DENSIDADE E CONTEÚDO MINERAL ÓSSEA EM CRIANÇAS E … · (58.04±16.52 vs. 46.92±15.80, p
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DENSIDADE E CONTEÚDO MINERAL
ÓSSEA EM CRIANÇAS E JOVENS DO SEXO
MASCULINO. Efeito da idade, do estatuto maturacional e
da prática desportiva.
DENSIDADE E CONTEÚDO MINERAL
ÓSSEA EM CRIANÇAS E JOVENS DO SEXO
MASCULINO. Efeito da idade, do estatuto maturacional e
da prática desportiva.
Orientador: Prof. Doutor André Seabra
Co-orientador: Prof. Doutor Jorge Mota
Emanuel Fernandes dos Passos
Porto, Setembro de 2009
Dissertação apresentada com vista à obtenção
do grau de Mestre em Ciências do Desporto, no
âmbito do curso de Mestrado em Actividade
Física e Saúde da Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (Decreto Lei nº 216/96 de
13 de Outubro de 1992)
Ficha de catalogação
Ficha de catalogação
Passos, E (2009): Densidade e conteúdo mineral óssea em crianças e jovens
do sexo masculino. Efeito da idade, do estatuto maturacional e da prática
desportiva.
Palavras-chave: Composição corporal, Densidade mineral óssea, conteúdo
mineral óssea, osteoporose.
Dedicatória
I
Dedicatória
Aos meus pais (António e Mariana), pela forma como me educaram e
fundamentalmente por me fazerem acreditar que o som da verdade é diferente
de todos os outros sons e, pode ser ouvido a kms de distancia…mesmo que
seja apenas um murmúrio.
À minha irmã Djidjina, pela força e sobretudo por me fazer acreditar que ainda
era possível, quando já não tinha mais força para tal.
…eu dedico-vos este trabalho!
II
Agradecimentos
III
Agradecimentos
Durante estes longos anos, longe de Cabo Verde, o Porto foi o local que me
permitiu crescer como pessoa e dar valor às pequenas coisas e a cada
momento da vida, que muitas vezes nos passam despercebido. Nesta minha
caminhada aventureira, a procura da minha formação académica, pude contar
com o apoio de muitas pessoas, sendo que algumas revelaram ser
fundamentais para o alcançar do objectivo traçado. Apesar do seu carácter
individual, alcançar o objectivo final só se tornou possível graças ao apoio,
colaboração e empenho daqueles que sempre acreditaram na minha pessoa.
Cabe-me portanto prestar aqui o mais profundo dos agradecimentos a todos
aqueles que, de forma explícita ou não, tornaram este momento possível.
Assim sendo, correndo o risco de me esquecer de alguém, apresento os meus
agradecimentos:
Ao Professor Doutor André Seabra pela disponibilidade e orientação
incondicional deste trabalho. Serei eternamente grato pela forma como me
orientou e me acolheu nos seus projectos, e por me ter aberto as portas da sua
casa. O seu profundo conhecimento científico e a simplicidade com que os
transmite fez-me acreditar que realmente era possível. Obrigado pela
motivação constante para a realização deste trabalho, pelas várias horas
dispendidas em orientações, que sempre muito ocupado e cheio de
compromissos, o fazia com prontidão e dedicação. As oportunidades
propiciadas, assim como, os sábios ensinamentos e o digno exemplo de
capacidade científica, para sempre serão lembrados. Muito obrigado!
Ao Professor Doutor Jorge Mota, pela co-orientação deste trabalho e pelo
exemplo de competência, demonstrado durante este mestrado. Obrigado por
me receber e fundamentalmente pelos conselhos sempre preciosos, mesmo
quando não tinha tempo disponível para tal.
À Marisa pelo apoio incondicional, por ter sido minha estrela guia, minha
âncora e meu porto de abrigo. Conseguimos!
Agradecimentos
IV
Aos meus pais, aos meus irmãos e às minhas tias (Mana e Ta). Um especial
obrigado ao Manis, Iáiá e Djidjina, pela forma como, apesar da ausência
«física» e de ter um oceano a separar-nos, estiveram sempre “presentes” nos
momentos das minhas maiores inquietações.
Ao meu Irmão (Marley) e ao meu primo (Tax), verdadeiros companheiros de
vida e de luta, com ímpares qualidades humanas, que souberam combinar
amor, entusiasmo, companheirismo e paciência. Espero que o tempo se
encarregue de me ensinar a mostrar-vos a minha gratidão, pois neste momento
nenhuma palavra, nem nenhum acto consegue expressar tal sentimento. Muito
obrigado por tudo!
Ao Professor Doutor Rui Garganta, aceite a minha admiração pela sua boa
disposição contínua e pela maneira com a qual, quase sempre, consegue
encarar e tecer comentários construtivos e bem-humorados, frente a situações
formais. O seu bom humor contagiante foi uma preciosa ajuda na luta contra a
pressão.
Ao Professor Doutor José Maia, serei eternamente grato por me ter aberto as
portas do seu Laboratório e ter depositado uma confiança incondicional desde
o início. Aceite a minha profunda admiração, pelo seu profundo conhecimento
científico e pela sua enorme capacidade para se envolver de corpo e alma, em
vários projectos em simultâneo.
Aos meus primos Tinovsky e Mariano pelo apoio constante, pela motivação e
por me ouvir sempre que era preciso.
Aos colegas e amigos do CIAFEL, Elisa e Norton, pela valiosa e incondicional
colaboração na recolha de dados.
Aos amigos Doutorandos João Brito, Daniel Gonçalves e Hélder Fonseca pelo
apoio constante. Tentarei não defraudar a confiança e seguir os vossos
passos.
Ao professor Doutor José Carlos Ribeiro, pelo apoio, disponibilidade e profundo
conhecimento científico.
Agradecimentos
V
Ao professor Doutor Filipe Conceição, exemplo de luta, sucesso e um modelo
que procuro seguir.
Ao Ramon e à esposa Inês, pelo apoio e incentivo constante. Desejo-vos boa
sorte nas vossas vidas pessoais e profissionais. Que os nossos projectos de
intercambio se tornem realidade.
À Doutoranda Cristina Seabra, excelente exemplo de conduta profissional e
pessoal. Sinto-me honrado em ter convivido com sua simpática e acolhedora
família.
Aos colegas e amigos do laboratório: Daniel, Diego, Fernanda, Luís, Matheus,
Priscilla, Raquel, Renata, Rita, Sónia e Thayse. Obrigado pela força e pelo
incentivo constante.
Ao Conselho Administrativo da Faculdade de Desporto, na pessoa de Dr.
Armando Joaquim. Queira aceitar o meu profundo agradecimento por tudo!
Às bibliotecárias Mafalda e Virgínia, pela atenção e prestabilidade, mas
sobretudo pela simpatia com que acolheram cada pedido meu.
Aos funcionários da Secretaria, da cantina (na pessoa da Dª Manuela) e da
Reprografia (na pessoa do Sr. Marinho) da FADEUP, pela ajuda,
encorajamento e prodigiosa simpatia.
VI
Índice geral
1
Índice geral
Dedicatórias…………………………………………………………………... I
Agradecimentos……………………………………………………………... III
Índice Geral…………………………………………………………………... 1
Índice de figuras……………………………………………………………… 3
Índice de quadros……………………………………………………………. 5
Resumo……………………………………………………………………….. 7
Abstract………………………………………………………………………... 9
Résumé………………………………………………………………………. 11
Lista de Abreviaturas e Símbolos………………………………………….. 13
Capítulo 1 Introdução Geral e Estrutura da Dissertação 15
Introdução geral……………………………………... 17
Estrutura da Dissertação………………………….... 21
Referências Bibliográficas………………………..... 23
Capítulo 2 Revisão da Literatura 29
Avaliação da composição corporal……………….. 31
Influência do crescimento, do estatuto
maturacional e da actividade física e desportiva na
composição corporal………………………………...
47
Referências Bibliográficas………………………….. 58
Índice geral
2
Capítulo 3 Densidade e conteúdo mineral óssea de
crianças e jovens do sexo masculino. Efeito da
idade, do estatuto maturacional e da prática
desportiva. ………………………………………......
Artigo original
71
Capítulo 4 Conclusões gerais e sugestões de estudos
futuros ………………………………………………..
99
Índice de figuras
3
Índice de figuras
Figura 1: Valores do CMO, DMO e AO em função da idade…………..
83
Figura 2: Valores do CMO, DMO e AO em função da maturação
biológica………………………………………………………………………..
84
4
Índice de quadros
5
Índice de Quadros
Capítulo 1
Quadro 1: Capítulos da Dissertação e seus principais
objectivos……………………………………………………………
22
Capítulo 3
Quadro 1: Valores médios e desvios-padrão das crianças e
jovens por idade, altura, peso, % gordura, IMC, CMO, DMO e
AO. Maturação N e % para cada estádio de
Tanner……………………………………………………………….
82
Quadro 2: Valores médios (desvios padrão), valores da
estatística F, e valores de prova (p) dos resultados dos
modelos de análise de variância para o CMO, DMO e AO de
acordo com a idade………………………………………………..
85
Quadro 3: Valores médios (desvio-padrão), F-test, e valores
P para análise dos modelos variância do CMO, DMO e AO
de acordo com o estatuto maturacional………………………..
86
Quadro 4: Principais determinantes do CMO, DMO e AO de
crianças e jovens - resultados do modelo de regressão
múltipla……………………………………………………………...
87
6
Resumo
7
RESUMO
Introdução: A osteoporose é uma doença caracterizada pela fragilidade da
massa óssea (MO) que contribui para uma maior susceptibilidade ao
desenvolvimento de fracturas. A maximização dos ganhos de MO na infância e
na adolescência parece ser uma importante estratégia com vista à prevenção
da osteoporose na idade adulta. No entanto, para que se criem e desenvolvam
estratégias eficazes no incremento da MO em crianças e jovens, torna-se
necessário identificar os factores que a determinam.
Propósitos: (1) Descrever o conteúdo mineral ósseo (CMO), a densidade
mineral óssea (DMO) e a área óssea (AO) de crianças e jovens do sexo
masculinos Portugueses; (2) Identificar a associação entre a idade, o estatuto
maturacional e a prática desportiva e o CMO, a DMO e a AO.
Participantes e Métodos: A amostra foi constituída por 230 crianças e jovens
(136 praticantes de actividades desportivas organizadas e 94 não praticantes)
do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos.
Avaliamos o peso, a altura, o índice de massa corporal (IMC) e os estádios de
maturação Tanner. As variáveis ósseas (CMO, DMO e AO) foram avaliadas na
coluna lombar (L1-L4) através de Absorciometria Radiológica de Dupla Energia
(DEXA). Os procedimentos estatísticos incluíram para além da estatística
descritiva, a análise de variância a dois factores (ANOVA) e a regressão
múltipla.
Resultados: (1) os valores do CMO, da DMO e da AO aumentam
significativamente com a idade (p<0.001) e com o estatuto maturacional
(p<0.001). (2) As crianças e os jovens que participam em actividades
desportivas apresentam valores significativamente superiores do CMO
(58.04±16.52 vs. 46.92±15.80, p<0.001) e da DMO (1.02±0.18 vs. 0.84±0.16,
p<0.001). (3) Não se observaram diferenças significativas na AO entre os
praticantes e os não praticantes de actividades desportivas (55.71±8.80 vs.
54.15±8.82, p=0.237). (4) A idade, estatuto maturacional e a PD explicam 63%
e 65% da variação do CMO e da DMO, respectivamente. Apenas a idade e o
Resumo
8
estatuto maturacional têm efeitos positivos na AO, explicando em conjunto 50%
da sua variação.
Conclusão: A idade, o estatuto maturacional e a prática desportiva mostraram-
se associadas ao CMO e à DMO de crianças e adolescentes Portugueses. A
AO parece sofrer apenas o efeito da idade e do estatuto maturacional.
Palavras chaves: Conteúdo mineral ósseo, densidade mineral óssea, área
óssea, maturação, prática desportiva.
Abstrat
9
ABSTRAT
Introduction: Osteoporosis is a disease characterized by fragility of bone
mass, which in turn increases susceptibility of fractures. Maximizing the bone
mass accrual is one of the determinants of the quality of bone mass and a
prevention factor of osteoporosis in the adulthood. Better understanding about
the factors that influence the gain of bone mass in childhood and adolescence,
may help develop strategies to maximize the deposition of bone mass during
childhood and adolescence, which in turn can help prevent osteoporotic
fractures that occur in the adulthood.
Objective: (1) Describe the bone mineral content (BMC), bone mineral density
(BMD) and bone area (BA) in children and adolescents male Portuguese. (2)
Determine the association of age, maturational status and physical activity with
BMC, BMD and BA.
Methods: The sample consisted of 230 children and youngmales, aged
between 12 and 18 years (136 physically active and 94 non-active). We
evaluated the weight and height, body mass index (BMI) and Tanner stage of
maturation. The bone variables were evaluated in lumbar spine (L1-L4) by Dual-
energy X-ray Absorptiometry (DXA). We used the descriptive statistics, analysis
of variance with two factors and multiple regression.
Results: (1) BMC, BA and BMD increased with age (p<0.001) and maturational
status (p<0.001). (2) Physical active boys have higher values of BMC
(58.04±16.52 vs. 46.92±15.80, p<0.001) and BMD (1.02±0.18 vs. 0.84±0.16,
p<0.001) than their non-active peers. (3) There are no differences in BA
between physical active boys and their non-active peers (55.71±8.80 vs.
54.15±8.82, p=0.237). (4) Age, maturity status and PA explain 63% and 65% of
the variation of BMC and BMD, respectively. Only the age and maturity status
have positive effects on the BA, explaining together 50% of the variation of BA.
Conclusions: Base up on de results we can say that age, maturation and
physical activity influence both BMC and BMD. BA appear to be only under the
influence of age and maturation.
Abstrat
10
Keywords: Bone mineral content, bone mineral density, bone area, maturation,
physical activity
Resumé
11
RESUME
Introduction: L'ostéoporose est une maladie caractérisée par une fragilité de la
masse osseuse, qui contribue à une susceptibilité accrue au développement de
fractures. Maximiser les gains de masse osseuse dans l'enfance et
l'adolescence semble être une stratégie importante pour la prévention de
l'ostéoporose à l'âge adulte. Toutefois, pour créer et développer des stratégies
efficaces pour augmenter la masse osseuse chez les enfants et les jeunes, il
est nécessaire d'identifier les facteurs qui la déterminent.
Buts: (1) Décrivez la densité minérale ossea (DMO), contenu minéral osseux
(CMO) et zone osseux (ZO) des enfants et des jeunes hommes portugais, (2)
déterminer l'association entre l'âge, de l'état et maturational et la participacion
dans le sport BMD, BMC et ZO.
Participants et méthodes: L'échantillon se composait de 230 enfants et jeunes
(136 pratiquants des sports organisés et 94 non-pratiquants) de sexe masculin,
âgés entre 12 et 18 ans. Nous evalué le poids, taille, indice de masse corporelle
(IMC) et les stades de maturation de Tanner. Les variables osseuse (DMO,
CMO et ZO) ont été évaluées dans la région lombaire (L1-L4) par la X-Ray
absorptiométrie de double énergie (DEXA). Les procédures statistiques inclus
en plus de statistiques descriptives, analyse de variance à deux facteurs
(ANOVA) et de régression multiple.
Résultats: (1) CMO, ZO et la DMO a augmenté avec l'âge (p<0.001) et le
statut maturational (p<0.001). (2) Les enfants et les adolescents qui ont
participé à des sports a considérablement des valeurs plus élevées du CMO
(58,04 ± 16h52 vs. 46,92 ± 15,80, p <0,001) et de la DMO (1,02 ± 0,18 vs 0,84
± 0,16, p<0.001). (3) Il n'y avait pas de différences significatives dans le zone
osseux entre les praticiens et les non pratiquants d'activités sportives (55,71 ±
8,80 vs 54,15 ± 8,82, p=0.237). (4) L'âge, la maturité et la participation dans le
sport expliqué 63% et 65% de la variation du CMO et de la DMO,
respectivement. Seulement l'âge et la maturité a un effet positif sur le ZO, ainsi
que d'expliquer 50% de son taux de variation.
Resumé
12
Conclusion: L'âge, la maturité et le sport ont été associés à CMO et DMO
enfants et adolescents en portugais. La ZO semble souffrir de l'effet de l'âge et
de statut maturational.
Mots-clés: contenu minéral osseux, la densité minérale osseuse, la zone
osseux, la maturité, le sport.
Lista de abreviaturas
13
Lista de abreviaturas
ACSM
ACT
AF
AHA
AO
BA
BMC
BMD
CC
CMO
Cm2
DC
DEXA
DMO
EM
g
GC
g/cm3
g/cm2
IMC
INE
K+
40K
American College of Sport Medicine
Água corporal total
Actividade física
Heart Disease and Stroke Statistics
Área óssea
Bone area
Bone mineral content
Bone mineral density
Composição corporal
Conteúdo mineral óssea
Centímetro quadrado
Densidade corporal
Absorciometria Radiológica de Dupla Energia
Densidade mineral óssea
Estado de maturação
Grama
Gordura corporal
Grama por centímetro cúbico
Grama por centímetro quadrado
Índice de massa corporal
Instituto nacional de estatística
Iões de potássio
Isótopo radioactivo de potássio
Lista de abreviaturas
14
MC
MG
%MG
MIG
MO
MS
M2C
M3C
M4C
n
p
PD
PDA
r
RM
SPSS
t
TAC
ZO
Massa corporal
Massa gorda
Percentagem de Massa gorda
Massa isenta de gordura
Massa óssea
Ministério de saúde
Modelo Bicompartimental
Modelo tricompartimental
Modelo tetracompartimental
Amostra
Valor de prova
Prática desportiva
Pletismografia por deslocamento de ar
Coeficiente de correlação
Ressonância magnética
Statistical Package for the Social Sciences
Coeficiente de correlação intraclasse
Tomografia axial computorizada
Zone osseux
15
Capítulo 1
Introdução Geral
16
Introdução Geral
17
“…all parts of the body which have a function, if used in moderation and exercised
in labours in which each is accustomed, becomes thereby health, well-developed,
and age more slowly, but unused and left idle they become liable to disease,
defective in growth, and age quickly.”
Hippocrates, in ACSM (2002)
1. INTRODUÇÃO GERAL
O desenvolvimento das tecnologias nas sociedades modernas e
industrializadas tem conduzido à emergência de drásticas alterações nos
estilos de vida das populações. Tal facto, tem contribuído para uma diminuição
significativa dos níveis de actividade física (AF) e de aptidão física de crianças,
jovens e adultos e para o aparecimento de um conjunto variado de doenças de
que se destacam as cardiovasculares, a obesidade e a osteoporose. Segundo
Sallis & Patrick (1994), a descrição exaustiva destes baixos valores de AF e
suas consequências têm sido o motivo principal de diversas investigações na
área da epidemiologia da AF. De acordo com os dados fornecidos pelo
National Health and Nutrition Examination Survey realizado pelo Center for
Disease Control and Prevention dos Estados Unidos da América, a prevalência
de sobrepeso e de obesidade tem vindo aumentar nos últimos anos (Ogden et
al., 2006). Tais prevalências parecem constituir um sério problema de saúde
por estarem associadas a uma redução significativa da esperança de vida das
populações, através do aumento do risco do aparecimento e desenvolvimento
de doenças crónico-degenerativas, de que se destacam as cardiovasculares, a
hipertensão, a diabetes tipo II, a osteoartrite, certos tipos de cancro e outras
doenças (ACSM, 1995, 2005; Heyward, 2002; Heyward & Stolarczyk, 1996;
Hussey et al., 2007; Saldanha, 1999; Sardinha, 1997).
Em Portugal, à semelhança do observado nesse país, as principais causas de
morbilidade e mortalidade parecem estar igualmente associadas às doenças
crónico-degenerativas, particularmente às de âmbito cardiovascular e às
relacionadas com o excesso de peso e obesidade (Mota & Sallis, 2002).
Introdução Geral
18
Paralelamente ao incremento da prevalência dessas doenças, também a
osteoporose tem aumentado significativamente os seus valores, sendo motivo
de forte preocupação para a grande maioria dos países desenvolvidos (Martins,
2006). A osteoporose, é geralmente definida como sendo uma doença crónico-
degenerativa do tecido ósseo, caracterizada por uma reduzida quantidade da
massa óssea (MO) e uma deterioração micro-arquitectural da estrutura óssea
que, em combinação, aumenta a susceptibilidade à fractura (ACSM, 2006;
Dembo & McCormick, 2000: Nguyen et al., 1998; Winters-Stone, 2005). Um
estudo apresentado por Schurch et al. (1996) demonstra bem a importância
que esta doença tem no quadro demográfico actual e futuro, ao referir que a
mortalidade em idosos ronda os 15 a 20% no primeiro ano após uma fractura
dos ossos da anca. Em países desenvolvidos a incidência de osteoporose tem
aumentado significativamente nas últimas décadas (Kohrt et., 2004), afectando
nos EUA mais de 25 milhões de pessoas (Dembo & McCormick, 2000).
Em Portugal, e segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
mais de 630 mil adultos padecem de osteoporose (aproximadamente 6,3% da
população), sendo esta doença responsável anualmente por 40 mil fracturas
(INE, 2007; MS, 2009).
Este quadro de resultados reforça a necessidade urgente da realização de
acções de “despistagem” da osteoporose. Diversos instrumentos que permitem
avaliar a CC possibilitam, igualmente, estimar a quantidade absoluta e/ou
relativa de diferentes componentes do corpo humano, nomeadamente da
densidade mineral óssea (DMO) e do conteúdo mineral ósseo (CMO),
componentes essas que parecem estar significativamente associadas ao
desenvolvimento da osteoporose.
Todavia esta doença que tende a manifestar-se essencialmente na idade
adulta parece ter as suas raízes na infância e na adolescência (Ackerman et
al., 2006; Bradney et al., 1998; Ondrak & Morgan, 2007; Rocher et al., 2008;
Slemenda et al., 1994; Tobias et al., 2007). Diversos investigadores
consideram que o desenvolvimento ósseo normal durante esses períodos é um
aspecto importante e decisivo na prevenção da osteoporose na idade adulta
Introdução Geral
19
(Bar-Or & Rowland, 2004; Khan et al., 2001; Rowland, 2005; Slemenda et al.,
1994). Sabe-se que a qualidade da MO que um sujeito evidencia na idade
adulta depende não só da quantidade que se perde nessa fase da vida, mas
também da quantidade que se acumula durante o processo de crescimento e
desenvolvimento (Ackerman et al., 2006; Bradney et al., 1998; Branco, 1997;
Ondrak & Morgan, 2007; Rocher et al., 2008; Slemenda et al., 1994; Tobias et
al., 2007). De acordo com estes autores, é importante maximizar o ganho de
MO na infância e adolescência no sentido de reduzir a sua perda na idade
adulta,. Parece ser consensual que quanto maiores forem os valores de MO
obtidos nesses períodos do crescimento e do desenvolvimento, menores serão
os efeitos nefastos das perdas na idade adulta.
Tomando em consideração estes aspectos é fundamental que se identifiquem
possíveis factores influenciadores da quantidade de MO (CMO, DMO) em
crianças e adolescentes (Ackerman et al., 2006; Bailey et al., 1999; Boot et al.,
1997; Bradney et al., 1998; Rocher et al., 2008; Slemenda et al., 1994).
Diversos factores têm vindo a ser apontados na literatura como estando
associados ao desenvolvimento da MO. O primeiro factor diz respeito ao
processo normal de crescimento e desenvolvimento porque passa qualquer
criança e jovem. No decurso da infância e da adolescência o CMO e a DMO
tendem a aumentar linearmente (Bailey et al., 1999; Bar-Or & Rowlands, 2004;
Magarey et al. 1999; Malina et al., 2004; Slemenda et al., 1994), pelo que a MO
na idade adulta é resultante do pico de velocidade de crescimento da MO que
se consegue alcançar, durante estes períodos, e da perda de MO acumulada
após o referido pico de crescimento (Branco, 1997).
Um segundo factor que parece ser determinante na DMO e no CMO está
relacionado com o estatuto maturacional. Alguns investigadores têm procurado
compreender as alterações no CMO e na DMO durante a maturação. Os
resultados desses estudos sugerem que o desenvolvimento maturacional
parece estar igualmente associado ao aumento da MO nas crianças e nos
jovens (Boot et al., 1997; Magarey et al., 1999; Malina et al., 2004; Rego et al.,
1999; Siervogel et al., 2003; Slemenda et al., 1994; Yilmaz et al., 2005), ou
seja, parece que o CMO e a DMO apresentam uma tendência para aumentar,
Introdução Geral
20
em função dos estádios de maturação (Malina et al., 2004). Desta forma, a
importância do período pubertário como uma fase para a acumulação do CMO
e da DMO não deve ser negligenciada (Ondrak & Morgan, 2007), pois parece
ser um período determinante na diminuição do risco de fracturas e de
osteoporose durante a idade adulta (Tobias et al., 2007).
Paralelamente a estes factores, também a participação regular em AF e
desportivas na infância e na adolescência, parece ser um factor determinante
do CMO e da DMO na idade adulta. Kelley et al. (2000) referem que a
participação nessas actividades é a forma não farmacológica que melhor
permite maximizar os valores das componentes ósseas durante a adolescência
e prevenir a sua diminuição na idade adulta. Diversos estudos têm
demonstrado que a exposição a estímulos mecânicos suficientes, durante a
infância e adolescência pode, ao programar o turnover ósseo, provocar uma
mudança permanente no metabolismo ósseo promovendo um aumento na
acumulação óssea durante todo o crescimento (Bailey et al., 1999; Bradney et
al., 1998; Branco, 1997; Foley et al., 2008; Gunter et al., 2008; Havill et al.,
2007; Malina et al., 2004; Nordström et al., 1998; Sluis et al., 2002; Tobias et
al., 2007). Para além disso também parece ser evidente que as crianças e
jovens fisicamente activas, tendem a revelar valores superiores de DMO e
CMO relativamente às não activas (Bailey et al., 1999; Foley et al., 2008; Havill
et al., 2007; Nordström et al., 1998; Tobias et al., 2007).
Como referido anteriormente, a MO em idades pediátricas é um factor de
prevenção da osteoporose. Apesar da sua manifestação clínica ocorrer
essencialmente na idade adulta, esta doença parece ter as suas raízes nas
fases iniciais da vida. Pese embora esta epidemia afectar fundamentalmente as
mulheres após a menopausa, actualmente, sabe-se que os homens não estão
imunes (Dembo & McCormick, 2000; Kelley et al., 2000), pelo que se torna
urgente criar estratégias de prevenção que possam fazer face a tal flagelo.
Não obstante a relevância interpretativa das informações anteriores, em
Portugal não são conhecidos muitos estudos no domínio da qualidade da MO
de crianças e jovens. O único por nós localizado na literatura foi realizado por
Introdução Geral
21
Rego et al., (1999), cujos resultados, mostraram uma forte associação entre a
DMO e o índice de massa corporal, a idade cronológica e o estádio
maturacional. Desta forma, parece ser evidente a necessidade de se
realizarem mais pesquisas que permitam caracterizar a MO de crianças e
jovens Portuguesas e identificar alguns dos factores que lhe estão associados.
Assim sendo, esta pesquisa parece justificar-se pelas seguintes razões:
- primeira, pelo reconhecimento de que, na infância e na adolescência, a
participação em AF e desportivas é um importante factor no
desenvolvimento da MO, particularmente no aumento do CMO e da
DMO durante essas fases.
- segunda, pela escassez de estudos realizados em Portugal que
tenham procurado identificar a influência da idade, do estatuto
maturacional e da prática desportiva no CMO e na DMO de crianças e
adolescentes.
Decorrem daqui os seguintes objectivos para esta pesquisa:
1. Descrever o CMO, a DMO e a AO da coluna lombar de crianças e jovens
do sexo masculinos em função da idade, do estatuto maturacional e da
prática desportiva;
2. Identificar a associação entre alguns determinantes (idade, estatuto
maturaciona e prática desportiva) e os valores do CMO, da DMO e da
AO da coluna lombar de crianças e jovens do sexo masculino.
1.1. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação é composta por quatro capítulos, cuja estrutura se encontra
no Quadro 1. O capítulo três corresponde a um artigo que foi redigido seguindo
as orientações das normas específicas da revista portuguesa de ciências do
desporto. As referências bibliográficas são apresentadas no final de cada
capítulo.
Introdução Geral
22
Quadro 1: Capítulos da Dissertação e seus principais objectivos.
Capítulo 1 Apresentar a introdução geral, a pertinência do estudo e as
questões fundamentais acerca dos objectivos da pesquisa.
Capítulo 2 Revisão da literatura
Avaliação da composição corporal
Realizar uma breve revisão, procurando apresentar os
modelos teóricos de avaliação da composição corporal e os
métodos laboratoriais mais utilizados na avaliação da
composição corporal.
Influência do crescimento, maturação e da actividade
física e desportiva na composição corporal
Descrever as influências do crescimento, maturação e
actividade física e desportiva na composição corporal.
Capítulo 3 Densidade e conteúdo mineral óssea de crianças e
jovens do sexo masculino. Efeito da idade, do estatuto
maturacional e da prática desportiva.
Artigo Original
Capítulo 4 Conclusões gerais e sugestões de estudos futuros
Referências bibliográficas
23
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Capítulo 2
Revisão da Literatura
30
Revisão da literatura
31
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Avaliação da composição corporal
A infância e a adolescência são períodos de rápido crescimento e
desenvolvimento que se caracterizam por profundas alterações ao nível da
composição corporal (CC) tornando a sua interpretação difícil (Sopher et al.,
2004). O estudo da CC baseia-se na quantidade relativa e absoluta, do peso
corporal de um indivíduo nos seus componentes básicos (Malina, 2007),
podendo ser representada em dois ou mais compartimentos, usando modelos
atómicos (oxigénio, carbono, hidrogénio, nitrogénio, entre outros), moleculares
(água, proteínas, minerais, glicogénio e lípidos), celulares (fluidos intra e extra
celulares e sólidos), anatómicos (tecido muscular, visceral, ósseo, adiposo e
residual) e do corpo no seu global (Heymsfield et al., 1996; Heyward &
Stolarczyk, 1996; Lohman, 1992; Malina et al., 2004; Mattsson & Thomas,
2006).
A avaliação da CC afigura-se, actualmente, como uma área do conhecimento
em crescente desenvolvimento metodológico com implicações no domínio da
saúde e das ciências do desporto. A investigação sobre a CC tem merecido o
interesse e a atenção de uma vasta gama de profissionais de diversas áreas,
em contextos tão diferenciados como a prescrição de exercício ou o
acompanhamento nutricional (Sardinha, 1997). Em termos epidemiológicos, a
importância da análise dos indicadores da CC recai sobre o facto da
distribuição da gordura corporal (GC) (Wu et al., 2003) e dos baixos valores da
DMO (Mussolino et al., 2003) estarem associadas a um maior risco de
desenvolvimento de determinadas doenças crónicas, aumentando assim o
risco de morbilidade e mortalidade.
Não obstante, a obesidade ou a quantidade excessiva de GC total para
determinado peso corporal constitui um sério problema de saúde, o qual está
associado a uma diminuição da esperança de vida, através de um aumento no
risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes
tipo II, osteoartrites, certos tipos de cancro e outras doenças (ACSM, 1995,
2005; Heyward, 2002; Heyward & Stolarczyk, 1996; Hussey et al., 2007;
Revisão da literatura
32
Saldanha, 1999; Sardinha, 1997). Da mesma forma, a obesidade poderá, de
uma forma indirecta, nos indicar os níveis de actividade física habitual e alguns
traços da aptidão física (Sardinha, 1997). Segundo Maia et al. (1996), parece
ser mais que incontestável que a massa gorda (MG) é a componente mais
variável do corpo humano, dada a sua enorme sensibilidade às influências
externas (p. ex. alterações drásticas do intake calórico em regimes de forte
restrições ou de grande permissividade). Desta forma, é em torno deste
constituinte da massa corporal (MC) que se têm incrementado a maioria das
técnicas e instrumentos de avaliação.
Paralelamente a esta grande preocupação com o sobrepeso e/ou obesidade,
actualmente, em alguns países desenvolvidos, a osteoporose tem se afigurado
como um grande problema de saúde pública. Desta forma, a avaliação da MO
é extremamente importante para o contexto clínico, uma vez que a DMO de
determinadas regiões anatómicas está correlacionada, tanto com a fragilidade
óssea, como com as probabilidades de fractura após acidentes traumáticos
agudos. O facto de que a taxa de mortalidade dos pacientes que fracturam a
anca por osteoporose, rondar os 20% no 1º ano após a fractura e, 50% dos
que sobrevivem tornam-se incapacitados e dependentes do cuidado dos
outros, demonstra bem a importância que esta doença tem no quadro
demográfico actual e futuro (Branca, 1999; Schurch et al., 1996).
Portanto, a monitorização da CC afigura-se como algo importante para a
prescrição adequada dos exercícios, para controlar o estado nutricional e a
saúde (Avesani et al., 2004; Going, 2007).
2.1.1. Importância da avaliação da composição corporal
Diversos autores (ACSM, 2001; Heyward & Stolarczyk, 1996; Heyward, 2002)
referem que a avaliação da CC é importante porque permite:
1. A identificação dos níveis das várias componentes da MC, medidas
directamente ou preditas, de acordo com o método utilizado;
Revisão da literatura
33
2. Monitorizar mudanças de CC associadas a determinados problemas de
saúde, como por exemplo, a obesidade, a subnutrição, a osteoporose,
entre outras.
3. Prescrever exercício físico e monitorizar as mudanças na CC resultante da
aplicação de programas de controlo de peso;
4. Estimar o peso e a CC associados a determinada modalidade desportiva, e
dentro desta, a posição específica no terreno de jogo;
5. Monitorizar o processo de crescimento e de maturação, proporcionando
uma apreciação das mudanças da CC associadas ao envelhecimento;
6. Proporcionar aos indivíduos o esclarecimento sobre os resultados obtidos
nas avaliações;
7. Introduzir um novo foco motivacional importante para o treino ou para a
prática regular do exercício físico;
8. Estimar o peso corporal saudável e formular dietas recomendáveis e ainda
prescrever exercício físico.
Tendo por base diferentes modelos corporais, observa-se, na actualidade, a
existência de inúmeros métodos que permitem avaliar e caracterizar a CC de
uma forma global e indiferenciada, ou de uma forma específica, diferenciando
os vários compartimentos corporais. Sardinha (1997) refere que cada um
destes métodos possui características teóricas e procedimentos metodológicos
que lhes conferem uma maior ou menor validade, fiabilidade e facilidade de
utilização, tornando-os mais ou menos aconselháveis em função da precisão
desejável e fins requeridos. No entanto, de acordo com Heyward (1991) apesar
da vasta investigação realizada, o estudo da CC tem evidenciado algumas
limitações difíceis de ultrapassar, devido ao facto de nem sempre se poderem
utilizar os meios mais sofisticados e rigorosos para este efeito. Um outro
aspecto a considerar diz respeito à terminologia utilizada neste contexto de
avaliação. Não existe ainda uma normalização conceptual, particularmente no
Revisão da literatura
34
que diz respeito à utilização indiscriminada de alguns termos como massa
magra e massa muscular, que têm sido diversas vezes utilizados como
sinónimos. Malina (2007) refere que apesar do termo massa magra ser
ocasionalmente utilizado, é mais apropriada a utilização de massa isenta de
gordura pois a massa magra inclui alguns lípidos essenciais. Também Lohman
(1992) alega que, pelo facto de ser tecnicamente impossível estimar com
precisão a massa gorda essencial, deve ser abandonada a designação massa
magra e adoptada a designação de massa isenta de gordura (MIG),
comportando esta todos os constituintes corporais que não incluam lípidos.
2.1.2. Modelos de avaliação da composição corporal
Os modelos teóricos, fundamentados na análise química de órgãos e
cadáveres humanos, formam a base científica para todos os métodos
indirectos de avaliação da CC. São usados no sentido de obter medidas de
referência de CC para o desenvolvimento de métodos e equações
antropométricas, de pregas de adiposidade subcutânea, análise de impedância
bioeléctrica e interactância de infravermelhos.
No estudo da CC, o peso corporal é dividido em dois ou mais compartimentos,
utilizando-se para o efeito diferentes modelos. O modelo químico e o do corpo
inteiro são normalmente os mais utilizados.
Aceita-se, genericamente, a divisão dos métodos de avaliação da CC em três
planos: directo (análise química de cadáveres); indirecto e duplamente
indirecto, embora um dos documentos mais relevantes na matéria proponha
um paradigma de pesquisa em cinco planos (Heymsfield et al., 1996). Os
métodos directos são realizados através da autópsia de cadáveres resultando
na apresentação de informação quantitativa sobre as componentes do corpo.
Geralmente são utilizados para validar os demais métodos de análise dos
componentes corporais in vivo (Clarys et al., 1999). Os métodos indirectos são
baseados em diferentes modelos, que variam com o grau de especificidade da
investigação.
Revisão da literatura
35
2.1.2.1. Modelo Bicompartimental (M2C)
O M2C é considerado o modelo básico pois o corpo apenas é dividido em dois
compartimentos quimicamente distintos: a massa gorda (MG) e a massa isenta
de gordura (MIG) - e, baseia-se na medida da densidade corporal (DC)
(Heyward e Stolarczk, 1996; Mattsson & Thomas, 2006). A percentagem de
gordura é então calculada baseada no peso corporal total e na MIG. A MIG
costuma ser estimada de acordo com a DC ou líquido corporal usando factores
de conversão derivados de corpos de referência (Heyward e Stolarczk, 1996;
Going, 2007). A MG inclui todos os lípidos que podem ser extraídos do tecido
adiposo e outros tecidos, enquanto que a MIG consiste em todos os tecidos e
substâncias residuais, incluindo água, músculos, ossos, tecidos conjuntivos e
órgãos internos (Heyward e Stolarczk, 1996).
De acordo com diferentes autores (Heyward, 2002; Going, 1996; Lohman,
1992) o modelo bicompartimental apresenta os seguintes pressupostos:
a densidade da MG é de 0,901 g/cm3;
a densidade da MIG é de 1,100 g/cm3;
a densidade da MG e da MIG (água, proteína e minerais) é igual para todos
os indivíduos);
os indivíduos que são avaliados em termos corporais diferem apenas na
quantidade de gordura, assumindo-se que a MIG apresenta 73,8% de
água, 19,4% de proteína e 6,8% de mineral.
Segundo Cruz et al. (2004, cit Bos, 2007), o M2C é utilizado há mais de 50
anos, e possui um papel importante na investigação de novas tecnologias para
o cálculo dos valores da MG. A pesagem subaquática e a mensuração das
pregas de adiposidade subcutânea, têm como base este modelo de dois
compartimentos. Em ambos, obtém-se a estimativa da DC total e, a partir dela,
calculam-se as percentagens de gordura e de MIG.
Revisão da literatura
36
Na década de 60, Brozek e Siri desenvolveram modelos moleculares de dois
compartimentos que são extensamente utilizados para obter referências de
medições da CC e para validar métodos de campo e equações de predição
(Heyward e Stolarczk, 1996). Estes dois compartimentos vão-se alterando
progressivamente, ao longo da vida, sendo que a percentagem de gordura vai
diminuindo e a percentagem de MIG vai aumentando. Historicamente os M2C
desenvolvidos por Siri (1956) e Brozek et al. (1963) foram aplicados quase que
universalmente, presumindo pequenas mudanças na composição química da
MIG após o período inicial da infância.
Assim, segundo a equação de Siri, a %MG pode ser estimada de acordo com a
seguinte expressão (Going, 1996; Heyward e Stolarczk, 1996):
%MG= [(4,95/Dc) – 4,50] x 100,
enquanto que de acordo com a equação de Brozek et al., a %MG pode ser
estimada de acordo com a expressão (Going, 1996; Heyward e Stolarczk,
1996),
%MG= [(4,57/Dc) – 4,142] x 100,
onde Dc representa a densidade corporal.
Entretanto, muitos estudos mostraram que erros de 3-4% ou mais são inseridos
quando se usa um corpo de referência inadequado, ou seja, criança de
referência versus adolescente de referência. Quando os métodos e equações
de campo são desenvolvidos por meio da comparação com o modelo de dois
compartimentos, os erros são transmitidos para os novos métodos. Assim, um
novo método ou equação é tão preciso quanto o método contra o qual é
validado (Going, 2007).
O M2C revela-se algo problemático pelo não cumprimento dos pressupostos
atrás mencionados. Ou seja, a grande desvantagem das técnicas que se
baseiam nos modelos bicompartimentais, tem a ver com o pressuposto
fundamental relacionado com as proporções de água e mineral óssea que
constituem a MIG (Radley et al., 2003). Relativamente a violação dos
Revisão da literatura
37
pressupostos, parece que, enquanto não existe diferenças assinaláveis na
densidade na MG entre homens e mulheres, jovens e idosos, bem como entre
diferentes grupos étnicos, esta estabilidade é questionável em relação à MIG
Sardinha (1997). Os pressupostos que servem de base o M2C limitam o
modelo na análise da MIG e da DC em amostras constituídas por indivíduos
em crescimento, maturação (Lohman, 1996; Rogol et al., 2002) e processo de
envelhecimento (Deurenberg et al., 1989; Going, 1996; Heymsfield et al., 1989;
Wang et al., 1992). Em mulheres osteoporóticas, foi observado que a avaliação
da CC tende a sobre-estimar MG e de sub-estimar a MIG, em virtude de
revelarem uma menor densidade óssea (Lohman et al., 1984; Sardinha, 1997).
Mesmo quando se consideram populações homogéneas, no que diz respeito à
idade, sexo e etnicidade, foi constatada uma variação biológica na densidade
da MIG de 0,0059g/m3, a qual correspondeu um erro de 2,77% na estimação
da MG (Lonhman, 1992). Assim, em grupos não homogéneos é pois de prever
erros superiores de estimação da MG, quando se utilizam métodos analíticos
baseados no M2C (Sardinha, 1997).
No entanto, a MIG nas crianças apresenta uma grande sensibilidade à variação
do estado de hidratação (Boileau, et al., 1985) e ao conteúdo mineral ósseo
(Lohman et al., 1984).
Em relação à precisão da equação de Siri, Deurenberg et al., (1989) calcularam
a GC em sujeitos obesos (%G>30) e constaram uma sobrestimação da gordura
em torno de 2 a 4%. Da mesma forma, Siri também havia observado que o uso
do modelo 2C para a população geral conduzia a um erro de estimação da MG
de aproximadamente 4% (Lohman & Going, 1993)
2.1.2.2. Modelo Tricompartimental (M3C)
O desenvolvimento do M3C surgiu na tentativa de dar resposta aos problemas
detectados com o M2C. A sua utilização tem por base o pressuposto de que
quanto maior for o número de componentes medidas, menor será o erro de
estimação da MG (Sardinha, 1997). O erro associado ao M2C (4% na MG) fez
Revisão da literatura
38
com que Siri (1961) expandisse o seu modelo de 2C para 3C, atendendo à
variação da quantidade de água corporal total (ACT) para a população geral
(Lohman & Going, 1993). Siri, foi um dos primeiros investigadores a verificar
que quando a avaliação da DC se associava à avaliação da água corporal, se
observava uma redução de 4% para 2% no erro associado à estimativa da MG
(Sardinha, 1997).
Segundo Sardinha (1997) apesar do M3C ter sido baseado em considerações
semelhantes ao M2C apresenta duas considerações adicionais :
1. a razão entre o mineral e proteína na MIG é de 0,41666;
2. a densidade dos componentes combinados (proteína e mineral) da MIG é
constante (1,565 g/cm3).
Assim, segundo equação de Siri, a %MG pode ser estimada de acordo com a
seguinte expressão (Roemmich et al., 1997):
%MG= [(2,118/Dc) – 0,78Ag - 1,354] x 100,
onde Dc representa a densidade corporal e Ag a água corporal.
Lohman, em 1986, desenvolveu um outro M3C concebido essencialmente para
condições em que se pode observar uma maior variabilidade da componente
mineral da MIG (Sardinha, 1997). Esse autor modificou a equação original de
Siri (1956), ao incluir a componente em detrimento da água. A %MG pode
então ser estimada através da seguinte expressão:
%MG= [(6,386/Dc) + 3,961M – 6,090] x 100,
onde Dc representa a densidade corporal e M corresponde à percentagem de
mineral corporal.
No entanto, segundo Mattsson & Thomas (2006) existe um modelo
tricompartimental específico para a Densitometria Radiológica de Dupla energia
(DEXA), que separa a MIG em tecido mole magro e tecido mineral ósseo. A
disponibilização nos últimos anos da DEXA para a quantificação do CMO, da
Revisão da literatura
39
MG e MIG tem possibilitado uma utilização mais frequente do modelo
tricompartimental, assim como dos modelos tetracompartimentais.
2.2.1.3. Modelo Tetracompartimental (M4C)
O M4C utiliza informação sobre minerais, água, proteínas e gorduras para
avaliar a CC (Powers & Howley, 2000). A cuidadosa avaliação de cada um
destes componentes permite que sejam calculadas as variações da DMO e
ACT. O advento de novas tecnologias na avaliação da CC como a DEXA e a
tomografia computorizada facilitaram a avaliação in vivo de dois constituintes
da MIG (CMO e água corporal total - ACT) fazendo emergir o M4C, que é
teoricamente mais válido do que o M3C, uma vez que controla a variabilidade
da ACT e CMO (Withers et al., 1998).
Para a utilização do M4C é necessária a determinação da DC, ACT, CMO e
peso corporal. A partir destes valores realiza-se uma estimativa da %G
(Lohman & Going, 1993).
2.1.3. Métodos Laboratoriais de Referência
Os métodos laboratoriais oferecem medidas de referência ou critérios para a
derivação e avaliação de métodos de campo e equações de predição.
Dos vários métodos ou técnicas de estudo da CC, os laboratoriais indirectos
são os mais comuns: densitometria (pesagem hidrostática, pletismografia);
densitometria radiológica de dupla energia (DEXA); tomografia axial
computorizada (TAC); ressonância magnética (RM); hidrometria; potássio
radioactivo. Estes métodos indirectos apesar de serem mais precisos requerem
equipamentos laboratoriais sofisticados e alguns implicam exames morosos de
alto custo, sendo preferencialmente utilizados na validação de outras técnicas
ou em estudos de investigação que requeiram grande precisão (Barata et al.,
1997; Fragoso & Vieira, 2000; Heyward, 2002).
Revisão da literatura
40
Apesar de serem mais exactos, os métodos laboratoriais são baseados em
pressupostos, estando por isso sujeitos a algum tipo de erro. Importa referir
que, os métodos de referência baseados nos M2C, tais como
hidrodensitometria ou pesagem hidrostática, pletismografia por deslocamento
de ar (PDA) e hidrometria (medição da água corporal total), costumam
apresentar mais erros que os métodos baseados nos modelos
multicompartimentais.
O maior problema na interpretação da análise da CC reside no facto de que
métodos diferentes podem fornecer resultados diferentes numa mesma
pessoa, independentemente de ser criança ou adulto. Na verdade, segundo
Sopher et al., (2004), não é possível alcançar a verdade absoluta em nenhuma
técnica in vivo, pois todos dependem de pressupostos numéricos.
2.1.3.1. Densitometria
A densitometria refere-se à estimativa da CC baseada na DC (Going, 1996).
Este método considera que o corpo humano é formado por duas componentes:
gordura e MIG (Resende et al., 2006). A DC é então determinada pela relação
do peso no ar e na água. Contudo, a quantidade de gás no trato
gastrointestinal, o volume residual e a densidade da água necessitam serem
controladas devido ao fato de influenciarem os valores da DC (Heyward, 2001).
Historicamente, a pesagem sob a água era o método mais comum para estimar
o volume corporal. O peso reduzido da pessoa sob a água reflecte o volume de
água – e do corpo – que a pessoa desloca quando submerge. Apesar da
possibilidade de diversos métodos serem usados na estimação da DC, a
densitometria acabou por se tornar sinónimo de pesagem subaquática sendo
por isso denominada de pesagem hidrostática ou hidrodensitometria (Going,
1996).
A pesagem hidrostática foi considerada durante vários anos o método gold
standard da avaliação da CC, devido ao reduzido erro na mensuração da DC
(Heyward, 2001; Going, 1996; Lazzer et al., 2008; Mattsson & Thomas, 2006).
Revisão da literatura
41
Todavia este método requeria um elevado tempo e grau técnico, tanto do
sujeito avaliado como do avaliador particularmente na avaliação do volume
residual pulmonar. Em adição aos factores referidos, salienta-se a enorme
dificuldade da sua realização sujeitos idosos, obesos e ou crianças (Mattsson &
Thomas, 2006; Radley et al., 2003).
Uma recente alternativa à pesagem hidrostática é a pletismografia por
deslocamento de ar (PDA) (Lazzer et al., 2008; Mattsson & Thomas, 2006;
Radley, 2003). Esta tecnologia permite estimar o volume e a DC via PDA. O
uso da PDA na estimação da GC é melhor tolerado do que a pesagem
hidrostática (Mattsson & Thomas, 2006). Segundo os mesmos autores, vários
estudos foram realizados para comparar as duas técnicas. Contudo, os
resultados desses estudos são algo conflituosos.
Ambas as técnicas oferecem estimativas aceitáveis de volume e densidade.
Entretanto, são limitadas pela validade das premissas usadas nas equações
2C para converter a densidade em estimativas de CC.
No entanto, as proporções e as composições químicas dos vários
componentes corporais, não são constantes e variam com o crescimento e a
maturação, para além das diferenças individuais na composição corporal
(Malina, 2007). Por exemplo, a equação mais comum de Siri surgiu por
presumir que as densidades de GC (Dc) e MIG (dmig) eram iguais a 0,9 kg/L e
1,1 kg/L, respectivamente. Análises químicas corroboram essas estimativas em
jovens adultos saudáveis (Brozek e col., 1963), mas trabalhos com modelos de
componentes múltiplos (Evans et al., 2001; Prior et al., 2001) mostram
heterogeneidade considerável em fracções de proteína, água e minerais de
MIG, e portanto na sua densidade, em crianças e adolescentes em
crescimento, cujos componentes químicos estão passando por mudanças, e
em atletas e outras populações especiais.
Revisão da literatura
42
2.1.3.2. Hidrometria
A hidrometria é a mensuração da ACT, podendo ser estimada com maior
precisão através da diluição de isótopos (Schoeller, 2005). Tendo em conta que
a água é o componente corporal mais abundante (representa entre 55% e 65%
da massa corporal) e como se encontra no compartimento MIG, representando
aproximadamente 72% a 74% da MIG (homens com uma hidratação normal)
(Malina, 2007), o conhecimento da quantidade de ACT conjuntamente com a
DC permite estimar a MIG e consequentemente %G.
A estimativa da ACT necessária para se realizar estes cálculos pode ser
efectuada através de método de diluição de isótopos. Nesta técnica é
administrada em jejum uma dose oral ou intravenosa de água destilada com
uma quantidade conhecida de isótopos de hidrogénio ou oxigénio (Sardinha,
1997). Fundamentalmente tem sido utilizados três isótopos para medir a ACT:
o isótopo estável de oxigénio (18O), o isótopo estável de hidrogénio (2H-
deutério) e o isótopo radioactivo de hidrogénio (3H-trítio) (Malina, 2007;
Sardinha, 1997; Shoeller, 1996).
Após a ingestão oral ou a administração intravenosa do isótopo, é preciso um
período de equilíbrio de aproximadamente 3 horas, após o qual é recolhida
uma amostra de urina, saliva, sangue ou vapor de água, afim de ser estimada a
quantidade do isótopo (Malina, 2007; Mattsson & Thomas, 2006; Sardinha,
1997) por cromatografia, espectometria de massa ou espectometria por
infravermelho (Sardinha, 1997). O cálculo da água total é baseada na
correspondência em que C1V1 = C2V2, considerando que C1V1 representa a
quantidade de isótopo administrado, C2 representa a concentração do isótopo
no fluido biológico e V2 é o valor estimado da água total (Lukaski, 1987;
Sardinha, 1997). Isto é, a amostra recolhida tem uma menor concentração do
isótopo relativamente à dose inicialmente administrada já que parte é diluída na
água corporal. A quantidade de isótopo diluído reflecte a água corporal,
considerando para o efeito a diferença entre a quantidade administrada e a
medida na urina, saliva, sangue ou vapor de água. Uma vez que parte do
deutério também se mistura com o hidrogénio não aquoso na proteína e hidrato
Revisão da literatura
43
de carbono, torna-se necessário fazer uma redução compensatória de 4% no
cálculo final (Jjeb & Elia, 1995 cit. Sardinha, 1997).
Como pode haver variações significativas na ACT, a associação de ACT e
densidade no modelo 3C representa um avanço significativo comparado ao
modelo tradicional 2C. Entretanto, as fracções de água da MIG são bem
definidas para diferentes idades e níveis de amadurecimento e a MIG pode ser
estimada com precisão a partir da ACT desde que se usem as constantes de
conversão específicas às populações (Lohman, 1992).
Com uma atenção especial aos detalhes, a água corporal total pode ser
medido com uma precisão de 1-2% de erro associado (Mattsson & Thomas,
2006; Shoeller, 1996).
2.1.3.3. Potássio radioactivo
Grande parte do potássio orgânico encontra-se fundamentalmente nas células
musculares e nos principais órgãos, sob a forma de iões de potássio (K+)
(Malina et al., Malina, 2004; 2007; Sardinha, 1997), contendo uma proporção
relativamente constante do isótopo radioactivo de potássio (40K) (Garrow, 1982;
Sardinha, 1997). A medição da concentração do 40K no organismo pode
fornecer uma estimativa da MIG (Madden & Morgan, 1997; Malina et al., 2004;
Malina, 2007). Este 40K emite raios gama que podem ser detectados por
detectores específicos (Garrow, 1982; Madden & Morgan, 1997; Malina, 2007).
Na utilização desta técnica assume-se que a MG é isenta de potássio (Madden
& Morgan, 1997). Uma vez que é conhecida a sua concentração na MIG,
60mmol/kg e 66mmol/kg, nas mulheres e nos homens, respectivamente
(Garrow, 1982), a quantidade de MIG e MG pode ser determinada. O erro
preditivo total deste método de referência tende a ser superior ao da
densitometria e hidrometria. Este erro poderá ser de 3-3,5%, devido a
variabilidade da massa muscular (Garrow, 1982; Lohman, 1995 cit. Sardinha,
1997).
Revisão da literatura
44
2.1.3.4. Tomografia axial computadorizada (TAC)
A aplicação da TAC representa um avanço importante em estudos da CC
(Mattsson & Thomas, 2006). Foi uma das técnicas que mais contribuiu para o
conhecimento da complexa interacção entre a CC e diversas doenças
(Mattsson & Thomas, 2006). A TAC é geralmente utilizada na validação das
técnicas de campo como por exemplo a impedância bioeléctrica. Para além
disso, a TAC é uma das poucas metodologias disponíveis para a medida
detalhada em tecidos e órgãos internos, como o tecido ósseo e o músculo-
esquelético (Heymsfield, et al., 1996; Mattsson & Thomas, 2006). No entanto, a
utilização da TAC apresenta algumas limitações nomeadamente a elevada
dose de radiação absorvida, resultando em doses efectivas na ordem de
10msv por investigação (Mattsson & Thomas, 2006).
2.1.3.5. Densitometria radiológica de dupla energia (DEXA)
Um importante avanço na investigação da CC ocorreu com o aparecimento da
DEXA (St-Onge et al., 2004). Este método considerado na actualidade como
um instrumento de referência na avaliação da CC (gold standard) foi
originalmente desenvolvido para estimar o CMO (Radley et al., 2003; Heyward,
2001; Mattsson & Thomas, 2006).
A DEXA baseia-se no modelo de que o organismo é formado por três
compartimentos: gordura, mineral ósseo e tecido magro não ósseo ou massa
magra (Heyward, 2001; Kahn, et al., 2001; St-Onge et al., 2004; 2003;
Mattsson & Thomas, 2006). Trata-se de um procedimento de imagem de alta
tecnologia (Treuth et al., 2001), fiável e que fornece resultados precisos e
segmentares da CC (Heyward, 2001). São diversas as vantagens da sua
utilização nomeadamente: rapidez de aplicação, precisão dos seus valores, ser
não invasiva, e facilmente utilizável em crianças e jovens (Genton et al., 2002;
Kahn, et al., 2001; Sopher et al., 2004). Para além disso salienta-se o nível
baixo de exposição à radiação emitido por esta técnica (Lohman, 1996;
Madden & Morgan, 1997; Mattsson & Thomas, 2006).
Revisão da literatura
45
Para a realização desta técnica, o sujeito é colocado em decúbito dorsal na
mesa do aparelho, sendo utilizado um feixe de laser de fotões para posicionar
correctamente a zona a explorar. O emissor de radiação localiza-se sob a
mesa e o detector está montado no membro superior acima do sujeito, em
posição diametralmente oposta à do emissor. Sob o controlo do computador, a
fonte de radiação e o detector movem-se em sincronia, varrendo a zona a
explorar a uma velocidade de 20-60mm/seg. O aparelho está equipado com um
sistema de calibração que contem materiais que absorvem quantidades
variáveis (conhecidas) de RX e que servem para realizar uma autocalibração
em tempo real. São medidas, alternadamente a capacidade de absorção do
sujeito e da peça do material de referência. Estas duas variáveis são
continuamente recolhidas no detector e enviadas ao computador, o qual,
calculando a razão entre a atenuação do raio pelo sujeito e a realizada pelo
material de referência, determina assim o CMO. O programa calcula a
densidade de cada amostra e a partir da radiação que alcança o detector em
cada pico de energia de acordo com a equação de transmissão de fotões. No
total, o exame demora cerca de 15 minutos a realizar (incluindo a emissão do
relatório) e a dose de radiação recebida pelo sujeito é equivalente a 1/10 da
necessária para a realização de uma radiografia de tórax convencional
(Madden & Morgan, 1997).
Em suma, esta técnica de medição baseia-se no princípio de que uma radiação
ao atravessar meios com diferentes densidades sofre atenuações de grau
variável, de acordo com a composição destes meios. Baseando no pressuposto
de que a atenuação das radiações de cada tecido orgânico depende do
comprimento da onda utilizada e do número atómico dos elementos
interpostos, o nível de atenuação diferencial de fotões emitidos a duas
diferentes energias divide o corpo em três compartimentos: Gordura, mineral
ósseo e tecidos magros não-ósseo (Rech et al., 2006).
Com efeito, a DEXA fornece uma estimativa do corpo total e de regiões
específicas de três compartimentos para a avaliação da CC: MG; MIG e CMO
(Malina 2007). A partir destes dados é calculada a DMO e a percentagem de
Revisão da literatura
46
gordura (Litaker et al., 2003; Rech et al., 2006). A DEXA faz uma estimativa da
MIG dos membros superiores, inferiores e do tronco, separadamente.
A DEXA parece ser uma alternativa aos problemas apresentados, por outras
técnicas de avaliação da CC. Esta técnica permite avaliação rápida e com
dados confiáveis, relativamente à pesagem hidrostática, sendo difícil a
realização desta ultima em idosos, nomeadamente em relação ao tempo
dispendido neste, no processo de submersão dos sujeitos avaliados. No
entanto, esta técnica é considerada de alto custo operacional. A DEXA tem
sido aceite em estudos de validação e no desenvolvimento de novas técnica
antropométricas de avaliação individual (Rech et al., 2006).
Revisão da literatura
47
2.2. Influência do crescimento, do estatuto maturacional e da actividade
física e desportiva na composição corporal
2.2.1. Massa gorda (MG)
2.2.1.1. Influência do crescimento e do estatuto maturacional
A % da MG é de aproximadamente 15% do peso corporal na altura do
nascimento, aumentando para os 25% aos 6 meses e para os 30% no primeiro
ano de vida (Norgan, 1998). Nos 2 anos seguintes os valores da MG continuam
aumentar registando-se a partir daí e até aos 6 anos de idade pequenas
alterações (Malina et al., 2004).
Nos rapazes a MG quando analisada em termos relativos, parece aumentar de
uma forma rápida durante a infância diminuindo posteriormente os seus valores
durante a adolescência (Malina et al., 2004).
Segundo Rowland (2005), antes da ocorrência do salto pubertário os rapazes
tendem a apresentar valores inferiores de MG (aproximadamente 15% aos 11
anos). A %MG aumenta de uma forma gradual, até ao período que antecede o
pico de velocidade de crescimento em altura (11-12 anos) e, depois diminui
gradualmente, atingindo o seu ponto mais baixo por volta dos 16-17 anos
(Malina, 2007; Malina et al., 2004; Siervogel et al., 2003). Contrariamente aos
valores da MG corporal total, a contribuição relativa da MG no peso corporal
total diminui durante a fase de adolescência masculina. Este declínio na %MG
é devido ao rápido crescimento na MIG e a pouca acumulação da MG nesta
fase (Malina, 2007; Malina et al., 2004).
2.2.1.2. Influência da AF e desportiva
A participação em AF e desportivas parece resultar numa diminuição moderada
a elevada nos valores da GC (Boileau et al., 1985). Estudos em adultos
salientam que a influência dessas actividades na diminuição da MG apenas se
verifica na redução do tamanho das células do tecido adiposo e não no número
de células gordas (Malina et al., 2004).
Revisão da literatura
48
Enquanto que, no adulto as alterações induzidas na GC total ou no tecido
adiposo subcutâneo pela participação regular em AF e desportivas estão bem
documentadas, em crianças e jovens os estudos sobre a mesma temática são
mais reduzidos.
No entanto, apesar do menor número de investigações realizadas parece
existir uma associação negativa entre a AF e a quantidade de GC em crianças
e adolescentes (Hussey et al., 2007; Rowlands et al., 1999; Ruiz et al., 2006).
As crianças e os jovens que evidenciaram elevados níveis de AF vigorosa
mostraram menor quantidade de GC (Dione et al., 2000;Hussey et al., 2007).
Segundo os resultados da investigação conduzida por Rowlands et al., (1999),
parece que a inactividade na infância está relacionada com o aumento do nível
da GC. De acordo com os resultados deste estudo, a AF está correlacionado
negativamente com a GC total
Nos estudos realizados com crianças e jovens, o tecido adiposo é na grande
maioria das vezes medido através de pregas de adiposidade subcutânea. A AF
intensa é referida como sendo essencial para modificar a espessura das
pregas de adiposidade de crianças e jovens (Hussey et al., 2007; Ruiz et al.,
2006). Contudo, existem escassas informações sobre a possível influência do
treino na distribuição da gordura subcutânea durante o crescimento.
2.2.2. Massa isenta de gordura (MIG)
2.2.2.1. Influência do crescimento e do estatuto maturacional
A curva de crescimento da MIG é semelhante à que se verifica com outras
medidas somáticas, nomeadamente da altura e do peso (Norgan, 1998).
Contudo, esta componente da CC evidencia um crescimento mais ou menos
constante durante a infância verificando-se a partir da adolescência um
aumento. A massa muscular relativa aumenta de 42% para 54% nos rapazes
dos 5 anos aos 17 anos (Norgan, 1998).
Revisão da literatura
49
Embora os dados longitudinais sejam escassos, parece que o pico de
velocidade de crescimento da MIG nos rapazes acontece por volta dos 17 anos
de idade, contudo, os valores dos jovens adultos na MIG são atingidos por
volta dos 19 aos 20 anos de idade nos homens (Norgan, 1998; Malina et al.,
2004). O adolescente do sexo masculino tem um grande ganho da massa
muscular, sendo que quando atinge a idade de jovem adulto, tem cerca de
0,36kg a 0,38kg da MIG para cada centímetro de altura (Malina, 2007; Malina
et al., 2004). A massa muscular representa, em média, cerca de 53% do peso
de um rapaz de 17 anos de idade, mas no entanto, na fase pré-púbere, este
valor é de aproximadamente 45% (Rowland, 2005).
Num estudo realizado com rapazes Checos, o pico de velocidade da MIG
coincide com o pico de velocidade em altura, no entanto, outros dados referem
que não existem diferenças nos ganhos anuais entre os 10 e os 18 anos de
idade (Norgan, 1998). No entanto, Siervogel et al., (2003), afirma que MIG
aumenta de uma forma equilibrada entre os 8 e os 18 anos, com um aumento
mais rápido entre os 12 anos e os 15 anos de idade.
Na puberdade os homens aumentam não só a altura, mas também a massa
muscular. A massa muscular típica num rapaz de 11 anos de idade é de 15kg.
Com o crescimento induzido pela puberdade, este aumenta para 35kg por volta
dos 17 anos de idade (Rowland, 2005).
2.2.2.2. Influência da AF e desportiva
Diversas investigações têm procurado estudar os efeitos da AF na MIG em
adultos, algo que não acontece com faixa etária mais baixas. Os poucos
estudos existentes mostram que os resultados disponíveis são geralmente
semelhantes aos verificados em adultos e sugerem que o treino regular tem o
potencial de modificar a capacidade metabólica do músculo nos adolescentes.
Alguns investigadores têm demonstrado que jovens e crianças envolvidas em
treinos desportivos ou em AF de elevada intensidade apresentam maiores
valores da MIG (Morris et al., 1997, Stenevi-Lundgren et al., 2008). Da mesma
Revisão da literatura
50
forma, os resultados da investigação realizada por Baxter-Jones et al. (2008)
revelaram que a AF tem uma significativa influência no crescimento da MIG
durante a adolescência.
A participação regular em AF e desportivas, durante a infância ou adolescência
é vista como sendo um factor importante na melhoria da saúde esquelética, da
capacidade física e da CC (Stenevi-Lundgren et al., 2008).
Algumas formas de AF podem resultar em hipertrofia muscular e aumento das
proteínas contrácteis e concentração de enzimas. Programas de treino
prolongados de força e de resistência podem ter um efeito importante na
massa muscular (Malina et al., 2004).
O exercício físico parece resultar num aumento pequeno a moderado da MIG
(Boileau et al., 1985). O aumento da MIG observado em jovens com uma
prática desportiva regular, dos 11 aos 17 anos de idade, sugere que o aumento
verificado é maior do que o esperado com o normal crescimento e maturação
(Malina, 2007). Nos rapazes púberes, verifica-se uma hipertrofia em conjunto
com um aumento da força em resposta ao treino da resistência (Sale, 1989, cit.
Malina et al., 2004). As crianças que se envolveram em programas desportivas
e que apresentam uma longa história desta pratica parecem ser mais magras e
desenvolvem a MIG numa taxa superior ao que se espera de um crescimento
normal (Boileau et al., 1985). Num estudo realizado com rapazes Checos,
constatou-se que estes tiveram um ganho de cerca de 7,5kg/ano na MIG
próximo do pico de velocidade em altura (Parizkova, 1976 cit. Malina, 2007).
Uma questão de interesse relaciona-se com o facto da separação das
alterações que resultam do treino, com aquelas que estão associadas ao
processo normal de crescimento e maturação, particularmente em rapazes
adolescente (Malina et al., 2004).
Revisão da literatura
51
2.2.3. Massa óssea (MO)
2.2.3.1. Influência do crescimento e do estatuto maturacional
O crescimento e a maturação são processos dinâmicos que englobam um
amplo espectro de alterações celulares e somáticas (Rogol et al., 2002). As
variáveis ósseas, DMO, CMO e área óssea (AO), parecem aumentar em
função da idade (Del Rio et al., 1994; Malina et al., 2004; Norgan 1998; Sluis et
al., 2002). Durante o processo de crescimento, a DMO e o CMO, normalmente,
aumentam de uma forma linear, atingindo o seu maior valor na fase inicial da
vida adulta sofrendo posteriormente um declínio (Bar-Or & Rowlands, 2004;
Malina et al., 2004).
O CMO parece aumentar de uma forma linear durante as primeiras décadas de
vida, sendo especialmente evidente tal incremento na segunda década de vida
(Malina, 2007). Segundo os resultados do estudo realizado por Magarey et al.
(1999), no decorrer do salto pubertário, 45% dos valores do CMO dos rapazes
foi atingido aos 11 anos de idade e 86% aos 17 anos de idade. Para além
disso, aos 17 anos, aproximadamente 17% dos rapazes já tinham alcançado os
valores de referência do CMO de um adulto. Por volta dos 18 anos de idade,
mais de 90% da massa esquelética encontra-se desenvolvida, e por esta idade
esta componente da CC representa a maior variabilidade na MO na idade
adulta (Rogol, et al., 2002; Rowland, 2005; Slemenda et al., 1994).
Segundo um estudo realizado por Bailey et al., (1999), o pico de velocidade de
crescimento do CMO ocorre aproximadamente 1 ano após se atingir o pico de
velocidade em altura. Esta dissociação entre o pico de velocidade de
crescimento e o pico de ganho da MO, tem um interesse clínico e poderá
explicar em parte o aumento da taxa de fracturas durante a adolescência
(Bailey et al., 1999).
A AO tem uma curva de crescimento semelhante à do CMO (Malina et al.,
2004).
No que se refere à DMO, as taxas de crescimento são ligeiramente diferentes
das observadas para o CMO. De uma forma geral, aumenta com a idade desde
Revisão da literatura
52
o período fetal até à idade adulta (Gabbard, 1996). Segundo Ondrak & Morgan
(2007), existem dois momentos de rápido crescimento da DMO em crianças e
adolescentes. O primeiro parece ocorrer entre o 1º e o 4º ano de vida e o
segundo no decorrer do salto pubertário. Aos 11 anos de idade os rapazes já
atingiram 71% dos valores de referência do adulto (Magarey et al., (1999). De
acordo com estes autores a taxa de crescimento da DMO tende a diminuir
entre os 11 e os 13 anos. Contudo, estes valores, voltam novamente a
aumentar até aos 17 anos, idade em que 86% dos valores do adulto estão já
alcançados (Magarey et al., 1999).
Actualmente ainda não existe um consenso relativamente à idade em que é
atingido o pico da MO, nem da extensão da influência dos factores modificáveis
do envolvimento como a dieta e a AF no pico da MO (Magarey et al., 1999).
A maturação biológica parece estar igualmente associada à DMO, CMO e AO
nas crianças e nos jovens (Magarey et al., 1999; Siervogel et al., 2003;
Slemenda et al., 1994). De acordo com os resultados de um estudo realizado
por Magarey et al., (1999), a velocidade de crescimento da AO parece ser
maior no inicio da puberdade, enquanto que as velocidades de crescimento do
CMO e da DMO tendem a ser maiores durante o salto pubertário.
Apesar da maturação biológica se mostrar associada positivamente à DMO
(Boot et al., 1997; Magarey et al., 1999; Rego et al., 1999; Yilmaz et al., 2005),
alguns investigadores constataram a existência de uma diminuição na taxa de
crescimento da DMO na fase inicial do salto pubertário (Bailey et al., 1999;
Magarey et al., 1999). A explicação para este declínio na taxa de crescimento
da DMO parece residir no facto de haver uma dissociação entre o pico de
velocidade de crescimento e a mineralização óssea (Bailey et al., 1999;
Magarey et al., 1999).
Segundo Slemenda et al., (1994), é provável que seja possível aumentar a
mineralização óssea depois da puberdade, no entanto, para se conseguir este
pequeno efeito no ganho da MO, parece ser fundamental que se adopte um
estilo de vida “ideal” (ser fisicamente activo, não fumador, apresentar um alto
consumo de cálcio, etc).
Revisão da literatura
53
2.2.3.2. Influência da AF e desportiva
A MO parece ser resultante de factores genéticos e relacionados com o
envolvimento (ACSM, 2006; Foo et al., 2007; Havill et al., 2007; Kriemler et al.,
2008; Nordström et al., 2008). Relativamente aos factores genéticos alguns
estudos desenvolvidos em humanos e em animais parecem mostrar valores de
contribuição na ordem dos 40-90% (Havill et al., 2007). No que se refere aos
factores do envolvimento, acredita-se que a AF e desportiva e a nutrição são
responsáveis pela restante modulação da expressão individual do pico de MO
(ACSM, 2006; Foo et al., 2007; Magarey et al., 1999; Molgaard et al., 2001;
Nordström et al 2008; Rego et al., 1999).
A MO na idade adulta depende quer do pico da MO que se consegue alcançar
durante a infância e adolescência, quer da perda da MO acumulada depois de
se alcançar este pico (Branco, 1997). Sabe-se que a AF influencia ambos os
factores. Existem vários estudos que demonstram que as pessoas com uma
prática regular da AF apresentam uma DMO superior aos que não participam
nesse tipo de actividades.
Kelley et al. (2000) referem que a AF tem sido recomendada como método não
farmacológico de maximização da DMO durante a juventude, tanto quanto na
melhoria da qualidade esquelética quer na prevenção da perda de MO durante
a idade adulta. Parece que a AF durante a infância e adolescência está
associado à MO na fase adulta, independentemente do nível da AF desta
ultima fase (Baxter-Jones et al., 2008; Foley et al., 2008; Molgaard et al., 2001).
Os dados mais convincentes relativos à relação positiva entre a AF e o CMO
em idades pediátricas são provenientes de um estudo longitudinal realizado na
Universidade de Saskatchewan em crianças e adolescentes (Bailey et al.,
1999). Os resultados deste estudo mostraram que a magnitude do ganho do
CMO no pico da acumulação da MO foi de 409 gramas/ano para os rapazes
activos e o valor total do CMO acumulado nos 2 anos em torno do pico do
CMO total foi de 699 gramas para os rapazes (Bailey et al., 1999). Sabendo
que o valor do CMO total de um adulto masculino é de 2800 gramas verifica-se
que em média, 26% desse valor é alcançado em torno dos dois anos do pico
Revisão da literatura
54
do ganho do CMO (Bailey et al., 1999). Os resultados deste estudo mostram
que os rapazes com um elevado nível da AF habitual têm um elevado pico de
velocidade de ganho do CMO (g/ano) e um valor da acumulação do CMO
durante o intervalo do pico de crescimento, maior do que os rapazes que
tinham uma AF normal. Estes últimos, por sua vez, têm maior valores
correspondentes ao CMO do que os rapazes menos activos. Depois do pico de
velocidade do ganho do CMO, os rapazes activos têm 9% do CMO total, maior
do que os pares inactivos (Bailey et al., 1999).
Diversos estudos com humanos e animais, que examinaram os efeitos das
cargas mecânicas ou da AF sobre os ossos, sugerem um efeito benéfico com o
aumento da carga. É importante constatar que a maioria dos estudos
realizados em humanos avaliou os efeitos das cargas mecânicas usando DEXA
(Havill et al., 2007). As evidências sugerem que a prática regular da AF não
tem um efeito aparente na maturação do esqueleto. No entanto parece
aumentar a mineralização e a densidade do esqueleto (Gabbard, 1996).
A AF regular, durante a infância e adolescência, está associada ao aumento do
CMO (Branco, 1997; Bailey et al., 1999; Nordström et al., 1998; Foley et al.,
2008; Havill et al., 2007; Tobias et al., 2007), mas a influência osteogénica da
AF é geralmente específica ao local do esqueleto onde ocorreram as forças
mecânicas (Havill et al., 2007; Kannus et al., 1996). Segundo Foley et al.,
(2008), o nível de capacidade física da infância explica, aproximadamente 8%
da variação da MO na idade adulta. Assim, parece que as intervenções
destinadas a aumentar a capacidade física através de cargas de impacto sobre
o esqueleto, no início da infância, leva ao aumento no pico da MO,
independentemente do nível de AF corrente (Foley et al., 2008).
O crescimento e a AF na infância e na juventude são determinantes objectivos
do estado do esqueleto na vida adulta. Parece que, a prática de AF em fases
iniciais da vida (infância e/ou adolescência) pode, ao programar o turnover
ósseo, influenciar a MO (Branco, 1997). Alguns estudos de correlação mostram
uma relação positiva entre uma prática habitual da AF e a mineralização óssea.
Revisão da literatura
55
Paralelamente a isto, alguns estudos realizados com animais fornecem
algumas informações sobre os efeitos do stress mecânico no crescimento
ósseo. Os resultados destes estudos mostram que os grupos de animais
submetidos ao treino revelam ganhos no CMO substancialmente superiores
aos grupos dos animais não treinados ou mais velhos (MacKelvie et al., 2001).
Alguns investigadores estudaram os efeitos dos impactos de stress no CMO e
nas propriedades ósseas em ratos com 13 semanas de idade, que foram
submetidos a uma semana de esforços de impacto (Jarvinen et al., 1998). Os
resultados destes estudos com o grupo de controlo foram consistentes e
conclusivos. Os animais submetidos ao stress de grande impacto mostraram
um aumento de 10% na parede do osso cortical e um significativo aumento da
força do fémur, quando comparado com os animais sedentários (Jarvinen et al.,
1998). Da mesma forma, Pettersson et al., (2000), observaram que a AF de
impacto é um dos determinantes principais da DMO. Ou seja, parece que as
actividades de impacto têm um maior potencial osteogénico.
Assim, parece que as diferenças na mineralização óssea são mais
pronunciadas nas actividades onde se tem que suportar cargas de impacto do
que nas actividade onde não se suporta carga (Slemenda et al., 1994; Morris et
al, 1997; Nordström et al., 1998; Pettersson et al., 2000). Entre os rapazes pré-
púberes, aqueles que se encontram no quartil superior da AF de impacto ou
seja os mais activos, tem um aumento no CMO 4% a 7% superior aos menos
activos (quartil inferior) (Slemenda et al., 1994). Da mesma forma, Bailey et al.,
(1999) verificaram um maior pico da taxa do ganho do CMO e uma maior
acumulação do CMO nos 2 anos em torno ao pico, para as crianças que se
encontram no quartil superior de AF em relação aos que se encontram no
quartil inferior.
A importância particular no contexto dos efeitos benéficos da AF no tecido
ósseo, durante a infância e adolescência, é a observação de que o CMO
estabelecido durante a infância e adolescência é um determinante do status do
CMO durante a vida adulta (Malina et al., 2004). O maior CMO nos jovens
adultos, presumivelmente, representa o acumulativo efeito benéfico da AF
Revisão da literatura
56
regular na mineralização óssea durante a infância e a adolescência (Malina et
al., 2004).
Contrariamente a mineralização óssea, a prática regular da AF não influencia o
crescimento ósseo em comprimento (Malina et al., 2004).
De uma forma geral, a magnitude das alterações dos ossos, encontradas em
estudos cuja amostra se encontra em fase de crescimento e maturação, foi
muito superior dos que têm sido encontrados em estudos com animais maturos
ou adultos (MacKelvie et al., 2001). Assim, parece que, os ossos em
crescimento apresentam maior capacidade para adicionar osso novo do que os
ossos maturos, pese embora, os resultados dos estudos variam em função do
nível maturacional da amostra. No entanto, as bases das respostas celulares
ou moleculares para as diferenças nas respostas dos esqueletos maturos ou
em fase de maturação ainda não são conhecidas (MacKelvie et al., 2001).
Recentes estudos prospectivos vieram sustentar a afirmação de que a aumento
da AF de impacto pode aumentar a DMO e o CMO nos esqueletos dos pré-
púberes e púberes (Morris et al., 1997; Bradney et al., 1998; Gunter et al.,
2008; Nordström, et al., 1998).
Num estudo realizado com rapazes pré-púberes, verificaram ganhos no CMO
ou na DMO, no grupo submetido ao exercício quando comparado com o grupo
de controlo, um ganho de 3% para o membro inferior, 1% para o corpo total e
para a coluna lombar 2,5% (Bradney et al., 1998). Da mesma forma, Gunter et
al., (2008) verificaram que as crianças submetidas a um programa de 7 meses
de exercício de impacto apresentavam o CMO da coxa 3,6% superior ao grupo
de controlo e mais 1,4% do CMO da coxa, depois de aproximadamente 8 anos.
De uma forma geral, os efeitos de um aumento no nível da AF aumenta o CMO
e a DMO (Havill et al., 2007). Assim, parece existir uma certa maleabilidade do
osso em se adaptar a diferentes níveis de esforços mecânicos. Segundo a
teoria Mechanostat, a MO ajusta-se para se adequar ao nível de estimulação
mecânica, pelo que um aumento na estimulação mecânica resulta num maior
ganho na MO (Ondrak e Morgan, 2007). De uma forma geral, as forças de
Revisão da literatura
57
tensão e compressão associadas à contracção muscular e cargas de impacto
são vistas como um estímulo essencial para o esqueleto ou formação óssea e
o crescimento (Kannus et al., 1996).
Pensamos que, entender as muitas influências sobre o CMO, a DMO e a AO,
não só é importante, como também deve ser entendido como uma condição
primária para decidir estratégias de intervenção racionais para optimizar a
saúde óssea durante as primeiras décadas de vidas e, consequentemente
prevenir efeitos nefastos na idade adulta.
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Yilmaz D, Ersoy B, Bilgin E, Gümüser G, Onur E, Pinar E (2005). Bone
mineral density in girls and boys at different pubertal stages: relation with
gonodal steroids, bone formation markers, and growth parameters. J Bone
Miner Metab; 23: 476-482
Zemel BS (1998). The assessment of body composition. In Ulijaszek,
Johnston and Preece. The Cambridge encyclopedia of Human Growth and
Development. Pag 34-36
70
71
Capítulo 3
Artigo Original
Densidade e conteúdo mineral óssea de crianças e jovens do sexo
masculino. Efeito da idade, do estatuto maturacional e da prática
desportiva.
Bone mineral density and bone mineral content in children and
adolescents boys. Effects of age, maturation status and sport
participation.
Passos E, Rego C, Mota J, Natal A & Seabra A
Artigo a ser sujeito a publicação
72
Artigo original
73
RESUMO
Introdução: Uma melhor compreensão dos factores que influenciam o ganho
da massa óssea (MO) na infância e na adolescência, poderá ajudar a
desenvolver estratégias que permitam ajudar a prevenir fracturas
osteoporóticas que ocorrem na fase adulta da vida.
Propósitos: (1) descrever o conteúdo mineral ósseo (CMO), a densidade
mineral óssea (DMO) e a área óssea (AO) da coluna lombar de crianças e
jovens do sexo masculinos Portugueses em função da idade, do estatuto
maturacional e da prática desportiva; e (2) determinar a associação entre a
idade, o estatuto maturacional e a prática desportiva com o CMO, a DMO e a
AO da coluna lombar de crianças e jovens de sexo masculino.
Participantes e Métodos: A amostra é constituída por 230 crianças e jovens
(136 praticantes de actividades desportivas organizadas e 94 não praticantes)
do sexo masculino, com idade cronológica compreendida entre os 12 e os 18
anos. O estatuto maturacional foi avaliado através dos estádios de maturação
descritos por Tanner. As variáveis ósseas (CMO, DMO e AO) foram avaliadas
na coluna lombar (L1-L4) através de Absorciometria Radiológica de Dupla
Energia (DEXA). Os procedimentos estatísticos incluíram a estatística
descritiva, a análise de variância a dois factores e a regressão múltipla.
Resultados: (1) os valores médios do CMO, da DMO e da AO aumentam
significativamente com a idade (p<0.001) e com o estatuto maturacional
(p<0.001). (2) As crianças e os jovens que participam em actividades
desportivas apresentam valores médios superiores do CMO (58.04±16.52 vs.
46.92±15.80, p<0.001) e da DMO (1.02±0.18 vs. 0.84±0.16, p<0.001). (3) Não
observamos diferenças significativas na AO entre os praticantes e os não
praticantes de actividades desportivas (55.71±8.80 vs. 54.15±8.82, p=0.237).
(4) A idade, o estatuto maturacional e a prática desportiva são variáveis
importantes na explicação do CMO e da DMO. Estas variáveis em conjunto,
explicam aproximadamente 63% e 65% da variação do CMO e da DMO,
respectivamente. Apenas a idade e o estatuto maturacional se encontram
Artigo original
74
associadas positivamente à AO, explicando, em conjunto, 50% da sua
variação.
Conclusão: A idade o estatuto maturacional e a prática desportiva estão
associados ao CMO e à DMO de crianças e jovens Portugueses. Parece que a
AO apenas sofre a influência da idade e dos estádios de maturação.
Palavras chaves: Conteúdo mineral ósseo, densidade mineral óssea, área
óssea, maturação, prática desportiva.
Artigo original
75
ABSTRACT:
Introduction: Better understanding about the factors that influence the gain of
bone mass in childhood and adolescence, may help develop strategies to can
help prevent osteoporotic fractures that occur in the adult phase of life.
Objective: (1) describe the bone mineral content (BMC), bone mineral density
(BMD) and bone area (BA) of the lumbar spine in children and adolescents
male Portuguese depending on age, maturational status and physical activity
and (2) determine the association of age, biological maturation and physical
activity with BMC, BMD and BA of the lumbar spine of children and adolescent.
Methods: The sample consisted of 230 children and young males, aged
between 12 and 18 years (136 physically active and 94 non-active). We use
Tanner stage to evaluated the biological maturation. The bone variables (BMC,
BMD and BA) were evaluated in the lumbar spine (L1-L4) by Dual-energy X-ray
Absorptiometry (DXA). We used the descriptive statistics, analysis of variance
with two factors and multiple regression.
Results: (1)The values of BMC, BMD and BA increased with age (p<0.001)
and maturational status (p<0.001). (2) Physical active boys have higher values
of BMC (58.04±16.52 vs. 46.92±15.80, p<0.001) and BMD (1.02±0.18 vs.
0.84±0.16, p<0.001) than their non-active peers. (3) There are no differences in
BA between physical active boys and their non-active peers (55.71±8.80 vs.
54.15±8.82, p=0.237). (4) Age, maturity status and PA are important variables
in the explanation of BMC and BMD. Together, theses variables explain 63%
and 65% of the variation of BMC and BMD, respectively. Only the age and
maturity status have positive effects on the BA, explaining together 50% of the
variation of BA.
Conclusions: Age, maturational status and physical are associated with BMC
and BMD of Portuguese children and youth. BA appear to be only under the
influence of age and maturational status.
Keywords: Bone mineral content, bone mineral density, bone area, maturation,
physical activity
76
Artigo original
77
INTRODUÇÃO
A osteoporose é definida como sendo uma patologia crónica degenerativa do
tecido ósseo, caracterizada por uma reduzida quantidade da massa óssea
(MO) e uma deterioração micro-arquitectural da estrutura óssea que, em
combinação, aumenta a susceptibilidade à fractura (ACSM, 2006; Dembo &
McCormick, 2000: Nguyen et al., 1998; Winters-Stone, 2005). A incidência
desta doença, em países desenvolvidos, tem aumentado significativamente nas
últimas décadas (Kohrt et., 2004), afectando nos EUA mais de 25 milhões de
pessoas (Dembo & McCormick, 2000) e, em Portugal mais de 630 mil adultos
(aproximadamente 6,3% da população), sendo responsável por cerca de 40 mil
fracturas anuais (INE, 2007; MS, 2009).
Embora seja uma doença cuja manifestação clínica ocorre essencialmente na
idade adulta, parece ter as suas raízes na infância e na adolescência
(Ackerman et al., 2006; Bradney et al., 1998; Ondrak & Morgan, 2007; Rocher
et al., 2008; Slemenda et al., 1994; Tobias et al., 2007). Diversos
investigadores consideram que o desenvolvimento ósseo normal durante a
infância e adolescência é um aspecto importante e decisivo na prevenção da
osteoporose na idade adulta (Bar-Or & Rowland, 2004; Khan et al., 2001;
Lohman, 2008; Rowland, 2005; Slemenda et al., 1994). Sabe-se que a
qualidade da massa óssea que um sujeito evidencia na idade adulta depende
não só da quantidade que se perde nessa fase da vida, mas também da que se
acumula durante o processo de crescimento e desenvolvimento (Ackerman et
al., 2006; Bradney et al., 1998; Branco, 1997; Ondrak & Morgan, 2007; Rocher
et al., 2008; Slemenda et al., 1994; Tobias et al., 2007).
Face a estas constatações, muitos estudos têm sido realizados com o
propósito de identificar os factores que se encontram associados ao CMO, à
DMO e à AO na infância e adolescência (Boot et al., 1997; Ondrak & Morgan,
2007 ). Nessas pesquisas diferentes factores têm vindo a ser descritos como
estando positivamente associados ao desenvolvimento da MO. Um dos
factores diz respeito ao processo normal de crescimento e desenvolvimento
porque passa qualquer criança e ou jovem. No decurso da infância e da
adolescência o CMO e a DMO parecem aumentar linearmente (Bailey et al.,
Artigo original
78
1999; Bar-Or & Rowlands, 2004; Magarey et al. 1999; Malina et al., 2004;
Slemenda et al., 1994).
Um outro factor que parece ser determinante no desenvolvimento da MO é o
estatuto maturacional. Os resultados de alguns estudos sugerem que o
desenvolvimento maturacional parece estar igualmente associado ao aumento
da MO nas crianças e nos jovens (Boot et al., 1997; Magarey et al., 1999;
Malina et al., 2004; Rego et al., 1999; Siervogel et al., 2003; Slemenda et al.,
1994; Yilmaz et al., 2005), ou seja, parece que o CMO e a DMO apresentam
uma tendência para aumentar, em função da maturação (Malina et al., 2004).
Para além dos factores anteriores também a participação regular em AF e
desportivas tem sido fortemente estudada. São diversas as pesquisas que têm
demonstrado que a exposição a estímulos mecânicos suficientes, durante a
infância e adolescência pode, ao programar o turnover ósseo, provocar uma
mudança permanente no metabolismo ósseo promovendo um aumento na
acumulação óssea durante todo o crescimento (Bailey et al., 1999; Bradney et
al., 1998; Branco, 1997; Foley et al., 2008; Gunter et al., 2008; Havill et al.,
2007; Malina et al., 2004; Nordström et al., 1998; Sluis et al., 2002; Tobias et
al., 2007). Para além disso também parece ser evidente que as crianças e os
jovens fisicamente activos, tendem a revelar valores superiores de DMO e
CMO relativamente às não activas (Bailey et al., 1999; Foley et al., 2008; Havill
et al., 2007; Nordström et al., 1998; Tobias et al., 2007).
Apesar dos estudos efectuados sobre a associação entre esses factores e a
DMO, o CMO e a AO, os resultados não são suficientemente esclarecedores
(Havill,et al., 2007; Magarey e tal., 1999; Mitchell et al., 2003; Molgaard et al.,
2001 Yilmaz et al., 2005).
Assim sendo, esta pesquisa procurará ajudar a preencher essa lacuna, pois
acreditamos que a identificação dos mecanismos que permitem aumentar as
variáveis ósseas afiguram-se como sendo cruciais na redução dos riscos
associados a osteoporose na idade adulta.
Para além disso, em Portugal apenas localizámos na literatura um único estudo
transversal (Rego et al., (1999) que teve como propósito caracterizar o estado
Artigo original
79
de mineralização óssea de uma população de adolescentes portugueses. Os
resultados deste estudo, mostraram uma forte associação entre a DMO e o
IMC, o estádio pubertário e a idade cronológica. Face a este enquadramento, e
à reconhecida importância da prática desportiva (PD) na mineralização óssea,
parece ser necessário que se façam mais pesquisas em Portugal, no sentido
de melhor caracterizar crianças e jovens Portuguesas e identificar alguns dos
factores que lhe estão associados.
Foram assim definidos os seguintes propósitos para esta investigação: (1)
descrever o CMO, a DMO e a AO de crianças e jovens do sexo masculino
Portugueses em função da idade, do estatuto maturacional e da prática
desportiva; (2) identificar a associação entre a idade, o estatuto maturacional e
a prática desportiva e o CMO, a DMO e AO de crianças e jovens do sexo
masculino.
METODOLOGIA
Participantes
A amostra é constituída por 230 crianças e jovens do sexo masculino, com
idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, pertencentes a escolas do 2º
e 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Da totalidade da amostra,
136 participam de forma sistemática em actividades desportivas organizadas
(futebol) e os restantes 94 não participam de modo regular em nenhuma
actividade desportiva sistemática e organizada, excepção feita para as aulas
curriculares da disciplina de educação física.
Artigo original
80
Densidade Mineral Óssea e conteúdo mineral ósseo
A avaliação do conteúdo mineral ósseo (CMO, g), da densidade mineral óssea
(DMO, g/cm2), e da área óssea (AO, cm2) foi realizada por densitometria da
coluna lombar (L1-L4), através do DEXA (Absorciometria Radiológica de Dupla
Energia) – Hologic Explorer ® - QDR – 4500, Bedford, MA. USA. As avaliações
foram realizadas com os sujeitos usando o mínimo de roupa possível e
posicionados na posição de decúbito dorsal. Foi ainda solicitado a todos os
participantes que removessem todos os objectos metais e que permanecessem
imóveis durante toda a avaliação. A duração de cada avaliação foi de
aproximadamente 7 minutos. A garantia da qualidade do aparelho foi
verificada, de acordo com as instruções do fabricante, através das calibrações
efectuadas diariamente e todas as avaliações foram realizadas e analisadas
pelo mesmo técnico. O coeficiente de variação (%CV) para varrimentos
repetidos da coluna lombar foi de 1-2%. Todas as avaliações foram efectuadas
por um técnico devidamente treinado, efectuando-se a calibragem do
equipamento de acordo com as instruções do fabricante, antes dos testes. A
recolha de dados decorreu entre Março e Maio de 2008.
Antropometria
A altura e o peso corporal foram avaliados de acordo com o protocolo proposto
pelo International Working Group on Kinanthropometry descrito por Borms
(1987). A altura foi medida com um antropómetro fixo (Holtain) e registada até
ao milímetro. O peso corporal foi medido com uma balança portátil de marca
Tanita, com aproximação até aos 0.2kg. O IMC foi calculado através do
quociente entre o peso (kg) e a altura ao quadrado (m).
Artigo original
81
Maturação biológica
O estatuto maturacional foi determinado com base na avaliação dos caracteres
sexuais secundários descritos por Tanner (1962).
Procedimentos Estatísticos
Estatística descritiva, nomeadamente medidas e tendência central e de
dispersão, para conhecer aspectos gerais das diferentes distribuições de
valores das variáveis em estudo. Para comparar os valores médios do CMO,
da DMO e da AO entre a prática desportiva e a idade/estatuto maturacional foi
utilizada a análise de variância a dois factores. Para estudar a influência que a
idade, o estatuto maturacional e a prática desportiva poderiam ter no CMO,
DMO e AO foi utilizada a regressão múltipla. A solução utilizada na inclusão
das variáveis no modelo de regressão múltipla foi a stepwise. O nível de
significância foi mantido em 5%. Todas as análises dos dados foram
efectuadas no software estatístico SPSS 17.0.
RESULTADOS
As características demográficas, antropométricas e ósseas das crianças e
jovens amostradas encontram-se em detalhe no quadro 1.
Artigo original
82
Quadro 1. Estatística descritiva das características demográficas, antropométricas e ósseas
das crianças e dos jovens.
Características Praticantes
X (DP)
Não Praticantes
X (DP)
Total
X (DP)
Idade 15.37 (1.85) 14.64 (1.81) 15.06 (1.86)
Altura 1.68 (0.11) 1.63 (0.10) 1.66 (0.11)
Peso 59.86 (12.37) 53.97 (12.07) 57.41 (12.56)
IMC 21.08 (2.61) 20.08 (3.00) 20.66 (2.82)
CMO 58.04 (16.52) 46.92 (15.80) 53.50 (17.10)
DMO 1.02 (0.18) 0.84 (0.16) 0.95 (0.19)
AO 55.71 (8.80) 54.15 (8.82) 55.07 (8.33)
Estatuto Maturacional N (%) N (%) N (%)
I 2 (1.4) 2 (2.2) 4 (1,7)
II 17 (12.3) 19 (20.4) 36 (15.6)
III 19 (13.8) 18 (19.4) 37 (16.0)
IV 53 (38.4) 19 (20.4) 72 (31.2)
V 47 (34.1) 35 (37.6) 82 (35.5)
O quadro 2 apresenta os valores médios do CMO, da DMO e da AO da coluna
lombar (L1-L4) do grupo de praticantes e não praticantes em função da idade.
Os praticantes revelam em todas as idades valores superiores de CMO e da
DMO (p<0.001). Em ambos os grupos os valores do CMO e da DMO
aumentam significativamente dos 12 para os 18 anos, não se registando uma
interacção significativa entre a prática desportiva e a idade. Relativamente à
AO apenas se observam diferenças significativas ao longo da idade e uma
interacção significativa entre a idade e a prática desportiva (p<0.05). Esta
interacção sugere que os valores da AO ao longo da idade são diferentes nos
praticantes e nos não praticantes (ver figura 1). Entre os não praticantes os
valores médios da AO aumentam com a idade, contrariamente aos dos
praticantes cujos valores tendem a diminuir após os 14 anos.
Artigo original
83
Figura 1: Valores do CMO, DMO e AO em função da idade.
O quadro 3 apresenta os valores médios do CMO, da DMO e da AO em função
do estatuto maturacional. Os praticantes revelam em todos os estádios
maturacionais valores superiores de CMO e de DMO (p<0.001). Em ambos os
grupos os valores do CMO e da DMO aumentam significativamente com o
estatuto maturacional, não se registando uma interacção significativa entre a
prática desportiva e o estatuto maturacional. No que se refere à AO apenas se
observam diferenças significativas ao longo dos estádios de maturação
biológica. Contudo, registou-se uma interacção significativa entre a prática
desportiva e o estatuto maturacional (p=0.05).
Artigo original
84
Figura 2: Valores do CMO, DMO e AO em função da maturação biológica.
O quadro 4 apresenta o modelo de regressão múltipla que procura explicar a
variação nos valores do CMO, da DMO e da AO das crianças e dos jovens.
Relativamente ao CMO e à DMO, constata-se que a idade, a PD e o estatuto
maturacional são factores que explicam positivamente os valores destas
componentes ósseas. Em conjunto estas variáveis explicam 63% e 65% da
variação do CMO e da DMO, respectivamente. No que se refere à AO apenas
a idade e o estatuto maturacional se mostram variáveis positivamente
influenciadoras, explicando em conjunto 50% da variação.
Artigo original
85
Quadro 2 – Valores médios (desvios padrão), valores da estatística F, e valores de prova (p) dos resultados dos modelos de análise de variância
para o CMO, DMO e AO de acordo com a idade.
CMO DMO AO
Idade Praticantes Não praticantes
Praticantes Não praticantes
Praticantes Não praticantes
12 31.50 (7.40) 31.98 (5.36) 0.76 (0.08) 0.70 (0.08) 40.92 (6.78) 45.39 (4.34)
13 43.29 (13.72) 32.89 (4.08) 0.85 (0.13) 0.71 (0.03) 50.01 (11.17) 46.01 (3.73)
14 59.35 (10.09) 47.90 (11.43) 1.01 (0.13) 0.84 (0.12) 58.45 (6.54) 56.61 (6.13)
15 61.17 (10.67) 53.89 (10.21) 1.05 (0.12) 0.92 (0.12) 58.26 (5.97) 58.37 (4.57)
16 63.06 (11.50) 60.04 (10.77) 1.09 (0.15) 0.98 (0.10) 57.84 (4.18) 61.19 (6.46)
17 70.02 (15.65) 67.45 (14.52) 1.17 (0.17) 1.05 (0.13) 59.30 (7.10) 63.50 (7.27)
Total 58.04 (16.52) 46.92 (15.80) 1.02 (0.18) 0.84 (0.16) 55.71 (8.80) 54.15 (8.82)
Resultados do modelo de análise de variância*
Fontes variação F P F P F P
Idade 55.79 <0.001 47.27 <0.001 49.97 <0.001
PD 13.07 <0.001 49.22 <0.001 1.41 0.237
Idade x PD 1.72 0.132 1.04 0.396 2.45 0.035
* Graus de liberdade para cada fonte de variação: idade, 6; prática desportiva, 1; idade*prática desportiva, 6.
Artigo original
86
Quadro 3 – Valores médios (desvios padrão), valores da estatística F, e valores de prova (p) dos resultados dos modelos de análise de variância para o
CMO, DMO e AO de acordo com o estatuto maturacional (EM).
CMO DMO AO
Estatuto Maturacional Praticantes
Não Praticantes
Praticantes
Não Praticantes
Praticantes Não Praticantes
I 27.88 (8.58) 26.92 (0.90) 0.73 (0.10) 0.64 (0.05) 37.67 (7.71) 42.03 (1.61)
II 32.89 (8.86) 30.34 (4.36) 0.79 (0.13) 0.67 (0.05) 41.06 (4.95) 45.21 (4.38)
III 50.73 (12.58) 38.71 (10.78) 0.96 (0.17) 0.78 (0.10) 52.79 (8.26) 49.01 (6.87)
IV 59.72 (10.34) 48.39 (11.01) 1.02 (0.12) 0.85 (0.10) 58.35 (5.99) 56.42 (6.67)
V 68.83 (13.40) 60.42 (12.42) 1.15 (0.15) 0.98 (0.12) 59.63 (5.22) 60.93 (6.34)
Total 58.04 (16.52) 46.93 (15.90) 1.02 (0.18) 0.85 (0.16) 55.71 (8.80) 54.10 (8.90)
Resultados do modelo de análise de variância*
Fontes variação F P F P F P
Estatuto Maturacional 58.75 <0.001 47.14 <0.001 55.63 <0.001
PD 9.45 <0.002 30.92 <0.001 0.43 0.515
EM x PD 1.08 0.377 0.35 0.84 2.42 0.05
* Graus de liberdade para cada fonte de variação: EM, 5; prática desportiva, 1; EM*prática desportiva, 5.
Artigo original
87
Quadro 4: Principais determinantes do CMO, DMO e ÁO de crianças e jovens - resultados do modelo de regressão múltipla.
Variáveis
dependentes Variáveis independentes Coeficientes
Não Padronizados
Coeficientes
Padronizados
P
CMO Idade 4.07 0.44 <0,001
PD 6.92 0.34 <0,001
Estatuto Maturacional 5.24 0.20 <0,001
R2 ajustado = 0.63
DMO Idade 0.05 0.47 <0,001
PD 0.13 0.33 <0,001
Estatuto Maturacional 0.04 0.24 <0,001
R2 ajustado = 0.65
AO Idade 1.24 0,26 <0,001
Estatuto Maturacional 3.86 0,49 <0,001
R2 ajustado = 0.50
Artigo original
88
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Este estudo teve como grande propósito descrever o CMO, a DMO e a AO de
crianças e jovens do sexo masculinos Portugueses em função da idade, do
estatuto maturacional e da prática desportiva. Para além disso também
procurava determinar a associação entre a idade, o estatuto maturacional e a
prática desportiva e o CMO, a DMO e a AO de crianças e jovens.
Está relativamente bem documentado na literatura que a optimização da MO
durante a infância e adolescência é um factor crucial na prevenção da
osteoporose (Bar-Or & Rowland, 2004; Khan et al., 2001; Rowland, 2005;
Slemenda et al., 1994) e, que com o desenvolvimento saudável da MO, as
crianças e os jovens estarão melhor protegidas de doenças como a
osteoporose na idade adulta (Lohman, 2008).
Idade
Pela análise dos resultados constatou-se uma tendência global para o CMO, a
DMO e AO da coluna lombar, de crianças e jovens portugueses, aumentar
significativamente com o avanço da idade. A idade mostrou igualmente tratar-
se de um factor determinante dos valores da MO. Resultados semelhantes
foram igualmente observados em pesquisas anteriores (Arabi et al., 2004;
Bailey et al., 1999; Boot et al., 1997; Del Rio et al., 1994; Magarey et al., 1999;
Malina et al.,2004; Malina et al., 2007; Rego et al., 1999; Sluis et al., 2002;
Yilmaz et al., 2005). Na opinião destes autores a associação que se verifica
entre a idade e os valores das variáveis ósseas em crianças e jovens é
provável que esteja relacionada com o crescimento em estatura ou de outras
dimensões corporais.
Estatuto maturacional
Quando a análise foi efectuada em função do estatuto maturacional, verificou-
se uma associação positiva e significativa entre os estádios de maturação e os
valores do CMO, da DMO e da AO. As crianças e os jovens avançadas
maturacionalmente mostraram valores superiores nas diferentes variáveis
ósseas.
Artigo original
89
Esta associação encontra-se igualmente descrita na literatura (Arabi et al.,
2004; Bailey et al., 1999; Boot et al., 1997; Magarey et al., 1999; Rego et al.,
1999; Yilmaz et al., 2005). Bailey et al., (1999), constataram, num estudo
longitudinal, que aproximadamente 26% do valor da MO final de um adulto é
adquirido durante os dois anos em torno do pico de velocidade de crescimento
do CMO. Do mesmo modo, os resultados da investigação de Arabi et al.,
(2004), mostraram uma diferença na DMO da coluna lombar de 43% entre os
rapazes pré e pós púberes. Desta forma, alguns autores afirmam que a infância
e a adolescência são períodos críticos para a aquisição do CMO e da DMO
(Ackerman et al., 2006; Bailey, 1997; Bailey et al., 2999; Bradney et al., 1998;
Del Rio et al., 1994; Rocher et al., 2008; Slemenda et al., 1994; Yilmaz et al.,
2005). Desta forma, a importância do salto pubertário, como um período
importante para a acumulação do CMO, não deve ser negligenciada (Ondrak &
Morgan (2007), pois parece ser determinante para diminuir o risco de fracturas
e de osteoporose durante a idade adulta (Tobias et al., 2007).
Uma das explicações avançadas na literatura para esta associação entre as
variáveis ósseas e a maturação biológica é o aumento dos níveis das
hormonas de crescimento e dos esteroides sexuais (testosteronas e
estrogénios) que parece ocorrer nesses períodos (Arabi et al., 2004; Bar-Or &
Rowland, 2004; Boot et al., 1997; del Rio et al., 1994; Magarey et al., 1999;
Sluis et al., 2002; Yilmaz et al., 2005). Segundo Bar-Or & Rowland (2004), a
actividade dos osteoblastos e o desenvolvimento ósseo durante a infância e
adolescência são desencadeadas pela secreção das hormonas de
crescimento, provavelmente mediadas pelos factores de crescimento insulínico.
Parece que tanto a testosterona como o estrogénio influenciam o CMO e a
DMO dos rapazes (Yilmaz et al., 2005).
Prática desportiva
OS resultados do presente estudo, mostraram igualmente a importância da PD
regular no aumento do CMO e da DMO. Foi evidente que as crianças e os
jovens com PD regular, organizada e sistematizada apresentaram valores do
CMO superiores aos seus pares que não participavam neste tipo de
Artigo original
90
actividades. Tal resultado suporta a convicção corrente na literatura de que a
PD é um determinante importante do CMO. Resultados encontrados em
estudos anteriores corroboram estes resultados. Segundo Bailey et al., (1999),
as crianças mais activas apresentaram maior ganho ósseo no pico de
velocidade de crescimento ósseo e tinham valores do CMO significativamente
superiores aos seus pares inactivos um ano após o pico de velocidade de
crescimento do CMO. Os resultados deste estudo indicam que os rapazes
activos apresentaram 9% do CMO corporal total e 18% do CMO da coluna
lombar superior aos seus pares inactivos (Bailey et al., 1999). Do mesmo
modo, Bradney et al., (1998), num estudo prospectivo, constataram que o
aumento do CMO foi o dobro do que o observado no grupo de controlo, e
Morris et al., (1997), verificaram que o CMO teve um incremento maior no
grupo sujeito ao exercício do que no grupo de controlo. Num estudo recente,
realizado por, Gunter et al., (2008) verificaram que as crianças submetidas a
um programa de 7 meses de exercício de impacto apresentavam o CMO da
coxa 3,6% superior ao grupo de controlo e mais 1,4% do CMO, depois de
aproximadamente 8 anos.
Na literatura encontra-se igualmente bem descrita a influência osteogénica da
PD (Bailey et al., 1999; Boot et al., 1997; Foley et al., 2008; Havill et al., 2007;
Kannus et al., 1996; Nordström et al., 1998; Nordström et al., 2006; Nordström
et al., 2008; Tobias et al., 2007; Valdimarsson et al., 2005). Os rapazes
fisicamente activos tendem a evidenciar valores superiores de CMO
relativamente aos seus pares não activos (Bailey et al., 1999; Bradney et al.,
1998; Foley et al., 2008; Gunter et al., 2008; Havill et al., 2007; Kannus et al.,
1996; Kriemler et al., 2008; Malina et al., 2004; Molgaard et al., 2001; Morris et
al., 1997; Nordström et al., 1998; Nordström et al., 2008; Tobias et al., 2007),
indicando que o stress mecânico, associados às contracções musculares,
provocado pela PD é um factor que estimula a formação óssea (Kannus et al.,
1996; Malina et al., 2004; Molgaard et al., 2001). O stress mecânico, provocado
pela PD regular, evidencia a existência de uma certa maleabilidade do osso em
se adaptar a diferentes níveis de esforços mecânicos.
Artigo original
91
Paralelamente, quando investigamos os efeitos da PD na DMO, observamos
uma evidente tendência das crianças e dos jovens com PD regular
apresentarem valores significativamente superiores da DMO do que os seus
pares não praticantes. Tal facto, sugere que o stress mecânico, provocado pela
PD regular, constitui um importante factor na promoção do aumento da DMO
em crianças e jovens, diminuindo assim a susceptibilidade de osteoporose na
idade adulta. Vários estudos realizados anteriormente, sustentam estes
resultados (Bradney et al., 1998; Boot et al., 1997; Gunter et al., 2008; Havill et
al., 2007; Morris et al., 1997; Nordström, et al., 1998; Nordström et al., 2006;
Nordström et al., 2008; Tobias et al., 2007; Valdimarsson et al., 2005), ao
sugerir que a mineralização óssea em crianças e jovens é sensível ao efeito
positivo da PD regular, especialmente a de grande impacto (Gunter e tal., 2008;
Nordström et al., 2008). Por exemplo, Bradney et al., (1998) num estudo
prospectivo, constataram que o aumento da DMO do grupo submetido à PD foi
o dobro do que o aumento verificado no grupo de controlo. Do mesmo modo,
Morris et al., (1997), observaram que o aumento da DMO observado no grupo
sujeito ao exercício, foi superior do que no grupo de controlo e, Nordström et
al., (2008), constataram que tanto os jogadores de badminton, como os do
hóquei no gelo apresentaram valores da DMO da coluna lombar superior ao
grupo de controlo. Com base nesses e noutros estudos, têm sido sugeridos
que a MO pode ser sensível aos efeitos do exercício (Nosdström et al., 2006).
A explicação para o facto das crianças e jovens praticantes de actividades
desportivas apresentarem valores superiores de DMO, relativamente aos seus
pares não praticantes, parece estar relacionada com a teoria Mechanostat, que
postula que a MO ajusta-se para se adequar ao nível de estimulação mecânica,
pelo que um aumento na estimulação mecânica resulta num maior ganho na
MO (Ondrak e Morgan, 2007).
Curiosamente, quando se analisaram os efeitos da PD na AO, constatou-se a
inexistência de diferenças significativas entre as crianças e os jovens com e
sem PD regular. Tal resultado sugere que a PD regular não apresenta qualquer
influência significativa na AO. Este facto já tinha sido reportado anteriormente
Artigo original
92
por vários autores (Malina et al., 2004; Molgaard et al., 2001; Nordström et al.,
1998; Tobias et al., 2007). Recentemente, os resultados de um estudo
longitudinal realizado por Nordström et al., (2008), mostraram que não houve
diferenças estatisticamente significativas no ganho da AO entre os praticantes
de actividades desportivas e o grupo de controlo. Pese embora as sugestões
de que AO não está associado à PD, parece que está associada aos
parâmetros relacionados com o tamanho corporal (Nordström et al., 1998).
De uma forma geral, os efeitos de um aumento no nível da AF e desportiva
pode fomentar o ganho do CMO e da DMO (Havill et al., 2007). Segundo
Malina et al., (2004), as forças de tensão e compressão associado às
contracções musculares e cargas de impacto são geralmente vistas como
estímulos essenciais para formação óssea.
Um dos objectivos traçados para este estudo, era identificar a associação entre
a idade, o estatuto maturacional e a PD e CMO, a DMO e a AO. Para esse
efeito foram construídos diferentes modelos de regressão. Como se observou,
as variáveis independentes (idade, estatuto maturacional e prática desportiva)
mostraram estar positivamente associadas aos valores do CMO e da DMO. Em
conjunto, essas variáveis explicaram 63% e 65% da variação do CMO e da
DMO respectivamente. Todavia, ao considerarmos a AO como sendo variável
dependente, as únicas variáveis independentes que se mostraram associadas
foram a idade cronológica e o esttuto maturacional. Estas variáveis em
conjunto explicam aproximadamente 50% da variação da AO. Da mesma
forma, procurou-se identificar alguns factores influenciadores da qualidade da
MO, que nos permitissem desenvolver estratégias de prevenção na luta contra
a osteoporose. Face aos resultados encontrados, parece ser evidente e
fundamental a promoção de uma PD regular, durante a infância e
adolescência. Esta é, em nossa opinião, uma estratégia de prevenção primária
com vista a melhor a saúde óssea das crianças e dos jovens e diminuir o risco
futuro de desenvolvimento da osteoporose na idade adulta.
Artigo original
93
Limitações do estudo
Uma das principais limitações deste estudo, prende-se com o seu carácter
transversal. De facto, um delineamento de pesquisa transversal não possibilita
estabelecer relações de causalidade. Do mesmo modo, não podemos excluir a
possibilidade de erro na selecção da amostra. Assim, requer-se a realização de
um estudo longitudinal com a mesma população, onde se possa monitorizar a
taxa de crescimento das variáveis ósseas e descrever as respectivas curvas de
crescimento, no sentido de eliminar os possíveis erros associados a selecção
de amostra. Uma outra limitação relaciona-se com o facto da avaliação do
estatuto maturacional ter sido efectuada através de auto-descrição sendo por
isso motivo para algum erro
CONCLUSÕES
Em síntese, os resultados encontrados neste estudo, sugerem que o CMO, a
DMO e a AO da coluna lombar, das crianças e dos jovens Portugueses
parecem aumentar com a idade e com o estatuto maturacional. Também se
constata que, as crianças e os jovens que se encontram envolvidos numa PD
sistemática e organizada, apresentam valores do CMO e da DMO superiores
aos dos seus pares não participantes nessas actividades. Relativamente à
influência da idade e do estatuto maturacional na AO, constatamos que de uma
forma geral, esta variável óssea aumenta, à semelhança do CMO e da DMO,
com a idade e com o estádio maturacional. No entanto, a prática regular da
actividade desportiva parece não ter nenhuma influência na AO.
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99
Capítulo 4
Conclusões gerais e sugestões para estudos futuros
100
Conclusões gerais e sugestões de estudos futuros
101
CONCLUSÕES GERAIS E SUGESTÕES DE ESTUDOS FUTUROS
Actualmente, a osteoporose constitui uma das maiores preocupações de saúde
em muitos países desenvolvidos. É do consenso geral que, pela sua vertente
silenciosa e por se manifestar muito tarde, a melhor forma de combate a esta
doença passa pela prevenção. A infância e a adolescência são períodos onde
ocorrem as maiores modificações nos componentes da CC, mormente na MO.
Os ganhos da MO, durante estas fases é um dos determinantes da qualidade
da MO e um dos factores de prevenção da osteoporose na fase adulta da vida.
É consensual na literatura que o CMO e a DMO são influenciados tanto por
factores como o crescimento, a maturação, bem como pela prática de
actividades desportivas.
Relativamente à AF e desportivas, actualmente, é vista como um importante
comportamento, intimamente ligado à qualidade de vida e longevidade, sendo
inevitável ligá-la, como foi referida anteriormente, à prevenção de diversos tipos
de doenças crónico-degenerativas, como é o caso da osteoporose.
Com base nos resultados do nosso estudo, constatamos efectivamente que por
um lado, parece existir uma influência da idade, do estádio de maturação e da
prática de AF no CMO e na DMO. Por outro, parece que a AO apenas é
influenciada pela idade e pelo estádio maturacional
Considerando as conclusões que os resultados deste estudo permitiram
formular, sugere-se a formulação de uma investigação de carácter longitudinal,
onde, para além dos objectivos traçados no presente estudo, se procure
estudar a influência da MG e da MIG no CMO e na DMO.
Paralelamente a isto, parece ser pertinente a realização de um outro estudo,
com as mesmas características da sugestão anterior, onde se possa estudar
crianças e jovens de ambos os géneros e, analisar as diferenças entre os dois
géneros.