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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM E LICENCIATURA
DAYANE KNUPP DE SOUZA
QUALIDADE DE VIDA DE PESCADORES ARTESANAIS DA BAÍA DE GUANABARA,
RJ, BRASIL: um estudo sócio-demográfico e de saúde
NITERÓI
2014
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DAYANE KNUPP DE SOUZA
QUALIDADE DE VIDA DE PESCADORES ARTESANAIS DA BAÍA DE GUANABARA,
RJ, BRASIL: um estudo sócio-demográfico e clínico
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
Orientador: Profª Drª VERA MARIA SABÓIA
Niterói, RJ
2014
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DAYANE KNUPP DE SOUZA
QUALIDADE DE VIDA DE PESCADORES ARTESANAIS DA BAÍA DE GUANABARA,
RJ, BRASIL: um estudo sócio-demográfico e de saúde
Trabalho Monográfico de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Graduação – Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção do título de Enfermeiro e Licenciado em Enfermagem.
Aprovado em 26/ 05/2014
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dra. Vera Maria Sabóia – Orientadora
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
Prof. Dra Donizete Vago Daher – 1º Examinador
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
Prof. Mestre Crystiane Ribas Ribeiro Batista – 2º Examinador
Universidade Federal Fluminense/EEAAC
Niterói
2014
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DEDICATÓRIA
Dedico a minha monografia a duas pessoas de suma importância na minha vida, Lucimar e
Sebastião, que em nenhum momento mediram esforços para realização dos meus sonhos,
que na maioria das vezes deixaram de sonhar para que eu sonhasse, que me guiaram pelos
caminhos corretos e me ensinaram a fazer as melhores escolhas, e mostraram que a
honestidade e o respeito são essenciais a vida.
A eles devo a pessoa que me tornei, sou extremamente feliz e tenho muito orgulho por
chamá-los de mãe e pai. AMO VOCÊS!
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me sustentado e me pegado no colo por cada momento que me senti só e
desamparada, por ter enxugado cada lágrima escorrida e por me mostrar ao longo desses anos
que eu sou mais forte do que eu pensava, graças e louvores a Ti meu Deus, eu consegui!
Amados pais! Ser filha, ser fruto do amor de vocês, é uma dádiva!
Viram-me primeiro. Sabe-
me de cor. Deram-me a mão até o dia em que aprendi a autonomia dos passos. Amaram-me
primeiro. Antes de me ver de perto. Amaram-me em cada movimento no ventre.
Desobrigaram-me de corresponder expectativas alheias, deram-me a chave da casa e me
aconselharam a partir, a seguir, a ir além, e não me deixaram esquecer que as portas e o
coração de vocês estariam me esperando. Vocês sabiam desde o princípio. Só somos de quem
nos deixa livres. Obrigada, se tivesse dez vidas, onze daria a vocês. Amo vocês!
Irmãs, amor verdadeiro, me apoiaram, choraram e sorriram comigo. Se existem anjos nessa
vida, vocês são os meus! Eu dou graças ao Senhor por ser irmã de vocês, por aprender a cada
dia que Deus nos escolheu e que seja sempre assim! Obrigada por serem minhas amigas, por
acreditarem e se orgulharem de mim! Amo vocês!
Ao Guilherme pelo carinho, amizade, por compreender minha ausência e acreditar em mim,
você é meu presente de Deus.
Amar a vida de alguém é um exercício louvável, ainda mais
quando foge à nossa previsão deixar ser conquistado a tal fim, por isso agradeço a Deus por
ter me permitido desejar conhecer você um dia, e Ele acertou em cheio. Te amo!
A minha avó por todas as orações e cuidado. Aquela que na escola da vida é doutora, que
muitas vezes é sábia até em seu silêncio. Obrigada avó por se orgulhar de mim! Amo-te!
Ao meu tio Kiko e minhas tias Luzia, Marli, Ana e Maria, obrigada por se orgulharem de
mim e me amarem tanto. Amo vocês!
Aos meus amados primos e primas, obrigada por sempre estarem presentes. A alegria e a
presença de vocês sempre fez e fará diferença na minha vida! Amo vocês!
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Aos meus cunhados Dan ,Thalles e Pablo por divertirem os meus dias e estarem sempre
dispostos a me ajudarem! Amo vocês!
A cunhada Aline e meus sogros Luisa e Cláudio por me acolherem tão bem na família de
vocês e fazerem-me sentir tão amada, vocês já fazem parte da minha vida! Amo vocês!
As asmigas de Manhu (Gabi, Jane, Livia, Kelly, Laís, Jú, Naty Clér, Thaís e Lóh),
obrigada pelo mesmo abraço e amor a cada encontro, por nunca me abandonarem ao longo
desses oito anos e por me mostrarem que a amizade continua a crescer mesmo a longas
distâncias. Amo vocês!
A Lorene Hott e a Naty Muniz por nunca se esqueceram de mim! Amo vocês!
As amigas que Niterói me deu, agradeço a Deus por ter colocado vocês no meu caminho. Em
especial:
A você Cris por ser essa amiga tão presente por chorar o meu choro e sorrir meus sorrisos,
por estar presente nas minhas melhores histórias de Nikiti, por cuidar de mim. Amo você!
Amanda foram 5 anos, foram 1825 dias juntas, inúmeras aulas, inúmeras vitórias, sorrisos,
lagrimas, comemorações, e ainda virão muitas outras histórias! Tenho certeza que cada dia
juntas era um aprendiz
ado para ambas, as diferenças são muitas mais as coisas em comum são
muito maiores, e nossa amizade nos une! Te amo!
Su! Agradeço a DEUS o privilegio de ter você como amiga/irmã emprestada! Do meu lado
nas escolhas e decisões. Não imagino minha vida sem você! O tempo pode passar, mas uma
coisa será sempre: irmãs por escolha
. Continue me amando, porque sempre vou te amar!
Paloma meu presentinho de Morfo 7, chegou de mansinho e tomou conta do meu coração e
da minha vida . Quantos aprendizados, choros, risos e felicidade, isso tudo eu vivenciei e pude
estar ao seu lado! Você é um ser de luz e especial para mim. Te amo!
A Babi por ter me mostrado que mesmo com a distância física, os corações continuam se
amando, obrigada por ter estado nos momentos difíceis da graduação perto de mim. Te amo!
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Samanta minha apagadinha, aquela que sempre esteve ali, sua presença calma e doce me
amparou por todos esses anos, como eu Te amo!
Jú linda, como é bom e essencial ser sua amiga, chegou tão devagar na minha vida, e não
deixo você sair mais, me orgulho muito da pessoa linda e forte que você se tornou! Te amo!
Minha Fê, minha florzinha,
de repente eu percebi que você já fazia parte da minha vida e
agradeci a DEUS por ter colocado você no meu caminho! Te amo!
Marcelinha, Aninha (minha neguinha), Vivi, Camila, por serem essas flores e por me
socorrerem com palavras dóceis e um abraço apertado nas minhas angústias. Amo Vocês!
Vanessa e Flavinha, vocês fizeram a diferença, dividimos muitas vezes o sentimento da
saudade de casa e vocês mostraram que eu posso contar e ter vocês sempre! Amo vocês!
Aos mestres que passaram pela minha trajetória na universidade, principalmente: Lili,
Crystiane, Donizete, Ana Karine, Fátima e Suely por acreditarem no meu potencial, por
confiarem em mim e serem exemplos de profissionais. Obrigada! Amo vocês!
A minha orientadora linda Vera, por ter me apresentado o mundo da pesquisa, e por me
mostrar que é preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê.
Obrigada pelo apoio oferecido não só nos trabalhos acadêmicos, mas na “vida”, por ter sido
orientadora, professora, amiga, mãe, tudo junto. Amo muito você! Obrigada por tudo!
A minha 2ª
família, Claudia, Gilson, Claudionor, Edna, Carla, Clara, Ronaldo, Lúcia,
Márcia, obrigada por me acolherem não só em seus lares, mas em seus corações. Amo vocês!
Aos pacientes, enfermeiros e funcionários (HEAL, HUAP, HFB), ao Maycon, NIC
(Bianca e Mari) e EEAAC (principalmente Evandro, Adriana e Jú) obrigada! Amo vocês!
Sinto-me honrada de ter pessoas tão exemplares e dignas ao meu lado e sei que foi Deus
quem escolheu cada um de vocês para fazer parte da minha história! Obrigada
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“Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor! Porém a maior delas é o
AMOR”
(I Coríntios 13:14)
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RESUMO
Introdução: Estudo sobre aspectos sócio-demográficos e de saúde e qualidade de vida (QV)
de pescadores do entorno do rio Maribondo São Gonçalo- RJ, Brasil. Diariamente centenas de
pescadores navegam com seus barcos e apetrechos, retirando desse ecossistema o seu
sustento, constituindo uma das classes mais expostas a riscos e à poluição das águas dos rios.
Objetivos: Caracterizar aspectos sócio-demográficos e de saúde de pescadores de uma
comunidade do entorno do rio Maribondo e caracterizar a QV desses trabalhadores informais.
Metodologia: Estudo quantitativo, exploratório, com enfoque sócio- demográfico e de saúde.
Realizado na comunidade Cassinú, com 35 pescadores. Projeto encaminhado para o Comitê
de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Antônio Pedro aprovado sobre o nº
06918912500005243. Na coleta de dados, foram utilizados o Medical Outcomes Study 36-
Item Short-Form Health Survey (SF-36) e um formulário com aspectos sócio-demográficos e
de saúde. Os dados coletados foram analisados pelo Windows Excel. Resultados: Os
entrevistados possuem idade média de 46,4 anos. Em relação ao grau de escolaridade e renda
mensal, 17,1% possui nível fundamental incompleto e 42,9% tem renda mensal entre 1 e 2
salários mínimos com jornada de trabalho de 11,8h em média. Apesar de afirmarem utilizar
equipamentos de proteção (71,4%), observou-se que a utilização é apenas parcial. Em relação
à QV, verificou-se que o domínio com menor média foi o da dor (57,47%), demonstrando que
ela não causa interferência nas atividades do pescador. O domínio saúde mental (57,78%) e
estado geral de saúde (62,11%), evidencia que a saúde dos pescadores é boa e que com isso a
saúde mental é satisfatória. A quarta média foi a de vitalidade (66,67%), os pescadores
apresentam uma diminuição de energia e aumento da fadiga, já a limitação física (70,95%),
confirma que os sujeitos diminuíram o tempo dedicado ao trabalho. Os aspectos sociais
(86,49%) alcançaram maior índice, revelando que saúde física e problemas emocionais
interferem nas atividades sociais. A maior média foi capacidade funcional (87,2%),
significando que quanto menos energia tem o pescador mais dificuldade ele terá em realizar
atividades. Conclusão: Ao caracterizar esta população, revelou-se aspectos sócio-
demográficos e de saúde, atribuindo visibilidade aos sujeitos, trazendo á tona aspectos então
desconhecidos e concluímos que a QV difere e precisa ser caracterizada em seu contexto
social pois, o que poderá ser uma vida de qualidade para uma pessoa pode não ser para outras.
Palavras-Chaves: Qualidade de Vida, Educação em Saúde, Saúde do Trabalhador, Saúde Pública.
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ABSTRACT
Introduction: Study on socio-demographic and health aspects and quality of life (QOL) of
fishermen from around the river Maribondo São Gonçalo - RJ, Brazil. Every day hundreds of
fishermen with their boats and paraphernalia, removing this ecosystem the its sustenance,
constituting one of the classes most exposed to risks and pollution of the rivers. Objectives:
Characterize socio-demographic and health aspects of fishermen community around the river
Maribondo and characterize the QOL of these informal workers. Methodology: Quantitative
study, exploratory with demographic and health focus. Held at Cassinú community with 35
fishermen. Project routed to the Ethics Committee in Research of the University Hospital
Antonio Pedro approved on No. 06918912500005243. During data collection, we used the
Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36) and a form with socio-
demographic and health aspects. The collected data were analyzed by Windows Excel.
Results: Respondents have an average age of 46.4 years. Regarding the level of education
and monthly income, 17.1% had not completed grade level and 42.9% have a monthly income
between 1 and 2 minimum wages with working hours from 11.8 h on average. Despite
claiming use protective equipment (71.4%), it was observed that the use is only partial.
Regarding QOL, it was found that the area with the lowest average was pain (57.47%),
demonstrating that it does not cause interference in the activities of the fisherman. The mental
health domain (57.78%) and general health (62.11%), shows that the health of fishermen is
good and with that mental health is satisfactory. The fourth average was the of vitality
(66.67%), fishermen have decreased energy and increased fatigue, since the physical
limitation (70.95%), confirms that the subjects decreased the time devoted to work. The social
aspects (86.49%) had the highest rate, revealing that physical health and emotional problems
interfere with social activities. The highest average was functional capacity (87.2%), meaning
that the less energy has the fisherman he will have more difficulty in performing activities.
Conclusion: In characterizing this population, proved socio-demographic and health aspects,
giving visibility to the subject, bringing to light previously unknown aspects and concluded
that QOL differs and needs to be characterized in its social context because what may be a life
of quality for one person may not be for others.
Key Words: Quality of Life, Health Education, Health Worker, Public Health.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Foto 1: Associação de pescadores do Gradim - São Gonçalo, RJ
Foto 2: Dois barcos no quintal de um dos pescadores
Foto 3: Pescador no período da manhã preparando a rede que irá utilizar à tarde na pesca
Foto 4: Pier por onde chega o pescado
Foto 5: Pescado disposto em caixas para o leilão
Foto 6: Fim de mais um dia de leilão
Foto 7: Imagem de cortes com faca na preparação da rede
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Distribuição dos pescadores segundo a variável idade (N=35)
Gráfico 2: Distribuição proporcional dos pescadores segundo naturalidade (N=35)
Gráfico 3: Distribuição proporcional dos pescadores segundo cor de pele (N=35)
Gráfico 4: Distribuição dos pescadores segundo uso de protetor solar (N=35)
Gráfico 5: Distribuição dos pescadores segundo principais motivos para não utilização de
protetor solar (N=31)
Gráfico 6: Distribuição proporcional dos pescadores segundo tipo de residência (N=35)
Gráfico 7: Distribuição proporcional dos pescadores segundo religião (N=35)
Gráfico 8: Distribuição proporcional dos pescadores segundo principais responsáveis pelo
ensino da atividade pesqueira (N=35)
Gráfico 9: Distribuição proporcional dos pescadores segundo escolaridade (N=35)
Gráfico 10: Distribuição proporcional dos pescadores segundo renda, por salário mínimo
(N=35)
Gráfico 11: Distribuição dos pescadores que trabalham ou já trabalharam em outras áreas
(N=35)
Gráfico 12: Distribuição dos pescadores segundo principais atividades realizadas para
complementação de renda
Gráfico 13: Distribuição dos pescadores segundo principais tipos de pescado
Gráfico 14: Distribuição dos pescadores segundo principais pontos de venda
Gráfico 15: Distribuição dos pescadores segundo uso de EPI (N=35)
Gráfico 16: Distribuição dos pescadores segundo principais EPI’s utilizados
Gráfico 17: Distribuição dos pescadores segundo momentos destacados onde entram em
contato com a água
Gráfico 18: Distribuição dos pescadores segundo existência de caso de ferimento durante a
atividade pesqueira (N=35)
Gráfico 19: Distribuição dos pescadores segundo principais partes do corpo atingidas por
ferimento
Gráfico 20: Distribuição dos pescadores segundo principais causas de ferimento
Gráfico 21: Distribuição dos pescadores segundo principais formas de tratamento das
feridas
Gráfico 22: Distribuição dos pescadores segundo histórico de doença na família
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Gráfico 23: Distribuição dos pescadores segundo realização de tratamento para as
doenças/queixas atuais (N=17)
Gráfico 24: Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades físicas, mínimo uma
vez por semana
Gráfico 25: Distribuição dos pescadores segundo prática de atividades de lazer (N=35)
Gráfico 26: Distribuição dos pescadores segundo principais atividades de lazer
Gráfico 27: Distribuição da classificação de pressão arterial dos pescadores com base em
uma aferição
Gráfico 28: Distribuição da classificação dos pescadores pelo índice de massa corporal
Gráfico 29: Distribuição dos pescadores segundo uso de drogas ilícitas
Gráfico 30: Distribuição dos pescadores segundo ingestão de álcool (N=35)
Gráfico 31: Distribuição da frequência na ingestão de álcool entre os pescadores etilistas
(N=31)
Gráfico 32: Distribuição da última realização de exame de sangue entre os pescadores
Gráfico 33: Distribuição dos pescadores segundo hábito de fumar (N=35)
Gráfico 34: Distribuição da quantidade de carteiras/dia utilizadas pelos 20 pescadores
fumantes (N=20)
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Principais micro-organismos indicadores da qualidade da água e as doenças
que causam
Quadro 2: Distribuição dos pescadores segundo doenças/queixas anteriores que levaram
ou não à internação
Quadro 3: Domínios do questionário SF-36 e as suas respectivas médias
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Distribuição dos pescadores segundo idade, filhos e dependentes
Tabela 2: Distribuição dos pescadores segundo estado civil (N=35)
Tabela 3: Distribuição dos pescadores segundo tempo de profissão e horas de trabalho
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETO DE ESTUDO, p. 18
1.2 PROBLEMA/JUSTIFICATICA, p. 19
1.3 REVELÂNCIA DA PESQUISA, p. 21
1.4 QUESTÕES DE PESQUISA, p. 22
1.5 OBJETIVOS, p. 22
2 REVISÃO DE LITERATURA, p. 23
2.1 A PESCA E O TRABALHO INFORMAL, p. 23
2.2 A ATIVIDADE PESQUEIRA NA BAÍA DE GUANABARA, p. 24
2.3 A POLUIÇÃO AQUÁTICA E OS MICRO-ORGANISMOS PATOGÊNICOS
VEICULADOS PELA ÁGUA CONTAMINADA, p. 24
2.4 DOENÇAS INFECCIOSAS CAUSADAS POR MICRO-ORGANISMOS
PATOGÊNICOS VEICULADOS PELA ÁGUA CONTAMINADA, p. 26
2.4.1 Febre tifóide causada por Salmonella typhi, p. 26
2.4.2 Diarreia causada por Escherichia coli, p. 26
2.4.3 Cólera causada por Vibrio cholerae, p. 27
2.5 LESÕES CUTÂNEAS: UM AGRAVO FREQUENTE ENTRE PESCADORES, p. 28
2.6 QUALIDADE DE VIDA, p. 29
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO, p. 34
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO, p. 34
3.2 CENÁRIO DO ESTUDO, p. 35
3.3 SUJEITOS DO ESTUDO, p. 36
3.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS, p.37
3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS, p. 38
3.6 ASPECTOS ÉTICOS, p. 38
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4 RESULTADOS, p. 40
5 CONCLUSÕES, p. 68
6 REFERÊNCIAS , p. 69
6.1 OBRAS CITADAS, p. 69
6.2 OBRAS CONSULTADAS, p. 72
7 APÊNDICES, p. 75
7.1 ROTEIRO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS, p. 75
7.2 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, p. 78
8 ANEXOS, p. 80
8.1 VERSÃO BRASILEIRA DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA-SF-36, p.
80
8.2 APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA, p. 83
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1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETO DE ESTUDO
Estudo sobre os aspectos sócio-demográficos e de saúde e qualidade de vida de
pescadores do entorno do rio Maribondo RJ - Brasil, tendo em vista ações de prevenção de
lesões cutâneas.
Este estudo está vinculado a um projeto de pesquisa mais abrangente denominado
“Inovação em Enfermagem no Tratamento de Lesões Tissulares - sistematização, inclusão
tecnológica e funcionalidade”, beneficiado na chamada pública MCTI/CNPq/MEC/Capes -
Ação Transversal n° 6/2011 - Casadinho/Procad. Tal proposta articula o Programa de
Mestrado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde (MACCS/EEAAC/UFF) numa ação
transversal com o Programa Consolidado PROESA - USP. A pesquisa em tela está também
vinculada ao Núcleo de Estudos em Fundamentos de Enfermagem (NEFE) da EEAAC-UFF.
Como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC),
desenvolvendo o projeto de pesquisa intitulado: “Lesões cutâneas em pescadores do rio
Maribondo - São Gonçalo - RJ: Estudo sócio-demográfico e clínico e Impacto na qualidade de
vida” ficou claro que, na região da Baía de Guanabara, próximo ao município de Niterói,
existe uma intensa atividade pesqueira com trabalhadores em situação precária.
Nesse sentido, observou-se também que, os profissionais de saúde e os enfermeiros
especificamente, estão distantes de cenários diferentes do que estão acostumados. Entende-se
que a formação de um profissional de saúde não pode se reduzir ás questões teóricas, sendo
necessário que haja maior envolvimento com vistas à melhoria da qualidade de vida (QV)
individual e coletiva. Além disso, há uma escassez de estudos sobre saúde e QV deste grupo
de trabalhadores informais, importante para a saúde pública e coletiva do Estado do RJ.
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1.2 PROBLEMA/JUSTIFICATIVA
Diariamente, centenas de pescadores moradores da comunidade do entorno dos rios
do município de São Gonçalo navegam na Baía de Guanabara com seus barcos e apetrechos,
retirando desse ecossistema o seu sustento e de suas famílias. É um trabalho árduo e
silencioso, envolvendo trabalhadores informais e formais da região (ROSA & MATTOS,
2010).
O cuidado de pessoas é uma atuação inerente da Enfermagem e requer intervenções
fundamentadas cientificamente. Entre os trabalhadores que podem se beneficiar de ações de
enfermagem voltadas para prevenção de lesões cutâneas está os pescadores, tendo em vista
que com frequencia eles sofrem vários tipos de ferimentos.
De acordo com Ramalho e Arrochelas (2004), em estudo realizado com pescadores
da Baía de Guanabara da região de Magé, a atividade informal desenvolvida por eles
apresenta uma situação de extrema precariedade no que tange as condições do ambiente de
trabalho, deixando-os totalmente desprotegidos. Eles estão sujeitos a riscos de acidentes e
doenças, devido ao grande esforço físico a que se submetem, inúmeras variações climáticas,
prolongada exposição ao sol e contato com agentes patológicos num ambiente sem
saneamento.
Esse grupo de profissionais se expõe a agentes perfuro cortantes em sua atividade
profissional. O contato direto com água contaminada e a exposição excessiva ao sol são
fatores que contribuem, para além de outros agravos a que este grupo populacional específico
está exposto, a perda auditiva, vibração local no braço e de corpo inteiro e a exposição
prolongada ao monóxido de carbono (HEUPA, 2011).
Pesquisa realizada sobre a avaliação da qualidade das águas de seis rios do município
de São Gonçalo e a possível contribuição dos mesmos na qualidade das águas da Baía de
Guanabara, segundo padrões microbiológicos e físico-químicos estabelecidos pela Resolução
CONAMA 274/2000, apontou para contagem de coliformes termotolerantes acima do
estipulado para balneabilidade; proteção de comunidades aquáticas; abastecimento para o
consumo humano após tratamento convencional; irrigação de hortaliças, plantas frutíferas,
campos de esporte e lazer com os quais o público possa vir a ter contato direto; atividade de
pesca (RIBEIRO, 2011).
Nos textos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), citados por
Parmeggianni (1989), já se apontavam várias enfermidades relativas ao trabalho com a pesca,
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como bursites, tenossinovites, doenças do aparelho digestivo, tensão nervosa, excesso de
consumo de álcool e/ou fumo, provocando enfermidades respiratórias, sinusites, cáries
dentárias, dermatites originadas pelo contato com óleo diesel e perda de audição, provocada
pela exposição a níveis de ruídos excessivos. As diversas enfermidades apresentadas podem
ser relacionadas ao contexto de vida dessa classe de trabalhadores, onde uma parcela
significativa possui baixa escolaridade e não têm acesso às questões relacionadas à saúde em
função da própria dinâmica de trabalho no qual estão inseridos.
Estudos realizados junto à categoria revelam os mais variados tipos de adoecimento,
com influência negativa em sua vida econômica e social. Na região de Magé (RJ), Chaves &
Colaboradores (2003) realizaram avaliações em processos de trabalho e vida dos pescadores,
tendo mostrado casos de agravo à saúde, inclusive mortes, com doenças de veiculação hídrica
e de vetores além de transtornos mentais.
Pesquisa promovida por Rodrigues & Colaboradores (2001) apud Rosa & Mattos
(2010) indica que foram detectadas bactérias do gênero vibrio em feridas nos membros
inferiores de pescadores do município de Raposa (MA). Para os autores, as ocorrências
acidentárias se devem basicamente às questões econômicas e de total desamparo a que essa
categoria se encontra.
A alteração da qualidade da água não está somente ligada a aspectos estéticos, já que
a água aparentemente satisfatória pode estar contaminada, ou seja, conter micro-organismos
patogênicos e substâncias tóxicas para determinadas espécies, passíveis de serem
transmitidos: o que traduz o impacto fisiológico gerado (BRAGA, 2002).
Baptista Neto & Colaboradores (2008) mostram que várias doenças podem estar
associadas à água sejam em decorrência da sua contaminação por excretas humanas ou de
outros animais ou pela presença de substâncias químicas nocivas à saúde humana. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) corrobora essa questão quando diz que 80% das
doenças nos países em desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água.
De acordo com a Resolução CONAMA 274/2000 a saúde e o bem-estar humano
podem ser afetados pelas condições de balneabilidade. Sendo consideradas impróprias as
águas cujo valor obtido na última amostragem seja superior a 2500 coliformes fecais
(termotolerantes) ou 2000 E. coli ou 50 enterococos por 100 mililitros. Além disso, no
máximo 20% das coletas poderão ter valor acima de 1000 coliformes fecais por 100 mililitros.
Entendendo que as águas poluídas e a exposição excessiva podem veicular diversas
doenças e que saúde pública de acordo com Winslow apud Dacach (1990), define-se dentre
outras, como a ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida e promover a saúde
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através de esforços organizados da comunidade no sentido de realizar o saneamento do meio e
o controle de doenças infecto-contagiosas; a pesquisa trará grande contribuição para a saúde
de pescadores do Município de São Gonçalo e adjacências.
O trabalho foca-se na qualidade de vida, entendendo que a assistência em saúde tem
um papel crucial nesse processo. Assim, acontece a relação entre qualidade de vida e cuidado
em saúde, no qual o agir das enfermeiras tem uma função essencial na promoção e prevenção
da saúde.
A pesquisa justifica-se pelo grande número de pescadores que se expõem a riscos de
acidentes traumáticos, durante suas atividades pesqueiras sem ao menos terem o acesso à
informação sobre tais riscos. Estes acidentes dependendo da gravidade podem gerar
comprometimento no processo de trabalho e redução na capacidade produtiva dos pescadores.
Dentre outras definições, a educação em saúde segundo Pereira (2003), pressupõe
uma combinação de oportunidades que favoreçam a manutenção da saúde e sua promoção,
não entendida somente como transmissão de conteúdos, mas também como a adoção de
práticas educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução de sua vida, ou seja,
educação em saúde nada mais é que o pleno exercício de construção da cidadania. Acredita-se
que a enfermeira tem desempenhado um papel fundamental na educação em saúde, visto que
as ações educativas em saúde constituem-se em um dos instrumentos utilizados pela
enfermagem num contexto abrangente, cuja preocupação não se restringe ao corpo individual
mais ao controle de doenças no coletivo. Sendo assim, o estudo torna-se de grande valia para
o trabalhador pescador.
1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA
A pesquisa possui pertinência social e cientifica uma vez que contribuiu para a
melhoria da saúde de pescadores do rio Maribondo e adjacências e aumento da capacidade da
enfermeira de intervir nas questões da vida e da saúde deste grupo populacional. Além disso,
ampliou a escassa bibliografia sobre a temática além da proposição de outros modos de pensar
a formação profissional da enfermeira e sua prática educativa em saúde.
É preciso estar consciente de que para as populações alcançarem níveis considerados
de QV é necessário ir além do atendimento formal e partir para o envolvimento com as
questões políticas e sociais, servindo como mediadora entre a população e o poder público.
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Dessa forma o profissional enfermeiro estará construindo parcerias, favorecendo mudanças e
fortalecendo princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.
O estudo da QV vem despertando interesse nos pesquisadores no campo da saúde,
pois se percebe que a forma de vida do sujeito está diretamente relacionada à sua saúde ou sua
doença. Todavia, qualidade de vida tem que ser entendida e analisada em seu contexto social,
que se desdobram nas condições ambientais, na biologia humana, na qualidade dos serviços
de saúde, que são componentes determinantes da saúde (TEIXEIRA, 2006; SABÓIA, 1997).
Acredita-se que o estudo em tela trará contribuições para área da saúde e da
enfermagem em particular, uma vez que, pretende revelar possibilidades de pesquisa e ação
educativa da enfermeira em outros contextos, para além dos muros do hospital e da academia.
Este estudo favorecerá ainda a criação de outras estratégias para subsidiar a clínica
do cuidado em enfermagem, numa perspectiva que amplia a atuação da enfermeira. Além
disso, favorecerá o desenvolvimento de ações no que se refere à prática de ensino e do
cuidado voltado para melhoria da QV, por meio da construção de propostas clínicas tendo em
vista o aspecto legal, técnico-científico e o impacto social da enfermagem na sociedade.
1.4 QUESTÕES DE PESQUISA
Quais são as características sócio-demográficas e clínicas de pescadores que vivem
na comunidade do entorno do rio Maribondo, RJ, Brasil?
Qual a Qualidade de Vida desse grupo populacional, segundo o Medical Outcomes
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36)?
1.5 OBJETIVOS
1- Caracterizar aspectos sócio-demográficos e clínicos de pescadores de uma
comunidade do entorno do rio Maribondo, RJ, Brasil;
2- Descrever a qualidade de vida desses trabalhadores informais, tendo em vista o
Medical Outcomes Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36)?
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A PESCA E O TRABALHO INFORMAL
A pesca é o ato de capturar peixes ou outros animais aquáticos tais como crustáceos,
moluscos, equinodermes, entre outras, em rios, lagos ou mares com propósitos comerciais, de
subsistência, desportivos e outros (SAINSBURY, 1996). Trata-se de uma atividade antiga
que, tal como a caça e a agricultura, é praticada pelo homem desde a pré-história.
A pesca é classificada como comercial, artesanal e de subsistência. Sabendo-se que
os pescadores residentes do entorno do rio Maribondo realizam a pesca classificada como
artesanal, torna-se imprescindível compreender o funcionamento dessa prática pesqueira.
A pesca artesanal realiza-se única e exclusivamente pelo trabalho manual do
pescador.
A participação do pescador na pesca artesanal em todas as etapas do processo é total
ou quase total, onde é feito o lançamento, recolhimento e levantamento das redes ou outros
implementos. Os pescadores utilizam embarcações extremamente simples como botes ou
caiaques. A remuneração é feita pelo sistema tradicional de divisão da produção em “partes”,
sendo o produto destinado preponderantemente ao mercado. Da pesca retiram a maior parte
de sua renda, ainda que sazonalmente possam exercer atividades complementares (ROSA &
MATTOS, 2010).
Para o pescador artesanal, admite-se uma relação de informalidade com o trabalho.
Segundo Filgueiras, Druck e Amaral (2004) a condição informal é aquela em que o
trabalhador executa um trabalho que não é trocado por capital e não contribui diretamente
para aumentar o capital e/ou que não possui um vínculo de trabalho regulamentado.
Compreendem tanto atividades e formas de produção não tipicamente capitalistas - legais ou
ilegais - quanto relações de trabalho não registradas, mesmo que tipicamente capitalistas. As
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pessoas que se vêem incluídas nessa problemática são, geralmente, de menor escolaridade, de
baixa qualificação profissional, negros, jovens e mulheres (FAGUNDES, BARROS &
MENDONÇA apud OLIVEIRA & IRIART, 2008).
A escolaridade dos pescadores é baixa, segundo dados obtidos em um estudo
realizado por Rosa e Mattos (2010), ou seja, a maioria possui até o primeiro grau incompleto
63% e 12% são analfabetos. Os analfabetos estão distribuídos em todas as faixas etárias,
inclusive entre os mais jovens. Esse percentual ainda pode ser mais alto, visto que muitos dos
que assinam seu nome não sabem ler. Para eles, uma melhoria de vida está relacionada a uma
melhor educação, ou seja, um futuro melhor.
2.2 ATIVIDADE PESQUEIRA NA BAÍA DE GUANABARA
No Brasil, e mais especificamente na cidade do RJ, a geografia de grandes rios e
afluentes sempre favoreceu a pesca, além de um clima tropical propício que favorece a
biodiversidade, ou seja, uma ampla variedade de espécies de peixes disponíveis para pesca.
Apesar da alteração brusca na qualidade das águas da Baía de Guanabara nas últimas
décadas em decorrência de um incremento populacional e ocupações habitacionais irregulares
em suas margens e nas margens dos rios que desembocam na mesma, persiste a vida aquática.
Esse fato permite um numeroso contingente de pescadores envolvidos em atividades
pesqueiras na baía, entre 5.000 a 18.000 (IBAMA, 2002; ROSA & MATTOS, 2010).
A precariedade da legislação trabalhista específica para o setor pesqueiro estimula a
conivência entre o pescador e o armador no desrespeito à legislação, agravando a ausência da
cobertura assistencial e social aos pescadores. O pescador, assim, precisa usar de sua
criatividade para “driblar” a falta de recursos. Muitos aprendem a fazer suas próprias redes e
consertos em seus barcos (ROSA & MATTOS, 2010).
2.3 A POLUIÇÃO AQUÁTICA E OS MICRO-ORGANISMOS PATOGÊNICOS
VEICULADOS PELA ÁGUA CONTAMINADA
A água é considerada um bem essencial para as atividades humanas e indispensável à
sobrevivência do homem. Contudo, por ser o alimento mais consumido pela população, está
associada a grandes riscos à saúde pública (MARQUEZI, 2010). A alteração da qualidade da
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água não está somente ligada a aspectos estéticos, já que a água aparentemente satisfatória
pode estar contaminada, ou seja, conter micro-organismos patogênicos e substâncias tóxicas
para determinadas espécies, passíveis de serem transmitidos: o que traduz o impacto
fisiológico gerado (BRAGA, 2002).
O impacto ecológico em decorrência da poluição aquática pode produzir como
consequência, o desequilíbrio de todo um ecossistema. No Brasil atualmente uma das regiões
mais impactadas pela poluição ambiental é a região Sudeste. Batista Neto, Wallner-Kersanach
e Patchinelam (2008) apontam que do litoral brasileiro, a região sudeste é uma das mais
impactadas, já que mais de ¼ da população está concentrada nessa região.
O número de habitantes do entorno da Baía era de 10,2 milhões de pessoas, subindo
para cerca de 11 milhões em 2007, resultado da rápida urbanização e crescimento
populacional. Nos últimos 100 anos a área ao redor da Baía tem sido fortemente modificada
pelo desmatamento e incontrolável assentamento. Além da localização geográfica peculiar
(JABLONSKI, AZEVEDO e MOREIRA, 2006) a Baia de Guanabara recebe uma expressiva
quantidade de poluição de matéria orgânica e inorgânica de origem doméstica e do parque
industrial da região metropolitana e municípios adjacentes. Um estudo recente realizado na
porção sudoeste da Baía de Guanabara por Santos, Carreira e Knoppers (2008) ratifica a
acumulação recente de esgotos e de matéria orgânica fitoplanctônica como consequência do
processo de eutrofização do sistema citando a ação antrópica como indutora da alteração do
equilíbrio natural do sistema como um todo.
Batista Neto, Wallner-Kersanach e Patchinelam (2008) afirmam que várias doenças
podem estar associadas à água. A OMS corrobora essa questão quando diz que 80% das
doenças nos países em desenvolvimento são ocasionadas pela contaminação da água, sendo o
seu tratamento uma importante ferramenta contra essas doenças (MARQUEZI, 2010). Assim,
a disseminação de patógenos pela água ocorre através da contaminação desta com esgoto não
tratado ou tratado inadequadamente. Uma vez contaminada com fezes de humanos ou
animais, a água se torna um reservatório para diversos patógenos, especialmente aqueles que
causam doenças gastrointestinais, tais como cólera, shigelose e leptospirose, além de febre
tifóide, salmonelose, hepatite A, parasitoses, giardíase e amebíase (MARQUEZI, 2010).
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Quadro 1: Principais micro-organismos indicadores da qualidade da água e as doenças que causam
Bactérias Doenças
Enterobactérias Gastroenterite, diarreia (“diarreia do viajante”)
Pseudomonas aeruginosa Infecções oportunistas
Vibrio sp Cólera, gastroenterite, diarréia
Streptococcus (Enterococcus) Infecção piogênica
Clostridium sp Botulismo, gastroenterite
Salmonella Gastroenterite, febre tifóide, febres entéricas, septicemia Fonte: BAPTISTA NETO, WALLNER-KERSANACH & PATCHINELAM, 2008 2.4 DOENÇAS INFECCIOSAS CAUSADAS POR MICRO-ORGANISMOS
PATOGÊNICOS VEICULADOS PELA ÁGUA CONTAMINADA
2.4.1 Febre tifóide causada por Salmonella typhi
Doença infecciosa que se caracteriza por febre contínua, mal estar, manchas róseas
no tronco, tosse, prisão de ventre mais frequente do que diarreia, e comprometimento dos
tecidos linfóides. Devido à sobrevivência de Salmonella typhi na água do mar, os peixes e
moluscos tem papel importante na transmissão da febre tifóide. (COSTA, FERRAZ &
NUNES, 2004).
2.4.2 Diarreia causada por Escherichia coli
Cepas de Escherichia coli colonizam o trato gastrointestinal de seres humanos e
animais poucas horas após seu nascimento, e constituem o principal membro anaeróbico
facultativo da microbiota intestinal destes organismos (NATARO & KAPER, 1998 apud
MOURA, 2009). Apesar de seu papel como comensal, algumas cepas de E. coli são capazes
de causar uma grande variedade de doenças, devido à aquisição de fatores de virulência por
transferência horizontal (KAPER et al., 2004 apud MOURA, 2009). Dentre estas doenças a
diarreia é uma das principais, sendo as Escherichia coli diarreiogênicas (ECD) responsáveis
por inúmeros surtos de diarreias registradas (VILJANEN et al., 1990 apud MOURA, 2009).
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Atualmente são conhecidos 6 patotipos de ECD: E. coli enteroinvasora (EIEC), E.
coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteropatogênica (EPEC), subdividida em EPEC típica
e EPEC atípica, E. coli produtora de toxina de Shiga (STEC), e seu subgrupo E. coli
enterohemorrágica (EHEC); E. coli enteroagregativa (EAEC), e E. coli que adere difusamente
(DAEC). (NATARO & KAPER, 1998 apud MOURA, 2004).
2.4.3 Cólera causada por Vibrio cholerae
Doença intestinal bacteriana aguda que geralmente ocorre em surtos explosivos e
caracteriza-se por diarreia aquosa abundante, vômitos ocasionais, rápida desidratação. O
principal meio de propagação da cólera é a água e em casos de epidemia o monitoramente e
controle dos cursos de água superficiais (rios, lagos, represas, etc.) e águas subterrâneas
(poços, nascentes, etc.) devem ser aumentados (COSTA, FERRAZ & NUNES, 2004).
Os membros da família Vibrionaceae são habitantes naturais de ambientes marinhos
e estuários e muitos podem causar infecções em humanos que comumente apresentam
quadros clínicos como diarreia, septicemia, otites, infecções de pele e tecidos moles. As
infecções são, geralmente, adquiridas por consumo de alimento e água contaminada ou mais
raramente, por contaminação direta de feridas cutâneas ocorridas durante o contato com a
água do mar ou estuarinas (WEST & COLWELL, 1984).
As doenças gastrointestinais são mais comuns dentre as doenças por veiculação
hídrica, todavia estudos apontam para distintos mecanismos de ação de determinados micro-
organismos no organismo humano. Há cerca de décadas atrás foram reportados 121 casos de
infecção por vibrio em 4 estados dos Estados unidos (Alabama, Florida, Louisiana, and
Texas). Destes, as seguintes espécies foram identificadas: 34 V. parahaemolyticus, 30 V.
cholerae non-O1, 18 V. vulnificus, 9 V. hollisae, 7 V. alginolyticus e 7 V. fluvialis. Dos 121
casos, 14 pacientes tiveram septicemia primária; 71 pacientes, gastroenterite pela ingestão de
ostra contaminada; e 29 pacientes tiveram feridas infectadas (LEVINE & GRIFFIN, 1993).
Ainda segundo Levine e Griffin (1993), infecções cutâneas causadas por espécies de
Vibrio instalam-se após exposição a ambientes aquáticos, e as lesões começam com feridas
pequenas, às vezes já preexistentes, ou através de lacerações causadas por acidentes no local
de trabalho. Há descrições de casos de lesões sépticas superficiais, cujos pacientes foram
expostos ao ambiente marinho ou outras superfícies aquáticas, e dos quais foram isoladas
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várias espécies de Vibrio, constituindo mais um indício do possível papel patogênico desta
bactéria. Muitas destas lesões cutâneas apresentam infecções mistas, podendo-se esperar que
organismos ubíquos (Enterobacteriaceae) e comensais associados à pele (Staphylococcus e
Streptococcus) estejam presentes em qualquer ferimento, não importando o local de
contaminação (RODRIGUES et al., 2001).
2.5 LESÕES CUTÂNEAS: UM AGRAVO FREQUENTE ENTRE PESCADORES
A pele é o maior órgão do corpo e constantemente se adapta conforme necessidades
impostas pelo ambiente externo sendo, portanto, proteção contra o meio externo e importante
responsável pela manutenção da homeostase do meio interno (BRODERICK, 2009). Assume
funções como proteger as estruturas internas da ação de micro-organismos patogênicos,
termorregulação corporal, percepção, excreção, e secreção de várias substâncias capazes de
garantir a proteção bioquímica em sua superfície (FIGUEIREDO, 2003).
Segundo Brunner e Suddarth (2000) a pele é composta por três camadas: a epiderme,
a derme e o tecido subcutâneo, sendo a epiderme mais superficial em relação a derme e o
tecido subcutâneo. A epiderme possui uma série de camadas ou estratos, um dos estratos
denominado delgado estrato córneo, por exemplo, age de forma a proteger às células e os
tecidos subjacentes da desidratação e prevenir a entrada de certos agentes químicos, além de
permitir a evaporação de água a partir da pele e a absorção de certos medicamentos tópicos. A
derme, em contra partida, proporciona força tênsil, suporte mecânico e proteção aos
músculos, ossos e órgãos subjacentes. Contém principalmente colágeno, uma resistente
proteína fibrosa, tecido conjuntivo e poucas células (POTTER & PERRY, 2009).
O tecido subcutâneo ou hipoderme é um tecido principalmente adiposo, que
proporciona um acolchoamento entre as camadas da pele, músculos e ossos. Ele promove a
mobilidade da pele, delimita contornos do corpo e isola o corpo. O tecido adiposo e a
quantidade de tecido adiposo depositado são fatores importantes na regulação da temperatura
corporal (BRUNNER E SUDDARTH, 2000). Quando a pele é lesada, a epiderme atua de
modo a regenerar a superfície da ferida e restaurar a barreira contra organismos invasores,
enquanto a derme responde de modo a restaurar a integridade estrutural (colágeno) e as
propriedades físicas da pele (POTTER & PERRY, 2009).
Compreendendo melhor a função da pele é possível identificar que feridas cutâneas
impõem riscos à segurança do indivíduo e deflagram uma complexa resposta de cicatrização.
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Uma ferida é uma interrupção da integridade e da função de tecidos no corpo (Baharesani,
2004 apud Potter & Perry, 2009). Figueiredo (2003, p. 342), corrobora esta questão quando
diz:
A quebra da integridade da pele é conhecida como lesão e poderá ser desencadeada por hipóxia, desiquilíbrios nutricionais, distúrbios genéticos, reações imunológicas, agentes químicos, físicos e infecciosos, ou ainda por ação traumática mecânica (utilização de instrumentos adequados como lâminas de bisturi e tesouras), como é o caso da ferida.
Segundo Potter & Perry (2009), as feridas podem ser classificadas conforme início e
duração (tempo) em feridas agudas e feridas crônicas. As feridas agudas progridem através de
um processo reparativo, ordenado e oportuno, que resulta na restauração sustentada da
integridade anatômica e funcional, são usualmente fáceis de serem limpas e reparadas. São
geralmente feridas traumáticas, como cortes, abrasões, lacerações, queimaduras e outras. Em
geral cicatrizam sem complicações; a demora no processo cicatricial pode tornar a ferida
aguda em crônica (FIGUEIREDO, 2003).
As feridas crônicas, por sua vez, não progridem através de um processo ordenado e
oportuno para promover a integridade anatômica e funcional. São causadas por
comprometimento vascular, inflamação crônica ou insultos repetitivos ao tecido (Doughty &
Sparks-Defriese, 2007 apud Potter & Perry, 2009), a exposição contínua ao insulto impede a
cicatrização da ferida. Feridas crônicas são feridas complexas que usualmente não progridem
nas fases de cicatrização. Isso pode ser causado por fatores intrínsecos ou extrínsecos.
Todas as feridas crônicas começam de forma aguda. As feridas crônicas mais
comuns são as úlceras de membros inferiores. A Insuficiência Venosa Crônica é responsável
por 80% a 90% dos casos de úlceras de membros inferiores. Aproximadamente 2 a 3 milhões
de pessoas sofrem de feridas crônicas nos Estados Unidos. A cicatrização das feridas é um
processo dinâmico para restaurar estruturas celulares e lesões teciduais (BRODERICK, 2009).
2.6 QUALIDADE DE VIDA
O conceito de Qualidade de Vida (QV) mais conhecido e utilizado foi definido pela
OMS, sendo “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e
sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações”. Essa definição vai abranger seis domínios, sendo estes a cerca da saúde física,
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estado psicológico, níveis de independência, relacionamento social, características ambientais
e padrão espiritual (INOUYE et al, 2010).
Historicamente, a expressão QV tem raízes tanto na cultura oriental, quanto na
ocidental. Aparece na antiga filosofia chinesa relacionada a arte, literatura, filosofia, medicina
tradicional, Yin e Yang representados pelas forças positivas e negativas. Esta expressão
começou a ser utilizada nos Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial, para descrever
aquisição de bens materiais (KAWAKAME & MIYADAHIRA, 2005). Desta forma, os
conceitos iniciais de qualidade de vida confundiam-se com objetos de consumo e poder, tais
como: casa, carro, dinheiro, viagens, dentre outros. Após um longo período de tempo que a
qualidade de vida passou a mensurar os âmbitos da saúde e da educação.
Na década de 1960, nos Estados Unidos surgiram movimentos sociais e iniciativas
políticas, cuja finalidade era melhorar a vida de todos os cidadãos, minimizando as
desigualdades sociais. No ano de 1964 o presidente Lyndon Johnson declarou que os
objetivos não deveriam mensurar o balanço bancário, mas sim a qualidade de vida
proporcionada a população (PASCHOAL, 2002).
Alguns pesquisadores concordam que as características que abrangem a QV são: (1)
multidimensional ligado ao fato de que a vida envolve múltiplas dimensões, tais como a
social, mental, material, física, cultural, econômica, dentre outras; (2) dinâmica, atribuída à
sua característica inconstante no tempo e espaço; (3) subjetiva, determinada pela importância
e percepção do significado individual conferido às experiências inter e intra individuais
(INOUYE et al, 2010).
Segundo Paschoal (2002), o conceito passou a significar desenvolvimento social,
expresso em boas condições de saúde, moradia, educação, transporte, lazer, trabalho e
crescimento pessoal. Os indicadores também se ampliaram, passando a incluir a mortalidade
infantil, esperança de vida, taxa de evasão escolar, nível de escolaridade, taxa de violência
(suicídios, homicídios, acidentes), saneamento básico, nível de poluição, condições de
moradia e trabalho, qualidade de transporte e lazer, dentre outros (TAMAI, 2010).
Embora todos esses indicadores sejam importantes, eles não são suficientes para
realizar essa mensuração. Passou-se então a valorizar a opinião individual de cada pessoa
sobre sua vida. Paschoal (2002) afirma esse novo conceito integrante da QV como sendo a
qualidade de vida subjetiva. Minayo e colaboradores (2000) completam afirmando que se
trata de uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada do grau de satisfação.
Desta forma, o conceito que antes envolvia basicamente aspectos objetivos como
fator ambiental, social, nível socioeconômico e educacional, passou a envolver também
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31
aspectos subjetivos a respeito da satisfação pessoal relacionada aos aspectos objetivos.
Entretanto, isso irá depender dos planos, expectativas e objetivos de cada indivíduo, pois o
que poderá ser uma vida de qualidade para uma determinada pessoa ou grupo pode não
atender às expectativas de outro indivíduo.
Ao utilizar o termo QV, há necessidade de avaliar como se vive e o contexto em que
acontece esse viver do indivíduo, permeado pelos significados atribuídos coletivamente no
tempo e no espaço à qualidade de vida (PADILHA, SOUZA, 1999).
Compreende-se que este conceito é um constructo multifacetado, que irá integrar
comportamento e capacidade cognitiva, o bem estar emocional e o físico (MEERBERG1
______________ 1 Fonte: MEERBERG, G. A. Quality of life: a concept analiysis. Journal of Advanced Nursing, p. 32-38, 1993.
,
1993 apud PADILHA, SOUZA, 1999). Na QV há a percepção humana que abarca diversos
significados e serão influenciados constantemente por múltiplos fatores. Segundo Spirduso
(2005), os fatores que afetam na QV são os fatores cognitivos, emocionais, condição
financeira, trabalho, moradia, atividade física, saúde, alimentação, social e recreativo.
No campo da saúde, o interesse pelo conceito de QV é recente e inicia-se
concomitante as mudanças dos novos paradigmas que têm influenciado as políticas e as
práticas do setor nas últimas décadas, os determinantes e condicionantes do processo saúde-
doença. Em conjunto a essas mudanças, a melhoria da QV passou a ser um dos resultados
esperados, seja na prática assistencial ou nas políticas públicas (SEIDL, ZANNON, 2004).
Trata-se de uma meta a ser alcançada pelos profissionais, no qual não se busca só a cura,
reabilitação ou prolongamento da morte. Não é apenas viver, mas sim viver bem, dignamente.
Segundo Panzini et al. (2007):
A introdução do conceito de qualidade de vida (QV) como medida de desfecho em saúde surgiu a partir da década de 1970, no contexto do progresso da medicina. Este trouxe um prolongamento na expectativa de vida, na medida em que doenças anteriormente letais (por exemplo, infecções) passaram a ser curáveis ou a ter, pelo menos, controle dos sintomas ou retardo do seu curso natural.
A QV passa para o âmbito da saúde quando considera que a doença e as intervenções
dos profissionais influenciam a quantidade e a qualidade da vida desse indivíduo. Os aspectos
subjetivos são importantes e essenciais porque a ideia de satisfação pessoal é intrínseca, a QV
é individual e só pode ser avaliada pela própria pessoa (MICHELONE, SANTOS, 2004).
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32
A OMS estabelece o conceito de saúde como “um estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (OMS2
______________ 2 Fonte: Organização Mundial de Saúde. Constituição. New York: OMS, 1946.
, 1946 apud
PANZINI et al, 2007). A Constituição Federal de 1988, em seu art. 196, dispõe que saúde é
direito de todos e dever do Estado, sendo garantida através de políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doenças e de demais agravos e ao acesso universal e
igualitário para ações de promoção, proteção e recuperação.
O novo conceito de saúde impõe uma visão que a identifica com bem-estar e
qualidade de vida, e não somente a ausência de doenças. Nessa concepção a saúde deixa de
ser estática e passa a ser dinâmica. Assim, alcançar saúde engloba além de evitar doenças e
prolongar a expectativa de vida, inclui meios que aumentem a qualidade dessa vida. Neste
âmbito se a saúde esta relacionada com a qualidade de vida, e a saúde é um dever do Estado,
presumi-se que a qualidade de vida terá um importante enfoque do Estado, já que as
implicações da QV alterariam o estado de saúde do indivíduo.
As condições de vida e saúde têm melhorado de forma contínua e sustentada na
maioria dos países, devido ao progresso político, econômico, social, ambiental e aos avanços
na saúde pública e na medicina. Entretanto, mesmo que essa melhoria seja inquestionável,
também o é a permanência das profundas desigualdades nas condições de vida e saúde entre
os países e dentro deles (BUSS, 2000).
Compreende-se que a saúde tem uma relação direta com a QV, que esta interligada
aos direitos de cidadania. Várias doenças estão associadas às condições de vida, tal como:
trabalho pesado, moradia insalubre, desnutrição, dentre outros (SABÓIA, 1997). Esta
realidade que envolve parte da população afasta a possibilidade de se ter uma QV satisfatória
e a ausência de doenças.
O que se observa é que em países como o Brasil, há uma péssima distribuição de
renda, analfabetismo, baixo grau de escolaridade e condições precárias de moradia, tendo um
importante papel nas condições de vida e saúde (BUSS, 2000). Nessa relação entre a saúde e
condições de QV, identifica-se o desenvolvimento da promoção da saúde como campo
conceitual e de prática, buscando explicações e respostas para estas questões (BUSS, 2000).
Vale ressaltar que o número de pesquisas sobre o tema vem em crescimento desde a
década de 1970 pela utilização dos resultados obtidos na QV relacionada à saúde, não só para
descrever o fenômeno saúde/doença, mas também para ajudar os clínicos e gestores em saúde
a mais bem avaliarem o impacto das terapêuticas e políticas de saúde (AGUIAR et al., 2008).
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33
Pode-se dizer que QV é uma das mais interdisciplinares terminologias, pois abrange
vários contextos de pesquisa, servindo como elo de diversas profissões (MICHELONE,
SANTOS, 2004).
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34
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DE ESTUDO
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, do tipo exploratório, com
enfoque sócio-demográfico e de saúde realizado com 35 pescadores.
A opção pelo método e técnica de pesquisas depende da natureza do problema que
preocupa o investigador, ou do objeto que se deseja conhecer ou estudar. A pesquisa deve se
preocupar com a generalização, isto é, devem-se buscar conclusões que possam ser
generalizadas além dos limites restritos da pesquisa. Além disso, deve ser possível a outro
pesquisador, utilizando os mesmos procedimentos, verificar a validade dos resultados
encontrados (TEIXEIRA, 2008).
Quanto à metodologia dos estudos quantitativos, a principal preocupação é
proporcionar, através do bom delineamento, as respostas mais exatas, imparciais e
interpretáveis possíveis para a questão de pesquisa e propiciar resultados replicáveis (POLIT
et al, 2004).
A pesquisa quantitativa envolve a coleta sistemática de informação numérica,
normalmente mediante condições de muito controle, além da análise dessa informação,
utilizando procedimentos estatísticos. Esta pesquisa utiliza descrição matemática como uma
linguagem, ou seja, a linguagem matemática é utilizada para descrever as causas de um
fenômeno, as relações entre as variáveis (TEIXEIRA, 2008).
A descrição quantitativa envolve a predominância, a incidência, o tamanho e os
atributos mensuráveis de um fenômeno (POLIT et al, 2004).
Com relação ao tipo exploratório, é um a pesquisa que permite uma maior
familiaridade entre o pesquisador e o tema pesquisado. Tem por objetivo conhecer a variável
de estudo tal como se apresenta, seu significado e o contexto onde ela se insere.
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35
Uma pesquisa do tipo exploratória é exatamente o que a situação anterior sugere. O
objetivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um assunto ainda pouco
conhecido, pouco explorado. Ao final de uma pesquisa exploratória, você conhecerá mais
sobre aquele assunto, e estará apto a construir hipóteses. Como qualquer exploração, a
pesquisa exploratória depende da intuição do explorador (neste caso, da intuição do
pesquisador). Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes
no problema pesquisado (GIL, 2008).
A realização de um estudo exploratório pode ser aparentemente simples, entretanto,
não elimina o cuidadoso tratamento científico que todo investigador deve ter nos trabalhos de
pesquisa. Esse tipo de investigação, não exime a revisão de literatura, as entrevistas, o
emprego de questionários etc., tudo dentro dos critérios exigidos para a elaboração de um
trabalho científico. (TRIVIÑOS, 1992).
3.2 CENÁRIO DO ESTUDO
A pesquisa foi realizada na comunidade Cassinú localizada no entorno do Rio
Maribondo – SG, próximo à Baía de Guanabara, RJ, Brasil, onde existe uma colônia de
pescadores.
Nas últimas décadas, devido à grande produção de pescado na região, surgiram as
primeiras colônias de pesca e entrepostos, onde o produto da pesca, geralmente, é vendido por
meio de leilões. Atualmente a atividade pesqueira desenvolvida na Baía de Guanabara é
voltada para o mercado interno.
Foram vários povoados e núcleos pesqueiros que deram origem as colônias de Itaipu
(Z-07), Jurujuba, Ilha da Conceição, Gradim (Z-08), Itaóca, Mauá (Z-09), Ilha de Paquetá,
Ilha do Governador (Z-10), Ramos (Z-11), Caju (Z-12) e Copacabana (Z-13), além das
associações de pesca (cerca de 20).
Na região onde foi desenvolvido a pesquisa se estabelece a colônia (Z-08) no
Gradim-SG, um dos bairros cortados pelo rio Maribondo. No município de São Gonçalo
encontra-se as Associações do Gradim (APELGA) (foto 1, p. 36), próxima a colônia (Z-08)
no Gradim, além da Associação da Praia das Pedrinhas e Associação da Praia da Luz. (ROSA,
2005).
Os pescadores residem atualmente em casas construídas desordenadamente ás
margens do rio Maribondo, sem saneamento básico, assistência á saúde e educação com
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36
escolas de difícil acesso para as crianças. Esses trabalhadores desenvolvem atividades
pesqueiras de forma informal, onde confeccionam os instrumentos para o uso da pesca
manualmente, como redes utilizadas para captura de peixes.
O contexto de vida dos pescadores e a informalidade do seu trabalho evidenciam o
descaso das autoridades em relação à saúde, moradia, saneamento básico, educação de uma
sociedade opressora com determinados grupos populacionais considerados invisíveis.
Foto 1: Associação de pescadores do Gradim- São Gonçalo, RJ
Fonte: Foto tirada pela própria autora na Comunidade Cassinú localizada no entorno do Rio Maribondo – SG.
3.3 SUJEITOS DO ESTUDO
Os sujeitos do estudo foram 35 pescadores artesanais da Baía de Guanabara que
residem no entorno do rio Maribondo que, voluntariamente, concordaram em participar da
pesquisa e não apresentaram dificuldades na compreensão dos instrumentos utilizados para a
coleta de dados, após preenchimento do termo de consentimento livre e esclarecido.
Os pescadores foram entrevistados no próprio local de trabalho, ou seja, nas praias,
próximas dos manguezais e canais da região e nos locais de venda do pescado.
Os pescadores residentes nas proximidades do rio Maribondo, situado próximo ao
Bairro chamado Gradim, pertencem a uma faixa etária diversificada. A grande maioria possui
suas residências construídas literalmente à margem do rio Maribondo, o que favorece o
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contato dos pescadores não só com a água contaminada, mas também intensa exposição ao
sol.
Foram traçados os Critérios de Inclusão: homens entre 18 e 70 anos que estavam
inscritos na Associação de Pescadores Livres do Gradim (APELGA), exerciam atividades
pesqueiras na Baía de Guanabara, apresentando ou não feridas cutâneas produzidas e
contaminadas no exercício desta função, que residiam nas comunidades do entorno do rio
Maribondo, São Gonçalo, RJ, Brasil e que aceitaram participar da pesquisa assinando o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Critérios de Exclusão: Foram excluídos os
pescadores que exerciam outras atividades de trabalho formal remuneradas como renda
primária.
3.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema por meio de
artigos, livros, teses, e sites. Em seguida foram realizadas visitas ao local para observação e
investigação deste trabalho informal, dos fatores de risco de acidentes e doenças, condições de
moradia e contatos com líderes das associações de pescadores da região.
Foi realizado contato com APELGA para identificação do número total de inscritos
nessa associação, que estima-se ser em torno de 600 pescadores. A partir da visita ao local, foi
estabelecida uma amostra de 50 pescadores que residem na colônia de pescadores do Gradim
ou em outro ponto no entorno do rio Maribondo e que desenvolvam suas atividades
pesqueiras na Baía de Guanabara. Entretanto, apenas 35 sujeitos que atendiam aos critérios de
inclusão se dispuseram a participar.
Para a coleta de dados foram utilizados dois instrumentos: o Medical Outcomes
Study 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36) (Anexo I, p. 79) que é um questionário
genérico de fácil administração e compreensão, já validado no Brasil. Trata-se de um
questionário multidimensional composto por 36 itens, englobados em 8 domínios: capacidade
funcional (10 itens), aspectos físicos (4 itens), dor (2 itens), estado geral da saúde (5 itens),
vitalidade (4 itens), aspectos sociais (2 itens), aspectos emocionais (3 itens) e saúde mental (5
itens), além de mais uma questão comparativa entre as condições de saúde atual e a de um ano
atrás. Avalia tanto os aspectos negativos da saúde (doença ou enfermidade), como os aspectos
positivos (bem-estar),por meio de escores pré-estabelecidos (CICONELLI, 1997).
Foi também utilizado para a coleta de dados um formulário elaborado pelas
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pesquisadoras com aspectos sócio-demográficos e clínicos (Apêndice I, p. 74) do tipo semi-
aberto, contendo variáveis tais como sexo, cor, idade, escolaridade (em anos de estudo), renda
mensal estimada (em reais), tempo de profissão, duração da jornada de trabalho (horas/dia),
exercício de atividade laboral anterior, situação previdenciária e descrição da atividade
desenvolvida.
3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A análise dos dados quantitativos do formulário com aspectos sócio-demográficos e
clínicos ocorreu por intermédio do programa Windows Excel e aplicativo SPSS versão 2.0,
com aplicação de tabelas e gráficos que auxiliaram as análises estatísticas e descritivas dos
dados, possibilitou a identificação de aspectos relevantes sobre as condições de trabalho,
saúde e vida deste grupo populacional, geradoras de riscos e agravos. Tal análise contou com
a ajuda de um bioestatístico e favoreceu um maior entendimento da atividade pesqueira
artesanal desenvolvida na Baía de Guanabara, possibilitando por meio dos instrumentos
aplicados, traçarmos um perfil desses trabalhadores.
No questionário SF-36 foram calculados os escores, cada um dos seus domínios foi
analisado, onde se traçou um índice de variação mínima. Em todos os domínios analisou-se as
variações. Em seguida, calculou-se a média, o desvio padrão e a concordância entre os
valores. Os escores obtidos foram lançados em uma planilha eletrônica por meio do programa
Excel e repassados para uma escala, onde obtivemos os resultados.
3.6 ASPECTOS ÉTICOS
Existem três importantes princípios que baseiam os padrões de conduta ética na
pesquisa: a beneficência, o respeito pela dignidade humana e a justiça. O princípio da
beneficência é o de acima de tudo não causar danos aos participantes. O princípio do respeito
pela dignidade humana inclui à autodeterminação e o direito à revelação total. Por fim, o
princípio da justiça inclui o direito dos participantes ao tratamento justo e à privacidade
(POLIT et al, 2004).
Este estudo esta pautado nos princípios éticos de beneficência, respeito pela
dignidade humana e justiça, assegurando que não haja nenhum tipo de dano aos participantes.
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A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Antônio
Pedro (UFF) (Anexo II, p. 82) conforme estabelecido pela Resolução 196/96, reiterada pela
466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta as pesquisas envolvendo seres
humanos, sendo aprovado sobre o nº 06918912500005243.
Todos os participantes da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido (Apêndice II, p. 77), para participarem voluntariamente da pesquisa. Vale ressaltar
que a pesquisa foi explicada aos sujeitos e foram garantidos o sigilo, o anonimato e a
privacidade dos resultados obtidos.
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4 RESULTADOS
Foram entrevistados 35 homens. Notou-se uma prevalência do gênero masculino na
atividade pesqueira da região. Provavelmente pelo esforço físico exigido na captura e
remoção do pescado das embarcações.
Gráfico 1: Distribuição dos pescadores segundo a variável idade (N=35)
• Foram entrevistados 35 pescadores com idade entre 20 e 70 anos. Segundo o
gráfico 1, contudo, o maior número de entrevistados possui entre 40 e 55 anos, sendo a média
de idade 46, 4 e a mediana 47, conforme (tabela 1, p.41).
• O número reduzido de pescadores mais jovens pode ser atribuído a maior
possibilidade de estarem engajados em outras atividades laborais.
• Outro fato importante a ser ressaltado é a presença de pescadores idosos.
Provavelmente para complementarem a renda da aposentadoria, permanecem em pleno
exercício. Os pescadores idosos precisam fazer um esforço extra, pois apesar das alterações
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fisiológicas em decorrência do envelhecimento, precisam tentar manter o mesmo ritmo de
trabalho dos mais jovens.
Tabela 1: Distribuição dos pescadores segundo idade, filhos e dependentes
Idade Filhos Dependentes N 35 35 35 Mínimo 24 0 1 Máximo 68 7 6 Mediana 47 2 3 Média 46,4 2,3 3,4 Desvio padrão 11,1 1,7 1,5
• A tabela1 apresenta a variável idade, número de filhos e número de dependentes,
segundo mínimo, máximo, mediana, média e desvio padrão.
• É possível perceber que a média de filhos dos pescadores é de 2,3, um número
baixo considerando a realidade da comunidade local, onde se observam famílias com um
número maior de filhos.
• Vale ressaltar que há pescadores com elevado número de dependentes (6),
recebendo uma renda mensal de cerca de dois salários mínimos (gráfico 10, p. 48), o que nos
leva a refletir sobre a real condição de vida do pescador e sua família.
Gráfico 2: Distribuição proporcional dos pescadores segundo naturalidade (N=35)
• No gráfico 2 observa-se que 88,6% dos entrevistados nasceram no Rio de Janeiro,
entretanto, alguns vieram de outros estados. Tal fato justifica-se, provavelmente, porque
houve um período em que a pesca artesanal era lucrativa, o que favoreceu a instalação de
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comunidades no entorno da Baía e mantêm-se neste ambiente porque não possuem
alternativas. Atualmente isso não acontece em virtude das transformações ambientais e
econômicas dos últimos anos.
Gráfico 3: Distribuição proporcional dos pescadores segundo cor de pele (N=35)
• Dos 35 pescadores 51,4% são pardos, 40% brancos e 8,6% negros. A pele mais
clara recebe com mais intensidade os efeitos da radiação solar.
Apesar de o pescador estar durante parte da jornada de trabalho sob exposição direta
ao sol, poucos utilizam protetor solar.
Gráfico 4: Distribuição dos pescadores segundo uso de protetor solar (N=35)
Não utilizam;
77,1
Utilizam de vez em quando;
22,9
Distribuição dos pescadores segundo uso de protetor solar (N = 35)
• Conforme descrito no gráfico 4 , 77,1% dos pescadores não utiliza protetor solar e
dos 22,9 que utilizam, utiliza parcialmente.
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43
No gráfico 5 são apontados diversos motivos para a não utilização do protetor solar.
Dos 31 pescadores que não utilizam protetor solar, muitos não percebem a importância
(67,7%), acreditam que os anos de exposição de alguma forma os protege de futuros
problemas na pele. Alguns não usam por esquecimento (16,1%), lembram-se quando já
saíram de casa. Outros afirmam que por trabalharem a maior parte do tempo à noite (6,5%),
não estarem acostumados (3,2%) e pelo alto preço do produto (6,5%), que está muito acima
do que poderiam pagar com a renda que ganham com a pesca.
Gráfico 5: Distribuição dos pescadores segundo principais motivos para não utilização de
protetor solar (N=31)
67,7
16,16,5 6,5 3,2
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
Não vêimportância
Esquecimento Alto preço doproduto
Trabalho maiorparte no tempo à
noite
Não tem ocostume
Distribuição dos pescadores segundo principais motivos para não utilização de protetor solar (N = 31)
Tabela 2: Distribuição dos pescadores segundo estado civil (N = 35) Frequência % Casado 18 51,4 Solteiro 14 40,0 Divorciado 3 8,6
Total 35 100
• A tabela 2 revela um percentual significativo de pescadores solteiros. Muitos
optam por estar solteiros, provavelmente, pela liberdade que lhes é intrínseca e pela baixa
renda salarial. A autonomia que lhes é dada por meio da pesca pode estar refletindo na vida
pessoal, de forma que muitos pescadores optam por permanecerem solteiros. Além disso, a
baixa renda dificulta ou quase que torna inviável a manutenção de uma família, mesmo para
aqueles que desejam.
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44
Gráfico 6: Distribuição proporcional dos pescadores segundo tipo de residência (N=35)
• Os pescadores em sua grande maioria moram em casa própria (82,9%) à margem
da Baía de Guanabara. O que facilita o acesso ao local de trabalho e isenta o pescador de
custos com transporte para o trabalho. Percebe-se que a construção das casas da colônia deu-
se de forma desordenada sem um planejamento prévio. As casas são simples, inacabadas. É
difícil o alcance de água encanada nas casas mais próximas à margem, há falta de saneamento
básico. Os fundos do quintal de algumas casas são uma espécie de continuidade com a Baía.
Assim, muitos pescadores deixam seus barcos (foto 2, p.45) no próprio quintal e ali mesmo
preparam os materiais que utilizam na pescaria, como redes (foto 3, p.44 ) , isopores e outros
apetrechos.
Foto 2: Dois barcos no quintal de um dos pescadores
Fonte: Foto tirada pela própria autora na Comunidade
Cassinú localizada no entorno do Rio Maribondo – SG.
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45
Foto 2: Pescador no período da manhã preparando a rede que irá utilizar à tarde na pesca
Fonte: Foto tirada pela própria autora na Comunidade
Cassinú localizada no entorno do Rio Maribondo – SG.
Gráfico 7: Distribuição proporcional dos pescadores segundo religião (N=35)
• Dos 35 pescadores entrevistados, 54,3% dizem ser católicos e 25, 7% dizem não
ter religião. O que nos chama a atenção, visto que em nossa sociedade há um apego/vínculo
extremamente forte das pessoas com diversas religiões.
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Talvez a precária condição de vida e a falta de esperança em possível mudança possa
ser o fator primordial a afastar qualquer possibilidade de vínculo do pescador com a religião.
Alguns pescadores quando questionados sobre planos para o futuro demonstram total
desesperança.
Gráfico 8: Distribuição proporcional dos pescadores segundo principais responsáveis pelo
ensino da atividade pesqueira (N=35)
31,4
2,9
2,9
2,9
2,9
2,9
2,9
2,9
5,7
2,9
22,9
2,9
2,9
11,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0
PaiPai e amigo
Pai e avôPai e tio
Pai, avô e tioAvôTio
PadrastoIrmão
CunhadoAmigo
VizinhoPatrão
Influências diversas do meio
Distribuição proporcional dos pescadores segundo principais responsáveis pelo ensino da atividade pesqueira (N = 35)
• O gráfico 8 mostra que a maior parte dos pescadores aprendeu a profissão com o
pai (31,4%).
De fato, a pesca em diversos outros cenários tem se revelado uma profissão que
passa de pai para filho. Os filhos iniciaram os primeiros passos na pesca ainda na infância e
quando adolescentes alguns relatam que deixavam de ir à escola algumas vezes para ajudar o
pai na pesca e assim ganhar um trocado. Mas parece que para a nova geração as coisas serão
diferentes. Quase 100% dos entrevistados afirmam que não deseja que os filhos sigam a
mesma profissão.
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47
Gráfico 9: Distribuição proporcional dos pescadores segundo escolaridade (N=35)
• A escolaridade dos pescadores é baixa, a maioria possui até o Ensino
Fundamental 1 completo, estudaram até a antiga 4ª série, hoje o 5º ano.
A baixa escolaridade além de reduzir a possibilidade de trabalho com carteira
assinada aumenta as chances de desconhecimento sobre o cuidado em saúde e doenças
veiculadas pela água contaminada. Além de dificultar a articulação dessa classe de
trabalhadores para luta por melhorias nas condições de trabalho e saúde. Assim se vêem
“obrigados” a assumirem uma postura de submissão, se adequando a realidade de vida na qual
estão inseridos.
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48
Gráfico 10: Distribuição proporcional dos pescadores segundo renda, por salário mínimo
(N=35)
14,3
17,1
42,9
11,4
5,7
2,9
2,9
2,9
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0
Menos que 1 SM
1 SM
Entre 1 e 2 SM
2 SM
Entre 2 e 3 SM
Entre 3 e 4 SM
4 SM
4 ou mais SM
Distribuição proporcional dos pescadores segundo renda, por salário mínimo (N = 35)
• Considerando o valor do salário mínimo atual de R$ 724,00, conforme o Guia
Trabalhista (2014)3
• Apenas 25,8% dos pescadores entrevistados recebem renda mensal superior a dois
salários mínimos (R$ 1.448,00), em uma realidade média de 3,4 dependentes. O que
deixa evidente a difícil situação financeira que vivenciam.
; 42,9% dos pescadores tem uma renda mensal entre um e dois
salários mínimos (R$ 724,00 – R$ 1.448,00).
Gráfico 11 : Distribuição dos pescadores que trabalham ou já trabalharam em outras áreas
(N=35)
______________ 3 Fonte: Disponível em http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/salario_minimo.htm. Acesso em: 01/05/2013
http://www.guiatrabalhista.com.br/guia/salario_minimo.htm�
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49
• Dos 35 pescadores 82,9% trabalham ou já trabalharam em outras áreas.
Provavelmente na tentativa de complementar a baixa renda que a pesca tem fornecido nos
últimos anos.
• Dentre as atividades já realizadas por eles destacam-se auxiliar de estaleiro
(14,3%), seguido de comércio, ajudante de pedreiro, operário da fábrica de sardinha com
8,6% e motorista, pedreiro, porteiro, eletricista, serviços gerais com 5,7% (gráfico 12, p. 49).
Gráfico 12: Distribuição dos pescadores segundo principais atividades realizadas para
complementação de renda
Tabela 3: Distribuição dos pescadores segundo tempo de profissão e horas de trabalho tempo de profissão horas de trabalho N 35 35 Mínimo 2 7 Máximo 40 15 Mediana 25 12 Média 21,5 11,8 Desvio padrão 10,2 1,7
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50
• A tabela 3 apresenta o tempo de profissão e jornada de trabalho dos pescadores.
Em relação ao tempo de profissão há uma média de 21,5 anos sendo o mínimo de dois anos e
o máximo de 40 anos.
• Em relação à jornada de trabalho há uma média de 11,8h sendo o mínimo de 7
horas e o máximo de 15 horas.
Durante a aplicação dos questionários, muitos pescadores disseram que saem para
pescar a tarde e só retornam ao amanhecer para a venda do pescado. Quando terminam o
período de venda, caso necessário, utilizam o período da manhã também para consertos de
equipamentos e preparação do material para a próxima pesca. Por ficar um longo período em
alto mar, os pescadores estão sujeitos a acidentes por alterações climáticas inesperadas,
temporal. Como já pescam há anos, e, portanto, têm muita experiência no que fazem, alguns
pescadores saem para pescar sozinhos, sem ajudantes, ao contrário da maioria. Isso aumenta
ainda mais o risco de acidentes por eventuais contratempos.
Quando questionados sobre o perigo da profissão e a segurança das embarcações, a
maioria associou às questões climáticas e ao risco de colisão com embarcações maiores à
noite.
Gráfico 13: Distribuição dos pescadores segundo principais tipos de pescado
68,6
37,1
31,4
25,7
20,0
8,6
8,6
2,9
2,9
0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0
Tainha
Camarão
Corvina
Sardinha
Anchova
Bagre
SiriPescadinh
oLula
Distribuição dos pescadores segundo principais tipos de pescado
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51
• Os pescadores entrevistados dentre as diversas espécies de pescado que capturam
com maior frequência destacaram a Tainha (68, 6%), Camarão (37,1%), Corvina (31,4%),
Sardinha (25,7%) e Anchova (20%).
Apesar do declínio no número de pescado disponível, em função do intenso despejo
de lixo doméstico e dos efluentes industriais, a Baía de Guanabara persiste apresentando uma
grande diversidade de espécies faunísticas.
Gráfico 14: Distribuição dos pescadores segundo principais pontos de venda
• Segundo o gráfico 14 o principal ponto de venda do pescado pelos pescadores da
colônia se dá por meio de um atravessador.
• Os pescadores ganham por dia de trabalho dependendo da quantidade e do tipo de
pescado. Quando chegam da pesca, o que foi pescado é disposto em caixas para o início do
leilão (fotos 4, 5 e 6, p. 52). Os atravessadores estipulam um preço bem abaixo do encontrado
nos mercados. Como não têm como realizar o transporte e o armazenamento da mercadoria
para conseguirem a venda por um melhor preço nos grandes mercados, os pescadores se
submetem ao preço ofertado pelos atravessadores. Assim, o pescado é vendido por um preço
muito aquém do que os atravessadores vendem para os mercados e feiras livres.
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Foto 4: Pier por onde chega o pescado Foto 5: Pescado disposto em caixas para o leilão
Fonte: Foto tirada pela própria autora na Comunidade Cassinú localizada no entorno do Rio Maribondo –
SG.
Foto 6 : Fim de mais um dia de leilão
Fonte: Foto tirada pela própria autora na Comunidade Cassinú localizada
no entorno do Rio Maribondo – SG.
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Gráfico 15: Distribuição dos pescadores segundo uso de EPI (N=35)
• Dos 35 pescadores entrevistados quando questionados sobre a utilização de
Equipamento de Proteção Individual (EPI), desconheciam o significado das siglas. Depois de
explicado, 28,6 % disseram não utilizar e os 71,4% restantes disseram utilizar, mas de forma
parcial.
• Os EPI’s, de acordo com os relatos não são utilizados com frequência. Um dos
pescadores afirmou que o uso de luvas de borracha, por exemplo, atrapalha a sensibilidade no
contato com o peixe.
• Poucos costumam ter coletes, sinalizadores ou outros equipamentos que possam
auxiliar nos casos de emergência.
• Os principais EPI’s utilizados segundo as informações obtidas são as botas
(54,3%), o macacão de oleado (34,3%) e luvas de borracha (28,6%), conforme (gráfico 16, p.
54).
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Gráfico 16: Distribuição dos pescadores segundo principais EPI’s utilizados
Gráfico 17: Distribuição dos pescadores segundo momentos destacados onde entram em
contato com a água
• Dos 35 pescadores 85,7 % dizem entrar em contato com a água durante toda a
pesca.
• Alguns barcos ficam atracados n