Da Guerrilha Ao Socialismo

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DA GUERRILHA AO SOCIALISMO: a Revolução Cubana Florestan Fernandes Autor e obra – Florestan Fernandes, sociólogo e intelectual de esquerda, fundador e eleito deputado federal pelo PT entre 1986 e 1995. Sua produção intelectual articula-se ao grupo marxista da USP, substituindo Roger Bastide em sua cátedra, tornando-se livre-docente com a tese A integração do negro na sociedade de classe. Aposentado compulsoriamente em 1969, Florestan passa a ser professor da PUC-SP, onde produz a pesquisa A revolução burguesa no Brasil. O trabalho Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana trata-se de uma reunião de textos de um curso que Florestan teria dado para a pós-graduação na PUC-SP sobre a Revolução Cubana, reunidos sob a forma de livro. No trabalho, percebe-se a articulação entre o sociólogo e o militante, expresso na própria dedicatória do livro: “Por Cuba e pelo socialismo”. O autor compreende que, mesmo passado o tempo e se transformado as condições históricas de existência, as descrições clássicas da ideologia e consciência burguesas, elaboradas por Marx e Engels ou por Lukács nem por isso perdem sua validade e a vigência histórica. “O passado colonial e neocolonial” – Cuba teria deslizado de uma “dominação colonial direta” (Espanha) para a “dominação colonial indireta” (Estados Unidos). “A guerrilha e a conquista do poder” – a frustração da emancipação nacional no século XIX adiou a revolução mas não a aboliu em sua força total. “Economia e sociedade sob o socialismo” – Florestan entende que a formação da sociedade comunista era a

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DA GUERRILHA AO SOCIALISMO: a Revolução Cubana

Florestan Fernandes

Autor e obra – Florestan Fernandes, sociólogo e intelectual de esquerda, fundador e eleito deputado federal pelo PT entre 1986 e 1995. Sua produção intelectual articula-se ao grupo marxista da USP, substituindo Roger Bastide em sua cátedra, tornando-se livre-docente com a tese A integração do negro na sociedade de classe. Aposentado compulsoriamente em 1969, Florestan passa a ser professor da PUC-SP, onde produz a pesquisa A revolução burguesa no Brasil.

O trabalho Da guerrilha ao socialismo: a Revolução Cubana trata-se de uma reunião de textos de um curso que Florestan teria dado para a pós-graduação na PUC-SP sobre a Revolução Cubana, reunidos sob a forma de livro.

No trabalho, percebe-se a articulação entre o sociólogo e o militante, expresso na própria dedicatória do livro: “Por Cuba e pelo socialismo”.

O autor compreende que, mesmo passado o tempo e se transformado as condições históricas de existência, as descrições clássicas da ideologia e consciência burguesas, elaboradas por Marx e Engels ou por Lukács nem por isso perdem sua validade e a vigência histórica.

“O passado colonial e neocolonial” – Cuba teria deslizado de uma “dominação colonial direta” (Espanha) para a “dominação colonial indireta” (Estados Unidos).

“A guerrilha e a conquista do poder” – a frustração da emancipação nacional no século XIX adiou a revolução mas não a aboliu em sua força total.

“Economia e sociedade sob o socialismo” – Florestan entende que a formação da sociedade comunista era a alternativa justa face à dominação colonial espoliadora, contestando os que acham necessária, como condição sine qua, a fase intermediária do desenvolvimento capitalista (p. 13).

“O Estado revolucionário e o poder popular” – analisa o processo de construção do Estado revolucionário frente às transformações sociais, sem deixar de lado os aspectos negativos, como a tendência ao centralismo estatal, o perigo da hipertrofia e esclerose burocrática, as falhas devidas a erros, etc.

Ao mesmo tempo, ressalta a força das condições positivas, sobretudo a incrível disposição do povo de construir uma ordem que, desde logo, percebeu ser a mais justa e adequada.