DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO MÓDULO ELÁSTICO DE CISALHAMENTO DE UM TUBO EM AÇO
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INTRODUÇÃO
O projeto de um eixo depende da limitação na quantidade de rotação ou
torção que ocorre no eixo quando submetido ao torque. O ângulo de torção é o
parâmetro que nos dá uma noção dos esforços que tentam rotacionar o eixo.
Para eixos estaticamente determinado o ângulo de torção pode ser dado
por:
∅=∫0
LT ( x )∗dxJ ( x )∗G
(1)
Onde:
Φ é o ângulo de torção da extremidade do eixo em relação à outra;
T(x) é o torque interno na posição arbitrária x;
J(x) é o momento de inércia polar do eixo;
G é o módulo de elasticidade ao cisalhamento do material.
Normalmente, o material é homogêneo, de modo que G, a área da secção
transversal e o torque aplicado são constantes. Quando estas condições
ocorrem:
∅=T∗LJ∗G
(2)
Quando o eixo estiver sujeito a diversos torques, ou área de secção
transversal e módulo de cisalhamento mudarem abruptamente de uma região
para outra, o ângulo de torção passa a ser:
∅=∑ T∗LJ∗G
(3)
A direção e o sentido do torque aplicado são definidos a partir da regra
da mão direita. O torque e ângulo serão positivos se a direção indicada pelo
polegar for no sentido de se afastar-se do eixo;
Se o eixo tiver uma secção transversal circular maciça o momento polar
de inércia é dado por:
J= π2∗r 4 (4)
Se o eixo tiver uma secção transversal tubular, o momento de inércia é
dado por:
J= π2∗(r¿¿o¿¿4−ri
4)¿¿ (5)
Com base nesses conhecimentos foi realizado um experimento no qual
o objetivo é avaliar a propagação de erro pelo método de Kline McClintock na
determinação experimental do módulo de cisalhamento de um tubo em aço.
Na maioria dos experimentos, a medição de uma grandeza R de
interesse é feita de maneira indireta, sendo esta grandeza obtida a partir de
medidas de n grandezas primárias {a1, a2, a3 ... an}. O cálculo de R é feito a
partir de uma função conhecida das grandezas primárias. Estas grandezas são
também denominadas grandezas de entrada, enquanto a grandeza R é
denominada grandeza de saída. Em linguagem formal escrevemos:
R=f (a1 , a2 ,a3 ...an) (6)
Utilizando aproximações e um grande número de medidas (amostras),
podemos admitir o valor médio como o valor verdadeiro. Da mesma forma, a
incerteza padrão pode ser considerada como o desvio padrão verdadeiro.
Fazendo um desenvolvimento matemático apropriado segundo o método de
Kleine e McClintock, temos uma expressão para calcular a propagação de erro
da grandeza de saída, como mostra a Equação 2 [TOGINHO FILHO E
ANDRELLO, 2009]:
σ R=√( ∂Ra1 ×σ a1)2
+( ∂Ra2 ×σ a2)2
+( ∂Ra3 ×σ a3)2
+… ( ∂Ran
×σ an)2 (7)
MATERIAIS
Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados os materiais
discriminados abaixo:
Relógio comparador;
Régua;
Balança;
Paquímetro;
Micrômetro;
Tubo em Aço;
Anilhas;
Máquina de ensaio.
MÉTODOS
O tubo de aço foi engastado na máquina para o ensaio de torção. No
tubo foram fixados dois braços em posições diferentes, um perto do engaste
(b1) e outro próximo a aplicação da força que promovia o torque (b2).
Com o paquímetro mediu-se as dimensões do tubo a ensaiar, sendo
estas, o raio interno ri e raio externo re.
Fazendo uso da uma régua mediu-se, com relação ao engaste do tubo,
a posição de dois braços (Pb) para tomada dos deslocamentos com o relógio
comparador. Foi realizada a medição dos braços (b), dado pela distância da
extremidade do braço à parede do tubo somada ao raio externo do tubo,
utilizando-se o paquímetro.
As pontas dos dois relógios comparadores foram posicionadas nas
extremidades dos braços. Com uma anilha de 10 kg, foi realizado um pré-
torque para zerar o relógio comparador.
Acrescentou-se mais 10 kg, calculou-se o peso (M*g), o torque gerado
(T) e realizou-se leitura do relógio comparador do deslocamento (y) situado em
cada braço, devido a massa da segunda anilha. Esse procedimento foi repetido
quando se acrescentou o terceiro peso (10 kg) e o quarto peso (20 kg).
Foram calculados os ângulos de torção Φ em cada situação de torque
utilizando a Equação 9.
Com o método de Kline e McClintock foi determinado a propagação de
erro do torque, momento polar de inércia, ângulo de torção e modulo elástico
de cisalhamento.
O resultado da média do módulo elástico de cisalhamento foi comparado
com o encontrado na literatura.
As equações utilizadas, foram:
Torque: T=F∗I (8)
Ângulo de torção: Φ=asen ( yb ) (9)
Momento de inércia polar: J=π∗(re
4−ri4)
2
(10)
Módulo elástico de cisalhamento: G=T∗Pb
J∗Φ(11)
Força Peso: P=M∗g (12)
Desenho esquemático que mostra o ângulo de torção
RESULTADOS
O dados, referentes as dimensões do tubo (ri , ree L¿, as posições dos
braços com relação ao engaste (Pb1ePb2 ¿ e ao tamanho dos braços (b1e b2) ,
estão resumidos na Tabela 1, juntamente com o erro do instrumento utilizado
para determinada medição.
Tabela 1- Dados referentes a dimensão do tubo, posição de engaste, tamanho do braço e aos erros dos instrumentos de medição.
DADOS VALORES [M] ERRO DO INSTRUMENTO [M]RI 0,02300 ±0,00005RE 0,025275 ±0,00005L 0,595 ±0,001PB1 0,10400 ±0,00005PB2 0,483 ±0,001B1 0,066275 ±0,00005B2 0,067375 ±0,00005I 0,275 ±0,001
Na Tabela 2 estão especificadas as massas utilizadas para promover os torques e os valores de deslocamento correspondentes aos mesmos em cada braço.
Tabela 2- Massa e deslocamento y.
MASSA (M) [KG] Y1 [M] Y2 [M]
10 0,00003 0,0001120 0,00005 0,0002140 0,0001 0,00045
ERRO DO ERRO DO ERRO DO
INSTRUMENTO [KG]
INSTRUMENTO [m]
INSTRUMENTO [m]
± 0,0001 ±0,00001 ±0,00001
Abaixo estão especificados os resultados da força aplicada, do torque,
do momento de inércia polar e do módulo de elasticidade, bem como a
propagação de erro de cada um deles, segundo o método de Kleine e
McClintock :
1. Para o força peso (P) [N]:
P=M∗g (13)
σ P=√( ∂ P∂M P
)2
∗σM2
(14)
σ P=√g2∗σM2 (15)
σ P=0,000981N
Foram calculadas as forças correspondentes a cada massa aplicada e a
propagação de erro, mostrados na Tabela 3.
Tabela 3- Massas, forças aplicadas e erro propagado.
Massa (M) [kg] Força (F) [N]10 98,120 196,240 392,4
ERRO DA FORÇA F σ P=0,000981N
2. Para o Torque (T) [N.m]:
O torque foi calculado a partir da força peso (F) e do braço de alavanca
(I).
T=F∗I (16)
σ T=√( ∂T∂F )2
∗σF2+( ∂T∂ I )
2
∗σ I2
(17)
σ T=√I 2∗σ F2+F2∗σ I
2 (18)
Os resultados obtidos estão tabelados abaixo.
Tabela 4- Resultados do torque e erros de propagação
Torque T1 e T2 [N.m] ERRO DE T1 e T2 [N.m]26,977 0,09853,955 0,196
107,910 0,392
3. Para o ângulo de torção (Φ) [radianos]:
Os ângulos de torção dependem do deslocamento devido ao torque e
das posições do braço.
Φ=asen ( yb ) (19)
σΦ=√( ∂Φ∂ y )2
∗σ y2+( ∂Φ∂b )
2
∗σ b2
(20)
σΦ=√(1b
√1−( yb )2 )2
∗σ y2+( − y
b2√1−( yb )2 )2
∗σ b2
(21)
Os resultados estão dispostos na tabela 5.
Tabela 5- Resultados do ângulo de torção e erros de propagação.
Ângulo de torção experimental Φ1 [radianos]
ERRO DE Φ1 [radianos]
Ângulo de torção experimental Φ2 [radianos]
ERRO DE Φ2
[radianos]
0,00045 0,00015 0,00163 0,0001480,00075 0,00015 0,00312 0,0001480,00151 0,00015 0,00668 0,000148
4. Para o momento de inércia (J) [m4]:
O momento de inércia polar depende apenas dos raios interno e externo
do tubo.
J=π∗(re
4−ri4)
2
(22)
σ J=√( ∂J∂r 0 )2
∗σ r0
2+( ∂J∂r1 )2
∗σr1
2(23)
σ J=√( 4∗π∗r 03
2 )2
∗σ r0
2+( 4∗π∗r13
2 )2
∗σr1
2(24)
Tabela 6- Resultados do momento de inércia polar e do erro de propagação.
Momento de inércia polar J [m4]
ERRO DE PROPAGAÇÃO J [m4]
2,01364*10-7 0,06348*10-7
5. Para o módulo elástico de cisalhamento (G) [Pa]:
O módulo elástico de cisalhamento depende do torque aplicado, das
posições do braço ao local de aplicação do torque, dos ângulos de torção e do
momento de inércia polar.
G=T∗Pb
J∗Φ(25)
σ G=√( ∂G∂T )2
∗σT2+( ∂G∂Pb
)2
∗σPb
2+( ∂G∂J )2
∗σ J2+( ∂G∂Φ )
2
∗σΦ2
(26)
σ G=√( Pb
J∗Φ )2
∗σT2+( T
J∗Φ )2
∗σP b
2+(−T∗Pb
J 2∗Φ )2
∗σJ2+(−T∗Pb
J∗Φ2 )2
∗σΦ2
(27)
A Tabela 7 contém os valores do módulo elástico de cisalhamento e os erros de propagação.
Tabela 7- Resultados do módulo elástico de cisalhamento.
Módulo elástico de cisalhamento G1 [GPa]
ERRO PROPAGADO G1 [GPa]
Módulo elástico de cisalhamento G2 [GPa]
ERRO PROPAGADO G2 [GPa]
30,78 10,31 39,63 38,1736,94 7,48 41,52 23,7836,94 3,88 38,75 15,034
6. Com os valores do módulo elástico de cisalhamento calculou-se a média
e o desvio padrão, os resultados estão apresentados na Tabela 8.
Tabela 8- Resultado do módulo de cisalhamento e o desvio padrão da média.
Módulo elástico de cisalhamento médio (Gmédio) [GPa]
Desvio padrão da média de (Gmédio) [GPa]
37,43 3,37
7. Utilizando o módulo elástico de cisalhamento médio (Gmédio) calculou-se
o ângulo de torção teórico de acordo com a Equação 28.
Φ=T∗Pb
J∗Gmédio
(28)
Os resultados estão contidos na Tabela 9.
Tabela 9- Resultados do ângulo de torção teórico.
Ângulo de torção teórico Φ1 (radianos) Ângulo de torção teórico Φ2 (radianos)0,00037 0,001730,00074 0,003460,00149 0,00692
CONCLUSÃO
Comparando-se os resultados, para as duas posições, dos ângulos de
torção teóricos e experimentais, observa-se que os valores teóricos e
experimentais que mais se aproximam são referentes aos ângulos calculados
para a primeira posição de deslocamento (posição mais próxima ao engaste).
BIBLIOGRAFIA
TOGINHO FILHO, D. O., ANDRELLO, A.C., Medição e propagação de erros.
Catálogo de Experimentos do Laboratório Integrado de Física Geral.
Departamento de Física, Universidade Estadual de Londrina, Março de 2009.
.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO
ENGENHARIA MECÂNICA
INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL
PROF. MARCOS IRMÃO
DISCENTES: CAMILA COELHO GUIMARÃES E ADEMY MATTOS
RELATÓRIO:
DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DO MÓDULO
ELÁSTICO DE CISALHAMENTO DE UM TUBO EM AÇO
JUAZEIRO, BA.
2013