Dissertacao Jeanny Fiuza - UFC
Transcript of Dissertacao Jeanny Fiuza - UFC
18
Universidade Federal do Cearaacute
Faculdade de Medicina Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria
Mestrado em Sauacutede Puacuteblica
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Fortaleza 2008
19
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de
Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Orientador Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho
Filho
Fortaleza 2008
20
F961p Frota Jeanny Fiuza Costa
Prevalecircncia e fatores associados agrave disfagia em idosos residentes em comunidade Jeanny Fiuza Costa Frota- Fortaleza 2008 116f il
Orientador ProfDr Joatildeo Macedo Coelho Filho Dissertaccedilatildeo (Mestrado)-Universidade Federal do Cearaacute Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica Fortaleza-Ce 2008 1 Transtornos de Degluticcedilatildeo 2 Prevalecircncia 3 Idoso I Coelho Filho Joatildeo Macedo (orient) II Tiacutetulo
CDD 61631
21
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Aprovada em_____________
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho Filho (orientador)
Departamento de Medicina Cliacutenica Faculdade de Medicina-UFC
______________________________ Prof Dr Charlys Barbosa Nogueira
Curso de Medicina Universidade de Fortaleza-UNIFOR
____________________________ Profa Dra Heloisa Sawada Suzuki
CEFAC Sauacutede e Educaccedilatildeo Instituto de Gerenciamento da Degluticcedilatildeo
____________________________ Prof Dr Luciano Lima Correia
Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria Faculdade de Medicina-UFC
22
ldquoPlanejamento natildeo diz respeito a decisotildees futuras mas agraves implicaccedilotildees futuras de decisotildees presentesrdquo
Peter Duker
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
19
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de
Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Orientador Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho
Filho
Fortaleza 2008
20
F961p Frota Jeanny Fiuza Costa
Prevalecircncia e fatores associados agrave disfagia em idosos residentes em comunidade Jeanny Fiuza Costa Frota- Fortaleza 2008 116f il
Orientador ProfDr Joatildeo Macedo Coelho Filho Dissertaccedilatildeo (Mestrado)-Universidade Federal do Cearaacute Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica Fortaleza-Ce 2008 1 Transtornos de Degluticcedilatildeo 2 Prevalecircncia 3 Idoso I Coelho Filho Joatildeo Macedo (orient) II Tiacutetulo
CDD 61631
21
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Aprovada em_____________
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho Filho (orientador)
Departamento de Medicina Cliacutenica Faculdade de Medicina-UFC
______________________________ Prof Dr Charlys Barbosa Nogueira
Curso de Medicina Universidade de Fortaleza-UNIFOR
____________________________ Profa Dra Heloisa Sawada Suzuki
CEFAC Sauacutede e Educaccedilatildeo Instituto de Gerenciamento da Degluticcedilatildeo
____________________________ Prof Dr Luciano Lima Correia
Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria Faculdade de Medicina-UFC
22
ldquoPlanejamento natildeo diz respeito a decisotildees futuras mas agraves implicaccedilotildees futuras de decisotildees presentesrdquo
Peter Duker
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
20
F961p Frota Jeanny Fiuza Costa
Prevalecircncia e fatores associados agrave disfagia em idosos residentes em comunidade Jeanny Fiuza Costa Frota- Fortaleza 2008 116f il
Orientador ProfDr Joatildeo Macedo Coelho Filho Dissertaccedilatildeo (Mestrado)-Universidade Federal do Cearaacute Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Sauacutede Puacuteblica Fortaleza-Ce 2008 1 Transtornos de Degluticcedilatildeo 2 Prevalecircncia 3 Idoso I Coelho Filho Joatildeo Macedo (orient) II Tiacutetulo
CDD 61631
21
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Aprovada em_____________
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho Filho (orientador)
Departamento de Medicina Cliacutenica Faculdade de Medicina-UFC
______________________________ Prof Dr Charlys Barbosa Nogueira
Curso de Medicina Universidade de Fortaleza-UNIFOR
____________________________ Profa Dra Heloisa Sawada Suzuki
CEFAC Sauacutede e Educaccedilatildeo Instituto de Gerenciamento da Degluticcedilatildeo
____________________________ Prof Dr Luciano Lima Correia
Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria Faculdade de Medicina-UFC
22
ldquoPlanejamento natildeo diz respeito a decisotildees futuras mas agraves implicaccedilotildees futuras de decisotildees presentesrdquo
Peter Duker
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
21
Jeanny Fiuza Costa Frota
PREVALEcircNCIA E FATORES ASSOCIADOS Agrave DISFAGIA EM IDOSOS RESIDENTES EM COMUNIDADE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao curso de Mestrado em Sauacutede Puacuteblica do Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute como requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Sauacutede Puacuteblica
Aprovada em_____________
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Prof Dr Joatildeo Macedo Coelho Filho (orientador)
Departamento de Medicina Cliacutenica Faculdade de Medicina-UFC
______________________________ Prof Dr Charlys Barbosa Nogueira
Curso de Medicina Universidade de Fortaleza-UNIFOR
____________________________ Profa Dra Heloisa Sawada Suzuki
CEFAC Sauacutede e Educaccedilatildeo Instituto de Gerenciamento da Degluticcedilatildeo
____________________________ Prof Dr Luciano Lima Correia
Departamento de Sauacutede Comunitaacuteria Faculdade de Medicina-UFC
22
ldquoPlanejamento natildeo diz respeito a decisotildees futuras mas agraves implicaccedilotildees futuras de decisotildees presentesrdquo
Peter Duker
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
22
ldquoPlanejamento natildeo diz respeito a decisotildees futuras mas agraves implicaccedilotildees futuras de decisotildees presentesrdquo
Peter Duker
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
23
A Deus que me permitiu tantas conquistas A meus pais que estiveram sempre ao meu lado A meus queridos irmatildeos A minha sobrinha pequena flor que perfuma meus dias A meu namorado que sempre acreditou em meu potencial e apoiou minhas decisotildees A meus queridos idosos que tanto me ensinaram
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
24
AGRADECIMENTOS
Ao professor Joatildeo Macedo Coelho Filho que acreditando em meu potencial e
corrigindo minhas imperfeiccedilotildees construiu uma nova forma de accedilatildeo profissional e de
pensamento cientiacutefico
Ao professor Charlys Barbosa Nogueira que com sua coorientaccedilatildeo construiacuteda com
dedicaccedilatildeo e amizade inspira a minha caminhada acadecircmica
A minha grande amiga e companheira de mestrado Adriana Maria Albuquerque
Ribeiro pelas palavras de incentivo e de forccedila nos momentos difiacuteceis ao longo desta
pesquisa
A Camila Holanda supervisora de campo por todo o seu apoio dado antes durante
e depois da coleta de dados
Aos entrevistadores de campo pelo empenho e dedicaccedilatildeo a mim dispensados
durante a coleta dos dados
Ao Professor Dr Joseacute Wellington meacutedico e epidemiologista por sua dedicaccedilatildeo
competecircncia e orientaccedilatildeo na fase de anaacutelise dos dados
A Thiago Correcirca de Oliveira pelo apoio dado durante toda a construccedilatildeo da
dissertaccedilatildeo
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
25
A Gorethe Gurgel e Zilca Simas por seu apoio logiacutestico sem o qual natildeo seria
possiacutevel a realizaccedilatildeo de pesquisa com tamanha magnitude
Aos amigos e colegas de trabalho do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso por
compreenderem a minha necessidade de tempo para a pesquisa
Aos amigos do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio que apoiaram a minha
caminhada durante o mestrado
Ao diretor da cliacutenica de Atendimento Baacutesico do Instituto de Previdecircncia do Municiacutepio
de Fortaleza (IPM) Dr Antocircnio Reneacute Dioacutegenes Sousa e agrave Dra Maria Nazareacute Ramos
Mousinho coordenadora do setor de terapias do IPM por seu apoio nos momentos
finais de minha dissertaccedilatildeo
Aos professores e agrave coordenaccedilatildeo do mestrado pelos ensinamentos passados ao
longo das disciplinas
Agrave secretaria do mestrado pelo auxiacutelio a mim prestados no decorrer do processo de
formaccedilatildeo
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
26
RESUMO
Introduccedilatildeo A disfagia sintoma que acompanha algumas das doenccedilas mais prevalentes entre os idosos ainda eacute pouco explorada em niacutevel populacional No entanto constitui fator de risco para o desenvolvimento de pneumonias aspirativas e de outros eventos cliacutenicos o que afirma a importacircncia de se conhecer sua prevalecircncia na populaccedilatildeo idosa Objetivo identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute Meacutetodo Foi realizado inqueacuterito domiciliar com 588 idosos residentes na cidade de Fortaleza Para tanto aplicou-se entrevista estruturada contendo dados soacutecio-demograacuteficos e de sauacutede um instrumento de avaliaccedilatildeo funcional (Katz) e outro de avaliaccedilatildeo dos sintomas relacionados agrave disfagia buscando investigar caracteriacutesticas da fase oral e da fase fariacutengea da degluticcedilatildeo Realizou-se anaacutelise bivariada da variaacutevel dependente (idosos com disfagia) e das variaacuteveis independentes (dados soacutecio-demograacuteficos cliacutenicos e epidemioloacutegicos) Utilizou-se o software STATA considerando intervalo de confianccedila de 95 e valor de Plt005 Foram excluiacutedos da anaacutelise todos os idosos que utilizavam via alternativa de alimentaccedilatildeo Resultados Dos 588 idosos entrevistados 577 foram incluiacutedos como amostra A prevalecircncia geral de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 A prevalecircncia foi de 1005 para disfagia oral 1144 para disfagia fariacutengea 555 para disfagia orofariacutengea Na anaacutelise bivariada houve maior prevalecircncia de disfagia entre idosos com mais de 80 anos (p=000) entre viuacutevos (p= 000) e entre aqueles menos escolarizados (lt 3anos de estudo) (p=0001) assim como idosos dependentes (p=000) Tambeacutem mostraram maior prevalecircncia de disfagia aqueles portadores de demecircncias (p=000) de doenccedila de Parkinson (p= 0028) Infarto do Miocaacuterdio (p=0025) e doenccedilas reumatoloacutegicas (p= 0006) Conclusatildeo Trata-se do primeiro estudo populacional sobre disfagia realizado no Brasil e que contempla a populaccedilatildeo idosa Foi observada uma elevada prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada Constatamos que alguns grupos populacionais de idosos como viuacutevos menos escolarizados portadores de demecircncias e doenccedila de Parkinson apresentaram uma prevalecircncia maior de disfagia Estudos prospectivos visando mensurar o impacto de tais accedilotildees na vida dos idosos disfaacutegicos e no sistema de sauacutede se fazem necessaacuterios Palavras-chave disfagia idosos prevalecircncia comunidade
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
27
ABSTRACT
Introduction The dysphagia symptoms that accompany some of the most prevalent diseases among the elderly is still little explored in population level However it is a risk factor for the development of aspiration pneumonia and other clinical events which affirms the importance of knowing their prevalence in the elderly Objective To identify the prevalence of dysphagia in elderly residents in an urban area of the city of Fortaleza Cearaacute Method household survey was conducted with 588 elderly residents in the city of Fortaleza Thus structured interview was applied containing socio-demographic data and health a tool for functional assessment (Katz) and in the evaluation of symptoms related to dysphagia seeking investigate characteristics of oral and pharyngeal phase of swallowing Bivariate analysis was carried out of the dependent variable (elderly with dysphagia) and the independent variables (socio-demographic data clinical and epidemiological) Using the software STATA considering the confidence interval of 95 and value of P lt005 Were excluded from the analysis all the elderly who used alternative power Results Of the 588 seniors surveyed 577 were included as sample The overall prevalence of dysphagia in the population studied was 2704 The prevalence was 1005 for dysphagia oral pharyngeal dysphagia to 1144 555 for oropharyngeal dysphagia In bivariate analysis there was a higher prevalence of dysphagia among elderly over 80 years (p = 000) and widowed (p = 000) and among those less educated (lt3anos of study) (p = 0001) and as dependent elderly (p = 000) Also showed higher prevalence of dysphagia those of dementia patients (p = 000) Parkinsons disease (p = 0028) myocardial infarction (p = 0025) and rheumatic diseases (p = 0006) Conclusion This is the first population study conducted in Brazil on dysphagia and that includes the elderly population There was a high prevalence of dysphagia in the population studied Found that some groups of elderly and widowed less educated people with dementia and Parkinsons disease had a higher prevalence of dysphagia Prospective studies to measure the impact of such actions on the lives of elderly dysphagic and the health system are needed Keywords Dysphagia elderly prevalence population
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
28
RELACcedilAtildeO DE GRAacuteFICOS E FIGURAS
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (IBGE)21
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (IBGE)21
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser
percorrido54
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-
29
RELACcedilAtildeO DE TABELAS
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de
literatura35 Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso que vive em
comunidade39 Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200860
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e
nuacutemero de internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes
no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200861
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200863
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia oral de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200864
Tabela 7Sinais e sintomas relacionados agrave disfagia fariacutengea de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200865
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro
Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 200866
30
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de
uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza
no ano de 200867
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos
12 meses e internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200868
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra
de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
200869
31
Relaccedilatildeo de Abreviaturas e Siglas NC- Nervo craniano
AVDs- Atividades de vida diaacuteria
IDHM-B- Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento Humano do Municiacutepio- por bairro
BOMFAC- Brazilian Multidimensional Functional Assessment Questionare
BOAS- Brazilian Old Age Schedule
MIF- Medida de Independecircncia Funcional
OPAS- Organizaccedilatildeo Pan Americana de Sauacutede
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
32
SUMAacuteRIO
1 Introduccedilatildeo18
11 Consideraccedilotildees gerais18
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento19
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo22
131 Fase oral da degluticcedilatildeo22
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo24
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo25
14 Aspectos gerais da disfagia26
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo28
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo29
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da
degluticcedilatildeo29
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos30
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso34
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede41
18 Justificativa do estudo42
2 Objetivos44
21 Objetivo geral44
22 Objetivos especiacuteficos44
3 Meacutetodo45
31 Delineamento45
32 Local da pesquisa46
33
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra47
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores48
35 Treinamento da equipe de entrevistadores48
36 Estudo-piloto49
37 Supervisatildeo e controle de qualidade49
38 Instrumentos50
39 Sistemaacutetica das entrevistas52
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis55
311 Anaacutelise estatiacutestica57
312 Consideraccedilotildees eacuteticas58
4 Resultados59
41 Caracteriacutesticas soacuteciodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada59
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada64
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada66
5 Discussatildeo70
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada70
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada75
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada 80
6 Conclusatildeo88
7 Recomendaccedilotildees90
8 Referecircncias bibliograacuteficas91
9 Apecircndice100
Apecircndice A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia101
34
Apecircndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido112
10 Anexo114
Anexo A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica115
Anexo B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes em
uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica116
35
1 Introduccedilatildeo 11 Consideraccedilotildees Gerais
Como consequumlecircncia do aumento na expectativa de vida da populaccedilatildeo
mundial observa-se um crescimento significativo do segmento de pessoas idosas
(idade igual ou acima de 60 anos) nas piracircmides etaacuterias (BRASIL 1996) O
envelhecimento populacional vem sendo observado tanto nos paiacuteses de melhores
condiccedilotildees socioeconocircmicas e culturais como tambeacutem em paiacuteses que estatildeo
buscando essas melhorias O Brasil eacute exemplo de um paiacutes em desenvolvimento que
estaacute passando por uma inversatildeo em sua piracircmide etaacuteria semelhante agrave que ocorreu
nos paiacuteses desenvolvidos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Adultos e idosos satildeo principalmente os mais acometidos por doenccedilas
crocircnico-degenerativas que representam uma das principais causas de incapacidade
e de morte Com o aumento gradual de idosos no Brasil tais doenccedilas vecircm-se
tornando cada vez mais prevalentes e apresentam grande impacto na qualidade de
vida dos doentes Compromete em muitos casos a capacidade de realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) dentre elas alimentar-se uma das mais
frequumlentemente acometidas As doenccedilas mais prevalentes na populaccedilatildeo idosa
constituem um desafio para a sauacutede puacuteblica brasileira fazendo-se necessaacuterias
accedilotildees tanto de prevenccedilatildeo quanto de controle dessas doenccedilas e de suas
consequumlecircncias
Mesmo na ausecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas os idosos podem
apresentar alteraccedilotildees na capacidade de alimentar-se Estas podem ser ocasionadas
pela reduccedilatildeo do tocircnus da musculatura pela ausecircncia parcial ou total de dentes ou
36
por deficiecircncia em outros fatores responsaacuteveis pelo mecanismo da degluticcedilatildeo As
alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo satildeo chamadas genericamente de
disfagia que se caracteriza pela dificuldade ou pela sensaccedilatildeo de dificuldade na
passagem do alimento soacutelido eou liacutequido da cavidade oral ao estocircmago (JACOBI
LEVY SILVA 2003 COLIN 2004) A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo embora
seja um tema relevante tem sido pouco investigada em estudos de larga escala
Considerando-se que a disfagia pode ser o sintoma inicial de vaacuterias doenccedilas
como Doenccedila de Parkinson doenccedilas esofaacutegicas e neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo
eacute importante que seja diagnosticada correta e precocemente
12 Aspectos epidemioloacutegicos do envelhecimento
O homem conseguiu ampliar a sua expectativa de vida provavelmente pelos
avanccedilos na Medicina da melhoria das condiccedilotildees sanitaacuterias da descoberta de novos
faacutermacos e do tratamento de doenccedilas de alta letalidade na populaccedilatildeo idosa Essa
mudanccedila da expectativa de vida eacute ocasionada dentre outros fatores pela
diminuiccedilatildeo da mortalidade permitindo uma inversatildeo na composiccedilatildeo etaacuteria (RAMOS
2002)
Na deacutecada de 80 as projeccedilotildees para a Ameacuterica Latina indicavam que a
populaccedilatildeo geral passaria de 3637 milhotildees em 1980 para 8036 milhotildees em 2000
demonstrando um crescimento de 120 Jaacute a populaccedilatildeo de idosos poderia
aumentar de 233 milhotildees em 1980 para 782 milhotildees em 2000 o que significaria
um aumento de 236 percentual duas vezes maiores do que o da populaccedilatildeo total
(KALACHE VERAS RAMOS 1987)
37
Nos uacuteltimos 20 anos intensificou-se o processo de envelhecimento da
populaccedilatildeo brasileira motivado pela reduccedilatildeo nas taxas de fecundidade e de
mortalidade infantil pela melhora nas condiccedilotildees de saneamento e de infra-estrutura
baacutesica Esse processo no Brasil estaacute ocorrendo de forma acelerada a projeccedilatildeo do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) eacute que o Brasil passe de 2205
milhotildees de idosos em 1950 para 33882 milhotildees em 2025 (FUNDACcedilAtildeO IBGE
1984) podendo ser em 2025 a sexta populaccedilatildeo de idosos do mundo em termos
absolutos (KALACHE VERAS RAMOS 1987 RODRIGUES RAUTH 2002
ROUQUAYROL KERR-PONTES 2003)
No ano de 1991 o Brasil era povoado por cerca de 10722705 idosos dentre
eles 3087586 residiam na regiatildeo nordeste dos quais 490505 estavam no Estado
do Cearaacute (77 da populaccedilatildeo total do estado) (FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991) No uacuteltimo
censo brasileiro em 2000 contabilizaram 14536029 pessoas com mais de 60 anos
de idade (86 da populaccedilatildeo brasileira) No mesmo Censo o nuacutemero de idosos na
regiatildeo nordeste era de 4020857 correspondendo a 84 da populaccedilatildeo na regiatildeo
A populaccedilatildeo idosa de Fortaleza era de 160148 pessoas o que correspondia a 75
do total da populaccedilatildeo No mesmo censo no bairro Rodolfo Teoacutefilo em Fortaleza
onde foi realizada a pesquisa contabilizaram 1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE
2000)
Para melhor ilustrar essa realidade nas figuras 1 e 2 pode-se observar a
projeccedilatildeo da piracircmide populacional brasileira para 2050 proposta pelo IBGE nas
quais se visualiza a equiparaccedilatildeo do nuacutemero de idosos com o das demais faixas
etaacuterias
38
Figura 1 Piracircmide etaacuteria brasileira em 1980 (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Figura 2 Projeccedilatildeo para 2050 da piracircmide etaacuteria brasileira (FUNDACcedilAtildeO IBGE)
Esse panorama reafirma a necessidade de se ampliar o nuacutemero de pesquisas
nas aacutereas da Geriatria e da Gerontologia o que permitiraacute uma maior aceitabilidade e
proximidade dos resultados com a comunidade brasileira
Com o advento das medicaccedilotildees para as doenccedilas infecto-contagiosas
cresceu a expectativa de vida aumentando assim o nuacutemero de idosos e
ocasionando uma maior prevalecircncia de doenccedilas crocircnico-degenerativas que
39
promovem uma seacuterie de alteraccedilotildees no organismo e nas funccedilotildees que o indiviacuteduo
realiza no seu dia-a-dia Dentre essas alteraccedilotildees a que mais se destaca nesse
estudo eacute a dificuldade de degluticcedilatildeo
13 Anatomia e fisiologia da degluticcedilatildeo
A degluticcedilatildeo eacute uma funccedilatildeo complexa iniciada pelo Sistema Nervoso Central
que desencadeia atividades orais fariacutengeas e esofaacutegicas dentre elas a
movimentaccedilatildeo da liacutengua a participaccedilatildeo da faringe e a elevaccedilatildeo do esfiacutencter
esofaacutegico
Todo o processo de degluticcedilatildeo eacute comandado pelos nervos cranianos (NC) IV
V VII X e XII (COLIN 2004) e envolve cerca de 50 muacutesculos exigindo que as
estruturas anatocircmicas da orofaringe e a conduccedilatildeo nervosa estejam intactas e que
haja uma perfeita correlaccedilatildeo entre respiraccedilatildeo e degluticcedilatildeo A degluticcedilatildeo deve durar
20 segundos do seu iniacutecio ateacute o fim e envolve trecircs fases a fase oral a fase fariacutengea
e a fase esofaacutegica (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004 MORRIS 2005)
131 Fase oral da degluticcedilatildeo
Inicia-se essa fase no momento em que o alimento entra na boca Eacute
voluntaacuteria e subdividida em preparatoacuteria e de transporte do bolo alimentar A fase
preparatoacuteria consiste em preparar o bolo alimentar com a fragmentaccedilatildeo do alimento
Nessa fase haacute a participaccedilatildeo principalmente dos muacutesculos Orbicular da boca e
Bucinador responsaacuteveis por manter o bolo alimentar dentro da boca e posicionaacute-lo
40
atraacutes dos dentes A reduccedilatildeo do bolo alimentar em partiacuteculas menores tem a
participaccedilatildeo dos muacutesculos temporal masseter e pterigoacuteides medial e lateral Os
muacutesculos intriacutensecos da liacutengua inervados pelo nervo Hipoglosso (NC XII) sempre
ajudam na manipulaccedilatildeo do bolo como tambeacutem facilitam o movimento de balanceio
da mastigaccedilatildeo
Nessa fase o palato mole projeta-se para frente para manter o bolo alimentar
sobre a liacutengua ao mesmo tempo em que a nasofaringe se abre para a respiraccedilatildeo
As informaccedilotildees sensoriais captadas pelas ceacutelulas sensitivas da ponta da liacutengua e
do palato fornecem informaccedilotildees sobre a localizaccedilatildeo do bolo alimentar e seu
tamanho atraveacutes das fibras eferentes do nervo Trigecircmeo (NC V) A modulaccedilatildeo da
amplitude dos movimentos peristaacutelticos depende da viscosidade do bolo alimentar
Os receptores quiacutemicos e teacutermicos da liacutengua fornecem informaccedilotildees importantes
sobre o bolo As glacircndulas salivares sublinguais paroacutetidas e submandibulares satildeo
inervadas pelas fibras secretoras simpaacuteticas do nervo Glossofariacutengeo (NC IX) e do
nervo Facial (NC VIII) A estimulaccedilatildeo eferente na cavidade oral eacute transmitida ao
sistema nervoso que por sua vez estimula os nuacutecleos salivares A produccedilatildeo de
saliva ocorre durante toda a fase preparatoacuteria oral durante a formaccedilatildeo e a ingestatildeo
do bolo alimentar
Apoacutes a mastigaccedilatildeo e a formaccedilatildeo de um bolo alimentar apropriado inicia-se a
fase de transporte Esta tem iniacutecio com o movimento voluntaacuterio do conteuacutedo para a
porccedilatildeo posterior da liacutengua pressionando a ponta da liacutengua contra o palato duro
Com essa pressatildeo os receptores mecacircnicos iniciam a movimentaccedilatildeo peristaacuteltica da
liacutengua Como o bolo alimentar estaacute se deslocando para a orofaringe a laringe se
eleva involuntariamente por estiacutemulo das terminaccedilotildees nervosas dos nervos
Glossofariacutengeo (NC IX) e Vago (NC X) A duraccedilatildeo normal da fase de transporte
41
0ral varia de 1 a 125 segundos (SCHINDLER KELLY 2002 DAHLIN 2004
MORRIS 2005)
132 Fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Essa fase tem iniacutecio com a ativaccedilatildeo ou do nervo Genioglosso ou do nervo
Milo-hioacuteide Posteriormente o muacutesculo Estiloglosso puxa a porccedilatildeo posterior da
liacutengua enquanto o Palatoglosso levanta a mesma porccedilatildeo da liacutengua e baixa o palato
mole O restante do muacutesculo supra-hioacuteide se contrai deslocando o osso hioacuteide para
cima Desse modo a laringe eleva-se e anterioriza-se com a compressatildeo da maxila
Os muacutesculos Velofaringeanos (elevador do Veacuteu palatino Palatofariacutengeo e o muacutesculo
Tensor do veacuteu e da uacutevula) unem-se para fechar a nasofaringe durante a passagem
do bolo alimentar pela faringe As accedilotildees coordenadas da musculatura Supra-
hioacuteidea da elevaccedilatildeo lariacutengea e do reposicionamento anterior fornecem o aporte
para a inversatildeo da epiglote pelo bolo Enquanto a epiglote se dobra poacutestero-
inferiormente o bolo estaacute dirigindo-se lateralmente atraveacutes dos seios piriformes O
escoamento para a via aeacuterea eacute impedido pela elevaccedilatildeo lariacutengea pela inversatildeo da
epiglote e pelo fechamento das pregas vocais verdadeiras e falsas A respiraccedilatildeo eacute
momentaneamente interrompida nesse periacuteodo No momento em que o bolo entra
na faringe posterior as contraccedilotildees poderosas dos muacutesculos constritores fariacutengeos
(superior meacutedio e inferior) agem para deslocaacute-lo da orofaringe e da hipofaringe Os
receptores mecacircnicos das tonsilas detectam ininterruptamente a pressatildeo estaacutetica
na orofaringe e continuam a limpeza no local ateacute que natildeo reste mais nada do bolo
alimentar
42
A finalizaccedilatildeo da fase fariacutengea requer a passagem do bolo atraveacutes do esfiacutencter
esofaacutegico superior Esta eacute uma regiatildeo muito pequena com cerca de trecircs a quatro
centiacutemetros de comprimento que tem a funccedilatildeo de prevenir aspiraccedilatildeo e refluxo
esofaacutegico Anatomicamente o esfiacutencter esofaacutegico incorpora o muacutesculo Cricofariacutengeo
assim como algumas fibras dos Constritores fariacutengeos inferiores e das fibras
superiores do muacutesculo Circular do esocircfago O muacutesculo Cricofariacutengeo composto por
fibras horizontais e obliacutequas parece tonicamente ativo em repouso A inibiccedilatildeo da
estimulaccedilatildeo permite o relaxamento do muacutesculo Cricofariacutengeo permitindo a abertura
do esfiacutencter durante a maacutexima elevaccedilatildeo acircntero-superior do osso Hioacuteide O disparo
do inibidor de relaxamento do esfiacutencter esofaacutegico permanece obscuro mas o
relaxamento depende do tamanho do bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN
2000 SCHINDLER KELLY 2002 JACOBI LEVY SILVA 2003)
133 Fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
A fase esofaacutegica comeccedila apoacutes a passagem do bolo pelo esfiacutencter esofaacutegico
O esocircfago eacute um tubo muscular que comeccedila na cartilagem Cricoacuteide e termina no
estocircmago A camada elaacutestica da faringe transforma-se na mucosa muscular do
esocircfago Esta camada se junta agraves camadas interna (longitudinal) e externa
(circunferencial) da musculatura do esocircfago Completamente sob o controle
involuntaacuterio a musculatura externa eacute composta de fibras estriadas que constituem
aproximadamente 5 do esocircfago e das fibras lisas Esta composiccedilatildeo estende-se
ateacute a metade do esocircfago A porccedilatildeo distal do esocircfago eacute composta em quase toda a
sua totalidade de muacutesculo liso e conteacutem outro esfiacutencter manometricamente definido
43
As fibras lisas do muacutesculo especializadas na atividade intriacutenseca tocircnica miogecircnica
criam uma alta pressatildeo no esfiacutencter perto da junccedilatildeo gastresofagiana O nervo Vago
(NC X) mede a inibiccedilatildeo do esfiacutencter esofaacutegico mais baixo em resposta ao estiacutemulo
do bolo assim como a distensatildeo gaacutestrica Com a passagem do bolo pelo esfiacutencter
esofaacutegico inferior a degluticcedilatildeo eacute finalizada
A fase esofaacutegica com seus movimentos peristaacutelticos que impulsionam o bolo
ateacute o estocircmago dura trecircs segundos dependendo da textura e em consistecircncia do
bolo (MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 SCHINDLER KELLY 2002
JACOBI LEVY SILVA 2003)
Satildeo essas as fases da degluticcedilatildeo em pessoas que natildeo apresentam nenhum
tipo de alteraccedilatildeo Os idosos por possuiacuterem flacidez da musculatura facial e da oral e
por apresentarem ausecircncia parcial ou total de dentes (TATEMATSU et al 2004)
dentre outras alteraccedilotildees anatocircmicas e funcionais nos oacutergatildeos responsaacuteveis pela
degluticcedilatildeo podem apresentar alguma alteraccedilatildeo no processo normal de degluticcedilatildeo
Este pode ser alterado por fatores fisioloacutegicos mas pode significar a presenccedila de
doenccedilas Por esse motivo eacute importante o conhecimento sobre a disfagia
14 Aspectos gerais da disfagia
A disfagia caracteriza-se pela dificuldade de deglutir alimentos soacutelidos eou
liacutequidos e geralmente eacute um indicativo de algum processo de adoecimento As
alteraccedilotildees comportamentais que se processam durante a alimentaccedilatildeo devem ser
observadas assim como recusar alimentar-se na presenccedila de outras pessoas natildeo
gostar de determinadas comidas ou bebidas demorar mais tempo durante a
44
alimentaccedilatildeo deixar mais comida no prato realizar muacuteltiplas degluticcedilotildees para
pequenas porccedilotildees de comida e apresentar alteraccedilotildees posturais durante a
alimentaccedilatildeo (DAHLIN 2004) A disfagia tambeacutem pode ser caracterizada pela
dificuldade ou sensaccedilatildeo de dificuldade na passagem do alimento soacutelido eou liacutequido
da cavidade oral ao estocircmago e natildeo eacute considerada uma doenccedila mas sim um
sintoma que pode caracterizar um distuacuterbio do transporte orofariacutengeo ou esofaacutegico
provocado por alteraccedilatildeo como ausecircncia dentaacuteria alteraccedilotildees motoras diminuiccedilatildeo da
forccedila muscular diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo da
faringe e diminuiccedilatildeo dos movimentos peristaacutelticos (JACOBI LEVY SILVA 2003)
As queixas mais frequumlentes satildeo dificuldade de deglutir soacutelidos eou liacutequidos
atraso no reflexo de degluticcedilatildeo sensaccedilatildeo de bolo ou dor na hipofaringe tosse apoacutes
ter engolido o alimento regurgitaccedilatildeo nasal pigarros frequumlentes desconforto toraacutecico
ao deglutir sialorreacuteia alteraccedilotildees vocais apoacutes a alimentaccedilatildeo necessidade de beber
liacutequido para engolir o alimento soacutelido perda de peso e pneumonia de repeticcedilatildeo
Essas queixas podem variar de pessoa para pessoa dependendo da causa da
disfagia e podem vir associadas pois eacute muito comum a combinaccedilatildeo de mais de uma
queixa (JACOBI LEVY SILVA 2003 OLIVEIRA 2003 COLIN 2004)
Deve-se sempre investigar o sintoma disfagia uma vez que ele estaacute
frequumlentemente associado a alguma doenccedila Alguns sintomas satildeo mais comuns
dependendo de sua causa Na disfagia orofariacutengea observa-se dificuldade de iniciar
a degluticcedilatildeo seguida de tosse engasgos e regurgitaccedilatildeo nasal No entanto quando
o alimento apoacutes a degluticcedilatildeo paacutera ou fica preso no esocircfago sugere-se disfagia
esofaacutegica Se a disfagia soacute se manifesta com alimentos soacutelidos sugere-se disfagia
mecacircnica Caso a dificuldade seja para soacutelidos e liacutequidos pressupotildee-se distuacuterbio
neuromuscular Se esta for intermitente acompanhada de dor no peito deve ser
45
aventado espasmo esofaacutegico se for contiacutenuo considerar a hipoacutetese de acalasia
(doenccedila motora caracterizada por diminuiccedilatildeo do peristaltismo esofaacutegico) Jaacute a
disfagia neurogecircnica manifesta-se durante uma doenccedila neuroloacutegica que
desencadeie atrofia cerebral diminuiccedilatildeo do peso cerebral perda de neurocircnios
reduccedilatildeo da siacutentese de neurotransmissores e dificuldade na acomodaccedilatildeo e na
extensatildeo dos movimentos da degluticcedilatildeo o que acontece com mais frequumlecircncia em
idosos e pode ser a primeira manifestaccedilatildeo cliacutenica de doenccedilas neuroloacutegicas
(MACEDO FILHO GOMES FURKIN 2000 JACOBI LEVY SILVA 2003)
141 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase oral da degluticcedilatildeo
Ocorre o prolongamento da fase oral de preparaccedilatildeo do bolo alimentar
aumento do tecido adiposo e conjuntivo da liacutengua reduccedilatildeo da massa muscular e
das unidades motoras funcionais da liacutengua diminuiccedilatildeo da forccedila e da mobilidade
alteraccedilatildeo na propulsatildeo do bolo (TORRES 2002) diminuiccedilatildeo da forccedila na mordida e
na mastigaccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Haacute tambeacutem menor
salivaccedilatildeo e reduccedilatildeo das papilas linguais que juntamente com a diminuiccedilatildeo do
olfato durante o envelhecimento prejudicam a sensibilidade intra-oral (JACOBI
LEVY SILVA 2003) Proacuteteses mal-adaptadas satildeo causa prevalente de disfagia No
estudo realizado por CORTEacuteS et al 2003 constatou-se que cerca de 33 dos
idosos que usavam proacutetese apresentaram disfagia
46
142 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da sensibilidade na laringofaringe diminuiccedilatildeo do poder da
discriminaccedilatildeo sensitiva da laringofaringe atraveacutes do limiar de pressatildeo necessaacuteria
para o reconhecimento do bolo alimentar diminuiccedilatildeo da elevaccedilatildeo anterior da
laringe aumento dos movimentos extras do osso hioacuteide causando uma degluticcedilatildeo
mais lenta que a dos jovens diminuiccedilatildeo do diacircmetro de abertura do segmento
faringo-esofacircgico (JACOBI LEVY SILVA 2003) No estudo realizado por Quintale
Pimentel Berenstein 2002 49 das mulheres com mais de 70 anos de idade
apresentam dificuldades na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo
143 Modificaccedilotildees decorrentes do envelhecimento na fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo
Ocorre diminuiccedilatildeo da amplitude da contraccedilatildeo peristaacuteltica decorrente do
espessamento da musculatura involuntaacuteria diminuiccedilatildeo da pressatildeo de repouso do
segmento faringo-esofaacutegico aumento do efeito do refluxo gastro-esofaacutegico atraso
do esvaziamento esofaacutegico e aumento da dilataccedilatildeo esofaacutegica (JACOBI LEVY
SILVA 2003) Entre as mulheres de 60 a 69 anos de idade 25 relataram sensaccedilatildeo
de parada do bolo no esocircfago entre os homens da mesma faixa etaacuteria esse nuacutemero
aumenta para 40 Quando a idade avanccedila para aleacutem dos 70 anos diminui o
nuacutemero de mulheres com essa sensaccedilatildeo e permanece o nuacutemero de homens
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002)
47
15 Fatores associados agrave disfagia em idosos
Os idosos por serem mais predisponentes agraves doenccedilas possuem maior
facilidade de desenvolverem disfagia A maioria das doenccedilas dos idosos eacute crocircnico-
degenerativa das quais podemos destacar as doenccedilas do sistema nervoso central
(Acidente Vascular Encefaacutelico Demecircncia Multiinfarto Doenccedila de Parkinson
Esclerose Lateral Amiotroacutefica Doenccedila de Alzheimer Tumores do Tronco Encefaacutelico
e Poliomiosite) as cardiopatias as neoplasias de cabeccedila e pescoccedilo e as doenccedilas
do esocircfago (JACOBI LEVY SILVA 2003) Como forma de exemplificar essas
ocorrecircncias seguem abaixo alguns estudos que comprovam o desenvolvimento de
disfagia em idosos enfermos
Em idosos que apresentam patologias diversas como Neoplasia Acidente
Vascular Encefaacutelico Doenccedila de Parkinson Doenccedila de Alzheimer e Atrofia Cerebral
podem ser observados sinais de disfagia Tais sinais satildeo dificuldade de mastigar e
de misturar o alimento agrave saliva manipulaccedilatildeo lenta do bolo na cavidade oral
dificuldade de ejeccedilatildeo do bolo estase do bolo no palato e restos de alimento no
assoalho da boca todos estes na fase oral da degluticcedilatildeo Jaacute na fase fariacutengea pode
ser visualizada em videofluoroscopia a permanecircncia do meio de contraste nas
valeacuteculas e nos recessos piriformes a realizaccedilatildeo de sucessivas degluticcedilotildees para a
limpeza do meio de contraste a reduccedilatildeo da contraccedilatildeo da faringe a reduccedilatildeo da
elevaccedilatildeo do osso hioacuteide e da laringe a reduccedilatildeo da duraccedilatildeo da elevaccedilatildeo da laringe
a dificuldade na abertura da transiccedilatildeo faringoesofaacutegica a permeaccedilatildeo lariacutengea pelo
meio de contraste e a aspiraccedilatildeo durante a degluticcedilatildeo Portanto pode-se sugerir que
as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo satildeo mais comuns quando existe alguma doenccedila
associada (FIORESE et al 2004 SCHELP et al 2004)
48
Grande nuacutemero de pacientes que sofreram Acidente Vascular Encefaacutelico
necessita de sonda de alimentaccedilatildeo e em metade dos casos a disfagia pode
ocasionar a mudanccedila de consistecircncia alimentar de soacutelida para a pastosa
(ELMSTAHL et al 1999) Esses pacientes podem desenvolver pneumonia durante
o periacuteodo de hospitalizaccedilatildeo e com isso passar mais tempo internados do que os
que natildeo desenvolveram disfagia (TEASELL et al 2002 PARKER et al 2004)
Os idosos com demecircncia apresentam alteraccedilatildeo do estado cognitivo o que
contribui para as alteraccedilotildees na alimentaccedilatildeo Estes pacientes apresentam na fase
oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo engasgos tosse fadiga lentidatildeo para deglutir ato de
cuspir incapacidade de mastigar e engolir os alimentos e incapacidade de deglutir
saliva (SANCHES BILTON RAMOS 2000 IKEDA et al 2002) Aleacutem das
dificuldades na fase oral e na fase fariacutengea da degluticcedilatildeo os idosos com a Doenccedila
de Alzheimer necessitam da ajuda de outra pessoa para os momentos de
alimentaccedilatildeo e de higiene oral Eles esquecem que estatildeo se alimentando e
permanecem por muito tempo com o alimento dentro da boca (SANCHES et al
2003) O esquecimento caracteriacutestico da Doenccedila de Alzheimer pode provocar parte
dos transtornos alimentares Muitas vezes os pacientes esquecem que se
alimentaram ou natildeo se alimentam nas horas habituais podendo resultar no aumento
ou na diminuiccedilatildeo do peso Constatou-se que a quantidade de alimentos ingeridos
diminui em 313 dos idosos Aleacutem das alteraccedilotildees jaacute relatadas observa-se
tambeacutem a ingestatildeo de objetos ou de alimentos inapropriados (SANCHES BILTON
RAMOS 2000)
Aleacutem das causas neuroloacutegicas de disfagia deve-se tambeacutem salientar a
importacircncia de se investigar a existecircncia de neoplasias de boca lesotildees ciruacutergicas de
cabeccedila e pescoccedilo que podem estar dificultando a preparaccedilatildeo e a degluticcedilatildeo do bolo
49
alimentar Traqueostomia doenccedilas de tireoacuteide exposiccedilatildeo agrave radiaccedilatildeo lesotildees virais
por herpes ou por citomegalovirus podem tambeacutem levar agrave disfagia
Os distuacuterbios motores esofagianos satildeo a principal causa de disfagia funcional
e de outros sintomas relacionados ao esocircfago como por exemplo a dor toraacutecica
(CLOUSE 1997) As esofagites divertiacuteculos carcinomas espasmos esofaacutegicos
acalaacutesia e esclerodermia satildeo outros agentes etioloacutegicos da disfagia Em pacientes
com doenccedilas do esocircfago a disfagia eacute muito prevalente podendo estar presente em
todos os casos e em muitos casos vem acompanhada de dor toraacutecica e de
regurgitamento (NASCIMENTO LEMME COSTA 2006)
A acalaacutesia promove disfagia constante e de localizaccedilatildeo baixa tanto para os
alimentos soacutelidos quanto para os liacutequidos Essas caracteriacutesticas podem ser
referentes agraves alteraccedilotildees motoras encontradas nessa patologia jaacute que apresenta
distuacuterbio completo da musculatura lisa alterando o peristaltismo e o esfiacutencter
esofagiano inferior (DOMINGUES LEMME 2001)
Por ser comum a presenccedila de muacuteltiplas patologias em idosos o que
consequumlentemente requer a utilizaccedilatildeo de muitos medicamentos dos quais vaacuterios
apresentam como efeito adverso alteraccedilotildees no processo normal de degluticcedilatildeo faz-
se importante conhecer a magnitude da disfagia iatrogecircnica Esta foi dividida em trecircs
categorias disfagia seguida de cirurgia e terapia radioteraacutepica por cacircncer de cabeccedila
e de pescoccedilo disfagia esofaacutegica e disfagia orofariacutengea causada por distuacuterbio
neuroloacutegico iatrogecircnico Existem vaacuterios mecanismos ciruacutergicos e vaacuterios
medicamentos que podem produzir alteraccedilotildees neuroloacutegicas e disfagia orofariacutengea
A disfagia iatrogecircnica ocorre tanto pela quantidade quanto pelo tipo de
medicamento utilizado com o avanccedilar da idade Dentre as alteraccedilotildees de degluticcedilatildeo
causadas por medicamentos pode-se destacar a diminuiccedilatildeo do funcionamento da
50
musculatura involuntaacuteria da mobilidade esofaacutegica e das pressotildees do esfiacutencter
esofaacutegico inferior ressecamento excessivo da cavidade oral (xerostomia) que pode
ser causada por anticolineacutergicos antidepressivos anti-histamiacutenicos
broncodilatadores antiespasmoacutedicos anti-hipertensivos sedativos e hipnoacuteticos
diminuiccedilatildeo do paladar e inibiccedilatildeo do iniacutecio da preparaccedilatildeo do bolo alimentar e do
disparo do reflexo de degluticcedilatildeo (JACOBI LEVY SILVA 2003) Existem estudos
que relatam a influecircncia da utilizaccedilatildeo de medicamentos neuroleacutepticos com efeitos
extrapiramidais no desenvolvimento de disfagia em idosos Dentre as alteraccedilotildees
encontradas podem-se citar diminuiccedilatildeo do niacutevel de excitaccedilatildeo reduccedilatildeo do controle
do Tronco Cerebral na degluticcedilatildeo transtorno de movimentos bloqueio da junccedilatildeo
neuromuscular miopatia diminuiccedilatildeo da sensibilidade da orofaringe alteraccedilotildees
salivares (BUCHHOLZ 1995 SOKOLOFF PAVLAKOVIC 1997)
A diminuiccedilatildeo na salivaccedilatildeo pode prejudicar o rendimento durante a preparaccedilatildeo
do bolo alimentar provocando dificuldades no momento da degluticcedilatildeo
especialmente nos casos de disfagia orofariacutengea neurogecircnica
Muitos medicamentos apresentam accedilatildeo anticolineacutergica que reduz a salivaccedilatildeo
Dentre os mais comuns temos os antidepressivos triciacuteclicos anti-histamiacutenicos e
anticolineacutergicos Mesmo em pacientes com disfagia orofariacutengea apresentando
queixa de sialorreacuteia medicamento com propriedades anticolineacutergicas na maioria dos
casos agrava o quadro Embora os anticolineacutergicos devam reduzir o volume salivar
acompanha o aumento da viscosidade que normalmente torna o manejo da
salivaccedilatildeo mais difiacutecil
O aumento da salivaccedilatildeo eacute resultado da utilizaccedilatildeo de medicamentos que
estimulam a accedilatildeo anticolineacutergica Isso inclui diretamente os antagonistas
colineacutergicos (Betanecol) e anticolinesterases (como piridostigmine e outros faacutermacos
51
utilizados no tratamento da Miastenia Gravis) O benzodiazepiacutenico Clonazepam que
diminui o niacutevel de consciecircncia e dissincroniza o processo de degluticcedilatildeo tambeacutem tem
sido associado ao aumento da salivaccedilatildeo embora esta seja a razatildeo para se
especular que isso deve ser na realidade devido agrave deficiente liberaccedilatildeo da saliva
como resultado da supressatildeo na induccedilatildeo da benzodiazepina pela regulaccedilatildeo cerebral
da degluticcedilatildeo (BUCHHOLZ 1995)
16 Aspectos epidemioloacutegicos da disfagia no idoso
Com o objetivo de identificar estudos sobre a ocorrecircncia de disfagia em
idosos realizamos pesquisa das bases de dados MEDLINE (1966-1996 e 1997-
2008) LILACS SCIELO Coleccedilotildees e Library Cochrane Foram encontrados alguns
estudos direcionados agrave disfagia exclusivamente em idosos (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS 2000 LOW et al 2001
EKBERG et al 2002 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002 SANCHES et
al 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) e outros incluiacuteram em
suas amostras jovens adultos jovens e idosos (CHOUINARD LAVIGNE
VILLENEUVE 1998 ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002
HUDSON et al 2002 SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004) A grande
maioria procurou descrever a disfagia em populaccedilotildees mais restritas e com
caracteriacutestica especiacuteficas buscando identificar queixas de degluticcedilatildeo em pessoas
com doenccedilas relacionadas agrave disfagia
A busca dos artigos foi realizada com os descritores ldquodysphagiardquo ldquoelderlyrdquo
ldquoold peoplerdquo ldquopopulationrdquo e ldquocommunityrdquo para a pesquisa nas bases de dados
52
internacionais ldquodisfagiardquo ldquoidosos e ldquocomunidaderdquo combinadas para as bases
nacionais Essa busca confirmou a escassez de estudos de base populacional para
pesquisar a ocorrecircncia de disfagia em idosos que vivem em comunidade A maioria
teve sua amostra colhida dentro de cliacutenicas hospitais e casas de repouso para
idosos (ver tabela 1)
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continua) Autor principal
Ano da publicaccedilatildeo
Tamanho da amostra
Local do estudo participantes
Delineamento Observaccedilotildees
CHOUINARD
LAVIGNE
VILLENEUVE
1998 47 pacientes Hospital of Sisters
of Clarityat Ottawa
Health Service
(SCOHS)
prontuaacuterio de
pacientes que
morreram no
hospital nos uacuteltimos
dois anos com
diagnoacutestico inicial
de demecircncia
Retrospectivo Objetivo de identificar
sinais cliacutenicos em
pacientes com
demecircncia avanccedilada
associados com morte
por pneumonia
ELMSTAringHL et
al
1999
38 pacientes
Departaments of
Geriatric Medicine
and Neurology
Malmo University
Hospital Sweden
pacientes com
idade entre 53 e 89
anos apresentando
queixa subjetiva de
disfagia apoacutes AVC
Longitudinal
1994-1996
Objetivo de estudar os
efeitos da terapia
fonoaudioloacutegica nas
variaacuteveis nutricionais
e antropomeacutetricas
SANCHES
BILTON
RAMOS
2000
16 idosos
Ambulatoacuterio de
Neuropsiquiatria do
Centro de Estudos
do Envelhecimento
UNIFESPPaciente
s com faixa etaacuteria
de 70 a 91 anos
com demecircncia
Transversal Objetivo de descrever
a prevalecircncia de
alteraccedilotildees na
alimentaccedilatildeo de idosos
demenciados
53
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo) Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
LOW et al 2001 40 idosos Princess Margaret
Hospital
Christchurch New
Zealand pacientes
com Deonccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
dentre outras
patologias
neuroloacutegicas que
fizeram
videofluoroscopia
da degluticcedilatildeo no
referido hospital no
periacuteodo de primeiro
de janeiro de 1996
ateacute trinta de junho
de 1997 pacientes
com deacuteficit
cognitivo desde o
nascimento foram
excluiacutedos
Coorte
retrospectivo
Objetivo de investigar
os desfechos cliacutenicos
e o grau de
cumprimento das
orientaccedilotildees dadas
aos doentes com
disfagia e o efeito do
cumprimento destas
orientaccedilotildees na
incidecircncia de morte
por infecccedilotildees e por
pneumonias
aspirativas
IKEDA et al
2002
23 pacientes
com Demecircncia
Frono-temporal
25 pacientes
com Demecircncia
Semacircntica
43 com Doenccedila
de Alzheimer
Addenbrookenacutes
Hospital
Cambridge
England
Transversal
Objetivo de investigar
a frequumlecircncia de
mudanccedila nos haacutebitos
alimentares e as
consequumlecircncias
dessas mudanccedilas
aplicando questionaacuterio
com os cuidadores
ODA et al
2002
22 pacientes
Setor de
investigaccedilatildeo em
doenccedilas
neuromusculares
da disciplina de
neurologia da
UNIFESP-EPM
Pacientes entre 19
e 74 anos com
Miastenia Grave e
queixa de disfagia
orofariacutengea
Transversal
Avaliaccedilatildeo
fonoaudioloacutegica
nasofibrolaringoscopia
e manometria de
esfiacutencter esofaacutegico
superior com o
objetivo de confirmar
as queixas de
disfagia
54
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Continuaccedilatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
EKBERG et al 2002 360 idosos e 28
profissionais de
sauacutede
Participaram
pacientes e
profissionais de 37
enfermarias e
cliacutenicas distribuiacutedas
pela Alemanhatilde
Franccedila Espanha e
Reino Unido os
pacientes tinham
meacutedia de idade de
71 anos e muitos
apresentavam
doenccedilas graves
como AVC
Doenccedila de
Alzheimer Doenccedila
de Parkinson e
cacircncer
Transversal Objetivo de mensurar
o impacto da disfagia
na qualidade de vida
dos pacientes e a
relaccedilatildeo entre o
suporte psicoloacutegico e
a frequumlecircncia do
diagnoacutestico e do
tratamento da
disfagia
QUINTALE
PIMENTEL
BERENSTEIN
2002
100 idosos
Pacientes com
idade entre 60 e 80
anos que natildeo
possuiacuteam
rebaixamento
cognitivo eou
alteraccedilatildeo
neuroloacutegica
Transversal
Objetivo de avaliar as
mudanccedilas
anatomofisioloacutegicas
da mastigaccedilatildeo e as
modificaccedilotildees nos
haacutebitos alimentares
do indiviacuteduo idoso
normal
HUDSON et al
2002
20 pacientes
Neuromuscular
Clinica at the
University Campus
London Health
Sciences Centre
pacientes com
idades entre 21 e
80 anos com
Miastenia Grave
que referiram
dificuldades de
degluticcedilatildeo
Transversal
Objetivo de
determinar a acuraacutecia
do exame cliacutenico para
predizer a ocorrecircncia
de aspiraccedilatildeo em
pacientes com
Miastenia Grave
determinar a
frequumlecircncia de
aspiraccedilatildeo silenciosa
descrever o padratildeo de
da disfagia
orofariacutengea na
Miastenia Grave
55
Tabela 1 Estudos sobre disfagia no idoso identificados na revisatildeo de literatura (Conclusatildeo)
Autor principal Ano da
publicaccedilatildeo
Tamanho da
amostra
Local do estudo
participantes
Delineamento Observaccedilotildees
SANCHES et
al
2003 26 idosos Ambulatoacuterio de
Geriatria do Centro
de Estudos do
Envelhecimento e
no Departamento
de Diagnoacutestico por
Imagem da
UNIFESP
pacientes com
Doenccedila de
Alzheimer de grau
leve e moderado
com meacutedia de
idade de 825 anos
Transversal
descritivo
analiacutetico
Objetivo de descrever
a dependecircncia na
alimentaccedilatildeo
descrever a dinacircmica
da degluticcedilatildeo nas
fases oral fariacutengea e
esofaacutegica por meio de
videofluoroscopia
comparar o grau de
dependecircncia na
alimentaccedilatildeo entre as
demecircncias leve e
moderada
SCHELP et al
2004
102 pacientes
Hospital das
Cliacutenicas de
Medicina de
Botucatu
Pacientes com 32 a
92 anos de idade
com diagnoacutestico de
AVE hemorraacutegico
ou isquecircmico
internados no
periacuteodo de janeiro
de 2002 agrave janeiro
de 2003
Transversal
Foram realizadas
avaliaccedilotildees cliacutenicas
pelo neurologista e
pelo fonoaudioacutelogo e
exames
complementares TC
de cracircnio
Ressonacircncia
Magneacutetica e
Videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo para
determinar a
incidecircncia de disfagia
apoacutes AVE
FIORESE et al
2004
128 exames de
pacientes
Exames coletados
no acervo dp Setor
de Degluticcedilatildeo do
Centro de Medicina
Diagnoacutestica Fleury
exames de
pacientes com
queixas de disfagia
e com diferentes
doenccedilas de base
AVC Doenccedila de
Parkinson Doenccedila
de Alzheimer
Esclerose Muacuteltipla
Atrofia de Cerebelo
Transversal Objetivo de descrever
e comparar as
alteraccedilotildees de maior
ocorrecircncia nas fases
oral e fariacutengea da
degluticcedilatildeo em
pacientes com idade
entre 20 e 93 anos
56
Estudos em comunidade satildeo muito raros por isso foram encontrados apenas
trecircs estudos (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 e KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) O primeiro foi realizado em 1990 na cidade de
Leiden Holanda como continuaccedilatildeo de um estudo anterior realizado com os idosos
da cidade O estudo realizado em 1991 pesquisou pessoas moradoras de Malmouml
cidade proacutexima agrave Suiacuteccedila e descreveu resultados mais direcionados a alteraccedilotildees
esofaacutegicas O estudo mais recente realizado com o objetivo de estimar a ocorrecircncia
de disfagia em idosos que vivem em comunidade foi realizado no Japatildeo em 2004
(ver tabela 2) Natildeo foram identificados nas bases de dados estudos dessa natureza
realizados no Continente Americano
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (continua)
AUTOR
PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
BLOEM et al 1990
Estudo de Coorte
Determinar a prevalecircncia de disfagia subjetiva em uma populaccedilatildeo de idosos vivendo na comunidade
Local Leiden Holand Populaccedilatildeo alvo 1259 moradores com idade de 85 anos ou mais Coleta destes 1259 977 foram visitados em suas casas em dezembro de 1985 para participarem de anamnese meacutedica e mini exame do estado mental Em agosto de 1988 foi aplicado questionaacuterio sobre dificuldades de degluticcedilatildeo ou presenccedila de engasgos ou os dois Anaacutelise dados sobre degluticcedilatildeo foram avaliados em 136 idosos destes quem respondeu positivamente para pelo menos uma das perguntas sobre dificuldades na degluticcedilatildeo foi considerado disfaacutegico
As respostas fornecidas pelos entrevistados demonstram que a disfagia eacute comum em idosos com mais de 87 anos Como tambeacutem que existe a correlaccedilatildeo entre disfagia e doenccedilas do sistema nervoso central
Dos entrevistados 16 responderam positivamente para pelo menos uma das questotildees A disfagia natildeo estaacute relacionada agrave idade sexo ou escore do mini-mental Doenccedilas do sistema nervoso central ou alteraccedilotildees de esocircfago satildeo mais comuns em disfaacutegicos do que em natildeo disfaacutegicos Seis dos idosos pesquisados apresentaram disfagia severa
57
Tabela 2 Estudos realizados em disfagia no idoso vivendo em comunidade (conclusatildeo)
AUTOR PRINCIPAL ANO
TIPO DE ESTUDO
OBJETIVOS
MEacuteTODO
RESULTADOS
CONCLUSAtildeO
LINDGREN JANZON 1991
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de queixas de degluticcedilatildeo e esofaacutegicas na populaccedilatildeo em geral
Local Malmouml proacuteximo a Suiacuteccedila Populaccedilatildeo alvo 600 pessoas de ambos os sexos divididos nas faixa etaacuteria de 50-59 60-69 e 70-79 Coleta foi enviado para as pessoas questionaacuterio com 44 questotildees sobre problemas durante a alimentaccedilatildeo mudanccedilas no haacutebito alimentar duraccedilatildeo dos sintomas e investigaccedilatildeo de presenccedila de refluxo gastro esofaacutegico Anaacutelise para validar o estudo 46 pessoas com sintomas de obstruccedilatildeo e de refluxo foram entrevistadas por telefone e examinadas por especialista em cabeccedila e pescoccedilo
Dos entrevistados 35 relataram queixa de degluticcedilatildeo ou esofaacutegica onde a mais comum foi a de refluxo gastro esofaacutegico Obstruccedilatildeo do bolo foi relatada por 3 dos entrevistados Engasgos frequumlentes durante a alimentaccedilatildeo foram referidos por 11 das pessoas onde algumas referem engasgos diaacuterios e outras pelo menos uma vez por semana Destes 42 procuraram atendimento meacutedico para pesquisar os engasgos 9 perceberam alteraccedilatildeo vocal
Concluiu-se que o Refluxo gastro esofaacutegico eacute um sintoma comum na populaccedilatildeo e a obstruccedilatildeo eacute menos comum Natildeo foram encontradas doenccedilas orgacircnicas graves nas pessoas examinadas
KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004
Estudo Transversal
Determinar a prevalecircncia de disfagia entre as pessoas idosas que moram em casa em uma comunidade
Local Akita-Ilha Honshu- Japatildeo Populaccedilatildeo alvo 1313 idosos com 65 anos ou mais de idade Coleta foi aplicado questionaacuterio com questotildees sobre caracteriacutesticas sociodemograacuteficas histoacuteria pregressa de AVC doenccedilas e disfagia aleacutem de um questionaacuterio sobre atividades de vida diaacuteria Anaacutelise a pessoa que referir sintomatologia severa foi considerada disfaacutegico os idosos foram divididos em trecircs faixas etaacuterias foi verificado quem apresentava disfagia e depois comparado com as pessoas que tinham histoacuteria de AVC
A prevalecircncia de disfagia no presente estudo foi de 138 A prevalecircncia de disfagia cresce com a idade Natildeo foi encontrada diferenccedila significante entre a quantidade de homens e mulheres difaacutegicos
Concluiu-se que a aplicaccedilatildeo de questionaacuterios de triagem para disfagia na populaccedilatildeo natildeo eacute importante apenas para a prevenccedilatildeo de pneumonias aspirativas mas tambeacutem para manutenccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria A disfagia
apresenta-se em maior quantidade nos que possuem histoacuteria preacutevia de AVC como tambeacutem para os que tecircm problemas de sauacutede e para os que apresentaram menor desempenho na escala de atividades de vida diaacuteria
58
17 Consequumlecircncias da disfagia em idosos e serviccedilos de sauacutede
A disfagia em idosos pode levar a graves consequumlecircncias principalmente
naqueles que se encontram hospitalizados ou institucionalizados A disfagia por
gerar dificuldades na ingestatildeo de alimentos pode levar a quadros de aspiraccedilatildeo
desnutriccedilatildeo depressatildeo e ateacute a morte As refeiccedilotildees estatildeo sempre no foco das
reuniotildees familiares e nas celebraccedilotildees de feriados A disfagia destroacutei as
oportunidades sociais e dificulta a relaccedilatildeo entre paciente e seus cuidadores e
familiares Problemas psicossociais tambeacutem podem advir pois ao apresentar
comportamentos constrangedores ao alimentar-se como engasgar-se tossir ou
espirrar o idoso tende evitar essas situaccedilotildees uma vez que elas podem levaacute-lo ao
isolamento social Constatou-se que pacientes com disfagia passaram a apresentar
sensaccedilatildeo de ansiedade e de pacircnico durante a alimentaccedilatildeo acompanhada de maior
fragilidade falta de autoconfianccedila com limitaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais A maioria dos
doentes que tinham anteriormente o momento das refeiccedilotildees como prazeroso e
como forma de reunir pessoas passaram a evitar esses momentos Assim sendo a
disfagia eacute uma desordem que influencia negativamente a vida do paciente nos
contextos social emocional e funcional diminuindo a qualidade de vida do idoso
(EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO BURDESE 2007)
A pneumonia a desidrataccedilatildeo e a desnutriccedilatildeo tambeacutem provocam grande
transtorno na vida de pacientes e de familiares como tambeacutem ao serviccedilo de sauacutede
Esses eventos satildeo prevalentes nos idosos que apresentam disfagia e favorecem o
aumento do nuacutemero e do tempo de internaccedilatildeo e com alto risco de letalidade
podendo chegar a 50 dos casos (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
NOGALES 1998 RAMOS 2002 HERBERT et al 2003)
59
18 Justificativa do estudo
Natildeo haacute duvidas quanto agrave necessidade de se conhecer a realidade da disfagia
entre a populaccedilatildeo idosa Este sintoma cliacutenico pode ser reflexo de uma infinidade de
doenccedilas que acabam por ocasionar efeitos negativos sobre a sauacutede Estudos
populacionais que retratam a prevalecircncia de sintomas relacionados agrave disfagia em
idosos que vivem em comunidade satildeo raros e este eacute o primeiro realizado no Brasil
com esse perfil o que ressalta a importacircncia da referida dissertaccedilatildeo Caracterizar
esses sintomas poderaacute promover agrave abertura de novas possibilidades de atuaccedilatildeo na
sauacutede do idoso que vislumbrem a prevenccedilatildeo de doenccedilas como as pneumonias
aspirativas aleacutem de outras consequumlecircncias como a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo e a
aspiraccedilatildeo de alimentos
Os resultados da pesquisa podem auxiliar no planejamento do sistema de
sauacutede vislumbrando a prevenccedilatildeo de tais acontecimentos promovendo a reduccedilatildeo
dos gastos com a permanecircncia de idosos em enfermarias e Unidades de Tratamento
Intensivo de muitos hospitais puacuteblicos como tambeacutem podem reduzir a mortalidade
por problemas respiratoacuterios em idosos Em estudo americano a incidecircncia de
disfagia em pacientes internados em hospital entre 1979 e 1989 sofreu aumento de
trecircs casos1000 internaccedilotildees para 10 casos1000 internaccedilotildees (TALLEY et al 1992)
Aleacutem dos impactos na sauacutede fiacutesica a disfagia tambeacutem age no emocional
uma vez que o idoso com disfagia procura o isolamento para privar-se de
constrangimentos no momento da alimentaccedilatildeo Esse comportamento reduz as
habilidades comunicativas e sociais o que favorece o desenvolvimento de
patologias psicossociais e a depressatildeo comprometendo assim a qualidade de vida
do indiviacuteduo
60
A disfagia afeta de forma importante a qualidade de vida de seus portadores
Para o enfrentamento eficiente desses transtornos eacute necessaacuterio que a equipe de
sauacutede e o proacuteprio sistema estejam preparados para lidar com tais aspectos da sauacutede
do idoso e possam realizar as condutas corretas prestando o melhor atendimento e
conhecendo as possibilidades de encaminhamento e de tratamento para a disfagia
Existem muitas diferenccedilas de conduta entre a identificaccedilatildeo e o tratamento da
disfagia e isso pode ser decorrente das diferenccedilas nacionais ou locais existentes
Todavia a diferenccedila entre o nuacutemero de internos com disfagia em cliacutenicas e hospitais
eacute relevante varia de 3 a 50 Essa diferenccedila entre a proporccedilatildeo de pacientes com
disfagia impotildee demandas muito diferentes para os profissionais de sauacutede o que
pode levar a uma diferenccedila na experiecircncia dos meacutedicos para comunicar
diagnosticar ou tratar as dificuldades de degluticcedilatildeo Em estudo realizado com
profissionais de sauacutede de diferentes paiacuteses da Europa os entrevistados relataram
formas diferentes de diagnosticar a disfagia e a dificuldade em realizaacute-lo Alguns
relataram que eacute faacutecil diagnosticar a disfagia observando o paciente no momento da
refeiccedilatildeo Outros acham difiacutecil identificar a disfunccedilatildeo talvez porque acreditem que a
disfagia seja consequumlecircncia de outras doenccedilas graves ou ateacute mesmo em algumas
vezes esteja relacionada agrave depressatildeo (EKBERG et al 2002)
61
2 Objetivos 21 Objetivo geral
Identificar a prevalecircncia de disfagia em idosos residentes em uma aacuterea
urbana da cidade de Fortaleza Cearaacute
22 Objetivos especiacuteficos
bull Identificar a prevalecircncia de sintomas sugestivos nas diferentes modalidades
de disfagia (oral e fariacutengea)
bull Identificar a frequumlecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
bull Identificar o perfil socioeconocircmico de idosos que apresentam disfagia
bull Identificar fatores epidemioloacutegicos demograacuteficos e cliacutenicos associados agrave
ocorrecircncia de disfagia em idosos na comunidade estudada
62
3 Meacutetodo 31 Delineamento
Trata-se de um estudo transversal com base em inqueacuterito domiciliar cujo
objetivo foi pesquisar a presenccedila de disfagia em idosos que vivem no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na regiatildeo metropolitana de Fortaleza Cearaacute nos meses de abril e maio de
2008 Os participantes desse estudo foram avaliados atraveacutes de uma uacutenica
entrevista na qual se investigou a ocorrecircncia de variaacuteveis de interesse em disfagia
No delineamento transversal a avaliaccedilatildeo ocorre no momento estudado natildeo
sendo possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de temporalidade entre as variaacuteveis analisadas
(KELSEY THOMPSON EVANS 1986) Esse delineamento torna possiacutevel a
condiccedilatildeo em um dado ponto no tempo entre aqueles que estatildeo sob o risco de
desenvolvecirc-la Ou seja estima-se a prevalecircncia da condiccedilatildeo sendo por causa
disso tambeacutem denominado de estudo de prevalecircncia (FLETCHER FLETCHER
WAGNER 1988)
63
32 Local da pesquisa
A pesquisa englobou a aacuterea de captaccedilatildeo do Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso do
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute
percorrendo o bairro Rodolfo Teoacutefilo do municiacutepio de Fortaleza Cearaacute (ver figura 3)
Este bairro foi escolhido por ser heterogecircneo possuir pessoas de diversas classes
sociais o que permite a observaccedilatildeo da disfagia em pessoas de diferentes situaccedilotildees
soacutecio-econocircmicas Apenas um bairro foi escolhido para que os idosos pesquisados
pudessem ser acompanhados por uma equipe de profissionais de sauacutede permitindo
a realizaccedilatildeo de um estudo de coorte neste bairro
O bairro Rodolfo Teoacutefilo estaacute localizado na regiatildeo norte da cidade de
Fortaleza no estado do Cearaacute-Brasil Segundo o Iacutendice de Desenvolvimento
Humano do Municiacutepio- por bairro (IDHM-B) da Regional III do municiacutepio de Fortaleza
no ano de 2000 pocircde-se constatar que o Bairro Rodolfo Teoacutefilo apresentou iacutendice
meacutedio em relaccedilatildeo agrave meacutedia de anos de estudo do chefe de famiacutelia alta taxa de
alfabetizaccedilatildeo e baixa renda meacutedia do chefe de famiacutelia (em salaacuterios miacutenimos) Esses
resultados permitem concluir que o bairro Rodolfo Teoacutefilo possui meacutedio iacutendice de
desenvolvimento humano Com esse resultado pode-se comparar o bairro Rodolfo
Teoacutefilo com a grande maioria dos bairros do municiacutepio de Fortaleza pois de 114
bairro oficiais de Fortaleza 66 obtiveram meacutedios iacutendices de IDH 41 obtiveram
baixos iacutendices de IDH e apenas 7 obtiveram altos iacutendices de IDH (Prefeitura
Municipal de Fortaleza- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA
2000)
64
O Bairro foi dividido de acordo com o IBGE em 21 setores censitaacuterios e cada
setor comportava cerca de 250 residecircncias Esse bairro foi selecionado para a
pesquisa por conveniecircncia operacional visto que estaacute localizado no entorno do
Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
33 Populaccedilatildeo alvo e tamanho da amostra
A pesquisa foi realizada com 577 idosos pessoas com sessenta anos ou
mais de idade residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo que tem segundo o uacuteltimo censo
1469 idosos (FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000)
Foram incluiacutedos na pesquisa todos os idosos que residiam na comunidade
em estudo independente de seu estado de sauacutede fiacutesico e mental de sua condiccedilatildeo
social e econocircmica de sua raccedila de seu sexo ou de sua escolaridade Nos casos de
pacientes sondados ou que tenham sido submetidos agrave gastrostomia natildeo foi
necessaacuterio responder as questotildees sobre disfagia pois natildeo poderiam responder o
formulaacuterio com dados referentes ao momento presente mas apenas ao histoacuterico de
sua alimentaccedilatildeo jaacute que no momento da entrevista natildeo estavam com dieta via oral
Foram excluiacutedos do estudo todos os idosos impossibilitados de responder o
formulaacuterio por apresentarem limitaccedilatildeo comunicativa e natildeo disporem de informante
apto para responder as questotildees do formulaacuterio bem como os idosos que se
recusaram a participar do inqueacuterito
65
34 Seleccedilatildeo dos entrevistadores
Foram selecionados curriacuteculos de pessoas com experiecircncia em pesquisa de
campo Os criteacuterios de seleccedilatildeo foram idade escolaridade boa eloquumlecircncia
responsabilidade compromisso disponibilidade de tempo e familiaridade com o local
da pesquisa
Desta seleccedilatildeo foram escolhidos dez entrevistadores cinco estudante de
enfermagem uma estudante de psicologia uma nutricionista duas terapeutas
ocupacionais e uma professora de Ensino Fundamental
35 Treinamento da equipe de entrevistadores
Apoacutes a seleccedilatildeo os entrevistadores receberam treinamento apropriado para
evitar vieses na aplicaccedilatildeo do formulaacuterio buscando a maior qualidade possiacutevel dos
resultados
Durante o treinamento as questotildees foram lidas e discutidas para que todas as
duacutevidas fossem dirimidas Os entrevistadores de campo receberam orientaccedilotildees
sobre como abordar o idoso e seus familiares baseado no Manual da Pesquisa
onde estatildeo todas as definiccedilotildees de variaacuteveis procedimentos de preenchimento do
questionaacuterio forma de correccedilatildeo das questotildees dentre outras informaccedilotildees
Os mapas foram expostos e explicados os entrevistadores foram orientados
como deveriam se guiar pelos mapas e como deveriam percorrer os setores
censitaacuterios passando de casa em casa obedecendo ao sentido horaacuterio de forma a
minimizar o tempo do percurso Apoacutes a demonstraccedilatildeo foram entregues os materiais
66
que seriam utilizados durante as entrevistas Todos os participantes demonstraram
muito interesse e participaram efetivamente do treinamento com perguntas e com
sugestotildees
36 Estudo-piloto
Na semana seguinte ao treinamento os entrevistadores aplicaram o
formulaacuterio em 20 idosos da comunidade com o objetivo de conhecer melhor as
questotildees e perceber as dificuldades no momento da visita Neste momento foram
identificadas as questotildees que necessitavam de reformulaccedilatildeo para facilitar a
compreensatildeo do idoso durante a entrevista Partindo das dificuldades encontradas
as questotildees foram reestruturadas
37 Supervisatildeo e controle de qualidade
Todas as etapas da pesquisa foram devidamente controladas e
supervisionadas pela pesquisadora e pela supervisora de campo desde a seleccedilatildeo
dos entrevistadores ateacute a entrega dos formulaacuterios preenchidos ao digitador
Agrave supervisora de campo coube as seguintes atribuiccedilotildees manter contato direto
com os entrevistadores organizar e entregar semanalmente o material da
pesquisa receber os formulaacuterios preenchidos revisar os formulaacuterios com os
entrevistadores verificar a consistecircncia dos dados colhidos revisitando por
67
amostragem alguns idosos entrevistados preencher a coluna de coacutedigo do
formulaacuterio e encaminhar o formulaacuterio para digitaccedilatildeo
A verificaccedilatildeo da confiabilidade das respostas foi realizada a partir do sorteio
de cinco por cento dos formulaacuterios aplicados para que estes idosos fossem
novamente entrevistados pela supervisora de campo Essa estrateacutegia orientou o
pesquisador nas reuniotildees perioacutedicas com os entrevistadores podendo observar o
desempenho e assim corrigir possiacuteveis falhas na coleta dos dados
38 Instrumentos
Para a coleta dos dados socio-demograacuteficos e de caracterizaccedilatildeo dos idosos
da pesquisa foi utilizado formulaacuterio baseado nos instrumentos Brazilian
Multidimensional Functional Assessment Questionare - BOMFAQ (BLAY RAMOS
MARI 1988) Brazilian Old Age Schedule ndash BOAS (VERAS COUTINHO 1994)
Medida de Independecircncia Funcional - MIF (RIBERTO et al 2001) e Functional
Autonomy Meassurement System - SMAF (HEBERT CARRIER BILODEAU 1988)
que avaliam a percepccedilatildeo subjetiva do idoso a sauacutede fiacutesica e mental (aspectos
cognitivos e emocionais) independecircncia no dia-a-dia suporte social e familiar e
utilizaccedilatildeo de serviccedilos Este formulaacuterio faz parte de uma pesquisa multicecircntrica
intitulada ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos residentes em aacuterea urbana
de Fortaleza-CErdquo aprovada com o nuacutemero 0708 no COMEPE (ver anexo A)
Inqueacuteritos semelhantes estatildeo sendo realizados em Satildeo Paulo Rio de Janeiro e
Bambuiacute Em Fortaleza foram acopladas outras trecircs pesquisas que utilizaram a
68
mesma estrutura e a mesma populaccedilatildeo de estudo dentre elas o inqueacuterito de
disfagia
Do formulaacuterio da pesquisa multicecircntrica foram selecionadas algumas
perguntas de interesse para a pesquisa de disfagia dentre elas as informaccedilotildees
referentes ao perfil dos idosos como identificaccedilatildeo e dados soacutecio-demograacuteficos
(sexo idade faixa etaacuteria estado civil escolaridade e conviacutevio domiciliar) condiccedilatildeo
econocircmica (renda mensal do idoso e renda mensal da famiacutelia do idoso) busca de
serviccedilos de sauacutede internaccedilatildeo hospitalar e morbidade referida
O mesmo formulaacuterio forneceu ainda informaccedilotildees sobre outro aspecto
importante para a caracterizaccedilatildeo do idoso a capacidade funcional definida como o
potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas suas atividades de
forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO 2000) Estudada
na Europa e nos Estados Unidos na aacuterea de sauacutede do trabalhador passou a ser
estudada na deacutecada de 1940 nos idosos diante do aumento na prevalecircncia de
doenccedilas crocircnicas nos Estados Unidos Para a mensuraccedilatildeo destas funccedilotildees em
1963 Katz criou um modelo que avalia as Atividades da Vida Diaacuteria- AVDs
(transfererir-se de uma posiccedilatildeo para outra alimenta-se vestir-se banhar-se conter-
se para ir ao banheiro e higienizar-se sozinho apoacutes o uso do banheiro) (Katz 1983)
Das questotildees sobre atividade de vida diaacuteria do formulaacuterio de capacidade funcional
foram selecionadas para compor o quadro de variaacuteveis independentes da pesquisa
de disfagia as cinco AVDs baacutesicas alimentaccedilatildeo vestuaacuterio banho transferecircncia e
continecircncia que foram relacionadas com a ocorrecircncia da disfagia nos idosos
entrevistados
Para coletar as queixas relacionadas agrave presenccedila de disfagia foi utilizado
formulaacuterio baseado no instrumento aplicado por Kawashima Motohashi Fujishima
69
em 2004 no Japatildeo poreacutem aperfeiccediloado seguindo a literatura especializada
(BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 SANCHES BILTON RAMOS
2000 QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) O formulaacuterio de disfagia
continha 18 questotildees que abordavam aspectos relacionados agraves fases oral e fariacutengea
da degluticcedilatildeo permitindo a detecccedilatildeo de possiacuteveis alteraccedilotildees Nessa pesquisa natildeo
foi abordada a fase esofaacutegica da degluticcedilatildeo pois a disfagia esofaacutegica natildeo eacute objeto
de estudo especificamente da fonoaudiologia e geralmente estaacute associada a fatores
orgacircnicos Cada uma das 18 perguntas foi estruturada possibilitando a escolha de
apenas uma resposta buscando colher informaccedilotildees sobre a presenccedila e a
frequumlecircncia de sintomatologia compatiacutevel com disfagia (ver apecircndice A)
39 Sistemaacutetica das entrevistas
A coleta de dados foi iniciada no mecircs de abril e finalizada no mecircs de maio de
2008 Durante a coleta os entrevistadores seguiram as instruccedilotildees fornecidas no
treinamento e no manual da pesquisa
As aacutereas pesquisadas foram divididas para os dez entrevistadores de forma
que cada um se responsabilizou por quantidade semelhante de setores censitaacuterios
A partir do mapa do bairro pesquisado os setores censitaacuterios foram ampliados para
facilitar a localizaccedilatildeo geograacutefica dos entrevistadores
Apoacutes as orientaccedilotildees e a entrega dos materiais os entrevistadores dirigiram-
se para suas aacutereas geograacuteficas preacute-determinadas Cada um dos entrevistadores
seguiu o percurso traccedilado previamente pela pesquisadora percorrendo os
70
quarteirotildees dos setores censitaacuterios em sentido horaacuterio baseando-se no sistema
utilizado pelo IBGE (ver figura 4)
Os entrevistadores visitaram todas as casas indagando se ali morava algum
idoso Nas casas em que a resposta foi positiva e em que o idoso estava presente o
entrevistador solicitou que o idoso ou o responsaacutevel lesse a carta de apresentaccedilatildeo
Se apoacutes a leitura da carta o idoso aceitou participar da pesquisa o entrevistador
apresentou o termo de consentimento livre e esclarecido caso o idoso tenha
aceitado os termos listados a pesquisa pocircde ser iniciada
O entrevistador aplicou o formulaacuterio lendo cada pergunta de forma literal para
evitar distorccedilotildees em seu sentido Ao finalizar todo o formulaacuterio o entrevistador
seguiu para a casa vizinha e assim sucessivamente ateacute que todas as casas do setor
censitaacuterio tivessem sido visitadas
Nas casas onde o idoso natildeo estava presente ou recusou-se a participar
naquele momento foi agendada uma proacutexima visita Se na segunda visita o idoso
continuava impossibilitado de participar o entrevistador agendou uma terceira visita
Caso o idoso tenha permanecido ausente ou tenha se recusado a participar apoacutes
trecircs tentativas ele foi excluiacutedo da pesquisa
71
Figura 3 Representaccedilatildeo de um setor censitaacuterio e a forma como deve ser percorrido
72
310 Definiccedilatildeo de variaacuteveis
Disfagia oral corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam com
frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
aumento no tempo das refeiccedilotildees diminuiccedilatildeo do vedamento labial presenccedila de
restos de alimento na boca (diminuiccedilatildeo da sensibilidade intra-oral) regurgitaccedilatildeo
nasal (alteraccedilatildeo no vedamento de vias aeacutereas superiores) (BLOEM et al 1990
LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia Fariacutengea corresponde agrave disfagia encontrada em pacientes que relatam
com frequumlecircncia superior a uma vez por semana um dos seguintes sinais e sintomas
engasga com os alimentos entalo do alimento na garganta mudanccedila vocal durante
ou apoacutes a alimentaccedilatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia orofariacutengea disfagia referente aos idosos que referem pelo menos um dos
sinais de disfagia oral e pelo menos um dos sinais de disfagia fariacutengea (BLOEM et
al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Disfagia idosos que apresentaram sintomatologia compatiacutevel com disfagia oral ou
com disfagia fariacutengea (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 JACOBI
LEVY SILVA 2003 KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
73
Sonda dispositivo meacutedico utilizado para fornecer alimentaccedilatildeo para os doentes que
natildeo podem obter a nutriccedilatildeo atraveacutes da degluticcedilatildeo oral Sua utilizaccedilatildeo pode ser
temporaacuteria em casos de tratamento agudo para manutenccedilatildeo do estado nutricional
ou permanente em casos de deficiecircncia crocircnica Elas satildeo classificadas por local de
inserccedilatildeo e por utilizaccedilatildeo em nasogaacutestrica e nasoenteral (THOMSEN SHAFFER
SETNIK 2006)
Gastrostomia procedimento ciruacutergico em que um tubo eacute inserido no estocircmago
atraveacutes de uma pequena incisatildeo no abdocircmen O mais utilizado eacute a gastrostomia
endoscoacutepica percutacircnea (PEG) O procedimento eacute realizado atraveacutes de endoscopia
no qual com o paciente sedado o endoscoacutepio eacute inserido atraveacutes da boca e do
esocircfago no estocircmago A inserccedilatildeo leva cerca de 20 minutos O tubo eacute mantido dentro
do estocircmago com uma porccedilatildeo externa ao abdocircmen por onde o alimento eacute
administrado A gastrostomia eacute adequada para utilizaccedilatildeo de longo prazo Possui
durabilidade de seis meses e a sonda pode ser substituiacuteda sem a necessidade de
outra intervenccedilatildeo ciruacutergica Geralmente eacute utilizada em pacientes que possuem
dificuldade de degluticcedilatildeo ocasionada por doenccedilas neuroloacutegicas ou anatocircmicas
(ORAL CANCER FOUNDATIONorg 2008)
Capacidade funcional potencial que os idosos apresentam para decidir e atuar nas
suas atividades de forma independente sem a ajuda de outras pessoas (MATSUDO
2000)
Independente foi considerado independente todo aquele que respondeu que
realiza sem dificuldade todas as questotildees controla fezes e urina (151) andar em
74
casa no plano (191) vestir-se (221) tomar banho (231) fazer a refeiccedilatildeo (241) e
sentar-se ou levantar-se da cadeira (291)
Dependente foi considerado dependente todo aquele que apresentou dificuldade
em pelo menos uma das questotildees mencionadas no item acima
311 Anaacutelise estatiacutestica
Os dados coletados foram digitados utilizando-se o programa estatiacutestico Epi
Info (Versatildeo 604a) (DEAN et al 1996) Os dados foram lanccedilados nesse
programa sistematicamente apoacutes sua coleta e em seguida as anaacutelises foram
realizadas no STATA (versatildeo 90) Inicialmente foi realizada anaacutelise descritiva de
todas as variaacuteveis sociodemograacuteficas e de todas as outras que descrevem a
populaccedilatildeo estudada como tambeacutem dos sinais e sintomas relacionados agrave disfagia
Em seguida foi realizada anaacutelise bivariada utilizando as variaacuteveis disfagia sexo
idade estado civil conviacutevio domiciliar renda do idoso renda da famiacutelia do idoso
busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses nuacutemero de consultas meacutedicas
nos uacuteltimos 12 meses internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos 6 meses morbidade
referida capacidade funcional e ausecircncia dentaacuteria As proporccedilotildees foram
comparadas atraveacutes do Teste do Qui-quadrado ou do Teste Exato de Fisher
Quando o valor esperado de todas as ceacutelulas da tabela foi igual ou maior que 5 foi
usado o Teste do Qui-quadrado Por outro lado quando o valor esperado de pelo
menos uma ceacutelula foi menor do que 5 foi usado o Teste Exato de Fisher A
associaccedilatildeo de variaacuteveis independentes com a prevalecircncia de disfagia foi tambeacutem
75
avaliada atraveacutes da Razatildeo de Prevalecircncia e seu Intervalo de Confianccedila de 95
Uma associaccedilatildeo foi considerada significativa quando o IC 95 da Razatildeo de
Prevalecircncia natildeo incluiu a unidade
312 Consideraccedilotildees eacuteticas
O meacutetodo da pesquisa juntamente com o questionaacuterio e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foram submetidos agrave apreciaccedilatildeo do Comitecirc de
Eacutetica em pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute- COMEPE A pesquisa foi
aprovada com o nuacutemero do protocolo 0408 (ver anexo B) dentro das normas que
regulamentam a pesquisa em seres humanos do Conselho Nacional de Sauacutede-
Ministeacuterio da Sauacutede Resoluccedilatildeo ndeg196 de 10 de outubro de 1996 Todos os idosos
entrevistados foram orientados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido da pesquisa (ver apecircndice B)
76
4 Resultados 41 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
Foram visitadas 634 pessoas com 60 anos ou mais de idade no bairro
Rodolfo Teoacutefilo 46 natildeo responderam o formulaacuterio pelas seguintes razotildees 32
(6956) por natildeo desejarem participar da pesquisa e 14 (3043) por natildeo se
encontrarem em casa apoacutes as trecircs visitas agendadas Foram portanto respondidos
588 formulaacuterios Destes 10 (17) idosos utilizavam sonda ou gastrostomia e foram
excluiacutedos da amostra Aleacutem destes um idoso foi excluiacutedo pois soacute respondeu o
formulaacuterio de capacidade funcional mas recusou-se a fornecer os dados de
identificaccedilatildeo e o formulaacuterio de disfagia Portanto foram analisados os dados de 577
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo no ano de 2008 Nas anaacutelises
bivariadas o nuacutemero (n) de dados analisados referido nas tabelas variou como
consequumlecircncia do nuacutemero de respostas ldquonatildeo saberdquo ldquonatildeo respondeurdquo ou ldquonatildeo se
aplicardquo para as variaacuteveis pesquisadas
Quanto ao sexo o nuacutemero de mulheres foi quase trecircs vezes maior que o de
homens A idade dos entrevistados variou dos 60 aos 100 anos Dentre os 577
idosos da amostra 259 (4489) apresentavam idade entre 60 e 69 anos (Tabela
3)
A maioria dos idosos era casada 238 (4125) o nuacutemero de viuacutevos foi de
200 (3466) e 139 (2409) estavam separados ou eram solteiros Quanto agrave
distribuiccedilatildeo nas diferentes faixas de escolaridade observou-se que 401 (707) dos
entrevistados estudaram menos de oito anos o que caracteriza baixa escolaridade
(Tabela 3)
77
A maioria dos idosos 426 (7383) morava com os filhos ou com os netos e
48 (832) residiam apenas com pessoas de sua geraccedilatildeo cocircnjuges primos ou
irmatildeos (Tabela 3)
Tabela 3 Dados sociodemograacuteficos de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo
na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Sexo Masculino Feminino
166 411
2877 7123
2510-3265 6734-7489
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
4489 3484 2028
4077-4905 3094-3887
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
2409 4125 3466
2065-2779 3719-4538 3077-3870
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
3120 3951 2929
2743-3515 3550-4363 2560-3318
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
693 832
3726 3657 1092
499-932 619-1087
3330-4135 3262-4064 849-1375
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
5805 2333 1863
5380-6219 1986-2707 1546-2212
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
3381 3000 3619
2929-3855 2565-3463 3158-4098
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
78
Um total de 321 (5805) idosos recebia menos de um salaacuterio miacutenimo por
mecircs Quanto agrave renda familiar 142 (3381) idosos possuiacuteam renda familiar abaixo
de R$ 80000 Natildeo houve diferenccedila estatisticamente significativa entre o nuacutemero de
idosos pertencentes agraves trecircs categorias de renda familiar estabelecidas (Tabela 3)
Um total de 432 (7487) idosos realizou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12
meses Dentre os idosos que souberam quantificar o nuacutemero de consultas 183
(446) tiveram entre cinco e trinta consultas meacutedicas no periacuteodo Quanto agrave
ocorrecircncia de internamento hospitalar dos 577 entrevistados 45 (78) estiveram
internados pelo menos uma vez nos uacuteltimos seis meses (Tabela 4)
Tabela 4 Dados sobre nuacutemero de consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses e nuacutemero de internaccedilatildeo
nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de
Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo Natildeo sabe
432 134 11
7487 2322 191
7112-7836 1983-2688
095-338
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
554 446
5048-6023 3976-4951
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
78 922
574-1029 8970-9425
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Quando se questionou sobre a presenccedila de doenccedilas a mais citada foi
hipertensatildeo arterial com prevalecircncia de 5113 (295 idosos) A segunda mais
citada foi reumatismo (doenccedilas reumatoloacutegicas) com 3397 (196 idosos) Doenccedila
79
de Parkinson demecircncias foram as menos mencionadas com 13 (225) 27
(468) respostas positivas (Tabela 5)
No tocante agraves atividades baacutesicas de vida diaacuteria (controle de esfiacutencteres
vestir-se alimentar-se banhar-se locomover-se) 200 (3676) idosos eram
dependentes pois apresentavam dificuldade de realizar pelo menos uma das
atividades descritas anteriormente e 344 (6324) eram considerados
independentes por natildeo apresentarem dificuldade em realizar tais atividades (dados
natildeo referidos em tabela)
Ao ser pesquisada a variaacutevel ausecircncia dentaacuteria pocircde-se constatar que a
maioria dos idosos 528 (9247) natildeo possuiacutea todos os dentes (dados natildeo referidos
em tabela)
80
Tabela 5 Morbidade referida de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Hipertensatildeo Sim Natildeo
295 282
5113 4887
144-152
Doenccedilas Reumatoloacutegicas Sim Natildeo
196 381
3397 6603
162-169
Diabetes Sim Natildeo
93 484
1612 8388
180-186
Depressatildeo Sim Natildeo
81 496
1404 8596
183-188
Acidente Vascular Cerebral Sim Natildeo
46 531
797
9203
189-194
DPOC Sim Natildeo
38 539
659
9341
192-196
Infarto do miocaacuterdio Sim Natildeo
33 544
572
9428
397-794
Demecircncias Sim Natildeo
27 550
468
9532
193-197
Doenccedila de Parkinson Sim Natildeo
13 564
225
9775
196-198
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
DPOC- Doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica
81
42 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Um total de 52 (908) idosos levou maior tempo para ingerir o alimento
Esse foi o sintoma que obteve maior frequumlecircncia dentre os referentes agrave fase oral da
degluticcedilatildeo O menos referido foi a presenccedila de retorno do alimento pelo nariz
durante as refeiccedilotildees com apenas 14 de frequumlecircncia (Tabela 6)
Tabela 6 Sinais e sintomas relacionados agrave fase oral da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Demora para finalizar a refeiccedilatildeo Sim Natildeo
52
521
908
9092
006-011
Ficam restos de alimento na boca apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
43 526
756 9244
005-009
Cai alimento da boca enquanto se alimenta Sim Natildeo
24
548
420
9580
002-005
Retorno do alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
8 563
140 9860
0004-002
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Nas questotildees referentes agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo a maior frequumlecircncia de
respostas positivas 51 (936) foi encontrada na pergunta sobre alteraccedilotildees vocais
apoacutes as refeiccedilotildees Os engasgos forma queixas de 32 (557) dos idosos Destes 12
(47) engasgavam-se com alimentos soacutelidos como carnes patildees biscoito arroz e
feijatildeo 5 (1563) disseram ter dificuldade com liacutequidos 8 (25) responderam ter
82
engasgos com soacutelidos e com liacutequidos e 6 (1875) apresentavam dificuldades seja
com soacutelidos seja com liacutequidos e seja com pastosos (Tabela 7)
Tabela 7 Sinais e sintomas relacionados agrave fase fariacutengea da degluticcedilatildeo de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo da cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Mudanccedila vocal apoacutes a alimentaccedilatildeo Sim Natildeo
51
494
936
9064
006-011
Presenccedila de entalo com o alimento Sim Natildeo
44
529
768
9232
005-009
Presenccedila de engasgos com os alimentos Sim Natildeo
32
543
557
9443
003-007
Tipo de alimento com que ocorria o engasgo Somente com soacutelido Somente com pastoso Somente com liacutequido Com soacutelidos e liacutequidos Com as trecircs consistecircncias
12 1 5 8 6
3750 313
1563 2500 1875
021-056
00007-016 005-032 011-043 007-036
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
Baseado na ocorrecircncia dos sinais e dos sintomas detalhados anteriormente
foi possiacutevel determinar a prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo idosa do bairro
Rodolfo Teoacutefilo obedecendo aos criteacuterios estabelecidos na definiccedilatildeo das variaacuteveis
A prevalecircncia de disfagia em geral na populaccedilatildeo estudada foi de 2704 (156)
Enquanto nas categorias disfagia oral disfagia fariacutengea e disfagia orofariacutengea a
prevalecircncia foi 1005 (58) 1144 (66) e 555 (32) (Tabela 8)
83
Tabela 8 Prevalecircncia de disfagia de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na
cidade de Fortaleza no ano de 2008
Frequumlecircncia Variaacutevel N IC 95
Disfagia Sim Natildeo
156 421
2704 7296
023-030
Disfagia Oral Sim Natildeo
58 519
1005 8995
007-012
Disfagia Fariacutengea Sim Natildeo
66 511
1144 8856
008-014
Disfagia Orofariacutengea Sim Natildeo
32 545
555
9445
003-007
Valor de IC 95 referente agrave acuraacutecia da anaacutelise estatiacutestica realizada para cada uma das variaacuteveis
43 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Na anaacutelise bivariada entre disfagia e as variaacuteveis sociodemograacuteficas
identificou-se que as variaacuteveis com associaccedilotildees estatisticamente significantes foram
idade (IC 95 [161-303] e p=0000) sendo a faixa etaacuteria de 80 anos ou mais de
idade a mais prevalente com 4444 estado civil (IC 95 [117-240] e p=0000)
com prevalecircncia de disfagia maior entre os viuacutevos (3750) escolaridade (IC 95
[130-289] e p=0001) na qual a maior prevalecircncia foi entre os que estudaram 3
anos ou menos (3222) seguida dos que estudaram por ateacute sete anos (3070) e
por fim a disfagia foi mais prevalente entre os idosos que apresentaram
dependecircncia para realizar as atividades de vida diaacuteria (4050) com valor de (IC
95 [177-314] e p=0000) As outras variaacuteveis natildeo apresentaram associaccedilatildeo
estatisticamente significante com disfagia (Tabela 9)
84
Tabela 9 Prevalecircncia de disfagia segundo as caracteriacutesticas sociodemograacuteficas de uma amostra de
idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Sexo Masculino Feminino
166 411
40
116
2410 2822
1
117
-
085-159
0312
Idade 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 a 100 anos
259 201 117
52 52 52
2008 2587 4444
1
128 221
-
091-180 161-303
0000
Estado Civil Solteiro separado Casado Viuacutevo
139 238 200
31 50 75
2230 2101 3750
1
094 168
-
063-139 117-240
0000
Anos de Estudo 3 ou menos 4 a 7 anos 8 ou mais
180 228 169
58 70 28
3222 3070 1657
194 185
1
130-289 125-273
-
0001
Conviacutevio Domiciliar Sozinho Unigeracional Bigeracional Trigeracional Outros
40 48 215 211 63
13 19 41 69 14
3250 3958 1907 3270 2222
146 178 085 147
1
076-278 099-317 050-146 089-242
-
0004
Renda do Idoso Renda le 415 (R$) 416 a 1245 (R$) Renda ge 1245 (R$)
321 129 103
97 32 21
3022 2481 2039
148 121
1
097-224 074-197
-
0118
Renda Familiar Renda le 800 (R$) 801 a 1400 (R$) Renda ge 1400 (R$)
142 126 152
39 37 44
2746 2937 2895
1
106 105
-
073-156 073-151
0935
Possui todos os dentes Sim Natildeo
43 528
15
138
3488 2614
133
1
086-205
-
0213
Capacidade funcional Dependente Independente
200 344
81 59
4050 1715
236
1
177-314 0000
-
85
Ao relacionarem-se consultas meacutedicas nos uacuteltimos 12 meses com disfagia
natildeo houve associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre as variaacuteveis o que
tambeacutem ocorreu na anaacutelise referente ao nuacutemero de consultas meacutedicas A
associaccedilatildeo entre disfagia e internaccedilatildeo hospitalar no entanto foi estatisticamente
significante com prevalecircncia de 4667 (IC 95 [130-260] e p=0002) de disfagia
entre os que estiveram internados neste periacuteodo (Tabela 10)
Tabela 10 Prevalecircncia de disfagia segundo a busca de consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses e
internaccedilatildeo hospitalar nos uacuteltimos seis meses de uma amostra de idosos residentes no bairro Rodolfo
Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Buscou consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses Sim Natildeo
432 134
123 29
2847 2164
132 1
092ndash188 -
0119
Nuacutemero de consultas nos uacuteltimos 12 meses 1 a 4 consultas 5 a 30 consultas
231 186
63 53
2727 2849
1 104
-
077-142
0782
Internaccedilatildeo nos uacuteltimos seis meses Sim Natildeo
45 532
21 135
4667 2538
184 1
130-260 -
0002
A anaacutelise bivariada entre disfagia e morbidade referida revelou associaccedilatildeo
positiva nas seguintes patologias demecircncias doenccedila de Parkinson doenccedilas
reumatoloacutegicas e infarto agudo do miocaacuterdio Disfagia foi observada em 6296 (IC
95 [180-344] e p=0000) dos que mostraram demecircncia 5385 (IC 95 [120-
343] e p=0028) dos idosos que referiram doenccedila de Parkinson 4242 (IC 95
[106-247] e p=0025) dentre os que jaacute tiveram infarto agudo do miocaacuterdio 3418
86
(IC 95 [112-190] e p=0006) dos que eram acometidos de doenccedilas
reumatoloacutegicas (Tabela 11)
Tabela 11 Prevalecircncia de disfagia segundo a morbidade referida de uma amostra de idosos
residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de 2008
Prevalecircncia de disfagia
Razatildeo de Prevalecircncia Variaacutevel Total
N Pontual I C 95
Valor-p
Demecircncias
27 17 6296 249 180-344 0000
Doenccedila de Parkinson
13 7 5385 203 120-343 0028
Infarto do miocaacuterdio
33 14 4242 162 106-247 0025
DPOC
38 15 3947 150 099-229 0074
Doenccedilas Reumatoloacutegicas
196 67 3418 146 112-190 0006
Depressatildeo
81 27 3333 128 091-180 0169
Acidente Vascular Cerebral
46 15 3261 122 079-190 0375
Diabetes
93 30 3226 123 089-172 0216
Hipertensatildeo
295 84 2847 111 085-145 0426
87
5 Discussatildeo
51 Caracteriacutesticas sociodemograacuteficas da populaccedilatildeo estudada
No presente estudo houve predomiacutenio de pessoas do sexo feminino Estas
foram quase trecircs vezes maior do que o nuacutemero de pessoas do sexo masculino
Resultado semelhante a outros estudos no Brasil e na Ameacuterica Latina que tambeacutem
observaram superioridade numeacuterica do sexo feminino em suas amostras A
diferenccedila entre os sexos pode estar associada agrave maior mortalidade dos homens por
causas externas e agrave maior exposiccedilatildeo aos agravos provocados pelo cigarro e pelo
aacutelcool (VERAS RAMOS KALACHE 1987 FUNDACcedilAO IBGE 2000 COSTA
BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A idade dos idosos variou entre 60 e 100 anos A faixa etaacuteria de 60 a 69 anos
concentrou a maior parte dos idosos (4489) nuacutemero ligeiramente inferior ao
encontrado em outro estudo realizado em vaacuterios bairros de Fortaleza no qual essa
faixa etaacuteria concentrou 53 dos idosos pesquisados (COELHO FILHO RAMOS
1999) O resultado do presente estudo todavia foi compatiacutevel com o uacuteltimo censo
brasileiro em que a meacutedia de idade foi de 694 anos (FUNDACcedilAO IBGE 2000
LEBRAtildeO LAURETI 2005)
A amostra foi em sua maioria constituiacuteda de idosos casados seguidos dos
viuacutevos resultado tambeacutem encontrado em outros estudos populacionais no Brasil
Quanto ao conviacutevio domiciliar os dados atuais foram semelhantes aos de uma
pesquisa realizada em Fortaleza (COELHO FILHO RAMOS 1999) quase dez anos
atraacutes no qual o nuacutemero de idosos que moravam sozinhos era de 6 Da mesma
88
forma os domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais continuam prevalecendo No
Brasil no censo de 2000 647 dos idosos moravam com filhos eou outros
parentes na mesma casa Estes dados podem representar uma forma de
institucionalizaccedilatildeo domiciliar do idoso decorrente da escassez de instituiccedilotildees
puacuteblicas no Brasil (COELHO FILHO RAMOS 1999 FUNDACcedilAO IBGE 2000)
O nuacutemero de pessoas com menos de sete anos de estudo dos quais 3120
estudaram por ateacute 3 anos e 3951 estudaram de 4 a 7 anos foi muito superior ao
de pessoas com 8 ou mais anos de estudo (2929) Esta proporccedilatildeo foi menor que
a encontrada em estudos anteriores quando se constatou que a porcentagem de
analfabetos ou de pessoas com menos de trecircs anos de estudo variou de 50 a 59
O grau de escolaridade entre os idosos permanece baixo no entanto demonstra
sinais de melhora Essa variaccedilatildeo pode ser decorrente de diferenccedilas metodoloacutegicas
aplicadas entre os estudos uma vez que o presente foi realizado com idosos
residentes de apenas um bairro de Fortaleza enquanto que o outro estudo realizado
na mesma cidade fez-se com idosos de vaacuterios bairros Outro fator que pode ter
influenciado foi o aumento no nuacutemero de programas governamentais para
alfabetizaccedilatildeo de adultos implementados na uacuteltima deacutecada que pode ter refletido nos
resultados a cerca da escolaridade dos idosos pesquisados (FUNDACcedilAO IBGE
2000 FELICIANO MORAES FREITAS 2004)
Os resultados encontrados sobre a renda mensal do idoso mostraram que
321 (58) dos idosos que residem no bairro Rodolfo Teoacutefilo possuem renda
individual inferior a R$ 41500 No Brasil de 1991 a 2000 o rendimento meacutedio do
idoso responsaacutevel pelo domiciacutelio passou de R$ 40300 para R$ 65700 (FUNDACcedilAO
IBGE 2000) Comparando este dado do IBGE com o resultado do presente estudo
percebe-se que neste os idosos tecircm renda inferior o que pode sugerir que a
89
amostra de populaccedilatildeo deste estudo pertence a classes sociais menos favorecidas
Uma vez que muitos satildeo portadores de doenccedilas crocircnicas que necessitam de
tratamento multidisciplinar e com essa renda mensal torna-se difiacutecil o acesso a
tratamentos mais onerosos Esses idosos portanto dependem basicamente da rede
puacuteblica que deve estar preparada para atender de forma adequada a demanda
crescente dessa parcela da populaccedilatildeo
No presente estudo 432 (7487) dos idosos entrevistados compareceram a
consulta meacutedica nos uacuteltimos 12 meses enquanto 45 (78) tiveram internaccedilotildees
hospitalares no uacuteltimo semestre Esses resultados satildeo compatiacuteveis com os
resultados encontrados em estudos realizados no Brasil e refletem a realidade da
demanda de idosos no serviccedilo puacuteblico de sauacutede Em 1996 foram gastos com
internamento de idosos 229 de todo o recurso nacional destinado para internaccedilatildeo
hospitalar Nesse periacuteodo os idosos representavam 79 da populaccedilatildeo brasileira e
as principais causas de internaccedilatildeo foram doenccedilas cardiacuteacas e respiratoacuterias
seguidas de doenccedilas do aparelho digestivo (COSTA et al 2000) Em outro estudo
realizado em Londrina Paranaacute com fontes secundaacuterias do Sistema de Informaccedilatildeo
sobre Mortalidade (SIM) e com o Sistema de Informaccedilatildeo Hospitalar (SIH) constatou-
se que 2018 das internaccedilotildees eram de idosos e que estas representavam 2906
dos custos hospitalares tendo como principal causa as pneumonias que
representam uma das consequumlecircncias da disfagia (MARTIN et al 2006) Toda essa
demanda de idosos no sistema puacuteblico eacute decorrente do baixo nuacutemero de idosos com
poder aquisitivo para contratar os serviccedilos particulares ou para se conveniar a um
plano de sauacutede Esse dado foi confirmado em estudo que identificou que apenas
269 dos idosos tinham planos de sauacutede porcentagem esta que diminuiacutea agrave medida
que se analisavam os idosos com mais idade (COSTA BARRETO GIATTI 2003)
90
Esses dados mostram a importacircncia em identificar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa e a necessidade de estruturaccedilatildeo do SUS no sentido de preveni-la
eou trataacute-la uma vez que esta eacute uma importante causa de pneumonia nesta parcela
da populaccedilatildeo
Os dados sobre morbidade referida foram importantes para descrever a
populaccedilatildeo estudada quanto agraves possiacuteveis demandas do sistema de sauacutede que as
recebe e principalmente para analisar a associaccedilatildeo de disfagia com cada uma
destas doenccedilas Com isso no presente estudo a doenccedila mais apresentada foi
hipertensatildeo arterial sistecircmica com 5113 (295) em segundo lugar doenccedilas
reumatoloacutegicas com 3397 (196) seguida de diabetes com 1612 (93) e de
depressatildeo com 1404 (81) Esses resultados estatildeo em concordacircncia com os
encontrados em outros estudos realizados no Brasil que obtiveram as mesmas
respostas com proporccedilotildees numeacutericas semelhantes (COSTA BARRETO GIATTI
2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005)
Citada com uma frequumlecircncia duas vezes maior que a doenccedila de Parkinson as
demecircncias dentre elas a doenccedila de Alzheimer foram relatadas por 468 dos
idosos da comunidade pesquisada resultado compatiacutevel com o encontrado em
estudo epidemioloacutegico sobre morbidade referida no Brasil que detectou 68 de
relatos de demecircncia entre idosos entrevistados na cidade de Satildeo Paulo Nesse
estudo a doenccedila de Alzheimer representou 598 dos relatos (BOTTINO LOPES
MORENO 2005) A prevalecircncia de demecircncia indica que com o envelhecimento da
populaccedilatildeo as doenccedilas crocircnico-degenerativas como tambeacutem suas consequumlecircncias
dentre elas a disfagia tornaram-se problema de sauacutede puacuteblica em nosso paiacutes e com
isso constituem demanda constante para os serviccedilos puacuteblicos de sauacutede
(CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998)
91
Estudos realizados no Brasil identificaram que a prevalecircncia de dificuldade
em realizar as atividades de vida diaacuteria (AVDs) variava de 2 a 192 nos idosos
pesquisados (COSTA BARRETO GIATTI 2003 LEBRAtildeO LAURETI 2005) Este
resultado natildeo foi compatiacutevel com outro estudo realizado em 2004 em que 467
dos idosos pesquisados revelaram precisar de ajuda para ateacute 3 AVDs (FELICIANO
MORAIS FREITAS 2004) Jaacute em uma pesquisa realizada em Fortaleza no ano de
2000 a prevalecircncia de dificuldade para realizar pelo menos 4 AVDs foi de 127
(COELHO FILHO 2000) No presente estudo 3676 (200) referiram tais limitaccedilotildees
para pelo menos uma das 6 AVDs pesquisadas Esses resultados refletem a
dificuldade em realizar comparaccedilotildees uma vez que a definiccedilatildeo das variaacuteveis difere
de um estudo para outro Mesmo diante de tais dificuldades percebe-se alta
prevalecircncia de dependecircncia na populaccedilatildeo idosa portanto a realizaccedilatildeo de pesquisas
sobre a capacidade funcional eacute de relevacircncia incalculaacutevel para ampliar o
conhecimento sobre essa problemaacutetica possibilitando o desenvolvimento de
estrateacutegias para promoccedilatildeo de sauacutede aumentando a qualidade de vida dos idosos
No presente estudo a maioria dos idosos (9147) relatou natildeo possuir todos
os dentes porcentagem semelhante agrave encontrada em estudo realizado na cidade de
Rio Claro- Satildeo Paulo que identificou ausecircncia dentaacuteria em 9264 dos 101 idosos
examinados (SILVA SOUSA WADA 2004) Outro estudo identificou 65 de
edecircntulos dentre os idosos pesquisados na cidade de Satildeo Paulo (ROSA et al 2004)
Em estudo realizado no Brasil em 2004 identificou-se que provavelmente o alto
nuacutemero de idosos com ausecircncia dentaacuteria eacute consequumlecircncia da precaacuteria assistecircncia
odontoloacutegica que esses idosos tiveram ao longo da vida principalmente nas regiotildees
Sudeste Norte e Nordeste (MATOS GIATTI COSTA 2004)
92
Dentre os 588 idosos entrevistados 10 (170) utilizavam sonda ou
gastrostomia como via alimentar o que representa alta prevalecircncia entre os idosos
entrevistados Esses casos podem estar relacionados agrave presenccedila de disfagia A
prevalecircncia de sonda em pacientes com idade acima de 65 anos com limitaccedilotildees
cognitivas severas residindo em casas de repouso nos Estados Unidos no ano de
1994 variou de 75 no estado de Maine a 401 no estado do Mississipi
(AHRONHEIM et al 2001) A diferenccedila entre os resultados da presente pesquisa e
os resultados da pesquisa de Ahronheim 2001 pode ser explicadas pela seleccedilatildeo da
amostra uma vez a pesquisa foi realizada em cliacutenicas de repouso onde grande
parte das pessoas sofrem de alguma doenccedila portanto a possibilidade de encontrar
idosos com sonda ou com gastrostomia eacute muito maior do que entre idosos em
domicilio
52 Prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada
Os estudos em disfagia anteriormente realizados natildeo descreveram
detalhadamente os aspectos socioeconocircmicos e demograacuteficos das amostras
pesquisadas portanto algumas comparaccedilotildees com o presente estudo somente
foram realizadas com dados do IBGE e com pesquisas em idosos que natildeo tiveram a
disfagia como objeto de estudo
Dentre os sinais e sintomas relacionados com a fase oral da degluticcedilatildeo o
mais apontado foi a demora para finalizar as refeiccedilotildees presente em 52 (908) dos
idosos o que remete agrave dificuldade de mastigaccedilatildeo Eacute possiacutevel que essa dificuldade
seja decorrente de ausecircncias dentaacuterias largamente identificadas na populaccedilatildeo em
93
questatildeo Outros fatores que poderiam tambeacutem ser implicados satildeo reduccedilatildeo na forccedila
muscular reduccedilatildeo na mobilidade da liacutengua e atraso no reflexo de degluticcedilatildeo ao final
da fase oral (JACOBI LEVY SILVA 2003)
Em estudo brasileiro que analisou 128 exames de videofluoroscopia da
degluticcedilatildeo em pessoas de 20 a 93 anos de idade constatou-se que 20 dos idosos
apresentavam dificuldades em mastigar o alimento e misturaacute-lo agrave saliva 17
apresentavam lentidatildeo ao manipular o alimento na cavidade oral e 28 dificuldade
na ejeccedilatildeo do bolo alimentar A presenccedila desses sinais pode justificar a demora em
finalizar as refeiccedilotildees (FIORESE et al 2004) Em outro estudo realizado no Brasil
percebeu-se que com o avanccedilar da idade aumentou-se o tempo para finalizar a
refeiccedilatildeo (QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Em estudo realizado no
Japatildeo 36 dos idosos referiram com o avanccedilar da idade um aumento importante
no tempo que utilizavam para concluir uma refeiccedilatildeo (KAWASHIMA MOTOHASHI
FUJISHIMA 2004)
Buscando investigar as condiccedilotildees de fechamento labial nos idosos foi
questionado se haacute escape do alimento da cavidade oral durante a refeiccedilatildeo A
prevalecircncia desse sintoma entre os idosos foi de 420 (24) No estudo realizado
por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 24 referiram que esse sintoma
acontece em quase todos os momentos de alimentaccedilatildeo e 174 relataram que isso
ocorre algumas vezes O fechamento labial constitui elemento importante para a
manutenccedilatildeo da pressatildeo intra-oral pois favorece a propulsatildeo do bolo alimentar para
a faringe A ineficiecircncia nesse fechamento estaacute fortemente relacionada com o
isolamento social do idoso em face do constrangimento imposto por essa limitaccedilatildeo
no ato da refeiccedilatildeo (SCHINDLER KELLY 2002 EKBERG et al 2002 DAHLIN
2004 MORRIS 2005)
94
A permanecircncia de restos alimentares na cavidade oral apoacutes a alimentaccedilatildeo
foi referida por 43 (756) idosos pesquisados o que reflete a reduccedilatildeo da
sensibilidade intra-oral relacionada com o paladar com a manipulaccedilatildeo do bolo
alimentar e com o disparo no reflexo de degluticcedilatildeo Resultado semelhante foi
encontrado em estudo Japonecircs onde 79 queixaram-se desse problema
(KAWASHIMA MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Outro estudo brasileiro tambeacutem
identificou a presenccedila de resiacuteduos de alimentos no assoalho da boca dos idosos
manifestaccedilatildeo confirmada atraveacutes da videofluoroscopia em 143 dos idosos que
participaram da pesquisa (FIORESE et al 2004) esse resultado foi maior do que o
obtido no estudo pois neste a videofluoroscopia pode ter detectado alteraccedilotildees nos
idosos sem queixa de restos alimentares na boca apoacutes as refeiccedilotildees
A ocorrecircncia do retorno de alimento pelo nariz durante a alimentaccedilatildeo que
estaacute relacionado com a insuficiecircncia no fechamento nasal pelo palato mole foi
identificada em 8 (140) idosos da presente pesquisa No entanto na pesquisa de
Fiorese et al esta proporccedilatildeo foi maior pois foi identificado atraveacutes de
videofluoroscopia exame considerado padratildeo ouro para disfagia que 15 dos 70
idosos examinados apresentavam estase do bolo alimentar no palato mole
(FIORESE et al 2004) Essa diferenccedila entre os achados eacute explicada pelos meacutetodos
utilizados jaacute que a videofluoroscopia pode identificar alteraccedilotildees em idosos sem
queixa de disfagia
A presenccedila de engasgos frequumlentes foi relatada por 32 (557) idosos
Destes 3750 (12) engasgavam-se com alimentos soacutelidos o que pode sugerir
disfagia mecacircnica Engasgar com liacutequidos e com soacutelidos foi a segunda resposta
mais referida seguida do engasgo com soacutelidos com liacutequidos e com pastosos
Resultado semelhante foi encontrado na Suiacuteccedila em 1999 onde dos 600 idosos
95
pesquisados 5 referiram apresentar engasgos frequumlentes (LINDGREN JANZON
1991) O engasgo eacute um dos sinais mais caracteriacutesticos de disfagia e provoca
grandes transtornos ao idoso e ao cuidador Muitas vezes o medo de engasgar-se
provoca ansiedade no idoso fazendo com que o momento das refeiccedilotildees seja
evitado (EKBERG et al 2002) Em pesquisa com 100 indiviacuteduos com idade entre 60
a 80 anos a porcentagem de idosos que apresentavam este sintoma foi de 1852
nas mulheres acima de 70 anos e de 20 nos homens com mais de 70 anos
(QUINTALE PIMENTEL BERENSTEIN 2002) Possivelmente a superioridade
numeacuterica do resultado no estudo realizado por Quintale Pimentel Berenstein 2002
em relaccedilatildeo ao resultado do presente estudo tenha relaccedilatildeo com a formulaccedilatildeo da
pergunta pois estes autores questionaram a frequumlecircncia de pigarro tosse ou
sufocamento ampliando o nuacutemero de idosos que possam responder positivamente
No entanto no presente estudo a pergunta foi formulada utilizando a palavra
engasgo
A percepccedilatildeo de mudanccedila vocal durante ou apoacutes as refeiccedilotildees foi observada
em 936 (51) dos idosos entrevistados No estudo realizado por Lindgren Janzon
em 1999 esta porcentagem foi de 9 semelhante agrave encontrada na presente
pesquisa A alteraccedilatildeo vocal durante a alimentaccedilatildeo pode ser indicativo de falha no
mecanismo de proteccedilatildeo das vias aeacutereo inferiores durante a fase fariacutengea da
degluticcedilatildeo ocasionando acuacutemulo de alimento proacuteximo agrave glote causando risco
iminente de aspiraccedilatildeo e consequumlente de pneumonia aspirativa (WARMS
RICHARDS 2000)
A prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada foi de 2868 superior aos
13 encontrados na pesquisa realizada por Kawashima Motohashi Fujishima no
96
Japatildeo e aos 16 relatados por Bloem et al na Holanda (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004 BLOEM et al 1990)
Essa divergecircncia de resultados pode estar relacionada agrave cultura e aos haacutebitos
alimentares uma vez que muitos orientais tecircm a alimentaccedilatildeo como um ritual Outro
aspecto a ser considerado eacute a culinaacuteria na regiatildeo onde foi realizado o presente
estudo existe a tradiccedilatildeo de comer farinha de mandioca ou farinha de milho
alimentos de difiacutecil controle oral o que pode ocasionar maior dificuldade no
momento da alimentaccedilatildeo No Japatildeo o arroz que no Brasil eacute consumido com os
gratildeos soltos eacute preparado de forma que fique coeso jaacute em forma de pequenos bolos
Outra justificativa para a diferenccedila na prevalecircncia de disfagia entre os estudos
estaria relacionada a algumas mudanccedilas no formulaacuterio utilizado No presente
estudo nem todas as variaacuteveis analisadas na pesquisa japonesa o foram na
presente pesquisa
A conduccedilatildeo de estudos em culturas e em paiacuteses diversos possibilita a
identificaccedilatildeo de diferenccedilas na ocorrecircncia e na apresentaccedilatildeo de problemas cliacutenicos
As hipoacuteteses aqui suscitadas natildeo podem ser confirmadas atraveacutes da literatura pois
natildeo foram encontrados artigos que explicassem as diferenccedilas alimentares entre as
duas culturas aqui relacionadas
97
53 Anaacutelise de disfagia segundo as condiccedilotildees sociodemograacuteficas e cliacutenico-
epidemioloacutegicas da populaccedilatildeo estudada
Quanto agrave relaccedilatildeo sexo e disfagia natildeo foi identificada diferenccedila
estatisticamente significativa entre homens e mulheres Este resultado estaacute coerente
com os achados dos estudos internacionais realizados na Holanda na Suiacuteccedila e no
Japatildeo (BLOEM et al 1990 LINDGREN JANZON 1991 KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004) Nas pesquisas realizadas em cliacutenicas e hospitais
do Brasil e de outros paiacuteses tambeacutem natildeo foi encontrada diferenccedila entre os sexos e
a prevalecircncia de disfagia (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998
ELMSTAHL et al 1999 ODA et al 2002 IKEDA et al 2002 HUDSON et al 2002
SCHELP et al 2004 FIORESE et al 2004)
A prevalecircncia de disfagia foi duas vezes maior entre os idosos com 80 anos
ou mais de idade do que entre os idosos com faixa etaacuteria entre 60 e 69 anos o que
indica que o avanccedilar da idade pode aumentar a prevalecircncia de disfagia na
populaccedilatildeo idosa Proporccedilatildeo semelhante foi apresentada por Kawashima Motohashi
Fujishima 2004 no qual a faixa etaacuteria acima de 85 anos obteve maior prevalecircncia
de disfagia Esse aumento da disfagia com o avanccedilar da idade pode ser explicado
pelo aumento nas limitaccedilotildees para a realizaccedilatildeo das atividades de vida diaacuteria
provocadas pelo decliacutenio na sauacutede fiacutesica do idoso como demonstra estudo
longitudinal realizado com 300 idosos divididos em trecircs faixas etaacuterias 86 90 e 94
anos (BRAVELL etal 2008)
O estado civil tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente significativa
com a disfagia sendo mais prevalente entre os viuacutevos 75 (3750) Em coorte
realizado de 1986 a 1994 com 39731 homens casados divorciados e viuacutevos pocircde-
98
se constatar que os viuacutevos tiveram mais hipertensatildeo e infarto do miocaacuterdio do que
os homens casados (ENG et al 2005) o que pode explicar a ocorrecircncia de disfagia
entre os idosos viuacutevos uma vez que infarto do miocaacuterdio tambeacutem tem associaccedilatildeo
estatiacutestica com disfagia Em outro estudo realizado com 100 pessoas que estavam
de luto percebeu-se que apoacutes a perda do familiar estas pessoas passaram a
procurar mais os serviccedilos de sauacutede e a receber mais prescriccedilatildeo de medicamentos
possivelmente psicotroacutepicos que estatildeo associados agrave disfagia (CHARLTON et al
2001) Portanto a partir destes estudos pode-se supor que a disfagia esteve mais
presente entre os viuacutevos pois este estado civil estaacute relacionado com o aumento na
ocorrecircncia de doenccedilas ou de medicaccedilotildees associadas agrave disfagia
O conviacutevio domiciliar remete agraves relaccedilotildees de cuidados com o idoso No
presente estudo os idosos que moravam apenas com o cocircnjugue ou com outra
pessoa da sua geraccedilatildeo (unigeracional) apresentaram 3958 de disfagia e os
idosos que moravam sozinhos apresentaram 3250 de disfagia Este resultado
pode estar relacionado agrave falta de cuidador Nos domiciacutelios unigeracionais observa-se
um idoso cuidando de outro idoso o que limita a ajuda para as atividades de vida
diaacuteria para a preparaccedilatildeo dos alimentos e para os cuidados com a sauacutede No caso
do idoso que morava sozinho a impossibilidade de receber ajuda para preparar os
alimentos para se alimentar para cuidar da sauacutede e da higiene oral podem
favorecer a dificuldade de mastigar adequadamente alterando o processo de
degluticcedilatildeo Essas situaccedilotildees poderiam ser solucionadas com a presenccedila de um
cuidador uma vez que os idosos apresentam limitaccedilotildees que dependem de ajuda e
agrave medida que os anos passam essa dependecircncia fica cada vez mais presente
impossibilitando a retomada da independecircncia para realizar as AVDs (BRAVELL
etal 2008)
99
Apesar da alta prevalecircncia de disfagia nos domiciacutelios unigeracionais
bigeracionais trigeracionais e nos idosos que moram sozinhos natildeo houve
associaccedilatildeo estatisticamente significante entre disfagia e conviacutevio domiciliar
A relaccedilatildeo do nuacutemero de anos de estudo e a presenccedila de disfagia resultou em
achado peculiar natildeo relatado por nenhum dos estudos anteriores Identificou-se que
os idosos que estudaram no maacuteximo sete anos apresentaram quase duas vezes
mais disfagia do que os que estudaram mais de oito anos Este achado pode estar
relacionado a vaacuterios fatores entre os quais agrave sauacutede oral dos idosos uma vez que a
baixa escolaridade estaacute relacionada com as precaacuterias condiccedilotildees de sauacutede oral na
populaccedilatildeo brasileira Sendo assim idosos com ausecircncias dentaacuterias possuem maior
dificuldade de mastigaccedilatildeo o que altera o processo normal de degluticcedilatildeo
(HILDEBRAND et al 1997 NUNES ABEGG 2008)
A variaacutevel renda do idoso e a renda familiar natildeo foram relacionadas no
presente estudo e em nenhum outro realizado anteriormente com a ocorrecircncia de
disfagia Apesar deste dado natildeo ter sido explorado em nenhum dos estudos
encontrados na literatura esperava-se relaccedilatildeo significativa entre renda e disfagia
baseada em diferenccedilas sociais culturais e comportamentais
Outro aspecto que estaacute associado aacute disfagia eacute a dependecircncia para realizar as
atividades de vida diaacuteria (AVDs) uma vez que dentre os disfaacutegicos 4050 foram
considerados dependentes para realizar as atividades de vida diaacuteria No estudo
realizado por Kawashima Motohashi Fujishima 2004 tambeacutem foi encontrada
associaccedilatildeo estatisticamente significativa entre disfagia e capacidade funcional
constituindo importante achado que reflete a importacircncia de se conhecer a
prevalecircncia de disfagia natildeo apenas para prevenir pneumonias mas tambeacutem para
100
possibilitar um maior grau de independecircncia entre os idosos (KAWASHIMA
MOTOHASHI FUJISHIMA 2004)
Ter procurado atendimento meacutedico no uacuteltimo ano independente da
quantidade de vezes natildeo apresentou associaccedilatildeo estatiacutesticamente significativa com
disfagia No entanto a disfagia esteve presente em 4667 dos idosos que
estiveram internados nesse periacuteodo Este achado pode ser decorrente do estado de
sauacutede em que o idoso com disfagia se encontra uma vez que idosos mais
debilitados geralmente estatildeo acamados em seus domiciacutelios ou estatildeo internados em
hospitais o que impossibilita a busca de consultas na atenccedilatildeo primaacuteria agrave sauacutede Em
estudo realizado em Cuba foi pesquisada a prevalecircncia de desnutriccedilatildeo em idosos
comparando os que residiam em domicilio com os que estavam internados em
hospitais e com os que residiam em asilos Foi diagnosticada desnutriccedilatildeo em 27
dos idosos vivendo em comunidade em 916 nos que estavam internados e em
953 nos que moravam em asilos (GONZAacuteLEZ et al 2007) Esse resultado
confirma que os idosos mais debilitados ou seja os desnutridos os que tecircm
pneumonia desidrataccedilatildeo problemas consequumlentes da disfagia procuram os
serviccedilos de sauacutede quando estatildeo muito debilitados e necessitam de internaccedilatildeo
hospitalar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 LOW et al 2001)
Dentre os idosos que referiram demecircncia 6296 apresentaram disfagia
Esse resultado estaacute de acordo com estudos que investigaram a relaccedilatildeo de disfagia
com demecircncia As demecircncias satildeo cada vez mais prevalentes em nossa sociedade
ocasionando inuacutemeros prejuiacutezos agrave capacidade funcional do indiviacuteduo Observa-se
grande anguacutestia e dificuldade dos familiares no ato da alimentaccedilatildeo dos idosos
disfaacutegicos e este momento se torna ainda mais difiacutecil no paciente com demecircncia
Quanto mais avanccedila a doenccedila mais o idoso apresenta dificuldades em mastigar e
101
deglutir o alimento resultado de alteraccedilotildees na musculatura no paladar no olfato na
memoacuteria e na atenccedilatildeo Nos pacientes que estatildeo na fase inicial podem-se observar
uma velocidade compulsiva e a ocorrecircncia de engasgos causada pela ansiedade em
se alimentar (CHOUINARD LAVIGNE VILLENEUVE 1998 SANCHES BILTON
RAMOS 2000 SANCHES et al 2003)
Doenccedila de Pakinson tambeacutem apresentou associaccedilatildeo estatisticamente
significativa quando comparada com a disfagia sendo que dos idosos com
Parkinson 5385 apresentaram disfagia Esta relaccedilatildeo acontece provavelmente
por se tratar de uma doenccedila que atinge diretamente a capacidade de realizar
movimentos ligados ao processo de mastigaccedilatildeo e de degluticcedilatildeo como tambeacutem pela
utilizaccedilatildeo de medicamentos que podem induzir o desenvolvimento de Parkisonismo
e de disfagia como o cloridrato de trifluoperazina (BASHFORD BRADD 1996) Em
estudo realizado com 16 pacientes com doenccedila de Parkinson submetidos agrave
avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica foi observado que os pacientes em estaacutegio inicial da
doenccedila natildeo apresentaram dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo no entanto os
que se encontravam na fase avanccedilada apresentavam alteraccedilotildees consideraacuteveis no
processo de mastigaccedilatildeo e degluticcedilatildeo do alimento (GAZZONI PEDROSO GROLLI
2003)
Dos idosos que tiveram infarto agudo do miocaacuterdioangina 4242
apresentaram disfagia Em estudo realizado com 869 pacientes cardiacuteacos
submetidos a cirurgia no periacuteodo de 12 meses disfagia estava presente em 34
(391) desses pacientes e foi associada estatisticamente em 90 dos casos agrave
aspiraccedilatildeo pulmonar A disfagia nestes casos aumentou a frequumlecircncia de
pneumonias ampliou a necessidade de traqueostomias e de permanecircncia em
Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ampliando a permanecircncia hospitalar
102
(HOGUE et al 1995) Na literatura especializada foram encontrados alguns estudos
de caso que relatavam a presenccedila de disfagia em pacientes que sofreram infarto
agudo do miocaacuterdio (HARRINGTON DUCK WORTH STARNES 1998 MOSIMANN
et al 2000 PRICE et al 2004 WERNER RBAH BOumlHN 2006) Os medicamentos
utilizados em pacientes que sofreram infarto agudo do miocaacuterdio satildeo geralmente β-
bloqueadores aspirina Inibidores da enzima de conversatildeo da angiotensina e
bloqueadores dos receptores de angiotensina II (WINKELMAYER et al 2008)
Esses medicamentos podem provocar alteraccedilotildees na cavidade oral com a
diminuiccedilatildeo da produccedilatildeo de saliva (xerostomia) e assim podem criar dificuldades no
preparo do bolo alimentar (CIANCIO 2004 PESCIO 2006 MURRAY et al 2006)
As doenccedilas reumatoloacutegicas tambeacutem apresentaram relaccedilatildeo com a disfagia no
presente estudo e dos idosos que referiram este agravo 3418 apresentaram
disfagia (p= 005) As doenccedilas sistecircmicas dentre elas as reumatoloacutegicas (artrite
reumatoacuteide dermatomiosite poliomiosite doenccedila de Forestier dentre outras) podem
causar disfagia No caso da artrite reumatoacuteide a disfagia pode ser decorrente da
fusatildeo das articulaccedilotildees cricoacuteide e tireoacuteide o que pode levar agrave rouquidatildeo Na
polimiosite e na esclerodermia a disfagia eacute muitas vezes decorrente da inflamaccedilatildeo
acompanhada de fibrose do esocircfago Na Siacutendrome de Sjoumlgren a reduccedilatildeo da
salivaccedilatildeo eacute a principal causa de disfagia No lupus eritematoso sistecircmico a disfagia
eacute oral e pode ser provocada pelo aparecimento de uacutelceras orais dolorosas que
dificultam o momento da mastigaccedilatildeo (JONES RAVICH DONNER 1993
MCCAFFERTY et al 1995) Portanto as doenccedilas reumatoloacutegicas estatildeo muito
relacionadas com a disfagia o que diminui a qualidade de vida desses pacientes
sendo de suma importacircncia o acompanhamento fonoaudioloacutegico para minimizar as
dificuldades no momento da alimentaccedilatildeo
103
Diferente das doenccedilas anteriormente relacionadas natildeo houve diferenccedila
estatisticamente significativa entre disfagia e hipertensatildeo arterial bem como entre
disfagia e acidente vascular cerebral (AVC) Essa constataccedilatildeo contraria estudos que
pesquisaram a relaccedilatildeo entre estes dois agravos e a presenccedila de disfagia em idosos
Isso pode ser explicado pela diferenccedila entre as amostras visto que as pesquisas
realizadas tiveram como amostra pacientes com quadro agudo de AVC internados
em ambiente hospitalar (ELMSTAHL et al 1999 SCHELP et al 2004 FIORESE et
al 2004 XEREZ CARVALHO COSTA 2004) Da mesma forma dos idosos que
sofreram doenccedila pulmonar obstrutiva crocircnica (DPOC) 4286 apresentaram
disfagia poreacutem esse resultado natildeo foi estatisticamente significante No entanto a
relaccedilatildeo entre DPOC e disfagia foi observada em outro estudo realizado com 78
pacientes com diagnoacutestico principal de DPOC que foram submetidos agrave
videofluoroscopia da degluticcedilatildeo Destes 85 apresentaram disfagia (GOOD-
FRATTURELLI CURLLE HOLLE 2000) Outra patologia que natildeo apresentou
associaccedilatildeo estatisticamente significativa com disfagia foi a depressatildeo Os pacientes
com disfagia podem apresentar depressatildeo motivados pelo isolamento social que a
dificuldade em se alimentar provoca (EKBERG et al 2002 FARRI ACCORNERO
BURDESE 2007) no entanto natildeo existem estudos que afirmam que as pessoas
depressivas apresentam disfagia como sintomatologia associada
No presente estudo natildeo foi possiacutevel detectar qual a relaccedilatildeo de temporalidade
entre os eventos sendo necessaacuteria a realizaccedilatildeo de estudos prospectivos para se
atingir tal fim No presente estudo foi utilizado instrumento de investigaccedilatildeo natildeo
validado no entanto foi elaborado com questotildees largamente utilizadas na praacutetica
cliacutenica da fonoaudiologia portanto pode ser considerado de boa qualidade Por esse
motivo natildeo foi confirmada a acuraacutecia do formulaacuterio de disfagia A validaccedilatildeo do
104
formulaacuterio poderaacute ser posteriormente realizada atraveacutes da avaliaccedilatildeo dos idosos que
constituiacuteram essa amostra ou atraveacutes da reprodutibilidade do formulaacuterio em outra
populaccedilatildeo de idosos
Apesar das limitaccedilotildees o presente estudo constitui importante ferramenta para
a sauacutede puacuteblica brasileira por ser a primeira pesquisa de tal magnitude amostral que
identificou a prevalecircncia de disfagia em uma amostra de idosos que vivem em
domiciacutelio por proporcionar aos serviccedilos de sauacutede a possibilidade de preparar accedilotildees
preventivas buscando evitar o aumento na frequumlecircncia de disfagia entre os idosos
por alertar os profissionais de sauacutede para a necessidade de diagnosticar e de tratar
corretamente a disfagia com o objetivo de se evitar maiores complicaccedilotildees de sauacutede
nos idosos
105
6 Conclusatildeo
Diante dos resultados encontrados no inqueacuterito realizado em uma amostra
com idosos residentes no bairro Rodolfo Teoacutefilo na cidade de Fortaleza no ano de
2008 pode-se concluir que
A populaccedilatildeo de idosos estudada eacute composta basicamente de pessoas do
sexo feminino com idade entre 60 e 69 anos casada com menos de 8 anos de
estudo e que vivem em domiciacutelios bigeracionais e trigeracionais e com baixa renda
Satildeo idosos que na maioria necessitam de atendimento meacutedico mas poucos
necessitaram de internaccedilatildeo hospitalar A morbidade que mais acomete esses idosos
eacute a hipertensatildeo seguida das doenccedilas reumatoloacutegicas e da diabete A maioria dos
idosos satildeo independentes para realizar as atividades baacutesicas de vida diaacuteria
Na populaccedilatildeo estudada existe alta prevalecircncia de disfagia (2868) e estaacute
particularmente associada a grupos especiacuteficos de idosos dentre eles os muito
idosos (idade acima de 80 anos) os idosos que estudaram menos de 8 anos e os
idosos viuacutevos A relaccedilatildeo entre disfagia e idade jaacute era amplamente relatada no
entanto a relaccedilatildeo com escolaridade e estado civil necessita de maior investigaccedilatildeo
para determinar as possiacuteveis causas dessa relaccedilatildeo
Dentre as doenccedilas referidas aqui associadas agrave disfagia as demecircncias a
Doenccedila de Parkinson as doenccedilas reumatoloacutegicas o infarto agudo do miocaacuterdio
tiveram associaccedilatildeo estatisticamente significativa com a disfagia Contudo faz-se
106
importante a realizaccedilatildeo de mais pesquisas que possam identificar a prevalecircncia de
disfagia em idosos com diagnoacutesticos dessas doenccedilas
A frequumlecircncia de disfagia foi alta entre os idosos que passaram por internaccedilatildeo
hospitalar recente Esse resultado pode sugerir a necessidade de se investigar as
causas dessas internaccedilotildees e se dentre elas estaacute a disfagia esta pode provocar o
desenvolvimento de pneumonia de desnutriccedilatildeo e de desidrataccedilatildeo intercorrecircncias
comuns entre idosos hospitalizados
A alta prevalecircncia de disfagia entre os idosos dependentes para as Atividades
de vida diaacuteria (AVDs) indica que a disfagia pode ser utilizada como marcador de
vulnerabilidade do idoso a eventos adversos
Com a alta prevalecircncia de disfagia na populaccedilatildeo estudada lamentamos
afirmar que ela jaacute constitui grave problema de sauacutede puacuteblica
107
7 Recomendaccedilotildees
Diante dos resultados colhidos recomenda-se
Treinamento dos profissionais de sauacutede para melhor diagnosticar e tratar a
disfagia buscando inserir nas equipes de sauacutede o fonoaudioacutelogo como parte
fundamental no diagnoacutestico e tratamento da disfagia possibilitando resultados mais
raacutepidos e efetivos em pacientes disfaacutegicos
Atenccedilatildeo das equipes de sauacutede para os idosos que aqui foram identificados
como grupo de rico para disfagia mantendo como conduta meacutedica a investigaccedilatildeo a
cerca dos sintomas relacionados agrave disfagia em idosos natildeo se detendo apenas aos
idosos com queixa mas tambeacutem aos que poderatildeo ser futuros disfaacutegicos Assim o
encaminhamento para o tratamento preventivo poderaacute ser parte integrante da rotina
nos serviccedilos de sauacutede
Realizaccedilatildeo de mais estudos de preferecircncia de segmento longitudinal para a
identificaccedilatildeo de outros fatores associados agrave disfagia Realizar pesquisas qualitativas
que busquem a identificaccedilatildeo de aspectos soacutecio-culturais que possam esclarecer os
resultados encontrados como a participaccedilatildeo da baixa escolaridade na maior
prevalecircncia de disfagia entre os idosos pesquisados Este estudo poderaacute ser
realizado como parte da coorte que futuramente seraacute instaurada na comunidade do
Rodolfo Teoacutefilo Outra possibilidade de estudo a ser realizada com a mesma
populaccedilatildeo seria uma avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica no grupo dos disfaacutegicos e no grupo
dos natildeo disfaacutegicos com o objetivo de identificar mais aspectos relevantes que
distinguissem os grupos A utilizaccedilatildeo de exames de imagem para identificar de
forma mais precisa a disfagia seria de grande auxiacutelio para resultados mais
consistentes
108
8 Referecircncias Bibliograacuteficas
AHRONHEIM JC MULVIHILL M SIEGER C PARK P FRIES BE State practice variations in the use of tube feeding for nursing home residents with severe cognitive impairment Journal of the American Geriatrics Society 49(10) 1399 oct 2001 BASHFORD G BRADD P Drug-induced Parkinsonism associated with dysphagia and aspiration a brief report Journal of Geriatric Psychiatry and neurology 9(3) 133-135 jul 1996 BILTON LT Estudo de degluticcedilatildeo do adulto pelo videodeglutograma Dissertaccedilatildeo de Mestrado pela Universidade Federal de Satildeo Paulo UNIFESP EMP Satildeo Paulo 1999 BLAY S RAMOS LR MARI J Validity of a Brazilian version of the older Americans resourses and services (OARS) mental health screening questionnaire Journal of the American Geriatrics Society 36 687-92 1988 BLOEM BR LAGAAY AM BEEK W V HAAN J ROOS RAC WINTZEN AR Prevalence of subjective dysphagia in community residents aged over 87 British Medical Journal 300 721-2 1990 BOTTINO CMC LOPES MA MORENO MPQ HOTOTIANS SR AZEVEDO Jr D TATSCH MF et al Prevalence of dementia and MCI in Satildeo Paulo Brazil International Psychogeriatrics 17 80 2005 BRASIL Decreto n⁰ 1948 de 3 de julho de 1996 Regulamenta a Lei n⁰ 8842 de 4 de janeiro de 1994 LEX Coletacircnea de Legislaccedilatildeo e Jurisprudecircncia 60 1657-611996 BRAVELL ME BERG S MALMBERG B Health functional capacity formal care and survival in the oldest old a longitudinal study Archives of Gerontology and Geriatrics 46(1) 1-14 epud 2007 mar 21 jan-feb 2008 BUCHHOLZ DW Oropharyngeal dysphagia due to iatrogenic neurological dysfunction Dysphagia 10 248-254 1995
109
CHARLTON R SHEAHAN K SMITH G CAMPBELL I Spousal bereavement--implications for health Oxford Journal medicine Family Practice 18(6) 614-8 dec 2001 CHOUINARD J LAVIGNE E VILLENEUVE C Weight loss dysphagia and outcome in advanced dementia Dysphagia 13 151-155 1998
CIANCIO SG Medications impact on oral health J Am Dent Assoc 135(10)1440-8 quiz 1468-9 Oct 2004
CLOUSE RE Spastic disorders of the esophagus Gastroenterologist 5 112-27 1997 COLIN WH Management of acid-related disorders in patients with dysphagia American Journal of Medicine 117(suppl 5A) 44S-48S September 2004 COELHO FILHO JM RAMOS LR Epidemiologia do envelhecimento no Nordeste do Brasil resultados de inqueacuterito domiciliar Revista de Sauacutede Puacuteblica 33(5) 445-453 1999 COELHO FILHO JM Perfil de utilizaccedilatildeo de medicamentos por idosos no municiacutepio de Fortaleza Cearaacute um estudo de base populacional 2000 165f Tese (doutorado em farmacologia)- Universidade Federal do Cearaacute Faculdade de Medicina CORTEacuteS LS BILTON TL SUZUKI HS SANCHEZ EP VENITES JP LUCCIA G Anaacutelise cliacutenica da degluticcedilatildeo e dificuldades de alimentaccedilatildeo de idosos desnutridos em acompanhamento ambulatorial Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo 14(2) 211-235 jun 2003 COSTA MFFL GUERRA HL BARRETO SM GUIMARAtildeES RM Diagnoacutestico da situaccedilatildeo de sauacutede da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo da mortalidade e das internaccedilotildees hospitalares puacuteblicas Informe Epidemioloacutegico do SUS 9(1) 2000 COSTA MFL BARRETO SM GIATTI L Condiccedilotildees de sauacutede capacidade funcional uso de serviccedilos de sauacutede e gastos com medicamentos da populaccedilatildeo idosa brasileira um estudo descritivo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica19(3) June 2003
110
DAHLIN C Oral complications at the end of life American Journal of Nursing 104(7) 40-47 july 2004 DEAN AG DEAN JA BURTON AH DICKER RC Epi Info Version 604a a word processing database and statistics program for epidemiology on micro-computers Center for Disease Control Atlanta Georgia USA 1996 DOMINGUES GR LEMME EMO Diagnoacutestico diferencial dos distuacuterbios motores esofagianos pelas caracteriacutesticas da disfagia Arquivos de Gastroenterologia 38(1) 14-18 2001 EKBERG O HAMDY S WOISARD V WUTTGE-HANNING A ORTEGA P Social and psychological burden of dysphagia its impact on diagnosis and treatment Dysphagia 17 139-146 2002 ELMSTAHL S BUumlLOW M EKBERG O PETERSSON M TEGNER H Treatment of dysphagia improves nutritional conditions in stroke patients Dysphagia 14 61-66 1999 ENG PM KAWACHI I FITZMAURICE G RIMM EB Effects of marital transitions on changes in dietary and other health behaviours in US male health professionals J Epidemiology and Community Health 59 (1) 56-62 jan 2005 FARRI A ACCORNERO A BURDESE C Social importance of dysphagia its impact on diagnosis and therapy Acta Otorhinolaryngologica Italica 27(2) 83-6 Apr 2007 FELICIANO AB MORAES SA FREITAS ICM O perfil do idoso de baixa renda no municiacutepio de Satildeo Carlos Satildeo Paulo Brasil um estudo epidemioloacutegico Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(6) 1575-1585 Nov-dez 2004 FIORESE AC BILTON T VENITES JP SANCHES EP Estudos das alteraccedilotildees de maior ocorrecircncia nas fases oral e fariacutengea da degluticcedilatildeo entre 20 e 93 anos de idade avaliadas pela videofluoroscopia Distuacuterbios da comunicaccedilatildeo humana 16(3) 301-312 dezembro 2004 FLETCHER RH FLETCHER SW WAGNER EH Clinical epidemiology the essentials 2ordm ed Baltimore Williams amp Wilkins 1988 FUNDACcedilAtildeO IBGECELADE Brasil estimaciones y projecciones de poblacioacuten 1950-2025 Santiago Chile1984
111
FUNDACcedilAtildeO IBGE 1991 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 FUNDACcedilAtildeO IBGE 2000 Fundaccedilatildeo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica Censo Demograacutefico 2000 Disponiacutevel em URL httpwwwibgegovbr acesso em 15 de setembro de 2007 GAZZONI J PEDROSO KCD GROLLI EB Avaliaccedilatildeo fonoaudioloacutegica funcional em pacientes portadores de Doenccedila de Parkinson Revista CEFAC 5 223-226 2003 GONZAacuteLEZ HA CUYAacute LM GONZAacuteLEZ EH SAacuteNCHEZ GR CORTINA MR BARRETO PJ SANTANA PS ROJAS PA Nutritional status of cuban elders in three different geriatric scenarios community geriatrics service nursery home Archivos Latinoamericanos de Nutricioacuten 56(3) 266-272 sep 2007 GOOD-FRATTURELLI MD CURLEE RF HOLLE J Prevalence and nature of dysphagia in va patients with COPD referred for videofluoroscopic swallow examination Journal of communication Disorders 33(2) 93-110 2000 HARRINGTON OB DUCK WORTH JK STARNES CL Silent aspiration after coronary artery bypass grafting Annals of Thoracic Surgery 65(6) 1599-603 jun 1998 HEBERT R CARRIER R BILODEAU A The functional autonomy measurement system (SMAF) description and validation of an instrument for the measurement of handicaps Age Ageing 17 293-302 1988 HERBERT LE SCHERR PA BIENIAS JL BENNETT DA EVANS DA Alzheimer Disease in US population prevalence estimates using the 2000 census Archives of Neurology 60(8) 1119-1122 august 2003 HILDEBRAND GH DOMINGUEZ BL SCHORK MA LOESCHE WJ Functional units chewing swallowing and food avoidance among the elderly The Journal of Prosthetc Dentristry 77(6) 588-95 june 1997 HOGUE CWH LAPPAS GD GRESWELL LL FERGUSON TBJr SAMPLE M PUGH D BALFE D COX JL LAPPAS DG Swallowing dysfunction after cardiac operations associated adverse outcomes and risk factors including intraoperative
112
transesophageal echocardiography The Journal of Thoracic and Cardiovascular Surgery 110 517-522 1995 HUDSON AC KOOPMAN WJ MOOSA T SMITH D BACH D NICILLE M A prospective assessment of the characteristics of dysphagia in Myasthenia Gravis Dysphagia 17 147-152 2002 IKEDA M BROWN J HOLLAND AJ FUKUHARA R HODGES JR Changes in appetite food preference and eating habits in frontotemporal dementia and Alzheimerrsquos disease Journal of Neurology Neurosurgery amp Psychiatry 73 371-376 2002 JACOBI JS LEVY DS SILVA LMC Disfagia avaliaccedilatildeo e tratamento Rio de Janeiro Revinter 2003 JONES B RAVICH WJ DONNER MW Dysphagia in systemic disease Dysphagia 8(4) 368-383 1993 KALACHE A VERAS RP RAMOS LR O envelhecimento da populaccedilatildeo mundial Um desafio novo Revista de Sauacutede Puacuteblica 21(3) 200-210 1987 KATZ S Assessing self-maintenance activities of daily living mobility and instrumental activities of daily living Journal of the American Geriatrics Society 31(12) 721-727 1983 KAWASHIMA K MOTOHASHI Y FUJISHIMA I Prevalence of dysphagia among comunity- dwelling elderly individuals as estimated using questionnaire for dysphagia screening Dysphagia 19(4) 266-71 2004 KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Cross-sectional and other types of studies In KELSEY JL THOMPSON WD EVANS AS Methods in observational epidemiology 1ordmed Oxford University Press 1986 LEBRAtildeO ML LAURENTI R Sauacutede bem-estar e envelhecimento o estudo SABE no Municiacutepio de Satildeo Paulo Revista Brasileira de Epidemiologia 8(2) June 2005
LINDGREN S JANZON L Prevalence of swallowing complaints and clinical findings among 50-70-yearold men and woman in an urban population Dysphagia 6187-192 1991
113
LOW J WYLES C WILKINSON T SAINSBURY R The effect of compliance on clinical outcomes for patients with dysphagia on videofluoroscopy Dysphagia 16 123-127 2001 MACEDO FILHO ED GOMES G FURKIM AM Manual de cuidados do paciente com disfagia Lovise Satildeo Paulo 2000 cap02 p 17- 27 MARTIN GB CORDONI JL BASTOS YGL SILVA PV Assistecircncia hospitalar agrave populaccedilatildeo idosa em cidade do sul do Brasil Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede 15 (1) mar 2006 MATOS DL GIATTI L COSTA MFL Fatores soacutecio-demograacuteficos associados ao uso de serviccedilos odontoloacutegicos entre idosos brasileiros um estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domiciacutelios Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(5) 1290-1297 set-out 2004 MATSUDO SM Avaliaccedilatildeo do idoso fiacutesica e funcional Midiograf 8 Londrina 2000 MCCAFFERTY RR HARRISON MJ TAMAS LB LARKINS M Ossification of the anterior longitudinal ligament and Forestierrsquos disease an analysis of seven cases Journal of Neurosurgery 83(1) 13-7 1995 MORRIS H Dysphagia medicines and older people the need for education Britsh Journal of Community Nursing 10(9) 419-420 sep 2005 MOSIMANN T TERRACCIANO L SIEBER C RAPPO F Complete dysphagia after thrombolytic treatment for myocardial infarction Postgraduate Medical Journal 76(902) 795-6 dec 2000
MURRAY TW CHALMERS JM JOHN SA SLADE GD CARTER KD A longitudinal study of medication exposure and xerostomia among older people Gerodontology 23(4)205-13 Dec 2006
NASCIMENTO FAP LEMME EMO COSTA MMB Esophageal diverticula pathogenesis clinical aspects and natural history Dysphagia 198-205 2006 NOGALES AMV A mortalidade da populaccedilatildeo idosa no Brasil In Como vai Populaccedilatildeo Brasileira Brasiacutelia IPEA ano III 3 24-32 dezembro 1998 NUNES CL ABEGG C Factors associated with oral health perception in older Brazilian Gerontology 25 (1) 42-8 2008
114
ODA AL CHIAPPETTA ALML ANNES M MARCHESAN IQ OLIVEIRA SB Avaliaccedilatildeo cliacutenica endoscoacutepica e manomeacutetrica da degluticcedilatildeo em pacientes com Miastenia Grave auto imune adquirida Arquivos de Neuro-psiquiatria 60(4) 986-995 2002 OLIVEIRA MCB Atendimento hospitalar ao paciente disfaacutegico In Organizadora OLIVEIRA ST Fonoaudiologia Hospitalar Lovise 2003 cap 10 p117-122 ORAL CANCER FOUNDATION Disponiacutevel em httpwwworalcancerfoundationorgdentaltube_feeding htm acesso em 14 de junho de 2008 PARKER C POWER M HAMDY S BOWEN A TYRRELL P THOMPSON DG Awareness of dysphagia by patients following stroke predicts swallowing performance Dysphagia 19 28-35 2004
PESCIO JJ Clinical epidemiological study of xerostomia in elderly totally edentulous Rev Fac Cien Med Univ Nac Cordoba 63(2 Suppl)6-12 2006
PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA- Secretaria Municipal de Planejamento e Orccedilamento- SEPLA 2000 PRICE GC KULKARNI AP SAXENA M OrsquoLEARY M Hard to swallow an unusual complication of thrombolysis Emergency Medicine Journal 21(6) 747-9 Nov 2004 QUINTALE S PIMENTEL AT BERENSTEIN ALS Caracterizaccedilatildeo das mudanccedilas anatomofisioloacutegicas da mastigaccedilatildeo degluticcedilatildeo e dos haacutebitos alimentares no indiviacuteduo idoso assintomaacutetico Fono Atual Satildeo Paulo ano 5 2116-29 julset 2002 RAMOS RL Epidemiologia do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de geriatria e gerontologia Rio de Janeiro Guanabara 2002 cap7 p72-78 RIBERTO M MIYAZAKI MH JORGE FILHO D SAKAMOTO H BATTISTELLA LR Reprodutibilidade da versatildeo brasileira da medida de independecircncia funcional Acta fisiatrica 8(1)45-52 abr 2001 RODRIGUES NC RAUTH J Os desafios do envelhecimento no Brasil In FREITAS EV PY L NEacuteRI AL et al Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap 12 p106-110 2002
115
ROSA AGF CASTELLANOS RAF PINTO VG RAMOS LR Condiccedilotildees de sauacutede bucal em pessoas de 60 anos ou mais no municiacutepio de Satildeo Paulo (Brasil) Revista de Sauacutede Puacuteblica 26(3) 155-160 1992 ROUQUAYROL MZ KERR-PONTES LRS Medida da sauacutede coletiva In ROUQUAYROL MZ Epidemiologia amp Sauacutede 6ordm ed Rio de Janeiro MEDSI 2003 cap3 p37-82 SANCHES EP BILTON T RAMOS LR Anaacutelise descritiva da alimentaccedilatildeo de idosos com demecircncia Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 11(2) 227-249 jun 2000 SANCHES EP BILTON T SUZUKI HS RAMOS LR Estudo da Alimentaccedilatildeo e Degluticcedilatildeo de Idosos com Doenccedila de Alzheimer Leve e Moderada Distuacuterbios da Comunicaccedilatildeo 15 (1) 9-37 2003 SCHELP AO COLA PC GATTO AR SILVA RG CARVALHO LR Incidecircncia de disfagia orofariacutengea apoacutes acidente vascular encefaacutelico em hospital puacuteblico de referecircncia Arquivos de Neuro-psiquiatria 62(2) 2004 SCHINDLER JS KELLY JH Swallowing disorders in the elderly The Laringoscope 112 589-602 april 2002 SILVA DD SOUSA MLR WADA RS Sauacutede bucal em adultos e idosos na cidade de Rio Claro Satildeo Paulo Brasil Caderno de Sauacutede Puacuteblica 20(2) 626-631 Rio de Janeiro mar-abr 2004 SOKOLOFF LG PAVLAKOVIC R Neuroleptic-induced dysphagia Dysphagia 12 177-179 1997
TALLEY NJ WEAVER AL ZINSMEISTER AR MELTON LJ Onset and disappearance of gastrointestinal symptoms and functional gastrointestinal disordersAmerican Journal of Epidemiology 136 165-771992 TATEMATSU M MORI T KAWAGUCHI T TAKEUCHI K HATTORI M MORITA I NAKAGAKI H MURAKAMI T TUBOI S HAYASHISAKI J MURAKAMI H YAMAMOTO M ITO Y Mastigatory performance in 80- year- old individuals Gerontology 21 112-119 2004 TEASELL R FOLEY N FISHER J FINESTONE H The incidence management and complication of dysphagia in patients with medullary strokes admitted to a rehabilitation unit Dysphagia 17 115-120 2002
116
THOMSEN TW SHAFFER RW SETNIK GS Videos in clinical medicine Nasogastric intubation The New England Journal of Medicine 354(17) e16 2006 TORRES SVS Sauacutede bucal alteraccedilotildees fisioloacutegicas a patoloacutegicas do envelhecimento In FREITAS EV PY L NEacuteRI A etal Tratado de Geriatria e Gerontologia Rio de janeiro Guanabara Koogan cap100 p828-837 2002 VERAS RP COUTINHO E Prevalecircncia da siacutendrome cerebral orgacircnica em populaccedilatildeo de idosos de aacuterea metropolitana da regiatildeo sudeste do Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica 28(1) Feb 1994 VERAS RP RAMOS LR KALACHE A Crescimento da populaccedilatildeo idosa no Brasil transformaccedilotildees e consequumlecircncias na sociedade Revista de Sauacutede Puacuteblica 21 225-33 1987 WARMS T RICHARDS J ldquoWet voicerdquo as a predictor of penetration and aspiration in oropharyngeal dysphagia Dysphagia 15 84-88 2000 WERNER C RBAH R BOumlHM M Cardiovascular dysphagia Clinical Research in Cardiology 95(1) 54-6 jan 2006
WINKELMAYER WC BUCSICS AE SCHAUTZER A WIENINGER P POGANTSCH M Pharmacoeconomics advisory council of the austrian sickness funds Use of recommended medications after myocardial infarction in Austria Eur J Epidemiol 23(2)153-62 Epub 2007 Dec 7 2008
XEREZ DR CARVALHO YSV COSTA MMB Estudo cliacutenico e videofluoroscoacutepico da disfagia na fase subaguda do acidente vascular encefaacutelico Radiologia Brasileira 37(1) 2004
117
9 Apecircndice
118
APEcircNDICE A- Formulaacuterio de capacidade funcional e disfagia
119
120
121
122
123
124
125
Formulaacuterio de Disfagia Q 51) O idoso alimenta-se por sonda ou gastrostomia (1)Sim (2) Natildeo CASO A RESPOSTA SEJA POSITIVA MARCAR NAtildeO SE APLICA NAS QUESTOtildeES 52 A 85 E CONTINUAR A PARTIR DA QUESTAtildeO 68 Q 52) O(a) senhor(a) tem notado que vem demorando mais tempo para comer toda a comida (terminar uma refeiccedilatildeo) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 53) O (a) senhor(a) tem deixado cair alimentos da sua boca sem querer enquanto se alimenta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 55 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 54 Q 54) Com qual frequumlecircncia quando o(a) senhor(a) estaacute comendo a comida cai da boca sem querer (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 55) O(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 57 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 56 Q 56) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) observa que ficam restos de alimento na boca apoacutes terminar a refeiccedilatildeo (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 57) Enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz
126
eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 59 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 58 Q 58) Com qual frequumlecircncia enquanto o(a) senhor(a) come o alimento ou a bebida tem retornado pelo nariz eou o(a) Senhor(a) tem espirrado (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 59) O (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 62 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 60 e 61 Q 60) Com que frequumlecircncia o (a) senhor(a) tem engasgado quando come eou bebe alguma coisa (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 61) Com qual tipo de alimento o(a) senhor(a) costuma se engasgar (1) somente com soacutelido (carnes patildees biscoitos arroz feijatildeo bolos frutas) (2) somente com pastoso (purecirc de batata iogurte canjica mingau gelatina vitamina de frutas sopa passada piratildeo) (3) somente com liacutequido (leite aacutegua suco caldo fino) (4) com soacutelidos e liacutequidos (5) com as trecircs consistecircncias (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 62) O(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA pular para a questatildeo 64 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 63
127
Q 63) Com que frequumlecircncia o(a) senhor(a) tem sentido sensaccedilatildeo de entalo do alimento na garganta (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 64) O(a) senhor(a) possui todos os seus dentes proacuteprios (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Sim pular para a questatildeo 67 e marcar natildeo se aplica nas questotildees 65 e 66
Q 65) O(a) senhor(a) usa proacutetese dentaacuteria (dentadura chapa) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NRNSNA passar para a questatildeo 84 e marcar natildeo se aplica na questatildeo 83 Q 66) Se o(a) senhor(a) usa proacutetese qual o tipo usado (1) Superior total e inferior total (2) Somente superior total (3) Somente inferior total (4) Superior total e inferior parcial (5) Inferior total e superior parcial (6) Superior parcial e inferior parcial (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Sempre buscar comprovaccedilatildeo da informaccedilatildeo solicitando que o idoso abra a boca e em seguida examinando a arcada dentaacuteria Q 67) O(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) Sim (2) Natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Caso a resposta seja Natildeo ou NSNRNA marcar natildeo se aplica na questatildeo 68
128
Q 68) Com qual frequumlecircncia o(a) senhor(a) sente que sua voz muda apoacutes as refeiccedilotildees (fica rouca molhada como se tivesse secreccedilatildeo na garganta) (1) toda vez que come (SEMPRE) (2) pelo menos uma vez por semana (3) uma vez por mecircs (4) uma vez perdida (RARAMENTE) (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 69) Alguma vez algum meacutedico ou profissional de sauacutede falou que o (a) sr (a) tem ou jaacute teve alguma dessas doenccedilas 691 Diabetes (1)sim (2)natildeo 692 Doenccedila de Parkinson (1)sim (2)natildeo 693 Demecircncia doenccedila de Alzheimeresclerose (1)sim (2)natildeo 694 Hipertensatildeo (1)sim (2)natildeo 695 Acidente Vascular Cerebral (AVC)AIT (1)sim (2)natildeo 696 Cacircncer (1)sim (2)natildeo 697 Reumatismo artrose (1)sim (2)natildeo 698 Enfise eou bronquite (DPOC) (1)sim (2)natildeo 699 Infarto do miocaacuterdioangina (1)sim (2)natildeo 6910 Depressatildeo (1)sim (2)natildeo (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 70) Quanto o(a) sr(a) recebeganha por mecircs R$_______________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu Q 71) Quanto eacute a renda da familia por mecircs R$__________________________ (2) Natildeo recebe nada (8) Natildeo se aplica (9) Natildeo sabe (0) Natildeo respondeu
129
APEcircNDICE B- Termo de consentimento livre e esclarecido
Universidade Federal do Cearaacute
Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso Endereccedilo Rua Cap Francisco Pedro 1290 FaxFone (085) 2812886 (085) 2816466
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Eu _____________________________________ tendo sido convidad(oa) a
participar como voluntaacuteri(oa) do estudo Prevalecircncia de disfagia em Idosos
residentes em uma comunidade de Fortaleza recebi d(oa)
Sr(a)________________________________________d(oa) Jeanny Fiuza Costa
Frota responsaacutevel por sua execuccedilatildeo as seguintes informaccedilotildees que me fizeram
entender sem duacutevidas os seguintes aspectos
bull Que o estudo se destina a pesquisar o nuacutemero de idosos neste bairro que
apresentam dificuldade para engolir os alimentos
bull Que a importacircncia deste estudo eacute a de fornecer informaccedilotildees sobre como a
populaccedilatildeo de idosos do bairro estaacute engolindo os alimentos e assim intervir
preventivamente nos casos detectados buscando evitar o desenvolvimento de
pneumonias aspirativas
bull Que os resultados que se desejam alcanccedilar satildeo os seguintes identificar o
nuacutemero de idosos com dificuldade para engolir os alimentos identificar o tipo
de dificuldade identificar o perfil soacutecio-econocircmico de idosos que apresentam
essa dificuldade e identificar as doenccedilas e medicamentos que estatildeo
associados agrave dificuldade de engolir os alimentos
bull Que este estudo iniciaraacute em marccedilo de 2008 e terminaraacute em junho de 2008
bull Que este estudo seraacute realizado atraveacutes do preenchimento de um questionaacuterio
O (A) entrevistador (a) me faraacute algumas perguntas como nome idade
endereccedilo condiccedilotildees econocircmicas condiccedilotildees gerais de sauacutede doenccedilas
medicamentos e aspectos relacionados agrave minha alimentaccedilatildeo
bull Que eu necessitarei dispor de alguns minutos para responder todas as
perguntas
bull Que natildeo haveraacute nenhum risco a minha sauacutede fiacutesica ou mental
130
bull Que natildeo deverei esperar nenhuma assistecircncia a minha sauacutede
bull Que natildeo deverei esperar nenhum benefiacutecio pela minha participaccedilatildeo
bull Que poderei acompanhar a minha participaccedilatildeo atraveacutes do contato por
telefone
bull Que sempre que desejar seraacute fornecido esclarecimentos sobre cada uma das
etapas do estudo
bull Que a qualquer momento eu poderei recusar a continuar participando do
estudo e tambeacutem que eu poderei retirar este meu consentimento sem que
isso me traga qualquer penalidade ou prejuiacutezo
bull Que as informaccedilotildees conseguidas atraveacutes da minha participaccedilatildeo natildeo
permitiratildeo a identificaccedilatildeo da minha pessoa exceto aos responsaacuteveis pelo
estudo e que a divulgaccedilatildeo das mencionadas informaccedilotildees soacute seraacute feita entre
os profissionais estudiosos do assunto
bull Finalmente tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi
informado sobre a minha participaccedilatildeo no mencionado estudo e estando
consciente dos meus direitos das minhas responsabilidadesdos riscos e dos
benefiacutecios que a minha participaccedilatildeo implica concordo em dele participar e
para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORCcedilADO OU OBRIGADO
Fortaleza_____de_______________de 2008 ____________________________ _________________________ (Assinatura ou impressatildeo datiloscoacutepicad(oa) voluntari(oa) Jeanny Fiuza Costa Frota (responsaacutevel pela pesquisa) ou responsaacutevel legal-ruacutebricar as demais folhas)
_______________________________________________ Nome do profissional que aplicou o TCLE
ATENCcedilAtildeO para informar ocorrecircncias irregulares ou danosas durante a sua participaccedilatildeo no estudo dirija-se ao Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da Universidade Federal do Cearaacute Rua Coronel Nunes de Melo 1127 Rodolfo Teoacutefilo Telefone 33668338
Endereccedilo d(oa) responsaacuteve (lis) pela pesquisa Pesquisadora Jeanny Fiuacuteza Costa Frota Endereccedilo Rua Ceacutesar Rossas 185 BairroCEPcidade Montese60410100 Forrtaleza Telefone para contato 99958901
Endereccedilo d(oa) participante-voluntaacuteri(oa) Domiciacutelio (ruaavenida praccedila conjunto) Bloconcomplemento BairroCEPcidade Ponto de referecircncia
131
10 Anexo
132
ANEXO A- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoAvaliaccedilatildeo da capacidade funcional dos idosos
residentes em aacuterea urbana de Fortaleza-CErdquo no Comitecirc de eacutetica
133
ANEXO B- Aprovaccedilatildeo da pesquisa ldquoPrevalecircncia de disfagia em idosos residentes
em uma comunidade de Fortalezardquo no Comitecirc de eacutetica
- Universidade Federal do Cearaacute
- Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio Centro de Atenccedilatildeo ao Idoso
-