Dificuldades de Aprendizagem da Leitura ... - Pós-Graduação · 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Dificuldades de Aprendizagem da Leitura e escrita
Adriane da Silva dos Santos
ORIENTADOR:
Prof. Fabiane Muniz
Duque de Caxias 2016
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional Por: Adriane da Silva dos Santos
Dificuldades de Aprendizagem da Leitura e escrita
Rio de Janeiro 2016
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus pela vida e por me fortalecer até aqui, a minha família por me fazer sentir valorizada e amada, aos meus respeitados colegas do Ciep 318 pela disponbilidade em ajudar e a meus amigos por estarem sempre prontos a me ou ouvir.
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DEDICATÓRIA
Dedico a meu amado pai que me ensinou as mais
significativas aprendizagens que possuo.
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RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo principal refletir sobre as prováveis
razões que levam as crianças a enfrentarem dificuldades no processo de
aquisição da leitura e escrita. Essas dificuldades têm preocupado pais e
profissionais da educação e tem gerado a fragilização da autoestima de
crianças e adolescentes que enfrentam o problema. Considerando a
apropriação da leitura e escrita essencial para participação efetiva do cidadão
na sociedade, a realidade encontrada nas escolas é de fato preocupante.
Alunos que apresentam dificuldades na alfabetização têm enfrentado um
histórico de retenções sucessivas que lhes geram sentimentos de frustração,
impotência, incapacidade e insatisfação. Esses alunos, muitas vezes, acabam
evadindo, abandonando a vida escolar e consequentemente serão excluídos
do mundo letrado e terão que enfrentar os desafios de viver numa sociedade
que tem a linguagem escrita como uma das principais formas de expressão e
interação.
O trabalho foi dividido em três capítulos. O primeiro capítulo pretendeu-
se analisar o surgimento da leitura e escrita. O segundo capítulo abordou o
tema: A aquisição da Linguagem. O assunto foi trabalhado com a finalidade de
compreender o que é e como ela se desenvolve na criança, quais os aspectos
que os adultos precisam estar atentos como indicativo de que ela não está se
desenvolvendo dentro da normalidade, para que problemas sejam detectados e
tratados precocemente. Os problemas apresentados na Linguagem oral podem
trazer prejuízos ao processo de aquisição da língua escrita. O capítulo traz
reflexões sobre a alfabetização tendo por base, os estudos da psicolinguista
Emilia Ferreiro que tantas contribuições trouxe para compreensão da maneira
como a criança constrói seu conhecimento a respeito da escrita, num processo
em que age de maneira ativa, produzindo reflexões e criando suas hipóteses a
respeito do sistema alfabético. O terceiro capítulo buscou compreender os
prováveis motivos que podem gerar dificuldades, em algumas crianças, no
processo de aquisição da leitura e escrita. Tais dificuldades podem estar
associadas a motivos diversos e devem ser investigadas e trabalhadas de
maneira consciente e responsável. A família e a escola precisam investir numa
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relação de parceria que favoreça a aprendizagem da criança. Essa interação é
de grande importância para o desenvolvimento acadêmico da criança.
Embora a escola por muitas vezes se depare com realidades bem
diferentes, de famílias que não se disponibilizam e não demonstram interesse
em acompanhar o desenvolvimento escolar de seus filhos, deve desempenhar
sua função e oferecer uma educação de qualidade para seus alunos. Deve se
atualizar, criar estratégias, realizar planejamentos apropriados,adotar práticas
de recuperação paralela, enfim, estar comprometida com o desenvolvimento de
seu aluno. A família também deve se conscientizar de suas responsabilidades,
estando presente na vida escolar de seus filhos, participando, cobrando,
atendendo a solicitações, contribuindo no que for necessário. A escola deve
estar consciente de suas responsabilidades, mas também de suas limitações.
O profissional da Educação deve contar com ações governamentais que lhe dê
suporte e condições para desenvolver o seu trabalho. Se todos estiverem
conscientes de seus papéis, cumprindo-os de forma responsável, as
dificuldades que forem surgindo serão superadas sem maiores prejuízos ao
desenvolvimento da criança. Se alguma das partes, no entanto, se omitir e
deixar de cumprir com sua função, os prejuízos trazidos ao aluno muito
provavelmente o acompanharão por toda a sua trajetória escolar, social e
futuramente profissional.
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METODOLOGIA
A metodologia de estudo utilizada para a construção do presente
trabalho passou por dois momentos distintos. Num primeiro momento foi
realizado levantamento bibliográfico e documental com o objetivo de buscar
subsídios teóricos e dados relevantes para a temática em questão.
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento
de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios
escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de
web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma
pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o
que já se estudou sobre o assunto. Existem porém pesquisas
científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica,
procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de
recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o
problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA,
2002, p. 32).
Os principais autores que serviram como fonte de pesquisa foram Emilia
Ferreiro, Piaget, Vygotsky, dentre outros, que tantas contribuições trouxeram
com suas pesquisas e teses. Foi utilizado como material de consulta livros,
artigos, sites, entrevistas, filmes, jornais, tabelas estatísticas que deram
fundamentação científica ao trabalho.
A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da
pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A
pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já
elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos
localizados em bibliotecas. A pesquisa documental recorre a
fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico,
tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios,
documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas,
tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de
televisão, etc. (FONSECA, 2002, p. 32)
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No segundo momento foi desenvolvida pesquisa de campo, com o
objetivo de coletar dados que auxiliem no levantamento descritivo dos fatos
de acordo com a realidade da Unidade Escolar utilizada como fonte de
pesquisa.
A pesquisa ex-post-facto tem por objetivo investigar
possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato
identificado pelo pesquisador e um fenômeno que ocorre
posteriormente. A principal característica deste tipo de pesquisa
é o fato de os dados serem coletados após a ocorrência dos
eventos. A pesquisa ex-post-facto é utilizada quando há
impossibilidade de aplicação da pesquisa experimental, pelo fato
de nem sempre ser possível manipular as variáveis necessárias
para o estudo da causa e do seu efeito (FONSECA, 2002, p. 32).
A pesquisa de campo foi realizada num Ciep da rede pública do
Município de Duque de Caxias. Através do estudo de caso de alunos que
enfrentam histórico de retenções sucessivas no terceiro ano do Ensino
Fundamental. Mediante pesquisa documental, foi realizado um levantamento
do histórico escolar desses alunos, utilizando avaliações diagnósticas aplicadas
durante o primeiro semestre do ano letivo de 2016, entrevista com professores,
leitura de relatórios descritivo dos anos anteriores, diálogo com responsáveis,
professores e Orientação Educacional dos alunos envolvidos.
Foi aplicada também entrevista com todos os professores de terceiro
ano do Ensino Fundamental na Unidade Escolar, essa etapa foi considerada
necessária para se traçar um perfil geral das turmas de final do ciclo,
realizando um levantamento do quantitativo de alunos que enfrentam
dificuldades no processo de alfabetização, que estão cursando o terceiro ano
de escolaridade por mais de uma vez e o tipo de intervenções pedagógicas
utilizadas para esses alunos.
Os seis professores que lecionam no terceiro ano do ciclo na Unidade
Escolar se dispuseram a participar da entrevista. Todos graduados e alguns
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pós graduados, demonstraram conhecimento, dedicação e comprometimento
com seus alunos. Demonstraram também o desejo de contribuir para o
desenvolvimento da pesquisa, respondendo de maneira responsável as
perguntas realizadas.
Os dados coletados na pesquisa estão descritos na tabela abaixo:
Turmas Total de alunos Alunos que estão Alunos com Alunos que
por turma
cursando o 3º
ano por
dificuldades no processo
recebem acompanhamento
mais de uma vez de aquisição da leitura escrita com algum especialista
1 24 2 3 1
2 25 4 Não declarado 2
3 18 12 11 1
4 24 1 8 2
5 22 5 6 0
6 22 19 12 0
TOTAL 135 43 40 6
Dos cento e trinta e cinco alunos matriculados na etapa final do ciclo,
quarenta e três apresentam distorção série idade. Alguns por falta, por terem
iniciado a vida escolar com atraso e a grande maioria por aprendizagem e
rendimento, principalmente no que se refere à aquisição da leitura e escrita,
ficam retidos no terceiro ano do ciclo. Dentre as seis turmas que participaram
da pesquisa, quarenta alunos foram sinalizados com dificudades no processo
de aquisição da leitura e escrita, e em uma turma não foi declarada essa
quantidade, ou seja, algo em torno de 29,6%. Dos quarenta alunos apontados
com dificuldades, Seis fazem acompanhamento com algum especialista, outros
foram encaminhados, mas por algum motivo não seguiram com o tratamento e
outros, ainda não deram retorno à Unidade Escolar
O estudo de caso foi realizado com três alunos do terceiro ano do
Ensino fundamental. Eles têm entre dez e quinze anos e todos apresentam
desmotivação, pouca autonomia e insegurança no desenvolvimento das
atividades propostas e baixa autoestima. Os alunos receberam nomes fictícios
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a fim de preservar suas identidades. As informações abaixo expostas foram
coletadas através da leitura de relatórios descritivos individual do aluno,
conversa com a família, professores e orientação.
Sérgio ingressou na Unidade Escolar na Educação Infantil no ano de
2008. Em 2012 chegou ao terceiro ano do Ensino Fundamental, iniciando a
partir daí um histórico de retenções sucessivas por aprendizagem. No ano de
2016, está curando pela quinta vez a etapa final do ciclo de alfabetização. Em
seus relatórios constam falta de atenção, baixa concentração, necessidade de
apoio individualizado, pouca participação, falta de iniciativa para produzir as
tarefas, dificuldades em identificar letras do alfabeto, compreender a relação
grafema-fonema e em realizar registros organizados em seu caderno. Após
análise dos relatórios, observa-se que as habilidades conceituais foram pouco
desenvolvidas, não correspondendo ao desenvolvimento esperado para a sua
trajetória escolar e a sua idade. O aluno possui quatro irmãos na Unidade
Escolar, dois deles são mais velhos e apresentam trajetória escolar muito
parecida a de Sérgio. Após analise do Estudo de caso, o aluno foi incluso a
Sala de Recursos da Unidade Escolar, recebendo atendimento educacional
especializado duas vezes na semana, no contraturno.
Marcos e Julio são irmãos e possuem respectivamente 10 e 15 anos.
Pertencem a uma família de dez irmãos que enfrentam extrema pobreza e
muitas privações. Marcos ingressou na Unidade Escolar em 2011 na Educação
Infantil, iniciando sua trajetória já com dificuldades de socialização e
aprendizagem, desde então consta em seus relatórios dificuldades na
coordenação motora, fala e na apropriação do sistema de escrita alfabético.
Consta também a necessidade de um acompanhamento médico que avalie as
necessidades específicas apresentadas pelo aluno. Ingressou no terceiro ano
do Ensino Fundamental em 2014 e no ano corrente está cursando pela terceira
vez essa etapa do ciclo.
Julio tem quinze anos e precisa trabalhar fora do horário escolar, para
contribuir no sustento de sua família. Ingressou na unidade de ensino em 2007
cursando o primeiro ano, desde então os docentes sinalizam em seus relatórios
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as dificuldades apresentadas pelo aluno referentes à aprendizagem e
socialização. Em 2011 chegou ao terceiro ano, iniciando a partir daí um
histórico de retenções sucessivas. Por diversas vezes a família foi comunicada,
pela orientação Educacional sobre a necessidade urgente de se procurar
atendimento psicológico e ou neurológico a fim de diagnosticar possíveis
causas do atraso escolar. Mas não se obteve retorno, pois a família alega não
conseguir vaga na Rede Pública de saúde. Em 2014 a Equipe Técnico
pedagógica acionou o Conselho Tutelar solicitando a inclusão do aluno na Sala
de Recursos e a intervenção junto a família tanto de Julio quanto de Marcos.
Ao final do ano supracitado o Conselho tutelar enviou documento requisitando
a inclusão dos alunos na Sala de Recursos. Ao final do primeiro bimestre do
ano letivo de 2016, Julio foi transferido para o EJA noturno, pois se sentia
envergonhado em estar entre crianças na faixa etária de oito anos. Mantendo-
se disperso e recusando-se a participar das atividades junto ao grupo.
Na Unidade Escolar existem alguns outros casos como os de Sergio,
Marcos e Julio, de alunos que também enfrentam um histórico de fracasso em
sua trajetória escolar. Em praticamente todos os casos acompanhados foi
possível observar a fragilização da autoestima e a desmotivação. Algumas
turmas concentram um número maior e outras um número reduzido de alunos
com esse perfil, mas foi possível perceber através da fala e relatos dos
docentes e equipe pedagógica uma grande preocupação em desenvolver um
trabalho sério e comprometido, visando a aprendizagem de toda a turma e
desses alunos em especial.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO I
A importância da leitura e escrita na sociedade moderna 16
CAPÍTULO II
A aquisição da Linguagem 24
CAPÍTULO III
Dificuldades no processo de alfabetização 38
CONCLUSÃO 49
BIBLIOGRAFIA 51
ÍNDICE 53
ANEXOS 54
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INTRODUÇÃO
O projeto pretende trazer reflexões sobre o processo de alfabetização e
as dificuldades que podem surgir durante esse processo, a maneira como a
escola tem trabalhado com esses alunos que apresentam tais dificuldades.
Investigando quais os fatores devem ser observados pelo professor como
indicativos de que seu aluno precisa ser encaminhado à avaliação de um
especialista. Reconhecer e discutir sobre prováveis falhas no sistema.
Conceituar distúrbios de aprendizagem, analisando suas características
referentes às dificuldades de leitura e escrita. E finalmente buscar medidas de
intervenção que auxiliem a prática pedagógica.
Abrir horizontes deve ser a meta primordial da Instituição Escola,
estimulando seus alunos a alçarem vôos pequenos ou longos, com suas
próprias asas, independente de suas diferenças e limitações, oferecendo a
todos, igualdade de condições e oportunidades. Mas a realidade de muitos
alunos apontam para um histórico de exclusão, não de maneira física, mas do
conhecimento que a escola oferece.
A escola é a Instituição responsável por fazer com que seu aluno se
aproprie da cultura alfabetizada e letrada que domina a sociedade atual, porém
muitos alunos têm passado anos por ela, sem conseguir desenvolver
habilidades essenciais para compreensão da linguagem escrita. Levando-os a
apresentarem desmotivação, frustração e baixa autoestima. Iniciando um
histórico de fracasso escolar já na alfabetização.
Tem-se percebido uma preocupação constante em lidar com
dificuldades relacionadas à aquisição da leitura e escrita por parte dos
profissionais da Educação e da família, pois elas têm levado muitas crianças a
enfrentarem sérios problemas relacionados à baixa autoestima que podem
causar impactos sobre sua vida e de sua família, gerando prejuízos que
influenciarão de maneira negativa as áreas do desenvolvimento pessoal e
social.
Partindo do pressuposto que todos são capazes de aprender, dentro de
seu tempo e possibilidades, o presente trabalho tem por objetivo principal,
compreender quais os prováveis motivos têm levado algumas crianças a
passarem anos ocupando os bancos escolares sem desenvolver habilidades
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essenciais para a aquisição da leitura e escrita. Refletindo sobre ações
pedagógicas que possibilitem uma real e significativa aprendizagem ao aluno.
Acredita-se que a Escola deve estar preparada e qualificada para
enfrentar o problema de frente. Ela tem uma importante tarefa no resgate da
autoestima de seu aluno, na abertura de horizontes, além da responsabilidade
e competência em ser a grande incentivadora e facilitadora na descoberta do
sentido de aprender. Ajudando-o a superar as dificuldades do processo
educacional investindo e acreditando nele.
O papel do professor é de suma importância, ele deve estar aberto à
pesquisa, buscar caminhos, realizando sua rotina pedagógica de maneira a
contemplar as necessidades de todos os seus alunos, deve estimular a
criatividade em suas aulas, estando atento as possíveis situações de
ridicularizações e rotulações a que podem ser expostos os alunos com maiores
dificuldades. Deve dar a atenção e orientação necessárias, levando seus
alunos a superar rótulos, fazendo-os compreender e internalizar que também
são capazes de alcançar o sucesso na vida pessoal, social e profissional.
O trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capítulo
pretendeu-se analisar sobre o surgimento da leitura e escrita. Considerada
como um marco importante na história da humanidade, a escrita demarcou a
separação entre o período da pré-história e da história. Seu surgimento em
diferentes partes do mundo, motivada por razões distintas foi se modificando
até se transformar na escrita que conhecemos atualmente. O capítulo tem por
título: A importância da leitura e escrita na sociedade atual, e traz como
questão central os desafios enfrentados pela escola em meio a uma sociedade
que tem como característica marcante a velocidade da informação, o apelo
midiático e o avanço tecnológico. A necessidade de se estimular na criança o
hábito de ler, desde muito cedo, proporcionando conhecimentos primordiais
para a formação de um cidadão consciente, que se posicione de maneira
crítica frente ao bombardeio de informações.
O segundo capítulo aborda o tema: A aquisição da Linguagem. O estudo
do assunto é considerado de extrema importância, pois revela que atrasos no
seu desenvolvimento provavelmente vão causar impactos e interferir no
processo de aquisição da leitura e escrita. Fazendo-se necessário que desde
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muito cedo pais e professores estejam atentos a linguagem produzida pela
criança, Para que se detecte e trate problemas precocemente, evitando que se
gerem maiores transtornos futuramente. O Capítulo traz uma reflexão sobre o
processo de Alfabetização, as contribuições trazidas pelos estudos de Emilia
Ferreiro e a importância de se Alfabetizar letrando de acordo com a proposta
de Magna Soares de levar a criança ao exercício de práticas sociais de leitura
e escrita.
O terceiro capítulo: Dificuldades no processo de alfabetização, reflete
sobre os prováveis motivos que podem gerar prejuízos a aprendizagem da
leitura e escrita, eles podem ocorrer por causas distintas, relacionadas a
fatores psicológicos, orgânicos e/ou do sistema. Perceber as necessidades
individuais a fim de realizar intervenções adequadas deve ser a meta principal
da escola. O capítulo traz como subtítulos: O olhar da escola, a função da
família e a postura do professor diante das dificuldades de aprendizagem e é
um convite a pensar na maneira como cada qual deve estar consciente de suas
responsabilidades, investindo numa relação de parceria, cumprindo sua função
para que haja sucesso, mesmo em meio as dificuldades. Por último: Caminhos
e estratégias na busca da superação reafirma o direito que todos,
independente de suas dificuldades, têm de aprender e desenvolver-se, tendo
suas individualidades, tempo e potencialidades respeitadas. Traz reflexões
sobre a necessidade de a Instituição escolar atualizar-se, modificar suas
atividades e rever estratégias com o objetivo de produzir um currículo que
realmente contemple as necessidades de seus alunos, buscando caminhos
que favoreçam a aprendizagem de todos, promovendo assim uma educação
inclusiva, de fato.
Acredita-se que será de grande importância a realização deste estudo
no sentido de poder socializar os conhecimentos adquiridos com familiares e
professores de crianças que estejam enfrentando o problema. Servindo como
fonte de pesquisa, provocando reflexões que auxiliem na tomada de decisões
favoráveis a aprendizagem.
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CAPÍTULO I
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E ESCRITA NA
SOCIEDADE MODERNA
“Ensinar a ler é uma ação inclusiva, pois possibilita ao indivíduo
ter acesso a diferentes informações e participar de eventos de
letramento que ampliem sua participação na sociedade, ou
seja, saber ler possibilita ao indivíduo inserir-se em situações
diversas próprias da nossa sociedade letrada em que o texto
escrito é usado para mediar interações”
(Telma Ferraz Lea, 2016, p.42)
Sabe-se que na sociedade em que vivemos atualmente a Linguagem
escrita exerce papel fundamental. Ela está por toda parte e é de grande
importância para o desenvolvimento das atividades diárias. Nas conversas
pelas redes sociais, nos documentos, nos outdoors, nas cartas, emails, SMS,
nas receitas, nas bulas, publicadas em camisas, nos ônibus, etc.
Viver sem desenvolver as habilidades da leitura e escrita não deve ser
tarefa fácil. Elas são práticas que se complementam e estão diretamente
entrelaçadas. Dominar essas habilidades é um grande passo para a garantia
de uma participação efetiva do cidadão na sociedade atual.
Segundo Ivan Ângelo(1981),
“Ler é um ato libertador. Quanto mais vontade consciente de
liberdade, maior índice de leitura. Um dos efeitos da leitura é o
aprimoramento da linguagem, da expressão, nos níveis
individual e coletivo. Uma sociedade que sabe se expressar
sabe dizer o que é menos manobrável”.
A principal função da leitura é a interação verbal. O seu ensino deve
valorizar o uso em diferentes contextos sociais; com sua variedade de funções
e estilos. Deve também proporcionar conhecimentos primordiais para a
formação do indivíduo, contribuindo de forma decisiva na construção da
cidadania, ampliando conceitos e transformando a visão e interpretação sobre
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o mundo. O hábito de ler deve ser estimulado desde a infância, para que desde
cedo se perceba sua importância e benefícios na formação do pensamento
libertador.
A sociedade atual tem por característica marcante a busca pela
informação e conhecimento. A Tecnologia tem acelerado o processo de
divulgação da informação. Ao passo que nas sociedades passadas, as
Informações levavam dias, meses e até anos para se espalhar pelo mundo,
hoje se pode lançar uma informação em tempo real para qualquer parte do
globo que esteja conectada a Internet. O indivíduo precisa realizar leituras
diversas e de qualidade para perdurar na era da globalização. Deve ter uma
visão crítica transformando-as em conhecimento de maneira consciente e
seletiva.
De acordo com os PCN(1998)
“A leitura é um processo no qual o leitor realiza um
trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir dos
seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o
autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do
gênero, do portador, do sistema de escrita”...(p.94).
O leitor deve colocar-se diante da leitura com toda a bagagem de
conhecimento que possui, dialogando de maneira ativa com a ideia central
transmitida pelo autor. Deve se posicionar frente ao texto, trazer seus
conhecimentos, interagir com o autor, buscando compreender suas idéias expressas
no texto. Essas são habilidades devem ser estimuladas desde a alfabetização.
Paulo Freire (1985) na abertura do Congresso Brasileiro de Leitura em
Campinas afirmou que:
“ A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a
posterior leitura desta não pode prescindir da continuidade da
leitura daquele (...) Se for capaz de escrever minha palavra
estarei, de certa forma transformando o mundo. O ato de ler o
mundo implica uma leitura dentro e fora de mim. Implica na
relação que eu tenho com esse mundo”
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Destaca a importância de se fazer uma leitura crítica da realidade. A
leitura do mundo é essencial para compreensão da importância do ato de ler,
de escrever, através de uma prática consciente. É fundamental saber realizar a
leitura do contexto vivido, da realidade que antecede a leitura da palavra
escrita. Deve-se incentivar a leitura da “palavra-mundo” segundo Paulo Freire.
O professor tem um papel fundamental frente a essa realidade, precisa
ser leitor para formar bons leitores. Precisa contagiá-los pelo prazer que a
leitura proporciona. Através dela conhecemos narrativas, lugares, personagens
e autores. O aluno necessita sentir esse encantamento a fim de que seu desejo
em se apropriar dela seja aguçado. A leitura feita pelo professor tem que ser
uma constante na alfabetização. Quando o professor lê para a turma,
apresenta as diferentes possibilidades que os textos oferecem. Proporciona
momentos agradáveis, que ficarão registrados na memória de seus alunos. E o
estimula a desenvolver o hábito da leitura.
Segundo os Pcns Língua portuguesa p42:
Na escola, uma prática de leitura intensa é necessária por
muitas razões. Ela pode: • ampliar a visão de mundo e inserir o
leitor na cultura letrada; • estimular o desejo de outras leituras; •
possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da
imaginação; • permitir a compreensão do funcionamento
comunicativo da escrita: escreve-se para ser lido; • expandir o
conhecimento a respeito da própria leitura; • aproximar o leitor
dos textos e os tornar familiares — condição para a leitura
fluente e para a produção de textos; • possibilitar produções
orais, escritas e em outras linguagens; • informar como
escrever e sugerir sobre o que escrever; • ensinar a estudar; •
possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a
fala e a escrita; • favorecer a aquisição de velocidade na leitura;
• favorecer a estabilização de formas ortográficas. Uma prática
intensa de leitura na escola é, sobretudo, necessária, porque
ler ensina a ler e a escrever.
A leitura deve estar presente de diferentes formas e objetivos no
cotidiano escolar, num ambiente estimulador de sua prática. Fazendo com que
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seu aluno interaja constantemente, com variados tipos de textos, sendo
estimulado a participar de forma ativa, de tal maneira, que se aproprie dela,
levando-o a compreensão do mundo ao seu redor para que possa atuar sobre
ele, transformando-o e se transformando também.
Segundo Mindé(1998)
A aprendizagem da leitura e da escrita é um dos processos
mais emocionantes da vida de qualquer adulto ou criança. São
descobertas que produzem prazer e conhecimento, que
auxiliam na compreensão e intervenção sobre o mundo ao
redor. A escola precisa estar bastante atenta a esse momento
tão especial, pois algumas de suas práticas podem gerar
conseqüências que inibam o prazer de explorar e descobrir
todo o mundo imaginário que as literaturas diversas podem
colocar o leitor em contato.
De acordo com os PCNs(1998) p.16:
O domínio da língua tem estreita relação com a
possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela
que o homem se comunica, tem acesso à informação, expressa
e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de
mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo
comprometido com a democratização social e cultural atribui à
escola a função e a responsabilidade de garantir a todos os
seus alunos o acesso aos saberes lingüísticos necessários
para o exercício da cidadania, direito inalienável de todos.(...)
Considerando os diferentes níveis de conhecimento prévio,
cabe à escola promover a sua ampliação de forma que,
progressivamente, durante os oito anos do ensino fundamental,
cada aluno se torne capaz de interpretar diferentes textos que
circulam socialmente, de assumir a palavra e, como cidadão,
de produzir textos eficazes nas mais variadas situações.
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1.1 O surgimento da escrita
“Escrita é expressão gráfica do discurso, ficção da linguagem falada,
materialização de um pensamento” (LEAL;SIQUEIRA, 2001,p.69)
O surgimento da escrita é um marco na história da humanidade. Estudos
apontam para a necessidade entre os povos distintos de se registrar algo que
os outros pudessem compreender posteriormente, geradas por diversos
motivos, tais como, questões religiosas, políticas, literárias, econômicas e
administrativas. Não podendo se atribuir o mérito do seu surgimento a uma
única sociedade, mas mediante contribuições de diferentes povos. Assim a
escrita foi surgindo e se modificando, até se transformar no patrimônio social e
cultural que possuímos atualmente.
De acordo com o Dicionário de Língua Portuguesa, escrita é:
1.Representação da linguagem falada por meio de signos
gráficos.2.Representação de palavras ou idéias por letras ou
escritas convencionais 3.Arte de escrever à mão ou maneira
própria de escrever; caligrafia.4.Aquilo que se escreve. Essas
são definições para a palavra escrita, que nos dias de hoje faz
parte do nosso cotidiano de maneira tão natural que muitas
vezes não paramos para refletir sobre sua importância e
função. Esses sinais, no entanto, não surgiram do nada. Foram
construções advindas de civilizações distintas que ocorreram
em diferentes partes do mundo.
O site infoescola publicou um artigo sobre o surgimento da escrita onde
afirma que:
“Muito antes de surgir um sistema educacional
organizada como conhecemos hoje, a escrita por si só, como
um registro de sinais, codificações isoladas e que por uma
associação passa a ter algum significado existe a cerca de três
mil anos antes de Cristo no final do período Neolítico; esta
característica de escrita marca o que chamamos de pré-
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histórico, pois foi com o advento da linguagem escrita que inicia
o fim desse período “pré” para o início da historia propriamente
dita”
Sabe-se que na Grécia antiga as mensagens eram encaminhadas a
cavalo ou de navio a povos distantes, e transmitidas oralmente. Os
conhecimentos eram passados através da oralidade de geração em geração,
muito da cultura produzida deixava de ser compartilhada e se perdiam com o
tempo. A velocidade e a facilidade de circulação da informação hoje é uma
realidade no mundo moderno, mas só se tornou possível mediante ao
desenvolvimento da escrita. Considerada como sagrada, por povos egípcios
antigos, era algo secreto destinado apenas a um grupo seleto de pessoas.
Somente os escribas aprendiam a ler e escrever e eram de tão grande
importância social que esse grupo reduzido, elitizado, formava uma classe
dentro da sociedade egípcia. No decorrer dos tempos a escrita foi perdendo
seu status de algo sagrado e foi se tornando acessível às massas.
Mediante a pesquisa desenvolvida foi possível constatar que fica difícil
atribuir a um só povo o mérito do descobrimento da escrita, pois ela foi
ocorrendo em épocas próximas e por diferentes civilizações. Povos
americanos, egípcios, sumérios, entre outros, começaram a desenvolver seus
sistemas de representação gráfica, de acordo com suas habilidades e
necessidades. E assim a escrita tal qual conhecemos hoje foi surgindo, como
resultado de conhecimentos que foram sendo construídos e acumulados ao
longo de milhares de anos pelas diferentes sociedades. Tornou-se um
importante instrumento para a difusão de idéias e informações.
Cada civilização foi criando e modificando sua escrita. Entre os antigos
Sumérios, povos que viviam numa região chamada Mesopotâmia, surgiu
primeiro a escrita denominada pictograma. Essa escrita era realizada mediante
figuras, que correspondiam a um objeto ou conceito. Os ideogramas eram
símbolos gráficos que representavam palavras ou conceitos abstratos. A
pictografia serviu de base para a escrita cuneiforme. Esta era, a princípio, uma
22
escrita mais elaborada e difícil de decifrar, pois possuía mais de 2000 sinais
que se agrupavam para formar palavras, tendo alguns mais de um significado.
Porém foi se tornando de maior compreensão.
A escrita egípcia era ligada a religiosidade, exaltação dos faraós e
atividades do cotidiano. Os sacerdotes usavam a escrita para registrar orações,
cerimônias e detalhes da vida dos deuses e faraós. Por isso a escrita era algo
tão valioso, destinada a uma classe privilegiada da população. Somente os
filhos dos nobres e dos sacerdotes iam para a escola aprender a ler e a
escrever. Os escribas eram os únicos que dominavam a leitura e a escrita dos
hieróglifos, ocupavam uma posição de destaque na civilização. Era um elo de
comunicação entre os faraós, os sacerdotes e o povo.
Esses povos utilizavam uma escrita que apesar da dificuldade, eram
registradas em pedras visando à durabilidade. Os hieróglifos egípcios eram
figuras que representavam palavras, tinha origem grega e era muito utilizada
em túmulos e templos. Era de cunho religioso e significava escrita dos deuses.
Com o surgimento dos papiros tornou-se possível o desenvolvimento de uma
escrita mais rápida. A chamada escrita hierática originou-se da evolução dos
hieróglifos, foi substituindo as imagens realistas por representações abstratas,
em uma escrita cursiva. Era usada em documentos de cunho literário, científico
e religioso. “ Variação da escrita egípcia(...) com caráter religioso, usada sobre
papiros e sendo mais rápida que a hieroglífica propriamente dita.”
(LEAL;Siqueira,2011,p.72) A escrita demótica era utilizada para registrar fatos
do cotidiano, era uma forma mais simplificada da escrita hierática “(...)escrita
egípcia de uso comum que surgiu em fase posterior ao hieróglifos, como uma
forma de simplificação”.(LEAL; Siqueira, 2011, p.71)
Com o passar dos séculos, a humanidade foi substituindo os
pictogramas e ideogramas por escritas fonéticas. Acredita-se que o alfabeto foi
criado há quase 4000 anos pelos fenícios, povos que desenvolveram um
intenso comércio marítimo e que se utilizavam da escrita para registrar o que
compravam e vendiam. Com essa finalidade, foram criando sinais, que deram
23
origem as consoantes atuais. Os gregos aprenderam a utilizar esses sinais
com os fenícios, pois mantinham relações comerciais com eles, ao longo do
tempo foram acrescentando sinais, que originaram as atuais vogais. Os
romanos aprenderam a utilizar o alfabeto com os gregos e também realizaram
algumas modificações. Dessa forma criou-se o alfabeto latino, que utilizamos
hoje em dia. Com a expansão do Império Romano e a difusão do cristianismo,
o alfabeto latino tornou-se a escrita e a base de todos os alfabetos da Europa
Ocidental, até os dias atuais.
“ Com o advento da escrita, foi possível
atravessar a barreira do tempo e preservar informações sobre
modos de vida de povos que viveram há milhares de anos ou
informar sobre outros povos, que vivem em locais muito
distantes do centro de difusão das informações. A durabilidade
do sinal grafado e a possibilidade de acesso à informação por
um número cada vez maior de pessoas mudaram
profundamente a história da humanidade.”( Suely Amaral,
Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação –http
educação.uol.com.br)
24
CAPÍTULO II
A AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
2.1 O que é linguagem
De acordo com os PCNs:
“A linguagem é uma forma de ação interindividual orientada por
uma finalidade específica; um processo de interlocução que se
realiza nas práticas sociais existentes nos diferentes grupos de
uma sociedade, nos distintos momentos da sua história. Dessa
forma, se produz linguagem tanto numa conversa de bar, entre
amigos, quanto ao escrever uma lista de compras, ou ao redigir
uma carta — diferentes práticas sociais das quais se pode
participar. Por outro lado, a conversa de bar na época atual
diferencia-se da que ocorria há um século, por exemplo, tanto
em relação ao assunto quanto à forma de dizer, propriamente
— características específicas do momento histórico. Além
disso, uma conversa de bar entre economistas pode
diferenciar-se daquela que ocorre entre professores ou
operários de uma construção, tanto em função do registro e do
conhecimento lingüístico quanto em relação ao assunto em
pauta. Dessa perspectiva, a língua é um sistema de signos
histórico e social que possibilita ao homem significar o mundo e
a realidade. Assim, aprendê-la é aprender não só as palavras,
mas também os seus significados culturais e, com eles, os
modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e
interpretam a realidade e a si mesmas. A linguagem verbal
possibilita ao homem representar a realidade física e social e,
desde o momento em que é aprendida, conserva um vínculo
muito estreito com o pensamento. Possibilita não só a
representação e a regulação do pensamento e da ação,
próprios e alheios, mas, também, comunicar idéias,
pensamentos e intenções de diversas naturezas e, desse
modo, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais
anteriormente inexistentes.”
(PCNs p.17)
25
Para Bechara(2009):
“Entende-se por linguagem qualquer sistema de signos
simbólicos empregados na intercomunicação social para
expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos
da consciência.”
Sabe-se que desde sempre, o homem desenvolveu maneiras de se
comunicar e interagir com o ambiente e com o outro. É por intermédio da
Linguagem que percebemos e agimos sobre o mundo que nos cerca,
expressamos idéias e pensamentos. Ela faz parte da natureza humana que é
um ser social. Mais complexa do que a forma de comunicação de outras
espécies, com um variado sistema de regras e simbologias e convenções.
Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, Linguagem é:
1.Qualquer meio sistemático de comunicar idéias e sentimentos
através de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais,
etc.
2.Qualquer sistema de símbolos ou sinais ou objetos instituídos
como signos, código.
3.Meio de comunicação natural próprio de uma espécie animal.
4. Maneira de exprimir-se própria de um povo, uma área
geográfica, um autor, uma escola, etc.; linguajar, falar, fala,
dialeto, língua
De acordo com Oliveira(1999, p.42)
“é a necessidade de comunicação que impulsiona o
desenvolvimento da linguagem. O seu uso funciona como
elemento mediador das interações sociais. Ela é a base da
cultura, pois é por intermédio dela que se torna possível a
aproximação entre os indivíduos. È a expressão do nosso ser
manifestada de diferentes formas”.
De acordo com material produzido pelo Mec:
26
A língua é um sistema que tem como centro a interação verbal,
que se faz através de textos ou discursos, falados ou escritos.
Isso significa que esse sistema depende da interlocução
(inter+locução = ação lingüística entre sujeitos). Partindo dessa
concepção, uma proposta de ensino de língua deve valorizar o
uso da língua em diferentes situações ou contextos sociais,
com sua diversidade de funções e sua variedade de estilos e
modos de falar. Para estar de acordo com essa concepção, é
importante que o trabalho em sala de aula se organize em
torno do uso e que privilegie a reflexão dos alunos sobre as
diferentes possibilidades de emprego da língua.
.
Ao compreender a linguagem como algo dinâmico, diverso e interativo é
possível perceber a importância de a escola trabalhá-la, com seus alunos, de
maneira que favoreça o desenvolvimento de capacidades a serem aplicadas às
práticas de leitura reais. Que bem diferente da memorização, de um ensino
transmissivo, oferecido de forma tradicional, leve o aluno à refletir sobre a
língua, a pensar e agir através da escrita. A variedade de estilos e modos de
falar adaptáveis aos diferentes tipos e situações do discurso também deve ser
explorado no espaço da sala de aula
27
2.2 Como a Linguagem se desenvolve
A aprendizagem da linguagem é uma etapa importante no
desenvolvimento das crianças. Em torno dos 21 meses, a maioria delas já tem
um repertorio de 100 palavras e as pronuncia. Antes dos dois anos de idade já
consegue formar frases curtas e se fazer entender. Algumas crianças já
começam a apresentar atrasos nesse período. Esses atrasos provavelmente
vão causar impactos e interferir no processo de aquisição da leitura e escrita.
Por isso faz-se necessário que desde muito cedo, pais e professores
estejam atentos a linguagem produzida pela criança. Para que se detecte e
trate problemas precocemente, evitando possíveis transtornos futuros, tais
como a dificuldade no processo de aquisição da leitura e da escrita. Ao
aprender a falar, a criança adquire novas ferramentas de linguagem que o
auxiliarão na interação social e na compreensão do mundo que o cerca.
Crianças que apresentam atrasos ou desorganização da linguagem correm
riscos de apresentarem problemas sociais, comportamentais, gerados muitas
vezes pela frustração e insegurança.
Embora haja uma previsibilidade do desenvolvimento da linguagem, ela
pode variar de criança para criança devido a fatores genéticos e ambientais. A
falta de estímulos lingüístico no lar e problemas sociais podem afetar o
desenvolvimento sadio da linguagem da criança. Fatores biológicos também
podem trazer prejuízos para a linguagem.
Segundo artigo de Juliana Malacarne publicado pela revista Crescer:
“ A aquisição da linguagem começam muito antes de os bebês
dizerem as primeiras palavras (...) A amamentação é a primeira
e uma das mais importantes formas de estimulação da
Linguagem. Além de o leite nutrir, hidratar e fortaleces os laços
afetivos, a sucção exercita os lábios, língua,bochecha e
músculos que contribuem para o crescimento ósseo e
respiratório harmonioso”
No artigo supracitado a fonoaudióloga Sueli Yoko relaciona as
habilidades que as crianças desenvolvem naturalmente no que diz respeito à
28
Linguagem desde o nascer até aos cinco anos. Essas habilidades devem ser
observadas pelos pais de maneira responsável para que se perceba se algo
estiver muito distante da normalidade e busque ajuda e orientação profissional.
De 0 a 2 meses: o bebê se comunica por meio do choro,
para a satisfação de suas necessidades básicas. Seus
eventuais sorrisos são meros reflexos.
De 2 a 4 meses: a criança emite gritos e vocalizações,
sorri ao interagir com pessoas e começa a ficar atenta aos
sons ao seu redor.
De 4 a 6 meses: inicia o balbucio, que é o brincar com a
voz, empregando entonações e intensidades variadas,
além de movimentar a cabeça, para localizar os sons.
De 6 a 8 meses: começa a pronunciar vogais e
consoantes sequenciais, ainda sem significado. Já é
capaz de localizar sons e atender ao chamado pelo nome.
De 8 a 12 meses: atende aos comandos simples e
apresenta expressões básicas, como os sinais de "não",
"tchau" e "beijo". Também já inicia produções de sílabas e
vogais associadas, tais como mama, papa. Os gestos são
significativos. Consegue localizar os sons que vêm de
baixo e dos lados.
De 12 a 18 meses: inicia a produção de vocábulos
isolados, com significado. Consegue localizar os sons que
vêm de cima.
De 18 meses aos 2 anos: desenvolve um vocabulário
com cerca de 50 palavras e é capaz de manter um
pequeno diálogo.
De 2 a 3 anos: acumula cerca de 200 a 400 palavras em
seu repertório, elaborando pequenas histórias. Identifica
os sons vindos de todos os cantos e representa as
atividades diárias em forma de brincadeiras.
De 3 a 4 anos: com vocabulário extenso, a criança
sustenta frases mais longas, com cerca de seis palavras,
no passado, presente ou futuro. Mantém diálogos e
histórias mais detalhados. Ainda se pode esperar trocas e
29
dificuldades na fala, mas a comunicação já deve ser de
fácil compreensão.
De 4 a 5 anos: deverá ser capaz de pronunciar,
adequadamente, todos os fonemas. As histórias são
contadas com detalhes, com noção de tempo e espaço.
Revista Crescer
2.3 Desenvolvimento da Linguagem escrita
Posteriormente a aquisição da fala, nos três primeiros anos de
escolarização, as crianças dão mais um passo importante no desenvolvimento
da linguagem: A apropriação da leitura e da escrita. Esses domínios, embora
diferentes, estão relacionados entre si e podem ser afetados se o
desenvolvimento da fala não acontecer dentro da normalidade.
Aprender a ler e escrever é a principal conquista da escolarização inicial
e está condicionada a diversos fatores, que poderão contribuir de forma
decisiva para o desenvolvimento eficaz dessas habilidades. A leitura deve
ultrapassar a simples representação gráfica e decodificação de símbolos e ser
trabalhada com o objetivo de levar o aluno à reflexão do sistema de escrita
alfabético.
... “Por trás da mão que pega o lápis, dos olhos que olham, dos ouvidos
que escutam há uma criança que pensa”( Emília Ferreiro). Partindo do
pressuposto que a criança não recebe as informações sociais passivamente,
mas elaboram reflexões e hipóteses sobre o mundo ao seu redor, é possível
compreender a importância de o professor desenvolver um trabalho que leve
em conta o conhecimento que seus alunos já possuem sobre o sistema de
escrita alfabético.
Para Emília Ferreiro
“ Nenhuma criança chega à escola ignorando
totalmente a língua escrita. Elas não aprendem porque vêem e
escutam ou por ter lápis e papel à disposição, e sim porque
trabalham cognitivamente com o que o meio lhes oferece”.
Os alunos produzem reflexões e produções cognitivas sobre o meio, e
essas reflexões precisam ser valorizadas e analisadas e com relação à leitura e
30
escrita não é diferente. Ou seja, professor deve partir do pressuposto que a
criança chega à escola com alguns saberes sobre a leitura e a escrita,que são
construídos a partir de suas vivências, e esses conhecimentos precisam ser
diagnosticados pelo professor para que sirva com eixo norteador na construção
do planejamento.
O docente precisa estimular seu aluno a refletir sobre como funciona o
sistema de escrita. Apresentá-lo a importância de atuar de forma ativa no
mundo alfabetizado e letrado. Para a autora supracitada, Um dos maiores
danos que se pode causar a uma criança é levá-la a perder a confiança na sua
própria capacidade de pensar. Segundo suas pesquisas a criança ao escrever,
elabora hipóteses sobre como funciona o sistema alfabético e essas hipóteses
vão sendo substituídas e ou completadas à medida que vai se construindo
novos conhecimentos.
De acordo com o material produzido pelo Mec: Alfabetização e
Letramento, Alguns fatores são necessários para facilitar o processo de
alfabetização: A criação de um ambiente alfabetizador, atividades significativas,
capacitação docente, autoestima, intervenções adequadas, realização de
diagnósticos.
O professor deve criar um ambiente alfabetizador.Em que os alunos
tenham acesso a livros variados,jornais, revistas, gibis,dicionários e outros
portadores textuais.Transformando sua sala de aula num espaço em que se
possibilite o contato de seus alunos com situações de uso real da leitura e
escrita. Deve estar capacitado e ter embasamento teórico que lhe dê
segurança para o desenvolvimento de um trabalho consciente e efetivo. Deve
também buscar aplicar atividades que façam sentido para seus alunos, que
sejam prazerosas, contextualizadas e que auxiliem na promoção da
autoestima. Realizar as intervenções necessárias que serão possíveis
mediante a aplicação de diagnósticos.
Ao iniciar o período letivo, o professor alfabetizador deve realizar
atividades diagnósticas para sondagem da escrita. As investigações sobre a
psicogênese da língua escrita permitem ao professor atuar como um mediador
no processo ensino aprendizagem. Essa sondagem é um valioso instrumento
que auxiliará no mapeamento do conhecimento que as crianças já têm
31
construídos sobre o sistema de escrita, direcionando assim, a prática
pedagógica, dando indícios de que intervenções serão necessárias para gerar
novos avanços. Essas investigações precisam ser realizadas periodicamente,
para garantir que o professor tenha uma visão mais precisa se está havendo
evolução da hipótese de escrita desenvolvida por seus alunos. O professor
deve realizar a primeira sondagem no início do período letivo e ao final de cada
bimestre, realizando registros do processo de evolução das hipóteses de
escrita de seus alunos. A sondagem inicial é de suma importância, pois
sinalizará para o docente o que cada aluno já sabe sobre o sistema de escrita
para que a partir daí haja uma adequação do planejamento das aulas de
acordo com as necessidades individuais de aprendizagem.
2.3.1 Hipóteses de Escrita segundo Emilia Ferreiro
De acordo com Emilia Ferreiro, as crianças desde muito cedo, elaboram
hipóteses a respeito da escrita. A princípio, acreditando que os desenhos ( as
imagens) podem ser lidos e depois com o passar do tempo começam a
compreender como as letras são utilizadas para a escrita de palavras. Segunda
a autora toda a criança passa pelas seguintes etapas:
Pré-silábica: subdividida em dois níveis, nessa fase, a criança
não traça o papel com a intenção de realizar o registro sonoro
do que foi proposto para a escrita:
32
a) Nível 1 - Ela apresenta baixa diferenciação entre a grafia de
uma palavra e outra, por isso costuma escrever palavras de
acordo com o tamanho do que está representando. Seus traços
são semelhantes entre si e, muitas vezes, nem ela consegue
identificar o que escreveu - leitura instável. Algumas vezes, usa
como estratégia o pareamento de desenhos com as palavras -
para poder ler com mais segurança -, o que também pode
caracterizar certa insegurança ao decidir que letras usar. Essa
dificuldade acontece porque ela ainda não compreendeu a
função da escrita e ainda confunde a escrita com desenhos.
b) Nível 2 - Embora já saiba que há uma quantidade mínima
de caracteres e que seu emprego é necessário para a escrita, a
criança ainda tenta criar diferenciações entre os grafismos
produzidos, a partir do arranjo das letras que conhece (por
poucas que sejam), mas sua escrita continua não analisável.
Hipótese silábica: ela começa estabelecer relações entre o
contexto sonoro da linguagem e o contexto gráfico do registro.
Sua estratégia é a de atribuir a cada letra ou marca escrito
(uma letra, pseudoletra ou até um número) o registro de uma
sílaba falada, pois começa a perceber que a grafia representa
partes sonoras da fala. No entanto, ainda enxerta letras no
meio ou final das palavras por acreditar que, assim, está
escrevendo corretamente. Nessa fase, seu maior conflito são
as palavras monossílabas - para ela é necessário um número
mínimo de letras para cada palavra.
33
Hipótese silábico-alfabética: como a criança utiliza ambas as
hipóteses de escrita (pré-silábica e silábica) ao mesmo tempo,
ela vivencia um momento de transição. Nessa fase, os avanços
só podem ocorrer mediante informações que possibilitem o
refinamento da aprendizagem relativa ao valor sonoro
convencional das letras, além de oportunidades de comparação
dos diversos modos de interpretação da mesma escrita.
Hipótese alfabética: ela já venceu todos os obstáculos
conceituais para a compreensão da escrita - cada um dos
caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores
que a sílaba - e realiza sistematicamente uma análise sonora
dos fonemas das palavras que vai escrever. Também já perdeu
o medo de escrever (que ocorre com a maioria das crianças
quando iniciam a escolaridade), contudo ainda não domina as
regras normativas da ortografia. Apesar dessa subdivisão, o
tempo necessário para a criança avançar de um nível para
outro varia muito. Mas sua evolução pode ser facilitada pela
atuação significativa do professor, que deve estar sempre
atento às necessidades observadas em seu desempenho, para
lhe propor atividades adequadas que a conduzirão ao nível
seguinte. Logo, o processo de alfabetização não é imediato, ele
tem diversas etapas e se dará ao longo dos anos subsequentes
34
do Ensino Fundamental.
http://pedagogiaemfoco2.blogspot.com.br/
2.3.2 Alfabetização e Letramento Sabe-se que durante muito tempo, a alfabetização foi entendida como
decodificação de um sistema fundamentado na relação grafofônica, e a criança
como alguém que seria condicionada a decifrá-lo mecanicamente.
“Desenvolvendo na leitura a capacidade de decodificar os sinais gráficos,
transformando-os em “sons” e na escrita a capacidade de codificar os sons da fala,
transformando-os em sinais gráficos.” ( Mec)
Na década de 80 as pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosk sobre
a psicogênese da língua escrita que contribuíram de maneira decisiva para a
construção do conceito de que a criança produz reflexões sobre a escrita e a
partir daí o foco da alfabetização passa a ser a compreensão da maneira como
a criança aprende. Ou seja, elas atuam de maneira ativa na construção do
conhecimento. Emília Ferreiro recusa o chamado estado de prontidão proposto
pelo ensino tradicional, segundo ela o aprendizado da alfabetização não pode
ocorrer descontextualizado do conteúdo da escrita, pois esse momento é de
extrema importância para a apropriação das funções sociais da escrita.
Com o passar do tempo, novos conhecimentos a respeito do processo
de aquisição da escrita foram surgindo através de pesquisas de estudiosos da
área preocupados em descobrir como formar pessoas que muito mais que ler
pudesse refletir e aplicar maiores e mais variadas práticas de uso da língua
35
escrita. Ao final do século XX, num contexto de grandes transformações
sociais culturais, tecnológicas que o termo letramento surge, ampliando e
complementando o sentido da alfabetização. Hoje em dia considera-se que tão
importante quanto se conhecer o funcionamento do sistema de escrita é estar
engajado em práticas sociais letradas. Segundo Magna Soares: “Não basta
saber ler e escrever é preciso saber fazer uso do ler e escrever, saber responder as
exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente.”
O professor alfabetizador deve compreender a importância de
desenvolver um trabalho em que a prática de atividades envolvendo o
letramento seja uma constância, levando seus alunos a interagir com o caráter
social da escrita, e reduzindo ou até mesmo eliminando estratégias que
estimulam um aprendizado repetitivo e automático, baseado na
descontextualização e na formação de analfabetos funcionais.
Segundo Magna Soares(2000)
Se alfabetizar significa orientar a própria criança para o
domínio da tecnologia da escrita, letra-la significa levá-la ao
exercício das práticas sociais de leitura e escrita. Uma criança
alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever, uma
criança letrada(...) é uma criança que tem o hábito, as
habilidades e até mesmo o prazer da leitura e da escrita de
diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou
portadores, em diferentes contextos e
circunstâncias(...)Alfabetizar letrando significa orientar a criança
para que aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com
práticas reais de leitura e escrita.
Alfabetização e letramento embora sejam conceitos distintos devem
estar ligados entre si. “Alfabetizar letrando” deve ser a meta, capacitar a
criança a desenvolver relações com praticas de leitura e saber se posicionar de
maneira crítica frente às situações de práticas sociais. Na escola a criança
deve ter a disposição textos que interajam com o caráter social da leitura e
escrita. Textos significativos onde se faça possível o desenvolvimento da
alfabetização dentro de um contexto de letramento. Por essa razão o espaço
da sala de aula deve ser transformado num ambiente estimulador da leitura e
36
escrita. Com o estabelecimento de uma rotina que oportunize a utilização
produtiva do tempo didático.
Todo indivíduo, de alguma maneira, interage com a escrita em sua
prática social, independente de sua situação socioeconômica ou cultural. A
escrita faz parte da vida cotidiana dos cidadãos, e aqueles que não foram
alfabetizados enfrentam dificuldades em situações diversas. Num país onde o
índice de analfabetismo ainda é bastante elevado, os desafios a serem
enfrentados ainda são muitos.
2.4.O perfil do professor alfabetizador
É primordial que o professor alfabetizador tenha noção da dimensão de
sua responsabilidade. Esse profissional deve ser capacitado e bem preparado.
Sua formação deve ser sólida e específica na área de atuação, ter
conhecimentos de lingüística e fundamentação teórica que lhe permita
desenvolver um trabalho consciente. Além da formação, é preciso também que
o docente estabeleça vínculos afetivos com seus alunos, favorecendo o
trabalho cooperativo e a interação, num espaço em que haja respeito mútuo e
liberdade.
Esse profissional deve investigar as necessidades individuais
compreendendo a natureza das diferenças entre seus alunos e a partir daí,
buscar encaminhamentos que proporcionem o avanço da aprendizagem. As
atividades planejadas devem ser pertinentes e partir da realidade em que o
educando está inserido, oferecendo oportunidades a todos, independente de
suas limitações, para que se apropriem de conhecimentos significativos que o
auxiliem na construção de outras novas aprendizagens.
Muitas vezes o professor alfabetizador se depara com obstáculos que
limitam seu trabalho e retardam o processo ensino-aprendizagem. Esses
obstáculos devem ser acompanhados e investigados por toda equipe
pedagógica. A família também deve participar, tomando ciência da situação,
recebendo orientações e se necessário sendo encaminhada a atendimento de
profissionais da saúde capazes de diagnosticar e tratar certas especificidades.
37
Essa relação de parceria escola-família é de suma importância para superação
dos desafios e na busca de uma educação inclusiva e de qualidade para todos.
A tarefa do professor alfabetizador não é nada fácil. É necessário
dedicação, coragem, perseverança e criatividade. Grandes são as dificuldades
enfrentadas no cotidiano escolar,falhas no sistema, a precariedade de espaço
para a formação continuada, carência de materiais estruturais e de materiais
pedagógicos, o desinteresse de algumas famílias na vida escolar de seus
filhos, a violência, as dificuldades de aprendizagem, muitas vezes geradas por
questões neurológicas e psicológicas que não são tratadas adequadamente.
Essas e outras são realidades que permeiam o ambiente escolar e influenciam
no processo de aprendizagem, gerando frustrações e ansiedade no profissional
que zela pela aprendizagem de seus alunos.
38
CAPÍTULO III
DIFICULDADES NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
Segundo Guerra “ As dificuldades de aprendizagem se estabelecem quando a
criança encontra problemas em se perceber, perceber seu mundo e relacionar-se com
outras pessoas”. (Apud PASSOS, 2010,p.16)
Sabe-se que muito tem se discutido a respeito das prováveis razões que
levam alguns alunos a se desenvolverem bem no processo de alfabetização
enquanto que outros não conseguem se apropriar de habilidades importantes
para obter êxito nesse processo. Sendo essa situação geradora de inquietação
e frustração em muitos educadores.
Perceber as necessidades individuais para atuar de maneira adequada,
fazendo com que seus alunos aprendam e se desenvolvam, mesmo em meio
as dificuldades, caminhando a “ passos lentos” tem sido o objetivo principal de
muitos professores que comprometidos com o processo educacional de seus
alunos buscam respostas e caminhos para a superação de obstáculos.
O processo ensino aprendizagem não depende apenas do professor. É
um processo dinâmico e depende de todos os atores envolvidos no processo:
professor, aluno e do ambiente onde esse ensino ocorre. Cada qual com sua
importância e função. O professor deve estar motivado e ser motivador, ter
pleno conhecimento do que irá transmitir, investigar e conhecer as
individualidades e criar situações que favoreçam a aprendizagem. O aluno
como um ser ativo e participativo deve ser estimulado a realizar uma leitura de
mundo com criticidade, vivenciando experiências que o leve a
compreensão de situações reais. O ambiente, por sua vez, deve ser
estimulador e propício ao desenvolvimento do processo educativo. Todos
atuando de maneira interativa na busca do mesmo objetivo: A aprendizagem.
O Professor não tem como prever ou determinar o tempo para a
aprendizagem de seus alunos. Cada um com seu ritmo, dentro de suas
particularidades. As diferenças individuais entre os alunos, é que vão produzir
resultados diferentes no processo ensino-aprendizagem. Uns terão total
sucesso, e se desenvolverão com facilidade, uns se desenvolverão pouco,
39
mantendo um nível razoável de aprendizagem enquanto que outros
apresentarão dificuldades e precisarão superar muitos obstáculos.
O professor deve oportunizar situações diferenciadas para que o aluno
supere suas dificuldades, sempre respeitando o ritmo e as individualidades de
cada um. De acordo com MICOTTI(1987-141) “ A preocupação com o tempo, ou
terminar o planejado, deve ser substituído pelo atendimento das necessidades
apresentadas pelo aluno, do que decorre que a padronização cede lugar à
flexibilidade.”
Alguns fatores podem interferir no processo de aprendizagem e podem
ser de origem física, sensorial, neurológica, emocional ou intelectual.
• Causas físicas- São aquelas representadas pelas
perturbações do tipo transitórias (passageiras). Por ex.: Dor de
cabeça, cólicas intestinais, verminoses, e etc. Já as
permanentes ( congênitas ou hereditárias), são provenientes de
qualquer perturbação do estado físico geral da criança.
Geralmente a pessoa que possui algum tipo de deficiência
física, apresenta habilidades em diversas áreas do
conhecimento, mas a sua deficiência acaba por impedir sua
totalidade, causando prejuízos a sua aprendizagem.
• Causas sensoriais- São todos os distúrbios que atingem
os sentidos (visão, audição, tato, olfato, gustação, tato e
equilíbrio) que são responsáveis pela percepção que o
indivíduo tem do meio exterior. Qualquer problema que afete
esses órgãos, causará problemas no modo de a pessoa captar
as mensagens do mundo exterior e, deste modo, trará
dificuldade para ela compreender o que se passa ao seu redor.
• Causas neurológicas- São perturbações do sistema
nervoso ( cérebro, cerebelo, medula e nervos) O sistema
nervoso comanda todas as ações físicas e mentais do ser
humano. Ocorrendo qualquer distúrbio em uma das partes
acima citadas, surgirá um problema de maior ou menor grau,
de acordo com a área lesada.
• Causas emocionais- São distúrbios psicológicos, ligados
aos sentimentos, emoções e à personalidade dos indivíduos.
40
• Causas intelectuais ou cognitivas- Se referem à
inteligência do indivíduo, ou seja, a sua capacidade de
conhecer e compreender tudo o que está a sua volta.
• Causas educacionais- O tipo de educação que o sujeito
recebe na infância irá condicionar distúrbios de origem
educacional ( família ou escola), perpassando pela sua
adolescência e idade adulta.
Retirado do site WWW. Webartgos.com –Autora Kênia Aparecida Silva de Morais
Os transtornos de aprendizagem, muitas vezes, podem ser percebidos
tardiamente em indivíduos que possuem boa verbalização e um bom equilíbrio
emocional.O diagnóstico e tratamento precoce, podem evitar que maiores
prejuízos ocorram na alfabetização e/ou em fases posteriores. Todo e qualquer
indicativo de que o aluno apresenta alguma dificuldade deve ser observada
pelo professor, família, equipe pedagógica e acompanhada por profissionais
especializados a partir do momento em que o educando entra na escola. O
fator tempo pode ser um bom aliado, quando os transtornos são descobertos
precocemente. Em muitas situações, o aluno passa anos sem receber
diagnóstico e tratamento adequado e consequentemente enfrentam um
histórico de retenções sucessivas que o levarão futuramente a evasão escolar,
geralmente motivada por um sentimento de frustração e impotência.
Problemas como atraso da fala, dislalias, disglossias, afasia, disfasia,
dislexia, discalculia, disgrafia, hiperatividade, entre outros, são fatores
agravantes que resultam em dificuldades de aprendizagem.
• Atraso da fala- Algumas crianças apresentam
perturbação no desenvolvimento da Linguagem que não
podem ser explicados por déficits de percepção sensorial,
capacidades intelectuais ou funcionamento motor. Os atrasos
de linguagem podem acarretar dificuldades em toda a vida do
sujeito, pois a aquisição da linguagem acontece como uma
continuidade durante todo o desenvolvimento.
• Dislalia- É um distúrbio da fala, caracterizado pela
dificuldade em articular palavras. Consiste na má pronúncia
41
das palavras, seja omitindo, acrescentando ou trocando
fonemas.
• Disglossias- É caracterizada por uma dificuldade na
produção oral ocasionada por alterações físicas e/ou
fisiológicas dos órgãos envolvidos na fala e cuja causa seja de
origem periférica, não relacionada diretamente com alterações
neuropsicológicas.
• Afasia- é uma deteriorização da função da linguagem.
Caracteriza-se por dificuldades em nomear pessoas e objetos.
Pode evoluir para um comprometimento grave da linguagem
escrita e falada e da repetição da linguagem.
• Dislexia- É caracterizado por uma dificuldade na área da
leitura, escrita e soletração. É um problema visual, que envolve
o processamento da leitura e escrita no cérebro, pois a pessoa
disléxica apresenta dificuldade na identificação de símbolos
gráficos, o que ocasiona o fracasso da leitura. De acordo com a
Associação Brasileira de Dislexia(ABD) as principais
dificuldades da criança com dislexia é a demora em aprender a
falar e a conhecer números e letras; dificuldade de aprender
letras e símbolos e ordenar palavras.
• Disgrafia- Consiste na dificuldade do traçado gráfico.É
uma disfunção que afeta a forma de escrever, caracteriza-se
pelo lento traçado das letras, que são ilegíveis. A criança não
consegue captar no campo motor o que idealizou no plano
visual.
• Hiperatividade-TDAH – A hiperatividade é um dos
problemas mais conhecido do TDAH- Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade. A criança mostra um excesso de
comportamentos, em relação às outras crianças da mesma
idade, além da dificuldade em manter a concentração,
impulsividade e agitação. Pode ocorrer em diferentes graus de
intensidade, com sintomas variando entre leves e graves.
Dependendo da gravidade destes sintomas, a hiperatividade
pode comprometer o desenvolvimento e a expressão
lingüística, a memória e habilidades motoras.
42
Retirado do site WWW. Webartgos.com –Autora Kênia Aparecida Silva de Morais
Mediante estudo desenvolvido foi possível concluir que todas as causas
aqui apresentadas,dentre outras, trarão problemas à aprendizagem da criança.
É competência da escola observar e buscar estratégias que oportunizem o
desenvolvimento de seu aluno,repensando estratégia, criando adaptações em
planejamentos, orientando e cobrando apoio da família, encaminhando e
solicitando avaliação e acompanhamento de outros profissionais
especializados e habilitados a realizar diagnósticos e tratamentos desses
transtornos.
3.1.O olhar da escola, a função da família e a postura do professor diante das dificuldades de aprendizagem
A escola precisa conhecer seu aluno, sua realidade, a bagagem que
traz consigo, de suas vivências. Considerando o saber trazido por eles como
um ponto de partida e sempre apresentar a eles novas possibilidades e
conhecimentos. É necessário conhecer a família em que seu aluno está
inserindo, refletindo que a casa pode ser um espaço de afetividade e proteção,
assim como também pode ser um espaço cercado de medos, incertezas,
violências, intolerância e rejeições.
Pais e professores devem se unir, buscando uma relação baseada na
afetividade, criando um vínculo de parceria que refletirá de maneira positiva na
aprendizagem da criança. Para tanto, é necessário que a família seja sensibilizada
da importância de participar da vida escolar de seus filhos, trazê-los ao espaço
escolar com o objetivo de buscar informações sobre o ambiente familiar da
criança, informá-los sobre quais as estratégias e métodos estão sendo
utilizadas pela escola na busca de auxiliar o aluno na superação de obstáculos
e orientá-la sobre como podem trabalhar em parceria com a escola com ações
pertinentes ao seu alcance. Passos(2010): (...) “ A família tem papel
preponderante no desenvolvimento da criança e as informações advindas do ambiente
familiar podem responder as questões favoráveis ou desfavoráveis em seu
desempenho escolar.”
43
A responsabilidade quando uma criança apresenta dificuldades de
aprendizagem deve ser compartilhada por todos. A escola e a família devem
agir em sintonia, numa relação de reciprocidade que beneficiará a criança. Ao
invés de tentar atribuir culpa uma a outra pelos insucessos, essas instituições
distintas devem atuar em parceria, cada qual ciente de suas atribuições e
funções sociais buscando sempre o bem estar da criança.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90) em seu artigo 4º
determina:
Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em
geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à
educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e
comunitária.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), em seus artigo 2º :
A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,
tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.
É fundamental que família e escola caminhem de mãos dadas, na
mesma direção. Cada instituição consciente de suas responsabilidades,
cumprindo a sua função para que haja sucesso, mesmo em meio às
dificuldades. Sem essa relação de parceria e comprometimento, fica difícil a
conquista de bons resultados. Faz-se necessário que escola esteja aberta para
a família, tratando-a com respeito, e convidando a participar de planejamentos,
Conselhos, enfim, do processo educacional. Sem julgamentos, investindo
numa relação baseada no diálogo, na parceria com o único intuito de buscar
caminhos que favoreçam o desenvolvimento integral da criança. O diálogo na
relação família-escola favorece a aproximação, estreitando os vínculos.
Portanto deve ser um diálogo em que cada parte saiba ouvir a outra, em que
44
haja verdadeiramente uma troca de saberes que certamente favorecerá
aprendizagem da criança.
Na relação família/educadores um sujeito sempre espera algo
do outro. E para que isto de fato ocorra é necessária a
construção de uma relação de diálogo mútuo, onde cada parte
envolvida tenha o seu momento de fala, onde exista uma
efetiva troca de saberes. A capacidade de comunicação exige a
compreensão da mensagem que o outro quer transmitir e para
tal faz-se necessário o desejo de querer escutar o outro, a
atenção às idéias emitidas e a flexibilidade para recebermos
idéias que podem ser diferentes das nossas. Uma atitude de
desinteresse e de preconceitos pode danificar profundamente
a relação família/escola e trazer sérios prejuízos para o
sucesso escolar e pessoal dos educandos (PENTEADO, 2006)
. O papel do professor é decisivo no processo de aprendizagem do
educando, suas posturas, metodologias, intervenções serão fatores que
pesarão positivamente ou negativamente nesse processo. No dia a dia da sala
de aula, o docente consegue perceber rapidamente dentre seus alunos
aquele(s) que apresenta(m) dificuldades de aprendizagem. A partir daí a
postura correta deve ser o diálogo com a família com a finalidade de esclarecê-
los e colocá-los a par da situação. A escola deve encaminhar o aluno em
questão a profissionais especializados e experientes, em uma equipe
multiprofissional que garanta também o planejamento e a intervenção,
objetivando a minimizar os efeitos de tais dificuldades sobre a vida da criança.
A família, por sua vez, deve ter compromisso em seguir as orientações dadas
pela escola e levar a criança para avaliação do especialista e se necessário a
atendimentos e tratamentos especializados.
A família deve colaborar com educadores, estando aberto ao diálogo,
valorizar a Instituição escolar escolhida, se mostrar interessada pelas
atividades realizadas por seus filhos e por todo o processo ensino-
aprendizagem. Deve reservar um tempo para conversar com seus filhos,
tomando ciência do que a criança realizou na escola, o que aprendeu, suas
45
dificuldades, zelar por uma relação de afetividade e respeito mútuo com os
educadores.
Se algumas vezes as famílias não têm correspondido ao que
os educadores esperam, é preciso conhecer as razões que
motivam esse distanciamento. Para tal, a escola e os
educadores precisam se despir da postura de juízes que
condenam sem conhecer as razões e incorporar o espírito
investigador que busca as causas para o desconhecido
(PENTEADO, 2006).
É necessário também que a escola saiba lidar com a realidade das
famílias que não estão dispostas a manter uma relação de proximidade.
Famílias que não conseguem ver a escola como aliada e não compreendem a
importância dessa instituição para a formação de seus filhos. A escola deve
investigar e buscar compreender as razões que culminaram no distanciamento
e partir daí criar estratégias que revertam esse quadro.
Ações governamentais precisam ser adotadas para melhorias no
sistema educacional do país. Políticas públicas que garantam direitos que a
população possui e que por diversas vezes lhes são negados. É através do
conhecimento, que a nação, cresce e se desenvolve, aumentando a qualidade
de vida das pessoas. Acredita-se que a Educação é uma ferramenta essencial
para transformação social. Por essa razão que o poder público não pode fechar
os olhos para o problema enfrentado nas escolas brasileiras, que muitas vezes
tem sido cenário de insucessos e abandono. Investir em Educação é investir
no desenvolvimento do país, que busca por mudanças e melhorias.
É tarefa de todos que acreditam no poder da Educação, exigir que o
Estado desenvolva políticas públicas eficazes que garantam uma Escola de
qualidade para todos. Uma Educação que promova mudanças desejáveis em
seus alunos nos aspectos intelectual, afetivo e ético, favorecendo o
desenvolvimento integral do indivíduo e consequentemente da sociedade.
46
3.2.Caminhos e estratégias na busca da superação
Acreditar em seu aluno e comprometer-se no desenvolvimento de um
bom trabalho, deve ser o ponto de partida no trajeto a percorrer rumo à
superação das dificuldades. Todos precisam estar engajados e conscientes de
suas responsabilidades. A escola deve estar preparada e atualizada. Deve ter
como meta principal atender todos os seus alunos, inclusive os que
apresentarem dificuldades. Garantir não apenas o direito de acesso, mas
também e principalmente o direito de aprender e desenvolver-se. Tendo suas
individualidades, tempo e potencialidades respeitadas. Essa Instituição social
deve constantemente, rever estratégias, atualizando –se, modificando suas
atividades, buscando caminhos que favoreçam a aprendizagem a todos,
promovendo assim, uma educação inclusiva de fato.
Para SCOZ (1994, p. 81),
A pobreza dos alunos aparece com o forte determinante dos
problemas de aprendizagem, todavia ressalta que sem querer
negar que grande parte do fracasso de alguns alunos pode
estar relacionada à pobreza material às que estão submetidos,
é importante estar atento para que a baixa renda das famílias
não seja utilizada como justificativa para o insucesso escolar
das crianças, eximindo a escola, sua organização didático/
pedagógica, seus agentes e suas condições internas de
qualquer responsabilidade.
Acreditar sempre no potencial de seu aluno, investindo na elevação de sua
autoestima, confiando que ele é capaz de aprender, independente de sua situação, e
buscar estratégias adequadas que favoreçam de fato a aprendizagem. A escola, como
Instituição responsável pelo ensino, não pode abrir mão de sua principal função que é
ensinar. Não deve utilizar-se de discursos prontos para justificar insucessos e sim
buscar sempre caminhos e intervenções adequadas, conscientes. Realizar
Investigação dos conhecimentos já adquiridos pela criança para a partir daí,abrir
novos horizontes, possibilitando novas aprendizagens, respeitando o tempo e as
individualidades. A escola deve investir na elaboração de um planejamento
flexível que atenda as particularidades. Como diz MICOTTI (1987: 141) “A
47
preocupação com o tempo, ou em terminar o planejado, deve ser substituído
pelo atendimento das necessidades apresentadas pelo aluno, do que decorre
que a padronização cede lugar à flexibilidade.”
Não podemos nos limitar a acreditar que as dificuldades de
aprendizagem seja uma questão de vontade do aluno, família ou do professor,
é uma questão muito mais complexa, que podem envolver fatores já
apresentados nesse trabalho, por essa razão o professor deve estar consciente
de suas responsabilidades sim, mas também de suas limitações. Deve cobrar o
apoio e participação da família e de toda a equipe escolar, que deverá realizar
o encaminhamento do aluno a equipe de saúde. Pediatras,
neurologistas,psicólogos, psiquiatras, fonoaudiólogos e psicopedagogos são os
profissionais aptos para realizar diagnósticos, possíveis tratamentos e
acompanhamentos.
Não existe uma “receita pronta” para trabalhar com os alunos, com a
diversidade que apresentam, mas se tivesse uma com certeza os principais
ingredientes seriam: compromisso, disponibilidade, ética, afetividade e
formação. O professor deve desenvolver um trabalho que busque identificar as
características individuais de cada aluno, ter ciência de suas limitações, mas
também de suas potencialidades para intervir pedagogicamente de maneira
consciente, acreditando sempre na capacidade de cada indivíduo. Planejar
ações que vão de encontro com as reais necessidades de seus alunos,
fazendo com que haja avanços, mesmo que pequenos, em alguns casos.
A educação deve caminhar junto à liberdade, respeitando a
individualidade de cada aluno atuando como mediadora na construção dos
saberes, tendo como meta a formação de cidadãos autônomos, que saibam
pensar e atuar de maneira consciente. As pessoas são diferentes e por isso
reagem de maneiras diferentes a um mesmo estímulo. Essas diferenças
individuais entre os alunos é que vão produzir resultados diversos no processo
ensino aprendizagem. Fazendo com que uns se apropriem de novos
conhecimentos com facilidade, outros de maneira razoável ao passo que outros terão que enfrentar dificuldades e precisarão vencer muitos obstáculos para
conseguir aprender.
48
O professor deve compreender a importância de investir numa relação
baseada na afetividade. Estar aberto, receptível a ouvir seus alunos.
Transformando a sala de aula num ambiente gerador de alegria, segurança,
compreensão e respeito.
“E ao que dizer, mas sobretudo, o que esperar de mim, se,
como professor, não me acho tomado de outro saber, o de que
preciso estar aberto ao gosto de querer bem(...) Significa esta
abertura ao querer bem a maneira que tenho de
automaticamente selar o meu compromisso com os educandos,
numa prática específica do ser humano. Na verdade preciso
descartar como falsa a separação radical entre seriedade
docente e afetividade. ” ( FREIRE-2005. P.141)
“A prática educativa é tudo isso afetividade, alegria,
capacidade científica, serviço técnico a serviço da
mudança” ( FREIRE-2005. P.145)
“Como prática estritamente humana jamais pude entender a
educação como experiência fria, sem alma, em que os
sentimentos e as emoções, os desejos, os sonhos devessem
ser reprimidos por uma espécie de ditadura racionalista. Nem
tampouco jamais compreendi a prática educativa como uma
experiência a que faltasse rigor em que se gera a necessária
disciplina intelectual” (FREIRE, 1996, p. 146).
Investir num bom relacionamento com a turma é um excelente caminho para
ganhar a confiança de seus alunos. O professor que consegue transformar sua sala de
aula num ambiente em que o diálogo, a troca, tolerância e compreensão estejam
presentes, terá melhores resultados no que diz respeito ao processo ensino-
aprendizagem de sua turma. As boas inter-relações promovem um ambiente mais
agradável e favorável à aprendizagem. Os conflitos que surgirem nesse ambiente rico
em diversidade deverão ser encarados como possibilidades favoráveis ao
amadurecimento emocional e intelectual dos sujeitos envolvidos.
49
CONCLUSÃO
“Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que
elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos
pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não
podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O
vôo não pode ser ensinado, só encorajado”. ( Rubem Alves)
Não importa o tipo de vôo que será alçado, alto e longo, que se perde no
horizonte, ou rasante e curto que não se distancia muito do ponto de partida,
todos são vôos e devem ser valorizados, encorajados e trabalhados para que
aconteçam de fato.
A escola como instituição de ensino que é, não pode nunca perder de
vista seu papel de incentivadora de vôos. Que atenta as particularidades de
cada indivíduo, saiba valorizar cada avanço sem padronizações. Ver em cada
aluno um ser único que precisa ser compreendido e percebido em sua
totalidade. Segundo Wallon: Intelectual, afetiva e socialmente. Numa sala de
aula em que as emoções também sejam ouvidas e trabalhadas.
As dificuldades apresentadas no processo de alfabetização devem ser
trabalhadas e acompanhadas pelos profissionais da Educação com muita
seriedade e responsabilidade, pois segundo Emília Ferreiro(1986): “ Tudo o
que se passa com uma criança no início de sua escolaridade é decisivo para
toda sua vida escolar.” Esses profissionais devem detectar o problema,
elaborar novas estratégias, adaptar planejamentos, convocar a família
sensibilizando-a de sua importância e responsabilidade, e buscar, se
necessário, ajuda de outros profissionais.
Os profissionais da saúde habilitados realizarão avaliações que tem por
finalidade verificar se a criança apresenta comprometimento gerado por algum
distúrbio de aprendizagem, problemas neurológicos ou psicossociais. A partir
daí o aluno deverá ser atendido por estes profissionais que farão intervenções
adequadas, cada qual dentro de sua formação, de acordo com a necessidade
apresentada pelo aluno com a finalidade de prevenir ou reduzir o problema de
dificuldade de aprendizagem. A família tem papel essencial nessa etapa, ela é
50
a responsável por acompanhar a criança, levando-as as consultas e
atendimentos nos dias e horário marcados, garantindo assim o tratamento e
consequentemente os resultados positivos.
Quando essa relação de parceria não acontece, infelizmente ocorre um
histórico de insucesso que seguirá com o aluno em sua trajetória escolar, e
muitas vezes culminará na evasão. Para que isso não aconteça, a escola
precisa trabalhar duramente e incansavelmente, esgotando todas as
possibilidades na busca de estratégias que previnam e revertam esse quadro.
51
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http://www.priberam.pt
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http:www.fascinioegito.sh06.com
paleografiamuseu.blog
novaescola.org.br
www. webartgos.com
Portal.mec.gov.br
Revistacrescer.glogo.com
http://educação.uol.com.br
http://pedagogiaemfoco2blogspot.com.br
53
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 07 SUMÁRIO 12 INTRODUÇÃO 13
CAPÍTULO I
A importância da leitura e escrita na sociedade moderna 16
1.1.O surgimento da escrita 20
CAPÍTULO II
A aquisição da Linguagem 24
2.1.O que é linguagem 24
2.2. Como a Linguagem se desenvolve 27
2.3. Desenvolvimento da Linguagem escrita 29
2.3.1. Hipóteses de Escrita segundo Emilia Ferreiro 31
2.3.2 Alfabetização e Letramento 34
2.4. O perfil do professor alfabetizador 36
CAPÍTULO III
Dificuldades no processo de alfabetização 38 3.1.O olhar da escola, a função da família e a postura do professor
diante das dificuldades de aprendizagem 42 3.2.Caminhos e estratégias na busca da superação 46
CONCLUSÃO 49 BIBLIOGRAFIA 51 ÍNDICE 53 ANEXOS 54
55
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Artigo para a revista Crescer
Anexo 2 >> Entrevista- Revista Dourados News /
Psicopedagoga, Luciane Sperafico
Anexo 3 >> Entrevista- Nova Escola / Emilia Ferreiro
Anexo 4 >> Entrevista – Salto para o futuro / Magna Soares
Anexo 5 >> Questionários professores do 3º ano do Ensino
Fundamental Ciep 318 – Paulo Mendes Campos
56
ANEXO 1
Revista Crescer
Desenvolvimento da linguagem: o que esperar de cada fase
Contamos como esse processo se dá em cada etapa - desde o nascimento do bebê até os 5 anos
de idade
Por Juliana Malacarne - atualizada em 09/11/2015 18h02
57
A aquisição da linguagem começa muito antes de os bebês dizerem as primeiras palavras - logo que nascem e começam a mamar no seio da mãe.A amamentação é a primeira e uma das mais importantes formas de estimulação. Além de o leite nutrir, hidratar e fortalecer os laços afetivos, a sucção exercita lábios, língua, bochecha e músculos, que contribuem para um crescimento ósseo e respiratório harmonioso. Mais tarde, isso será a base para o desenvolvimento da linguagem. Conversamos com a fonoaudióloga Sueli Yoko, do Hospital Sepaco (SP), para saber o que os pais podem esperar em relação ao desenvolvimento linguístico, desde o nascimento até os 5 anos, como você confere a seguir. Vale ressaltar que o ritmo de aprendizado pode variar, de acordo com limites individuais e os estímulos que a criança recebe.
De 0 a 2 meses: o bebê se comunica por meio do choro, para a satisfação de suas necessidades básicas. Seus eventuais sorrisos são meros reflexos. De 2 a 4 meses: a criança emite gritos e vocalizações, sorri ao interagir com pessoas e começa a ficar atenta aos sons ao seu redor. De 4 a 6 meses: inicia o balbucio, que é o brincar com a voz, empregando entonações e intensidades variadas, além de movimentar a cabeça, para localizar os sons. De 6 a 8 meses: começa a pronunciar vogais e consoantes sequenciais, ainda sem significado. Já é capaz de localizar sons e atender ao chamado pelo nome. De 8 a 12 meses: atende aos comandos simples e apresenta expressões básicas, como os sinais de "não", "tchau" e "beijo". Também já inicia produções de sílabas e vogais associadas, tais como mama, papa. Os gestos são significativos. Consegue localizar os sons que vêm de baixo e dos lados. De 12 a 18 meses: inicia a produção de vocábulos isolados, com significado. Consegue localizar os sons que vêm de cima. De 18 meses aos 2 anos: desenvolve um vocabulário com cerca de 50 palavras e é capaz de manter um pequeno diálogo. De 2 a 3 anos: acumula cerca de 200 a 400 palavras em seu repertório, elaborando pequenas histórias. Identifica os sons
58
vindos de todos os cantos e representa as atividades diárias em forma de brincadeiras. De 3 a 4 anos: com vocabulário extenso, a criança sustenta frases mais longas, com cerca de seis palavras, no passado, presente ou futuro. Mantém diálogos e histórias mais detalhados. Ainda se pode esperar trocas e dificuldades na fala, mas a comunicação já deve ser de fácil compreensão. De 4 a 5 anos: deverá ser capaz de pronunciar, adequadamente, todos os fonemas. As histórias são contadas com detalhes, com noção de tempo e espaço.
59
ANEXO 2
ENTREVISTA
Revista Dourados News - Propaganda e publicidade - 23/02/2012 15h30
Psicopedagoga, Luciane Sperafico, explica sobre
dificuldades de aprendizagem
Eduarda Rosa
Psicopedagoga, Luciane Zanchi Sperafico
Com o inicio das aulas, pais e professores começam a enfrentar alguns problemas com as crianças, uma delas é a dificuldade de aprendizado. A Psicopedagoga, Especialista em Educação Especial, Luciane Zanchi Sperafico, em entrevista ao Dourados
News explica o que é e como lidar com esses obstáculos. Ddos News: O que são as dificuldades de aprendizagem? Luciane : As dificuldades de aprendizagem podem ser consideradas de duas formas: • Dificuldades Escolares (DE) que podem ter como causas, as falhas no processo de alfabetização, inadequação do método pedagógico aos estilos e características de aprendizagem do aluno, excesso de mudanças de escolas, problemas escolares diversos (na dinâmica escolar), além de poderem ser resultantes de condições neurológicas diversas (epilepsia, paralisia cerebral e outros quadros neurológicos), deficiências em geral (física, mental, auditiva, visual, múltipla) e psicossociais (problemas na dinâmica familiar, estimulação inadequada e outros problemas sociais). É evidente que tais condições não são determinantes para que uma criança apresente uma dificuldade de aprendizagem, no entanto, irão influenciar o processo de aprendizagem. • Distúrbios de Aprendizagem (DA) caracterizados por uma disfunção no Sistema Nervoso Central e decorrentes de uma falha
60
no processamento das informações. Desse modo, a criança recebe adequadamente as informações do meio externo (visuais, auditivas e cinestésicas), porém há uma falha na integração, processamento e armazenamento dessas informações resultando em problemas na "saída" das informações sejam pela escrita, leitura ou cálculo. O diagnóstico dos Distúrbios de Aprendizagem deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por profissionais das áreas: Psicologia/Neuropsicologia, Fonoaudiologia, Psicopedagogia, Neurologia e Psiquiatria, uma vez que o quadro pode ser acompanhado por alterações em funções diversas que comprometem a aprendizagem da criança ou jovem.
Ddos News: Quais são as dificuldades de aprendizagem mais comuns? Luciane : As queixas relatadas pelos professores com maior incidência sobre o aluno que não aprende são: → Falta de atenção;
→ Dificuldade na leitura e na escrita;
→ Dificuldade na matemática;
→ Dificuldade nos processos de pensamento;
61
→ Dificuldade nas atitudes de trabalho
Dentre os Distúrbios de Aprendizagem, atualmente o que mais tem sido discutido e abordado é a Dislexia, Disgrafia, Discalculia e TDAH.
DISLEXIA: A Dislexia caracteriza-se por uma dificuldade na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia costuma ser identificada nas salas de aula durante a alfabetização sendo comum provocar uma defasagem inicial de aprendizado.
DISGRAFIA: Falha na aquisição da escrita; implica uma inabilidade ou diminuição no desenvolvimento da escrita, é também chamada de letra feia.
Atinge de 5 a 10% da população escolar e pode ser dos seguintes tipos: Disgrafia do pré-escolar; construção de frases; ortográfica e gramatical; caligrafia e espacialidade.
DISCALCULIA: Falha na aquisição da capacidade e na habilidade de lidar com conceitos e símbolos matemáticos. Basicamente, a dificuldade está no reconhecimento do número e do raciocínio matemático. Atinge de 5 a 6% da população com DA e envolvem dificuldades na percepção, memória, abstração, leitura, funcionamento motor; não entendem enunciado dos problemas nem a seqüência lógica.
TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade): O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade.
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Características: Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas; tem dificuldade para organizar tarefas e atividades; distrai-se com estímulos externos; mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira; interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).
Dificuldades de aprendizagem derrubam a auto-estima e promovem dificuldades de relacionamento
Ddos News: Essas dificuldades podem interferir na vida da criança? Luciane: As dificuldades de aprendizagem constituem o principal desafio para os educadores. O fracasso escolar atinge as crianças em desenvolvimento, derrubam sua auto-estima, promovem dificuldades de relacionamento, distúrbios de comportamento e a marginalização daqueles que não se adaptam a regras sociais que não o reconhecem como sujeito em processo de aprendizagem. Do enorme contingente de crianças com fracasso escolar, apenas uma minúscula fração consegue ser encaminhada a um recurso que permita compreender suas dificuldades, para obter algum atendimento a respeito da dificuldade que apresenta.
O diagnóstico precoce do distúrbio de aprendizagem é fundamental para a superação da dificuldade. Desta forma se verifica a área mais comprometida e se encaminha para a abordagem terapêutica mais adequada.
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Ddos News: Essas dificuldades são provocadas por quais fatores? Luciane : Sabemos que existem vários fatores que afetam a cognição, como por exemplo: •Fatores Emocionais que invadem os processos de pensamento (ansiedade, insegurança...); Orgânicos ( baixa visão/ audição...); •Neurológicos ( lesão cerebral...); •Comportamentais ( TDAH, Asperger...); •Sindrômicos e muitos outros, os quais dificultam o diagnóstico, impedindo assim, que se faça uma intervenção precisa e eficaz. Por este motivo, é importante que se faça um trabalho em equipe, onde médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos, especialistas em Educação Especial, cada um em sua área, lançam mão de suas técnicas e conhecimentos específicos, a fim de oferecer um diagnóstico preciso, para que se faça uma intervenção apropriada para cada caso.
Quanto mais cedo qualquer distúrbio e/ou dificuldade de aprendizagem for percebida, maior a chance de iniciar o tratamento e alcançar êxito satisfatório no processo cognitivo e consequentemente, na aprendizagem.
A ajuda da família é fundamental no tratamento
Ddos News: Existem tratamentos? Luciane : Torna-se necessário orientar aluno, família e professor, para que juntos, possam buscar formas para lidar com alunos/filhos, que apresentam dificuldades e/ou que fogem ao padrão, buscando a intervenção de um profissional especializado. Algumas vezes, recomenda-se psicoterapia individual ou em família. Os
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medicamentos podem ser receitados pelo médico para algumas patologias quando necessário. É importante reforçar a confiança da criança consigo mesma, tão vital para um desenvolvimento saudável.
Ddos News: Como os pais e professores podem detectar? Luciane: A identificação precoce das Dificuldades de Aprendizagem no ensino pré-primário, ou mesmo antes, constitui, portanto, uma das estratégias preventivas mais importantes para a redução e minimização dos seus efeitos, pois, neste período crítico de desenvolvimento, a plasticidade neuronal é maior, o que quer dizer que os efeitos de uma intervenção compensatória e em tempo útil podem ter conseqüências muito positivas nas aprendizagens posteriores. Para se desenvolverem estratégias preventivas temos que considerar para além dos educadores e dos professores, os próprios pais, pois como conhecem muito bem os seus filhos, podem notar neles padrões de desenvolvimento diferentes, mesmo no seio da mesma família.
Os pais, por exemplo: podem notar que um dos seus filhos tem mais dificuldades em dominar o alfabeto que outro, ou que tem mais relutância para aprender a ler ou é mais distraído e descoordenado. As preocupações dos pais a respeito destas questões devem ser seriamente consideradas, pois, na sua observação diária e na sua reflexão não profissional, podem evocar sinais muito importantes para organizar uma avaliação dinâmica do potencial de aprendizagem dos seus filhos.
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É necessário prestar atenção nos sinais de dificuldades das crianças
Os sinais mais importantes que devem ser observados durante os primeiros anos de escolaridade no Ensino Fundamental são: • esquecimento;
• dificuldades de expressão lingüística;
• inversão de letras (escrita do nome em espelho);
• dificuldades em relembrar as letras do alfabeto;
• dificuldades em recuperar a seqüência das letras do alfabeto;
• dificuldades psicomotoras (tonicidade, postura, lateralidade, somatognosia, estruturação e organização do espaço e do tempo, ritmo, praxia global e fina, lentidão nas auto-suficiências);
• dificuldades nas aquisições básicas de atenção, concentração, interação e imitação;
• confusão com pares de palavras que soam iguais (por exemplo: nó-só; tua - lua, vaca-faca; etc.);
• dificuldade em nomear rapidamente objetos e imagens;
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• dificuldades em reconhecer e identificar sons iniciais e finais de palavras simples;
• dificuldades em juntar sons (fonemas) para formar palavras simples;
• dificuldades em completar palavras e frases simples;
• dificuldades em memorizar e reproduzir números, sílabas, palavras, frases, pequenas histórias, lengalengas, etc.
• relutância em ir à escola e em aprender a ler;
• sinais de desinteresse e de desmotivação pelas tarefas escolares;
• dificuldade em aprender palavras novas;
• dificuldades em identificar e nomear rapidamente letras e sílabas;
• dificuldades grafomotoras (na cópia, na escrita, no colorir e no recortar de letras);
• dificuldades com sons de letras (problemas de compreensão fonológica);
• memória fraca;
• dificuldades psicomotoras;
• perda freqüente e desorganização sistemática dos materiais escolares, etc.
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Os pais deve ficar atentos se as dificuldades persistem em outras fases.
Os sinais mais importantes que devem ser observados no fim do 1ºCiclo de Escolaridade: • continua a evidenciar todas as dificuldades acima referidas;
• problemas de comportamento e de motivação pelas atividades escolares;
• frustração e fraca auto-estima;
• problemas de estudo e de organização;
• fracas funções cognitivas de atenção, processamento e planificação;
• fraco aproveitamento escolar;
• pode evidenciar habilidades fora dos conteúdos escolares;
• dificuldades em concluir os trabalhos de casa;
• hábitos de leitura, de escrita e de estudo muito vagos;
• fraco conhecimento global;
• mais tempo para terminar testes ou avaliações escritas;
Todos estes sinais são facilmente identificáveis por pais, professores e pelo profissional, razão pela qual devem trabalhar em
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conjunto, pois a sua permanente interação e comunicação pode encontrar vias alternativas de suporte e de apoio psicopedagógico, com a finalidade de oferecer um diagnóstico preciso, para que se faça uma intervenção apropriada para cada caso.
Em suma, cabe aos professores e profissionais da escola, além, é claro, dos familiares, acompanharem o crescimento e o desenvolvimento de suas crianças e jovens, ao menor sinal de problema de aprendizagem, procurar verificar as causas e consultar um profissional.
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ANEXO 3
Emilia Ferreiro e a alfabetização
A maior especialista do mundo em alfabetização esteve conosco numa aula emocionante. Abaixo,
você assiste a todos os episódios do encontro entre Emilia e Telma Weisz:
http://acervo.novaescola.org.br/emilia-ferreiro/ Parte 1 A dúvida sobre a idade certa para alfabetizar
Parte 2 O que as crianças podem aprender na Educação Infantil sobre leitura e escrita
Parte 3 A importância da criança escrever conforme suas ideias
Parte 4 Consciência fonológica é pré-requisito para escrever?
Parte 5 A cisão entre alfabetização e letramento
Parte 6 Considerações sobre alfabetização e tecnologias
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Parte 7 A maior contribuição de Emilia, por ela mesma
Parte 8 O papel das expectativas dos professores sobre a aprendizagem dos alunos
Papel das expectativas dos professores sobre a aprendizagem dos
alunos
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ANEXO IV
http://pedagogiacompartilhar.blogspot.com.br/2013/05/
entrevista-com-magda-soares.html
ENTREVISTA COM MAGDA SOARES
Atuação: Professora titular da Universidade Federal de Minas Gerais Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Salto – Hoje nós temos o Ensino Fundamental ampliado: a criança com seis anos já entra no primeiro ano desta etapa da escolaridade. Como podemos pensar situações de aprendizagem que coloquem essa criança em processo de alfabetização e letramento? Magda Soares – Essa criança, na verdade, já deve ter sido colocada na situação de alfabetização e letramento na educação infantil, uma vez que não se pode pensar que a criança está inaugurando seu processo de letramento e de escrita aos seis anos. Antes até de chegar na educação infantil, ela está convivendo com leitura, material escrito, mesmo nas camadas populares, pois nós vivemos numa sociedade grafocêntrica, cercada de livros e escrita por todos os lados. Então, é uma continuidade. A primeira coisa é que, aos seis anos, não é um momento de inauguração, é um momento de continuidade. É preciso ver em que nível a criança está de apropriação, tanto do sistema de escrita, quanto do processo de letramento para, a partir disso, criar situações em que esse processo tenha continuidade.
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Salto – Como podemos conceituar letramento? Magda Soares – Aqui, nesta exposição, nós estamos rodeados de atividades de letramento. São crianças que estão em fase de alfabetização, temos aqui trabalhos de crianças desde a creche até o segundo, terceiro ano, no novo modelo, considerando este o terceiro ano das crianças que entraram aos seis anos. São crianças em processo de alfabetização, de apropriação do sistema alfabético e ortográfico de escrita, mas elas estão se apropriando disso no contexto de letramento, lendo livros de literatura infantil, e a partir daí a professora trabalha alfabetização. Elas estão escrevendo em situações reais criadas pela professora, não é uma situação falsa. A literatura dá um apoio muito forte a esse letramento. Por que, o que é o letramento? São as práticas de leitura e de escrita. Uma coisa é aprender sistema de escrita, para poder ler e escrever. Mas isso não resolve o problema da entrada no mundo da escrita. É preciso saber fazer uso disso, saber escrever uma carta, saber escrever uma história, saber escrever uma fábula, um convite, etc. Mas fazer isso numa situação contextualizada, saber para quem eu estou escrevendo, porque estou escrevendo, tendo motivação para escrever. O papel da professora, da escola, é criar essas situações que permitam esse desenvolvimento da alfabetização e do letramento articulados e, ao mesmo tempo, indissociáveis. Eu acho que essa é a síntese que nós conseguimos fazer agora. Nós tivemos um período em que ensinávamos o "beabá", para depois a criança praticar isso. Depois passamos por um período, que foi a época do construtivismo, em que esse "beabá" foi desprezado, de certa forma, foi marginalizado como um subproduto do letramento, ou seja, do convívio da criança com o material escrito. Acho que agora nós chegamos ao momento da síntese, que não é isto ou aquilo, são as duas coisas ao mesmo tempo, articuladas, embora cada uma com a sua especificidade quanto à metodologia de trabalho. Salto – No primeiro ano do Ensino Fundamental, de que oportunidades de aprendizagem o professor pode lançar mão para poder trabalhar com essas questões já aos seis anos? Magda Soares – Eu não diria que "já aos seis anos", porque este processo já começou antes. Mas, aos seis anos, o professor vai, talvez, colocar um foco maior na aprendizagem do sistema de escrita, mas sempre no contexto do letramento, criando situações de leitura de histórias para crianças. Se eu der um livro de histórias para a criança, sabendo ler este livro, dando todo contexto de letramento em que ele foi escrito, as próprias características do livro – quem escreveu, quem ilustrou esse livro – tudo isso interessa muito à criança, que está na fase da fantasia. Lemos a história para a criança e, depois, trabalhamos algumas frases, algumas palavras. Ao invés de você buscar "A Eva viu a uva", vamos buscar uma frase que está no livro, contextualizada para a criança, aquela palavra central. Vamos pegar o LOBO da história da Chapeuzinho Vermelho, e trabalhar o LOBO: escrever LOBO no quadro, trabalhar fonologicamente a palavra lobo, e dividir as sílabas – "o LO, se eu trocar o O por A vai ser o quê?" "Vai ser LA". É uma atividade lúdica, em que as crianças se divertem muito. Nós temos provas disso aqui neste município (Lagoa Santa), como as crianças gostam dessa articulação: de pegar o LOBO da história e transformá-lo em uma palavra a ser analisada. Salto – Nós tivemos a oportunidade de gravar aqui, em Lagoa Santa, uma atividade em que a professora começava a contar a história, que era uma fábula de Monteiro Lobato, apresentando a capa do livro, a contracapa, abordando quem seria o autor, falando da editora. Qual a importância da apresentação destes elementos do livro para as crianças? Magda Soares – Uma das facetas importantes do processo de letramento, sobretudo no plano atual, é conseguirmos contaminar as crianças com o prazer de ler o livro,
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com o gosto da leitura, com a paixão da leitura, que a gente tem perdido muito. E há razões para isso, que não interessa dizer aqui. Nós temos trabalhado muito o livro como um objeto cultural, e não só o livro como portador de texto, mas o livro como objeto cultural. A gente faz as crianças cheirarem o livro, pegarem o livro, ver que o livro é um objeto que tem suas partes, como nós temos o rosto, as costas, as pernas, os braços. O livro tem a lombada, a capa, a quarta capa, e as crianças gostam muito disso. A ponto de vermos, frequentemente, crianças chegarem à biblioteca da escola e pedirem assim: "Essa semana eu quero levar para casa um livro, mas eu quero um livro que tenha lombada". E eu perguntei a uma criança: "Por que você quer um livro que tenha lombada?"; "Porque ele fica em pé." Esses livros infantis são muito fininhos, tanto que, na nossa biblioteca, eles ficam expostos; mas o livro mais grosso, de capa dura, ele fica em pé. E a criança queria um livro que tivesse lombada, e vemos como é importante isso: a criança tem uma relação com o livro, que é uma relação com o objeto cultural. Salto – Fale sobre a riqueza que esse trabalho nos apresenta, e da especificidade lúdica que um trabalho como esse de alfabetização e letramento vai exigir, vai requerer. Magda Soares – Eu acho que o que fica mais forte nesta exposição é observar um aspecto importante: costuma-se criticar e temer que, nessa entrada da criança aos seis anos no ensino fundamental, ela seria impedida de brincar, etc. Isso é uma falta de visão de como a alfabetização e o letramento podem ser atividades lúdicas, que envolvem muito a criança, tanto no aprender o sistema de escrita quanto, sobretudo, na aprendizagem da leitura. Como estamos vendo aqui, por exemplo: a criança trabalhando com trava-línguas. São crianças de seis anos, estão no 1º ano. Trava-línguas, o que é? É uma brincadeira, uma brincadeira com a escrita: "Papagaio come milho, Periquito leva a fama. Cantaram uns, choraram outros. Triste sina de quem ama". Isso está desenvolvendo a consciência fonológica, que é fundamental para a alfabetização e, ao mesmo tempo, a criança está escrevendo, está desenhando, está montando o caderninho dela de trava-línguas, com editora, com conceito de editora, conceito de capa, tudo isso ao mesmo tempo. Sobre a história em quadrinhos e o relatório: Nós colocamos muita ênfase no trabalho com gêneros diversos, que é algo fundamental para o letramento. Tempos atrás, só se trabalhava com a criança a história. A criança gosta de historinha, então devemos trabalhar só com histórias? Não. É preciso trabalhar com todos os gêneros. Por exemplo: aqui são crianças de Infantil 2, crianças de 5 anos, já trabalhando com história em quadrinhos e relatório. Elas já conseguem escrever o nome dos autores, o nome da escola, a história que leram, eles fazem a ilustração da história. Trabalham com as características da história em quadrinhos: as figuras, o uso do balão, eles ditam para a professora as falas, e as que já sabem escrever, escrevem diretamente. Estão criando o conceito de escrita de história em quadrinhos, o uso dos balões da história em quadrinhos. Sobre a história da Dona Baratinha: Foi contada a história, mostrou-se o livro, o ilustrador, o autor, etc. Depois, as crianças fizeram um livro e, quando elas fazem, sabem que tem a folha de rosto, e elas usam essa terminologia: "Ana Maria Machado contou e o terceiro ano recontou!". É um reconto da história da baratinha. Todos escrevem seus nomes e reescrevem a história. O interessante é que, quando dizem que ela vai casar, criam um livro de noivas, com vestidos, uma revista de noivas, para Dona Baratinha escolher o vestido dela. A criança vai descobrindo o uso da escrita para várias finalidades. Tem o convite de casamento. E a professora traz um convite de casamento para as crianças, mostra o convite e diz a finalidade daquele convite, e para onde vão os convites. E muitas das nossas crianças são de camadas populares e não vivenciam o uso de tudo isto. Tem a receita do bolo, elas discutiram como se constrói uma receita, viram livros. Construíram um mapa da festa e, assim, articulam
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este conhecimento com outras áreas. Trabalha-se o bilhete contextualizado com a história. É lúdico, as crianças se divertem para criar isto. Pensam no texto para a internet, a venda do livro da Dona Baratinha, o pagamento que pode ser feito por vários cartões. E, dessa forma, trabalham os vários gêneros a partir da história que está aqui. Elas estão aprendendo a ler e a escrever os diferentes gêneros de leitura e escrita que circulam na sociedade. Não só a ler, mas a reconhecer e a escrever também. Salto – E qual a importância desse processo de alfabetização para o processo inteiro de uma educação ao longo da vida? Magda Soares – Sem esse processo inicial, a educação não vai para frente. Eu tenho uma história interessante na minha vida profissional, porque eu comecei trabalhando com ensino médio, e aí eu passei para a segunda etapa do ensino fundamental, e pensei: ainda não é aí que eu tenho que trabalhar. Passei a trabalhar com pesquisa, a realizar estudos na prática com as séries iniciais, e de um tempo para cá percebi que tinha que ir para a educação infantil e para a creche, pois é aí que está a base. Se nós não formamos e não construirmos o alicerce aí, não há futuro para essas crianças. Porque sem dominar a leitura e a escrita e as práticas sociais de leitura e de escrita, eles não têm um futuro garantido na vida de aprendizagem, para aprender Geografia, História, até chegar ao ensino superior. Sem essa base não é possível. E na vida pessoal, profissional também, porque, em nosso mundo, se a pessoa não está inserida no mundo da escrita dificilmente vence, ou até mesmo não vence. Realizada em 21.09.2009