Dhammapada

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DHAMMAPADA Ensinamentos de Buda “De acordo com a datação tradicional Buda (Gautama), nasceu numa família real do reino do Himalaia, viveu entre 566 e 485 a.C. no norte da India Central. Era ainda criança quando um velho sábio chamado Asita visitou o palácio. Asita era um homem de Deus e trouxe as boas novas ao pai de Buda dizendo-lhe que seu filho haveria de tornar-se o Salvador da Humanidade. Buda então foi chamado de Príncipe Gautama. Seu pai deu ao Amado Filho todas as alegrias e presentes da vida. Desejava fazer dele um bom rei, mas Gautama achou que os prazeres do mundo não traziam a felicidade. Um dia, viu um homem velho, depois um doente e em seguida um cadáver.

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“De acordo com a datação tradicional Buda Gautama

(Gau-ta-ma), nasceu numa família real do reino do Hi-

malaia, viveu entre 566 e 485 a.C. no norte da India Cen-

tral..Era ainda uma criancinha quando um velho sábio

chamado Asita visitou o palácio. Asita era um homem de

Deus e trouxe as boas novas ao pai de Buda de que filho

haveria de tornar-se o Salvador da Humanidade. Buda

então foi chamado de Príncipe Gautama.

Seu pai deu ao Amado Filho todas as alegrias da vida.

Desejava fazer dele um bom rei. Mas Gautama achou

que os prazeres do mundo não traziam a felicidade.

Um dia, viu um homem velho, depois um doente e

em seguida um cadáver. Descobriu que todos os seres hu-

manos estão sujeitos ao sofrimento e à morte. Portanto,

compreendeu que somente a felicidade espiritual podia

tornar os homens realmente felizes. Deixou seu lar, a es-

posa e o filho para ir a busca da verdade espiritual. Da-

quele dia em diante iniciou Sua grande missão de salvar a

humanidade do sofrimento.”

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INTRODUÇÃO

Buda, o Iluminado, é o nome conferido ao Príncipe indiano Guatama (563-483 a.d.c.), quem durante seis anos de árdua procura espiritual, uniu-se com o infinito, alcançando a iluminação, sentado ao pé da árvore Bohdi, próximo à cidade de Benarés.

Diz a lenda que os deuses suplicaram a Buda para que tivesse compaixão e ensinasse a doutrina. Ele concordou, dizendo: “Sim, ensinarei a doutrina, mas não a sabedoria, nem a natureza búdica, que não pode ser ensinada, po-rém, vou mostrar o caminho que leva à natureza búdica, o caminho da verdade”. Isto é o budismo: o caminho à nossa própria natureza, ou melhor, o veículo com o qual podemos percorrer esse caminho.

Nos quarenta e nove anos seguintes da sua vida, Buda viajou de um lugar para o outro predicando sua doutrina, tanto para os ascetas, que viviam nos bosques, como para os habitantes das cidades, nobres e poderosos inclusive, sem aceitar qualquer autoridade religiosa, sem

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impor qualquer tipo de ritual nem dogma e utilizando um linguajar que era facilmente compreendido por todos.

Segundo a tradição, após a morte de Buda, formou-se um conselho composto por quinhentos sábios, repetindo os ensinamentos tal como Ananda, seu principal discípulo que ficou vinte anos ao seu lado, recordava-os. No trans-curso do tempo, foram escritos em folhas de palmeiras que foram colhidas em três cestos; daí provém a palavra Tri-Pataka, em sânscrito; Ti-Pataka, em pali, significa “três cestos” e é usado habitualmente para designar as antigas escrituras budistas.

Durante o século III a. C., os ensinamentos de Buda foram divulgados por todo o território da Índia e do Ceilão, chegando a lugares longínquos, como Síria, Egito e Macedônia. Sua divulgação na China produziu-se no começo da Era Cristã, alcançando sua máxima difusão entre os séculos IV e VII, passando pelo Japão e por todos os demais países do sudeste asiático.

As escrituras canônicas budistas foram escritas em dois idiomas muito relacionados entre si: o pali e o sâns-crito. Todas as escrituras em pali ficaram conservadas no Ceilão, Sri Lanka, e as escrituras em sânscritos ficaram preservadas em sua totalidade em traduções para o tibe-tano e o chinês.

Na atualidade, tudo o que se conserva dessas escritu-ras se encontra agrupado em três grandes coleções:

• o Tipitaka pali;• o Tipitaka chinês;• o Kanjur e o Tanjur tibetano.

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I

CAMINHOS CONTRÁRIOS

C 1 cAquilo que hoje somos é a consequência de nossos pensamentos de ontem.Nossos pensamentos de hoje estão construindo nossa vida de amanhã. Nossa vida é uma criação da nossa mente. Aquele que fala ou atua com a mente impura só terá sofrimento, do mesmo modo que a roda da carroça segue forçosamente o boi que a arrasta.

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C 2 c

O que somos hoje é consequência de nossos pensamentos de ontem. Nossos pensamentos de hoje estão construindo nossa vida de amanha. Nossa vida é uma criação da nossa mente. Aquele que fala ou atua com a mente pura, a alegria o seguirá como sua própria sombra, inseparável dele.

C 3 c

Fui insultado! Fui maltratado! Abusaram de mim! Fui roubado! Aquele que vive com esses pensamentos nunca se verá livre do ódio.

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II

VIGILÂNCIA

C 1 c

A vigilância é o caminho que leva à imortalidade; A negligência é o caminho para a morte. Os que permanecem vigiando nunca morrerão; Os negligentes serão como se já estivessem mortos.

C 2 c

Os que captam esta verdade com a mente clara são sábios e descobrem a alegria da vigilância, a alegria que enche o caminho dos iluminados.

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C 3 c

O sábio medita com perseverança, trabalha constantemente, procura com todas as suas forças a sua liberdade e ao final alcançará a iluminação, a paz suprema e a alegria infinita.

C 4 c

Aquele que permanece alerta e desperto, que observa e reflexiona, que é cuidadoso nos seus atos e que vive de acordo com a verdade verá a glória crescer no seu interior.

C 5 c

Às claras, com paciência, disciplina e trabalho, com harmonia e controle, o sábio constrói uma ilha que nenhuma tempestade poderá arrasar.

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III

A MENTE

C 1 c

A mente é como as ondas, inquieta, difícil de guardar e conter. O sábio dirige sua mente como o arqueiro dirige sua flecha.

C 2 c

Os pensamentos se agitam como um peixe tirado da água. A mente luta, peleja para se libertar do poder da morte.

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C 3 c

A mente é inconstante e fugaz.voa atrás de qualquer fantasia, e é difícil dominá-la. O domínio da mente conduz à felicidade.

C 4 c

A mente é invisível, sutil e caprichosa. Porém, o sábio sabe dominá-la, pois o domínio da mente conduz à felicidade.

C 5 c

Sem corpo e oculta atrás dos mistérios da consciência, a mente voa para longe. O sábio tranquiliza seus pensamentos e acaba com a peregrinação da mente. Assentado na harmonia, liberta-se da escravidão e da morte.

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IV

AS FLORES DA VIDA

C 1 c

Quem conquistará este mundo e o mundo dos deuses? O mundo da dor e da morte?Quem encontrará o Dhammapada, no caminho da perfeição? A mais bela flor entre as flores?

C 2 c

O discípulo dedicado poderá conquistar este mundo e também o mundo dos deuses e o mundo da morte e da dor. Ele encontrará o Dhammapada, o iluminado caminho da perfeição, igual ao homem que, procurando flores, encontra a mais bela e formosa.

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C 3 c

Aceite que este corpo não é mais que a espuma de uma onda, uma sombra. Quebre as afiadas flechas do desejo escondidas atrás das flores. Invisível para a morte, siga seu caminho adiante.

C 4 c

Aquele que corta flores distraidamente deixa-se surpreender pela morte, assim como uma cidadezinha adormecida é pega de surpresa pela enxurrada.

C 5 c

A morte acaba com o homem que, despreocupado, corta as flores antes que tenham completado seus desejos.