E DESPONTA - CEHR-UCP - Portal de História...
Transcript of E DESPONTA - CEHR-UCP - Portal de História...
920). ílÇO:• erto·
ali1 p()
que ico_ e <>
stas-araaixa 'no, sã~ nco orara. im-· Vir
na ira
aciota, uito mef!
? ela t · nde,. inha. ola,.
che-
com.
ui~ Zé
ama dos
nhe-·
ANO 11-A~o 47
~ ÓDA a gente sabe que nós ,,,,,, temos uma sucursal no
Pôrto com trinta camas feitas, algumas ocupadas e outlas il espera dos que oêem <-hegando das. nossas casas de campo, aptos a pisai as ruas.
E' uma casa muito airosa com . I
6sparoso quintal. Ora muito bem. Os nossos que ali habitam, moravam em cidades onde tinham abrigos no~ quarteirôes marcados a esta sorte de gente, mas não moravam nêles. Preferwm....a.ma. Viviam na rua. Hoje, preferem a casa. Procuram a casa. Vivem em sua casa. Nunca foi necessário repreendei nenhum por sair de casa. Trocaram a paixão da rua por·outra mais saüdavel e mais proveitosa,· e tudo isto por um acto espontaneo da sua própria vontade. Tanto os criaditos que vão aviar recados, como os que estudam nas escolas diurnas e também o das nocturnas e ainda os que trabclham no comércio e na industria - todos morrem por regressar.. Vale muito a pena ler e reflectir esta verdade, pGla não sermos f aceis em cobrir de culpas os delitos sociais praticados po1 aquêles que não teewz nem nunca tiveram a sua casa. A causa principal dêstes desmandos tem aqui a sua origem e daqui nasce que um dos predicados dos chamados criminos9s, costuma vir na noticia dos seus crimes: - sem morada certa. Nao teem casa. Nunca tiveram casa.
Um exemplo: Calhou ao nosso Avelino um pobre na rua de tal, mas ao depois considerou-se que era zôna perigosa pora a criança e anulou-se. Mais tarde, soube-se que se tratava de uma família composta de mãe e quatro filhos pequenirzos e que a morada na tal &ôna perigosa ndo era habitaçao mas sim casa de pernoitar. E que casal E que gente lá pernoitai A casa desta família é a rua. Assim começam os que àmanh<1 paga,,., nos tribunais as culpas e sofrem as penas de não terem morada certa. Vale a pena meditar esias verdades e bater no peito, de arrependidos.
Temos nas nossas cidades a presença dos primitivos Burgos, que oferecem campo a grandes falatórios e demoradas realizaÇôf!S. Mas lá chegaremos. Que ninguem o duvide. O passo l{ oa-
~- .......... ·- · ..,
15 tle DEZEMBRO de JIN5 Pr~ço 1$0(,
')
E DESPONTA garoso, mas fim;e. O sol vem a fe4 desde o dia em que os mais despontai. Pois 'a história dos fortes galgaram as muralhas e burgos é a mesma em tôdas as deixaram lá dentro os mais f ra-cidades. O munqo cresceu, re- cos. As catedrais, estao cercadas bentou as muralhas e saltou fora, de imundice'X_ física e moral. As em demanda <!e espaço. Uma- vez casas, são/ ninhos de perversão. fora fjêles,. gieou praças, ergueu Todo o crime ali se aninha. Nin-Pf!lácios; vieram as costumes, as guem se lembra da verdade ter-riquezas, a abundáncia--um mundo~ivel, q e os seus habitantes são novo a fazer pela viria, e os velhos . nossos ~ Stttr-ne-ssos. São burgos ficavam. Depois, vieram sa ca1 ne e do nosso sangue. as grandt;s ur~ao.isaçôes como lá !Ninguem tem o poder de cortar o fora- extgenctas duma sociedade laço que nos prende ·uns aos ou- · ':~~';{,?ª 11-cg'J!l'##!lóf Prffit/ls~CS,°lflã- {[B:,~tP'JJPáJti(Jl ~W&- ~vi; : mesma. Hoje, o mundo que de lá que os Burgos doutrnra são hoje · saiu outrora, já ndo cabe no s fortale2as humanas, armadas de mundo. Os homemfiltlfNi'êliãma- ideias pervertidas, tão convictas e dos de ciência trocaram por. ela a t<1o per lgosas, que somente a ca-sabedor ia, e sem preparação nem Tidade as pode destruir. A cari-respeito, entretêem-se a brincai dade que folga com a justiça. A com os segredos da natureza, ris- caridade que se dá sem medida. cando os céus de sangue, provo- Nti.o de maneira nenhuma cando cataclismos, semiando ~ catura que terra a morte! E' o progresso!!- ~ ~°fflt'~=l;~~w~~tm~ffr'
;;:~;~;~,!!llll~~~~lllll:~llllllllllll:~llll:llllll~llllllisl;~1111111111~1111~11 1~111l1l1l1l~1llll ~1!nll1lll~1l1~1l1l11~1111111111l1l1l1l1l1l1íl11l 1l1l=-.~lllllllll] ~1111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111n111111111111111111nrmn11n11n1111111111111111 ""
= ~
i ATENÇÃO é' agora mesmo j)omingo, dia dezasseis. Vou oar um recado
3 ~ a erguer as paredes do eàificio 1 das escolas na "flldeia àos '/(a-i=== pazes". Vamos fazer guerra à
desgraça do não saber /eiras. 1 ésperamos que looos escutem e
Ideal Rádio - Das 10 às 12,30 - Tel. 5861 Portuense Rá~io CI ub-Das 12,30 às 1.?· Tet. 2842 Orsec- Das 15 às 18-Tel. 7786 Electro Mecânico - Das 18 às 21- Tel. 6422
_ _ illlllllllllU:~l:l:l:Utn:.:::::l:~.:~111:.::lllU::.,.::llln::l~:l::lll:l:l::lllll!llllll = iíi11111i111111111111~11111111111111111111111111111111111111111111111111111llilllllll~m111111111111111111111111111111111111111111íl1111111111111111111111111111111111m111111í1111m11111111111111111111:i·
ago1a se vai ouvindo qualquer coisinha neste sentido aos Grandes das Naçôes. Disse há dias um Ministro Britanico que nos seus tempos de estudante tivera ocasi<J.o de observar a verdade em certos bairros miseráveis de Londres, e que se sentia contente por ter a oportunida 1e, ministro que era, de fazer alguma coisa em favor dos seus irmãos. Londres também tem os seus bairros de penw ia, mas os que la moram {tfrfle?'lórn!'Smrrrf!Tlreêamrfõ ao seu pardieiro. Seja cá seja lá; quer peçam que1 não; todos os q e precisam sao da comunidade '
SOS Gosto de ouvir a ar ássim os
Ministros das Naçoes. Tudo indica que se começa a regressar ao verdadeiro comunismo cristão, que por ser tarde é melhor do que nunca. Quando se tem caminhado muito c.epressa e de~vairadamente, regressar é progredir.
Nota-se hoje por tôda a parte uma vontade muito firme de dar a mão. Há desejo~ de regressar,' saüdades da vida dos primeiros cristãos. Os bairros imundos, leem desapG1ecido e em seu lugar levantam-se casas pequeninas e airosas que f a;/ cobiça lá viver. Começam ospob1esa teresperança.
Um exemplo: Um dos rapazes da Obra da Rua actualmente colocado em Lisboa, requereu uma casa déstes novos bairros, onde deseja habitar com a sua mulher. Nao está condenado á vida baixa, for.,,ado a viver em casas doentias, tentado a fugir para o café, como dantes n2cessariamente acontecia. Tem na sua mao garantias de trabalho certo, ordenado suficiente, casa munda, amor de família. Parece que vamos entrar na era do camunismo cristão. Eu cá já não tenho médo que os nossos rapazes de hoje andem à manhã ao farrapo, por desamparados. O requerimento deste meu filho, cuja cópia me veio ter às mãos.. encheu-me de alegria. E' uma certeza. Não se pode ir muito depressa, onde ndo havia nada feito ou se teve de desfazer o que era começado.
M que veem de mui onge, nti.o po e cw a depressa, mas curam-se. ios? Um só. Um uni omos todos· ãos. A for.. a somos todos iguais e droga.
~ • • . .1..
....
-Z-
( ffilHHilT€ D€ 111--UI eo1mBRH l
4.º Visitar os enfermos
Por · um tostllo qu~ dei ao barqueiro, oonsegui chegar mais dtprtssa ao Al· megue. Fui levar os recados que o• bons samaritanos me encomendaram. Dezembro ficou pago. Em cima do C<Ji:i;ote que sertie de mesinha, dei:i;ei açúca'I', arroz e maBla para t1aria1· um pouco a mGnotonia do leite. Mai parece-me que o doentlnho não provará mais d.cs ma,1jares dêste mundo. -11M .nde·me um padre que eu. e•tou sem fôrças nenhuma•. Nã-0 agii.ento maio. A oraç(lo é a sul única distração nos breves instantes que as dores aliviam. Tem as contas pnrtidaa de rezar por q1.mn lhe jaz bem. - "Eu lei que me pedem para et' -'1'1Jza9·. Eu rezo. . . m rezo. . • sobretudo pelo nosRo Pai Amá7Íco11.
Almas irmãs no sofrimento, co11ti· tmam a manifestar simpatia por íi•te nosso querido enfermo.
151> «de uma pobrezinha que sofre, ohorc., crê, ama, e muito estima e admira a cbrn do nosso que,·i-io Pai Am~1icoJ . 20~ «pequena lemb1·ança pO'I' alma duma pessoa por quem rogo ao bom D eus tenha piedade•. 5~ defaa· dos no Castelo e 100/S U-azidos do Porto, "pa• a o leite do Auelino11. 20~ '11por uma alma muito q1terida11 e mais 201 de outra.
Aleg'l'am-m~ sem U.úvida estas protias de carinho por um irmão que sofre, mas magoam-me outras dtsgraças que ~o....c..~ ...... Wl~(l.,, JJ nm., rtni1-..1Nlti.1 'lego ao pôr o pé em terra do lado de cá do rio. Se não tiisse nâo acreditava. '() bairro das latas, com todo o seu estendal de misérias, não tem nenhtema umelhante.
. noite precedente tinha sido de invernia Jtiriosa. No Lar, as velhas ;junelas cederam, os vidros partiram·ss a chuva inundou os corredores enquu1,t~ o.~ p'llpilos apavorados proc"'l'U?'ant aposentos mai11 seguros. Pois aquela noite como tôdas as que a prtced~ram de ~á um ano ~ara cá, e as que se •tgnram até ao dia de hoje, pass• u as uma família de st-te pessoas, no tempo'l'úl aberto, nu e cru.
No verllo, ainda tinham o ~·esguardo imaginário das tábuas mal unidas da ponte; ngo"ra que o rio tiai cheio, reata·lhe como ú tico abrigo, o c lflavial ~ ~m cub.ertor que v ano passado lhes dei. Acett~u ~ a pobre mãe, de joelhos, cheia de la 1rimab: - PtJdre ebta noite t ve um filhinho a murrer de jrio. Já estav~ 9·ôxo. Deita lho pague. Se fôs· sem ct grinus não lhes ja ltaria a clr s •t"ca ur;doi assim pedem ao m~no11 por cleme11cia uo céu, que lhes seja menos mtll'&to.
Jl!a alt~ra em que passei, estava o m11is t;e~htt •1 a t •m,Lr conta d.os quatro irmâozit11s1 semi-nue, para que não baí .. sem à águri. Que olhar tão suplica1.tB o d.nqu~le p•tiz - o:eu queria fr para a Cus1.& do G dato». . , P!. Â11téricG ralh.a comigo por ter
:;a o.lt. qu1irrnta e cinco Guiatus, mas 'eu C'l'cto que qne 111 merece tais censuras são os que tiat:fo j.Jzern pira resolver ,situaçõe8 como t6ta.
( º"!'- ? c1·é.Uto de qttem se compadece de tais it1jel1zes1 vou comprar dtz11sseis metros d~ lona p 1u·a. uma simples tenda. l'onw posso dormir descansado ao abrigo de u rn tectti 11 qiiatro paredes sab1mdo que estes filhos de Dt!.u.s ne~ srque'· term uma telha para se 'l'es· gur. rdtt'l'em 1
, Ainda que ninguá111 me i..credi'te gue 'e&tns lii.hris ao mtnos me airua~ de de&abujo. 8Bm íile, mais me valia
O OAIATO
por Carlos Alberto Fontes
O João Carlos Freitas que foi o secretário d11. nossa Conferência, escreveu uma carta ao presidente da Conferência. Era uma carta tão bem escrita que o senhor Padre Adriano a leu à Missa aos subscritores que alguns até choraram. Dizia assim.
-Caríssimo Irm!lo: Que esta minha cartinha, te encon
tre de perfeita e feliz saúde e na Paz do Senhor, é êase o meu maior desejo. Tenho tido as notícias da nossa Conferência às quais ao lêr fico muito contente. Apenas me vieram as lágrimns aos olhos quando li da morte do vélhito do Vale Salgueiro, mas ao mesmo tempo alegrei-me porque todos os nossos pobres que já morreram todos se confessaram quási no momento de expiarem. Irmão; estarei contente nas fé rias do Na tal em ir dar a nossa pobre esmola aos nossos pobrezinhos. De facto irei contigo visto que me pediste antes da minha saída para o Seminário. Rezai sempre para que Nosso Senhor oonceda sempre o momento de se prepararem para a grande viagem. E nós também temos de podir por nós mesmos visto que somos pobríssimos junto de Deus. Termino qncrido mano; envio muitos abr~oa para todos os que nela estão traba· lhando e sacrificando·se por ela e seua pobres e benfeitores. Um abraço ao que ficou no meu lugar porqae êle desejava-o muito. :Maia uma vez· queridos Irmãos da Conferência um apertado ~bra~._ Ab!_!l_ço~_pa.!'~- m~!~~-~~da..: muitos parahena por fazer anos no grande 1. de Dezembro. Cumprimentos ao senhor Joaquim, senhor Padre Adriano dizendo lhe a minha conta de tudo não a possa mandar tôda janta e qualquer dia o maia breve possível lhe mandarei a conta doa livros. CumP"imentos para a s~nhora, para a Co11tureira, e para o Ti Pedro.
Tu querido mano e todos os confrades da c.,nforência em esp~oial um apertado abraço dêete vosso amigo.
11Peço resposta na volta do correio11. ]oíio Carlos Freitas
Fomos visitar oe nossos pobres. O da~ Miita estav~ deitado na manjedoira e. disse que precisava de maia pomadas e hgadurrs. Está a chegar o dia da Imaculada Conceiçl9. Como ela é a padroeira da nossa conferência resolvemos levar açúcar aos pobres.
Já entrou maia uma pobrezinha para a Conforêocia. Foi porque ela prPcisava muito e quem pediu foi uma a u b11 cri tora.
Agoora querlamoe faz~r mnia um pedido que era de nos mandarem dinh~iro ou ifôces para levarmos aos doentes do H 1apital doa Lllz11ros em Coimbra. Já o ano passado lá fomos no Natal na e P4scoa e êles fic"&ram muito contentes.
O Secretiírio CarlotJ Alberto _FontetJ
p~tlir a Deus que c6do me levasse dêste mundo ego?-sta.
Com infinita gratid ;;o, registo m11is ttrna pe91J de Jazent/a e dois grand68 retr.ilhos de flanela przra 'l'Ottprrs doe 110Psos gnintos; 1()QIJ da Covilhã 100(!, de Litbna, 4011> de Coimbra; 21M na ru-i, dois al'iueirts de milho 20,'J de z..t,,fozt'nhoa. '
Se alguém soubes8e ilo 'l"emUio pl.lra o frio dos noBBos 45 pe711eriitos que teem os cobertorBB dos 35 do . ano passado ...
O Carequita a· peaar·dt> ser pequeno é o maior saltimbanco. E' capaz de saltar por cima do Sérgio. Qllando anda a aquecer o fôrno desce e sobe pelo cabo lia pá e faz ginástica em cima dela. Alguns chamam-lhe o pernas de alicate'. Outros dizem que êle roubou as pernas a D. Afonso Henri· ques.
O Vólha no outro dia chegou-ao ao pé da s~nhora e vai assim : - Eu e a senhora pertencemos à mesma confraria porque usamos a mesma opa !
- - Então que opa é? - E' o avental da cozinha.
O Humberto diz que o cozinheiro já sabe fazer croquájíos (croquetes).
O Vrlha envelheceu com a derrote. do Belenenses. Já morreu de desgosto.
U ma senhora da Vila deu-nos um vigéssimo para a lotaria do Natal.
Isso é que era bom que nós tivessemoa a sorte, ji não digo a sorte grande mas, algum dinheiro pe.ra a nossa obra.
O Lefria quando é à noite dorme em tôda a p11rte. Ele é ajudante do cozinheiro. O Velha manda-o ir buécar cabacae e êle traz só uma; estão a rezar o terço e êle vai aninhar-se ao canto do fogão a dormir; está a lavar a loiça começa a dormir com os pratos na mão e deixa-os cair e não se partem porque são de esmalte. Durante o dia canta muito. A cantiga dêle "1---- ... ._,,,..._aL._......,. _..,,.._ •
O' minha mãi deixe·me ir Ao bailarico à. teira. Eu vou e torno a vir ! No combóio da Figueirk ! ...
E a cantiga do lflrequita quando anda contente, é assim : ,
Ai 1 Talicutn, Talicum? Ou ela! Ou ! Pagas o vinho ou ficas sem ela ! ... ?
Em primeiro lugar, é o orgãoainho para a nossa capela, de que não temos aiuda sinal. A seguir, vera o Natal o grande dia doa pobres. N 6s temos ~nf 1ança, porque somos pobres e esperamos as tuas noticias.
Ddpois, temos a necessidade de agaa1.!hos infuntis. Aqni há dois ano1:1 urna Fábrica de Malhas do Purto' deu~noa nada menos de 50 peças; var1oe tamanhos e core&. F iJa ali para os {;;dos da Boa Vi1ota. Nãn sei o nome da rua nem o número da Porta. Talvez os donos venham a ter conhecimento de11taa ~egras e mandem, na volta, tôdas as 10du.:açiles •.•
Riacados, riscndos; não temos nada. Uma peça de flanda para camisas, vinha em muito boa hora. NJ;i q••eremoe vestir os nos11oe rapazes de uovo no dia de N atai, e eles andam to lo~ com a roupa no fio.
M iis de Espinho lOOi . .M:'lia ronpaa e dinheiros, de vi~itantes. M iÍS 2 ,Q,J de um Colégio de Coimbra. !\faia hvrva de histórias iufcàntis, of.,rta da autora. Mais o meu. p ' tmeiro orden·1do para essa casa, de um futuro oficial de ourivesaria portuguesa.
M11is duas peças de earj' de lã. Por . mais que miraes", uão füi capaz de
- ---- - - - ~ - -- - - ---- -- - -- - ---
-15-12-1945-
• 111111111i1111111111111111111u111111111111111111111111im1111 r;mmum11ttn11111rmm •
·I e r ó " i e a li J ~ ~ ·1 a:=: __ =_=_-1 õa nossa fl V \. • 111111111111111J1> por }o'>é Eduardo ~11111111111111118
Continuamos a socorrer os pobres do Assento, S. Lourenço e Bairros. O do Assento continua doente. Já se levantou da cama. Está tôdas as semanas na cama por causa da febre que nele é muito vulgar. A do Leal continu~ na mesma e anda-me sempre a pedir a roupa para ela e para os filhos porque agôrn está muito frio e êles não teem nada que vestir. O de Bairros continua muito tropego das pernas. O de S. Lourenço na m"sma. Agora que está a chegar o Natal pedia aos amigos leitores se faziam o favor de dar alguns donativos para distribuí r agora por êste tempo. Com isto termino e desejo aos caros leitores umas bôas-festas e um feliz Natal.
Queremos piões porque os nossos ropdzes andam agora para remediar a jogar o ténis com um bogalho e uma tábua apanhada ar por um canto. Vamos a ver quem é o primeiro a estriar-se. Ano passado foi o Sr. Carlos Cunha, êste ano vaMos a ver quem é.
.As nossas azeitoneiras que esta· vam com os ramos a pender estão agora direitas por lhes faltar o precioso fruto que lhe foi colhido pelos nossos rapazes. A azeitona foi ap1 oveitadt1 quási tôda para fazer azeite, mas também guardamos algumas para comer.
Venda do J ornai Tudo como das mais vezes.
O Rodrigo é formidável! Loao à entrada no eléctrico recebeu de dois senhores duas n'otas de· 50$ com grande espanto dos companheiros: aquilo é qae é I E declarou que a senlzora das cuecas lhe vai dar mais duas caixas delas para os de Paço de Som•a .Não sei que encant~s tem êste Rodrigo!
atinar com o nome da terra de onde veio tão preuioija ofert~. ll.iis õ0$ doa émpregadoa da Vacuum. Mais outra vez roupas de Li~boa. J.faie de Cdde roup~ dos meus qu tro rapazes. Era uma OAixa, que veio pelo caminho de ferro, com roupas e calçado. Eu cá acho ·que vem a ser a f1 aquP~a dêstea ·n~ssos. pequenin'ls, que têm a f'ôrça m1b~erto&a. dd sacar das gavetas, para a v1da, co1sae wortae!
Devo decl a.rar aos portugueses, que não tenho m"10 de vestir e calçar ceoi. r llp zes, a. 01\0 ser com o recurso dêatea pacotes. Eldd rião trazem que vestir. A roupa c.:om que se apresentam, tem de ser queimada. Não é no1So costume pedir eoxov11i~; a q11 c?m havíamos dd os pedirn E is porque dependemos da11 boas donas dd oasa, eebretudo se são M:I.ea. Ninguém saba dar como ~s Mãeol
E j4 ago,·a, lembramos chanca.a. Chancas para os nossos maia peqneninos. 011 do campo, teem tamanco11. mas êstea, não teern nada. Tisrio frieiras e foridas de arripi"r, se os nã.t> calçarmos em termos.
Olha que são cem rapazes. D11,Zeotos pésl .
-15-
:jl 1 ()
~=
Nãc <e hor no pr<
Ser bem moa e
"ºªªª Qu• roupa, além ardinl ~ coo .hoje, · Cor nem
.&B dá -tle ge .expon
Ma, em f1 ~les g
Pre 3e, fa até n1 muito1
Qu1 ardini
:arditi1 .a com tal co
Te1 ~os d1
· famíli até, CI para .devia
Há - rer á Ardin
· -garôtc Aill
nimo por a Mafltt que o rigind
Or1 ' ~panh ~m ci
A -ainda
Ao sndou tem 9 a qu1 andoli
· minul horas
E 1 · prenà na r1 oiênci
D11 geral doa I alma, dá e
· -0orpo
N~ ama
. numa · vera~
«"P. enco1 A'vil ora t
consii · bra-s
EI prOC( falho
· falha u'I
há 3 •traba · at-é j
na E
45-
mmnn1
~i 111111111111i
obres 1irros. e. Já tôdas sa da ulgar. .ma e ro,upa orque ; não airros _mas. ~sma.
Natal ziam ti vos
_mpo. > aos tas ·e
· nospara
um da af em é
ssado ano
esta· estão > prepelos a foi fazer os ai-
ai
s para !i que
-
êstes fôrça para
, que r cem..
dêsves
ntam, 80860
haepenebre.. e dar
ncas. equencoe. friei-
nãt>
-. 15-12-1945-
·1l CARTA .DA ,. OBRA. DO ARDINA.
~========================~
Lisboa, Calçada da Glória, 39
Não sabemos se chegaremos a tempo <e horas de vir publicada esta carta no próximo número.
Será.,, . o que Deus quiser, mas bem precisámos de gritar que estamos sem dinheiro algum e com duas "Casas de Ardina11 ás nossas costas! . • ,
Que queremos levar presentes de roupas, guloseimas, brinquedos, etc. além das consoadas a 250 famílias de ardinas no N atai. Queríamos colchões e cobertores para lhes darmos, e até .hoje, nem com que pagar as contas: .. · Continuamos a não querer sócios, nem subscritores, pois queremos que .1's dádivas mantenham aquêle cunho rle generosidade e caridade, que só a .expontaneidade lhe pode dar! •• ,'i
Mas-precisamos, para continuar em frente, de donativos fixos, sejam .êles grandes ou. • . pequenos.
Precisamos sôbretudo de quem penae fale na 110hra do Ardina11 e traga até nóa a generosidade e renúncia de muitos, muitos! •••
Que não seja só a nossa voz e a do ardina, mas um ucôro de amigoa do :ardinau a pedir para as suas uCasaa., .a compreender o problema do ga~ôto tal como i::le deve ser compreendido.
T emos lutas terríveis com os defeitos dos ardinas, com os defeitos das
·famílias e do meio eln que vivem, e, até, com as faltas de compreensão que para aí se encontram, em quem nos .devia ajudar e não ajuda •.•
Há quem s~ja capaz de deixar morrer á míogoa. do rcouraoa a .. ObrA elo
. A rdina11 e leve o dia a dar esmola aos
. ..,.arôtoe que encontra na rua ••. 0
Ainda há. pouco, tivem9s um desâ· ' f . t ~ nimo grande: 01 novamen e preso,
, por andar a pedir esmola,. o no~~o Manuel Lopes, aquêle pequeomo vàd10
· que os ardinas e nós andávamos oor· rigindo, ..
. Ora o defeito dêle, é não poder , ~pa.nhar um tostão que não o empregue .,m cinema, rebuçados, etc.
A pedir; não custa •ganhar11, e -ainda menos ..• 11gastar•, claro,
Ao vê-lo prêso, revoltámo-nos. Ele andou mal, bem o sabemos, mas só tem 9 anos ••• E quem lhe deu esmola, a quem lhe tem dado esmola, não
· andou ainda pior?. • . Estragou num · minuto, o que nos vio~a . trazendo
hol'as, dias, d~ luta e sacr1Uc10 ••• E concluímos: 11Se fôssemos polfcia,
· prenderíamos não quem recebe esmola, na rua, mas quem a dá na inconsciência ab3oluta do mal que f11zw! ..•
D11r esmola aos garôtos é, regra geral cultivar vHoe da criança. ou doe pais. A caridade exige o b~m da alma acima do próprio corpo. E quem
· dá e~mola na rua não faz bem ao . corpo, e, muito menos, á · alma ...
Na semana passada., procurou nos um ardina a pedir-nos se o admit(amos
. ôuma. da>1 11Caeae db Ardi.nau. Con
. vereámos. Ele apre11enta-se~ «A Senhora lembra-se de me ter
. encontrado na Avenida. Duquo de A'vila a pP.dir esmola? Didse·we que ora uma '1Jerg1inha, que viesse falar consigo à "º"ªª do Ardiua11, lem-
. bra-se(, . . , Eles são tnntos, aquêles a qnem
· procuro levrmtar assim, que a memória ti.lhou ••• Mas a do ardms. é q•1e não
· falha. A liç/J.o aerviu, e êl6 continua; 11Tinha muita razão, sab~? Já estou
• há 3 mêses na vendi1o doa j•,roais, ' a ~trabalhar. O trabalho é outra coit1a! E :. até já ando a jirntar para cowprar
na sapatos, Q.!em me guarda o dí-
O OAIATO _:,_
Il~ ~ílMíl f íll A MINHA IDA A ~~TUBlt Entrei na cidade pela mão forte
do Governador Civil e também d o Presidente da Câmara e ainda do Dr. Cabral Adão, senhores êstes meus conhecidos de outros tempos e de outras terras. O fim principal da minha visita à rainha do Sado, era uma conferenciasioha no salão nobre da Câmara, avisa.ia em letras de oiro, para aquêle dia e aquela hora. Houve um acto prévio no Clube Naval, que também é restaurante, onde nos foi servido um jantar de peixe, por ~ er vianda da terra e dia de abstinência. Dali, stguimos. O edifício da Camara, estava de gala. A luz jorrava. Oru-DCA•
--l:tlnfinho Hos H-apa1es ____;;,..;____
•Como os nossos mais espigados gostam de ler •O Gaiato" é justamente dedicado a êles êste cantinho, para servir de leitura espiritu.sl •.
Sou eu, meus filhos; nenhum de vós tenha mêdo. E' só para vos lembrar a grande necessidade que cada um tem de aprender tudo quanto os Professores vos ensinam nas escolas e de fazer o exame da 4.11
classe. Este primeiro exame é cflave com a quar tens a.e aonr as portas da vida que te espera.
Sem esta chave não entras em nada que tenha jeito. Não podes ganhar o pão.
Desde que temos a nossa Casa -do Pôrto, são muitos os rapazes da rua que ali vão pedir emprêgo, alguns já quási homens1 muito mis~
. ráveis. E quando se lhes pregunta por habilitCJções, respondem que
-não sabem lêr. Ora é necessário que tu saibas que é justamente daí
·que vem a miséria. E' preciso que tu arripie.s, quando ouvires dizer que há homens na nossa terra que não sabem lêr e que da mesma forma estremeças com a idéia de
·que poderás vir a ser um dêsses ho.nens. Não queiras ser um alei- . jadinho. Um homem que não sabe letras é um aleijado. Olha e não vê!
Espero que tal não venha a acontecer na nossa obra. Temos escola. Temos professores. Temos horas de estudar. Pois bem; não nos há-de faltar. o rapaz com vontade de fazer exame e êsse rapaz -és tu.
====//====-nhPiro é o lJ.11muel .Câmara . ..
'f11do foram consol~1ções .•. M·1nuel CiJ.%?.1'a, um· dos nossos, a
merecer deste· mnclo a con'fiança do meio .• ._ l\rdioa! Ddixa-me que te diga que o M ,.,uel Câ n1wa com 13 anQs a penas, é chefe de família, pois o pai está inuttlizado para o trabalho! .•.
N .\o fazemos comentários!· ••. Oh se tu não de~ses esmolas a g-uôtos, e quizesses comp1eender como a recuperação social de menores da classe pobre se pode e deve fazer atravez da profisl!ão de ardina, com o amparo das 11C11sas do Ardina .. , davas-lhes qu'lnto tinhas, o teu triib . lho, o ·teu descanso, o ttlll entusiasmo, como nós .•.
MARIA .L UÍ3A.
.P. S. - E-1peramos que cl)mpreencha · e . • , respondaa1 sabes?. , •
e ·do mais que n1111111111111n11111m111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111m1111111
ali aconteceu WUlllHIUUJl!li!!RllD!JMJlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllJllllllJlllllllllllllllllllllU
pos da . melhor sociedade, como diriam os jornais, miravam o conf ennte.
Entrei em uma sala, onde fiquei ~ózinho a dar os últimos retcques e daí a nada, sou chamado. O salão estava à cunha. Comecei logo a denúncia do abandono da Creança e acusei os grandes, um trecho de Nuremberg ! Ficou tudo magoado. Alguns choravam de dôr. No final de tudo, declarei a minha identidade; mostrei a chapa de mendigo, e aqui é que foi :
A distinta assembleia, não vinh1 preparada. Estão afeitos à clássica conferê!lcia de fraque e colarinhos altos e nunca supuseram que um pobre de pedir tivesse o arrôjo de subir à cátedra drs doutores, daf o ter rec{ bido menos do que era de esperar de uma Roirzha. Mas nllo perdi o tempo; tão pouco a assistência. Quando ari regressar, outro galo cantará!
No dia seguinte, fui dar volta pelas fábricas, que são muitas e muito grandes e muito ricas. Não Cnt"guca a crru o-r 1'm - una"' -.;o"'""" delas, por ter nêsse meio tempo reconhecido o campo que pisava . Ali há gente que não merece os nossos sacrifícios.
Setubal, vive do delírio do peixe: ·ontem chegaram doi~ mil contos de pelxe, dizia-se. ~s riquezas do '?ªr! embriagam a cidade, e não v1 ah nada a favor e para bem dos seus hab:tantes. A creanç~, nasce em
·casebres e vive nas ruas. o~ bairros
da Lota, .são ali populares. Na pontinha da Europa há um lindo porto, por onde podem entrar à. vela, mansamentf, doutinas sociais que não veem no Decálcgo ...
E assim perde num instante o seu manto rial, aquela que se tem na conta de raínha.
Est ive no Sanatório de Outão, onde soprei ao micro, ouas palavras de conforto a 400 doentes: BemaventuTtidos os que sofrem.
Uma vez que o mundo me quere na galeria dos celtbres, pois faço como eles!
Estive no Castelo de S. Filipe a vêr horizontes. E almocei no Orfanato da Câmara. com a malta; era sopa de couve branca e tripas com batatas. Comidinha caseira servida pelos rapazes. O pequenino Orfeon, executou. Um 1apaz muito e~perto, recitou. O Presidente da Câmara, Engenheiro Ataide, estava. Ele tem ali os olhos. lmport~·se. Aflige se. Quere fazer mais e melhor.
Depois do que, acompanhado de dois amigos, vim tomar o barco de Cacilhas e atraquei ao Cais de Sodré, a horas de começu a via dolorosa, naquele venha cá logo· que o Senhor não está.
====//====
Pão dos Pobres
e· um nuro 1Jo -Paareflrôerlco. que iá Dai no 3. º Dolume. alguns éJOS QUfliS em 2. ª eõiCÜD. Ilêie se conto He como noscerom os <:esos iJo 6aiofo, He corno nós iJeixttmos rnlr o Pobre ·e CJe como Ele se lomenta.
ftiJqu!re hoJe o linro . Uen<Je·se nos hinrfirlos Ho Pats
/
Estive uns dias na sucurs11I, retido na cama por necessidade. Tinha no quarto a visita dos pequeninos trabalhadores d~a~ ~ezes por dia. O Adriano, trouxe-me um grande pau de chocolate l1n1ss1mo.
- Oh! '"paz; quem to deu? - E' o meu p11frão! Este trabalha na Camisaria Conliança. Além do mais, tem um sobretudG
cinzento que lhe dá aspecto dl!' filho d' algo - êle, que era de ~ingué~I O lidnio, da CaD1Ísolaodia, enche a boca com o seu pafrao e diz em e.asa às escancras que ningue.m como êle. .
O Bernardino, d~ Casa. Piloto, sai de lá todo enxofrado a pro-te5tar: "P,.,frão o meu, olha"·. E mostra botas e gabardines e camisas, •
O Fernando, tem um p-atrão que lhe dli o almoço, e roupas, e reme· dios e não quere que lhe pouse uma môsca 1
O Julio, foi saber o preço de uma gabardina à casa das ditas e puseram na factura: uPreço da chuvul11 .
Todos os Médicos do Pôrfo assistem os nossos rapazes, segundo as suas especialidadas. Os analistas da mesma sort&. . .
Tôdas as semanas, cai uma moeda de preta das mais pequeninas na cai~a do correio da nossa Casa. B.ubearias hli que cortam o cabelo de graça aos que não ganh~m e fazem um desconto aos que ganham. H .. ja quem sopre as cinzes! Não há homens sem coração!
Mas, mas, mas 1 Q nosso Carlos Alb1uto, empre911do como estava, e tão beml Matriculado como '3sfava na escol" induslri.sl; - o Carlos Alberto, houve de regressar a MJranda e ser entregue às mãos do Sér.giôl. Se êle lôr capaz de compreender e da sentir a feri ~a que me f..1z, tam~em e capaz de
· ~ •• cum do m•I que tem. E •• •••• ••nlimenlo o '"'" m"• n~do.
' ~- - . ........... ·-· .,, ~ • . . - À
-15-12-1945- O GAIATO
= == = =-
== ~
~
1111111111111111=
=
=
=
= =
U MA noticia muito triste. A nossa vaca leiteira, a mellior que tínhamos, deixou de dar leite por
doença, e estamos em riscos· de ficar sem ela ! Se tal acontece, é a segunda, dentro de poucos meses. Os pequeninos que merendavam leite não se ·queixam, mas andam tristes. • N ASCEU mais um cordeirinho !
- Fui eu o primeiro a saber! - Mas eu é que vi !
- Mas não ; foi o Maximiano 1 E o número de rapazes cresce e as
diecussõei; aumentam e as ameaças fervem e muitos narizes. ficam a pingar sangue, por causa do inocente cordeirinho ! • A PARECEU aqui uma creada de
servir vinda de Lisboa, com o intuito de nos entregar um rapaz, •
cuja história relatou. Espantado do heroísmo da creada de servir, disse-lhe que sim. O rapaz !!presentou-se. Vi. Con· versei. Medi. A creada tinha pintado de pardo a vida do pequeno, talvez pelo desejo de o saber abrigado. Ele são. Alma aberta. Um rapaz bom, desqualificado para a nossa obra.
Met1-lhe mêdo. Que o nosso trabalho é pesado. A nossa escola, rigorosa. Que tarde ou nunca iria a Lisboa.
- Queres ficar ou ir embora ? - Como o senhor quiser! - Pensa melhor e dá-me a resposta
amanhã. Deu-a, sim, para dizer o mesmo : como
o senhor quiser. Como visse que nada podia fazer com
o rapaz, escrevi ao Pai a preguntar s~ ~!e fugia de casa, se fumava pontas, se desobedecia, se furtava. Que não.
Segunda carta, a comunicar que o filho não servia, e queria manda-lo pelo mesmo caminho. Vem a resposta do Pai, tilizado. Não posso edu;ar o ;,;u filho. Sou muito pobre. Entrego-lho. ·
• O nosso refeitoreiro colocou hoje a
terrina na mesa, serviu a sopa e foi para· a cozinha buscar o prato.
Comemos o caldo e esperamos, esperamos e tornamos a esperar. Que teria sido? Levanto-me da mesa e vou indagar. Vejo o prato sObre a mesa da cozinha, guarnecido pela mão dos cozinheiros, prontinho a seguir. O refeitoreiro, êsse estava aninhado no chão, um nadinha longe da mesa, entretido com os gatos, de r6lha de papel na ponta de uma baraça.
-Oh! Elvas? -já vou! ••
ELE há muitá gente a quem espanta as quantias de dinht:iro que se consegue para os negócios da
Obra da Rua. Foi mesmo a grande objeccão que os
entendidos puseram, quando se começou a · falar na Aldeia dos. Rapazes : E o
·dinheiro? Aonde é que éle vai buscar o dinheiro?
Nós recolhemos nas nossas casas sóménte a creança da rua. Não fazemos favores a ninguém com a obra. Não conhecemos compadres. Não temos interesses. Não desejamos popularidade. Se não é creança da marca, inútil fazer pedidos. Este é o primeiro 1>onto contra a objecção dos tais entendidos.
Nós não pedimos enxoval nem fazemos questão de subsídios. Aceitamos humildemente o que nos quizerem oferecer. O nada também nos serve e esta é, até, a moeda mais corrente com que nos pagam as admissões.
Nós tratamos os nossos rapazes, sãos como sãos e doentes como doentes, dis· pensando-lhes, neste caso, os cuidados que éles merecem. Este é o nosso forte e a resposta formidável à supercitada e mui douta objecção.
Nós damos preferência aos mais desgraçados. Quando os pedidos são feitos em papel timbrado pela Auto~dade constituída, n.)S não olhamos ao timbre aem ao nome, mas sim sõm~nte à condição da creança. Há dias veio uma carta a dizer: junte aí mais um infeliz que a rua nos trouxe e a sociedade repele. Outra carta, de outra Comarca e também de sêlo branco, dizia a sorte de uma creança abandonada, sem casa que a
= =:s
recolhesse nem subsídio que lhe dessem. Tanto botões, para serem nossos !
Ora aqui estão factos que se publicam, para valer como artigo de fé. E' doutrina certa. Que os meus sucessores a tomem para si e a cumpram. Se êtes vierem um
. dia a fazer cálculos, a procurar heranças, a escolher o garoto, a favorecer amigos, se assim acontecer, começa a ruína da Obra da Rua.
• O ano passado, não 3a/oamos um
único fruto dos nossos deauspireiros. Comeram-nos. O Zé Mana,
foi ·o campião. Este ano salvamo-los todos. Ninguém lhes tocou. Se algum fruto caía, vinham-no trazer aqui ao meu quarto : olhe I Pois amor paga-se com amor. Mandei a uma quinta daqui perto comprar todos os frutos das árvores que lá existem, do que se fizeram apetitosas merendas. O Rio Tinto foi lá com dinheiro, saldou, e trouxe o dinheiro todo. Senhora Margaridinha ; até ao ano e muito obrigado,
V IERAM ter agora mesmo ao meu quarto, o António e o Pepe e o Machado e o Carlos e o Amadeu
Elvas e o·Francisco e o Oscar e o Rosas e o Rio Tinto e o Amadeu da Covilhã. Querem uma equipe. Disseram-me que pusesse eu no Gaiato que o grémio de futebol tem muito dinheiro. Federação, creio eu, mas como Grémio é a pala\rra do dia, êles entraram na ordem do dia. O recado, assim como está, é dêles. Agora, o meu. Realmente, uma equipe de futebol com botas e tudo, está fora das nossas posses. Se algum apaixonado 1e lembrar da gente, os nossos exultarão.
• O Amadeu Elvas trouxe-me aqui ao
leito, onde tenho estado, uma chicara de café muito apurado.
- Foi o Chegadinho 1 Os rapazes não se fartam de gabar o
Chegadinho, pelo que êle era de rebelde e agora de dócil. Já se lhe prometeu um pôrto de honra, _se êle fizer a 4.ª classe. E cumpre-se.
·~·:~e::::::::::: asuinatura::;~;:::·::·::;:L·::::~·1 MOS DE CONVER~AR•. Ora assim é f/ae ~- Gosto muito deslas convenu. Se .~ toàos os assinantes qaiz•ssem dizer duas pelevriobu no Natal, ea teria • sorte grande • sem arriscar dinheiro/ E bem poàiam laaE-lo. Era pera o edifício da escola. Vem Jogo a seaair ao do b.ospital-enfermeria, o qaal Já está • sabír. Nós queremos tudo a ~· valer. Trata-se de 54/var e lort1licar t1iàas.
Não pode haver meiu tintas neste pá!lina de actividades . Por ser um dom tiio precioso, é objecto do quinto mandamento do decaloao; e é jast•mente por isso <Jue nós l
--- -' • _,._,. _ _ ...J _.___,_._ • ..:Z:Z• .._ -----' -' .Z> ' o- ,_,_ ..... ~"'"' ......... ··-Z.voplc•l1
~ é o corpo. Na escola, abre-.fe • foteliaência. S ão vidas qae eatio em Joao. Só aaora é ~ qae reparo no qae fiz: Peço acima, daas pa/airrinb.as aos usinaotea e afina/, doa-lhas ~ aqui em baixo; tal a febre qae me consome/
················-........... ~··~ ,, ............................ ~ António Leal, Monchique, 50$;
António Manuel da Silva Martins, Olivais, 25$; José do Carmo Vicente, Olivais, 30$; Dr. João Cavaleiro, Setúbal, 30$; José Amorim Sampaio, Póvoa do Varzim, 40$; Padre Nunes Teixeira, Albergaria-a· -Velha, 25$; Maria da Soledade de Pinho e Sousa, Arrentela, 30$; Adelaide Fernandes, Paio Peres, 30$; Serafim de Almeida Magalhães, . Rio Tinto, 20$; Maria Eugénia Ferreira Lôbo, Carrazeda de Anciães, 50$; João Barros Ferreira Leal, 20$; José Lucas de Carvalho, 20$; Fernando Pedro Rosado, 20$; Américo Monteiro, 100$;-todos do Bombarral.
Rosa Maria Pimenta de Figueiredo Horta Correia, Silves, 20$; Rafael de Freitas, Alvaiáze1e, 30$; Georgina Pires, 30$; Angelo Lobão, 50$; Domingos Silva Martins, 30$; Maria Helena Malheiro Fernandes, 50$;-todos de Matozinhos. Maria do Carmo Rei Seia, l 00$; Alfredo da Silva Neves (1944-45), 100$; Rui dos Santos Henriques, 30$; Maria Ludovina Pimentel Franco, 20$;-todos de Coimbra. Encarnação Cruz Andrade, Tocha, 30$; Maria Fialho Barroso, Aldeia Nova de S. Bento, 40$; Ilídio Casal, Oliveira do Douro, 100$; João Manuel Nunes da Silva, 100$; Tenente Emiliano Vasconcelos, 2'.3$; Irene Oliveira da Silva, 40$; Lucília Roca, 20$; Maria Bellegorde P. Vilar, 20$; Amélia Silva, 20$; Berta Tavares, 20$; Maria Carolina Costa Campos, 20$; Olga Ribeiro, 40$;todos da Beira (Africa). Maria José Agrellos, 25$; Rui Monteiro, 50$; Artur Cruz, 50$; - todos de Lou· renço Marques. Manuel Espre·
gueira de Oliveira, Viana do Castelo, 50$; João Dias Agudo Cadete, Mação, · 20$; Maria do Espírito Santo Martins, Mogadouro, 30$; Judith Jacquet (para refôrço), Parêde, 10$; Margarida Pires Gonçalves, Mirandela, 50$; Maria Alexandrina Andrade'!, Mirandela, 20$; Carlos Borges de Pinho, Válega, 20$; P.e António Tavares Martins, Campanhã, 20$; Maria José Sousa Pinto, Foz do Douro, 50$; Rosa Maria Saraiva, Foz do Douro, 70$; Alice Ribeiro Henriques, Caldas da Rainha, 30$; Carolina R. de Sá Seabra, Sebolido, 20$; José Fernando Rivera Martins de Carvalho, Estoril, 50$; Amélia Rezende, Sinfães, 25$; José Augusto Mousinho de Albuquerque, Taveira, 20$; António Ferreira ~'únior, Ferreira do Zêzere, 50$; António Ferreira de Castro, Bencanta, 20$; Alfredo da Costd Teixeira, 20$; Firmino da Cruz Magalhães Ribeiro, 20$; Rosalina Leite. da Silva, 20$;-todos de Braga. Maria Vieira Ferreira, Esposende, 20$; Çeleste Guedes da Silva, Caramulo, 25$; P.e Manuel Romero Vila, Vilar do Paraíso, 20$; Dr. António do Canto de Moniz, Vilar do Paraíso, 50$; P.e José Rei Barata, 50$; Júlía Freire Dias Coelho, 40$; Josefa Seixas, 20$;-todos de Pinhel. Joaquim Gonçalves da Silva, Lamego, 20$; João do Rio Bizarro Teles, Ilhava, 20$; Maria Isabel Fernandes Gil Botelho de Gusmão, Ponta Delgada, 50$; Maria do Céu M~rais, Sabugal, 35$; Germano Garcia Rodrigues Moreira, Parêdes, 20$; Artur Pinto Brandão, Parêdes, 20$; José Augusto Soares Moutinho, Almendra, 20$; P.c António Ramos Ferreira, Almendra, 20$.
-
~Wll
mlllfiiW
-4-
~llllB
=
=
A GORA que os dias são pequenos, ocupamos as horas da noite com e escola. Os dos trabalhos do campo,
teem o seu professor e os mais pequeninos, teem os seus professores. E' sentados no chão, em pequeninos grupos. O Zé Eduardo, o Avói!inha, o Gari, o Alfredo e o Elvas ensinam, vara na mão, para manter a ordem: - Pelo sinal da santa cruz/ . . . São êles, mestres e alunos, os mesmíssimos que ontem, também em g rupos, davam e tomavam lições na rua. A catequese é coisa tão santa, que ainda hoje, milhares de pagãos, visitam o iúmulo de Francisco Xavier, pelo que êle ensinou aos seus antepassados !
E regosijo-me ao escutar, no meu . cantinho de trabalho, a harmoniosa matinada dos pequeninos grupos : - Paí Nosso que estais no Céu .
Muita gente não gosta destas ninharias. A lg~ja já deu o que tinha a dar. Naqueles tempos, sim. Hoje sobretudoª I~reja Católica, é simplesmente um precioso ornamento, um ponto de cerimónias, um depósito de respeitáveis-· tradições ; e não é mais nada.
E os padres católicos são os tristes propagandistas daquela língua morta, e não são mais coisa nenhuma. Eu esteva, de uma vez, à e.spera do eléctrico para a Alta, em Coimbra, e passa um sacerdote de moto. Do lado dizem : ali oai <> retrocesso a c a o a lo no progresso ! .Milhões pensam assim. E' uma galhofa muito cara. Uma convicção muito triste.
Quando o mundo se fartar das bolotas dos porcos, há-de regressar ã Santa Madre Igreja. Há-de vir pelo seu pé, mevido por uma outra convicção, arrependido de taJ1to galhofar.
Enquanto assim não fõr, a pequenina Obra da Rua vai recebendo em seu seio aqu~les seres humanos que o Progresso rejeita, en,nendo-os a perdoar : Perdoai-nos, assirrt como nós perdoamos. • O NTEM entraram pela porta do meu
quarto, de escantilhão, o Amadeu Elvas, o Amândio e o Carlos de
Tábua. Não falavam. Era um saltar e berrar fora de tôda a marca .
- Mas que é isso ? - Uma vitelinha 1 A seguir a esta demonstração do
pequenino grupo, ouvem-se vozes alegres pelos campos e arredores: Uma oltelinha! • O Cronista tinha acabado o seu tra-
balho e ficou na cadeira, assim como quem espera alguma coisa ou alguém. - Que queres, Zé Eduardo? - Deixe-me tocar um bocadinho na
gaita! E' um degão-de-bOca que nós cá
temos, e .que eu guardo pare as grandes . ocasiões. • O S nossos grupos de catequese silo·
formados de sete e seis alunos e o professor. Houve ontem grande
desordem no grupo do aoõzinha o qua) se viu em riscos de ser agredido por um dos alunos, o Adriano, de 6 anos de idade, natural do Porto! O caso foi muito comentado. • O Xancaxéque teva o dia a pedir
broa aos refeitoreiros, e a gente não se pode alargar. Muito
embora tenhamos a faca, o queijo está · nas mãos da Intendência e aqui é que . está!
Pois o Xanca.xéque, vindo de comer, vendeu uma fisga que tinha por sete merendas, ao Fernandito Barros!.
• O ChPgadinho é que faz o meu café, e tão bom, que eu preguntei-ltte ontem, antes de ir para Lisboa, o
que é que êle queria da capital. - Traga-me uma bola. • V em aqui a diser na Bola que vem .
pe6esl Foi o Carlos, que estava no refeitório a distribuir o prato, e
deixou ficar os pequeninos serventes de braço estendido e uma comunidade suspensa, para vir aonde a mim, dar aquela novidade!
- Oh rapaz; vai-te embora. -São os peões! Ele é por bem que nos mandam a
Bola, sim, e todos quantos amam êstes meus filhos, adoçam a minha bOca. E' por bem; mas ninguém calcula o que por cá vai, nos dias em que é esperada. Só viste !
ANO!
llllacçãt, Vale
... >J
pouco vai w
Sen seja Natal êste ; pedir do ed aldeil
Na. acho pobre no di pratic dias 1 triste façar. não L
gaçãe a cem perdii nos e uma
-ti'
tin~
qu1 lhe par na cor vai pai COI
tal1 ma qu• len fôt mi1 les de de jo1 mE da Se no
Re Nl pe