DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS …...tecnologias digitais na Escola Estadual Dona Antônia...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CENTRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM GESTÃO
E AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO PÚBLICA
KENIO CRISTINO BORBA
DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS EM UMA ESCOLA
ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS (MINAS GERAIS)
JUIZ DE FORA
2018
KENIO CRISTINO BORBA
DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS EM UMA ESCOLA
ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS-MG
Dissertação apresentada como requisito parcial para a conclusão do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública, da Faculdade de Educação, Universidade Federal de Juiz de Fora, para obtenção do título de Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública.
Orientadora: Prof.ª Drª. Maria Isabel da
Silva Azevedo Alvim
JUIZ DE FORA
2018
KÊNIO CRISTINO BORBA
DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS EM UMA ESCOLA
ESTADUAL DE DIVINÓPOLIS-MG
Dissertação apresentada como requisito
parcial à conclusão do Mestrado
Profissional em Gestão e Avaliação da
Educação Pública, da Faculdade de
Educação, da Universidade Federal de
Juiz de Fora.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
________________________________
Prof.ª Dr.ª Maria Isabel da Silva Azevedo Alvim
Orientadora
________________________________
Membro da banca
________________________________
Membro da banca
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela vida, pela sabedoria e fortaleza, possibilitando
vencer os desafios cotidianos. Agradeço aos meus pais Antônio e Lúcia que sempre
me incentivaram e ensinaram valores que permearão por toda minha vida. Agradeço
minha esposa Andreia Mendes, que o destino nos uniu durante esse mestrado, pelo
amor, dedicação e cumplicidade. À Malu por trazer alegria para nossa casa. A minha
orientadora, professora Dra. Maria Isabel da Silva Azevedo pelas contribuições e por
transmitir paz e serenidade. Aos professores da minha banca de qualificação pelas
contribuições para aprimoramento deste trabalho. À professora Helena, minha ASA,
pela paciência e ensinamentos e por estar comigo durante toda a caminhada,
possibilitando a travessia. Aos colegas mestrandos da turma de 2016, pelo
acolhimento, companheirismo e amizade construída, fazendo com quem o fardo se
tornasse mais leve. Aos servidores da EEDAV que contribuíram para a realização
deste trabalho.
É necessário sair da ilha para ver a ilha, não
nos vemos se não saímos de nós.
(José Saramago).
RESUMO
A presente dissertação foi desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF). O caso de gestão estudado discute os desafios vivenciados na utilização das tecnologias digitais na Escola Estadual Dona Antônia Valadares, localizada em Divinópolis-MG. O trabalho foi desenvolvido a partir da descrição do caso de gestão, tendo em vista o cotidiano profissional do autor, a análise documental de legislações e normatizações escolares e a identificação de evidências na EEDAV por meio da aplicação de um questionário aos docentes da unidade de ensino. Foi identificada uma situação de subutilização das TIC nas práticas de ensino e aprendizagem da Escola Estadual Dona Antônia Valadares. Diante disso, com vistas à elucidação do problema descrito, buscou-se embasamento em referenciais teóricos capazes de fundamentar a análise das informações que foram colhidas. Entre os autores estudados destacam-se Reis (2014), Levy (1999), Rojo (2013) e Freitas (2015), que promovem discussões sobre a relação estabelecida entre as tecnologias digitais e a sociedade contemporânea. Nesta dissertação também foram descritas experiências exitosas na utilização das TIC nas escolas. Buscando refletir sobre os desafios para a inserção das TIC nas práticas pedagógicas. O presente trabalho também tomou como base estudos de pesquisadores como Belloni (2012), Cappelletti et al (2007), Estevão e Passos (2015). A fim de entender as causas desta situação de subutilização tecnológica, realizou-se coleta de dados por meio de entrevista com roteiro semiestruturado. Os relatos obtidos apontaram problemas como deficiências na formação inicial dos professores, falta de investimento da rede de ensino em capacitações para o uso pedagógico das TIC, falhas de infraestrutura e equipamentos, além de desmotivação docente para a aplicação didática das Tecnologias de Informação e Comunicação. A análise dos depoimentos colhidos tornou possível a produção de um Plano de Ação Educacional que propõe medidas estruturadas, principalmente, com vistas ao aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos professores e supervisores escolares para o uso didático das TIC; e à reformulação do Projeto Político Pedagógico da EEDAV, agregando a ele atividades interdisciplinares para o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação. Com isso, busca-se contribuir para a superação dos desafios identificados na pesquisa, colaborando, assim, para o aprimoramento da situação gerencial diagnosticada.
Palavras-Chave: Novas Tecnologias. Tecnologias da Informação e Comunicação. Prática Docente. Tecnologia e Educação.
ABSTRACT
This dissertation was developed in the context of the Programa de Pós-Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública of the Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação of the Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF). The management case studied discusses the challenges experienced in the use of digital technologies in Escola Estadual Dona Antônia Valadares, located in Divinópolis-MG. The work was developed from the description of the management case, considering the professional daily life of the author, the documentary analysis of legislation and school norms and the identification of evidence in EEDAV through the application of a questionnaire to the teachers of school. A situation of underutilization of technologies in the teaching and learning practices of Escola Estadual Dona Antônia Valadares was identified. Therefore, in order to elucidate the described problem, we sought to base theoretical references capable of supporting the analysis of the information that was collected. Among the authors studied are Reis (2014), Levy (1999), Rojo (2013) and Freitas (2015), who promote discussions about the established relationship between digital technologies and contemporary society. This dissertation also described successful experiences in the use of technologies in schools. The present work also draws on studies of researchers such as Belloni (2012), Cappelletti et al (2007), Estevão & Passos (2015). In order to understand the causes of this situation of technological underutilization, data collection was done through a semi-structured interview. The reports obtained pointed out problems such as deficiencies in the initial training of teachers, lack of investment of the teaching network in training for the pedagogical use of technologies, infrastructure and equipment failures, and teacher demotivation for the didactic application of Information and Communication Technologies. The analysis of the collected statements made possible the production of an Educational Plan that proposes structured measures, mainly with a view to improving the technical and pedagogical training of teachers and school supervisors for the didactic use of technologies; and to the reformulation of the Projeto Político Pedagógico of EEDAV, adding to it interdisciplinary activities for the pedagogical use of Information and Communication Technologies. With this, it seeks to contribute to overcome the challenges identified in the research, thus contributing to the improvement of the diagnosed management situation.
Keywords: New Technologies. Information and Communication Technologies. Teaching Practice. Technology and Education.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Núcleo de Tecnologias Educacionais no contexto da SEE/MG ...... 24
Figura 2 – Fachada da Escola Estadual Dona Antônia Valadares ................... 27
Figura 3 – Proficiência em Língua Portuguesa e Matemática no estado de Minas
Gerais .............................................................................................. 30
Figura 4 – Proficiência em Língua Portuguesa e Matemática Escola Estadual
Dona Antônia Valadares .................................................................. 29
Figura 5 – Resultado Proeb por padrão de desempenho ................................. 30
Figura 6 – Laboratório de informática da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
........................................................................................................ 32
Figura 7 – Sala de aula da Escola Estadual Dona Antônia Valadares ............. 32
Figura 8 – Espaço de projeção da biblioteca da EEDAV ................................. 33
Figura 9 – Espaço de leitura da biblioteca da EEDAV ..................................... 34
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Dependências da Escola Estadual Dona Antônia Valadares .... 28
Quadro 2 – Perfil dos 30 professores que responderam à pesquisa ........... 36
Quadro 3 – O uso dos computadores da escola pelos professores ............ 37
Quadro 4 – Como os computadores e a internet são utilizados pelos professores
.................................................................................................. 38
Quadro 5 – Frequência de uso dos aparelhos de data show das salas de aula da
escola ........................................................................................ 39
Quadro 6 – Frequência de uso dos tablets fornecidos pela SEE-MG ......... 41
Quadro 7 – Uso das TIC em práticas pedagógicas exitosas ....................... 49
Quadro 8 – Identificação dos entrevistados e trajetórias no magistério ...... 58
Quadro 9 – Eixos do PAE versus problemas identificados.......................... 78
Quadro 10 – Aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos professores e
supervisores escolares para o uso didático das TIC ................. 82
Quadro 11 – Continuidade do processo de aprimoramento da formação técnica e
pedagógica dos professores e supervisores escolares para o uso
didático das TIC ........................................................................ 83
Quadro 12 – Definição conceitual do uso pedagógico das TIC na EEDAV .. 84
Quadro 13 – Reformulação do PPP da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
.................................................................................................. 85
LISTA DE ABREVIATURAS
CAEd Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação
Dire Diretoria Educacional
Dtae Diretoria de Tecnologias Aplicadas à Educação
Dtec Diretoria de Recursos Tecnológicos
EEDAV Escola Estadual Dona Antônia Valadares
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FIT Formação Inicial para o Trabalho (),
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISE Índice Socioeconômico
LDBN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério da Educação
NTE Núcleo de Tecnologia Educacional
PAE Plano de Ação Educacional
PAR Plano de Ações Articuladas
PDDE Programa Dinheiro Direto na Escola
PEP Programa de Educação Profissional
PRC Proposta de Redesenho Curricular
Proeb Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica
Proemi Programa Ensino Médio Inovador
ProInfo Programa Nacional de Tecnologia Educacional
PPP Projeto Político Pedagógico
SEE/MG Secretaria e Estado de Educação de Minas Gerais
SEI Secretaria Especial de Informática
SI Subsecretaria de Informações e Tecnologias Educacionais
Simade Sistema Mineiro de Administração Escolar
SRE Superintendência Regional de Ensino
STE Superintendência de Tecnologias Educacionais
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TIC Tecnologias da Informação e Comunicação
UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12
1 A SUBUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA
ESTADUAL DONA ANTÔNIA VALADARES ......................................... 15
1.1 As políticas públicas de fomento ao uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação nas escolas .................................................................... 17
1.2 As políticas públicas de fomento ao uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação em Minas Gerais ............................................................ 21
1.2.1 Descrição da Escola Estadual Dona Antônia Valadares ........................ 26
1.2.2 Os recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação disponíveis
na E.E. Dona Antônia Valadares ............................................................. 31
1.3 Evidências da subutilização dos recursos tecnológicos da Escola
Estadual Dona Antônia Valadares ........................................................ 35
2 DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TIC NA EEDAV.............................. 42
2.1 Contextualização teórica: desafios e possibilidades de aplicação
pedagógica das TIC no ambiente escolar............................................ 42
2.1.1 Desafios de inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação na
prática pedagógica ................................................................................... 44
2.1.2 Experiências exitosas de utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação nas escolas ....................................................................... 47
2.1.3 Formação continuada em serviço para o uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação ........................................................................................... 51
2.2 Percurso metodológico ....................................................................... 56
2.3 Caracterização dos entrevistados ...................................................... 58
2.4 Percepção dos entrevistados sobre os desafios e as possibilidades de
uso das TIC na EEDAV .......................................................................... 66
2.5 Visão dos professores e supervisores acerca de possíveis medidas
de aprimoramento do uso pedagógico das TIC na EEDAV ................ 72
3 PLANO DE INTERVENÇÃO ................................................................... 78
3.1 O PAE ..................................................................................................... 79
3.1.1 Aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos professores e
supervisores escolares para o uso didático das TIC ................................ 80
3.1.2 Reformulação do Projeto Político Pedagógico da EEDAV ...................... 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 88
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 90
APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa exploratória ...... 96
APÊNDICE B – Roteiro para entrevista semiestruturada com os docentes
da EEDAV ............................................................................................. 100
APÊNDICE C – Roteiro para entrevista semiestruturada com as
supervisoras da EEDAV ...................................................................... 101
APÊNDICE D – Projetos Desenvolvidos pela Escola Estadual Dona
Antônia Valadares ................................................................................ 102
12
INTRODUÇÃO
A sociedade moderna se encontra inserida num contexto em que a tecnologia
faz parte do cotidiano das pessoas, o que requer que a escola, enquanto espaço de
socialização e produção do conhecimento, acompanhe as novas tecnologias,
promovendo um aprofundamento nos estudos sobre os diferentes meios de
comunicação e seus impactos no ambiente escolar (BELLONI, 2012). Para isso, é
necessário conhecer as políticas públicas voltadas para a inserção das tecnologias
no espaço escolar, bem como investigar como acontece na prática a implementação
dessas políticas.
Reconhecendo a importância da utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) nos processos de ensino e aprendizagem, os governos federal e
estadual de Minas Gerais criaram programas para fomentar o uso dessas
tecnologias dentro das escolas públicas de Educação Básica. O principal programa
do governo federal voltado para a inserção das novas tecnologias nas escolas é o
Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), desenvolvido pelo
Ministério da Educação (MEC). Já no estado de Minas Gerais, o Programa Escolas
em Rede representa o esforço do governo para a “incorporação das novas
tecnologias ao trabalho educativo” (MINAS GERAIS, 2010, p. 4).
Objeto de análise do presente caso de gestão, a Escola Estadual Dona
Antônia Valadares (EEDAV), localizada na cidade mineira de Divinópolis, recebeu
recursos dessas duas iniciativas.
A escola supramencionada foi selecionada para o desenvolvimento deste
estudo em virtude de o pesquisador autor desta dissertação ser professor
concursado e lotado na instituição desde 2010, e, uma vez eleito diretor no ano de
2015, assumiu a direção da unidade de ensino em 4 de janeiro de 2016. A escola
atende 1.600 alunos do Ensino Médio, divididos em três turnos, sendo 16 turmas no
período matutino, 16 no vespertino e sete no turno noturno. A unidade conta com 16
salas de aula, todas equipadas com projetores; uma sala de informática com 20
computadores com acesso à internet banda larga; e uma biblioteca com projetor e
computadores disponíveis para pesquisa; bem como internet wifi disponível para
professores e alunos acessarem durante as aulas.
Buscando conhecer um pouco mais sobre como os professores da EEDAV
utilizam as TIC em sua prática docente, foi feito um levantamento por meio da
13
aplicação de um questionário aos 50 professores efetivos que atuavam, em 2017,
em pelo menos um dos três turnos na instituição. Entre estes, somente 30 docentes
responderam às questões, sendo que 73,33% dos respondentes declararam não
haver desenvolvido nenhum projeto na escola que envolvesse o uso do computador
e da internet nos últimos cinco anos. Além disso, dezessete professores, ou 56,66%
da amostra válida, afirmaram que nunca usam os computadores do laboratório de
informática da escola como instrumentos de prática docente.
Além disso, verificou-se que o texto do Projeto Político Pedagógico da escola
contempla apenas uma proposta ou iniciativa envolvendo tecnologia como
instrumento das práticas de ensino da instituição.
Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo investigar os
possíveis motivos da subutilização pedagógica dos recursos tecnológicos da Escola
Estadual Dona Antônia Valadares, tendo em vista a disponibilidade desses recursos
aos professores e alunos. A partir disso, busca-se elucidar a questão: por que as
tecnologias digitais são subutilizadas na EEDAV? Ao final desta dissertação, propõe-
se um Plano de Ação Educacional (PAE) elaborado com a finalidade de incentivar a
criação de projetos pedagógicos que envolvam as TIC como instrumento didático,
buscando tornar as aulas mais atraentes, de modo a facilitar a aprendizagem dos
alunos.
A presente dissertação está estruturada em três Capítulos. No primeiro
Capítulo é descrito o caso de gestão, sendo elencadas as políticas públicas voltadas
para o fomento ao uso das novas tecnologias no ambiente escolar, partindo-se, em
seguida, para a apresentação da escola e sua atual situação em relação às TIC.
Este Capítulo também se dedica a descrever a análise documental do texto do
Projeto Político Pedagógico da EEDAV, além de apresentar o estudo diagnóstico
realizado pelo autor sobre a incorporação das TIC pelos professores da instituição.
Este diagnóstico foi construído por meio da realização de uma pesquisa exploratória
com a aplicação de questionários aos docentes efetivos da unidade de ensino
(Apêndice A).
Já o Capítulo 2 está estruturado em duas seções que se subdividem, sendo a
primeira dedicada à promoção de uma reflexão sobre a implementação das políticas
públicas ligadas ao uso das TIC no contexto da escola. Para tanto, lança-se mão de
referenciais como Condé (2011), Mainardes (2006), e Reis (2014), entre outros
autores. Discussões sobre a relação estabelecida entre as novas tecnologias e a
14
sociedade contemporânea são apresentadas nas perspectivas de teóricos como
Levy (1999), Belloni (2012), Rojo (2013) e Freitas (2015). Em seguida, são descritas
experiências exitosas na utilização das TIC nas escolas, evoluindo, por conseguinte,
por meio de pesquisadores como Belloni (2012), Cappelletti et al (2007), Estevão e
Passos (2015) para a produção de uma reflexão acerca dos desafios para a inserção
das TIC nas práticas pedagógicas.
Ainda no Capítulo 2, clarifica-se que o percurso metodológico delineado para
esta pesquisa pode ser divido em três fases: (i) a descrição do caso de gestão a
partir do cotidiano profissional do autor, da análise documental de legislações e
normatizações escolares e da identificação de evidências na EEDAV por meio da
aplicação de questionário; (ii) a busca de referenciais teóricos capazes de orientar a
delimitação dos dados coletados na pesquisa de campo, bem como embasar a
análise das informações que foram colhidas com vistas à elucidação do problema
descrito; e, por fim, (iii) a coleta de dados por meio de entrevista com roteiro
semiestruturado, cuja análise tornou possível produzir um PAE por meio do qual são
colocadas propostas de aprimoramento da situação gerencial diagnosticada.
No mesmo Capítulo são apresentados os resultados de pesquisa de cunho
qualitativo, realizada por meio de entrevista com roteiro semiestruturado com
professores e supervisores escolares da EEDAV. As análises dos relatos obtidos
apontaram problemas estruturais como deficiências na formação inicial dos
professores, falta de investimento da rede de ensino em capacitações para o uso
pedagógico das TIC, falhas de infraestrutura e equipamentos, além de desmotivação
docente para a aplicação didática das Tecnologias de Informação e Comunicação. A
análise dos depoimentos colhidos tornou possível a produção de um PAE por meio
do qual são colocadas, no terceiro Capítulo desta dissertação, propostas de
aprimoramento da situação gerencial diagnosticada.
As medidas que compõem o PAE foram estruturadas em torno de dois eixos:
i) formação técnica e pedagógica dos professores e supervisores escolares para o
uso didático das TIC; e ii) reformulação do Projeto Político Pedagógico da EEDAV,
agregando ao mesmo atividades interdisciplinares para o uso pedagógico das
Tecnologias de Informação e Comunicação. Com isso, busca-se contribuir para a
superação dos desafios identificados na pesquisa e favorecer o aprimoramento da
utilização dos recursos tecnológicos disponíveis na escola em favor da melhoria dos
processos de ensino e aprendizagem.
15
1 A SUBUTILIZAÇÃO DOS RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA
ESTADUAL DONA ANTÔNIA VALADARES
O presente Capítulo traz uma breve reflexão acerca das mudanças sociais
proporcionadas pela aplicação das tecnologias digitais, bem como sobre as
possibilidades de aproveitamento pedagógico das TIC no contexto educacional.
Neste sentido, abordam-se as políticas públicas de fomento ao uso das Tecnologias
da Informação e Comunicação nas escolas, apresentando uma recapitulação
histórica sobre o processo de implementação do ProInfo, assim como das políticas
públicas voltadas para as TIC, desenvolvidas pela Secretaria e Estado de Educação
de Minas Gerais (SEE/MG).
Esta primeira parte da dissertação dedica-se, ainda, à descrição
organizacional da Superintendência Regional de Ensino de Divinópolis e das
características do trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Tecnologia Educacional
(NTE) do mesmo órgão. O Capítulo é finalizado com uma descrição da Escola
Estadual Dona Antônia Valadares, instituição de ensino que se coloca como objeto
de estudo deste trabalho acadêmico, enumerando-se os recursos tecnológicos de
que dispõe a escola, bem como as evidências colhidas a respeito da subutilização
destes equipamentos.
Segundo Almeida (2009), os avanços nos diferentes recursos tecnológicos,
aliados à diminuição dos custos destes, possibilitaram o uso mais frequente das TIC
nos dias atuais. Esta disponibilidade tornou possível o uso dos novos recursos
tecnológicos como ferramentas pedagógicas capazes de dinamizar os processos de
ensino e aprendizagem. Para Belloni (2012), as “TIC são o resultado de fusão das
três grandes vertentes técnicas: a informática, as telecomunicações e a mídia”
(BELLONI, 2012, p. 21).
A mídia representa um campo do conhecimento que deve ser estudado e
ensinado às crianças da mesma forma que estudamos e ensinamos outros
conteúdos. Assim, a integração da mídia à escola tem necessariamente que ser
realizada nestes dois níveis: enquanto objeto de estudo, fornecendo às crianças e
aos adolescentes os meios de dominar esta nova linguagem; e enquanto
instrumento pedagógico, possibilitando aos professores, mediadores dos processos
de aprendizagem, suportes altamente eficazes para a melhoria da qualidade do
ensino (BELLONI, 2012).
16
Rojo (2013) ressalta a necessidade de valorizar o repertório, a bagagem que
o aluno trás do seu cotidiano. Para isso, o papel do professor precisa deixar de ser
pautado somente na educação transmissiva e passar a ser voltado para o
funcionamento da vida social contemporânea, colocando o aluno como protagonista
dos processos de ensino e aprendizagem, a fim de desenvolver nele as
competências e habilidades de leitura e escrita que a vida contemporânea exige do
cidadão. Para isso, “a integração das TIC aos processos educacionais, como eixo
pedagógico central, pode ser uma estratégia de grande valia” (BELLONI, 2012, p. 9).
As mudanças sociais e as novas tecnologias nos levam a refletir sobre como
compartilhamos informações e conhecimentos. Nesse sentido, Silveira e Bazzo
afirmam que é necessário fazermos uma avaliação crítica sobre a tecnologia, sua
constituição histórica e sua função social, no sentido de não só compreender o
sentido da tecnologia, mas também de “repensar e redimensionar o papel da mesma
na sociedade” (SILVEIRA; BAZZO 2009, p. 183).
Assim, é fundamental saber até que ponto as técnicas, inseridas na
educação, dialogam com os princípios pedagógicos que norteiam as escolas, em
especial as da rede pública. A análise de Vieira Pinto (2005) mostra que o principal
desafio posto em relação à tecnologia, está em compreendê-la no seu devido lugar,
que é o de uma atividade humana referida à produção de métodos e artefatos. Trata-
se de resgatar, especialmente para o campo pedagógico, uma compreensão
histórica que situa a tecnologia como uma atividade humana subordinada a outras
dimensões humanas, como a ética, a qual, por sua vez, depende da verdade; trata-
se da necessidade de consolidação de uma epistemologia da tecnologia (VIEIRA
PINTO, 2005).
Dessa forma, se faz necessária a regulamentação do uso das tecnologias
dentro do espaço escolar, tendo em vista que recursos tecnológicos despertam
maior interesse do aluno, fazem as aulas se tornarem mais atraentes e dinâmicas,
ajudam no ensino e na aprendizagem. “O conhecimento técnico e pedagógico
devem crescer juntos numa mesma direção. [...]. O professor não só está adquirindo
competências técnicas, mas mudando suas concepções e crenças pedagógicas,
passando a trabalhar em patamares mais inovadores” (ALMEIDA; VALENTE; 2011,
p. 51).
Neste sentido, é importante saber até que ponto as técnicas inseridas na
educação dialogam com os princípios pedagógicos que norteiam as escolas, em
17
especial as da rede pública; e embora a utilização das TIC no ambiente escolar não
substitua o professor, o docente poderá incorporar as tecnologias em sua prática
pedagógica. Segundo Moran (2006, p. 32), “é importante diversificar as formas de
dar aula, de realizar atividades e de avaliar”. Diante disso, é fundamental
compreender como essas novas tecnologias estão sendo incorporadas pelas
escolas, o que perpassa pelo conhecimento das políticas públicas voltadas para o
fomento das novas tecnologias no espaço escolar.
Neste sentido, a próxima subseção desta dissertação busca apresentar como
iniciativa do governo federal o ProInfo, política pública instituída com apoio na
concepção de informática educativa. Em âmbito estadual, aborda-se o Programa
Escolas em Rede, implementado pelo governo de Minas Gerais. Além disso, busca-
se também discorrer sobre o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que tem
como objetivo prestar assistência financeira para as unidades de ensino, em caráter
suplementar, a fim de contribuir para manutenção e melhoria da infraestrutura física
e pedagógica, com consequente elevação do desempenho escolar (BRASIL,
2017a).
1.1 As políticas públicas de fomento ao uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação nas escolas
As tecnologias chegaram de maneira gradativa às escolas: o mimeógrafo, o
projetor de slides, o livro didático, os aparelhos de TV e DVD foram pouco a pouco
sendo incorporados pelas unidades de ensino nas últimas décadas.
Os primeiros relatos de experiências do uso da informática educativa no Brasil
ocorreram na década de 1970. Em 1979, o governo criou a Secretaria Especial de
Informática (SEI). Esta secretaria coordenou políticas envolvendo o processo de
informatização da educação e foi de grande relevância para o fomento de políticas
públicas voltadas à informatização da sociedade e da escola na década de 80
(RIVELLI, 2015). Entretanto, já existiam iniciativas por parte das universidades por
meio de subsídios.
A primeira experiência efetiva de utilização de computadores no ensino foi
concretizada em 1973, quando a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul utilizaram o artefato tecnológico para
avaliarem alunos de Química e Física. (MORAES, 1993 apud RIVELLI, 2015).
18
Segundo Almeida (2009), os avanços nos diferentes recursos tecnológicos,
aliados à diminuição dos custos, possibilitaram o uso mais frequente das TIC nos
dias atuais. Entretanto, esses avanços ocorreram frente à ausência de políticas e ou
ações governamentais capazes de assegurar uma escola pública laica e universal
de qualidade, perceptível pela sociedade como um direito inalienável e fundamental
ao desenvolvimento do país (ALMEIDA, 2009).
Assim, a chegada do computador e o acesso à internet representaram
grandes oportunidades de avanço no trabalho pedagógico e administrativo, pois
permitiram a implantação de sistemas de gestão informatizados como, por exemplo,
o Sistema Mineiro de Administração Escolar (Simade) e o Sistema de Monitoramento
Escolar, que fornecem aos gestores bancos de dados com informações precisas,
tais como alunos matriculados, transferidos, taxas de evasão, resultados e
frequência dos estudantes.
Isso permitiu uma visão ampla do funcionamento da escola, facilitando a
emissão de históricos e relatórios de desempenho dos alunos, bem como a
elaboração de relatórios de pagamento dos servidores com maior agilidade.
Já no campo pedagógico, o avanço tecnológico possibilitou a utilização de
novas ferramentas em favor da aprendizagem ou mesmo como facilitadoras do
trabalho dos professores na elaboração de provas para os alunos, por exemplo.
Almeida (2009) adverte que as TIC foram inseridas na educação pública
brasileira num cenário geopolítico neoliberal, voltado para atender aos interesses do
mercado internacional. O autor observa que:
As primeiras iniciativas foram respaldadas por um discurso modernizante que reservava à escola um papel de formadora da mão-de-obra capaz de possibilitar aos alunos o manuseio das tecnologias emergentes, julgando que se deveriam desenvolver as mesmas habilidades técnicas capazes de torná-los aptos ao manuseio dos novos ferramentais tecnológicos, então, incorporados ou em processo de incorporação pelas empresas (ALMEIDA, 2009, p. 8).
Neste cenário, a reforma educacional na década de 1990 teve como
característica a redução dos serviços prestados pelo Estado, ocasionando a
descentralização de responsabilidades entre as diferentes esferas da administração
pública, sendo que essa descentralização está prevista no art. 211 do texto
constitucional. Segundo Brooke, essas reformas visavam “descentralizar a gestão,
19
melhorar a qualidade e eficiência dos sistemas, dar maior autonomia e também
cobrar mais responsabilidades da escola, investir mais e melhor na formação do
professor” (BROOKE, 2012, p. 326).
Essa descentralização produziu reflexos na política sobre a inserção das
tecnologias na escola por meio ProInfo, desenvolvido pelo MEC. Sendo o principal
programa da política de disseminação das novas tecnologias da informação e
comunicação na escola pública, o ProInfo foi instituído pela Portaria MEC nº
522/1997 (BRASIL, 1997) e reformulado pelo Decreto nº 6.300/2007 (BRASIL,
2007), que estabeleceu a formação de parcerias entre a União, os estados e os
municípios por meio de secretarias de educação, objetivando promover o uso
pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de
Educação Básica para, assim, contribuir para a inclusão digital com a ampliação do
acesso a computadores, da conexão à rede mundial de computadores e de outras
tecnologias digitais (ESTEVÃO; PASSOS, 2015).
De acordo com o artigo 3º do Decreto nº 6.300/2007, o Ministério da
Educação é responsável por:
I - implantar ambientes tecnológicos equipados com computadores e recursos digitais nas escolas beneficiadas; II - promover, em parceria com os estados, distrito federal e municípios, programa de capacitação para os agentes educacionais envolvidos e de conexão dos ambientes tecnológicos à rede mundial de computadores; III - disponibilizar conteúdos educacionais, soluções e sistemas de informações (BRASIL, 2007, s/p).
Já o art. 4º do Decreto nº 6.300/2007 elenca as atribuições dos estados e
municípios dentro do ProInfo, a saber:
Os estados, o distrito federal e os Municípios que aderirem ao ProInfo são responsáveis por: I - prover a infraestrutura necessária para o adequado funcionamento dos ambientes tecnológicos do Programa; II - viabilizar e incentivar a capacitação de professores e outros agentes educacionais para utilização pedagógica das tecnologias da informação e comunicação; III - assegurar recursos humanos e condições necessárias ao trabalho de equipes de apoio para o desenvolvimento e acompanhamento das ações de capacitação nas escolas; e
20
IV - assegurar suporte técnico e manutenção dos equipamentos do ambiente tecnológico do programa, findo o prazo de garantia da empresa fornecedora contratada (BRASIL 2007, s/p).
Assim, no desenho institucional do ProInfo, as responsabilidades foram
divididas entre a União e os entes federados infranacionais, cabendo ao governo
federal disponibilizar os recursos, indicar as escolas candidatas a recebê-los,
coordenar, acompanhar e avaliar o programa. Já aos demais entes federados
compete escolher entre as escolas indicadas, aquelas que receberão os recursos; e
implementar o programa, inclusive com pessoal e meios necessários à sua
execução.
Do ponto de vista da amplitude de suas ações, o ProInfo tem obtido êxito, pois
de acordo com o MEC (BRASIL, 2013a) e Controladoria Geral da União (CGU), “até
2013, um total de 92% dos 5.561 municípios brasileiros já havia aderido ao
Programa, foram implantados mais de 100.000 laboratórios e adquiridos mais de
1.000.000 de computadores e periféricos (servidores, impressoras, scanners)”
(BRASIL, 2013a, p. 18).
A avaliação da Controladoria Geral da União – CGU, realizada em 2013, constatou que: - Quase a totalidade dos laboratórios foi entregue com as configurações iguais ou superiores às exigidas no edital; - Na amostra analisada, houve um percentual de 30,1% de laboratórios entregues e não instalados; - Houve fragilidade na capacitação dos professores, o que impediu o uso das tecnologias no processo de ensino-aprendizagem; - Mesmo diante dos “avanços proporcionados pelo ProInfo na inclusão digital, a sua função precípua, o uso pedagógico da informática nas escolas públicas de Educação Básica não foi plenamente atingido” (BRASIL, 2013a, p. 38).
Por meio do relatório da CGU (BRASIL, 2013a), percebe-se que a União
equipou parte das unidades escolares com as tecnologias, em especial os
laboratórios de informática. Entretanto, estados e municípios não cumpriram ou
cumpriram parcialmente suas obrigações com essa política pública.
Nesse sentido, Reis (2014) adverte que, embora esta questão esteja sempre
presente nos discursos governamentais de democratização do acesso aos estudos e
de avanços na viabilização da qualidade na Educação Básica, no cotidiano das
escolas, identifica-se a falta de condições estruturais básicas, evidenciando que os
21
investimentos não foram suficientes. A autora elucida, ainda, que apesar do aumento
do acesso à escolarização para os grupos menos favorecidos da população, esse
crescimento não está garantindo a democratização do acesso aos conhecimentos
que tal escolarização propõe viabilizar.
1.2 As políticas públicas de fomento ao uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação em Minas Gerais
No período de 2004 a 2014, a Secretaria de Estado de Educação colocou em
prática o Projeto Escolas em Rede, que se dedicava, segundo informações
divulgadas pela Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), à
compra de computadores para as escolas, ao provimento de conexão à internet, à
instalação do sistema informatizado de gestão escolar, à melhoria dos laboratórios
de informática, à preparação das equipes e à implantação do Centro de Referência
Virtual do Professor.
Segundo o Relatório Circunstanciado Projeto Escolas em Rede, publicado
pela SEE/MG em 2010, “seu objetivo primordial é contribuir para a redução das
desigualdades regionais por meio do desenvolvimento da cultura do trabalho em
rede nas escolas públicas e da incorporação das novas tecnologias ao trabalho
educativo” (MINAS GERAIS, 2010, p. 4). Ressalta-se que, passados sete anos da
elaboração desse relatório, são necessárias novas pesquisas para uma melhor
reflexão sobre o andamento do Projeto Escolas em Rede. Ainda, de acordo com o
Relatório Circunstanciado Projeto Escolas em Rede, foram definidas as seguintes
metas:
- conectar as escolas à internet de maneira a promover o acesso e a publicação de informações; - distribuir equipamentos de informática para todas as escolas estaduais; - realizar capacitação na área de informática para os profissionais da educação pertencentes às escolas estaduais; - instalar o Centro de Referência Virtual do Professor, que é um portal educacional com recursos destinados a auxiliar o docente no planejamento, execução e avaliação das tarefas necessárias à educação de qualidade; - criar o Sistema Informatizado de Gestão de Projetos Educacionais (SIGESPE);
22
- implantar o Sistema Informatizado de Administração Escolar (SIMADE); - desenvolver projetos didáticos, via internet, objetivando aproveitar as possibilidades pedagógicas propiciadas pelas novas tecnologias; - atualizar os recursos tecnológicos existentes e instalar novos laboratórios de informática nas escolas estaduais que ainda não os possuem. (MINAS GERAIS, 2010, p. 6).
A implantação do Projeto Escolas em Rede aconteceu gradualmente, até
alcançar todas as escolas estaduais. O Projeto teve como público alvo os docentes,
os servidores administrativos das escolas e os estudantes. O universo atingido pelo
projeto é de 47 Superintendência Regional de Ensino (SRE), aproximadamente 200
mil professores e 2 milhões e 250 mil alunos (MINAS GERAIS, 2010).
As unidades escolares receberam máquinas, distribuídas por etapas ao longo
do projeto. A SEE/MG realizou pregões para a aquisição e distribuição de
equipamentos em todas as escolas estaduais, tanto para os laboratórios de
informática quanto para os setores administrativos. A SEE/MG ressalta, no Relatório
Circunstanciado Projeto Escolas em Rede, que todas as escolas estaduais
passaram a contar com a conexão à internet, sendo que 2.438 apresentam mais de
uma conexão (MINAS GERAIS, 2010).
Em 2009, foi criado pela SEE/MG, sob coordenação da Diretoria de
Tecnologias Aplicadas à Educação (Dtae), o Programa de Conectividade do Projeto
Escolas em Rede, para possibilitar a conexão das escolas à internet e facilitar a
comunicação, o acesso e a publicação de informação. Dentro deste programa, todas
as escolas públicas receberam os benefícios sem a necessidade de adesão prévia
(MINAS GERAIS, 2017a).
Além de equipar as escolas com computadores, o Projeto disponibilizou
conexão à internet via satélite, provida, em grande parte, pelo programa Governo
Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão, do Ministério das Comunicações.
Em 2008, o curso de Técnico em Informática foi incluído no Programa de Educação
Profissional (PEP), criado com o objetivo de profissionalizar alunos dos 2º e 3º anos
do Ensino Médio e demais jovens na faixa etária de 18 a 24 anos que já haviam
concluído a Educação Básica (MINAS GERAIS, 2008).
Segundo divulgado pela SEE/MG, em 2009, todas as escolas estaduais
mineiras receberam equipamentos para a composição de laboratórios de
23
informática. Destaca-se que 2.327 escolas receberam 15 ou mais computadores
(MINAS GERAIS, 2010).
Ainda no contexto do Projeto Escolas em Rede, a SEE/MG criou os cursos de
Formação Inicial para o Trabalho (FIT), incluindo-os como parte diversificada do
currículo do Ensino Médio. Esta iniciativa resultou na oferta de 12 cursos na área de
informática (MINAS GERAIS, 2010), levando para o interior das escolas públicas
estaduais possibilidades mais efetivas de utilização das TIC como recurso
pedagógico. Ainda que as aulas do FIT não objetivassem o ensino de conteúdos
curriculares, mas, na verdade, a capacitação para a utilização de programas
instalados nos computadores do laboratório de informática, os cursos se mostraram
como um primeiro passo no sentido da orientação de docentes e discentes para o
efetivo uso das TIC.
O sistema operacional instalado nas máquinas era o Linux/Metasys. Os
cursos ofertados eram Sistema Operacional Linux, Programação Básica (Java),
Projeto e Construção de Web Sites, Gerenciamento de Bancos de Dados,
Editoração Eletrônica, Ilustração, Produção Fonográfica, Multimídia para a
Educação, Modelagem e Animação em 3D, CAD (projeto auxiliado por computador),
Montagem e Manutenção de Computadores, Introdução à Informática (MINAS
GERAIS, 2010).
O oferecimento de educação profissional gratuita foi ampliado em Minas
Gerais, a partir de 2016, com a criação da Rede Estadual de Educação Profissional.
As 47 Superintendências Regionais de Ensino passaram a ofertar cursos,
distribuídos num total de 107 escolas em todo o Estado, beneficiando alunos que
estavam cursando ou já haviam concluído o Ensino Médio. Em 2017, cerca de 35 mil
estudantes estavam matriculados em cursos desta modalidade de ensino, que já
incluía uma ampla gama de áreas de atuação profissional, não apenas voltados ao
campo tecnológico ou informacional (MINAS GERAIS, 2017a).
Para fomentar a incorporação das TIC na educação, a SEE/MG está
organizada com a seguinte estrutura: Subsecretaria de Informações e Tecnologias
Educacionais (SI), a Superintendência de Tecnologias Educacionais (STE), Dtae,
Diretoria de Recursos Tecnológicos (Dtec) (MINAS GERAIS, 2017b). A Dtae da
SEE/MG transmite às SRE as políticas públicas planejadas em relação ao uso
educacional das TIC por meio dos NTE. Criados em 2005, os NTE fazem parte da
24
Diretoria Educacional das SRE e têm como objetivo promover a utilização
pedagógicas das TIC nas escolas estaduais.
Figura 1 - Núcleo de Tecnologias Educacionais no contexto da SEE/MG
Fonte: Elaborada pelo autor, 2018.
O NTE da SRE Divinópolis conta, em seu Quadro de pessoal, com três
servidores, todos efetivos, sendo que apenas um tem formação específica em
Sistemas de Informação. Esses servidores atendem às demandas dentro da sede da
SRE (que porta cerca de 150 computadores), além de todas as escolas estaduais
pertencentes à jurisdição da SRE Divinópolis, ou seja, 161 escolas, distribuídas em
um total de 30 municípios. Dentro da SRE, o NTE está subordinado à Diretoria
Educacional (Dire). Já no Órgão Central, está vinculado à Dtae. “Os NTE
preocupam-se com a formação de professores para a inserção das TIC na educação
nos dois sentidos: técnico e pedagógico” (RIVELLI, 2015, p. 199):
o Núcleo de Tecnologia Educacional - NTE é a estrutura descentralizada, de nível operacional, do Programa Nacional de Tecnologia Educacional - ProInfo, vinculada a uma secretaria estadual ou municipal de educação e especializada em tecnologias de informação e comunicação (TIC) aplicada à educação, cumprindo as seguintes funções: a) Capacitar professores e técnicos das unidades escolares de sua área de abrangência; b) Prestar suporte pedagógico e técnico às escolas (elaboração de projetos de uso pedagógico das TIC, acompanhamento e apoio à execução, e atividades relacionadas);c) Realizar pesquisas e desenvolver e disseminar experiências educacionais;d) Interagir com as Coordenações Regionais do ProInfo e com a Coordenação Nacional
25
do Programa no Ministério da Educação - MEC, no sentido de garantir a homogeneidade da implementação e o sucesso do Programa (MINAS GERAIS, 2017b, s/p).
A Resolução da SEE/MG nº 2972/2016, publicada em 16 de maio de 2016,
define as atribuições e funções dos técnicos e/ou analistas que atuam nos NTE.
Entende-se que a norma é um avanço na medida em que padroniza as orientações
que norteiam a atuação do Setor no que concerne à intermediação das políticas
públicas voltadas à aplicação de TIC nas unidades estaduais de ensino (MINAS
GERAIS, 2016).
Embora a normatização das ações do NTE seja recente, o Setor atua, desde
os primeiros anos do Projeto Escolas em Rede, promovendo capacitações com
vistas ao fomento da inclusão digital nas escolas. Os cursos são ministrados pelos
próprios profissionais do NTE e envolvem servidores administrativos e docentes das
unidades de ensino (MINAS GERAIS, 2010). Contudo, devido ao número reduzido
de servidores do Núcleo de Tecnologias Educacionais perante a grande quantidade
de escolas (muitas vezes localizadas em endereços distantes do município sede da
SRE), os treinamentos, normalmente, se limitam a transmitir conceitos básicos de
informática e suas possíveis aplicações para o planejamento e execução das
práticas pedagógicas.
Além disso, por meio de uma licitação aberta pelo governo federal, com
recursos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do
Plano de Ações Articuladas (PAR), a SEE/MG distribuiu tablets educacionais para
todos os professores que atuavam no Ensino Médio no segundo semestre de 2013.
O uso do tablet nas escolas públicas é mais uma ação voltada para o estímulo ao
uso didático-pedagógico das TIC no cotidiano escolar, por meio da distribuição dos
equipamentos tecnológicos nas escolas e oferta de conteúdos e recursos multimídia
e digitais (BRASIL, 2017b).
Como financiador da Educação Básica por meio do repasse de verbas do
PDDE, o governo federal cumpre a suplementação de recursos às escolas por meio
do FNDE, possibilitando à comunidade escolar eleger prioridades para aplicação dos
valores recebidos. Os recursos são distribuídos anualmente em duas parcelas de
igual valor, sendo uma parte destinada a produtos de consumo e outra ao material
permanente. Nesta última categoria, a EEDAV priorizou, no período compreendido
entre 2012 e 2016, a aquisição de projetores para as salas de aula.
26
Existem ainda as ações agregadas ao PDDE, como o Programa Ensino
Médio Inovador (Proemi) em que a adesão da escola à proposta de redesenho
curricular possibilitou à EEDAV, nos últimos quatro anos, o repasse de verbas que
foram destinadas à aquisição de projetores e notebooks, entre outros itens, a fim de
favorecer a realização de práticas pedagógicas mais atrativas e capazes de atender
aos interesses e expectativas dos estudantes do Ensino Médio.
Dessa forma, por meio de esforços conjuntos dos governos federal e estadual
foi possível equipar a EEDAV com projetores em todas as 16 salas de aula, na
biblioteca, no auditório e na sala de informática. Entretanto, Soares (2006) adverte
que não basta equipar as escolas com recursos tecnológicos. É preciso incluir o uso
das tecnologias como recursos didáticos no PPP da escola.
1.2.1 Descrição da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
O presente trabalho se desenvolve na Escola Estadual Dona Antônia
Valadares, (Figura 2) sediada na região central de Divinópolis-MG, município polo e
mais populoso da Mesorregião Oeste do Estado de Minas Gerais. A cidade localiza-
se nas proximidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a cerca de 120
quilômetros da capital mineira. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) (2017), Divinópolis conta, atualmente, com 234.937
habitantes, ocupando uma área de pouco mais de 708 km2.
A cidade é reconhecida como polo da moda por abrigar uma grande
concentração de indústrias do ramo confeccionista e têxtil. A escolha pela EEDAV
como objeto de desenvolvimento deste caso de gestão deve-se ao fato de o
pesquisador autor desta dissertação atuar como professor na escola desde 2010, e
como diretor desde 2016.
Segundo o Projeto Político Pedagógico da EEDAV, a escola foi criada pelo
Decreto-Lei n.º 1069, de 4 de fevereiro de 1944, como ato do governador Benedito
Valadares (EEDAV, 2015). A denominação da escola presta homenagem à mãe do
então chefe de governo. A instalação da instituição de ensino deu-se em 5 de maio
de 1944, funcionando em prédio alugado na Praça Dom Cristiano até 14 de
dezembro de 1963, data em que passou a funcionar em prédio próprio na Avenida
Sete de Setembro, 669, Centro de Divinópolis.
27
Figura 2 – Fachada da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
Fonte: Acervo pessoal do autor, 2018.
A equipe gestora da EEDAV é constituída por um diretor, com carga horária
semanal de 40 horas e em regime de dedicação exclusiva, e três vice-diretoras,
sendo uma para cada turno, com carga horária de 30 horas semanais. O diretor
possui licenciatura plena em Biologia, com pós-graduação lato sensu na mesma
área de conhecimento. Duas vice-diretoras são professoras e possuem licenciatura
plena em seus respectivos conteúdos: Matemática e Biologia. Já a terceira vice-
diretora é especialista em Educação Básica, graduada em Pedagogia.
A equipe pedagógica conta com quatro especialistas de Educação Básica e
64 professores, sendo 50 deles efetivos e 14 designados. Entre os efetivos, 44
exercem a docência, enquanto os outros seis integram o Quadro administrativo,
executando rotina burocrática. Entre os 14 professores designados, oito atuam na
regência de aulas e os outros seis estão alocados em atividades de apoio, uso da
biblioteca ou atuando como docente intérprete de libras. Todos os professores
contam com formação específica em seus respectivos conteúdos, A escola conta,
ainda, com uma secretária escolar, dez assistentes técnicos de Educação Básica e
24 auxiliares de serviço de Educação Básica, totalizando 104 servidores.
O Quadro 1, traz detalhes da estrutura física da escola.
28
Quadro 1 – Dependências da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
Dependência Quant.
Salas de aula equipadas com data show 16
Diretoria 01
Banheiros para alunos (divisória com portas para três sanitários) 02
Banheiro adaptado para cadeirante 01
Banheiros para servidores 02
Vice-Diretoria/supervisão 01
Sala de recursos humanos e atendimento financeiro 01
Secretaria 01
Biblioteca equipada com data show 01
Almoxarifado 01
Sala para os professores 01
Laboratório de informática equipado com 20 computadores 01
Laboratório de Ciências da Natureza 01
Auditório equipado com data show 01
Cantina 01
Refeitório 01
Quadra poliesportiva sem cobertura 02 Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
A escola atende a 1.614 alunos, todos no Ensino Médio, sendo 587
matriculados no 1º ano, 537 no 2º ano e 490 no 3º ano, distribuídos em três turnos:
16 turmas no matutino, 16 no vespertino e 7 no noturno. Os alunos da EEDAV
apresentam nível socioeconômico alto. O Índice Socioeconômico (ISE) é uma
importante ferramenta de controle que auxilia na compreensão dos resultados
obtidos pelas escolas nos testes de proficiência. O ISE reúne informações
relacionadas à posse de bens materiais e culturais, e à escolaridade dos pais dos
alunos.
Com relação à proficiência aferida por avaliações externas, a EEDAV
apresenta resultados acima da média estadual apurada nos últimos cinco anos,
conforme demonstram as Figuras 3 e 4, que apresentam gráficos do Programa de
Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (Proeb), disponibilizados pelo site
de Monitoramento do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (CAEd)
da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
29
Figura 3 – Proficiência em Língua Portuguesa e Matemática no estado de
Minas Gerais
Fonte: CAEd, 2017.
Os dados da Figura 3 evidenciam que a proficiência média em Língua
Portuguesa e Matemática está concentrada, no Estado de Minas Gerais, entre 250 e
300 pontos nas avaliações do Proeb realizadas entre 2011 e 2016 para o terceiro
ano do Ensino Médio. Os resultados obtidos anualmente no mesmo intervalo pela
EEDAV ultrapassam os 300 pontos, demonstrando que a unidade de ensino tem
reiteradamente alcançado desempenho acima da média estadual para o terceiro ano
do Ensino Médio (Figura 4).
30
Figura 3 – Proficiência em Língua Portuguesa e Matemática no estado de
Minas Gerais
Fonte: CAEd, 2017.
Buscando favorecer a interpretação pedagógica dos resultados obtidos pelos
estudantes da EEDAV, a Figura 5 apresenta os agrupamentos a partir da proficiência
alcançada nas avaliações do Proeb referentes ao ano de 2016. por padrão de
desempenho:
Figura 4 – Resultado Proeb por padrão de desempenho
Fonte: CAEd, 2017.
A maioria dos alunos do terceiro ano desta unidade de ensino teve, em 2016,
padrão de desempenho intermediário para os conteúdos de Língua Portuguesa e
Matemática, o que demonstra que estes estudantes iniciaram o processo de
sistematização e domínio das habilidades consideradas básicas e essenciais ao
31
período de escolarização em que se encontram, contudo, demandam mais estímulos
para que atinjam o nível de conhecimento apropriado ou recomendado para a sua
etapa de escolaridade.
Com o objetivo de melhorar os resultados educacionais de seus alunos, a
EEDAV desenvolve projetos e ações de iniciativa da SEE/MG e MEC conforme
disposto no Quadro que se encontra no Apêndice D.
O Quadro trazido no Apêndice D desta dissertação evidencia os projetos
pedagógicos definidos para execução na EEDAV ao longo de 2017. Ressalta-se que
todos os projetos descritos fazem parte da Proposta de Redesenho Curricular (PRC)
do Proemi, com subsídio financeiro do FNDE. Observa-se que somente o último
projeto desenvolvido na EEDAV, intitulado “Dona Antônia Lê”, apresenta em suas
ações a utilização das novas tecnologias e das redes sociais como instrumento
didático.
Neste contexto, considerando que os incentivos pedagógicos para o avanço
dos níveis de proficiência dos estudantes poderiam ser positivamente influenciados,
ou auxiliados, pelo uso de recursos de TIC, a próxima subseção deste capítulo será
dedicada à descrição dos equipamentos disponíveis aos educadores da EEDAV.
1.2.2 Os recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação disponíveis na E.E.
Dona Antônia Valadares
Os primeiros computadores chegaram à EEDAV no ano de 2006, para a área
administrativa. Em 2008, a escola recebeu pelo FNDE, via ProInfo, por meio do
pregão 83/2008, dez computadores para a sala de informática. Outros dez
computadores foram recebidos em 2010 para o laboratório de informática, também
com recursos do FNDE por meio do ProInfo, adquiridos pelo pregão nº 71/2010.
Em 2012, a escola foi contemplada pelo ProInfo com um projetor integrado
com processador e uma lousa eletrônica. Decorridos cinco anos desde a entrega da
lousa na escola, ela ainda não foi instalada.
Em 2014, a escola foi contemplada com mais dez computadores para o
laboratório de informática (Figura 6), que foram adquiridos com recursos do FNDE
por meio do pregão nº 33/2013. Esses computadores vieram substituir os dez
primeiros, recebidos em 2008 e que já estavam em desuso.
32
Figura 5 - Laboratório de informática da Escola Estadual Dona Antônia
Valadares
Fonte: Arquivo da EEDAV, 2018.
Ainda em 2014, a escola adquiriu com recursos do FNDE, por meio do
Proemi, 11 aparelhos data show. Já em 2015, com recursos do FNDE, a escola
adquiriu mais cinco projetores e dois notebooks, equipando todas as salas de aula
com data show, conforme evidenciado na Figura 7, que apresenta a foto de uma das
salas de aula.
Figura 6 – Sala de aula da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
Fonte: Arquivo da EEDAV, 2018.
Em 2016, com recurso disponibilizado pela SEE/MG, via Termo de
Compromisso 800706/2015, a escola adquiriu mais um data show (que substituiu um
aparelho que havia sido furtado), três caixas de som, um microfone sem fio duplo e
33
um amplificador. Ainda em 2016, com recursos do FNDE via PDDE, a escola
adquiriu mais três aparelhos de data show, uma impressora e seis caixas
amplificadoras.
Em 2017, com recursos do FNDE por meio do PDDE, a escola adquiriu mais
seis caixas de som portáteis, e por meio do Proemi, também com recursos do FNDE,
a escola adquiriu outras seis caixas de som portáteis, dois notebooks e um data
show. Ainda em 2017, a escola recebeu da SEE/MG sete microcomputadores para a
área administrativa, uma impressora a laser e um data show.
Em relação à conexão à rede mundial de computadores, em 2007, a escola
teve acesso à internet via satélite fornecida por meio de contrato firmado entre a
SEE/MG e a Embratel. Em 2012, a SEE/MG descentralizou recursos por meio da
assinatura de Termo de Compromisso com a Caixa Escolar para conectividade e
viabilizou o contrato com uma empresa local, melhorando a velocidade de conexão.
Atualmente, o contrato em vigor garante uma velocidade de conexão por fibra ótica a
uma velocidade de 70 mega, o que possibilitou a ampliação da rede lógica com a
instalação de pontos de internet wifi no laboratório de informática, na sala de
supervisão, na sala dos professores, na sala de recursos humanos, na biblioteca,
conforme evidenciado nas Figuras 8 e 9, e no auditório.
Figura 7 – Espaço de projeção da biblioteca da EEDAV
Fonte: Arquivo da EEDAV, 2018.
34
Figura 8 – Espaço de leitura da biblioteca da EEDAV
Fonte: Arquivo da EEDAV, 2018.
Os investimentos e os recursos elencados nesta seção do texto evidenciam o
esforço feito, em termos de infraestrutura e equipamentos, pelas redes estadual e
federal de ensino, nos últimos dez anos, objetivando a inserção das TIC nas
relações de ensino-aprendizagem. Entretanto, como apresentado no Apêndice D
desta dissertação, apenas um projeto desenvolvido na escola, o “Dona Antônia Lê”,
utiliza a tecnologia como instrumento pedagógico. Evidencia-se, ainda, que o PPP
da escola não contempla em seu texto propostas que utilizem a tecnologia educativa
nos processos de ensino e aprendizagem (EEDAV, 2015), o que demonstra que,
apesar de contar com recursos como, por exemplo, data show em todas as 16 salas
de aula, na biblioteca, no auditório e na sala de informática, estes são pouco
utilizados pelos professores da EEDAV.
35
1.3 Evidências da subutilização dos recursos tecnológicos da Escola Estadual
Dona Antônia Valadares
É na escola que a política pública se consolida, estando sujeita a
interpretação e recriação pelos atores responsáveis por sua implementação. Assim,
para trazer os resultados esperados, é no cotidiano escolar que os programas e
iniciativas no campo das TIC precisam ganhar significado. Como parte da equipe
gestora da EEDAV, o autor desta dissertação tem a percepção de que os recursos
disponíveis são ainda pouco explorados pelos professores. Essa ideia é reforçada
pela escassez de projetos pedagógicos ligados à informática educativa, bem como
pela observação de que o laboratório de informática é pouco utilizado pelos
professores, constatando-se que se tornou desnecessário fazer um agendamento
prévio para uso do espaço em decorrência da sua baixa requisição. Ressalta-se que
o objetivo geral deste trabalho de pesquisa é apontar caminhos e elaborar
estratégias para que a situação gerencial aqui descrita seja aprimorada, sendo esta
a finalidade do PAE apresentado ao final desta dissertação.
É importante destacar que não foram realizadas capacitações ligadas ao uso
pedagógico dos recursos tecnológicos para os profissionais da escola nos últimos
cinco anos. Além disso, pela análise documental do PPP da escola, aprovado em
2015 pelo Colegiado Escolar, constata-se que ele não apresenta na sua proposta
pedagógica nenhum projeto que vise à incorporação das TIC como instrumento
pedagógico (EEDAV, 2015).
Diante dessas observações, mostrou-se necessário um movimento
exploratório de pesquisa que permitisse fundamentação à hipótese sobre a
subutilização das tecnologias disponíveis. A partir disso, procedeu-se a elaboração e
aplicação de um questionário (Apêndice A) censitário aos 50 professores efetivos
atuantes em um dos três turnos da Escola Estadual Dona Antônia Valadares. Entre
esses, 30 professores responderam à pesquisa exploratória.
O Quadro 2 traz o perfil dos professores que responderam à pesquisa
exploratória:
36
Quadro 2 – Perfil dos 30 professores que responderam à pesquisa
Perfil dos 30 professores que responderam à pesquisa % Total de docentes
%
Tempo na Docência Menos que 5 anos na carreira docente
0 0
De 5 a 10 anos na carreira docente
1 3,33
De 10 a 20 anos na carreira docente
23 76,66
Mais de 20 anos na carreira docente
6 20
Tempo na Eedav
Menos que 5 anos 9 30
De 5 a 10 anos 13 43,33
De 10 a 20 anos 8 26,66
Mais de 20 anos 0 0
Formação Licenciatura plena no conteúdo que leciona
30 100
Área em que atuam
Arte 0 0
Filosofia 1 3,33
Língua Portuguesa 5 16,66
Biologia 2 6,66
Geografia 3 10
Matemática 5 16,66
Educação Física 3 10
História 4 13,33
Química 3 10
Física 2 6,66
Língua Inglesa 2 6,66
Sociologia 0 0 Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Dos professores que responderam ao questionário, 22 declararam não haver
desenvolvido nenhum projeto na escola que envolvesse o uso do computador e da
internet nos últimos cinco anos. Quando questionados sobre a atualidade, ou seja,
se desenvolvem no ano letivo de 2017 algum projeto nesta escola que envolva o uso
do computador e da internet, apenas quatro professores responderam
afirmativamente.
Sobre a frequência com que os computadores da escola são utilizados, os
dados são categóricos e mais de 20 docentes disseram: (i) que nunca os utilizaram
para atividades da rotina burocrática (lançar frequência, atualizar diário, notas, etc.);
(ii) nunca terem usado os computadores da escola para digitar provas; (iii) raramente
ou nunca terem usado os referidos equipamentos para a pesquisa de atividades
para o planejamento das aulas; (iv) raramente ou nunca terem usado os
computadores da escola para pesquisa de textos e materiais didáticos; (v) afirmaram
37
nunca participarem de chats ou fóruns de discussão pedagógica; (vi) raramente ou
nunca usarem os referidos equipamentos da escola para troca de experiências com
outros profissionais da educação; (vi) raramente ou nunca utilizarem computadores
da escola para produção de material didático e (vii) raramente ou nunca terem usado
tais equipamentos para produção de apostilas. Além disso, 25 professores
escolheram as opções “Raramente” ou “Nunca” para descrever a frequência com
que usam os computadores da escola para produção de material multimídia; e 18
docentes responderam raramente ou nunca usarem para consultar sites
especializados na sua disciplina ou projeto.
A partir deste diagnóstico preliminar, percebe-se que há um uso incipiente das
TIC pelos professores, de modo que compreender os motivos dessa subutilização é
o principal objetivo deste trabalho acadêmico. Entretanto, faz-se relevante também a
compreensão de como tem se dado o uso, nos poucos momentos em que ele se
desenvolve. O Quadro 3 traz uma síntese desses dados:
Quadro 3 - O uso dos computadores da escola pelos professores
Total de docentes
% Uso dos computadores da escola pelos professores
22
73
Declararam não haver desenvolvido nenhum projeto na escola que envolvesse o uso do computador e da internet nos últimos cinco anos.
4 13 Desenvolvem, atualmente, algum projeto nesta escola que envolva uso do computador e da internet.
22 73 Nunca os utilizaram para atividades como rotina burocrática.
20 66 Nunca usam os computadores da escola para digitar provas.
22 73 Raramente ou nunca usam os referidos equipamentos para pesquisa de atividades.
21 70 Raramente ou nunca usam os computadores da escola para pesquisa de textos e materiais didáticos.
24 80 Nunca participam de chats ou fóruns de discussão pedagógica utilizando computadores da escola.
26 87 Raramente ou nunca usam os referidos equipamentos da escola para troca de experiências com outros profissionais da educação.
25 83 Raramente ou nunca utilizam computadores da escola para produção de material didático.
18 60 Raramente ou nunca usam para consultar sites especializados na sua disciplina ou projeto.
28 93 Raramente ou nunca usam tais equipamentos para produção de apostilas.
25 83 Raramente ou nunca utilizam os computadores da escola para produção de material multimídia.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
38
O panorama traçado no Quadro 3 mostra que a subutilização é realidade na
EEDAV. Resta agora buscar compreender a natureza das relações que se
estabelecem, mesmo que timidamente, entre as práticas docentes e os
computadores da escola. Nesse sentido, Freitas (2015) ressalta que apesar do uso
pessoal das tecnologias digitais, pelos professores, a maioria dos docentes não
integra as tecnologias em sua prática pedagógica. A partir disso, busca-se identificar
as percepções dos professores em dois sentidos principalmente: instrumentalização
dos alunos para o trabalho com computador e internet; e utilização das TIC como
forma de promover um espaço de trabalho para além da sala de aula.
No tocante à instrumentalização dos alunos, o Quadro 4 resume as
percepções dos participantes da pesquisa:
Quadro 4 - Como os computadores e a internet são utilizados pelos
professores
Instrumentalização
dos alunos
Grau de concordância
% Uso dos computadores da escola
pelos professores
28 docentes nunca fizeram
93,33
Ensinar o aluno a utilizar os recursos de informática (editor de texto, planilha eletrônica, editor de apresentação, editor de imagens, gravação de áudio e vídeo e similares).
27 docentes nunca ou raramente fizeram
90 Ensinar o aluno a utilizar a internet.
26 docentes nunca ou raramente fizeram
86,66 Ensinar o aluno a pesquisar, avaliar e criticar a informação.
28 professores nunca ou raramente fizeram
93,33 Ensinar o aluno a utilizar as redes sociais.
27 professores nunca ou raramente fizeram
90 Desenvolver no aluno a capacidade de criar e publicar seus próprios conteúdos digitais.
Expansão da sala
de aula
25 docentes nunca ou raramente fizeram
83,33 Desenvolver a participação dos alunos em ambientes colaborativos.
23 docentes nunca ou raramente fizeram
76,66 Oferecer aos alunos um atrativo para tornar as aulas mais dinâmicas.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
O Quadro 4 demonstra ausência de preocupação dos docentes em
prepararem os alunos para terem autonomia para o trânsito e para a comunicação
39
nos espaços virtuais. Além disso, o dinamismo dos recursos digitais também é pouco
explorado como instrumento capaz de favorecer o interesse e a participação nas
aulas.
Belloni (2012) evidencia que a educação para a mídia é a necessidade de
integrar os meios de comunicação à escola, do ponto de vista dos novos modos de
expressão que eles introduzem no universo infantil. Neste sentido, a mídia
representa um campo autônomo do conhecimento que deve ser estudado e
ensinado às crianças da mesma forma que outros conteúdos são estudados e
ensinados. Assim, a integração da mídia à escola tem necessariamente que ser
realizada nestes dois níveis: enquanto objeto de estudo, fornecendo às crianças e
adolescentes os meios de dominar esta nova linguagem; e enquanto instrumento
pedagógico, fornecendo aos professores suportes altamente eficazes para a
melhoria da qualidade do ensino, porque podem ser adaptados ao universo infantil.
Isso requer a formação de educadores para essa tarefa (BELLONI, 2012).
Quando questionados sobre a frequência com que utilizam os aparelhos de
data show das salas de aula da escola para situações específicas, 20 professores,
ou 66,66%, afirmaram que raramente ou nunca usam para apresentação de vídeos,
filmes, músicas e similares preparados por eles próprios. Vinte e dois docentes, ou
73,33%, apontaram nunca ou raramente utilizarem os aparelhos de data show da
escola para apresentação de vídeos, filmes, músicas e similares preparados pelos
alunos. Vinte e três professores, ou 76,66% dos participantes, revelaram nunca ou
raramente usarem os aparelhos para apresentação de trabalhos e seminários pelos
alunos. Vinte e um docentes, ou 70% dos respondentes, afirmaram nunca ou
raramente utilizarem os aparelhos de data show das salas de aula da escola para a
realização de aulas expositivas preparadas por eles próprios. O Quadro 5 sintetiza
essas informações:
Quadro 5 - Frequência de uso dos aparelhos de data show das salas de aula da
escola
Total de docentes
% Frequência de uso dos aparelhos de data show das salas de aula da escola
20 66,66 Raramente ou nunca usam para apresentação de vídeos, filmes, músicas e similares preparados por eles próprios.
22 73,33 Nunca ou raramente utilizam os aparelhos de data show da escola para apresentação de vídeos, filmes, músicas e similares preparados pelos alunos.
40
23 76,66 Nunca ou raramente usam os aparelhos para apresentação de trabalhos e seminários pelos alunos.
21 70 Nunca ou raramente utilizam os aparelhos de data show das salas de aula da escola para a realização de aulas expositivas preparadas por eles próprios.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
A análise das informações do Quadro 5 demonstra que a maioria dos
professores raramente utiliza o data show como instrumento pedagógico para
realização de aulas expositivas ou apresentação de filmes, vídeos, músicas e
similares preparados por eles ou pelos alunos. Isso evidencia que, embora a
ferramenta esteja disponível aos docentes, estes não a tomam com frequência como
opção para enriquecimento das aulas ou para dinamização da exposição de
conteúdo.
Para a pergunta “Com que frequência você utiliza o tablet que recebeu da
Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais para as seguintes situações”, 29
docentes, ou 96,66% dos respondentes, afirmaram nunca usarem o equipamento
para rotina burocrática (lançar frequência, atualizar diário, notas, etc.) e o único
participante remanescente afirmou raramente utilizar o tablet para estas atividades.
Vinte e nove professores, ou 96,66%, destacaram nunca ou raramente usarem o
tablet para digitar provas. Novamente, 29 docentes, ou 96,66% da amostra válida,
apontaram nunca ou raramente utilizarem o tablet para pesquisa de atividades. Vinte
e nove professores, ou 96,66%, destacaram nunca ou raramente usarem o tablet
para pesquisa de textos e materiais didáticos. Vinte e nove docentes, ou 96,66% dos
respondentes, afirmaram nunca usarem o equipamento para participação em chats
ou fóruns de discussão pedagógica, e o único participante remanescente afirmou
raramente utilizar o tablet para este fim. Vinte e sete professores efetivos, ou 90%
dos mesmos, afirmaram nunca usarem o equipamento para troca de experiências
com outros profissionais da educação. Vinte e nove docentes, ou 96,66%,
destacaram nunca ou raramente usarem o tablet para produção de material didático.
Vinte e nove respondentes, ou 96,66%, destacaram nunca ou raramente usarem o
tablet para consultar sites especializados na sua disciplina (projeto, etc.). Vinte e oito
professores, ou 93,33%, escolheram a opção “Nunca” para descreverem a
frequência com que utilizam o tablet que receberam da Secretaria de Educação do
Estado para produção de apostilas; os outros dois docentes remanescentes
afirmaram raramente utilizarem o tablet para esta atividade. Vinte e sete professores,
41
ou 90% dos mesmos, afirmaram nunca usarem o tablet para produção de material
multimídia. As informações acima encontram-se consolidadas no Quadro 6:
Quadro 6 - Frequência de uso dos tablets fornecidos pela SEE-MG
Total de docentes
% Frequência de uso dos tablets fornecidos pela SEE-MG
29 96,66 Nunca usam o equipamento para rotina burocrática (lançar frequência, atualizar diário, notas, etc.).
29 96,66 Nunca ou raramente usam o tablet para digitar provas.
29 96,66 Nunca ou raramente utilizam o tablet para pesquisa de atividades.
29 96,66 Nunca ou raramente usam o tablet para pesquisa de textos e materiais didáticos.
29 96,66 Nunca usam o equipamento para participação em chats ou fóruns de discussão pedagógica.
27 90 Nunca usam o equipamento para troca de experiências com outros profissionais da educação.
29 96,66 Nunca ou raramente usam o tablet para produção de material didático.
29 96,66 Nunca ou raramente usam o tablet para consultar sites especializados na sua disciplina (projeto, etc.).
28 93,33 Nunca utilizam o tablet que receberam da SEE-MG para produção de apostilas.
27 90 Nunca usam o tablet para produção de material multimídia. Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
O panorama descrito no Quadro 6 demonstra que o tablet educacional
fornecido pela SEE/MG não é utilizado pelos professores. Entre outras questões, o
presente trabalho pretende investigar os motivos que levam os professores a não
usarem tal instrumento.
Pelas respostas já obtidas é possível inferir que, apesar dessa escola contar
com um aporte tecnológico considerável (laboratório de informática equipado com 20
computadores com recursos oriundos do ProInfo, projetores adquiridos nos últimos
quatro anos e posicionados em todas as salas de aula, biblioteca e auditório),
percebe-se que esses recursos são pouco utilizados, evidenciando a necessidade
de sistematizar o uso dos aparatos tecnológicos como ferramentas pedagógicas.
42
2 DESAFIOS NA UTILIZAÇÃO DAS TIC NA EEDAV
Neste capítulo serão apresentados os referenciais teóricos, os percursos
metodológicos, a pesquisa de campo realizada, as análises e as interpretações
produzidas para a compreensão do caso de gestão em tela.
Para tanto, busca-se o aprofundamento sobre a utilização das TIC no ensino,
tomando como base teóricos como Reis (2014), Levy (1999), Belloni (2012), Rojo
(2013), Freitas (2015), Cappelletti et al (2007), Estevão e Passos (2015).
Em seguida será apresentada a metodologia empregada para a coleta de
dados em uma segunda etapa de pesquisa junto aos docentes da EEDAV. Este
trabalho de campo tem como objetivo apurar os motivos do uso incipiente das TIC
pelos professores no contexto das práticas pedagógicas desenvolvidas na escola e,
ainda, compreender como tem se dado o uso destas ferramentas nos poucos
momentos em que ele se desenvolve. Este Capítulo também se dedica ao
relacionamento dos dados levantados na pesquisa aos referenciais teóricos
adotados.
2.1 Contextualização teórica: desafios e possibilidades de aplicação
pedagógica das TIC no ambiente escolar
De acordo com Ball e Bowe (1992, apud MAINARDES, 2006), o contexto da
prática em um ciclo de política é onde esta se sujeita aos processos de interpretação
e recriação, produzindo efeitos e consequências. Esta colocação se fundamenta na
percepção de que os docentes e demais profissionais exercem um papel ativo no
processo de interpretação e reinterpretação das políticas educacionais e, dessa
forma, o que eles pensam, no que acreditam e como agem têm implicações para o
processo de aplicação das políticas públicas.
No mesmo sentido, Condé (2011), evidencia que a educação necessita de
ações do Estado e do envolvimento de seus diversos atores. Na prática, são os
implementadores que fazem a política se concretizar. Portanto, para que a aplicação
de uma política pública atinja seus objetivos, torna-se fundamental a disseminação
de informações e a criação de consensos, para que as equipes envolvidas em sua
implementação trabalhem em conformidade com o planejamento traçado.
43
De acordo com Perrenoud (2000, p. 103), “Administrar os recursos de uma
escola é fazer escolhas, ou seja, é tomar decisões coletivamente”. Assim, o gestor
tem autonomia para decidir, desde que trabalhe de forma democrática e
participativa, estimulando ações cooperativas e promovendo uma cultura de reflexão,
tanto entre as equipes administrativa e pedagógica, quanto na relação da escola
com a família e a comunidade. Neste processo de constituição da unidade de ensino
como espaço de convivência, todas as ações aplicadas na escola devem refletir o
que preconiza o PPP da instituição, documento construído com a anuência e
aprovação de representantes da comunidade escolar.
Neste ponto, é importante ressaltar que a análise do PPP da EEDAV
demonstra que o uso pedagógico das TIC não é pouco abordado pelo documento.
Contudo, é comum que a gestão e os docentes da escola promovam discussões
acerca da necessidade de elaboração de normas internas que sejam capazes de
reger o uso dos aparelhos eletrônicos pelos alunos na instituição, com especial
atenção para o telefone celular, tido como motivo de dispersão em sala de aula. Isso
demonstra que, no que se refere às Tecnologias de Informação e Comunicação, há
na escola uma preocupação institucional muito mais direcionada à influência dos
equipamentos tecnológicos no comportamento dos alunos do que, propriamente, aos
benefícios que tais ferramentas poderiam pedagogicamente agregar às relações de
ensino e aprendizagem.
Considerando o exposto, a presente seção se desenvolve com o intuito de
discutir os desafios e as possibilidades de utilização pedagógica das TIC no
ambiente escolar. Para que o assunto seja explorado contemplando os entraves e
também as oportunidades que a presença das tecnologias digitais descortina nas
escolas, realizam-se as reflexões teóricas sobre o assunto a partir de três vertentes:
a primeira aborda os desafios de inserção das Tecnologias da Informação e
Comunicação na prática pedagógica; a segunda apresenta experiências exitosas de
utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação nas instituições
educacionais; e a terceira coloca a formação continuada em serviço como um
caminho possível para que se alcance nas unidades de ensino o pleno uso
pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação.
44
2.1.1 Desafios de inserção das Tecnologias da Informação e Comunicação na
prática pedagógica
A tecnologia está amplamente difundida entre os diversos domínios da
existência humana (hábitos de alimentação, ritmos de vida, maneira de trabalhar,
sistema de saúde, processos pedagógicos, etc.) (COSTA E SILVA, 2013) e,
conforme se amplia sua influência na vida das pessoas, é normal que se coloque a
questão sobre o seu sentido, surgindo a necessidade de um esforço de
discernimento e compreensão teórico-crítica.
Nas sociedades contemporâneas (de economia globalizada quanto ao capital,
mas localizada quanto ao trabalho) a importância dos meios de comunicação e, mais
recentemente, das tecnologias de informação é muito grande nas diferentes esferas
da vida social, com consequências claras para os processos culturais,
comunicacionais e educacionais (BELLONI, 2012).
Lévy (1999) evidencia que as tecnologias possibilitaram a construção do
ciberespaço. “Um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização e
de transação, mas também um novo mercado da informação e do conhecimento”
(LÉVY 1999, p. 32).
Segundo Freitas (2015), elemento fundamental na cibercultura, a internet é
uma realidade mundial que interliga todos os países e tem se desenvolvido de forma
acelerada nos últimos anos. A autora ainda observa que “nesse mundo digital, o
processo de ensino-aprendizagem, cada vez mais, não acontece só na escola e com
um professor” (FREITAS, 2015, p. 14).
Dessa forma, imersos nessa nova cultura baseada nas tecnologias digitais,
“crianças e jovens vêm desenvolvendo novas formas de relacionamento, novos
processos cognitivos, atenção multifocada e capacidade de exercer diferentes
tarefas simultaneamente” (FREITAS, 2015, p. 12).
Nesse mesmo viés, Rojo (2013) evidencia que “a sociedade hoje funciona a
partir de uma diversidade de linguagens e de mídias e de uma diversidade de
culturas” o que requer que essa temática seja incorporada pela escola e faça parte
da prática pedagógica dos professores, uma vez que, os estudantes estão inseridos
nesse mundo digital. Para isso, o papel do professor precisa deixar de ser pautado
na educação transmissiva e passar a ser voltado para o funcionamento da vida
45
social contemporânea, colocando o aluno como protagonista do processo ensino-
aprendizagem.
Como lidar com o acesso dos adolescentes à mídia e aos aparelhos
eletrônicos, bem como com a presença deles na sala de aula? Até que ponto esses
equipamentos influenciam nas práticas didáticas e no aprendizado dos alunos?
Sobre este assunto, Rosa (2013) evidencia que:
O uso das TIC nas práticas pedagógicas pode proporcionar a multiplicação de possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados. Entretanto, os professores ainda encontram dificuldades para inserção das tecnologias no trabalho
docente (ROSA 2013, p. 221).
Cappelletti et al (2007, p. 2) afirmam ainda ser necessário “preparar os
educadores, especialmente os gestores das escolas, levando em conta as
especificidades de suas funções e as contribuições das tecnologias da informação e
comunicação para o seu trabalho. Da mesma forma, é preciso alinhar este processo
de capacitação aos princípios da gestão democrática e participativa previstos na
Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1998) e na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (BRASIL, 1996), tomando como base a concepção integradora
das dimensões técnico-administrativa e pedagógica no contexto escolar
(CAPPELLETTI et al, 2007, p. 1).
Tratar de tecnologias na escola engloba a sua apropriação crítica pelos diversos sujeitos que nela atuam (professores, alunos, gestores, funcionários, pais e comunidade do entorno) e o desenvolvimento de processos de gestão de formação profissional, aparato tecnológico, recursos e informações, o que abarca relações dinâmicas e complexas entre as partes e o todo, envolvendo criação, organização, produção, manutenção, memória e atualização
(CAPPELLETTI et al, 2007, p. 1).
Ferreira (2016) sinaliza que, em sua prática profissional, os indivíduos só
conseguem atuar com qualidade pelo sucesso da organização quando se sentem
motivados; e a motivação é um fenômeno que vem sempre de dentro pra fora dos
sujeitos, e não no sentido contrário. É importante destacar que motivação e ânimo
não são responsabilidade apenas dos gestores escolares. Eles têm que contar com
a colaboração dos professores para a melhoria do ambiente escolar, e uma das
46
práticas da boa liderança seria encorajar os docentes na descoberta dos recursos
adequados para a realização de um trabalho capaz de trazer oportunidades de
desenvolvimento aos estudantes.
Cappelletti et al (2007) evidenciam que o uso das TIC tem que estar atrelado
ao PPP da escola. O PPP deve ser construído com a participação de todos os atores
envolvidos no contexto escolar. Neste mesmo viés, Coelho e Linhares (2008)
ressaltam que o diretor não decide pela escola em que atua, “mas convida a
comunidade para a elaboração do Projeto Político Pedagógico, momento em que se
discute, no coletivo, o dia-a-dia da escola em todos os sentidos que lhe sejam
inerentes”. Assim, essa interação entre o gestor e a comunidade escolar é primordial
para a articulação de saberes e integração das diferentes tecnologias no contexto
escolar.
O projeto da escola depende, sobretudo, da ousadia dos seus agentes, da ousadia de cada escola em assumir-se como tal, partindo da ‘cara’ que tem, com o seu cotidiano e o seu tempo- espaço, isto é, o contexto histórico em que ela se insere. Projetar significa ‘lançar-se para frente. ’antever um futuro diferente do presente. Projeto pressupõe uma ação intencionada com um sentido, explícito, sobre o que se quer inovar (GADOTTI, 1997 apud MARÇAL, 2001, p. 6).
O conhecimento é recurso fundamental da contemporaneidade. Hoje, a
tecnologia tem multiplicado as suas aplicações e a informática tem potencializado a
divulgação do conhecimento elaborado. Nesta direção, as escolas devem caminhar
se apoiando no projeto pedagógico, atualizando-o frequentemente para a
elaboração de normas e a aplicação de recursos destinados ao uso das tecnologias
no espaço escolar. Isto significa “renovar as relações cotidianas de trabalho;
(re)significar as ações desenvolvidas pelo coletivo da escola; reorganizar os
espaços escolares; redefinir o alcance das mediações pedagógicas” (SOUSA E
CORRÊA, 2002, p. 67).
Assim, nota-se que são muitos os desafios que a escola e o professor
enfrentam imersos em um mundo tão modernizado e em constante transformação,
em que os aparelhos eletrônicos (cada vez mais presentes dentro das salas de aula)
os impõem duas opções: ignorar as tecnologias, enquanto os alunos as mantêm tão
próxima; ou fazê-la uma aliada na sua prática docente. Faz-se necessário pensar na
possibilidade de uma nova organização escolar, na qual alunos, professores e
47
gestores se integrem nessa nova realidade tecnológica, diminuindo a tensão entre
as exigências da sociedade em transformação e a cultura escolar estagnada.
2.1.2 Experiências exitosas de utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação nas escolas
A criação do ciberespaço, por meio da conexão com a internet, permitiu que a
construção de conhecimento e a aprendizagem se expandissem para além da sala
de aula, o que possibilitou novas experiências na educação em relação ao uso das
TIC como instrumentos didáticos.
Neste contexto, as escolas têm utilizado as redes sociais para trabalhos
colaborativos, favorecendo a aprendizagem. Nessa perspectiva, Mattar (2012)
evidencia as possibilidades de interação em páginas do Facebook:
Uma página no Facebook é pública, ou seja, qualquer um pode curti-la, passando a receber atualizações de seu conteúdo em seu feed de notícias. Páginas são, portanto, uma maneira simples de professores e alunos compartilharem links, artigos, vídeos ou feeds de RSS. Nas páginas do Facebook, é possível também utilizar notas e comentários, além de vários outros recursos, como fóruns de discussão. Você pode, por exemplo, criar uma página para sua disciplina e seus alunos podem curtir páginas que outros criaram. Entretanto, ao contrário de grupos, as páginas não podem ser fechadas ou secretas, ou seja, tudo o que for postado em uma página, torna-se automaticamente público (MATTAR, 2012, p. 94).
Corroborando com Mattar (2012), o estudo de caso desenvolvido pelas
pesquisadoras Araújo e Panerai (2012) ao investigarem as redes sociais na internet
como um espaço de trocas significativas e construção interativa e colaborativa do
saber, apontou que:
a experiência de utilizar o Facebook como ambiente pedagógico foi bastante agregadora e positiva para a construção do conhecimento dos alunos, pois este espaço se consolidou como uma sala de aula viva, com contribuições constantes dos próprios alunos acerca das temáticas pontuadas na disciplina e, muito além desta, pois os alunos se sentiam à vontade para partilhar conhecimento de origens
diversas (ARAUJO; PANERAI, 2012, s/p).
Conhecer ações exitosas associadas ao uso dos laboratórios de informática
torna-se relevante, visto a constatação da subutilização desse espaço na EEDAV,
48
evidenciada por meio da aplicação do questionário exploratório já mencionado nesta
dissertação.
Dessa forma, um estudo associado ao uso da informática educativa buscou
investigar as repercussões na formação dos estudantes que participaram de um
projeto de monitoria no laboratório de informática de uma escola pública do
município de Sapucaia do Sul, no Rio Grande do Sul. Segundo Silva (2013), os
objetivos desse projeto eram: promover a inclusão digital; incentivar a cooperação no
processo de ensino-aprendizagem; e desenvolver o senso de responsabilidade do
estudante na escola.
A escola onde esse estudo foi desenvolvido estava inserida em uma
comunidade com nível socioeconômico baixo, sendo frequentes os casos de alunos
que apresentavam dificuldades de aprendizagem, baixo rendimento escolar e
problemas de comportamento (SILVA, 2013). Na seleção de monitores foram
adotados os seguintes critérios: possuir notas satisfatórias; ter bom relacionamento
com a comunidade escolar; e ser cuidadoso com os materiais da escola.
Após a aplicação desses critérios e a realização da primeira seleção, foi
verificada, junto à direção da escola, a possibilidade de incluir no projeto não apenas
estudantes que atendiam aos referidos critérios, mas também alunos com supostas
dificuldades de aprendizagem e com problemas de comportamento. Isso devido ao
fato de que alguns desses alunos procuraram a direção da escola buscando a
oportunidade de serem monitores. A direção decidiu incluir esses discentes no
projeto, para observar se ocorreriam mudanças desses alunos em sala de aula
(SILVA, 2013).
Ainda de acordo com Silva (2013), de forma geral, é possível perceber, nos
relatos dos monitores, o desenvolvimento da autonomia e da criatividade dos alunos
envolvidos, além da motivação pela experiência de planejar atividades para os
colegas (SILVA, 2013). O autor ressalta ainda “a participação dos monitores no
projeto com mudança de atitude com relação à aprendizagem, construção de
conhecimentos, motivação para aprender e desenvolvimento da autonomia” (SILVA,
2013, p. 9). Assim, os resultados obtidos demonstraram a importância da
continuidade das ações empreendidas.
As experiências exitosas descritas demonstram que a internet e o laboratório
de informática podem ser utilizados pelos professores como instrumentos didáticos
no processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a próxima experiência exitosa
49
versa sobre um projeto desenvolvido pela Universidade Federal de Uberlândia, com
o apoio do Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas para a
capacitação de professores multiplicadores nas áreas de Biologia, Física e Química.
Os objetivos do curso foram: capacitar os docentes de Física, Química e
Biologia, por intermédio do curso de informática, para trabalharem com atividades
informatizadas; elaborar material didático compatível com metodologias alternativas
para o ensino; promover uma prática docente contextualizada e interativa, facilitando
o processo de ensino-aprendizagem e desenvolvendo a consciência crítica dos
estudantes; valorizar as novas formas de ensino, incluindo mídias digitais em prol do
processo de aprendizagem dos alunos; ampliar os espaços de estudo, enriquecendo
o processo de ensino-aprendizagem de maneira contextualizada, interativa e, por
conseguinte, mais interessante (ALMEIDA; RODRIGUES, 2008).
O curso oportunizou aos docentes conhecimentos para aplicarem as TIC na
prática pedagógica. Além disso, esses professores passaram a atuar como agentes
multiplicadores nas escolas, repassando os conhecimentos adquiridos durante a
capacitação para outros educadores. Dessa forma, a realização desse projeto
propiciou uma maior utilização pedagógica dos laboratórios de informática das
escolas (ALMEIDA; RODRIGUES, 2008).
O Quadro 7 apresenta uma síntese comparativa das práticas exitosas
apresentadas, explicitando seus objetivos e resultados de acordo com o público-alvo
para os quais as ações desenvolvidas foram direcionadas.
Quadro 7 - Uso das TIC em práticas pedagógicas exitosas
Iniciativa Objetivos Público-
alvo Resultados
Utilização de redes sociais para trabalhos escolares colaborativos.
Trocas significativas e construção interativa e colaborativa do saber.
Alunos
Contribuições constantes dos próprios alunos acerca das temáticas pontuadas. Os alunos se sentiam à vontade para partilhar conhecimento de origens diversas.
Monitoria no laboratório de informática de uma escola pública de Sapucaia do Sul (RS)
Promover a inclusão digital; incentivar a cooperação no processo de ensino-aprendizagem; e desenvolver o senso de responsabilidade do estudante.
Alunos
Mudança de atitude dos alunos com relação à aprendizagem, motivação e desenvolvimento da autonomia e da criatividade.
Capacitação de professores
Capacitar os docentes para trabalharem com atividades
Docentes
O curso oportunizou aos docentes conhecimentos
50
multiplicadores nas áreas de Biologia, Física e Química.
informatizadas; elaborar material didático compatível com metodologias alternativas para o ensino; promover uma prática docente contextualizada e interativa; valorizar as novas formas de ensino, incluindo mídias digitais; ampliar os espaços de estudo.
para aplicarem as TIC na prática pedagógica. Além disso, esses professores passaram a atuar como agentes multiplicadores nas escolas, repassando os conhecimentos adquiridos durante a capacitação para outros educadores.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
As experiências de sucesso narradas nesta subseção têm em comum a
subversão do modo técnico-científico da abordagem educacional, baseada
tradicionalmente na concepção hierarquizada e dual da educação, em que os papéis
são definidos pelo estabelecimento de uma relação de poder e autoridade daqueles
que ensinam sobre aqueles que aprendem. Independentemente do público atendido,
nas três iniciativas apresentadas, os processos de ensino-aprendizagem são
tratados de maneira colaborativa e de modo a valorizar o protagonismo daqueles
que estão no centro da construção do conhecimento: os aprendizes.
Na atualidade, a presença da tecnologia é sentida em todos os espaços da
sociedade. O avanço acelerado da informática tem influenciado comportamentos,
sobretudo dos jovens, e transformado as relações pessoais e de trabalho,
requerendo o desenvolvimento de novas habilidades e capacidades de interação e
interpretação da informação.
A escola, enquanto instituição indispensável à socialização e à formação
profissional e cidadã dos sujeitos, tem sido pressionada a atualizar-se, interagindo
com o universo tecnológico. Como já foi demonstrado pelas pesquisas e
observações realizadas na EEDAV, a mera instrumentalização das escolas não é
garantia de utilização das TIC nos processos educativos. Neste sentido, o estudo de
práticas exitosas, como as citadas anteriormente, enseja reflexões sobre como a
EEDAV pode vir a aprimorar o uso pedagógico dos recursos tecnológicos de que
dispõe. Certamente, o conhecimento das ações de sucesso abordadas nesta seção
contribui para a estruturação do Plano de Ação Educacional apresentado ao final da
presente dissertação.
Dando continuidade ao trabalho, a seguir são abordados os desafios a serem
superados pelas políticas públicas educacionais no sentido de promoção da
51
apropriação dos processos tecnológicos como ferramentas pedagógicas na
Educação Básica.
2.1.3 Formação continuada em serviço para o uso das Tecnologias da Informação e
Comunicação
Ao abordarem os processos de formação continuada docente, autores como
Pereira (1999), Chimentão (2009) e Andrade (2013) apontam para a necessidade do
entendimento da escola como espaço formativo privilegiado, onde a prática
profissional e o exercício das ações pedagógicas cotidianas devem ser abordados
de maneira reflexiva, adotando a própria escola, seus desafios e possibilidades do
cotidiano como eixo central.
Esta perspectiva não busca depreciar a importância da formação universitária
dos professores, mas contrariamente, defende o fato de que esta formação inicial
deve estar em constante atualização, utilizando a própria prática profissional, no
âmbito da educação básica, como espaço de pesquisa, revisão de conceitos,
aprimoramento e produção de novos saberes (ANDRADE, 2013).
Sobre o professor em serviço também recaem algumas novas exigências. Mais do que nunca, o educador deve estar sempre atualizado e bem informado, não apenas em relação aos fatos e acontecimentos do mundo, mas, principalmente, em relação aos conhecimentos curriculares e pedagógicos e às novas tendências educacionais (CHIMENTÃO, 2009, p. 2).
De acordo com Pereira (1999), esta nova concepção consiste no modelo
formativo calcado na racionalidade prática, em que o professor é considerado um
profissional que cria durante sua ação pedagógica. Com base nesta visão, a prática
não é percebida como mera aplicação de conhecimentos científicos, mas apresenta-
se como espaço de criação e reflexão, em que conceitos são modificados e novos
saberes são gerados constantemente.
Ressalta-se que a necessidade da formação continuada não desabona a
importância de uma formação inicial satisfatória, realmente capaz de preparar os
docentes recém-graduados para o exercício da profissão. Da mesma forma, uma
boa formação inicial não consegue descartar a relevância de implementação da
formação continuada, tendo em vista as constantes mudanças ocasionadas pela
52
incessante produção de conhecimentos; o uso das tecnologias computacionais, cada
vez mais acessíveis à população; e as novas exigências dos meios social, político,
cultural e econômico que se impõem aos profissionais de todas as áreas.
No movimento de reconfiguração do contexto de formação docente, outro
aspecto tem se mostrado como importante influenciador deste processo: a
possibilidade de utilização das TIC nas situações de ensino. Barreto (2004, p. 1183)
afirma que “no limite, as TIC estão postas como elemento estruturante de um novo
discurso pedagógico”. A autora discute os riscos de que a incorporação das
Tecnologias da Informação e Comunicação na educação ocorra primando
simplesmente a dimensão técnica, sem que haja espaço para reflexões sobre as
questões de fundo, ou seja, os modos e sentidos em que deve acontecer essa
incorporação para que ela resulte em ganhos de aprendizagem.
Em consonância com esta preocupação, Moran, Masetto e Behrens (2000)
destacam que, ao empregar as TIC em sala de aula, o professor deve ser capaz de
tratar um conteúdo ou tema de modo a auxiliar seus alunos a acessarem as
informações e relacionarem estas informações, produzindo conhecimentos
significativos que possam ser agregados às suas vivências e ao seu repertório
intelectual.
Ainda de acordo com Moran, Masetto e Behrens (2000), a tecnologia da
informação pode ajudar a tornar mais acessíveis as políticas educacionais usando
ferramentas capazes de auxiliar os alunos a aprenderem a aprender. São muito
variadas, por exemplo, as possibilidades de enriquecimento da aprendizagem
oferecidas por meio do uso da internet; de tutoriais (conjuntos informacionais
pedagogicamente organizados e animados); aplicativos (ferramentas voltadas para
funções específicas, como gerenciamento de bancos de dados); programas de
programação (que permitem que qualquer pessoa crie seus próprios programas);
jogos e simulações (que favorecem a realização de exercícios lógicos e experiências
virtuais de situações complexas).
Contudo, é importante ressaltar que não se pode pensar no uso pedagógico
de uma tecnologia isolada. A aplicação das TIC requer o planejamento de várias
atividades que se integrem em busca de objetivos determinados e contextualizados.
O professor deve extrapolar a prática tradicional de transmissão de conhecimentos e
experiências aos alunos, emprestando maior ênfase à aprendizagem ao estimular os
estudantes a utilizarem as TIC para produzirem reflexões, diálogos, debates,
53
mudanças de comportamento que decorram da sua própria produção de saberes. O
aprendiz, neste caso, deve ser tratado como o centro de todo o processo, enquanto
os assuntos abordados devem sempre admitir o entrelaçamento com outros temas,
ampliando o campo de pesquisa dos estudantes e as possibilidades de realização
de um trabalho interdisciplinar (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2000).
Diante disso, é fácil concluir que não está simplesmente no acesso aos
computadores e softwares a chave para a efetiva introdução dessas tecnologias nos
processos educacionais. Para que a aplicação de novos meios tecnológicos no
ensino possa produzir efeitos positivos na aprendizagem é imperativo que se
coloquem em prática esforços de formação continuada dos professores em serviço.
Todavia, como defendido por Pretto (2002), faz-se necessária uma transformação
que passe a considerar cada escola em particular como um polo de utilização das
tecnologias educativas, mas não apenas um como ambiente receptor de parâmetros,
orientações centralizadas e tecnologias. É preciso agregar ao processo propostas de
formação em uma perspectiva de horizontalidade, valorizando o exercício das ações
pedagógicas cotidianas locais como fonte de reflexão e aprimoramento das práticas
docentes.
Nesse mesmo sentido, Nascimento (1997) destaca que propostas de
capacitação docente que apresentem conteúdos teóricos desvinculados da prática;
que enfatizem excessivamente aspectos normativos; ou que não estejam
embasados por projetos coletivos ou institucionais podem incorrer no risco da baixa
eficácia. Isso porque a formação continuada deve buscar atender às necessidades
do professor no seu cotidiano, promovendo a aproximação entre os conceitos
teóricos e a prática pedagógica.
Os estudos de Pretto (2002) trazem consigo, ainda, a defesa de que, no
processo de formação continuada docente para a utilização educativa das TIC, se
efetive uma forte articulação com as universidades e faculdades que formam
professores. Parcerias deste tipo seriam muito profícuas aos docentes em atividade
no ensino básico, que poderiam atualizar-se em contato com os pensamentos e
iniciativas de pesquisa que circulam entre as mais recentes produções acadêmicas
de nível superior. Mas também é importante ressaltar que esse processo
beneficiaria, de igual maneira, as universidades, que se colocariam em contato mais
estreito com a realidade de trabalho, os desafios e as possibilidades dos espaços
54
escolares nos quais seus graduandos serão introduzidos para o exercício da
profissão.
Contudo, como explicita Pretto (2002), esta articulação da educação básica
com o ambiente universitário não tem sido explorada no contexto da implementação
do ProInfo, política pública já apresentada nesta dissertação como principal
programa do governo federal voltado para a inserção das novas tecnologias nas
escolas. Pelo contrário, segundo o autor, nas reuniões do MEC sobre o assunto,
percebia-se que “recebendo uma orientação muito clara e precisa, desejavam
afastar de forma contundente qualquer possibilidade de uma aproximação
institucional mais intensa com as universidades públicas” (PRETTO, 2002, p. 126).
No II Encontro Nacional do ProInfo, ocorrido em Pirenópolis (GO) em março de 1998, ouvi um executivo do ProInfo externar, para uma platéia de aproximadamente 90 pessoas, que “[...]a universidade já adoeceu antes da sociedade [...]; o ProInfo tem como objetivo principal a sociedade. Nós nos valemos da universidade, mas temos tido a tranqüilidade de separar recursos humanos das universidades, da visão institucional da universidade, que não serve aos desígnios da sociedade [...] ela precisa primeiro provar que retornou às suas origens... que ela pertence à sociedade, que não deve ditar normas, que não é república independente [...].” (CYSNEIROS, 2001, p. 125).
É possível que essa resistência ao envolvimento das universidades públicas
tenha como motivo, na visão de Pretto (2002), a intenção do MEC de utilizar outros
mecanismos, como a comunicação a distância, para promover a formação docente
no que tange à aplicação educacional das TIC. Todavia, é importante refletir que esta
temática já deveria estar sendo mais bem explorada nas salas de aula do ensino
superior, tendo em vista o esforço massivo, empreendido nos últimos anos, inclusive
pelas universidades públicas, no sentido de cumprimento da legislação em relação à
formação de professores.
O artigo 87, parágrafo 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN), estabeleceu, já em 1996, a admissão de apenas professores habilitados
em nível superior ou formados por treinamento em serviço, colocando como prazo
para concretização deste intento o fim da década, ou seja, 2006 (BRASIL, 1996). A
revogação do mesmo artigo 17 anos mais tarde, por meio da Lei nº 12.796, de abril
de 2013 (BRASIL, 2013b), revela a magnitude do desafio de formação superior
docente que ainda se impõe ao país.
55
Diante de todo o exposto, entende-se que o esforço de formação docente
para o uso das TIC deveria integrar-se ao processo formativo inicial dos professores,
no âmbito dos cursos de graduação. Contudo, ainda assim, tais ações não
excluiriam a necessidade de institucionalização, na Rede Estadual de Ensino, de
propostas de formação continuada em serviço para a utilização educacional das
Tecnologias de Informação e Comunicação, promovendo a atualização dos
conteúdos e das metodologias de ensino de forma articulada à realização de
reflexões sobre as práticas docentes e os processos de ensino e aprendizagem.
Neste contexto, o papel do especialista em educação básica se destaca como
central, uma vez que, a função primordial do supervisor pedagógico/orientador
educacional, juntamente com a direção escolar, é liderar os processos pedagógicos
nas unidades de ensino, articulando as diferentes relações inerentes do cotidiano
escolar e auxiliando docentes e discentes para o êxito dos processos de ensino e de
aprendizagem (MINAS GERAIS, 2018).
De acordo com orientações recentemente publicadas pela Secretaria de
Estado de Educação de Minas Gerais no Portal Escola de Formação, é atribuição
dos especialistas em educação básica, em ambas variações do cargo (supervisão
pedagógica ou orientação educacional), atuar como coordenador pedagógico,
mantendo, entre outras ações,
(...) o foco nos aspectos da realidade escolar buscando relacionar teoria e prática, acompanhar a ação docente privilegiando a reflexão crítica da prática do professor, estimulando-o para a mudança, se necessário. O coordenador pedagógico deve intervir e direcionar o grupo, visando a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem (MINAS GERAIS, 2018, s/p).
A partir de um processo institucionalizado pela SEE/MG, os NTE das
Superintendências Regionais de Ensino poderiam conduzir a capacitação de
especialistas em educação básica atuantes nas escolas da Rede Estadual de
Ensino, orientando-os sobre as possibilidades de uso educacional das TIC. Por sua
vez, os supervisores pedagógicos e orientadores educacionais poderiam multiplicar
este processo de capacitação no interior das escolas, combinando ao tradicional
modelo de formação continuada, outro, baseado nos padrões de racionalidade
prática (PEREIRA, 1999) impostos de dentro para fora da escola: a educação
continuada em serviço.
56
É importante refletir que tal modelo apenas se apresentará como de possível
eficácia se a própria escola institucionalizar, em sua esfera local de gestão, a
utilização das TIC como ferramenta pedagógica, manifestando esta disposição tanto
no PPP da unidade de ensino quanto em estímulos presentes nas interações
cotidianas entre direção, supervisão, docentes e discentes. Isso quer dizer que de
nada adianta reproduzir práticas de formação docente baseadas no paradigma do
saber antes do fazer se a teoria transmitida não dialogar com universo da prática
dos próprios professores.
Na próxima seção, apresenta-se a metodologia empregada para a coleta de
dados junto aos professores e supervisores pedagógicos da EEDAV. Este trabalho
de campo teve como objetivo apurar de que maneira as tecnologias digitais têm
permeado o trabalho docente na instituição de ensino.
2.2 Percurso metodológico
Este trabalho acadêmico fundamenta-se em uma pesquisa de cunho
qualitativo, inserida no desenvolvimento de um estudo de caso, que é um tipo de
metodologia científica que visa à abordagem de um problema específico em
profundidade, dentro de um período de tempo limitado. O estudo de caso presta-se à
investigação de situações em que há grande variedade de fatores e relacionamentos
que devem ser considerados, não havendo critérios rígidos para a determinação de
quais são mais importantes (VENTURA, 2007).
Assim, esta pesquisa não prioriza a apuração de números ou dados
estatísticos. Ela está mais relacionada à investigação das motivações do grupo em
questão, buscando interpretar comportamentos, identificar opiniões e apurar
expectativas dos atores envolvidos. O assunto abordado por esta dissertação
também requer a realização de uma prévia pesquisa histórica, por meio da qual se
pode entender como as políticas públicas colocadas em andamento até aqui
contribuíram para a realidade que hoje se apresenta.
O percurso metodológico aplicado nesta pesquisa pode ser divido em três
fases: (i) a descrição do caso de gestão a partir do cotidiano profissional do autor, da
análise documental de legislações e normatizações escolares e da identificação de
evidências na EEDAV por meio da aplicação de um questionário; (ii) a busca de
referenciais teóricos capazes de orientar a delimitação dos dados coletados na
57
pesquisa de campo, bem como embasar a análise das informações que foram
colhidas com vistas à elucidação do problema descrito; e, por fim, (iii) a coleta de
dados por meio de entrevista com roteiro semiestruturado, cuja análise tornou
possível produzir um Plano de Ação Educacional por meio do qual são colocadas
propostas de aprimoramento da situação gerencial diagnosticada.
Günther (2006) destaca que o estudo da variabilidade dos comportamentos e
das atitudes sociais pode ocorrer a partir de três tipos principais de aproximação: a
observação cotidiana das interações humanas no contexto em análise; por meio da
criação de situações artificiais e da observação das ações e reações das pessoas
diante de atividades planejadas para determinado fim; ou na forma de
questionamentos aos sujeitos sobre o seu comportamento, suas tarefas, seus
estados subjetivos, suas opiniões.
Na visão de Günther (2006), cada um destes três métodos é capaz de
conduzir estudos empíricos. Todavia, para esta dissertação, optou-se pela terceira
metodologia mencionada por esse mesmo autor, procedendo-se à realização de
entrevistas com roteiros semiestruturados (Apêndice B) com três supervisores
pedagógicos da unidade de ensino e oito professores, selecionados aleatoriamente
por sorteio, sendo dois da área de Linguagens; dois da Matemática; dois da área de
Ciências Sociais; e outros dois do campo das Ciências da Natureza.
A entrevista com roteiro semiestruturado desenvolve-se a partir da
combinação de uma relação fixa de perguntas com questões que podem ocorrer
livremente, de acordo com interesses que surjam no decorrer da conversa. Os
nomes dos entrevistados foram omitidos no texto da dissertação, buscando garantir
aos respondentes o máximo de liberdade para a manifestação de suas opiniões
sobre o assunto.
Para realização das entrevistas foram seguidas recomendações
metodológicas defendidas por Marconi e Lakatos (1996). Elas foram planejadas
tendo em vista o objetivo de obtenção dos pontos de vista de agentes com grande
familiaridade com o tema pesquisado. O horário e o local das conversas foram
escolhidos com o intuito de favorecer a disponibilidade do entrevistado e o sigilo das
informações. E, por fim, um roteiro específico foi elaborado com as questões das
entrevistas (MARCONI; LAKATOS, 1996).
Observados tais procedimentos, as entrevistas foram realizadas de forma
privativa na sala da direção da EEDAV, com duração média de 15 minutos cada.
58
Todas as entrevistas foram gravadas com o consentimento dos respondentes que,
inclusive, formalizaram a concordância por meio da assinatura de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Após colhidos os relatos, todas as
entrevistas foram transcritas pelo autor.
A seguir são apresentadas algumas características dos professores e
supervisores escolares participantes da pesquisa buscando produzir reflexões sobre
de que maneira a trajetória profissional das pessoas ouvidas acaba se refletindo na
relação que mantêm cotidianamente com as tecnologias de comunicação e
informação.
2.3 Caracterização dos entrevistados
Todos os oito professores selecionados para a realização da entrevista
contam com mais de 12 anos de experiência no campo da docência, sendo que
metade deles leciona na educação básica há 20 anos ou mais. Entre os três
supervisores escolares ouvidos, o mais experiente atua há 30 anos como
especialista em educação básica, enquanto os outros dois profissionais declararam
12 anos (Supervisor B) e nove anos (Supervisor C) de experiência no mesmo campo
de atuação.
Sobre o tempo de atuação específica na EEDAV, o menor vínculo declarado
entre os professores é de dois anos, sendo que metade desses docentes leciona há
11 anos ou mais na unidade de ensino. Entre os supervisores escolares
entrevistados, o maior tempo de vínculo com a escola é de seis anos, sendo que os
outros dois profissionais afirmam trabalharem há dois anos (Supervisor B) e um ano
(Supervisor C) como especialistas em educação básica da EEDAV. O Quadro 8
sintetiza o perfil de formação e tempo de atuação dos entrevistados.
Quadro 8 – Identificação dos entrevistados e trajetórias no magistério
Função Identificação na
dissertação Área de formação
Tempo de magistério (em anos)
Tempo na EEDAV
(em anos)
Professor Professor A Matemática 30 2
Professor Professor B Matemática 20 16
Professor Professor C Educação Física 17 5
Professor Professor D Geografia 12 11
Professor Professor E Física 24 18
Professor Professor F História 16 7
59
Professor Professor G Língua Portuguesa 13 2
Professor Professor H Biologia 22 12
Supervisor Supervisor A Pedagogia 30 6
Supervisor Supervisor B Pedagogia 12 2
Supervisor Supervisor C Pedagogia 9 1 Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Sarti (2014) observa que, quanto ao período de experiência, docentes com
mais tempo de trabalho costumam apresentar maior grau de dificuldade na
incorporação profissional do uso das TIC. Isso porque as tecnologias informacionais
têm como característica um processo de atualização constante, que acaba por
provocar o distanciamento entre os recursos atualmente disponíveis e as formas de
lecionar apropriadas pelo docente à época de sua formação inicial.
A exemplo disso, quando questionados sobre “de que maneira a graduação
os preparou para o uso da tecnologia como instrumento didático”, as respostas
dadas pelos oito docentes revelaram quase total ausência de formação pedagógica
sobre assunto no contexto das Licenciaturas.
Nenhuma, eu não tive preparação nenhuma, inclusive eu formei há muitos anos atrás, na época nem tinha internet (PROFESSOR A, 2018 - 30 anos de experiência). Quase nada, até porque no meu caso específico, eu não fiz o curso de matemática todo, eu fiz a complementação pedagógica, mas achei que foi pouquíssimo, foram assim, umas três aulas só, em laboratório, do básico do básico, mais para saber do meu conhecimento em informática do que trabalhar com o próprio aluno mesmo em sala de aula (PROFESSOR B, 2018 – 20 anos de experiência). Na graduação não. Na minha graduação o mundo era analógico, então ela não trouxe nada (PROFESSOR F, 2018 – 16 anos de experiência). Eu tive apenas um período de tecnologias e não fomos bem preparados. A aula que tive nesse período se restringiu mais para a construção de blog, utilização das redes sociais, que até então não era tão comum. Mas assim, vamos montar uma aula, com tal conteúdo, essa preparação eu não tive. Ou então, como usar tal recurso, isso aí ficou em aberto. Então tive essa formação no meu currículo, mas na prática ela não funcionou (PROFESSOR G, 2018 – 13 anos de experiência).
A mesma carência de formação inicial para o uso pedagógico das TIC foi
relatado pelos três supervisores escolares ouvidos, incluindo a profissional com
60
menor tempo de formação e experiência profissional. Para a pergunta “Durante sua
graduação você cursou alguma disciplina que a preparasse para orientar e
supervisionar práticas pedagógicas utilizando as Tecnologias de Informação e
Comunicação?”, as respostas obtidas foram:
Não. No meu tempo, o computador estava aparecendo. Era uma coisa que não fazia parte do nosso cotidiano. Eu sou do tempo ainda de cursivo, tudo escrito à mão (SUPERVISOR A, 2018). No curso de Letras, no primeiro ano, no primeiro semestre, eu tive uma disciplina voltada para a informática, mas era mais a questão mesmo de como entrar num e-mail, porque isso aconteceu no ano de 2000, foi quando eu fiz essa matéria. Depois no Pedagogia eu não tive nenhuma matéria referente e nenhuma formação nesse sentido. (SUPERVISOR B, 2018). Não. Nenhuma voltada especificamente para isso (SUPERVISOR C, 2018).
Por outro lado, entende-se que uma maior familiaridade dos professores e
supervisores com as TIC poderia ter sido sistematicamente promovida, ao longo dos
anos, por meio de programas de formação continuada em serviço, tendo em vista o
significativo tempo de lotação na EEDAV declarado pelos profissionais entrevistados,
e considerando-se que, nesse período, todos mantiveram vínculo trabalhista com a
Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais. Contudo, em todos os relatos colhidos
ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, os profissionais ouvidos foram
consonantes em afirmar que nunca foram capacitados em serviço para o uso
didático-pedagógico das TIC. Declararam que as oportunidades formativas a que
tiveram acesso no campo da informática dedicaram-se à demonstração técnica do
funcionamento de recursos tecnológicos específicos, não abordando a utilização das
TIC para a facilitação das relações de ensino e aprendizagem travadas em sala de
aula.
Com trinta anos de experiência como especialista em educação básica, o
Supervisor A, por exemplo, sintetiza seus conhecimentos tecnológicos
computacionais descrevendo o uso do Excel e do Word, dominados por iniciativa
própria para o desenvolvimento da parte burocrática do trabalho escolar. Quando
questionado sobre “de que maneira tem sido capacitado para orientar e acompanhar
os docentes no uso das TIC como ferramentas pedagógicas”, o profissional
respondeu:
61
Ainda não fomos. Tenho esperança ainda de ser, mas ainda não fomos. Teve aquele curso do Estado com a Universidade de Ouro Preto que começou, mas selecionou poucos profissionais. Aparentemente seria uma oportunidade para nos capacitar, mas foi restrito a poucas pessoas (SUPERVISOR A, 2018).
Com o menor tempo de experiência como especialistas em educação básica,
os Supervisores B e C também relataram não terem sido capacitados.
Eu nunca fiz nenhum curso de capacitação e se há algum tipo de orientação nesse sentido é baseado no meu conhecimento prévio sobre o assunto. Mas nunca participei nem pelo estado nem mesmo por outro meio de curso voltado para as tecnologias. Eu fiz esses cursos que todo mundo faz, mas não era voltado para uma formação continuada (SUPERVISOR B, 2018).
Infelizmente não ocorre esse tipo de capacitação. [...] em nenhum
dos dois cargos nunca passei por nenhuma capacitação específica para o uso das tecnologias (SUPERVISOR C, 2018).
É importante ressaltar, todavia, que em muitos relatos os profissionais
revelaram que, embora não se sintam capacitados para o uso pleno das TIC nas
práticas pedagógicas desenvolvidas no contexto das salas de aula, contrariamente,
em sua vida pessoal costumam utilizar esses recursos com frequência, inclusive
para a realização de pesquisas e para a elaboração de provas e materiais
expositivos. Apenas um professor, com experiência de 24 anos na docência,
declarou-se avesso às Tecnologias de Informação e Comunicação, mas, ainda
assim, admitiu que as utiliza em casa para a realização de pesquisas sobre as
questões que mais têm sido cobradas em provas de vestibular relacionadas à sua
disciplina.
Observa-se, então, uma relação discrepante entre a competência docente
para o uso pessoal ou individual das TIC e sua capacidade de aplicação destas
ferramentas em sala de aula. Infere-se que esta dissociação denuncia a
necessidade de que o professor e o supervisor não apenas conheçam as
ferramentas tecnológicas disponíveis, mas também estejam aptos a aproveitar
pedagogicamente as possibilidades informacionais e interativas que elas ensejam,
adequando-as as mais variadas situações de ensino-aprendizagem e às diferentes
realidades educacionais.
62
Sarti (2014) destaca a insegurança como uma de suas hipóteses sobre as
dificuldades do uso pedagógico das TIC. Para o autor, as formas tradicionais de
lecionar se sobrepõem às propostas de utilização das Tecnologias de Informação e
Comunicação, porque as primeiras tentativas de uso destes recursos são difíceis e o
professor, não tendo controle sobre a situação, pode desistir, receando uma
experiência negativa, seja pelo risco de alguma falha técnica ou pela possibilidade
de dispersão da atenção dos alunos.
É possível que essa insegurança nasça do fato de que os educadores
aprenderam a lidar com as TIC por suas experiências com o computador e o celular,
sem nenhuma consideração sobre o viés da aplicação destes no contexto do ensino.
Esse conhecimento não vinculado à formação abre brechas para o senso comum,
para ideias preconcebidas e não experimentadas. Em relação a essa construção mal
formulada Bachelard (2001, p. 18) é taxativo ao dizer que “[...] não se pode basear
nada na opinião: antes de tudo é preciso destruí-la. Ela é o primeiro obstáculo a ser
superado”. O trecho da entrevista transcrito a seguir exemplifica bem o poder dos
conceitos estabelecidos antes mesmo da experiência realizada. O Professor E
desqualifica o Laboratório de Informática e os equipamentos disponíveis na EEDAV,
mas quando questionado se já chegou a levar seus alunos para uma aula naquele
ambiente, nega.
Entrevistador: Quais dificuldades você identifica na utilização dos computadores do Laboratório de Informática e do wifi com o sinal aberto da biblioteca na EEDAV? Entrevistado: Em relação à sala de informática, eu vejo que os computadores são ultrapassados, os programas que tem lá são ultrapassados. Já em relação ao sinal de wifi, está normal, porque eu uso o telefone muito para fazer o diário digital, eu faço dentro da sala de aula, junto com os meninos. Quando o sinal não pega, eu uso a minha própria internet. Entrevistador: Você já chegou a utilizar o Laboratório de Informática da escola? Entrevistado: Não, nunca usei (PROFESSOR E, 2018).
Assim, entende-se que a expertise necessária para a aplicação pedagógica
das TIC não pode ser obtida de forma meramente teórica ou descolada do cotidiano
da sala de aula. Essa habilidade deve ser desenvolvida no âmbito da prática
docente e por meio do compartilhamento de experiências entre professores, no
contexto educacional da própria unidade de ensino.
63
As respostas às entrevistas realizadas demonstram que, em alguma medida,
o uso de aparatos tecnológicos pelos alunos tem sido oportunizado pelos
professores em sala de aula, mas ainda de maneira incipiente, como instrumento
para a realização de cópias, registros, ou para a exposição de conteúdos de maneira
mais ágil e ilustrativa. Neste contexto, o viés interacional das Tecnologias de
Informação e Comunicação segue sendo pouco explorado. O relato do Professor A
em resposta à pergunta “Qual é sua opinião sobre as discussões que têm
acontecido no campo educacional sobre o uso das TIC em sala de aula?” ilustra bem
a situação de subutilização do potencial educacional das Tecnologias de Informação
e Comunicação:
É muito debatido e pouco usado, inclusive o que mais é debatido é o celular. E de uma certa forma, ele pode ajudar muito, como ele pode prejudicar muito também. De vez em quando, até me auxilia, em algumas coisas, eu por exemplo, quando eu passo um exercício, eu chego, deixo tirar foto e o pessoal (alunos), resolve. Não me atrapalha, principalmente de manhã. Não me atrapalha em nada, é muito útil, utilizo demais, o celular para tirar foto, resolver os exercícios. Eu passo às vezes e tiro foto das resoluções, mais ou menos assim (PROFESSOR A, 2018).
Por outro lado, percebe-se que a consciência dessa situação de subutilização
existe entre os docentes entrevistados, o que se revela, por exemplo, nos
depoimentos dos Professores B e F em resposta a mesma questão da entrevista.
Eu acho que muito se fala e pouco se faz, a gente sabe que na era atual tem que ser utilizado muitas tecnologias, mas que precisa aplicar melhor essas tecnologias na sala, e a gente, infelizmente não tem aquele preparo que precisa, então acho que precisa de mais ação do que somente ficar na discussão (PROFESSOR B, 2018). É importante, a tecnologia não há como fugir dela. O problema é que as pessoas veem como um bicho papão, uma coisa de outro mundo. As tecnologias são úteis, os avanços tecnológicos não vão parar não (PROFESSOR F, 2018).
Mesmo os poucos docentes que relataram buscarem, em seu cotidiano,
extrapolarem a aplicação utilitária das TIC como aparatos de registro e mera
exposição de conteúdos em sala de aula, também confessaram que receiam a
dispersão da atenção dos alunos ao permitirem experiências interativas ou de
navegação na internet.
64
Isso a gente tem que ter um cuidado muito sério, para usar essas tecnologias relacionadas diretamente com a área de conhecimento que está sendo aplicado em sala de aula. Para não deixar uma amplitude maior, porque que a gente conhece os alunos e sabe que eles vão desviar o foco em relação aos temas que são trabalhados. A gente sempre utiliza o celular, dentro da disponibilidade, principalmente na área biológica, na área de pesquisa e atualização na parte de genética principalmente, na parte do descobrimento de determinadas espécies. Mas a gente tem um cuidado muito grande dentro da sala porque a gente sabe que os alunos não vão pesquisar só isso. Eles vão sair desse campo e pesquisar outros temas que não estão relacionados àquilo que a gente está trabalhando em sala de aula (PROFESSOR H, 2018).
Os próprios supervisores escolares (cujas atribuições são orientar,
acompanhar, implementar e avaliar os processos de ensino e aprendizagem para
que, quando necessário, intervenções pedagógicas sejam colocadas em prática para
que os alunos melhorem seu desempenho escolar) também se revelaram
conscientes da subutilização didático-pedagógica das TIC na EEDAV, sem, contudo,
reconhecerem-se capacitados para a proposição de medidas internas que
favoreçam a melhoria desse quadro.
[...] com o celular você tem acesso a tudo e individualmente num aparelho muito pequeno, que nem ocupa espaço. Você nem precisa sair de sala. Se cada aluno tiver o seu celular para você ministrar o conhecimento, fantástico! Fantástico! Só que nem nós sabemos como dar uma aula utilizando o celular. Porque a gente vai buscar o que? Só pesquisa. Você usa única e exclusivamente pra pesquisa. Se você tem que produzir, se você tem que interagir com aquele conhecimento e você vai buscar uma prática nele, esse passo já não é dado. Então você faz única e exclusivamente a pesquisa ou você vai mostrar lá e o aluno copiar. Essas são as nossas aulas (SUPERVISOR A, 2018).
Em relação aos últimos relatos, é válido refletir que as dificuldades
vivenciadas, possivelmente, tenham como origem a tentativa de aplicação de um
conhecimento não apropriado pedagogicamente pelo professor, o que acaba por
atrapalhar a consolidação de uma didática mais consistente, capaz de promover o
real envolvimento dos alunos em sala de aula.
Bachelard (2001) defende que o próprio docente estabelece obstáculos
pedagógicos ao ignorar conhecimentos adquiridos e construídos pelo aluno em sua
vida diária. Hoje em dia, o estudante já chega à escola trazendo conhecimentos em
65
TIC, adquiridos em seu dia a dia como resultado de sua interação com o meio em
que vive. Independentemente da escola, os alunos mantêm relações de interesse e
experiências de prazer e consumo voluntário com computadores, internet e celulares
que lhes foram apresentados desde cedo. Talvez falte aos docentes a compreensão
de como se dá a relação do aluno (nativo digital) com a tecnologia para que, partindo
do ponto de vista do discente, os professores possam traçar estratégias
educacionais mais atraentes, auxiliadas e potencializadas pelo uso pedagógico das
TIC.
Os excertos analisados até aqui estabelecem um perfil de formação e tempo
de atuação dos entrevistados que, embora não se sintam capacitados e seguros
para uso pedagógico das TIC em sala de aula, reconhecem as potencialidades das
Tecnologias de Informação e Comunicação na prática docente, ansiando por
oportunidades de desenvolvimento de habilidades que os permitam o uso desses
recursos no ensino. Foram identificados perfis de professores e supervisores
escolares interessados em usar as TIC, mas desprovidos do conhecimento técnico e
pedagógico necessário para empregá-las em situações de ensino e aprendizagem.
Nós nunca fomos produtores de conhecimento, nós somos filhotes da Ditadura, aprendemos a obedecer e a repetir. Então hoje, até as redes sociais que você sabe que você pode expor seu ponto de vista, nós não conseguimos porque nós não temos fundamento para aquele ponto de vista. Até numa defesa que eu for fazer, de um determinado assunto, eu tenho que ter o conhecimento para me apoiar. E nós reproduzimos, mandamos mensagem de bom dia, encaminhamos mensagens que a gente recebe e acha interessante e encaminhamos para o outro também conhecer, mas somente isso. [...] Porque nem nós mesmos sabemos, temos domínio disso aí. Então como eu vou ensinar o meu professor como ele vai utilizar as TIC para melhorar a aprendizagem dos seus alunos, se nós também não temos domínio. A informatização, a tecnologia demanda estudo e nós não temos esse estudo sobre. Como eu vou utilizar uma coisa se eu não sei nada sobre ela? (SUPERVISOR A, 2018).
Na seção seguinte, busca-se analisar a maneira como os profissionais
entrevistados percebem os desafios e as possibilidades de uso das Tecnologias de
Informação e Comunicação na EEDAV, considerando tanto fatores de influência
como os equipamentos e a estrutura física quanto o que se refere ao apoio
institucional para a aplicação dos recursos disponíveis.
66
Sendo assim, busca-se analisar a percepção dos entrevistados sobre os
desafios e as possibilidades de uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
na EEDAV.
2.4 Percepção dos entrevistados sobre os desafios e as possibilidades de uso
das TIC na EEDAV
Schuhmacher, Alves Filho e Schuhmacher (2017) ressaltam que, em
publicações brasileiras, são recorrentes os relatos que apontam a estrutura física
como o maior entrave da escola no que se refere ao uso pedagógico das TIC em
sala de aula. Contrariamente, na Escola Estadual Dona Antônia Valadares a
disponibilidade de equipamentos e a qualidade da conexão de internet não
despontaram como os fatores de maior influência em relação à parca aplicação
didática dos recursos tecnológicos.
Acho que recursos nós já temos bastante, o que precisa mesmo é a utilização. Talvez, um momento em que algum colega que já utiliza de maneira mais adequada, que ele possa expor como utiliza um aplicativo ou coisa assim. Eu acho que o que está faltando mesmo nem é a direção, é formação mesmo. A escola tem uma ótima estrutura (PROFESSOR G, 2018).
Ainda assim, alguns relatos apontaram problemas de infraestrutura que
desestimulam o uso do Laboratório de Informática pelos professores em suas
práticas cotidianas com os discentes. Entre essas deficiências enumeradas, os
docentes citaram o tamanho do Laboratório de Informática, percebido pelos
professores como um ambiente apertado e, de algum modo, incômodo; a ausência
de um responsável técnico que possa prestar algum suporte durante as aulas; e a
disponibilidade de apenas 20 computadores, sendo que as turmas são compostas
por cerca de 40 estudantes. Ainda que todos esses aspectos tenham sido apontados
pelos entrevistados, apenas um docente relatou já ter efetivamente levado alunos
para a realização de aulas com atividades de pesquisa no Laboratório de Informática
da escola. Todos os outros professores destacaram os problemas do ambiente sem
havê-lo experimentado como espaço de ensino-aprendizagem.
Entre os entrevistados, a razão apresentada de maneira mais recorrente para
a não utilização (ou para a subutilização) de recursos tecnológicos nas práticas
67
educacionais é a falta de capacitação dos docentes e supervisores da instituição. E
percebe-se, com base nas falas coletadas, que a sensação de despreparo
vivenciada pelos professores os inibe de empreenderem tentativas de atuação junto
aos discentes lançando mão de recursos sobre os quais os próprios alunos
costumam apresentar maior domínio e afinidade.
A gente usa às vezes um aplicativo de calculadora científica, às vezes alguma coisa quando estamos trabalhando estatística, dependendo do conteúdo, até que tem mais ferramenta, mas não uso muito não, sinceramente, eu uso pouco, até porque eu não tenho muita confiança de ir com aluno, com a sala inteira para a sala de informática, pois o aluno sabe mais que a gente, então eu tenho às vezes até essa insegurança de estar trabalhando com ele no laboratório de informática, por exemplo (PROFESSOR B, 2018).
O excerto acima coloca ênfase no que destaca Santos (2012), ao afirmar que
o emprego educacional das TIC pode desempenhar um papel importante na
mudança da postura do professor, especialmente no que se refere à substituição de
atitudes pedagógicas centradas no ensino por atitudes pedagógicas centradas na
aprendizagem. As TIC podem oportunizar a mudança de práticas educativas e
pedagógicas, uma vez que, elas impõem a necessidade de consideração dos
interesses e dos conhecimentos prévios dos alunos, e também porque elas,
obrigatoriamente, atualizam a informação, colocando, muitas vezes, fontes
contraditórias ou complementares em contato, estimulando o debate e facilitando a
socialização de saberes que, antes, eram tomados como estáticos.
Primeiro é adequar o planejamento das aulas. O que acontece: como o professor tem suporte no livro, o que eu percebo é que, muitas vezes, ele fica preso a isso. Por ser mais fácil, o livro trás um conteúdo fechado, “quadradinho”. Os recursos tecnológicos demandam mais conhecimento e o assunto trazido a partir dos conhecimentos tecnológicos é muito maior. Eu entendo que ele vai gerar muito mais polêmica por trazer sempre algo atual, exigindo que o professor esteja sempre atualizado, ele vai ter que fugir do livro, daquilo que alguém explicou pra ele, pra fomentar uma discussão dentro da sala de aula a partir do que acontece hoje no mundo, trazendo isso pra dentro da sala de aula (SUPERVISOR B, 2018).
Tem-se, assim, por parte dos educadores, uma visão dicotômica em relação à
aplicação educacional das TIC. Todos os entrevistados reconhecem os
computadores e celulares como instrumentos excelentes para a busca de
68
informações para uso pedagógico, mas também se percebe em seus depoimentos,
que as TIC os retiram da zona de conforto de uma pretensa detenção do
conhecimento e da centralidade do ensino. O receio da perda do controle dos alunos
aparece em seus depoimentos até mesmo no fato de considerarem as TIC como
oportunidades de distração e indisciplina dos alunos.
Acho que a gente tem que usar mesmo, mas dentro de uma sala de aula com quarenta alunos, você não tem controle se realmente está todo mundo dentro daquilo que foi especificado para eles fazerem. Porque a maioria das vezes que a gente vai lá para olhar, eles estão em outras páginas diferentes, outros sites, isso acontece demais (PROFESSOR E, 2018).
[...] A gente tem que trabalhar o tema que estamos atuando e tentar
vigiar o aluno para que ele trabalhe diretamente nesse foco (PROFESSOR H, 2018).
Na EEDAV, as regras institucionais, definidas com a participação da
comunidade escolar, permitem o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
pelos alunos, no contexto do espaço escolar, apenas para finalidades pedagógicas.
O que parece ainda pouco esclarecido na escola é a definição desses fins
pedagógicos - em quais situações o uso das TIC pode interessar às práticas
educacionais, quais os objetivos das atividades propostas com o uso das
tecnologias, e qual a importância do uso consciente e racionado desses
instrumentos.
Também é válido considerar que o uso pedagógico das TIC deve ser pensado
à luz das experiências, competências, habilidades e conteúdos a serem
desenvolvidos/vivenciados pelos alunos de acordo com o currículo de sua etapa de
ensino. Mudando-se os contextos de ensino-aprendizagem, certamente as regras de
uso das TIC também poderiam ser alteradas, ouvindo-se o ponto de vista dos alunos
e criando-se acordos para a definição das novas normas. Trata-se de uma estratégia
que poderia ser pensada pelos professores em conjunto com a supervisão e a
direção escolar para, então, converter-se em proposta de trabalho a ser apresentada
e desenvolvida com o corpo discente. Essa idealização, todavia, não condiz com a
realidade de uma unidade de ensino que, como a EEDAV, até 2017 não fazia
menção ao uso pedagógico das TIC no texto de seu Projeto Político Pedagógico.
69
Seja pela falta de capacitação técnica e pedagógica dos docentes e
supervisores da escola ou pela ausência de diretrizes que norteiem formalmente o
incremento da aplicação didática das TIC na EEDAV, nota-se, na unidade de ensino,
a inexistência de um consistente apoio institucional para o uso pedagógico desses
recursos, o que, segundo Schuhmacher, Alves Filho e Schuhmacher (2017),
constitui-se um contributo agravante à prática do docente que pretende adotar as
TIC mas não consegue fazê-lo adequadamente no cotidiano da sala de aula.
Nesse contexto em que recursos tecnológicos são disponibilizados, mas
reflexões sobre seu uso não são oportunizadas, os relatos colhidos nas entrevistas
deixam transparecer que o uso das TIC na EEDAV vem se limitando a práticas
pedagógicas em que as tecnologias empregadas colocam o aluno como espectador
ou reprodutor de algum conteúdo, seja por meio da exibição de vídeos ou da
projeção de slides com esquemas e textos a serem copiados a mão ou fotografados
pelos alunos com o uso do celular. À exceção de um único docente, que relatou
utilizar o Laboratório de Informática com os estudantes para estimulá-los à
realização de pesquisas na escola, os demais professores se limitaram a descrever
práticas de reprodução, em que o uso das TIC nada agrega ao assunto tratado ou à
experiência vivenciada em sala de aula.
Eles (professores) querem utilizar (as TIC), mas é somente como transposição e não uma contextualização, uma adequação de conteúdo (SUPERVISOR C, 2018). Eu utilizo como ferramenta de busca, é claro que eu vou preparar meu conteúdo, a minha fala, mas é bom, por exemplo, que tenha alguma ilustração daquilo que eu quero passar para o aluno, por exemplo, uma peça, um áudio, alguma coisa interessante ou mesmo o direcionamento da minha aula, um slide ou coisa assim, é assim que eu utilizo (PROFESSOR G, 2018). A gente percebe que há alguns professores que demonstram, que relatam mesmo que não têm essa condição (de uso das TIC), que não têm esse conhecimento e até mesmo que o acesso a isso é difícil, mesmo tendo o Laboratório dentro da escola, mesmo a escola oferecendo a internet, o próprio meio, eles ainda apresentam dificuldade, até mesmo no uso de um data show, a gente vê que eles ainda não conseguem, ainda não é uma coisa da vivência deles não (SUPERVISOR B, 2018).
Mesmo havendo entre os supervisores escolares a consciência da
subutilização pedagógica dos recursos tecnológicos na EEDAV, verifica-se nos
70
relatos dos entrevistados que o uso educacional das TIC não é abordado nas
reuniões de acompanhamento pedagógico, realizando-se menções esporádicas
apenas em relação ao lançamento de notas no diário digital - prática de cunho
burocrático e que diz respeito apenas aos professores, sem qualquer envolvimento
dos estudantes.
Olha, acho que a única coisa que a gente tem aqui na escola, da supervisão com a tecnologia é na hora do nosso diário porque agora o estado disponibilizou o diário online, somente nesse aspecto, acredito (PROFESSOR D, 2018). Na verdade, a gente busca muito a ajuda de alguns professores que já são mais desenvolvidos nessas tecnologias para nos ajudar no nosso trabalho cotidiano, enquanto professor. Então a gente pede essa ajuda, essa orientação. Como nós vamos lidar com o diário digital? Tem alguns colegas, que já têm domínio maior, que vem passando para a gente como devemos proceder, o que devemos fazer e assim nós vamos aprendendo (SUPERVISOR A, 2018).
Segundo os educadores ouvidos, a abordagem do uso das TIC nas
dependências da EEDAV também acontece nas reuniões de Conselho de Classe.
Contudo, o assunto comumente aparece associado a alguma ocorrência de
indisciplina ou dificuldade enfrentada em sala de aula.
Quando se fala em uso de tecnologias, na maioria das vezes que a gente trata numa reunião, é por causa de um problema, que o aluno está usando de forma indevida, ou que ele está envolvido numa rede social, denegrindo a imagem de alguém, ou porque ele está usando o celular pra redes sociais em horário inapropriado. [...] infelizmente, as vezes o aluno está ali mexendo no celular e o professor está pensando que ele está utilizando pro fim pedagógico e ele está numa rede social, então tem que ter o uso mas com consciência, com responsabilidade (PROFESSOR B, 2018). A gente conscientiza porque ainda enfrentamos problemas com o uso inadequado [das TIC] (SUPERVISOR C, 2018). [...] no Conselho de Classe relatamos muito o aluno que só fica querendo mexer no celular, desinteressa totalmente pelas aulas e só preocupa com redes sociais (PROFESSOR A, 2018).
Em um contexto em que os relatos dos docentes parecem retratar a sala de
aula como um ambiente em que o professor e os aparelhos de celular competem
entre si pela atenção dos discentes, faz-se necessária a instalação de um espaço
71
reflexivo que busque construir estratégias educacionais capazes de converter a
afeição dos estudantes pelas tecnologias em favor dos processos de aprendizagem.
O fundamental é que o uso de recursos tecnológicos contribua para tornar mais
significativa uma atividade ou o trabalho sobre um tema. Contudo, é essencial que a
escola abra espaços de diálogo e seus profissionais estejam preparados para
discutir quais recursos tecnológicos podem ser aplicados ao desenvolvimento de
cada intencionalidade pedagógica, de acordo com a necessidade do tema e com o
momento de cada grupo de alunos.
Todavia, para que esse ambiente de aproveitamento educacional das TIC se
construa na escola, é consenso entre os entrevistados a necessidade de que um
esforço de formação docente seja colocado em prática pela rede de ensino, um
programa de formação estruturado de forma a favorecer o desenvolvimento de um
saber e de um fazer pedagógico facilitado pelas TIC. Prado (2005) destaca que o
professor foi preparado para ensinar com base em princípios educacionais pautados
na reprodução e na segmentação do conhecimento. Então, não basta que o
professor tenha acesso às concepções educacionais inovadoras que perpassam o
uso pedagógico das TIC. É preciso favorecer que esse profissional consiga
ressignificar sua prática pedagógica, voltada para a articulação das áreas do
conhecimento e da tecnologia. O excerto a seguir demonstra que a preocupação dos
professores não está apenas do domínio técnico dos recursos, mas, principalmente,
na necessidade do desenvolvimento de projetos agregadores a partir do uso
tecnológico.
O maior desafio é como chegar ao aluno, como utilizar o conteúdo de forma que seja atrativo ao aluno. Porque, por exemplo, ele tem um mundo de aplicativos que chega até ele, não direcionados pedagogicamente. Então como fazer o meu conteúdo ser atrativo para o aluno. [...]outras coisas estão ali (no celular) mais atrativas do que a proposta do próprio professor. Então, essa condução, eu acho que nós estamos precisando de formação quanto a isso, quanto a essa utilização (PROFESSOR G, 2018).
Problemas de infraestrutura, falta de capacitação dos professores e a
ausência de integração da tecnologia com a visão pedagógica da escola são
desafios que permeiam o ambiente educacional da EEDAV. Tais pontos podem ser
mapeados nos relatos dos entrevistados e percebe-se que são fatores que
contribuem para uma situação de acomodação dos educadores envolvidos, que
72
parecem habituados a classificar os recursos da escola como insuficientes (mesmo
sem demandarem com frequência o uso dos espaços e equipamentos disponíveis),
e reclamam da falta de capacitações sobre o assunto, ainda que não demonstrem a
realização de esforços pessoais em favor da busca de informações sobre o uso das
TIC na educação. A seguir busca-se analisar a percepção dos docentes e
supervisores escolares acerca de possíveis medidas de aprimoramento do uso
pedagógico das TIC na EEDAV.
2.5 Visão dos professores e supervisores acerca de possíveis medidas de
aprimoramento do uso pedagógico das TIC na EEDAV
A incorporação pedagógica das TIC passa pelo entendimento de que as TIC
já não estão mais restritas aos Laboratórios de Informática. Elas fazem parte do
cotidiano dos alunos e têm provocado mudanças na forma como os indivíduos se
comunicam, aprendem e se relacionam.
Os docentes e supervisores pedagógicos da EEDAV estão conscientes de
que as transformações nas formas de aprendizagem dos estudantes trazem consigo
a necessidade de que haja mudanças na maneira de ensinar dos educadores
(POZO, 2004).
Eu acho que ele (o aluno) necessita de mais estímulo. Porque no meu tempo, o livro era um estímulo. Porque a gente não tinha acesso a outras coisas, aos audiovisuais de hoje, a tanta tecnologia, então o livro já nos satisfazia. Hoje não. Hoje ele quer muito mais que isso pra se manter em foco. Para ele prestar atenção, precisa mais que um livro (SUPERVISOR A, 2018). [...] a forma deles (alunos) aprenderem é totalmente diferente da minha geração. A tecnologia pra eles é algo que faz parte da vivência deles. É uma geração que já está aprendendo a ser tecnológica. Até a forma de eles aprenderem, reterem o conhecimento é muito diferente. Eu acredito que até a quantidade de informações que eles têm é muito maior por causa dessa tecnologia. Então, muitas vezes, o que a gente está ensinando para ele, ele está além devido ao acesso que eles têm a esse mundo virtual, que é muito diferente da minha geração (SUPERVISOR B, 2018). Acredito que a maior parte dos professores da rede pública, e até mesmo da particular, ainda têm pouco acesso a esses recursos (TIC). Grande parte do corpo docente não os utiliza, ainda usa muito livros, muito pouco a internet, data show e os slides são muito pouco utilizados, ainda permanece o Quadro negro, o tal do cuspe e giz, eu
73
acredito ainda. [...] nossos alunos hoje nascem com o celular nas mãos, o computador na mão, o tablet, então os professores vão ter que se adaptar a essas novas tecnologias (PROFESSOR D, 2018).
A adaptação dos docentes a essa nova realidade exige um perfil profissional
diferenciado, no qual a capacidade reflexiva é fundamental para o exercício de
repensar o fazer pedagógico. Trata-se de um novo caminho a ser percorrido, no qual
o professor deve estar aberto ao aprimoramento de suas habilidades no sentido de,
cada vez mais, deixar de ser o fornecedor da informação para assumir-se como
facilitador do processo de aprendizagem do aluno.
Esse caminho de mudança, todavia, exige algo que não parece tão presente
nos relatos dos entrevistados. Todos os professores e supervisores ouvidos
mencionaram reiteradas vezes a necessidade de que sejam capacitados pela rede
de ensino para o uso pedagógico das TIC. Os relatos feitos, contudo, transmitem a
impressão de que o que se almeja é que esse percurso formativo aconteça como
algo que os professores têm que, passivamente, receber - o que, na verdade, não se
aplica a um processo de mudança de concepções e transformação de atitudes. A
verdadeira articulação do conhecimento técnico das TIC com sua aplicação didático-
pedagógica no contexto curricular da educação básica exige reconstrução da prática
docente, demandando dos educadores vivência reflexiva e visão crítica que
possibilite a adoção de novos referenciais e concepções.
Várias foram as medidas institucionais sugeridas pelos professores e
supervisores escolares no sentido de aprimoramento do uso pedagógico das TIC na
EEDAV. O investimento da rede de ensino na formação do corpo docente é a
providência mais apontada como necessária. A disponibilização de uma melhor
estrutura física, com equipamentos e sinal de internet mais eficientes também foi
mencionada. Alguns entrevistados chegaram a sugerir alterações no PPP da escola
e a realização de rodas de conversa que oportunizem a socialização de informações
entre os professores da escola acerca do uso pedagógico das TIC. Percebe-se que,
em todas as sugestões dadas, os educadores se colocaram como se coubesse,
fundamentalmente, à gestão da escola e à rede de ensino conduzi-los no processo
de mudança que possibilitaria o incremento do uso pedagógico das TIC, deixando de
mencionar o fato de que, para que essa transformação educacional realmente
ocorra, os próprios educadores devem assumir postura ativa, reflexiva e revisionista
em relação às suas próprias práticas em sala de aula.
74
É possível que essa visão manifestada nos relatos seja reflexo do modo de
operação das políticas públicas implementadas no campo educacional em relação
às TIC. Leite e Ribeiro (2012) destacam que, no Brasil, o desenvolvimento da
conectividade (infraestrutura e equipamentos) foi privilegiado em detrimento da
promoção de discussões sobre a participação ativa, o desenvolvimento de
habilidades, a alfabetização digital dos educadores e dos cidadãos como um todo. O
provimento técnico sem capacitação de pessoal tornou difícil para, inclusive,
mensurar o impacto efetivo que as TIC produzem nos resultados educacionais.
Assim, sem conhecimento objetivo da influência das TIC na aprendizagem, a
formulação de políticas públicas que favoreçam a inclusão das TIC na formação
inicial e continuada dos educadores não alcançou prioridade.
Por outro lado, inseridos em um contexto em que percebem as alterações no
modo de aprender dos alunos, identificam a influência das tecnologias digitais sobre
os discentes, e se sentem inseguros em relação ao uso pedagógico desses
instrumentos, os professores tendem a creditar a falta de capacitações que
contemplem o assunto a certo descaso das instâncias de governo.
Deveria ter primeiramente boa vontade do Governo, de promover capacitação para o professor, dele ter fora do horário de trabalho, um tempo de aprendizado. Eu acho que isso deveria ser obrigatório. Você vai ser obrigado a ter conhecimento das tecnologias e começar a utilizar. Como se faz num mestrado: você não precisa pesquisar? Você não precisa ir a campo? (SUPERVISOR A, 2018). Infelizmente a parte da direção vai depender da parte superintendência também, pois é justamente o que: disponibilizar cursos para termos um aperfeiçoamento maior, bem como um professor de informática para facilitar esse desenvolvimento dentro da escola (PROFESSOR H, 2018).
É válido refletir, contudo, que ao mesmo tempo em que as mudanças
pedagógicas costumam ser difíceis de serem assimiladas e demandam um processo
de construção e reconstrução de saberes teóricos e práticos, os avanços
tecnológicos são rápidos e atingem as gerações mais jovens de maneira
praticamente instantânea, provocando um grande descompasso.
Deste modo, é razoável inferir que mesmo que a Rede Estadual de Ensino
concretize um amplo esforço de capacitação docente, ele não se sustentaria se os
próprios educadores não se mantivessem em situação de constante esforço pessoal
75
em favor de um processo de atualização para o uso pedagógico das TIC. Essa
constatação esbarra, ainda, em outros entraves estruturais da educação brasileira: é
comum que os docentes se desdobrem em dois ou três turnos de trabalho,
cumprindo cargas horárias que não comportam intervalos de tempo suficientes para
o planejamento e a elaboração de atividades que extrapolem a forma tradicional de
lecionar; além disso, a grande rotatividade de professores nas escolas públicas
impede que os projetos tenham continuidade: basicamente, no cotidiano, na escola,
a gente não tem um tipo de disponibilidade nem de tempo, nem de preparação para
utilizar essas tecnologias com os alunos (PROFESSOR H, 2018).
O fato é que a apropriação e a incorporação de novas práticas pedagógicas
demandam um esforço adicional do docente. Mesmo que haja domínio do professor
sobre as tecnologias existentes, que a formação inicial docente contemple o uso
pedagógico das TIC, que a escola tenha uma boa estrutura física e material e que a
rede de ensino invista em capacitação, é preciso que o professor se mantenha
motivado a aprender e a inovar em sua prática pedagógica.
Do ponto de vista institucional, a sugestão levantada pelos entrevistados no
sentido de alteração do PPP da escola é importante, porque propõe que o uso
pedagógico das TIC seja abordado no documento que norteia a atuação da escola,
direcionando o planejamento de suas ações com vistas à oferta de um ensino de
qualidade. Ademais, o PPP deve ser, necessariamente, elaborado de maneira
coletiva, o que significa que incorporar o uso pedagógico das TIC ao seu texto
demandaria um processo de discussão da comunidade escolar sobre o assunto,
legitimando democraticamente as diretrizes adotadas para a aplicação dessas
tecnologias na unidade de ensino.
Entende-se que a gestão democrática tem seus conceitos baseados no
compartilhamento de decisões. Deve ser propiciada pelo diálogo, pela alteridade e
ter como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade e
equipe escolar. Caracteriza-se por privilegiar a partilha de poder, a transparência e a
corresponsabilidade, tendo em vista a necessidade de vincular ações pedagógicas,
administrativas e políticas da unidade escolar visando à oferta de uma educação de
qualidade (LUIZ; SILVA; GOMES, 2010).
Do mesmo modo, Brito e Carnielli (2011) afirmam que a gestão participativa
associa-se ao fortalecimento da democratização das questões pedagógicas a partir
do momento em que todos aqueles que são afetados pelo processo educacional
76
passam a ser reconhecidos como partes legítimas para interferir na construção do
projeto educacional.
Na prática, o Projeto Político Pedagógico deve refletir a organização
administrativa e pedagógica, seu planejamento e estratégias adotadas para que a
missão de escolarizar seja adequadamente desempenhada. Assim, não se trata
apenas de mencionar as TIC no PPP da unidade de ensino, mas de promover uma
reflexão sistemática acerca de seus objetivos, de suas técnicas e de como tais
recursos podem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem em cada
conteúdo curricular. Essa abordagem vai além de usar as TIC na escola apenas
como ferramentas. É preciso que a escola prepare docentes e discentes para
lançarem mão TIC como linguagem essencial para o acesso, para a socialização,
para a disseminação e para a produção de conhecimentos no mundo
contemporâneo.
Pensando, ainda, na promoção de discussões sobre o uso didático das
tecnologias digitais, a sugestão de realização de rodas de conversa que oportunizem
a socialização de informações entre os professores da unidade de ensino é outra
medida que pode ser profícua no incremento do uso pedagógico das TIC na EEDAV.
Eu acho que ainda é pouco abordado. Nós percebemos que há colegas que estão mais adiantados no uso, outros tem mais dificuldades, mas não é bem debatido e nem procurado solucionar porque até então não é oferecido formação. (PROFESSOR G, 2018). Começar o debate, fazer uma reunião, um roda de conversa para discutir isso. Porque sempre se coloca que a lei proíbe, como discutir uma lei que proíbe? Mas no ambiente da escola ele é usado, olha que contraditório. Você vai proibir, você vai fazer com que eles deixem de utilizar, então acho que precisa discutir isso na escola. As tecnologias vão evoluindo e a gente nem começa a discutir. (PROFESSOR F, 2018).
A promoção de rodas de conversa na escola pode se constituir uma
oportunidade de formação continuada em serviço na medida que a troca de
informações, o compartilhamento de opiniões e a exposição de desabafos e
preocupações pode oportunizar a ressignificação de experiências, transformando
ideias preconcebidas em outras maneiras de enxergar uma realidade. Conversando
entre si sobre as possibilidades do uso pedagógico das TIC, professores da EEDAV
teriam a seu favor a vantagem de estarem dialogando no mesmo espaço em que
trabalham, dotados da vivência de um ambiente educacional que conhecem bem e
77
compartilhando informações com pessoas que estão habituadas ao mesmo corpo
discente e, de maneira semelhante, enfrentam os mesmos desafios estruturais e de
relacionamento.
No contexto da roda de conversa, o diálogo é um momento de partilha, uma
vez que, pressupõe os exercícios de escuta e de fala. As colocações de cada
participante são construídas a partir da interação com o outro, favorecendo a
compreensão de um tema em maior profundidade por meio da exposição de ideias,
da argumentação e da realização de ponderações. Ainda que a ideia apresentada
pelos entrevistados diga respeito apenas à troca de experiências entre os docentes
no que se refere à aplicação educacional das TIC, seria igualmente interessante se
rodas de conversa também fossem promovidas com a participação dos alunos,
envolvendo-os no diálogo sobre o uso dos recursos tecnológicos na escola, tanto no
que se refere à utilização didático-pedagógica, quanto em relação à definição de
regras sobre o uso dos aparelhos: “Primeiro eu entendo que é fazer um trabalho de
conscientização do aluno para o uso do celular, principalmente porque é o meio que
temos direto com eles, posteriormente com os próprios professores” (SUPERVISOR
B, 2018).
É mais fácil obter a adesão dos alunos a algum propósito quando eles
participam da elaboração das regras que regem determinada questão. É necessário
deixar clara a finalidade e o momento de fazer uso das TIC na escola para que os
alunos tenham consciência de quando e como utilizá-las. Além disso, é fundamental
que os professores, junto com a supervisão pedagógica da escola, elaborem
propostas educacionais claras, utilizando ferramentas assertivas que engajem
verdadeiramente os alunos.
O fato é que as TIC têm ditado um novo cenário para as relações como um
todo, afetando, consequentemente, as salas de aula. Muitas são as expectativas de
aprendizagem por meio das ferramentas e linguagens tecnológicas que têm surgido
contemporaneamente. Para fazer frente a elas, é preciso pensar na mudança de
paradigmas da educação à luz das novas demandas dos alunos e sob a ótica do
educador, agente crucial neste processo de transformação.
Diante do exposto, no Capítulo seguinte, apresenta-se um plano de ação por
meio do qual são propostas algumas estratégias de aprimoramento da situação
gerencial diagnosticada.
78
3 PLANO DE INTERVENÇÃO
Diante do exposto acerca do caso de gestão descrito no primeiro Capítulo
desta dissertação e dos dados coletados e analisados ao longo do desenvolvimento
do segundo Capítulo, verifica-se que, na EEDAV, os recursos tecnológicos digitais
não são plenamente utilizados nas práticas didático-pedagógicas. As razões para
tanto, reveladas pelos docentes e supervisores escolares por meio das respostas
dadas às entrevistas com roteiros semiestruturados, são: i) deficiências na formação
inicial dos professores; ii) falta de investimento da rede de ensino na capacitação
dos docentes e supervisores escolares; iii) falhas de infraestrutura e equipamentos;
além de iv) desmotivação para a aplicação didática das TIC..
Todos os fatores anteriormente elencados contribuem para a subutilização
pedagógica dos recursos tecnológicos digitais disponíveis na EEDAV. Tendo em
vista que o desenvolvimento deste trabalho acadêmico tem como intenção primordial
a melhoria da situação gerencial estudada, apresenta-se o Plano de Ação
Educacional, elaborado a partir de dois eixos principais: i) aprimoramento da
formação técnica e pedagógica dos professores e supervisores escolares para o uso
didático das TIC; e ii) reformulação do PPP da EEDAV, agregando a ele atividades
interdisciplinares que incluam o uso pedagógico das TIC.
O incremento da formação técnica e pedagógica dos professores e
supervisores escolares da EEDAV foi pensado como um conjunto de ações que
deveriam ser iniciadas antes de qualquer outra providência. Isso porque, havendo
que se pensar a mudança do Projeto Político Pedagógico no contexto de um
processo democrático escolar, é importante que os atores envolvidos se preparem
conceitualmente para a definição do que seria o uso pedagógico das TIC na EEDAV.
O Quadro 9, a seguir, apresenta de que maneira os eixos do PAE proposto se
relacionam aos principais problemas identificados a partir dos dados coletados e
analisados ao longo deste trabalho acadêmico.
Quadro 9 – Eixos do PAE versus problemas identificados
Eixos de intervenção do PAE Problemas identificados
i) Aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos professores e supervisores escolares para o uso didático das TIC
i) Deficiências na formação inicial dos professores; ii)Falta de investimento da rede de
(Continua)
79
ensino na capacitação dos docentes e supervisores escolares. iv) Desmotivação para a aplicação didática das Tecnologias de Informação e Comunicação.
ii) Reformulação do Projeto Político Pedagógico da EEDAV, agregando ao mesmo atividades interdisciplinares que incluam o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação
iii) Falhas de infraestrutura e equipamentos; iv) Desmotivação para a aplicação didática das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Ressalta-se que o PAE elucidado nas seções seguintes compõe-se de
medidas que podem ser consideradas exequíveis no âmbito da gestão interna da
EEDAV. É certo que o incremento de políticas públicas estaduais acerca do uso
educacional das TIC poderia favorecer muito o aprimoramento das práticas
pedagógicas empreendidas com a utilização dos recursos tecnológicos. Contudo, o
PAE aqui descrito se atém apenas à descrição de ações que podem ser colocadas
em prática pela direção, em conjunto com a comunidade escolar, da EEDAV.
3.1 O PAE
As ações propostas foram planejadas com o intento de envolver a atuação da
direção escolar, dos supervisores, docentes e alunos da EEDAV, além de analistas
educacionais do Setor Pedagógico da Superintendência Regional de Ensino e
técnicos do NTE da SRE Divinópolis.
Com o objetivo de nortear a concretização das intervenções propostas, o PAE
foi elaborado utilizando-se o instrumento de gestão 5W2H, que é amplamente
encontrado na literatura como ferramenta auxiliar para o desenvolvimento de
projetos (PACHECO et al, 2009). Seu nome deriva das iniciais das sete palavras
inglesas usadas como diretrizes desta técnica: What (o quê?), Why (por quê?),
Where (onde?), Who (quem?), When (quando?), How (como?) e How much (quanto
custa?).
O 5W2H serve para organizar uma lista de atividades específicas que devem
ser desenvolvidas com o máximo de objetividade e eficiência por todos os
envolvidos em um plano de ação. Assim, as respostas dadas às sete perguntas
constituem um esquema de atividades que devem nortear a execução de um
determinado projeto. Seguindo as ações estabelecidas por meio do 5W2H torna-se
(Conclusão)
80
mais fácil controlar, avaliar e replanejar, sempre que necessário, a condução dos
projetos em face dos resultados que poderão ser gradativamente obtidos. A seguir,
apresenta-se, de forma mais detalhada, a proposta de intervenção estruturada sobre
cada eixo do PAE.
3.1.1 Aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos professores e
supervisores escolares para o uso didático das TIC
A análise dos dados coletados evidenciou a necessidade de formação técnica
e pedagógica dos professores e supervisores escolares da EEDAV. Sobre a
formação técnica ligada às TIC cabe aqui apontar a necessidade de que o professor
saiba programar adequadamente o uso dos recursos tecnológicos, conheça seu
funcionamento, suas potencialidades e limitações. Isso impede que o método de
ensino seja simplesmente ditado pelo recurso escolhido. Na mesma medida, é
essencial que a formação pedagógica se realize de maneira reflexiva e associada à
aprendizagem técnica da aplicação das TIC, permitindo que o professor se prepare
para incorporar um novo modelo didático-metodológico, que utilize as TIC como
instrumento educacional e não como repetição do trabalho de sala de aula por meio
de práticas que subutilizem o potencial educacional dessas novas ferramentas.
A proposta de formação técnica aliada à formação pedagógica dos
professores baseia-se na compreensão de que a capacitação docente deve prover
condições para que se construa conhecimento sobre as técnicas computacionais e
se entenda por que e como é possível integrar o computador à prática pedagógica.
Esse tipo de formação possibilita a instrumentalização do professor para que ele
faça a transição de um sistema fragmentado de ensino para uma abordagem
integradora de conteúdo e voltada para a resolução de problemas específicos do
interesse de cada estudante.
Buscando solucionar esta situação de deficiência, a direção da escola deve
procurar apoio junto à SRE Divinópolis para a realização de capacitações que
busquem agregar tanto conhecimento técnico quanto pedagógico aos docentes no
que se refere à introdução das TIC nas práticas educacionais.
Ressalta-se que, neste processo, os conhecimentos técnicos e as habilidades
pedagógicas devem ser apresentados e debatidos de maneira associada. Não se
trata de ensinar aos docentes e supervisores sobre o funcionamento dos
81
computadores ou o uso de editores de texto e planilhas de maneira
descontextualizada do cotidiano das práticas de sala de aula. Trata-se de
instrumentalizar o corpo docente apresentando possibilidades de enriquecimento da
aprendizagem oferecidas por meio do uso da internet; de tutoriais; aplicativos;
programas de programação; jogos e simuladores. Para tanto, a direção da escola
deve solicitar que os primeiros momentos formativos contem com a participação
ativa de técnicos do NTE e analistas do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis.
A inclusão do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis neste processo se deve,
principalmente, à intensificação da atuação, em 2018, da Escola de Formação da
Secretaria de Estado de Educação, a qual tem disponibilizado oportunidades de
capacitação de docentes e gestores escolares em diversas áreas, dentre elas, o uso
educacional das TIC. Tais cursos são realizados na modalidade semipresencial, com
a tutoria de analistas do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis. Sabe-se que, para a
operacionalização do funcionamento da Escola de Formação nas SRE, a SEE/MG
tem investido na formação dos tutores (analistas do Setor Pedagógico), profissionais
estes que poderiam colaborar, em conjunto com o NTE, para a capacitação dos
professores e especialistas da EEDAV, desde que o gestor da escola solicite
formalmente esse auxílio.
Como exemplo, analistas do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis estão
sendo preparados pela SEE/MG para prestarem tutoria no curso “O telefone celular:
múltiplas possibilidades pedagógicas na prática docente”, com oferta prevista para o
primeiro semestre de 2019 via plataforma
http://escoladeformacao.educacao.mg.gov.br/. Sabe-se que as inscrições para o
curso são muito restritas, considerando-se a quantidade de professores da rede.
Contudo, além de incentivar seus professores a se inscreverem para participação
nesta formação, a gestão escolar pode solicitar formalmente junto à SRE auxílio
destes analistas educacionais/tutores para que atuem nas reuniões de atividades
extraclasse da EEDAV, contando com o trabalho conjunto de técnicos do NTE.
Para a realização desses encontros formativos, a direção e os supervisores
pedagógicos da EEDAV devem estabelecer que, pelo menos, duas horas
quinzenais, em cada turno, das atividades docentes extraclasse devem ser
destinadas à abordagem do uso pedagógico das TIC.
O Quadro 10, a seguir, descreve ações que poderiam ser implementadas,
com o auxílio da SRE Divinópolis, na EEDAV nos primeiros três meses do ciclo de
82
capacitação continuada para incremento da formação técnica e pedagógica dos
professores e supervisores da unidade de ensino. Com o intuito de promover a
aprendizagem prática dos assuntos abordados, as capacitações devem realizar-se
no Laboratório de Informática da EEDAV. Tendo em vista a disponibilidade de
apenas 20 computadores no Laboratório, pode-se solicitar que os professores levem
seus notebooks para a capacitação.
Quadro 10 – Aprimoramento da formação técnica e pedagógica dos
professores e supervisores escolares para o uso didático das TIC
O quê? Capacitação continuada de professores e supervisores escolares para o uso pedagógico das TIC.
Por quê? Para aprimorar o uso de tecnologias digitais nas práticas de ensino e aprendizagem.
Onde? Laboratório de Informática da EEDAV, ou outra sala da escola em que todos os docentes participantes possam fazer uso de seus notebooks e/ou celulares.
Quem? Técnicos do NTE e analistas do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis, direção e equipe pedagógica da EEDAV.
Quando? Fevereiro a abril de 2019.
Como?
De fevereiro a abril de 2019, técnicos do NTE e analistas do Setor Pedagógico da SRE Divinópolis participam das reuniões formativas (2 horas quinzenais) na EEDAV. As propostas curriculares devem ser: possibilidades de enriquecimento da aprendizagem oferecidas por meio do uso da internet; de tutoriais; aplicativos; programas de programação; jogos e simuladores; bem como as múltiplas possibilidades pedagógicas na prática docente com o uso do telefone celular.
Quanto custa?
Não há custo financeiro, apenas investimento de tempo dos recursos humanos envolvidos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Uma vez iniciado o processo de formação, com o auxílio de profissionais da
SRE Divinópolis, as reuniões de capacitação devem ter continuidade nos meses
seguintes, desta vez, com a realização de rodas de conversa nas quais os
supervisores escolares devem dividir os docentes em grupos de trabalho para a
apresentação de práticas exitosas de aplicação pedagógica das TIC. As práticas
apresentadas poderão ser experiências vivenciadas pelos próprios educadores e/ou
ações descritas em literatura sobre o tema.
As práticas exitosas apresentadas no segundo Capítulo desta dissertação, por
exemplo, podem ser utilizadas como material de debate nos encontros formativos,
uma vez que suas ações contribuem para a mudança de paradigmas do ensino,
utilizando a informática como um instrumento de interação com o educando e não
como ferramenta de mera substituição do modo de reproduzir o conteúdo das aulas.
83
A ideia é que a apresentação de práticas exitosas ajude os professores a refletirem
sobre o fato de que o que define a atuação de uma escola quanto ao uso das TIC é
o uso que ela faz das tecnologias que dispõe, e se essa utilização está integrada
aos interesses educacionais ou se são substitutos do papel, caneta e caderno.
Neste sentido, o Quadro 11, a seguir, apresenta ações que têm como objetivo
dar sequência às capacitações iniciadas com a participação da SRE Divinópolis na
EEDAV, dando voz aos docentes e supervisores, mas, ao mesmo tempo, buscando
levá-los a refletir sobre a natureza do uso pedagógico das TIC.
Quadro 11 – Continuidade do processo de aprimoramento da formação técnica
e pedagógica dos professores e supervisores escolares para o uso didático
das TIC
O quê? Rodas de conversa com professores e supervisores escolares sobre o uso pedagógico das TIC.
Por quê? Para socializar conhecimentos com o objetivo de aprimorar o uso de tecnologias digitais nas práticas de ensino e aprendizagem.
Onde? EEDAV.
Quem? Direção e equipe pedagógica da EEDAV.
Quando? Maio a julho de 2019.
Como?
De maio a julho, 2 horas quinzenais de atividades extraclasse serão dedicadas, na EEDAV, à realização de rodas de conversa sobre o uso pedagógico das TIC. Os professores e supervisores envolvidos deverão apresentar experiências exitosas vivenciadas pelos próprios educadores e/ou ações descritas em literatura sobre o tema.
Quanto custa?
Não há custo financeiro, apenas investimento de tempo dos recursos humanos envolvidos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Dando sequência aos seis meses de encontros formativos descritos
anteriormente, a metodologia de trabalho nas reuniões de capacitação deve ser
mantida nos moldes da roda de conversa, mas, desta vez, com dois objetivos
distintos: i) discutir quais, dentre a práticas exitosas e metodologias apresentadas
poderiam ser adaptadas aos recursos disponíveis no contexto pedagógico e
institucional da EEDAV; ii) definir institucionalmente o que seria o uso pedagógico
das TIC na EEDAV.
Assim, o Quadro 12, a seguir apresenta ações que têm como objetivo debater
com a comunidade escolar (professores, pais e alunos) a proposta de definição
institucional do que seria o uso pedagógico das TIC na EEDAV, buscando chegar à
84
formulação de consensos que possibilitem a alteração do Projeto Político
Pedagógico da unidade de ensino.
Quadro 12 – Definição conceitual do uso pedagógico das TIC na EEDAV
O quê? Definição, em rodas de conversa com professores e supervisores escolares, do que seria o uso pedagógico das TIC na EEDAV.
Por quê?
Para favorecer o processo de institucionalização do uso pedagógico das TIC na EEDAV, construindo com a participação da comunidade escolar a proposta de como se daria o uso de tecnologias digitais nas práticas de ensino e aprendizagem da unidade de ensino.
Onde? EEDAV.
Quem? Direção e equipe pedagógica da EEDAV.
Quando? Agosto e setembro de 2019.
Como?
De agosto a setembro, as quatro reuniões formativas (2 horas quinzenais de atividades extraclasse) serão dedicadas, na EEDAV, à realização de rodas de conversa sobre quais, dentre a práticas exitosas e metodologias apresentadas poderiam ser adaptadas aos recursos disponíveis no contexto pedagógico e institucional da EEDAV. Ao final do primeiro encontro deve-se discutir a proposta de definição institucional do que seria o uso pedagógico das TIC na EEDAV. O segundo encontro deve ser dedicado ao amadurecimento da definição construída coletivamente, deixando claro aos envolvidos que o resultado do encontro seria posteriormente apresentado em Assembleia Escolar como parte de um conjunto de propostas de alteração do Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual Dona Antônia Valadares.
Quanto custa?
Não há custo financeiro, apenas investimento de tempo dos recursos humanos envolvidos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Como demonstrado, as ações estruturadas acima visam tanto à promoção do
aprimoramento da formação docente quanto à construção dos consensos que
podem embasar a modificação do Projeto Político Pedagógico da escola, assunto
abordado no segmento seguinte como segundo eixo de atuação do Plano de Ação
Educacional proposto nesta dissertação.
3.1.2 Reformulação do Projeto Político Pedagógico da EEDAV
Toda escola tem objetivos e metas a cumprir, bem como uma visão de futuro a
alcançar. O PPP exprime não apenas o conjunto dessas aspirações, como também
os meios que devem ser adotados pela unidade de ensino para que tudo o que é
almejado possa se concretizar. As ações de formação continuada do corpo docente,
por exemplo, seriam uma proposta na qual a inclusão no PPP da escola seria
importante para a consolidação do uso pedagógico das TIC.
85
Esse documento se constitui num projeto porque contém propostas de ações
que devem ser executadas em determinado período de tempo (normalmente dois
anos). Trata-se de um instrumento político porque considera a escola como um
espaço de formação de cidadãos, e também porque a sua própria construção,
enquanto documento que expressa a identidade institucional, deve ocorrer de
maneira democrática, como fruto de consensos construídos junto à comunidade
escolar. E constitui-se uma ferramenta pedagógica porque define e organiza as
atividades educativas que conduzem as relações de ensino e aprendizagem
travadas na escola.
Assim, uma vez definido pelo corpo docente e pela equipe pedagógica, o
sentido do que seria e de como se daria o uso pedagógico das TIC na EEDAV, o
próximo passo seria a submissão dessas propostas de práticas à Assembleia
Escolar, da qual participam professores, alunos, pais, funcionários administrativos da
escola, e que é considerada instância de manifestação da comunidade da unidade
de ensino para a aprovação de alterações no PPP.
A seguir, apresenta-se Quadro 13, elaborado para a estruturação de ações
que têm como objetivo sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância de se
inserir no PPP da EEDAV atividades interdisciplinares e outras medidas que
favoreçam o uso pedagógico das TIC.
Quadro 13 – Reformulação do PPP da Escola Estadual Dona Antônia Valadares
O quê? Alteração do PPP da Escola Estadual Dona Antônia Valadares.
Por quê? Parar agregar ao Projeto Político Pedagógico da EEDAV atividades interdisciplinares e outras medidas que favoreçam o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação.
Onde? EEDAV.
Quem? Direção e equipe pedagógica da EEDAV em conjunto com toda a comunidade escolar.
Quando? Setembro a novembro de 2019.
Como?
1) Promoção de reuniões com os diversos segmentos da comunidade escolar para a discussão de propostas de melhoria do uso pedagógico das TIC na EEDAV.
2) Promoção de reuniões com representantes de turma, professores, pais e o
Grêmio Escolar na EEDAV para a estruturação de regras claras sobre o uso de celulares, tablets, notebooks e demais equipamentos digitais no ambiente escolar.
3) Realizar a proposição, em Assembleia Escolar, das seguintes alterações:
(Continua)
86
a) Apresentação das propostas de uso pedagógico das TIC, formuladas pelo corpo docente, a toda a comunidade escolar.
b) Inclusão de artigos no PPP que contemplem a promoção da aplicação pedagógica das TIC na EEDAV e ressaltem e a necessidade da realização de formações continuadas para os docentes sobre essa temática.
c) Apresentação de regras sobre o uso de celulares, tablets, notebooks e demais equipamentos digitais no ambiente escolar, formuladas a partir das discussões travadas entre alunos, pais e docentes. Envolvimento dos estudantes representantes de turma e o Grêmio Escolar, como instância de representação dos alunos, no processo de definição das regras de uso das TIC no ambiente escolar.
d) Criação de projeto interdisciplinar semestral que inclua o uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação.
e) Criação do projeto Aluno Monitor, por meio do qual discentes com maior domínio tecnológico poderiam se candidatar para atuarem voluntariamente (no contraturno escolar) como monitores do Laboratório de Informática da EEDAV. Esses discentes ganhariam créditos extras nas disciplinas envolvidas no projeto interdisciplinar, desde que contribuíssem significativamente (segundo avaliação dos professores) para o desenvolvimento das atividades pedagógicas previstas.
f) Inclusão de artigo no PPP que estabeleça como compromisso da escola a busca de recursos e apoio institucional que favoreçam a melhoria da infraestrutura do Laboratório Informática, com a aquisição de novas máquinas, melhoria da conectividade e atualização dos softwares.
Quanto custa?
Não há custo financeiro, apenas investimento de tempo dos recursos humanos envolvidos.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
As ações ora apresentadas almejam trabalhar dificuldades identificadas
durante a pesquisa de campo, aprimorando o uso pedagógico das TIC na EEDAV.
Ressalta-se, contudo, que este PAE se desenvolve a partir de propostas que têm
como objetivo também enfatizar o diálogo, promovendo a participação da
comunidade no ambiente escolar.
Capacitações e o aumento de oportunidades formativas apareceram em
praticamente todos os depoimentos dos entrevistados, mas medidas deste tipo não
alcançariam sucesso se implementadas de maneira impositiva e descontextualizada.
Por isso, também buscando valorizar a manifestação das opiniões de todos os
atores envolvidos, propõe-se que, semestralmente, a começar pelo mês de
dezembro de 2019, seja realizado, no horário das atividades extraclasse dos
docentes da EEDAV, um momento de avaliação acerca da situação de aplicação das
TIC nas práticas pedagógicas da EEDAV. Participariam deste encontro os
professores, supervisores, alunos representantes de turma e gestores do Grêmio
Estudantil, além da direção da escola, com o intuito de discutir o cumprimento do
PPP da unidade de ensino, as experiências educacionais que têm sido colocadas
(Conclusão)
87
em prática com o uso das TIC, bem como os impactos da utilização dessas
ferramentas na aprendizagem e no comportamento dos estudantes. Também seria
discutida a necessidade da realização de novos momentos formativos no ano
escolar seguinte, bem como a proposta curricular a ser abordada.
É preciso construir institucionalmente, na EEDAV, um novo olhar, uma nova
postura e um novo alinhamento de esforços em favor da integração das tecnologias
digitais ao currículo educacional. Assim, busca-se, com essas medidas, promover o
engajamento dos diversos segmentos da comunidade na construção de novas
relações de ensino-aprendizagem, unindo conhecimentos técnico-pedagógicos de
forma interdisciplinar.
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
São muitos os autores que discorrem sobre os benefícios do uso da
informática na educação. Contudo, ainda são poucas as pesquisas que descrevem e
analisam experiências bem-sucedidas desenvolvidas em escolas públicas brasileiras
– o mais comum é a ênfase dada aos desafios existentes, que são muitos, como
demonstrado também nesta dissertação.
O fato é que se faz necessária a realização de um enfretamento das
contradições vivenciadas na educação pública em relação às TIC. Há pouco tempo,
as discussões sobre o assunto estavam estacionadas na dúvida se o computador
deveria ou não fazer parte do ensino básico. Hoje, as TIC estão na maior parte das
unidades educacionais do país, como na EEDAV. Mas, ainda assim, persiste a
insegurança dos educadores quanto ao uso das tecnologias como ferramentas de
aprendizagem.
Talvez seja tão complexo integrar as TIC nos processos de ensino e
aprendizagem porque seu uso pedagógico efetivo traz consigo uma dinamização
pouco familiar aos docentes que tiveram sua trajetória formativa calcada nos
métodos tradicionais de ensino. Todavia, ao mesmo tempo em que essa dificuldade
se impõe aos professores, esses profissionais também reconhecem nas TIC um
caminho para a motivação de estudantes nativos digitais. Diante deste dilema, o
presente trabalho teve como objetivo investigar os possíveis motivos da
subutilização pedagógica dos recursos tecnológicos da EEDAV, tendo em vista a
disponibilidade destes recursos aos professores e alunos.
Investigando o problema em tela, realizou-se pesquisa de cunho qualitativo,
empreendida por meio de entrevista com roteiro semiestruturado com professores e
supervisores escolares da EEDAV. Os resultados apontaram problemas estruturais
como deficiências na formação inicial dos professores, falta de investimento da rede
de ensino em capacitações para o uso pedagógico das TIC, falhas de infraestrutura
e equipamentos, além de desmotivação docente para a aplicação didática das TIC.
Diante desse cenário, propôs-se um PAE por meio do qual foram colocadas
propostas de aprimoramento do uso pedagógico das TIC na EEDAV, buscando-se,
em primeiro lugar, a formação técnica e pedagógica dos professores e supervisores
escolares para o uso didático das Tecnologias de Informação e Comunicação e, em
seguida, a reformulação do PPP da escola. A primeira medida tem como objetivo
89
instrumentalizar técnica e pedagogicamente o corpo docente com vistas à aplicação
didática das TIC, enquanto a segunda proposta busca institucionalizar a aplicação
educacional das TIC, formalizando-a no documento que define a identidade e as
diretrizes da unidade ensino.
É certo que o ideal seria que a rede estadual de ensino promovesse
programas continuados de capacitação docente em serviço, favorecendo a
atualização dos professores em processos formativos que integrassem o domínio
técnico e o uso pedagógico das TIC. Não estando a proposição de ações desta
abrangência ao alcance deste pesquisador, as ações propostas buscaram instaurar
momentos de estudo e reflexão sobre o uso educacional das TIC no ambiente
escolar, transformando as vivências do cotidiano em espaços de produção de
conhecimento e transformação da realidade institucional escolar.
As ações do PAE aqui apresentado tentam desmistificar o uso educacional
das TIC, colocando-o em discussão em rodas de conversa nas quais os próprios
docentes poderão trocar experiências e propor estratégias compartilhadas, em um
processo de aprendizagem entre pares. Trata-se de um esforço de revisão da
própria prática a partir do conhecimento de outras possibilidades de ensino e de
aprendizagem. O educador contemporâneo não pode ser apenas aquele que
domina o conteúdo que ministra, mas deve buscar apresentar aos estudantes
caminhos diversos para acesso e para a produção de conhecimentos, demonstrando
a riqueza de possibilidades de aprender com os que o cerca.
90
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96
APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa exploratória
Para que você possa responder da forma mais fiel possível à realidade, vamos
admitir a seguinte legenda:
Muito – realizado ao menos uma vez por semana.
Pouco – realizado ao menos uma vez por bimestre.
Raramente – realizado de uma a três vezes por ano.
Nunca – não se lembra de ter realizado.
1) Disciplina lecionada
( ) Arte ( ) Biologia ( ) Educação Física
( ) Física ( ) Filosofia ( ) Geografia
( ) História ( ) Língua Inglesa ( ) Língua Portuguesa
( ) Matemática ( ) Química ( ) Sociologia
2) Turmas em que leciona
( ) 1º ano/Ensino Médio ( ) 2º ano/Ensino Médio ( ) 3º ano/Ensino
Médio
3) Tempo de trabalho nesta escola
( ) Menos que 5 anos
( ) De 5 a 10 anos
( ) De 10 a 20 anos
( ) Mais de 20 anos
4) Tempo de trabalho na carreira docente
( ) Menos que 5 anos ( ) De 5 a 10 anos
( ) De 10 a 20 anos ( ) Mais de 20 anos
5) Já desenvolveu algum projeto nesta escola que envolvesse o uso do
computador e da internet?
( ) Sim. Quando? __________________________________________
( ) Não.
6) Desenvolve algum projeto nesta escola que envolva o uso do computador e
da internet?
Caro(a) professor(a),
Na qualidade de mestrando do Programa de Pós-Graduação Profissional em Gestão e
Avaliação da Educação Pública da Universidade Federal de Juiz de Fora, conto com sua
colaboração para conhecer um pouco mais sobre a rotina da nossa escola.
Obrigado!
Kênio Cristino Borba
97
( ) Sim. Qual: ___________________________________________
( ) Não.
7) Com qual frequência você usa os computadores da escola nas seguintes
situações de trabalho?
I. Rotina burocrática (lançar frequência, atualizar diário, notas, SGE, etc.)
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
II. Digitar provas
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
III. Pesquisa de atividades
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IV. Pesquisa de textos e materiais didáticos
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
V. Participação em chats ou fóruns de discussão pedagógica.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VI. Troca de experiências com outros profissionais da educação.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VII. Produção de material didático.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VIII. Consultar sites especializados na sua disciplina (projeto, etc...).
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IX. Produção de apostilas.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
X. Produção de material multimídia.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
8) Com que frequência você utiliza os computadores do laboratório de
informática da escola nas seguintes situações:
I. Ensinar o aluno a utilizar os recursos de informática (Editor de texto, planilha
eletrônica, editor de apresentação, editor de imagens, gravação de áudio e vídeo e
similares).
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
II. Ensinar o aluno a utilizar a internet.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
III. Ensinar o aluno a pesquisar, avaliar e criticar a informação.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
98
IV. Ensinar o aluno a utilizar as redes sociais.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
V. Desenvolver no aluno a capacidade de criar e publicar seus próprios conteúdos
digitais.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VI. Desenvolver a participação dos alunos em ambientes colaborativos.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VII. Oferecer aos alunos um atrativo para tornar as aulas mais dinâmicas.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VIII. Apresentar os conteúdos de forma mais interessantes (jogos, multimídia,
demonstrações, simulações).
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IX. Organizar e acompanhar o trabalho desenvolvido pelos alunos em ambientes
virtuais como comunidades, blogs e similares.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
9) Com que frequência você utiliza os aparelhos de Data Show das salas de
aula da escola para as seguintes situações:
I. Apresentação de vídeos, filmes, músicas e similares preparados por você.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
II. Apresentação de vídeos, filmes, músicas e similares preparados pelos alunos.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
III. Para apresentação de trabalhos e seminários pelos alunos.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IV. Para a realização de aulas expositivas preparadas por você.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
10) Com que frequência você utiliza o tablet que recebeu da Secretaria de
Educação do Estado de Minas Gerais para as seguintes situações:
I. Rotina burocrática (lançar frequência, atualizar diário, notas, SGE, etc.)
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
II. Digitar provas
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
III. Pesquisa de atividades
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IV. Pesquisa de textos e materiais didáticos
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
V. Participação em chats ou fóruns de discussão pedagógica.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VI. Troca de experiências com outros profissionais da educação.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
99
VII. Produção de material didático.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
VIII. Consultar sites especializados na sua disciplina (projeto, etc...).
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
IX. Produção de apostilas.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
X. Produção de material multimídia.
( )Muito ( )Pouco ( )Raramente ( )Nunca
Agradeço sua colaboração!
Mestrando Kênio Cristino Borba.
100
APÊNDICE B – Roteiro para entrevista semiestruturada com os docentes da
EEDAV
Trajetória e formação
1) Vamos começar falando um pouco sobre sua trajetória profissional: há quanto
tempo você atua na educação?
2) E na EEDAV, você leciona há quanto tempo?
3) Como você usa as tecnologias digitais na sua vida pessoal?
4) Qual é sua opinião sobre as discussões que têm acontecido no campo
educacional sobre o uso das TIC em sala de aula?
5) De que maneira a graduação o preparou para o uso da tecnologia como
instrumento didático?
6) Durante a sua trajetória em serviço na docência, de que maneira você tem sido
capacitado ou tem se atualizado para o uso das TIC como ferramenta pedagógica?
Uso das TIC na EEDAV
7) De que forma você utiliza tecnologias digitais no planejamento das suas
atividades escolares?
8) Quais recursos tecnológicos disponíveis da EEDAV são utilizados durante as
suas aulas?
9) De que forma você aborda ou estimula o uso da internet pelos alunos em suas
práticas pedagógicas?
10) Qual a relação dos alunos com as tecnologias dentro da sala de aula, durante
suas aulas na EEDAV? O que você pensa sobre o uso pedagógico do celular pelos
alunos e professores na sala de aula?
11) De que maneira o uso educacional das TIC é abordado nas reuniões de
acompanhamento pedagógico da EEDAV?
Desafios e perspectivas
12) Quais dificuldades você identifica na utilização dos computadores do laboratório
de informática e do wifi com o sinal aberto da biblioteca na EEDAV?
13) Quais medidas você sugere que poderiam ser adotadas pela gestão da EEDAV
para a promoção de uma melhor utilização das TIC nas práticas pedagógicas?
101
APÊNDICE C – Roteiro para entrevista semiestruturada com as supervisoras
da EEDAV
Trajetória e formação
1) Há quanto tempo você atua na supervisão escolar da EEDAV?
2) Durante sua graduação você cursou alguma disciplina que a preparasse para
orientar e supervisionar práticas pedagógicas utilizando as tecnologias de
informação e comunicação?
3) De que maneira você tem sido capacitada para orientar e acompanhar os
docentes no uso das TIC como ferramentas pedagógicas?
Desafios e perspectivas
4) Na sua percepção, os jovens de hoje aprendem de uma maneira diferente das gerações anteriores? 5) Qual a relação dos alunos com as tecnologias dentro da sala de aula, durante as
aulas na EEDAV? O que você pensa sobre o uso pedagógico do celular pelos
alunos e professores na sala de aula?
6) Qual a importância da utilização das TIC no ambiente escolar? Uso das TIC na EEDAV
7) Como os recursos tecnológicos estão sendo pedagogicamente utilizados pelos professores na EEDAV? 8) De que maneira o uso educacional das TIC é abordado nas reuniões de
acompanhamento pedagógico da EEDAV? Quais medidas a supervisão pedagógica
da escola pode adotar para fomentar ou promover esse uso?
9) Na sua visão, os professores da EEDAV estão capacitados para a utilização pedagógica das TIC? 10) Quais barreiras os professores da EEDAV ainda têm que vencer para utilizar as TIC como instrumento didático? 11) Quais medidas você sugere que poderiam ser adotadas pela gestão da EEDAV para a promoção de uma melhor utilização das TIC nas práticas pedagógicas?
102
APÊNDICE D – Projetos Desenvolvidos pela Escola Estadual Dona Antônia Valadares
Projeto Objetivo Ações Público alvo
Projeto Diversidade, Inclusão e Mundo do Trabalho
Fomentar uma discussão e reflexão acerca da diversidade englobando questões étnico-raciais, o enfrentamento à ideologia homofóbica e a questão de gênero. Contextualizar em relação ao mundo trabalho e ao respeito às diferenças.
I- Promoção de debates e discussões sobre o enfrentamento ao racismo e outras formas de discriminação. II- Acesso a textos, vídeos e documentários que abordem a questão de gênero e o combate à violência contra a mulher. III- Promoção de rodas de conversa que contemplem as temáticas: sexismo, gênero e a questão étnico-racial. VI- Fomento à pesquisa direcionada à diversidade e ao mundo do trabalho. V-Apresentação teatral com a música Geni e o Zepelim de Chico Buarque de Holanda. VI- Produção de vídeos, pelos alunos, com a temática diversidade.
Todas as turmas do noturno
Projeto Mostra de profissões
Mostrar aos jovens os vários caminhos possíveis de estudo.
I-Oficinas sobre as carreiras. II- Palestras voltadas à orientação para o futuro profissional. III- Orientação para os estudos. IV- Pesquisa das potencialidades da nossa cidade e região e apresentação de stands das faculdades. V-Visitas técnicas a faculdades.
Todas as turmas de 3º ano
Projeto Ambientando
Promover ações educativas voltadas para o conhecimento, conservação, preservação do meio ambiente e para a análise do ecossistema. Entendemos que o contato direto com o meio natural leva o outro à observação, análise e, consequentemente, à sensibilização em relação à necessidade de cuidado e preservação do meio ambiente.
I- Mapeamento detalhado do percurso que será realizado, para evitar possíveis problemas logísticos durante o passeio. II-Parceria com a Secretaria Municipal de Trânsito, buscando pessoal competente para a organização de bloqueios durante o percurso. III- Parceria com empresas que prestam serviços de assistência médica e carro de apoio. IV- Divulgação do projeto na escola e também na comunidade escolar, feita pelos alunos, por meio de cartazes impressos e camisas personalizadas. V- Inscrições dos alunos, funcionários e de todos os interessados, que deverão ser realizadas com antecedência e na escola, sob a responsabilidade dos professores das áreas envolvidas, com apoio dos estudantes. VI- Distribuição de mudas.
Todas as turmas/turnos
Projeto Literatura em Cena – Da Idade Média à Contemporaneidade
Investir em práticas pedagógicas que visem despertar o gosto pela leitura e estimulem a adoção de novos pontos de vista em relação ao universo literário.
I-Apresentação de dança, música e teatro sobre as escolas literárias do Trovadorismo ao Barroco, com turmas de 1º ano. II- Sarau com turmas de 1º ano sobre as poesias de Gregório de Matos. III Sarau com turmas de 3º ano (noturno) sobre poesias modernistas e contemporâneas. IV- Júri simulado com turmas de 3º ano (matutino e vespertino) sobre obras pré-
Todas as turmas, mas com atividades diferentes para cada
103
modernistas e modernistas. V- Exposição machadiana com turmas de 2º ano (matutino). VI Apresentação de música e dança com turmas de 2º ano sobre obras Românticas e Simbolistas. VII- Apresentação de dança, música, teatro e sarau sobre as quatro gerações do Romantismo com turmas de 2º ano. VIII- Desenvolvimento da expressão oral, dicção, postura e domínio da língua, utilizando recursos expressivos de diferentes valores sociais, morais e religiosos presentes em determinada época, segundo as conveniências de situação e de estilo em um determinado período literário.
série.
Projeto Sólidos Geométricos
Reconhecer os principais poliedros, seus nomes matemáticos, elementos e cálculos de área e volume, assim como a demonstração da relação de Euler, de forma lúdica, concreta e interdisciplinar.
I- Construção de uma cidade feita de material reciclável na quadra da escola, observando as formas geométricas; II-Construção de esculturas utilizando formas geométricas; III-Construção de luminárias, sendo um sólido diferente para cada sala; IV- Demonstração de sólidos de revolução; V-Realização de oficinas de construção; VI- Avaliação.
Todas as turmas de 2º ano.
Feira de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Promover a iniciação científica e oportunizar o trabalho em equipe. E também despertar a capacidade de criação/recriação da produção tecnológica e científica e a elucidação de desafios.
I- Reunião dos professores das áreas para definição dos subtemas Ciências da Natureza que cada grupo trabalhará; II-Planejamento das ações da Feira de Ciências e mostra dos trabalhos: elaboração, desenvolvimento e culminância; III- Apresentação de cada etapa do projeto à direção; IV- Orientação para os alunos quanto ao subtema e atividades a serem desenvolvidos por cada grupo; V- Definição da organização e infraestrutura do espaço onde será realizada a feira; VI-Abertura, apresentação dos trabalhos e avaliação.
Todas as turmas de 3º ano
Festival "Dançando Ideias": Itinerários, Paragens e Travessias pelos Biomas Brasileiros
Instituir a dança no processo interdisciplinar promovendo a formação da pessoa humana, a construção da cidadania, o desenvolvimento de habilidades socioeducativas, o resgate de valores culturais e sustentáveis; preservando a biodiversidade, a descoberta de talentos possibilitando a redução das diferenças e contribuindo com a inclusão social dos jovens e da
I-Manifestação com a participação de alunos e professores dos turnos matutino e vespertino, na Praça Governador Benedito Valadares (Praça do Santuário) com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da preservação dos biomas brasileiros. II-Aperfeiçoamento da capacidade de discriminação verbal, visual, sonora e sinestésica e de preparo corporal adequado em relação às danças criadas, interpretadas e assistidas; III- Situação e compreensão das relações entre corpo, dança e sociedade, principalmente no que diz respeito ao diálogo entre a tradição e a sociedade contemporânea; IV-Pesquisa, organização, registro e documentação de informações sobre dança em contato com artistas, documentos, livros etc., relacionando-os a suas próprias
Turmas de
1º ano
(matutino e vespertino)
104
comunidade escolar.
experiências pessoais como criadores, intérpretes e apreciadores de dança; V- Construção de uma relação de cooperação, respeito, diálogo e valorização das diversas escolhas e possibilidades de interpretação e de criação em dança, que ocorrem em sala de aula e na sociedade; VI-Contribuição para a mudança de comportamento dos nossos estudantes, o acesso à cultura, às diferentes relações estabelecidas, ao estímulo corporal, ao desenvolvimento cognitivo e afetivo, resultando na formação de sujeitos mais críticos e autônomos; VII-Promoção de um evento democrático de ampla participação da comunidade escolar que incentive a prática da dança como expressão artística contribuindo para a sua difusão cultural. Os alunos serão observados e avaliados durante todas as etapas do projeto através da participação, do interesse, realização das atividades orais, escritas e práticas. Os conteúdos explorados também serão avaliados através dos trabalhos apresentados em sala de aula, durante o período, culminando com as apresentações no festival.
Projeto Dona Antônia Lê
A Literatura, assim como outras formas de expressão artística, propicia o desenvolvimento integral do homem, que percorre, pela linguagem, mundos desconhecidos, cria e recria realidades, vivencia situações, amplia o conhecimento de mundo, encontra o equilíbrio emocional e psíquico, desenvolve seu senso crítico. Seja no papel de escritor ou de leitor, a literatura possibilita ao homem a expansão do seu potencial criador e imaginativo, satisfazendo sua necessidade de ficção. Os PCNs determinam que as escolas, através de suas disciplinas, devem preparar o aluno para a vida, qualificando-o para o aprendizado permanente e para o exercício da cidadania.
I-Compreensão do texto literário como lugar de manifestação de ideologias, posicionando-se, como pessoa e como cidadão, frente aos valores, diversidade e às propostas estéticas representadas em obras literárias; II- Reconhecimento e explicação de efeitos de sentido de metalinguagem e relações intertextuais entre diferentes obras da literatura brasileira e produções culturais de outras áreas (cinema, televisão, rádio, jornal impresso, artes plásticas, música, etc.); III- Leitura produtiva e autônoma de obras e textos literários de autores brasileiros e produção de textos a partir da leitura crítica e criativa de textos literários; IV- Uso da tecnologia como recurso didático e das redes sociais como aliadas no processo de construção de jovens leitores; V- Elaboração de vídeo-resenhas críticas de obras literárias; VI- Postagem nas redes sociais das vídeo-resenhas realizadas - canal no youtube https://www.youtube.com/watch?v=A-CV_6TuIH8), com o título Dona Antônia Lê.
Turmas de 3º ano (vespertino)
Fonte: Elaboração própria. EEDAV, 2017