadas
entre os protocolos contnuo e intervalado nos momentos
do estgio 2 (8,05 mM vs. 4,64 mM) e estgio 3 (9,39 mM
vs. 5,27 mM).
Recentemente, um outro estudo bastante interessante
foi apresentado por Kang et al. (2005), onde foram
investigadas as diferenas entre dois protocolos de
treinamento do programa Spinning (contnuo - CON - e
14 Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007
intervalado - INT) sobre as respostas metablicas (VO2,
FC, LAC) e a percepo subjetiva de esforo (PSE), em
sete homens e em oito mulheres fisicamente ativos. Os
resultados do estudo revelaram que, apesar das
diferenas na execuo entre os dois protocolos (CON e
INT), no foram verificadas diferenas significativas entre
eles nas variveis: VO2, FC e intensidade relativa de
esforo. Em contrapartida, foram verificadas diferenas
significativas durante o exerccio para a PSE (9,7 vs. 8,9)
e, ao final do exerccio, para o LAC (7,2 vs.2,7 mM).Foram,
tambm, encontradas diferenas no perodo de
recuperao (30 minutos) nas variveis VO2 (0,26 vs. 0,33
l/min), consumo energtico (30 vs. 45,5 Kcal) e FC (80
vs. 91). Os autores concluem que, apesar da mesma
intensidade relativa de esforo realizada pelos indivduos,
tanto para o protocolo CON (67% da FCmx) como para
INT (68% da FCmx), a resposta de LAC foi maior no
protocolo INT, possivelmente em funo dos sprints e das
altas cadncias de pedalada durante alguns perodos das
aulas e, principalmente, no final, o que implicaria em uma
maior influncia do componente lento de VO2. Os autores
sugerem, ainda, que o protocolo INT conduz a um maior
gasto energtico ps-exerccio, possivelmente
influenciado pelos aumentos do LAC e, tambm, de
algumas variveis que no foram medidas no estudo,
como temperatura corporal e catecolaminas plasmticas.
Com relao s altas concentraes de LAC
verificadas no presente estudo e em outros aqui citados,
em diferentes aulas de ciclismo indoor (Smith et al., 2005;
Kang et al., 2005; Ramos et al., 2005; Uchida et al., 2002),
sugere-se que esse tipo de aula requer uma relevante
participao do sistema anaerbio, principalmente
quando so utilizadas intensidades relativas acima de
70% da FCmx (Ramos et al., 2005; Uchida et al., 2002).
Muitos fatores podem influenciar na resposta do lactato
sangneo durante o exerccio, como por exemplo:
diferenas individuais na capacidade de produo e
remoo de lactato, estoques de glicognio muscular, tipo
de exerccio, entre outros (Denadai, 1999; Denadai, 2000).
Entretanto, especificamente no ciclismo, alguns
aspectos, como fatores biomecnicos e cadncia de
pedalada, podem influenciar, significativamente, a
resposta do LAC.
Estudos tm verificado que as aes musculares
envolvidas no ciclismo so, exclusivamente, concntricas
(Bijker et al., 2002), resultando em altos nveis de tenso
intramuscular na maior parte do ciclo de pedalada,
fazendo com que possa ocorrer a ocluso dos vasos
sangneos, prejudicando, sobremaneira, a oferta de
oxignio para a regio (Denadai, 2004). Esses fatores
podem implicar em um maior recrutamento de fibras do
tipo II, em funo do maior percentual de pico de fora
requerido em cada pedalada, gerando, portanto, uma
maior resposta de LAC (Hagberg, 1981; Marcinik et al.,
1991).
Alguns trabalhos tm mostrado que, quando se
compara a resposta do LAC para um mesmo grupo de
indivduos no ciclismo e na corrida, para uma mesma
intensidade de esforo (mxima fase estvel de lactato),
as concentraes de LAC no ciclismo so
significativamente maiores (Van Schuylenbergh et al.,
2004), revelando, portanto, as influncias biomecnicas
envolvidas no ciclismo.
Aliado aos fatores biomecnicos, a cadncia de
pedalada tambm parece exercer grande influncia na
resposta do LAC, pois cadncias diferentes, para uma
mesma carga, geram respostas hemodinmicas
diferentes, podendo influenciar as respostas metablicas
com aumentos exponenciais de LAC (Gotshall, Bauer e
Fahmer, 1996; Denadai, Ruas e Figueira, 2005).
Dessa forma, isso poderia explicar, em parte, as
diferenas entre os protocolos utilizados em aulas de
ciclismo indoor, e, tambm, as altas concentraes de
LAC verificadas em determinados momentos das aulas,
uma vez que comum, durante estas aulas, o uso de
diferentes cadncias (rpm), com ou sem modificaes na
carga da bicicleta (frenagem da roda dianteira),
principalmente cadncias altas prximas a 100 rpms ou
mais, que so os chamados sprints de curta durao que
acabam gerando altas concentraes de lactato
sangneo.
CONCLUSES
Baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que
as aulas de ciclismo indoor, mais especificamente o
programa RPM, promoveram, na amostra analisada, uma
alta solicitao do sistema cardiorespiratrio, como
Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 15
demonstrado pelos altos valores de intensidade relativa
de esforo e, tambm, do sistema anaerbio em
determinados momentos das aulas, como demonstrado
pelos altos valores de lactato sangneo. Conclui-se,
ainda, que o lactato sangneo parece mais sensvel que
a FC para identificar mudanas na intensidade de esforo,
em aulas do programa RPM.
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Endereo para correspondncia:Homero Gustavo Ferrari
Rua Luciano de Arajo, 158 - Vila AnitaLimeira - SP - Brasil
CEP: 13484-302e-mail: [email protected]
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ARTIGO ORIGINAL
VERIFICAO DAS ALTERAES PROVOCADAS PELO EXERCCIOCONTRA RESISTNCIA NO INDIVDUO HIPERTENSO
Checking of the alteration provoked by the resistancetraining exercises in hypertensive individuals
Genivaldo Lisboa1, Dhiego Gualberto de Abreu1, Lilliany de Souza Cordeiro1,2,Franz Knifis1
Resumo
O estudo verificou a possvel reduo da freqnciacardaca, da presso arterial, do duplo produto, do ndicede massa corporal (IMC), bem como o ganho de fora,aps um programa de exerccio contra resistncia. Aamostra foi constituda por um indivduo de 37 anos, dognero masculino, hipertenso, fazendo tratamentofarmacolgico. Ao iniciar o programa, este indivduo foisubmetido a uma anamnese e ao teste de 1RM. Todas asvariveis estudadas foram medidas semanalmente, antese aps a sesso de exerccios, com cinco minutos dedescanso. Dos resultados semanais, foi retirada a mdiamensal, exceto com relao ao ganho de fora mxima eao ndice de massa corporal, verificados antes e aps operodo de treinamento. A freqncia cardaca (FC) foimonitorada atravs de freqencmetro e a presso arterial(PA), atravs do mtodo auscultatrio. Os exerccios foramrealizados no supino reto, na remada barra curta, no legpress (quadrceps e panturrilha), na cadeira extensora, namesa flexora e na abdominal (supra e infra), tendo trssesses de exerccios semanais, com durao entre 50 a60 minutos, durante quatro meses, a 80% de 1RM. Aanlise estatstica foi realizada atravs do teste T (p
there was not a significant statistical reduction after thetraining. The systolic and diastolic blood pressure, beforeand after, had significant reduction. The double productonly presented a significant difference between theevaluated averages after the sessions. The gain ofmaximum force presented significant numbers on all of the
machines. Therefore, it was concluded that there arebenefits in practicing resistance training exercises by ahypertensive adult.
Key words: Double Product, Resistance TrainingExercises, Cardiac Frequency, Gain of Force,Hypertension.
INTRODUO
De acordo com a Organizao Mundial de Sade -
OMS (2002 apud Rosa, 2005), a hipertenso, embora
pouco conhecida, atinge uma mdia de 20% a 25% da
populao brasileira, sendo que esta estatstica sobe para
50% nas faixas etrias mais avanadas. Hoje, esta uma
das dez principais causas de morte no mundo, j que a
hipertenso um fator agravante para as doenas
cardiovasculares. De acordo com Pugliense (2005), uma
em cada trs a quatro pessoas, ter presso arterial
anormalmente alta em algum momento no transcorrer de
sua vida. Todavia, existem grandes indcios que a
atividade fsica, mais especificamente os trabalhos contra
resistncia, contribua na amenizao, ou at na profilaxia,
desses tipos de doenas, diminuindo as despesas com
medicamentos e tornando a vida de muitos indivduos
bem melhor, seja psicologicamente ou socialmente.
O homem moderno tem uma vida bastante agitada em
seu cotidiano, ficando suscetvel a diversos fatores, tais
como: o sedentarismo, o estresse, o mau hbito alimentar
e, tambm, o sobrepeso. Esses fatores, associados ao
tabagismo e ao lcool, so considerados
desencadeadores de doenas psicossomticas, dentre
essas a elevao crnica da presso arterial. De acordo
com o American College of Sports Medicine (2003), mais
de 50 milhes de americanos so hipertensos, com
presso arterial em repouso a partir de 140/90 mmHg ou
mais, classificando em estgio leve de acordo com Soter,
Martins e Dantas (2005).
Sendo a presso arterial influenciada pelos mesmos
fatores que fazem oscilar as demandas metablicas,
extremamente importante que a mesma seja mantida em
um nvel relativamente constante, atravs do controle
sobre a freqncia cardaca, do volume sistlico e da
resistncia perifrica vascular. Uma condio bsica para
a sobrevivncia do ser humano a manuteno de um
nvel adequado da presso arterial, capaz de nutrir os
tecidos em condies, que variam desde o sono, ou
repouso, at o exerccio fsico, o trabalho ou as situaes
de estresse (Tumeleiro, Santos Junior e Nunes, 2003).
A populao hipertensa vem crescendo muito, nos
ltimos tempos, com o aumento da expectativa de vida.
Pesquisas tm comprovado os benefcios dos exerccios
fsicos, sendo os mesmos utilizados na preveno e no
tratamento no farmacolgico da hipertenso (Negro et
al., 2004). Doenderlin e Farinatti (2003) relatam que um
procedimento seguro para conduzir um treinamento
dando subsdios adicionais manipulao de variveis
associadas sua intensidade absoluta e relativa (tipo de
exerccio, intervalo de recuperao, nmero de repeties
e sries, carga mobilizada e velocidade de execuo).
De acordo com Arajo (2001), os valores sistlicos ao
redor de 200 mmHg so tpicos em esforo mximo
dinmico gradativo, em um adulto saudvel, com um
rpido descenso com a interrupo do esforo. J no
exerccio esttico, tem-se um aumento bastante
importante dos nveis sistlicos e diastlicos, provocados
principalmente pelo aumento da resistncia perifrica
muscular. De acordo com Simo (2005), indivduos com
problemas cardiovasculares (hipertenso, enfarto, etc.)
devem evitar o bloqueio respiratrio durante os exerccios
de contra resistncia, pois sofrem o risco de haver um pico
anormal pressrico, excedendo 200mmHg, dependendo
da fora e da durao deste bloqueio.
O presente estudo tem como finalidade buscar maiores
informaes sobre a prescrio e avaliao dos exerccios
contra resistncia (ECR), j que, de acordo com Fuchs,
Moreira e Ribeiro (2005), evidncias epidemiolgicas
sustentam a indicao da prtica da atividade fsica como
medida no farmacolgica para o tratamento da presso
arterial (PA). Doenderlin e Farinati (2003), entretanto,
relatam que o treinamento de fora pode ou no alterar
a presso arterial.
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METODOLOGIA
O estudo se caracteriza pelo tipo experimental, estudo
de caso, baseado em investigao, em uma situao de
causa-efeito, conforme Thomas e Nelson (2002). A
amostra foi constituda por um indivduo de 37 anos de
idade, do gnero masculino, de etnia negra, ou seja,
descendente de afro-brasileiro, servidor pblico (guarda
civil municipal da cidade de Campos dos Goytacazes),
no existindo obrigatoriedade ou algum projeto que
determine que seus integrantes devam participar de
alguma atividade fsica. O pesquisado, segundo
anmanese aplicada, foi classificado, por meio de
questionrio, como sedentrio, pelo fato de no fazer
nenhuma atividade fsica, classificao essa segundo a
OMS (2002, apud Rosa, 2005). O indivduo era hipertenso
e fazia tratamento farmacolgico (Captopril 50ml, uma vez
ao dia) para controle da presso arterial, no sendo
portador de nenhuma deficincia fsica, nem de outro tipo
de patologia crnica, submetendo-se, voluntariamente, ao
treinamento. Foi realizada, antes do treinamento, uma
anamnese, tendo sido verificado o IMC, antes e ao final
do perodo de treinamento, e a fora mxima, atravs de
teste de 1RM, em vrios exerccios.
O teste de 1RM foi efetuado a cada quatro semanas,
sendo calculada a porcentagem do ganho de fora e dada
uma nova carga, nos seguintes aparelhos: supino reto,
remada barra curta, leg press (quadrceps e panturrilha),
mesa flexora e exerccios de abdominal.
A presso arterial (PA) foi aferida por mtodo indireto
auscultatrio. A aferio da PA foi realizada s
segundas-feiras, da seguinte forma: antes da sesso (em
repouso, com cinco minutos de descanso), duas
intermedirias (aps exerccio na mesa flexora e
abdominal) e aps a sesso (com cinco minutos de
descanso),
Todos os exerccios foram executados com intervalo de
um minuto e trinta segundos de descanso entre uma srie
e outra, conforme ACSM (2003). O primeiro ms de
treinamento foi realizado a 50% da carga mxima e, nos
meses subseqentes, a 80% da carga mxima, sendo
todos os movimentos executados sem a presena de
Manobra de Valsalva. A freqncia cardaca foi medida
antes de cada sesso de exerccios (em repouso com
cinco minutos de descanso), aps cada srie de exerccio
e aps a sesso de exerccios (com cinco minutos de
descanso). J o duplo produto (DP) foi calculado
semanalmente, antes de cada sesso de exerccio (com
cinco minutos de descanso), no momento da concluso
da ltima repetio da ltima srie da mesa flexora e de
abdominal, assim como aps a sesso de exerccio (com
cinco minutos de descanso). Em relao aos
procedimentos estatsticos, foram utilizados os clculos
de mdia, desvio padro e o teste T para comparao
dos resultados de FC, PAS, PAD e DP, antes e aps
treinamento de fora, e o IMC, no incio do treinamento
e aps os quatro meses de treino.
RESULTADOS E DISCUSSO
Depois de realizar as coletas de dados, os resultados
foram organizados e colocados em tabelas,
separadamente por variveis avaliadas. So
apresentadas, na TABELA 1, todas as variveis
hemodinmicas de cada ms, coletadas antes das
sesses de exerccio, atravs das mdias, desvios
padres e Test T de Student. Observa-se que a PAD e
a PAS modificaram de forma positiva e significativa,
enquanto que a FC e o DP no obtiveram esses mesmos
resultados. Cada mdia mensal foi calculada em cima dos
valores obtidos nas mdias semanais, constitudas de
coleta feita a cada dia de treinamento, como j explicado
na metodologia.
A TABELA 2 mostra, tambm, as variveis
hemodinmicas, coletadas, porm, aps o treinamento.
TABELA 1FC, PAS, PAD, DP ANTES DAS SESSES DE
EXERCCIOS.
1 ms 4 msP (T
Os valores obtidos se mostraram significativos em trs
variveis a PAD, PAS e o DP, j a FC, mais uma vez, no
obteve uma queda significativa. Porm, preciso ressaltar
que, tanto na TABELA 1 quanto na TABELA 2, a FC
apresentou uma queda que, mesmo no sendo
estatisticamente significativa, pode ser considerada,
quando se fala de treinamento e sade, um fator positivo
do treinamento.
Na TABELA 3, O IMC (ndice de massa corporal)
obteve queda, porm no significativa. Entretanto,
observando-se de acordo com fatores de risco, onde o
IMC tem grande relao, essa queda o levou a valores
prximos dos considerados normais segundo a OMS
(2002 apud Rosa, 2005), o que, mais uma vez, mostra
o benefcio da atividade fsica proposta na pesquisa.
Em relao FC em repouso, antes e aps a atividade,
no houve reduo significativa, mas os valores absolutos
mensais decresceram durante o perodo de treinamento,
mostrando um comportamento normal. A fase
ps-exerccio vem sendo investigada intensamente nos
ltimos anos. Seus resultados ainda divergem quanto ao
tempo necessrio para a total restaurao aos nveis de
repouso do sistema nervoso central (SNA), ps-exerccio
(Almeida e Arajo, 2003). Estudos citados por esses
autores mostram o tempo de recuperao da FC, aps
diversos tipos de treinamento. A recuperao pode levar
de uma hora, aps exerccio leve ou moderado, ou quatro
horas, aps exerccio aerbio de longa durao, e at 24
horas, aps um exerccio intenso ou mximo. Cinco
minutos aps uma sesso de exerccio moderado ou
intenso, a concentrao de norepinefrina no sangue
continua em valores acima dos de repouso, o que sugere
elevada atividade simptica nesta fase. Todavia, deve-se
levar em conta que h um tempo de latncia de
aproximadamente 2,5 minutos para que a concentrao
de norepinefrina no plasma chegue a seu valor mximo,
o que foi suposto por Almeida e Arajo (2003), j que o
tempo de cinco minutos de recuperao, utilizado em seus
estudos, foi demasiadamente curto, assim como no
presente estudo.
De acordo com Leite et al. (2004), os estudos de
treinamento de fora, em certos perodos, resultaram em
diminuio significativa de 5% a 12 % na freqncia
cardaca em repouso. Esse comportamento ,
normalmente, atribudo combinao da estimulao
parassimptica aumentada, bem como da simptica,
diminuda para o corao.
Leite et al. (2004) citam alguns estudos que
envolveram o treinamento simultneo de fora e
resistncia, demonstrando haver pouca ou nenhuma
mudana na freqncia cardaca mxima aps o
treinamento. Esses estudos indicam que o treinamento
simultneo de fora e resistncia, ou o treinamento isolado
de fora, geram pouca ou nenhuma mudana na
freqncia cardaca mxima. Todos os resultados
relacionados das PAS e das PADs mostram redues
significativas (p
pressricos maiores, assim como a realizao do esforo
na presena de manobra de valsalva. Embora tenha
diversos meio de aferir a PA, o procedimento mais usual
nas pesquisas nacionais o auscultatorio, que tende a
apresentar valores agudos subestimados em relao
medida direta, principalmente em atividades contnuas,
como os exerccios contra resistncia - ECR (Polito e
Farinatti, 2003).
No estudo realizado pelos autores acima citados,
objetivou-se verificar o efeito de intensidades diferentes
do ECR sobre os efeitos agudos tardios da PAS e PAD,
com o mesmo tipo de treinamento. Durante trs dias, no
consecutivos, dezesseis jovens foram submetidos a vrios
exerccios, da seguinte forma: no primeiro dia, foi realizado
teste de seis repeties mximas (RMs) para cada
exerccio; no segundo dia, foram feitas trs sries de seis
RMs em cada exerccio; e, no ltimo dia, foram realizadas
doze repeties com 50% de seis RMs. PAS e PAD foram
aferidas antes de cada seqncia, por mtodo
auscultatrio e imediatamente aps o trmino da cada
seqncia, por monitorizao ambulatorial, em ciclos de
10 minutos, em repouso absoluto durante 1h. Conclui-se
que: o ECR exerceu efeito hipotensivo sobre a presso
arterial, principalmente sobre PAS; o declnio absoluto da
PAS no foi influenciado pelas diferentes interaes de
carga e repeties; a magnitude das cargas tendeu a
favorecer a durao da reduo da PAS; e o nmero de
repeties teve maior repercusso sobre a PAD que sobre
a PAS, mas por curto perodo de tempo. O estudo mostrou
que o ECR exerce efeito hipotensor sobre a PA, tanto
sistlica, quanto diastolica. Ainda, relatam estudos como
de Hardy e Tucker (1999), em indivduos sedentrios e
hipertensos, onde foi observada a reduo da PAS e da
PAD por, no mnimo, uma hora aps sesso de
treinamento de fora em 24 homens. sabido que maiores
redues pressricas, aps exerccios aerbios, tendem
a ser verificadas em hipertensos (Arajo, 2001), sendo
provvel que a mesma relao seja mantida no exerccio
de fora.Da mesma maneira que nesta pesquisa, o estudo
mostrou que o ECR exerce efeito hipotensor sobre a PA,
tanto sistlica quanto diastlica. Em relao ao DP, como
observado nas TABELAS 1 e 2, somente houve reduo
estatisticamente significativa (p
provocar ganhos significantes de fora muscular, tanto no
gnero masculino, quanto no feminino. Em seu estudo, foi
verificado o impacto de oito semanas de treinamento com
pesos (TP) sobre a fora muscular. Para tanto, 23 homens
(20,7 1,7 anos) e 15 mulheres (20,9 2,1 anos),
aparentemente saudveis e moderadamente ativos
(atividade fsica regular < duas vezes por semana), foram
submetidos a um programa de TP, composto por 10
exerccios para os diferentes grupos musculares, durante
oito semanas consecutivas. Trs sries de 8 a 12 RM
foram executadas em cada exerccio, em trs sesses
semanais, intervaladas a cada 48 horas. A fora muscular
foi determinada, pr e ps-treinamento, por meio de testes
de 1RM, no exerccio supino em banco horizontal, no
agachamento e na rosca direta de bceps, aps cinco
sesses de familiarizao.Ainda, estudos de Hunter et al.
(1985) e Wilmore et al. (1974) relataram ganho de fora
em perodos semelhantes, sendo os resultados
percentuais diferentes. Assim como no estudo de Dias
(2005), que se mostrou positivo em relao ao ganho de
fora no gnero masculino.
CONCLUSO
De acordo com os resultados apresentados e
comparados com referncias consultadas, conclui-se que:
o presente estudo mostrou resultados positivos, ou seja,
que o treinamento contra resistncia pode reduzir os
valores absolutos de todas as variveis avaliadas, apesar
de s ter encontrado diferenas significativas nas
seguintes variveis: presso arterial sistlica, presso
arterial diastlica e duplo produto. Porm, suas limitaes,
como o controle da alimentao, noite de sono e prtica
de alguma outra atividade, no foram controladas, tendo
o participante sempre se mostrado assduo ao
treinamento.
Muitos estudos ainda devero ser realizados, com uma
amostragem maior e com maior controle das variveis
intervenientes, avaliadas e no avaliadas neste estudo,
para que sejam determinados, com maiores detalhes, os
mecanismos pelos quais o exerccio fsico resistido de alta
intensidade, de fato, reduz a FC, PAS, PAD, DP, IMC e
aumenta a RML, dando um embasamento experimental
mais forte a outras pesquisas.
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Revista de Educao Fsica - N137 - Junho de 2007 25
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ARTIGO ORIGINAL
COMPORTAMENTO GLICMICO EM TREINAMENTOS DE NATAOCOM CARTER AERBIO E ANAERBIO
Glycemic behavior in swimming trainings with aerobicand anaerobic character
Alexandre Srgio Silva, Wivian Klart Cardoso de Azevedo
Resumo
A maior produo de lactato, bem como diferenciadasrespostas metablicas, pode induzir respostas glicmicasdistintas no treinamento anaerbio, se comparado aoaerbio. A monitorao destas respostas pode proverinformaes importantes para o treinador desportivo, emtermos de volume e de intensidades ideais, ou quanto necessidade de suplementao durante os treinos. Oobjetivo deste estudo foi comparar as respostasglicmicas, em treinamentos aerbio e anaerbio, ematletas competitivos de natao. Cinco nadadores, comidades entre 17 e 21 anos, que treinam assiduamente ecompetem em nvel estadual e regional, foram tomadoscomo sujeitos do estudo. Aps uma refeio controlada,tiveram a glicemia medida em repouso e em oitomomentos, durante um treinamento contnuo aerbio, comdurao de 90 minutos (TC), e em um treinamentointermitente anaerbio, consistindo de tiros de 25, 50 e 100metros, com intensidade variando entre 85 e 100% domelhor tempo (TI). Os dados foram tratados por meio deestatstica descritiva, tendo sido realizado o teste deWilcoxon. Foram encontradas glicemias de 76.6, 72.0,70.4, 63.8, 65.0, 61.2, 55.6 e 60.4 mg/dl (mdia de 65.6mg/dl) para TC e 78.6, 76.0, 76.2, 76.2, 63.0, 60.0, 55.0 e60.6 mg/dl (mdia de 68.2 mg/dl) para TI. No foramencontradas diferenas entre TC e TI (p = 0,407).Conclui-se que ambos os treinamentos promovemrespostas glicmicas similares, com quedas acentuadasda glicemia, o que pode indicar a necessidade desuplementao com carboidratos durante o treinamento.
Palavras-chave: Glicemia, Natao, TreinamentoAerbio, Treinamento Anaerbio.
Abstract
A bigger production of lactate, as well as differentmetabolic responses, can induce distinct glycemicanswers in the anaerobic training when compared with theaerobic one. The monitoring of these responses canprovide the sport trainer with important information, interms of volume and ideal intensities, or even with thenecessity of supplementary meals during the trainingsessions. The objective of this study was to compare theglycemic responses, in aerobic and anaerobic trainings, ofcompetitive swimming athletes. Five swimmers, agingbetween 17 and 21 years old, who train regularly and takepart in state and regional competitions, were taken as thesubjects of this study.After a controlled meal, they had theirglycemia measured while in inertia, and in eight momentswithin the continuous aerobic training (CT) lasting for 90minutes, and also in an intermittent anaerobic training (IT)consisting of shots of 25, 50 and 100 meters, with intensityranging between 85 and 100% of the best time. The datawere treated by the descriptive statistics, having the test ofWilcoxon realized. It was found glycemia of 76.6, 72.0,70.4, 63.8, 65.0, 61.2, 55.6 and 60.4 mg/dl (average of 65.6mg/dl) for the CT and 78.6, 76.0, 76.2, 76.2, 63.0, 60.0,55.0 and 60.6 mg/dl (average of 68.2 mg/dl) for the IT.Di