Edição N.º 1601

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Diário do Alentejo 28 dezembro 2012 facebook.com/naoconfirmonemdesminto 30 Inquérito Que perspetivas tem para 2013? PROF. SASSI PEREIRA, 39 ANOS Astrólogo, vidente e besta negra dos maus- -olhados Perspetivo coisas que só uma mente límpida como a minha consegue ver: que 2013 vem logo a seguir a 2012, por exemplo. Pelo que posso ler nestes bú- zios que espalhei neste cesto de vime, 2013 vai ser um ano difícil, com pouco dinheiro e fortuna. Venha a uma consulta minha e a sua sorte mudará – basta untar o seu corpo com fígado de iguana e lágri- mas de koala para impedir que a infelicidade ou o Orçamento do Estado lhe possam tocar. ARTUR BATISTA DA SILVA Comentador e espe- cialista-da-ONU-que- -foi-entrevistado-por- -jornalistas-como-espe- cialista-da-ONU-e-agora- -percebe-se-que-não-é- -especialista-da-ONU Estou certo que será um ano difícil. Daqui a seis me- ses Portugal estará na penúria absoluta e terá de renegociar a dívida. Desde que fui para a ONU que defendo isto – curiosamente foi no mesmo ano em que ganhei o Nobel da Física e me casei com a Angelina Jolie. Se não arrepiarmos caminho, fi- caremos em maus lençóis. Estou a avisar, mas pa- rece que o Governo não ouve. Foi como quando avi- sei Viriato de que poderia ser traído, e ele não me ligou… VÍTOR GASPAR, 52 ANOS Ministro das Finanças Estão… a ouvir-me? Obrigado pela sua… pergunta que é… se me permite… uma ótima pergunta. O ano de 2013 será… ao que tudo… indica… o ano do princípio… do início… do começo… da mais que provável… eventual… e possível retoma eco- nómica. Será…. também… o ano em que… final- mente…acertarei uma… previsão… nem que seja no… Totobola. O orçamento é… difícil mas é nossa convicção de que é…exequível, como po- dem ver… no gráfico projetado nas minhas… olheiras… Concelhos com dificuldades económicas ven- dem freguesias extintas na Internet A recente ex- tinção de freguesias pode ter criado problemas a algumas populações, mas também abriu oportunidades de negócio. Segundo apurámos, alguns dos concelhos da região estão a vender as freguesias extintas na Internet com o propósito de angariar dinheiro: “Sempre é uma maneira de fazer mais algum, em vez de deixar as freguesias na despensa a ga- nhar pó!”, declarou um presidente de junta. O que é certo é que encontrámos em alguns sites de venda on line anúncios como os seguintes: “Vende-se freguesia extensa com al- guns idosos que saem pouco à rua e três cães (um deles não tem as vacinas em dia). Contactar só depois das 23 horas – não atendo números privados”; “Aluga-se freguesia limpa, com parque infantil a estrear – aceita-se permuta por mo- radia junto ao mar ou Citroen AX de dois lugares”; “Vende- -se freguesia abandonada, edifício da junta ideal para con- verter para lenha”. Empresa Estradas de Portugal congratula-se pelo facto de o fim do mundo não ter atingido o Baixo Alentejo pois “seria um equívoco técnico” Foi há uma semana que as expectativas se go- raram. Afinal, parece que o mundo teimou em não acabar, e não houve, em parte alguma, qualquer sinal de apocalipse iminente, o que deixou as autoridades e responsáveis da região confusos e escandalizados. A Estradas de Por- tugal, perita em declarar equívocos técnicos em autoestradas como a A26, já veio, contudo, explicar o falhanço da previsão Maia: “Apostou- -se muito no fim do mundo no Alentejo, mas o que é certo é que não há condições para aco- lher tantos senhores do mal e anjos da morte. Não há gente suficiente no Alentejo para fazer um fim do mundo reconhecido pelas entidades internacionais. O mais provável é que a maio- ria da população optasse por passar o tempo numa grande superfície a comprar camarão congelado para a passagem de ano...”. Quem não ficou satisfeito com o esclarecimento foi o deputado Pita Ameixa, que anunciou que irá questionar o Governo sobre mais esta desfeita: “Já sabiamos que este executivo não gosta da região. Agora, privarem-nos do fim do mundo é que não se admite! Nem um meteorito que se visse, nem tremores de terra, nem uma chuva de Mários Simões, nem uma praga de Carlos Moedas, nem mais um regresso da Tonicha, nada...”, declarou. tugal, perita em declarar equívocos técnicos em autoestradas como a A26, veio, contudo, explicar o falhanço da previsão Maia: “Apostou- -se muito no fim do mundo no Alentejo, mas o que é certo é que não há condições para aco- lher tantos senhores do mal e anjos da morte. Não há gente suficiente no Alentejo para fazer um fim do mundo reconhecido pelas entidades internacionais. O mais provável é que a maio- ria da população optasse por passar o tempo numa grande superfície a comprar camarão congelado para a passagem de ano...”. Quem não ficou satisfeito com o esclarecimento foi o deputado Pita Ameixa, que anunciou que irá questionar o Governo sobre mais esta desfeita: “Já sabiamos que este executivo não gosta da região. Agora, privarem-nos do fim do mundo é que não se admite! Nem um meteorito que se visse, nem tremores de terra, nem uma chuva de Mários Simões, nem uma praga de Carlos Moedas, nem mais um regresso da Tonicha, nada...”, declarou. L i c o r e s d e M e d r o n h o S e b a s t i ã o e S i m õ e s BEBA COM MODERAÇÃO (EXCETO QUANDO ESTIVER A OUVIR VÍTOR GASPAR) Educação: Ministério quer apenas dois mega-agrupamentos em Beja – em média, 72 alunos terão de partilhar uma secretária A contenção orçamental está a abrir caminho para a reestruturação das escolas da cidade de Beja. Ao que parece, a Escola Secundária Diogo de Gouveia abarcará os agrupamentos de Santa Maria e de Santiago Maior, a EB 2/3 da Cabeça Gorda, a C+S de Bordéus e a Escola Profissional de Hannover; já a Escola Secundária D. Manuel I incluirá o agrupamento Mário Beirão, duas escolas primárias da cidade da Praia, o agru- pamento de escolas de Vladivostok e a Escola de Artes de Goa. Mas as mudanças não ficarão por aqui, já que os alunos e professores tam- bém sofrerão as consequências desta reorga- nização escolar: em média, 72 alunos terão de usar a mesma secretária; os professores terão turmas com 130 alunos e uma pausa de cinco minutos semanais para almoçar, ir à casa de banho, respirar, viver e pensar na vida; os jogos de futebol, nas aulas de educa- ção física, terão de ser disputados por 86 alunos; e os banhos nos balneá- rios durarão 25 segundos. Os rufias também verão uma diminuição no seu leque de opções, dado que só poderão incomodar dois caloi- ros por semestre sendo obriga- dos a partilhá-los quando o seu número for reduzido.

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Inquérito Que perspetivas tem para 2013?

PROF. SASSI PEREIRA, 39 ANOSAstrólogo, vidente e besta negra dos maus --olhados

Perspetivo coisas que só uma mente límpida como a minha consegue ver: que 2013 vem logo a seguir a 2012, por exemplo. Pelo que posso ler nestes bú-zios que espalhei neste cesto de vime, 2013 vai ser um ano difícil, com pouco dinheiro e fortuna. Venha a uma consulta minha e a sua sorte mudará – basta untar o seu corpo com fígado de iguana e lágri-mas de koala para impedir que a infelicidade ou o Orçamento do Estado lhe possam tocar.

ARTUR BATISTA DA SILVAComentador e espe-cia lista-da-ONU -que --foi -entrevistado -por --jornalistas-como -espe-cialista-da-ONU-e -agora - -percebe-se-que -não-é --especialista-da-ONU

Estou certo que será um ano difícil. Daqui a seis me-ses Portugal estará na penúria absoluta e terá de renegociar a dívida. Desde que fui para a ONU que defendo isto – curiosamente foi no mesmo ano em que ganhei o Nobel da Física e me casei com a Angelina Jolie. Se não arrepiarmos caminho, fi-caremos em maus lençóis. Estou a avisar, mas pa-rece que o Governo não ouve. Foi como quando avi-sei Viriato de que poderia ser traído, e ele não me ligou…

VÍTOR GASPAR, 52 ANOSMinistro das Finanças

Estão… a ouvir-me? Obrigado pela sua… pergunta que é… se me permite… uma ótima pergunta. O ano de 2013 será… ao que tudo… indica… o ano do princípio… do início… do começo… da mais que provável… eventual… e possível retoma eco-nómica. Será…. também… o ano em que… final-mente…acertarei uma… previsão… nem que seja no… Totobola. O orçamento é… difícil mas é nossa convicção de que é…exequível, como po-dem ver… no gráfico projetado nas minhas… olheiras…

Concelhos com dificuldades económicas ven-dem freguesias extintas na Internet A recente ex-tinção de freguesias pode ter criado problemas a algumas populações, mas também abriu oportunidades de negócio. Segundo apurámos, alguns dos concelhos da região estão a vender as freguesias extintas na Internet com o propósito

de angariar dinheiro: “Sempre é uma maneira de fazer mais algum, em vez de deixar as freguesias na despensa a ga-nhar pó!”, declarou um presidente de junta. O que é certo é que encontrámos em alguns sites de venda on line anúncios como os seguintes: “Vende-se freguesia extensa com al-guns idosos que saem pouco à rua e três cães (um deles não

tem as vacinas em dia). Contactar só depois das 23 horas – não atendo números privados”; “Aluga-se freguesia limpa, com parque infantil a estrear – aceita-se permuta por mo-radia junto ao mar ou Citroen AX de dois lugares”; “Vende --se freguesia abandonada, edifício da junta ideal para con-verter para lenha”.

Empresa Estradas de Portugal congratula-se pelo facto de o fim do mundo não ter atingido o Baixo Alentejo pois “seria um equívoco técnico”Foi há uma semana que as expectativas se go-raram. Afinal, parece que o mundo teimou em não acabar, e não houve, em parte alguma, qualquer sinal de apocalipse iminente, o que deixou as autoridades e responsáveis da região confusos e escandalizados. A Estradas de Por-tugal, perita em declarar equívocos técnicos em autoestradas como a A26, já veio, contudo, explicar o falhanço da previsão Maia: “Apostou - -se muito no fim do mundo no Alentejo, mas o que é certo é que não há condições para aco-lher tantos senhores do mal e anjos da morte. Não há gente suficiente no Alentejo para fazer um fim do mundo reconhecido pelas entidades internacionais. O mais provável é que a maio-ria da população optasse por passar o tempo numa grande superfície a comprar camarão congelado para a passagem de ano...”. Quem não ficou satisfeito com o esclarecimento foi o deputado Pita Ameixa, que anunciou que irá questionar o Governo sobre mais esta desfeita: “Já sabiamos que este executivo não gosta da região. Agora, privarem-nos do fim do mundo é que não se admite! Nem um meteorito que se visse, nem tremores de terra, nem uma chuva de Mários Simões, nem uma praga de Carlos Moedas, nem mais um regresso da Tonicha, nada...”, declarou.

tugal, perita em declarar equívocos técnicos em autoestradas como a A26, já veio, contudo, explicar o falhanço da previsão Maia: “Apostou - -se muito no fim do mundo no Alentejo, mas o que é certo é que não há condições para aco-lher tantos senhores do mal e anjos da morte. Não há gente suficiente no Alentejo para fazer um fim do mundo reconhecido pelas entidades internacionais. O mais provável é que a maio-ria da população optasse por passar o tempo numa grande superfície a comprar camarão congelado para a passagem de ano...”. Quem não ficou satisfeito com o esclarecimento foi o deputado Pita Ameixa, que anunciou que irá questionar o Governo sobre mais esta desfeita: “Já sabiamos que este executivo não gosta da região. Agora, privarem-nos do fim do mundo é que não se admite! Nem um meteorito que se visse, nem tremores de terra, nem uma chuva de Mários Simões, nem uma praga de Carlos Moedas, nem mais um regresso da Tonicha, nada...”, declarou.

Licores de MedronhoSebastião e Simões

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Educação: Ministério quer apenas dois mega-agrupamentos em Beja – em média, 72 alunos terão de partilhar uma secretária

A contenção orçamental está a abrir caminho para a reestruturação das escolas da cidade de Beja. Ao que parece, a Escola Secundária Diogo de Gouveia abarcará os agrupamentos de Santa Maria e de Santiago Maior, a EB 2/3 da Cabeça Gorda, a C+S de Bordéus e a Escola Profissional de Hannover; já a Escola Secundária D. Manuel I incluirá o agrupamento Mário Beirão, duas escolas primárias da cidade da Praia, o agru-pamento de escolas de Vladivostok e a Escola de Artes de Goa. Mas as mudanças não ficarão por aqui, já que os alunos e professores tam-bém sofrerão as consequências desta reorga-nização escolar: em média, 72 alunos terão de usar a mesma secretária; os professores terão

turmas com 130 alunos e uma pausa de cinco minutos semanais para almoçar, ir à casa de

banho, respirar, viver e pensar na vida; os jogos de futebol, nas aulas de educa-

ção física, terão de ser disputados por 86 alunos; e os banhos nos balneá-

rios durarão 25 segundos. Os rufias também verão uma diminuição no seu leque de opções, dado que só poderão incomodar dois caloi-ros por semestre sendo obriga-dos a partilhá-los quando o seu número for reduzido.