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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL FORMADOR DA SUPERVISÃO ESCOLAR
Por: Aline Faria dos Santos
Orientador:
Prof. Marcelo Saldanha
Rio de Janeiro
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PAPEL FORMADOR DA SUPERVISÃO ESCOLAR
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Administração e Supervisão
Escolar.
Por: Aline Faria dos Santos.
DEDICATÓRIA
Dedico esta pesquisa a meu filho Bruno e
ao meu esposo Everaldo que muito
contribuíram com: gentileza, tolerância e
amor.
RESUMO
Esta pesquisa tem por objetivo retratar a importância do papel formador
da supervisão escolar. Para tal, apresenta a origem histórica e um projeto de lei
que norteia as ações supervisoras. Esclarece as reais atribuições do cargo,
bem como as não atribuições do mesmo. Analisa sua relevância educacional
devido à sua ação de interligar funções administrativas, pedagógicas e
comunitárias concomitantemente integrando-as a fim de propiciar uma
educação de qualidade. Estabelece ainda o papel do líder formador e a
liderança mediante os critérios de autonomia e autoridade buscando uma
gestão democrática que almeja a formação dos educandos da educação básica
de elevado padrão, de excelência.
Palavras-chave: Supervisão escolar, papel formador e liderança.
METODOLOGIA
A presente pesquisa tem como objetivo esclarecer a questão: após um
sujeito ter assumido o cargo de um supervisor escolar, sua função será apenas
de supervisionar? Tem ainda, como princípio metodológico, utilizar bibliografias
construtivas e pedagógicas de Vasconcellos, Rangel, Lück, Paro, Grinspun,
Ferreira, Alarcão, Foucault, Libâneo, Medina, Saviani, e outros, a fim de que
direcionem a compreensão do real papel da Supervisão Escolar, como sendo
um papel de caráter formador e de máxima importância para a comunidade
educacional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O papel da Supervisão Escolar 10
CAPÍTULO II - A importância da Supervisão 20
CAPÍTULO III – Supervisão e Liderança 32
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48
8
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa científica tem por objetivo ressaltar a importância
da supervisão escolar. O que faz a supervisão? A função do supervisor é
apenas supervisionar? Que papeis deve desempenhar? Essas são dúvidas
corriqueiras quando se fala nesse assunto.
No entanto, apesar de se tratar de um tema em voga, o mesmo tem
despertado discussões intensas em toda comunidade acadêmica que se
interessa verdadeiramente pelo avanço e melhoria de nosso sistema de ensino.
Logo, esta pesquisa se propõe a analisar e esclarecer a importância da
supervisão atestando que o desempenho do seu papel é de caráter formador.
A intenção é, portanto, observar as atribuições do cargo em virtude de uma
formação educacional globalizada do sujeito (educando), buscando contribuir
de forma elevada e qualitativa no processo de ensino-aprendizagem em níveis
de educação básica.
Deste modo, recorremos à origem histórica da supervisão escolar para
compreendermos seus avanços, mudanças e perspectivas ao longo do tempo;
transcorremos a respeito da não regulamentação da profissão; e tornamos
mais evidentes as atribuições da supervisão, bem como as não atribuições.
Em seguida, de forma clara, objetiva e direta informamos a real
importância da supervisão escolar enquanto elo de uma corrente que
desempenha a função de unir os subsistemas: administrativo, pedagógico e
comunitário para um trabalho cooperativo, significativo e participativo que vise
beneficiar a educação básica do sistema de ensino brasileiro.
Posteriormente, ilustramos a supervisão escolar juntamente com a e a
liderança apoiadas na concepção de que o cargo de supervisor faz parte da
equipe diretiva da escola, e consequentemente, ocupa um local de liderança na
escola. Assim, perpassamos por questões a cerca de motivação como sendo
algo intrínseco do ser humano; o poder e suas relações de que fazem parte da
liderança; conceptualização de autonomia; a contraposição de uma autoridade
de caráter positivo e de um autoritarismo que é totalmente negativo e nocivo às
relações humanas; e, por último, mas não menos relevante, observarmos o
10
O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR
...Ponha Deus no início e Ele cuidará do fim.
Antes de mais nada se faz necessário saber o que é Supervisão Escolar
para que posteriormente possamos discutir seu papel, e para isso podemos
recorrer a diversos autores de igual importância para desvendar esta questão
que por hora se valerá apenas de uma definição da professora doutora Naura
Syria Carapeto Ferreira que é a seguinte:
O trabalho dos profissionais da educação – em especial
da supervisão educacional – é traduzir o novo processo
pedagógico em curso na sociedade mundial, elucidar a
quem ele serve, explicitar suas contradições e, com base
nas condições concretas dadas, promover necessárias
articulações para construir alternativas que ponham a
educação a serviço do desenvolvimento de relações
verdadeiramente democráticas. (FERREIRA, et al, 2006,
p.9).
Como fora mencionado anteriormente, existem muitos autores e
estudiosos do âmbito educacional com diferentes definições sobre Supervisão
Escolar, no entanto essas opiniões se convergem quanto à importância desse
profissional para a educação.
Desse modo podemos perceber que a Supervisão Escolar é
indispensável em toda e qualquer unidade de ensino. Ou seja, cabe a
supervisão a tarefa de unir todos os componentes que fazem parte da
comunidade educacional.
Assim, no decorrer deste e de outros capítulos desta pesquisa,
falaremos mais sobre o surgimento, da origem da Supervisão Escolar,
abordando sua historicidade para que venhamos a compreender melhor sua
magnitude e sua devida importância.
11
1.1 Historicidade
Neste momento faremos uma breve reconstituição do passado histórico
da Supervisão para que de fato possamos compreender a sua representação
para a educação básica.
De acordo com a etimologia da palavra, Supervisão significa “sobre
visão” e inicialmente dava ideia de controle e vigilância, devido ao contexto
histórico de insurgir em meio à Revolução Industrial (dentro das fábricas). No
ano de 1809 recebia a nomenclatura de “inspetor geral”. E, no ano de 1841
passa das fábricas para as salas de aula, nesse período focava nas práticas do
professor e ambos (supervisor e professor) não se preocupavam com a
formação profissional. A educação da época era elitizada, ou seja, apenas uma
parte da sociedade brasileira era privilegiada.
Durante trinta anos (de 1841 a 1871) professores e supervisores ainda
não necessitavam ter formação profissional, o objetivo era melhorar o
desempenho da escola. O supervisor inspecionava a prática do professor
mediante uma abordagem disciplinar.
Somente no Século XIX (de 1925 a 1930) que abordagem da ação
supervisora muda seu foco voltando-se para a educação. Assume assim, um
papel mediador entre os componentes do sistema educacional.
A Era Vargas, no ano de 1930 cria o Ministério da Educação e Saúde
Pública. Em 1931 Anísio Teixeira assumiu a direção da Instrução Pública da
Prefeitura do Rio de Janeiro, e em 1932 o Manifesto da Educação Nova
preocupava-se com a qualidade do ensino brasileiro. Após dez anos (em 1942)
a Supervisão assume um papel pedagógico, administrativo e de inspeção.
Neste mesmo ano, em nove de abril de 1942 foi promulgada a Lei Orgânica do
Ensino Secundário, de nº 4244 cujo 1º Parágrafo do Artigo 75 dizia que “a
inspeção far-se-á, não somente sob o ponto de vista administrativo, mas ainda
com o caráter de orientação pedagógica, aplicando-se, dessa forma, às
atividades da inspeção” (RANGEL, 2006, p.70).
Na década de 50, Paulo Freire inova com seu método de alfabetização
eficaz proporcionando significativas mudanças, soluções para o analfabetismo.
12
Dentre os anos de 1953 e 1963 o Decreto-Lei nº 34.638 de 14/11/1953 criou a
campanha de aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (CADES) com
o objetivo da qualidade de ensino através de treinamento de recursos
humanos, e, assim foi desenvolvido o PABAEE (Programa Americano-
Brasileiro de Assistência ao Ensino Elementar). Surge então, a primeira turma
de supervisores escolares para atuar no ensino elementar objetivando a
modernização do ensino.
Nos anos 60 o Golpe Militar provoca um retrocesso à Educação
Brasileira, mas ainda assim obtivemos algumas conquistas, como por exemplo,
o surgimento da primeira LDB em 1961 que continha dois artigos a respeito da
Supervisão Escolar. Porém, em 1968 a Lei nº 5.540 exigia que a supervisão
tivesse formação em nível de graduação para que pudessem controlar a
qualidade de ensino em prol de melhorias para a educação.
A partir dos anos 70 a supervisão ganhou força institucional através da
Lei 5.692 de 1971 - Diretrizes e Bases do ensino de 1º e 2º Graus, que ampliou
o campo de atuação para inspeção administrativa e da assistência técnico-
pedagógica. No ano de 76 acontece o I Seminário de Supervisão Pedagógica
promovido pelo MEC. Em agosto de 1979 o Ato Institucional nº 5, o AI-5 é
decretado. Neste mesmo ano é assinada a Lei de Anistia Política; e ocorre o II
ENSE (Encontro Nacional de Supervisores Escolares), fortalecendo a
Supervisão Educacional.
Nos anos 80 os supervisores foram praticamente extintos da sua área de
atuação (muitos continuaram ligados à educação cumprindo outras tarefas,
outras funções), após reverter a situação elaboraram um documento durante a
4ª Etapa do VII ENSE que continha os interesses, necessidades e anseios da
categoria.
Chegando enfim à década de 90, temos como fato histórico a Lei
9394/96 promulgada em 20 de dezembro de 1996 estabelecendo que o
profissional de supervisão deva ter formação em curso de graduação ou pós-
graduação.
Anos 2000, para melhor esclarecer o cenário atual em que se encontra a
Supervisão Escolar recorremos a “Um olhar histórico sobre a Supervisão”, por
Elma Corrêa Lima, que diz:
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À guisa de conclusão, é interessante pensar que, com a
implantação do Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil,
MEC, 1997) a supervisão educacionalpoderá ser uma
grande aliada do professor na aplicação, associada à
avaliação crítica, desses parâmetros. Mas, para que se
possa alcançar esse objetivo, é necessário que essa
supervisão seja vista de uma perspectiva de participação,
na cooperação, na integração e na flexibilidade. Nesse
sentido (e para finalizar), reconhece-se a necessidade,
cada vez maior, de que o supervisor e o professor sejam
parceiros, com posições e interlocuções definidas e
garantidas na escola. (LIMA et al, 2006, p. 78).
Assim, caminham os Supervisores buscando não somente o
reconhecimento de sua profissão, como também a melhoria da educação do
nosso país.
1.2 A não regulamentação da profissão
Nem todos os cargos que coexistem no ambiente escolar são profissões
regulamentadas como é o caso da Supervisão ou da Gestão Escolar ambas se
apresentam como especialidades do âmbito educacional.
Até o presente momento, não existem Leis para regular os afazeres do
supervisor escolar, há apenas um projeto de Lei para as ações da supervisão.
Embora não seja profissão regulamentada, a supervisão é reconhecida e
prevista na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional),
especificamente referida no Artigo 64, leia o presente artigo:
A formação de profissionais de educação para
administração, planejamento, inspeção, supervisão e
orientação educacional para a educação básica, será feita
14
em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de
pós-graduação, a critério da instituição de ensino,
garantida, nesta formação, a base comum nacional.
(BRASIL Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, p. 39).
Portanto o exercício da prática pedagógica da supervisão escolar está
intrínseco ao ensino básico da educação do nosso país. Porém ainda é preciso
esclarecer quais são as competências desse profissional, quais são suas
atribuições para efetiva mudança positiva no cenário educacional, e quais são
as tarefas da supervisão escolar.
1.3 Não atribuições da Supervisão
Neste capítulo abordaremos tudo aquilo que não compete à supervisão,
o que não são atribuições do cargo, mas que ao longo dos anos sempre
constaram como sendo ações desta categoria.
Algumas das ações possuem características próprias, determinados
“ranços” da profissão que acabaram se cristalizando com o decorrer do tempo,
e é por este motivo que lançaremos mão das não atribuições do Supervisor
segundo Vasconcellos, veja o que ele diz a respeito das definições negativas
da supervisão:
Comecemos pela definição negativa, qual seja, por aquilo
que a supervisão não é (ou não deve ser): não é fiscal de
professor, não é dedo-duro (que entrega os professores
para a direção ou mantenedora), não é pombo correio
(que leva recado da direção para os professores e dos
professores para a direção), não é coringa/ tarefeiro/
quebra galho/ salva-vidas (ajudante da direção, auxiliar de
secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), não é tapa
buraco (que fica “toureando” alunos em sala de aula no
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caso de falta de professor), não é burocrata (que fica às
voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos,
estatísticas sem sentido, mandando um monte de papéis
para os professores preencherem – escola de “papel”),
não é de gabinete (que está longe da prática e dos
desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que tem
sempre dicas e soluções para todos os problemas, uma
espécie de fonte inesgotável de técnicas e receitas), não
é generalista (que entende quase nada de quase tudo).
(VASCONCELLOS, 2002, p. 86 e 87).
Diante desta lista, acabamos nos deparando com exemplos errôneos de
supervisão que já fizeram parte de nossa vida acadêmica, ou talvez
profissional, ou ambas. Ao menos um, dos modelos supracitados tivemos o
desprazer de conhecer ou presenciar. Pior ainda, devido à cristalização dessas
funções, acreditávamos ser este o papel da supervisão. Algumas dessas
atitudes vieram enraizadas do contexto social ditatorial em que surgiu este
cargo.
No entanto esta pesquisa tem ainda o objetivo de esclarecer as reais
atribuições da Supervisão Escolar, para que se evapore toda e qualquer
dúvida, eliminando assim, mais possíveis confusões no que se confere como
sendo ou não função supervisora educacional.
1.4 O verdadeiro papel da Supervisão
Compreendemos que a supervisão se constitui como um processo
dinâmico de forma sistemática e contínua. Cabe a ele o exercício da liderança
frente à comunidade escolar, é uma espécie de conector/articulador entre as
diversas partes que compõem o sistema de ensino. Esse papel positivo do
supervisor enquanto articulador é também afirmado por Vasconcellos em:
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O núcleo de definição e de articulação da supervisão deve
ser, portanto pedagógico (que é o núcleo da escola,
enquanto especificidade institucional) e, em especial, os
processos de ensino-aprendizagem. Neste sentido, a
própria concepção da supervisão se transforma, na
medida em que não se centra na figura do supervisor,
mas na função supervisora, que, inclusive, pode, e deve,
circular entre os elementos do grupo, cabendo à
coordenação a sistematização e integração do trabalho no
conjunto, caminhando na linha da interdisciplinaridade.
(Ibidem, 2002, p.87).
E, para melhor conduzir à compreensão do real papel da supervisão
educacional/ escolar tomaremos como referência o Projeto de Lei de nº
132/2005 (com base no projeto original nº 4.412/2001), que regulamenta a
profissão de supervisor educacional ou escolar, as funções da profissão são
esclarecidas através do Artigo 4º. São elas:
I – Coordenar o processo de construção coletiva e
execução da Proposta Pedagógica, dos Planos de Estudo
e dos Regimentos Escolares;
II – Investigar, diagnosticar, planejar, implementar e
avaliar o currículo em integração com outros profissionais
da Educação e integrantes da Comunidade;
III – Supervisionar o cumprimento dos dias letivos e
horas/aula estabelecidos legalmente;
IV – velar pelo cumprimento do plano de trabalho dos
docentes nos estabelecimentos de ensino;
V – assegurar processo de avaliação da aprendizagem
escolar e a recuperação aos alunos com menor
rendimento, em colaboração com todos os segmentos da
Comunidade Escolar, objetivando a definição de
prioridades e a melhoria da qualidade de ensino;
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VI – promover atividades de estudo e pesquisa na área
educacional, estimulando o espírito de investigação e a
criatividade dos profissionais da educação;
VII – emitir parecer concernente à Supervisão
Educacional;
VIII – acompanhar estágios no campo de Supervisão
Educacional;
IX – planejar e coordenar atividades de atualização no
campo educacional;
X – propiciar condições para a formação permanente dos
educadores em serviço;
XI – promover ações que objetivem a articulação dos
educadores com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração com a escola;
XII – assessorar os sistemas educacionais e instituições
públicas e privadas nos aspectos concernentes à ação
pedagógica.
http://www.senado.gov.br/-08/01/2015–18h e 45 min.
Assim, esclarecemos o verdadeiro papel do supervisor escolar. No
entanto, recorreremos novamente à Vasconcellos para eliminarmos desta
prática uma sistematização robótica no que se refere ao ato de contribuição
educacional, ele diz que:
É importante lembrar que, antes de mais nada, a
coordenação é exercida por um educador, e como tal
deve estar no combate a tudo aquilo que desumaniza a
escola: a reprodução da ideologia dominante, o
autoritarismo, o conhecimento desvinculado da realidade,
a evasão, a lógica classificatória e excludente (repetência
ou aprovação sem apropriação do saber), a discriminação
na e através da escola, etc. (VASCONCELLOS, 2002, p
87).
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Vejamos a seguir as diversas funções da supervisão de acordo com
Brigs e Justman apud Nérici (1978, p. 42-43), que são elas:
• Ajudar os professores a melhor compreenderem os
objetivos reais da educação e o papel especial da escola
na consecução dos mesmos.
• Auxiliar os professores a melhor compreenderem os
problemas e necessidades dos jovens educandos e
atender, na medida do possível, a tais necessidades.
• Exercer liderança de sentido democrático, sob as
formas de promoção do aperfeiçoamento profissional da
escola e de suas atividades, buscando relações de
cooperação de seu pessoal e estimulando o
desenvolvimento dos professores em exercício, colocando
sempre a escola mais próxima da comunidade.
• Estabelecer fortes laços morais entre os professores
quanto ao seu trabalho, de tal forma que operem em
estreita e esclarecida cooperação, para que os mesmos
fins gerais sejam atingidos.
• Identificar qual o tipo de trabalho mais adequado
para cada professor, distribuindo tarefas, mas de forma
que possam desenvolver suas capacidades em outras
direções promissoras Ajudar os professores a adquirir
maior competência didática.
• Orientar os professores principiantes a se adaptarem
à sua profissão.
• Avaliar os resultados dos esforços de cada
professor, em termos do desenvolvimento dos alunos,
segundo os objetivos estabelecidos.
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• Ajudar os professores a diagnosticar as dificuldades
dos alunos na aprendizagem e a elaborar planos de
ensino para superação das mesmas.
• Auxiliar a interpretar o programa de ensino para a
comunidade, de tal modo que o público possa
compreender e cooperar nos esforços da escola.
• Levar o público a participar dos problemas da escola
e recolher suas sugestões a esse respeito.
• Proteger o corpo docente contra exigências
descabidas de parte do público, quanto ao emprego de
tempo e energia dos professores. (BRIGS e JUSTMAN
apud NÉRICI, 1978, p. 42-43).
Desse modo, observamos a multiplicidade das ações supervisoras
educacionais. É necessário, tão logo, que se dê a devida importância a esses
profissionais que exercem diversas funções no ambiente acadêmico buscando
aperfeiçoar o cenário brasileiro através da valorização, da cultura, e da
apropriação do saber.
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A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO
“Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis.” René Descartes
Após termos observado a trajetória e as atribuições da Supervisão
Escolar é possível compreender a magnitude de sua importância, porém, ainda
assim, temos a preocupação em deixar mais evidente sua relevância para o
Sistema de Ensino Brasileiro. Deste modo, traremos mais algumas abordagens
sobre o assunto, uma vez que, a supervisão perpassa do sentido escolar, e se
assume como pedagógico quando: “um trabalho de assistência ao professor,
em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação, controle,
avaliação e atualização do desenvolvimento de processo ensino-
aprendizagem.” (Rangel, 1998, p. 13-14). Corroborando ainda com a autora:
O supervisor pedagógico escolar faz parte do corpo de
professores e tem a especificidade do seu trabalho
caracterizado pela coordenação – organização em
comum – das atividades didáticas e curriculares e a
promoção e o estímulo de oportunidades coletivas de
estudo. A coordenação é, portanto, por natureza, uma
função que se encaminha de modo interdisciplinar.
(RANGEL et al, 2006, p. 57).
Recorremos então, à Alarcão em “Do olhar supervisivo ao olhar sobre a
supervisão”, que após ter reunido algumas ideias sobre a supervisão diz:
É-me possível, depois dessa excursão pelo pensamento
de Senge, Mintzberg e Bronfenbrenner, sintetizar a
importância das suas conceptualizações para o
desenvolvimento da escola como organização aprendente
e partir daí para uma análise de suas repercussões na
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supervisão. Porei então em destaque algumas ideias-
força:
• o desenvolvimento institucional acontece na
interação ativa da instituição com o meio envolvente;
• a instituição é constituída por pessoas, profissionais,
também elas em desenvolvimento pessoal e profissional;
• as instituições organizadas estruturam-se em
subsistemas ecologicamente articulados;
• o desenvolvimento humano, individual, é a pedra de
toque para o desenvolvimento organizacional;
• a liderança estratégica, baseada numa visão
partilhada da escola, num pensamento sistêmico e no
diálogo, é de importância capital;
• a resolução cooperativa dos problemas é fator de
aprendizagem e coesão organizacional;
• a linguagem, como expressão do pensamento crítico
e fator de conscientização, aumenta o nível de empenho.
(ALARCÃO apud RANGEL, 2006, p.47).
O profissional que desempenha e executa as tarefas de uma supervisão
escolar deve atuar diretamente na equipe, ser parceiro do professor, e deve
esquecer aquele passado remoto em que suas obrigações o colocava sentado
a uma mesa preenchendo documentos o dia inteiro. Isabel Alarcão aponta
outras responsabilidades nas quais:
(...) o supervisor é considerado o instrumento de
execução das políticas centralmente decididas e,
simultaneamente, o verificador de que estas mesmas
políticas são efetivamente seguidas. Designado muitas
vezes por supervisor escolar, é responsável pelo
funcionamento geral da escola em todos os setores:
administrativo, burocrático, financeiro, cultural e de
serviços. (Idem, 2006, p. 13).
22
Por este motivo, veremos a seguir como é direcionada a ação
supervisora que dá conta da conectividade entre os diversos grupos
coexistentes do cotidiano e do espaço educacional. Logo:
O papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com
base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação
que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que
aprende passa a construir o núcleo do trabalho do
supervisor na escola. (MEDINA, 1995, p 22).
Caminharemos sob a vertente de que a supervisão precisa atender a
três pilares básicos e distintos entre si, entretanto, que se convergem para que
se promova o sucesso no processo ensino-aprendizagem, estes pilares são
funções (que trataremos em breve) e podem ser de origem: administrativa,
pedagógica ou comunitária (que diz respeito à comunidade entendido também
como o aluno).
Assim a divisão que veremos a seguir, além de comprovar a importância
da supervisão em cada uma das funções supracitadas, devem comungar em
perfeita harmonia no ambiente escolar.
2.1 Administrativa
Entende-se que quando falamos da importância da supervisão
administrativa, estamos nos referindo à administração escolar. Também
compreendemos que, segundo Vítor Henrique Paro: “a administração é a
utilização racional de recursos para a realização de fins determinados” (Paro,
2010, p. 765). Toda ação que se executa no ambiente escolar precisa ser, e
são, de incumbência da supervisão. Assim, as diversas tarefas administrativas
também de cunho escolar, são cabíveis como funções supervisoras.. Paro diz
ainda que:
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(...) quando o assunto é a escola, uma das questões mais
destacadas diz respeito à relevância de sua
administração, seja para coibir desperdícios e utilizar mais
racionalmente os recursos disponíveis. Também na mídia
e no senso comum, acredita-se de modo geral que, se o
ensino não está bom, grande parte da culpa cabe à má
administração das nossas escolas, em especial daquelas
mantidas pelo poder público.
Embora sejam várias as motivações para essa
valorização da administração escolar – e não faltam
aqueles que são a favor de uma maior “eficiência” da
administração escolar com a única precípua preocupação
com os custos de ensino –, a justificativa comum é de que
o ensino é importante, e é por isso que se deve realiza-lo
da forma mais racional e eficiente; portanto, é
fundamental o modo de como a escola é administrada.
(PARO, 2010, p.765).
Quando nos deparamos com este olhar administrativo, facilmente nos
remetemos ao fato de que a abrangência da administração no campo
educacional difere-se do campo empresarial, mas não devemos nos distanciar
muito dessa face porque se compararmos a escola com uma empresa
podemos perceber que ambas utilizam racionalmente seus recursos para
realizar determinados fins. Observando sobre um prisma de uma visão
empresarial, os alunos seriam clientes (porque é para eles que a escola
trabalha, a escola funciona para atender o aluno em função do seu
desenvolvimento educacional), ou ainda poderiam ser produtos (porque, uma
vez dotado de conhecimentos que a escola fornece, esse aluno é devolvido à
sociedade como um ser/cidadão não só capacitado para o mercado de trabalho
como também para o exercício de sua cidadania). Vítor Paro (2010) também
faz uma analogia da escola enquanto empresa (empregando o sentido de
empreendimento humano organizado para a produção de algo), vejamos:
24
Considerada a escola como uma empresa, sua
administração, ao cuidar da utilização racional dos
recursos, supõe que tal utilização seja realizada por uma
multiplicidade de pessoas, mas sem ignorar que, em cada
um dos trabalhos (que concretizam essa realização), está
presente o problema administrativo, ou seja, a
necessidade de realizá-lo da forma mais adequada para a
consecução do fim que se tem em mira. (Ibidem, 2010,
p.766-767).
Assim, recordando outra vez as funções supervisoras escolares,
pretendemos melhor definir algumas práticas que possuem características
administrativas, destacamos então, como prioridades: a construção coletiva e a
execução do PPP (Projeto Político Pedagógico); a elaboração,
acompanhamento e o cumprimento do Regimento Escolar; a realização e
avaliação do currículo; o controle e a garantia legal do cumprimento dos dias
letivos e horas/aula; o amparo a unidade de ensino e seus profissionais de
acordo com as leis vigentes, tais como LDB, ECA e a própria Constituição
Federal; acompanhar a evolução do aprendizado; participar da elaboração do
planejamento. Contudo, e novamente adotando a perspectiva de Paro (2002),
precisamos esclarecer que:
(...) um aspecto preliminar a destacar é o viés de
interpretação presente nos sistemas de ensino, que
consiste em considerar como administrativo apenas o que
se refere às atividades-meio da escola. Segundo essa
visão, seriam objeto da ação administrativa apenas as
atividades ligadas à direção escolar, e aos serviços da
secretaria e outras atividades de manutenção da unidade
e do oferecimento de condições para a realização dos
objetivos. Todavia se se considera o caráter mediador da
administração, sua ação na escola perpassa todos os
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momentos do processo de realização do ensino, incluindo
as atividades-fim, em especial aquelas que se dão na
relação educador-educando, pois a ação administrativa só
termina com o alcance do fim visado. (Idem, 2002, p. 20).
Deste modo compreendemos que as práticas do espaço escolar não
devem ser seccionadas, “o administrativo, entendido como mediação, é
precisamente a negação do burocrático, pois possibilita o alcance do fim, isto é,
no caso da escola, a realização efetiva do pedagógico” (Paro, 2002). Portanto,
a escola deve manter suas práticas unificadas, pois são composições, são
partes integrantes do sistema de ensino tanto o administrativo quanto o
pedagógico.
2.2 Pedagógica
Uma vez que estamos tratando de supervisão escolar e que já está
evidente que sua raiz seja essencialmente pedagógica, embarcaremos, nesse
momento, na importância da equipe pedagógica para a escola. Vasconcellos
diz que a supervisão exercer mediação, observe:
Quando analisamos a função social da escola (a
educação através do ensino), nos damos conta de que a
atuação da coordenação pedagógica se dá no campo da
mediação, pois quem está diretamente vinculado à tarefa
de ensino, stricto sensu, é o professor, O supervisor se
relaciona com o professor visando sua relação –
diferenciada, qualificada – com alunos. Neste contexto, é
preciso atentar para a necessária articulação entre a
pedagogia de sala de aula e a pedagogia institucional,
uma vez que, no fundo, o que está em questão é a
mesma tarefa: a formação humana, seja dos alunos, dos
26
professores, da coordenação, dos pais, etc. A relação
supervisão-professor, em termos de processo de
interação, é muito similar à professor-aluno. Assim como
o aluno – e não o professor –, naquele momento de aula,
é o foco das atenções em termos de construção do
conhecimento, quem vai ter a prática pedagógica em sala
é o professor, e não o supervisor. Seu papel é, pois de
mediador. (VASCONCELLOS, 2002, p. 88).
Somente através da mediação o supervisor vai alcançar seus objetivos
junto à esquipe pedagógica. É muito importante que o supervisor além de
saber o seu papel compreenda e reconheça também a importância das demais
atividades exercidas na escola. Entender que a tarefa de lecionar cabe ao
professor, e que, portanto, para que haja a evolução do aluno no processo de
ensino-aprendizagem é primordial novamente nos remetemos a Vasconcellos
quando diz que cabe à supervisão:
• Acolher o professor em sua realidade, em suas
angústias; dar “colo”: reconhecimento das necessidades e
dificuldades. A atitude de acolhimento é fundamental
também como uma aprendizagem do professor em
relação ao trabalho que deve fazer com os alunos;
• Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a
compreender a própria participação do professor no
problema, a perceber suas contradições (e não acobertá-
las);
• Trabalhar em cima de ideias de processo de
transformação;
• Buscar caminhos alternativos; fornecer materiais;
provocar para o avanço;
• Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas
várias dimensões. (Ibidem, 2002, p. 89).
27
Todas as ações supracitadas, quando ministradas de forma coerente,
faz com que a equipe pedagógica caminhe sobe a perspectiva ótica da união e
da veracidade. Quanto ao professor, Medina (1997, p.31) adverte que: “o
trabalho do supervisor, centrado na ação do professor não pode ser confundido
com assessoria ou consultoria, por ser um trabalho que requer envolvimento e
comprometimento”. É preciso que cada componente desta equipe saiba que o
próprio trabalho em equipe é de união. Entretanto, também é passível de erros,
mas que os mesmos devem ser admitidos, administrados e, sempre que
possível, devem ser erradicados.
A supervisão compreender que a escola assim como os integrantes dela
não devem exercer ações que desumanizem as ações humanas. Vasconcellos
nos alerta que:
Muitas vezes, parece que encaramos o professor como se
fosse um indivíduo perverso, mau caráter, como se
tivesse a prática distorcida porque quer, porque
conscientemente desejou aquilo. Numa postura de
cuidado, de acolhimento, ao contrário, entendemos que
isso pode estar ocorrendo em função de um processo de
alienação. Se nós não conseguirmos um grau mínimo de
empatia (capacidade de nos colocarmos no lugar do
outro), se logo partirmos para o juízo moral do professor,
estaremos estabelecendo uma ruptura no relacionamento
pela colocação do estigma: o professor é autoritário,
descompromissado, etc., ao invés de buscar compreender
e entender que ele eventualmente está sendo, está tendo
algumas práticas autoritárias. Criticamos o professor que
rotula o aluno e, de repente, podemos estar agindo de
forma semelhante com ele... (Ibidem, 2002, p. 89).
Não apenas a figura do professor passa por julgamentos precipitados, o
fato constrangedor também pode acontecer em relação à direção escolar.
Assim, é preciso valorizar as relações humanas, compreender que seres
28
humanos são dotados de imperfeições. No entanto, também somos dotados de
capacidade de aprender, e segundo Piaget sujeitos epistêmicos. Assim sendo,
como seres pensantes e atuantes no meio em que vivemos, devemos fazer
intervenção do meio para que este venha a progredir a favor de um bem maior.
2.3 Comunitária
Aqui faremos referências à comunidade (compreendemos que neste
ponto falaremos do aluno e suas famílias). Engana-se o professor que pensa
ter em sala de aula trinta alunos, por exemplo, na verdade são trinta seres
pensantes que fazem parte de trinta famílias distintas. “É preciso que o
professor compreenda a estreita relação entre as práticas sociais e a sua
prática escolar” (Saviani, 1983, p.89), na verdade o atendimento é feito
diretamente ao aluno, mas esse aluno possui família que por sua vez é parte
integrante da comunidade. Vejamos, então, o que Vasconcellos tem a dizer
sobre isso:
(...) Dando mais um passo, nos deparamos com a
comunidade e, que a escola está inserida, e encontramos
mais um campo de atuação da supervisão, na medida em
que também aí estão envolvidos os processos de
aprendizagem aos quais a supervisão deverá estar
atenta. Assim, chegamos a um conceito mais amplo da
supervisão (...). (VASCONCELLOS, 2010, p. 89-90).
Retomando a ideia de supervisão enquanto conectora, que se encarrega
da interação entre os sujeitos que compõem o sistema de ensino, e, de acordo
com Medina (1995, p 22) “O papel do supervisor passa, então, a ser redefinido
com base em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre entre
o professor que ensina e o aluno que aprende passa a construir o núcleo do
trabalho do supervisor na escola”. É preciso compreender que boa parte das
29
escolas do país passa por inúmeros problemas existentes em seu cotidiano,
decorrentes da sociedade atual, da globalização (e ainda assim, da falta de
informação), entre outros. Isabel Alarcão comenta esta questão em:
A agressividade da sociedade atual e a degradação da
vida familiar exigem que a escola, para além de centro de
transmissão ou aquisição do saber, seja cada vez mais
local de custódia, de prevenção de riscos, de orientação
escolar, de afetividade. Se já o era, tem hoje de exercer
essas funções com mais intensidade. (ALARCÃO et al,
2006, p.31).
Logo, o profissional que se comprometa efetivamente com a educação
deve “abraçar” toda essa problemática, uma vez que, o ser que mais sofre com
todas essas dificuldades é o aluno. Por este motivo, a Supervisão, ou melhor,
toda a equipe pedagógica deve construir na escola um espaço que não só
atenda o aluno e sua família, mas que acolha a comunidade para assim
beneficiar a sociedade de um modo geral. Com relação a se ter essa nova ótica
em relação às práticas pedagógicas do ambiente escolar Grinspun enuncia
que:
Uma prática pedagógica coletiva busca a unidade entre
esta e o contexto social, e se efetiva segundo os graus de
consciência e os conhecimentos elaborados como atores
nela envolvidos: educadores, profissionais, pais –
educandos, tendo como referência as suas próprias
práticas sociais. (GRINSPUN, 2005, p. 36).
Assim, a supervisão, enquanto escola, tem a obrigatoriedade de fornecer
à toda a comunidade acadêmica/escolar educação de qualidade prevista na Lei
de Diretrizes e Bases da Educação, bem como garantir a segurança de seus
educandos baseando-se no Estatuto da Criança e do Adolescente. O direito à
30
educação deve sempre ser remetido à positividade, embora haja a
obrigatoriedade do ensino. Logo, mencionando outra vez Grinspun, quanto ao
fornecimento do ensino:
A escola pública, laica e gratuita, portanto, tem sido uma
reivindicação histórica das classes populares. Não só o
ingresso, mas a permanência na escola é relevante para
a produção do conhecimento e para a formação da
cidadania, principalmente, quando esta contribui com o
objetivo de que cidadãos possam conhecer, distinguir,
criticar e reivindicar seus direitos. (Ibidem, 2005, p. 53).
Sendo assim é preciso investir na qualidade do ensino, (Vasconcellos
em entrevista ao Portal do Professor, edição 50, 01/02/2011) “Se desejamos
avançar na conquista de uma educação de qualidade social democrática,
temos de investir, com toda a urgência, na formação dos professores em geral
e da coordenação pedagógica em particular”. É indispensável também que o
aluno queira estar presente no ambiente educacional, mais que isso, é preciso
que ele se considere parte da sociedade e perceba que além de gozar de um
direito de todo cidadão, somente através da educação ele estará capacitado
para o exercício de sua cidadania. A escola, por sua vez, segundo Rangel,
cabe a compreensão de que:
Embora se considere que aprender requer disciplina,
organização, atenção, concentração, trabalho, é preciso
pensar o ser humano em seu propósito e seu direito
fundamentais: o de ser feliz. Assim, a “disciplina” do
“trabalho” de ensinar e aprender não exclui a finalidade e
o direito da vida humana prazerosa. (RANGEL et al, 2006,
p. 59).
31
Por conseguinte, a supervisão está fatidicamente relacionada ao suporte
no trabalho do professor, conquanto, necessita-se compreender que não se
trata apenas de ser “tábua de salvação”, e, de acordo com Medina (1995,
p.153), “o supervisor tem como objeto de trabalho a produção do professor
– o aprender do aluno – e preocupa-se de modo especial com a qualidade
dessa produção.”. Para além da ótica de qualidade de ensino e
aprendizagem, é papel exclusivamente de ação supervisora, um somatório
das múltiplas atribuições que circulam no campo administrativo, pedagógico
e comunitário. A supervisão escolar deve priorizar a integração desses
diferentes sistemas para a promoção com êxito no processo de ensino-
aprendizagem dos educandos, e para que os mesmos possam usufruir do
seu direito básico que é a educação. Em outras palavras, é através de uma
administração escolar de excelência que se garante uma educação de
qualidade.
32
SUPERVISÃO E LIDERANÇA
Uma liderança, de fato, consiste em abordar
a alma de uma pessoa, e dar-lhe asas.
Anselm Grün
No decorrer desta pesquisa tivemos o prazer de conhecer a respeito da
supervisão escolar, mesmo que superficialmente, tendo em vista que é na
prática do cotidiano escolar que a mesma se realiza. Embora, ainda haja
resistência à aceitação da teoria e não se execute perfeitamente na prática. É
preciso estreitar o percurso entre a teoria e a prática. A ideia de que “na
prática, a teoria é outra” precisa esvair-se do universo acadêmico. O caminho,
então, é que, para além da formação, a supervisão permita-se a transformação.
Entretanto, precisamos atentar para algo imprescindível ao papel da
supervisão que é a liderança, uma vez que o cargo faz parte da equipe diretiva
de uma instituição escolar. Tomemos, por hora, uma analogia relativa à
liderança ilustrada pela professora doutora em educação Heloísa Lück, veja:
Pode-se dizer, mediante uma imagem analógica, que
liderança corresponde não apenas a um processo de
inspiração, pela influência de um líder, mas expiração,
pela atuação motivada de um sujeito que se inspira e atua
em acordo com essa inspiração. Da combinação entre
inspiração e expiração ter-se-ia a respiração que constitui
condição fundamental de vida. (LÜCK, 2009 p. 36).
Logo, devemos nos reportar a ideia de escola enquanto organismo vivo,
um corpo. Um sistema que precisa funcionar em simultaneidade, para que
assim haja o sucesso do mesmo. Percebemos que essa analogia de escola a
organismo vivo pode e deve ser compartilhada, já que em ambos os sistemas
deve-se evitar a falência dos órgãos/subsistemas e deve-se priorizar o bom
funcionamento, ou seja, “a união faz a força” (indica desenvolvimento e
33
expansão em grau qualitativo). Ainda nesta perspectiva de união de forças,
contribuições de subsistemas, e de acordo com Grinspun:
O contexto atual traz à escola e suas lideranças questões
que, para além dos conteúdos específicos do currículo,
requerem um trabalho inter e transdisciplinar de formação
/ação educativa. E os supervisores e orientadores
educacionais, unidos em torno dessas questões,
estimulam e lideram os estudos e práticas do cotidiano
escolar. (GRINSPUN, 2005, p. 121).
No entanto, não nos esqueçamos de que, para haver liderança se faz
necessária a motivação. A motivação é algo intrínseco ao comportamento
humano, nenhum sujeito é capaz de motivar o outro, no máximo, pode lançar
estímulos que venham a desencadear o processo de motivação em si.
(Vigotsky, 1991) atribui às palavras como sendo fonte de inspiração do
comportamento humano, observe:
O comportamento humano tem uma ação
transformadora!...! as palavras desempenham um papel
central não só no desenvolvimento do pensamento, mas
também na evolução histórica da consciência como um
todo. (VIGOTSKY apud GRINSPUN, 2005, p. 65).
A palavra é motivacional, multifacetada, ela tem força, tem poder. Para
Foucault:
O poder não é uma coisa que está num determinado
lugar, mas algo que flui entre os sujeitos em relação; esta
é uma característica inalienável dos relacionamentos
humanos. Assim, a questão passa a ser não negá-lo, mas
discutir sua forma de exercício e a serviço de que e de
quem se coloca. (FOUCAULT apud VASCONCELLOS,
2010, p. 53).
34
Assim, é necessário que a equipe diretiva compreenda o poder da
liderança através da palavra. E, sendo por meio da palavra que se veicula as
informações que fazem parte do cotidiano escolar, deste modo, as relações de
poder estabelecidas na escola não devem ser impostas e sim partilhadas.
Logo,
O poder não se situa em níveis hierárquicos, mas nas
diferentes esferas de responsabilidade, garantido relações
interpessoais entre sujeitos iguais e ao mesmo tempo
diferentes. Essa diferença dos sujeitos, no entanto, não
significa que um seja mais que o outro, ou pior, ou melhor,
mais ou menos importante, nem concebe espaços para a
dominação ou subserviência, pois estas são atitudes que
negam a cidadania. As relações de poder não se realizam
na particularidade, mas na intersubjetividade da
comunicação entre os atores sociais. Nesse sentido, o
poder é decisório necessita ser desenvolvido com base
em colegiados consultivos e deliberativos. (BORDIGNON
e GRACINDO, 2002, p. 151-152).
Contudo, uma liderança não se constitui apenas de palavras, mas, é
constituída também nas relações de poder. Na realidade, existem diversas
ações, fatores e circunstâncias situacionais que contribuem para tal.
Apresentamos, então, algumas considerações segundo Heloísa Lück, que diz
que:
Alguns elementos emergem como características comuns
de atuações de lideranças efetivas e que, portanto,
compõem o seu significado:
• Influência sobre pessoas, a partir de sua motivação
para uma atividade;
35
• Propósitos claros de orientação, assumidos por
essas pessoas;
• Processos sociais dinâmicos, interativos e
participativos;
• Modelagem de valores educacionais elevados;
• Orientação para o desenvolvimento e aprendizagem
contínuos. (LÜCK, 2009 p. 35).
Em suma, não existe uma “receita” ou uma “fórmula mágica” a ser
seguida por quem busca a liderança, porém existem alguns traços que se
assemelham quando percebemos determinadas características. É preciso
atentar que a liderança abordada nesta pesquisa está totalmente interligada no
âmbito educacional através da Supervisão Escolar, devido ao fato deste cargo
pertencer à equipe diretiva da escola. Sabemos ainda que existe o cargo de
diretor, mas, temos convicção de que cabe a toda e qualquer equipe
pedagógica o exercício da liderança através de uma Gestão Democrática,
assim sendo:
Liderança é, pois, um conceito complexo que abrange um
conjunto de comportamentos, atitudes e ações voltado
para influenciar pessoas e produzir resultados, levando
em consideração a dinâmica das organizações sociais e
do relacionamento interpessoal e intergrupal no seu
contexto, superando ambiguidades, contradições,
tensões, dilemas que necessitam ser mediados à luz de
objetivos organizacionais elevados. Com relação a essa
prática pelo diretor escolar, amplos estudos têm indicado
que, no enfrentamento dos inúmeros dilemas,
ambivalências, tensões e dificuldades por ele enfrentados,
o seu sucesso se assenta sobre seu entusiasmo proativo,
orientado por valores educacionais consistentes e sólidos,
tendo como foco o desenvolvimento de uma cultura de
36
aprendizagem significativa na escola. (REYNOLDS, apud
LÜCK, 2009, p.37).
Portanto, após termos definido alguns conceitos de liderança, e, de
termos compartilhando as ideias e pensamentos de autores ilustres que muito
contribuíram para o desenvolvimento da educação. Partiremos então, para a
análise das questões que fazem parte do ato, ou melhor, do processo de
execução da liderança, que são: autonomia e autoridade.
3.1 Autonomia
Autonomia é uma palavra que sugere independência, capacidade de
tomar suas próprias decisões. Mas, cabe a nós atrelarmos o sentido desta
palavra à liderança educacional, para sabermos como o exercício das ações
autônomas pode beneficiar a supervisão escolar, e consequentemente, a
educação de nosso país. Para isso, contamos com o conceito de autonomia
utilizado por Mírian Grinpun, observe:
Conceitualmente, autonomia pode ser entendida na lógica
de Castoriadis, ou seja, como capacidade de deliberar
sobre si mesmo criando suas próprias normas, em que a
ideia de se fazer ser sem ser alienado ao mundo, ou seja,
não criar normas que o isole como a um neuropatológico
mas, ao contrário permita aproximações com a realidade
de forma mais ativa e menos passiva. (GRINSPUN, 2005,
p. 83).
Ainda na tentativa de melhor ilustrar o sentido da palavra e para que
consigamos perceber a importância do uso da autonomia na liderança do
universo escolar, que pedagogicamente é também denominada de gestão
escolar. Assim, segundo Libâneo:
37
Numa instituição a autonomia significa ter poder de
decisão sobre seus objetivos e suas formas de
organização, manter-se relativamente independente do
poder central, administrar livremente os recursos
financeiros. (LIBÂNEO, 2001, p.115).
Assim sendo, quando nos remetemos à gestão escolar, sendo esta uma
gestão democrática, trataremos os assuntos internos com autonomia e esta
deverá ser partilhada por todos da equipe, ou melhor, da comunidade
educacional. Logo, tendo visto algumas conceptualizações de autonomia,
passemos a observar o que é dito a respeito de autoridade assunto que
trataremos a seguir.
3.2 Autoridade
O vocábulo autoridade é comumente visto de forma negativa, por estar
relacionado à ordem, poder, obediência, ou seja, quem manda com quem
obedece e executa as ordens. Porém, Vítor Paro (2010) nos atenta que do
ponto de vista democrático, ela pode ter outro significado, de que é a
“concordância livre e consciente das partes envolvidas”, autoridade
democrática. Ele esclarece que:
(...) a autoridade é um tipo especial de poder estabilizado
denominado “poder legítimo”, ou seja, aquele em que a
adesão dos subordinados se faz como resultado de uma
avaliação positiva das ordens e diretrizes a serem
obedecidas. Apenas nessa (...) acepção pode-se dizer
que a autoridade se insere numa forma democrática de
exercício do poder, na medida em que a obediência
ocorre sem prejuízo da condição de sujeito (...). Toda
38
negação dessa condição democrática de autoridade deve
ser interpretada como autoritarismo (...). (PARO, 2010,
p.774).
É corriqueira a confusão entre autoridade e autoritarismo (Vasconcellos,
2002) diz que: “O autoritarismo é uma questão cultural muito séria”, e completa:
...O autoritarismo está impregnado nas nossas relações e,
o que é pior, não nos damos conta dele, a influência de
nosso tipo de colonização (dependente, predatório) e,
mais recentemente, do regime militar, está para ser
decifrada ainda. Podemos ver o reflexo disto no ambiente
acadêmico ou escolar, que deveria ser, por excelência, o
espaço do debate, do confronto de ideias e posições, de
cooperação e decisões coletivas. Todavia, o que se
observa é algo muito distante de tal perspectiva. Parece
que se instalou uma espécie de ciclo vicioso entre o
autoritarismo e o infantilismo: a postura dogmática de
alguns alimentando a atitude infantil de muitos.
(VASCONCELLOS, 2002, p.51).
O autor vai além e sintetiza para nós esta estranha relação
caracterizando os atores da cena, que, provavelmente, já presenciamos nos
palcos da vida. Veja:
Quando analisamos a questão do autoritarismo, nos
deparamos com duas grandes pragas, duas atitudes que
acabam constituindo um perverso par complementar:
• Autoritarismo: dogmatismo, ser dono da verdade,
não ter autocrítica, cercear o direito de expressão do
outro;
39
• Infantilismo: omissão, não lutar por seus direitos,
comodismo, cinismo, demissão em ação. (Ibidem, 2002,
p.112).
Tal cenário não deveria fazer parte do ambiente sócio interacional que
deve ser constituído na escola. É inconcebível que profissionais da educação
em pleno século XXI ainda tenham tal comportamento. Corroboramos Vítor
Paro:
No que diz respeito à estrutura administrativa também há
algumas transformações urgentes a serem processadas.
A mais abrangente delas diz respeito a uma mudança
radical na forma de organização do poder e da autoridade
na gestão da escola. A forma hierarquizada e unipessoal
da atual direção escolar é menos compatível com os
objetivos democráticos da educação do que formas
alternativas de gestão colegiada. (PARO, 2008, p.131).
Com isso, esclarecemos que a autoridade democrática no ambiente
escolar é permitida, no entanto, o autoritarismo não deve ser tolerado pelos
profissionais da educação que convivem neste ambiente.
3.3 O papel do líder formador
No exercício de suas práticas cotidianas, a Supervisão Escolar está
encarregada de assumir o papel de líder formador. Exercer o papel de líder é
algo complexo, sendo este, ainda, um papel formador o torna mais complicado.
Libâneo diz que:
Quem ocupa cargo de liderança como diretor ou
coordenador pedagógico precisa despor-se do
40
posicionamento de predominante autocrático para
possibilitar o desenvolvimento de um clima em que todos
contribuam com ideais, críticas, encaminhamentos, pois a
gestão e participação pedagógica pressupõem uma
educação democrática. (LIBÂNEO, 2001, p.200).
No entanto, devemos entender o posicionamento do líder para
posteriormente construirmos o conceito de seu papel enquanto formador. Um
líder é alguém que comanda as ações, no entanto, fazendo um contraponto
entre os autores Bologna e Lück, percebemos que eles comungam a mesma
ideia de que uma liderança pode ser feita não só por um único líder, mas por
vários deles que consigam desempenhar bem o seu trabalho. E, ambos fazem
apontamentos do que seria um líder ideal. O Prof. Dr. José Ernesto Bologna
discorre em seu vídeo “O desenvolvimento da liderança” sobre o líder exemplar
(aquele que serve de exemplo para os outros de sua equipe) e o líder
cenográfico (que é muito superior ao exemplar, porque este é um construtor de
sua equipe, é a pessoa que arma o cenário para que os outros possam atuar, é
o cenógrafo dos talentos dos outros). Já a Profª. Dra. Heloísa Lück apresenta
uma teoria abordando três estilos de liderança: o laissez faire (deixar fazer,
com sentido de “rédeas soltas”), o autocrático (o dirigente) e o democrático.
Este último, em particular, que depositamos maior atenção, pois o mesmo é
definido por Lück como sendo o de maior valia para o ambiente escolar, veja:
O estilo democrático se assenta sobre a participação e
sobre a tomada de decisão compartilhada, seguidas de
ações colaborativas, em que, em equipe, os membros da
organização assumem responsabilidades conjuntas pelo
seu desenvolvimento e realização de objetivos elevados.
Ele está associado à criação de uma cultura de liderança
disseminada em toda a organização e, portanto,
altamente compatível com os objetivos educacionais de
formação para a cidadania. O sucesso da escola, em
promover tal formação está diretamente assentado na
41
combinação de energia e esforços em conjunto de muitas
pessoas na realização da sua missão – energias e
esforços que, aliás, pela canalização proativa,
transformam-se em novas competências para o
enfrentamento dos desafios educacionais. (LÜCK, 2009 p.
78).
Assim, compreendemos que embora aos tipos de liderança sejam
atribuídas nomenclaturas variadas, a proposta do líder cenográfico de
Bologna e o estilo democrático de Lück possuem traços e características
comuns. Ou seja, as ideias dos autores se convergem quanto ao modelo de
liderança ideal.
Precisamos concordar que esta visão de liderança escolar democrática é
o sonho de muitas instituições de ensino, porém deveria sê-lo realidade, pois
esse modelo de gestão democrática está previsto em lei. O artigo 206 da
Constituição Federal informa que “O ensino será ministrado com base nos
seguintes princípios: (...) VI – gestão democrática do ensino público, na forma
da lei.”. Assim também ocorre na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) em seu VIII inciso, artigo 3º, que reafirma a Constituição
Federal.
Entretanto, elaborar e fazer funcionar uma gestão democrática não é
algo tão simplório, nem se trata de apenas exercer atividades de que se utilize
de técnicas gerencias. Deve haver foco, afinal, é a partir de uma boa gestão
que se faz uma boa formação. Em (Paro, 2010, p.775) podemos compreender
que “a educação formadora de personalidades humano-históricas requer uma
relação democrática”. Logo:
(...) devem estar em pauta duas dimensões que se
interpenetram mutuamente: de um lado, a explicitação e a
crítica do atual papel do diretor, e de como a direção
escolar é exercida; de outro, a reflexão a respeito das
formas alternativas de direção escolar que levem em
42
conta a especificidade político-pedagógica da escola e os
interesses de seus usuários. (Ibidem, 2010, p.777-778).
Embora, Paro tenha utilizado o termo “diretor”, entendemos que a
afirmativa é válida para toda a equipe diretiva, incluindo assim a supervisão
escolar neste mesmo pacote. É de suma importância que haja uma
autorreflexão dos componentes desse grupo para que se faça valer o direito de
todos. Uma gestão democrática vai além de serviços administrativos, confere
compromisso, engajamento, disciplina, e honestidade.
Uma vez que tenhamos esclarecido os tipos de líderes e lideranças mais
viáveis à formação de um sujeito, retomamos nossa ideia inicial de deixar claro
o papel formador desse líder.
Assim, quanto à tarefa de formação, ou ação de formar, o que se espera
de todo e qualquer profissional da educação, enquanto desempenho de seu
papel de líder formador, é que este, mediante o convívio com seus educandos:
proporcione o bem estar desse sujeito no ambiente escolar; garanta seus
direitos legais; provoque positivamente a busca pelas informações; fomente a
curiosidade a respeito do mundo e de si próprio; proporcione o prazer da
descoberta bem como o incentivo à pesquisa; exponha teorias e métodos para
a aquisição do saber; incite o respeito mútuo entre os seres humanos e as
sociedades; atribua à natureza e ao meio ambiente seu devido valor; e oferte o
exercício da cidadania fazendo com que haja a compreensão do que é ser
cidadão.
43
CONCLUSÃO
A Supervisão Escolar é abordada como tema central desta pesquisa
científica de cunho bibliográfico com o intuito de oportunizar maiores
informações sobre o assunto em questão. Compreendemos que a supervisão
exerce um importante papel no ambiente acadêmico/ educacional, com base
nessa premissa, esta pesquisa esclarece que para além da simples ação de
supervisionar cabe à supervisão a tarefa de desempenhar um papel formador.
A esse respeito, (HEIDRICH, 2009) diz que “Ser formador é oferecer a
teoria e as condições para aprimorar a prática. É reunir opiniões e concepções
da equipe em torno de um projeto pedagógico”. Mais concretamente, para
chegarmos a esse denominador comum, norteamos nossos estudos a fim de
conceituar e dar esclarecimentos a respeito da origem, das atribuições do
cargo, bem como, atestamos as inúmeras contribuições do supervisor na
equipe diretiva. Posteriormente, discorremos sua função de líder no
desempenho de uma liderança exercida de maneira democrática e prevista nas
leis educacionais vigentes em solo brasileiro, entretanto com a nomenclatura
de gestão democrática.
Partindo do pressuposto que a palavra líder sugere relações de poder,
autonomia, autoridade fazendo uma correlação direta traçando o perfil do
supervisor escolar. Contudo, desmistificamos a concepção de que ter
autoridade é exercer autoritarismo, afastamos de uma vez por todas a figura
retrógrada de uma supervisão deturpada adeptas às práticas que
desumanizam as ações humanas, e apresentamos um novo olhar sobre as
funções supervisoras que considerem como primordial a empatia e o
relacionamento humano.
Sendo assim, o cargo de supervisor precisa ser observado com ampla
magnitude, uma vez que é depositada neste profissional a confiança e a
responsabilidade de interconectar os subsistemas constituintes da escola de
forma a proporcionar a integração e a evolução do processo de ensino-
aprendizagem através de um ambiente seguro, com uma educação de
qualidade e totalmente pensada para o desenvolvimento global do educando.
44
Somente assim, estaremos impulsionando de fato o sistema de ensino
do nosso país para que o mesmo ultrapasse o caráter formador e se torne
transformador de toda uma sociedade.
45
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49
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
O PAPEL DA SUPERVISÃO ESCOLAR 10
1.1 Historicidade 11
1.2 A não regulamentação da profissão 13
1.3 Não atribuições da Supervisão 14
1.4 O verdadeiro papel da Supervisão 15
CAPÍTULO II
A IMPORTÂNCIA DA SUPERVISÃO 20
2.1 Administrativa 22
2.2 Pedagógica 25
2.3 Comunitária 28
CAPÍTULO III
SUPERVISÃO E LIDERANÇA 32 3.1 Autonomia 36 3.2 Autoridade 37 3.3 O papel do líder formador 39
CONCLUSÃO 43
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 49