Declínio funcional de idosa institucionalizada - aplicabilidade da CIF (2009)

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183 Declínio funcional de idosa institucionalizada: aplicabilidade do modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde Functional decline of an institutionalized elderly woman: applicability of the model of the International Classification of Functioning, Disability and Health Carolina Depolito 1 , Priscilla Lassi Losano de Faria Leocadio 2 , Renata Cereda Cordeiro 3 Estudo desenvolvido no Depto. de Medicina Preventiva da EPM/Unifesp – Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil 1 Fisioterapeuta especializada em Reabilitação Gerontológica 2 Fisioterapeuta especializada em Gerontologia 3 Fisioterapeuta Ms.; Coordenadora do Setor de Reabilitação Gerontológica do Lar Escola São Francisco, vinculado ao Depto. de Medicina Preventiva da EPM/ Unifesp ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA Carolina Depolito R. das Laranjeiras, 690 ap. 71 Terra Nova I 09820-480 São Bernardo do Campo SP e-mail: [email protected] APRESENTAÇÃO nov. 2008 ACEITO PARA PUBLICAÇÃO maio 2009 RESUMO: O objetivo deste estudo é relatar a evolução clínico-funcional de uma idosa residente em instituição de longa permanência (ILPI), descrevendo a influência das condições contextuais (socioeconômicas e familiares) em sua saúde, bem como discutir a provável relação entre os eventos e seu declínio funcional utilizando o modelo conceitual da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF foi elaborada pela Organização Mundial de Saúde para atender a diferentes setores e estabelecer uma linguagem comum na descrição da saúde, permitindo uma abrangência multidimensional dos fatores direta e indiretamente relacionados ao quadro clínico-funcional, bem como intervenções de caráter interprofissional na clínica ou no ambiente institucional. A paciente passou por diferentes momentos na ILP e foi a óbito após 12 meses. A discussão do caso permite planejar melhores estratégias para lidar com os eventos adversos à saúde que podem ocorrer nesse contexto. DESCRITORES: Idoso fragilizado; Instituição de longa permanência para idosos; Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde ABSTRACT: The purpose of this study was to analyse the clinical functional evolution of an elderly institutionalized woman, focussing on the way socioeconomic context and family-related conditions influenced her health, as well as to discuss the probable relationship between contextual events and the patient’s functional decline, by following the conceptual model of the International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF). ICF was created by the World Health Organization to address different areas of health and to establish a common language in health description, allowing a multidimensional description of direct and indirect factors related to the clinical-functional framework, targeting interprofessional interventions both in outpatient clinics and in institutional environment. The patient went through distinct stages in the long-term care facility, and deceased after 12 months. The discussion of the case allows for planning better strategies that can be used to deal with similar events. KEY WORDS: Frail elderly; Home for the aged; International classification of functioning, disability and health Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.16, n.2, p.183-9, abr./jun. 2009 ISSN 1809-2950 Fisioter Pesq. 2009;16(2):183-9

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183Fisioter Pesq. 2009; 16(2)

Declínio funcional de idosa institucionalizada: aplicabilidade do modelo daClassificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

Functional decline of an institutionalized elderly woman: applicability of the modelof the International Classification of Functioning, Disability and Health

Carolina Depolito1, Priscilla Lassi Losano de Faria Leocadio2, Renata Cereda Cordeiro3

Estudo desenvolvido no Depto.de Medicina Preventiva daEPM/Unifesp – Escola Paulistade Medicina da UniversidadeFederal de São Paulo, SãoPaulo, SP, Brasil

1 Fisioterapeuta especializadaem Reabilitação Gerontológica

2 Fisioterapeuta especializadaem Gerontologia

3 Fisioterapeuta Ms.;Coordenadora do Setor deReabilitação Gerontológica doLar Escola São Francisco,vinculado ao Depto. deMedicina Preventiva da EPM/Unifesp

ENDEREÇO PARA

CORRESPONDÊNCIA

Carolina DepolitoR. das Laranjeiras, 690 ap. 71Terra Nova I09820-480 São Bernardo doCampo SPe-mail:[email protected]

APRESENTAÇÃOnov. 2008

ACEITO PARA PUBLICAÇÃOmaio 2009

RESUMO: O objetivo deste estudo é relatar a evolução clínico-funcional de uma idosaresidente em instituição de longa permanência (ILPI), descrevendo a influênciadas condições contextuais (socioeconômicas e familiares) em sua saúde, bem comodiscutir a provável relação entre os eventos e seu declínio funcional utilizando omodelo conceitual da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidadee Saúde (CIF). A CIF foi elaborada pela Organização Mundial de Saúde para atendera diferentes setores e estabelecer uma linguagem comum na descrição da saúde,permitindo uma abrangência multidimensional dos fatores direta e indiretamenterelacionados ao quadro clínico-funcional, bem como intervenções de caráterinterprofissional na clínica ou no ambiente institucional. A paciente passou pordiferentes momentos na ILP e foi a óbito após 12 meses. A discussão do casopermite planejar melhores estratégias para lidar com os eventos adversos à saúdeque podem ocorrer nesse contexto.DESCRITORES: Idoso fragilizado; Instituição de longa permanência para idosos;

Classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde

ABSTRACT: The purpose of this study was to analyse the clinical functional evolutionof an elderly institutionalized woman, focussing on the way socioeconomic contextand family-related conditions influenced her health, as well as to discuss theprobable relationship between contextual events and the patient’s functional decline,by following the conceptual model of the International Classification of Functioning,Disability, and Health (ICF). ICF was created by the World Health Organization toaddress different areas of health and to establish a common language in healthdescription, allowing a multidimensional description of direct and indirect factorsrelated to the clinical-functional framework, targeting interprofessional interventionsboth in outpatient clinics and in institutional environment. The patient went throughdistinct stages in the long-term care facility, and deceased after 12 months. Thediscussion of the case allows for planning better strategies that can be used to dealwith similar events.KEY WORDS: Frail elderly; Home for the aged; International classification of

functioning, disability and health

Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.16, n.2, p.183-9, abr./jun. 2009 ISSN 1809-2950

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INTRODUÇÃOEstudos apontam preocupação com

o envelhecimento populacional queocorre de forma muito rápida nos paísesem desenvolvimento1. No Brasil, o grupoetário idoso passou a liderar o cresci-mento populacional, como reflexo daqueda da fecundidade e da mortalidadeno país nos anos 602. Atualmente aindanão há uma rede adequada de açõesvoltadas para os idosos no país. O Estatu-to do Idoso e as políticas nacionais vol-tadas para essa população descrevem osdireitos e as obrigações da sociedade edo Estado para com os idosos em todosos âmbitos (habitação, saúde, rede desuporte social e familiar e outros), masna prática essas leis ainda não são efeti-vamente cumpridas.

Segundo a Política Nacional de Saú-de do Idoso, de 19963, a própria famíliadeve priorizar a assistência ao idoso nacomunidade em detrimento ao atendi-mento asilar, à exceção daqueles que nãogarantam sua própria sobrevivência, oque nem sempre é possível devido àsmais variadas condições socioeconômicase familiares onde os idosos estão inseri-dos. O cuidado aos idosos é atribuído his-toricamente aos descendentes, o que foise tornando cada vez mais difícil pelamodificação da organização familiar eao ingresso da mulher no mercado detrabalho, deixando de ser a provávelcuidadora. Essas mudanças conjunturais eculturais do país transformam o papel dafamília no sistema de apoio aos idosos4,5.

Esse processo de transição demográfi-ca exige transformações sociais e aumen-tam a demanda de instituições de longapermanência para idosos (ILPI) no país.São uma alternativa importante de assis-tência e devem assegurar qualidade devida e satisfação dos idosos atendidos esuas famílias. As famílias buscam na ILPIuma parceria para o cuidado e as ins-tituições esperam sua reciprocidade6,7.

As ILPI surgiram com a nomenclatu-ra de “asilos” na Europa no século XVI eabrigavam idosos, deficientes mentais emeliantes, considerados estereótiposnegativos associados a pobreza, aban-dono ou rejeição familiar. Esse quadrojustifica o clima de insegurança, culpae indecisão no momento da instituciona-lização atualmente. Esse processo pode

ocorrer por diversas razões: situação fi-nanceira desfavorável, ausência de umfamiliar que disponibilize tempo para ocuidado, falta de estrutura domiciliarque atenda as necessidades das limita-ções físicas e funcionais dos idosos5,7.

O idoso institucionalizado quasesempre constitui uma pessoa distante doconvívio familiar, da própria casa e dosamigos, o que contribui para a perda desua autonomia, dificultando a elabora-ção de novos projetos. Essa exclusãosocial pode estar associada às seqüelasde doenças crônicas não-transmissíveisque são a principal causa das admissõesem instituições8. Tais seqüelas freqüen-temente acarretam prejuízos funcionaisque tornam os idosos dependentes decuidados especiais, justificando a insti-tucionalização.

A Organização Mundial da Saúdepublicou em 1976 a Classificação inter-nacional das deficiências, incapacidadese desvantagens (Cidid). O modelo dispu-nha em uma seqüência linear doença –deficiência – incapacidade – desvanta-gem. As revisões desse modelo aponta-ram fragilidades conceituais, como afalta de relação entre as dimensões abor-dadas e a não-abordagem de aspectossociais e ambientais. Em maio de 2001,após extensa revisão, a Assembléia Mun-dial da Saúde aprovou a Classificaçãointernacional de funcionalidade, incapa-cidade e saúde (CIF)9*.

A CIF é uma classificação com finali-dades múltiplas, elaborada para atendera vários setores diferentes e tem comoprincipal objetivo estabelecer uma lingua-

gem comum para descrição da saúde edos estados de saúde, melhorando acomunicação entre seus usuários10. Essaclassificação é baseada em uma abor-dagem biopsicossocial, incorporandosaúde nos níveis sociais e corporais, tor-nando mais clara a percepção de que omesmo diagnóstico pode apresentar li-mitações funcionais diferentes9,11.

O objetivo do presente estudo é rela-tar a evolução clinica funcional de umaidosa residente em ILPI, descrevendo ainfluência das condições contextuais –socioeconômicas,familiares – em suasaúde, bem como discutir a provável re-lação entre os eventos e seu declíniofuncional, utilizando para tanto o mo-delo conceitual da CIF.

METODOLOGIAEste trabalho utilizou uma abordagem

qualitativa do tipo relato de caso. As fon-tes de informação utilizadas foram indi-retas e retrospectivas.

Trata-se de uma idosa de 65 anos,residente durante 12 meses em uma ILPIna cidade de São Paulo, de caráter fi-lantrópico, que oferece várias atividadesaos idosos, algumas das quais por meiode serviços voluntários. Para os residen-tes com autonomia preservada (capaci-dade para decidir, participar), são desen-volvidas atividades como coral, aulas deartesanato, eventos esporádicos, e ofe-recidos serviços como o odontológico.Além do benefício ao idoso, é oferecidaà população a oportunidade do trabalhovoluntário para os que assim desejaremou se comprometerem. Estabelece tam-bém parcerias com universidades (gra-duação e pós-graduação) que oferecem

* No Brasil, a tradução passou a estar disponívela partir de 2003.

Funções e estruturas do corpo Atividades Participação

Fatores pessoais Fatores ambientais

PARTE 1: Funcionalidade e

incapacidade

PARTE 2: Fatores

contextuais

Condição de saúde (transtorno ou doença)

Quadro 1 Interação dos conceitos da CIF. Essa classificação é subdividida em duaspartes: (1) Funcionalidade e incapacidade e (2) Fatores contextuais10,11

Fonte: OPAS & OMS10

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estagiários de graduação e especializa-ção nas áreas da Medicina (residênciaem Geriatria), Fisioterapia, Fonoaudio-logia, Musicoterapia, Terapia Ocupacio-nal, Psicologia e Enfermagem.

Foram analisados os aspectos socioeco-nômicos e clínico-funcionais durante operíodo de internação. Todos os dados fo-ram coletados a partir do cadastro social,prontuário e evolução da equipe de saúde.

Foi empregado o modelo da Classifica-ção internacional de funcionalidade, inca-pacidade e saúde para dispor e discutir asinformações do caso. Os conceitos e ter-mos utilizados na CIF estão dispostos noQuadro 1. A visualização do diagramaé útil para a compreensão da interaçãode seus vários componentes10.

O presente estudo foi aprovado peloComitê de Ética em Pesquisa da Universi-dade Federal de São Paulo. O consenti-mento pós-informado do gestor da insti-tuição para o uso das informações foi ob-tido em conformidade às diretrizes legais.

APRESENTAÇÃO DOCASO

O caso refere-se a uma idosa de 65anos, analfabeta, doméstica e com ren-da mensal inferior a um salário mínimo.

Segundo relato da assistente social,após a visita no domicilio pré-admissão,as condições de vida da idosa foramconsideradas “subumanas”. Foi admiti-da na ILPI em 12 de junho de 2006, emcaráter de urgência. Em janeiro de 2007a paciente estava no pátio da institui-ção, adormeceu e sofreu uma queda dacadeira de rodas, resultando em escoria-ções e fratura em terço proximal da tíbia.A paciente foi imobilizada e assim per-maneceu por três meses.

Após a retirada da imobilização, foiencaminhada e avaliada pelo serviço defisioterapia e as sessões tiveram inícioem março de 2007. Os atendimentosseguiram até 26 de junho, quando foirealizada a última sessão. Nesta, a pacien-

te estava apática, motivo pelo qual forarealizada movimentação passiva e posicio-namento. No dia seguinte, a paciente saiuda instituição para coletar material paraexames e, ao retornar, apresentou umacrise de hipotermia, desenvolvendo-seposteriormente para choque. A equipede saúde acionou a remoção por ambu-lância até o hospital público, onde evoluiupara coma e foi a óbito na madrugadade 29 de junho de 2007.

Do ponto de vista funcional, a pacien-te passou por três períodos distintos: (1)condição geral de saúde antes de ser ins-titucionalizada; (2) condição geral desaúde após a institucionalização e an-tes da queda; (3) condição geral de saú-de após a queda. Os Quadros 2, 3 e 4apresentam a caracterização e evoluçãoda paciente nos três momentos, classifi-cados segundo a CIF.

DISCUSSÃOO caso em questão será aqui discuti-

do à luz do modelo da CIF em três se-ções, focalizando o peso dos fatoresambientais, as relações entre fatorescontextuais, funcionalidade, autonomiae incapacidade.

O peso dos fatores contextuaisA questão da autonomia versus inde-

pendência funcional: no momento daadmissão na instituição, a paciente nãoapresentava condições mínimas de cuida-dos pessoais e saúde, assim como seufilho não dispunha de tempo nem con-dições financeiras para auxiliá-la emsuas necessidades. As causas que leva-ram à institucionalização envolveramtanto aspectos de saúde – doenças crô-nico-degenerativas, grau de dependên-cia e limitação na realização das ativi-dades de vida diária, diminuição da ca-pacidade funcional – como aspectossociais, associados à falta de condiçõesfinanceiras e de apoio familiar5,7.

Nem sempre a autonomia do idoso érespeitada. Ele acaba sendo institucio-nalizado por filhos, familiares ou vizi-nhos sem seu consentimento. No Brasila indisponibilidade de cuidado famili-ar, a falta de serviços de apoio social ede saúde, o alto custo do cuidado do-miciliar e os espaços físicos inadequa-

Depolito et al. Declínio funcional de idosa e a CIF

HAS, seqüela motora devido a um AVE, epilepsia pós-AVE, incontinência urinária mista,obesidade, diabetes melito, insuficiência venosa periférica,

osteoporose e depressão

- Analfabeta - Doméstica - Mãe solteira de um único

filho

- Não tinha acesso a produtos de tecnologia de comunicação, educação ou trabalho

- Vivia num único cômodo, sem banheiro, sem móveis e dividia o espaço com animais domésticos

- Não usava adequadamente as medicações

- Não se alimentava corretamente e não realizava tratamentos – fisioterapêutico ou qualquer outro

- Orientada, utilizando lentes corretivas

- Diminuição da propriocepção - Boa fluência e ritmo da fala - Pressão arterial elevada,

excesso de peso, dislipidemia, hiperglicemia

- Incontinente - Hemiparesia à direita, hipo-

tonia, redução da força mus-cular, pouco controle motor fino da mão e braço direito

- Pele ressecada

- Apresentava comunicação verbal e não-verbal normais

- Dificuldade para alimentar-se, banhar-se, vestir-se, usar vaso sanitário, e transferir-se

- Não deambulava - Dificuldade nos

trabalhos domésticos; - Dependente para a

maioria das AVD e AIVD

- Relacionava-se com o filho e vizinhos próximos

- Raramente frequentava igreja

Quadro2 Situação anterior à institucionalização da idosa segundo o modelo da CIF

Fonte: diagrama adaptado de OPAS & OMS10 e preenchido com dados coletados em fontes indiretasHAS = Hipertensão arerial sistêmica; AVE = acidente vascular encefálico; AVD = atividades davida diária; AIVD = atividades instrumentais da vida diária

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dos para idosos fragilizados são fatorespara a institucionalização5,7.

A paciente não foi encaminhada paraa instituição por vontade própria, vistoque manifestava saudades dos vizinhose de seus animais. Contudo, as barreirascontextuais com as quais convivia im-possibilitavam condições mínimas deviver com dignidade na comunidade,tornando a instituição de longa perma-nência uma alternativa viável de residên-cia e que, além disso, possibilitaria cui-dados à sua saúde debilitada. Frente àgravidade de sua depressão, ela foraconsiderada incompetente para exercersua autonomia. Para preservar sua inte-gridade e saúde, houve imposição dainternação institucional. Em Bioética,apesar de não haver um acordo univer-salmente aceito quanto ao conceito decompetência devido à sua complexida-de, a pessoa é geralmente consideradaincompetente quando não pode, tempo-rária ou permanentemente, exercer suaautonomia12,13. A competência é colo-cada em pauta quando se questiona sea pessoa está tomando decisões que se-jam realmente de seu próprio interesse,baseadas em sua capacidade de enten-der, avaliar e racionalizar12,13. Mesmocontra sua vontade, a idosa foi institucio-nalizada para garantir seu bem-estar, de-cisão tomada na época por um familiar.

A queda: inter-relações entreambiente e funcionalidade

Mesmo tendo a instituição atendidoàs suas necessidades básicas, oferecendosuporte e abrigo, assistência e cuidadosbásicos de saúde, a paciente mantinha odesejo do convívio familiar, importantecomponente da participação social. Issosinaliza como a institucionalização podesegregar e provocar solidão nos idosos,apesar de todos os serviços de saúde,sociais e de lazer que a mesma oferece.Na literatura há relatos de que idososinstitucionalizados confundem solidãocom saudade e que esses sentimentospodem gerar isolamento, incapacidadede interação com outras pessoas, levan-do a angústia e depressão – diagnósticoapresentado pela idosa neste caso14.

Apesar de as instituições manteremequipe de enfermagem durante 24 ho-ras, as intercorrências surgem, às vezes

HAS, seqüela motora devido a um AVE, epilepsia pós-AVE, incontinência urinária mista,obesidade, diabetes melito, insuficiência venosa periférica,

osteoporose e depressão

- Analfabeta - Doméstica - Mãe solteira de um

único filho

- Utilizando lentes corretivas - Diminuição da propriocepção- Boa fluência e ritmo da fala - Pressão arterial controlada* - Em dieta hipocalórica* - Dislipidemia controlada*,

diabetes melito controlado* - Incontinente - Manteve-se hemiparesia à

direita com hipotonia e pouco controle motor

- Hidratação da pele*

- Recebia auxílio no banho, para vestir-se e na higiene pessoal*

- Uso de fraldas geriátricas*- Auxilio nas transferências

posturais e na locomoção com cadeira de rodas*

- Alimentava-se independentemente*

- Dependente para a maioria das AVD e AIVD

- Relacionamen-to interpessoal restrito*

- Participava de aulas de pintura em pano de prato*

- Era levada ao pátio para banho de sol*

- Dobrava as meias de todas da enfermaria*

- Não recebia visitas de familiares ou amigos* - Residia na enfermaria da instituição com

outras idosas, em sua maioria demenciadas* - Na enfermaria havia poltronas, televisores,

serviço de auxiliares de enfermagem 24 h* - Local bem iluminado de fácil acesso* - Voluntários tocavam violão e liam livros na

enfermaria* - Teve medicação e alimentação adequadas* - Passou a ser atendida pela equipe médica*

HAS, seqüela motora devido a um AVE, epilepsia pós-AVE, incontinência urinária mista,obesidade, diabetes melito, insuficiência venosa periférica,

osteoporose, depressão, inapetência* e delirium*

- Analfabeta - Doméstica - Mãe solteira de um

único filho

- Hiperglicemia*; apatia* - Hemiplegia à direita* com

redução da ADM do joelho esquerdo*, dificuldade no controle de tronco e cabeça*,redução da força muscular global*, dor leve próximo ao joelho esquerdo*

- Dificuldade de deglutição sem diagnóstico que justificasse*

- Emagrecimento* e úlceras por pressão*

- Recebia auxílio no banho, para vestir-se e na higiene pessoal

- Uso de fraldas geriátricas - Auxilio nas transferências

posturais e na locomoção com cadeira de rodas

- Dependente para alimentar-se*

- Dependente para todas as AVD e AIVD*

- Nenhum relacionamen-to interpessoal *

- Recebeu uma visita do filho* - Permaneceu na enfermaria da instituição com

outras idosas, em sua maioria demenciadas - Enfermaria nas mesmas condições, com

serviço de auxiliares de enfermagem 24 h - Voluntários mantinham atividades - Medicação e alimentação adequadas - Passou a ser atendida pela equipe médica

diariamente* - Passou a ser atendida pelos serviços de

Psicologia* e Fisioterapia*

Quadro 3 Situação da paciente após ser admitida na ILPI (os asteriscos indicamalterações ocorridas na funcionalidade e nos fatores contextuais na nova etapa)

Fonte: idem. HAS = Hipertensão arerial sistêmica; AVE = acidente vascular encefálico; AVD =atividades da vida diária; AIVD = atividades instrumentais da vida diária

Quadro 4 Condições gerais de saúde e funcionalidade após uma queda na ILPI (osasteriscos indicam alterações na funcionalidade e nos fatores contextuaisnessa nova situação)

Fonte: idem. HAS = Hipertensão arerial sistêmica; AVE = acidente vascular encefálico; ADM = amplitudede movimento; AVD = atividades da vida diária; AIVD = atividades instrumentais da vida diária

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com conseqüências imprevisíveis. Aqueda é considerada uma intercorrênciacomum entre idosos e deve ser valori-zada pelas conseqüências incapacitantese onerosas que podem causar15.

Os indivíduos podem sofrer quedasem qualquer idade, porém são os ido-sos que correm maior risco de desen-volver incapacidade ou morrer em de-corrência de queda16. A diminuição dacapacidade funcional é um fator de ris-co para quedas em idosos, principal-mente pelo comprometimento da exe-cução das atividades de vida diária, li-mitação de força muscular, equilíbrio,marcha e mobilidade17. Estima-se queaproximada-mente 66% dos idososinstitucionalizados sofram um episódiode queda por ano18.

A paciente estudada sofreu uma que-da da cadeira de rodas, onde estava con-tida mecanicamente por um lençolamarrado na cintura visando prevenirquedas por deslocamento anterior dotronco. Definida como uma forma deinibir os movimentos livres, a conten-ção mecânica é utilizada para evitarmovimentos que possam de alguma for-ma trazer algum prejuízo para o pacien-te19. No caso a contenção não foi eficaz,uma vez que a paciente adormeceu edeslizou pela cadeira, caindo para fren-te juntamente com a cadeira de rodas.Normalmente, a contenção mecânica nacadeira de rodas, com cintas ou correias,e nas camas, com proteção lateral, é uti-lizada visando a prevenção de quedas;entretanto, a necessidade da utilizaçãodesses meios de auxílio deve ser avalia-da, assim como seus riscos20.

Até a atualidade, poucos estudosabordam as indicações de limitações fí-sicas para contenção; alguns têm amos-tras pequenas ou, ainda, não permitemestabelecer uma relação clara com acausa de quedas; e estudos retrospectivossão dificultados pela falta de documenta-ção relativa a esses casos. A literaturasugere que a razão principal da utiliza-ção das contenções é o interesse doscuidadores na segurança, tentando im-pedir quedas ou a interferência no trata-mento e monitoramento dos pacientes.Outros motivos citados incluem impedi-mento da perambulação, controle daagitação e manutenção do posiciona-mento na cadeira de rodas. No entanto,

apesar dos motivos terapêuticos e liga-dos à segurança, em boa parte das vezesas contenções são soluções convenien-tes para aliviar o volume de trabalho daequipe – ou podem mesmo adquirir ocaráter de punição ao paciente que frus-tra a equipe por seu comportamentoagressivo ou disfuncional. Se emprega-das, as contenções devem seguir normasde segurança e os motivos pelos quaisforam adotadas devem ser continuamen-te avaliados19. Não há evidências na li-teratura que apontem redução do riscode quedas ou minimização de lesõesrelacionadas a seu uso19. Ao contrário,foi relatado que a retirada das conten-ções mecânicas não promoveu diferen-ça quanto ao número total de quedas;contudo, a proporção de quedas semlesões diminui significantemente em re-lação às quedas com lesões21.

Este caso ilustra o achado recorrentena literatura quanto ao risco de fraturasocasionadas por quedas em idosos frágeis.Relatos de idosos, cuidadores e familia-res apontam o aumento da limitaçãofuncional e da dependência na realiza-ção das atividades de vida diária apósuma queda16,20. As fraturas são citadascomo conseqüências comuns juntamen-te com a imobilidade, a restrição nas ati-vidades, prejuízos sociais e psicológicose declínio no estado geral de saúde22.

A partir da queda a paciente perma-neceu três meses com imobilizaçãogessada da perna e não mais realizousuas atividades cotidianas. O tempo deimobilização e recuperação nesse casofoi de suma importância: foi durante essetempo que se agravaram os sintomasdepressivos, aumentaram as dificuldadesmotoras e apareceram as úlceras porpressão.

Com o agravamento da depressão, apaciente passou a apresentar sintomastípicos como apatia, desinteresse, faltade apetite e alterações no ciclo do sono.Foi tratada com antidepressivos e psico-terapia, não apresentando melhora signi-ficativa. A própria situação de institucio-nalização favorece a retroalimentaçãode um ciclo marcado por incapacidadee quadro depressivo: a limitação física econseqüente limitação funcional veri-ficadas em idosos institucionalizados pro-vocam isolamento e negação, no intuitode diminuir a percepção de um ambi-

ente que não lhes é agradável23. Sabe-se que a depressão é de grande pre-valência entre idosos institucionalizadose nessa faixa etária normalmente vemacompanhada de problemas clínicos esociais que dificultam o diagnóstico e otratamento24. Estudos internacionaisapontam uma variação de 14% a 42%de prevalência da depressão em idososinstitucionalizados, sendo que a maiorincidência ocorre em mulheres commais de 65 anos25. No Brasil podemosencontrar a prevalência de 21,1% eminstituições no nordeste do país e 20,9%no sudeste22.

Família: barreira ou facilitadorda capacidade funcional?

Os idosos residentes em instituiçõesacabam sofrendo afastamento de filhose outros familiares, podendo culminar naperda total de contato com a família24.Quando sofreu a queda, a paciente esta-va na instituição há aproximadamenteseis meses e havia recebido apenas umavisita do filho, no início de sua institucio-nalização. A atividade ocupacional desteera coletar papelão para reciclagem;pelos parcos registros da ILPI, não hádados para dimensionar os motivos peloqual ele não a visitava.

Com a piora do quadro clínico dapaciente, o filho fora convocado a com-parecer na instituição, já que era respon-sável por ela. No dia de sua visita, apaciente apresentou melhora significativana alimentação, expressões não-verbais defelicidade e mesmo verbais – até pergun-tando sobre seus animais de estimação.Creutzberg et al.7 perceberam tambémque a participação dos familiares nocuidado tem efeitos positivos, especial-mente quando estes são filhos. A equi-pe da casa solicitou então ao filho quea visitasse nos próximos dias, mas, ape-sar de ter se comprometido com a equi-pe, este não compareceu mais à ILPI.

Na semana seguinte, a paciente so-freu uma piora do quadro geral, apre-sentando piúria e infecção nas úlceraspor pressão. Evoluiu para um quadro dedelirium e, ao retornar da realização deexames, apresentou uma crise de hipo-termia, entrou em choque, coma e foi aóbito.

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O reconhecimento do papel centraldo meio ambiente no estado funcionaldos pacientes, atuando como barreira oufacilitador – neste caso, a falta de envol-vimento da família tornou-se uma barrei-ra – muda o foco do problema da natu-reza biológica individual para a interaçãoentre disfunção e contexto ambiental9. Omodelo conceitual da CIF agrega essesfatores no processo multidimensional deexplicação do nível de funcionalidadee de saúde de uma pessoa, possibilitan-do relações de determinação que vãoalém dos diagnósticos clínicos. Conhe-cer a influência do contexto ambientale pessoal permite às instituições traçarestratégias sistemáticas para minimizaras barreiras e potencializar os facilita-dores.

Este relato de caso, organizado e des-crito dentro da lógica conceitual da CIF,expõe a urgência de seu uso efetivo nas

equipes. No nível individual, possibilitabasicamente a avaliação do nível de fun-cionalidade do idoso, o planejamentodo tratamento e seus efeitos, e a comu-nicação eficaz entre os membros daequipe; no nível institucional, serve a pro-pósitos educacionais e de treinamento,planejamento de recursos necessários paraa assistência, avaliação de gerenciamentoe resultados e oferta de serviços, melho-rando resultados e reduzindo riscos; porfim, no nível social, possibilita conces-são de benefícios, desenvolvimento depolítica social, avaliação de necessida-des e do ambiente físico a fim de garan-tir a acessibilidade10.

CONSIDERAÇÕESFINAIS

A interpretação da sucessão temporaldos eventos por meio do modelo teórico

da CIF neste caso possibilitou uma visãodetalhada, crítica, objetiva e contextual,de fácil compreensão por todos os mem-bros de uma equipe que presta assistênciaà saúde do idoso. Sugere-se que essemodelo conceitual seja efetivamenteempregado nos diversos serviços de aten-ção à saúde do idoso, devido a sua capa-cidade de abarcar múltiplos aspectospassíveis de intervenção apropriada, àmedida que forem emergindo. O mode-lo facilita a comunicação entre os pro-fissionais e propicia integralidade naassistência.

A CIF se mostrou aplicável à compreen-são da situação institucional no decor-rer do tempo. Portanto, sugere-se queseja utilizada em outros estudos comonorteadora da relação multidimensionalentre os eventos, unificando a lingua-gem e facilitando a interpretação de re-lações de determinação mais comple-xas, não-lineares.

REFERÊNCIAS

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Referências (cont.)

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