DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 · 1.2. O saber docente sob a perspectiva de Pedro Demo Pedro...
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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
SECRETARIA DE ESTADO E EDUCAÇÃO – SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ -
UNIOESTE
Nome: Célia Liessem Vigorena
Assunto: Produção pedagógica na escola
Área de atuação: Pedagogia
Orientadora: Isabel Correia Roesch
Coorientadora: Marcia Maria Girola
Local de aplicação: Colégio Estadual Eron Domingues
Marechal Cândido Rondon / PR
2010
SUMÁRIO
Introdução
Objetivo geral
Objetivos específicos
Critérios de avaliação
UNIDADE 1
1. Saberes docentes: fundamentos teóricos
1.1. Saberes docentes sob a perspectiva de Saviani
1.2. Saberes docentes sob a perspectiva de Pedro Demo
1.3. Saberes docentes sob a perspectiva de Paulo Freire
1.4. O saber docente sob a perspectiva de Donald Schon
UNIDADE 2
2. Avaliação do processo ensino-aprendizagem
2.1. Reflexões sobre o ato de avaliar
2.2. Esboçando propostas
Referências
Introdução
Este Caderno Pedagógico faz parte do Projeto de
Intervenção Pedagógica a ser aplicado no Colégio Estadual
Eron Domingues com os professores do curso de Formação
de Docentes e está estruturado em duas unidades.
A primeira apresenta uma discussão inicial,
provocativa, para uma reflexão sobre os saberes
necessários à pratica educativa que vêm sendo tratados por
diversos autores, não necessariamente com o uso da
mesma termologia.
A segunda Unidade Temática traz um apanhado dos
principais conceitos de avaliação pelos mesmos autores
que abordam os saberes, além de destacar a importância do
planejamento para alcançar os objetivos propostos.
Desta forma, busca-se abordar, tanto os saberes
docentes necessários à formação do professor bem como o
processo de avaliação a ser construído a partir destes
saberes, mantendo-se uma constante interação da teoria
com a prática.
Os textos que compõem este caderno pedagógico,
acrescidos de leituras complementares e de atividades de
aprendizado, propiciam uma reflexão sobre os saberes
docentes necessários na formação do professor e na
realização de um trabalho coletivo para a construção de um
PPP com claros objetivos de formação do futuro professor.
Objetivo geral
Elaborar formas, critérios e mecanismos para avaliar
os diversos saberes docentes que emergem como
imprescindíveis à formação do professor.
Objetivos específicos
• Conhecer quais são os saberes propostos pelos
autores Saviani, Paulo Freire, Pedro Demo e Schon;
• Identificar, com os professores que farão parte do
projeto de intervenção na escola, os diferentes
saberes que permeiam o PPP do curso, promovendo
possíveis ajustes a partir deste estudo;
• Criar mecanismos de avaliação que possam verificar,
quantificar e qualificar se os futuros docentes
possuem os saberes docentes referenciados no PPP
para a praticar sua profissão com eficiência.
Critérios de avaliação
Modalidade semipresencial de extensão universitária
Duração: 32 horas
Durante o estudo serão solicitadas uma série de
atividades individuais para que cada um tenha oportunidade
de refletir sobre o assunto e assim melhor contribuir nas
atividades em grupo.
Estas atividades estão representadas pelos
seguintes ícones:
Para fins de certificação serão considerados:
1) Realização das tarefas e atividades individuais
constantes no final de cada unidade com sugestões
para a aplicação deste projeto;
2) Participação e contribuição nos trabalhos e
discussões em grupo;
3) Participação e contribuição nas tarefas coletivas.
UNIDADE 1
1. Saberes docentes: fundamentos teóricos
Para elaborar esta Unidade, partiu-se dos escritos de
Saviani que num seminário de Formação do Educador
abordou este tema, ressaltando que quem quer se converter
em educador precisa primeiramente aprender, precisa se
educar para ser educador e para isto precisa dominar os
saberes implicados na ação de educar.
Tomando estes dizeres de Saviani como parâmetro,
buscou-se a visão do que é necessário saber para ser
professor em outros autores como Pedro Demo, Paulo
Freire, e Donald Schon, que também falam da formação do
educador trazendo reflexões sobre o que a escola através
do professor, deve proporcionar ao educando para a sua
formação profissional e prática de sua cidadania.
Pontos de Vista
Uma vez uma companhia enviou um vendedor de sapatos a uma cidade na África aonde ele nunca tinha vendido.
Ele era um dos vendedores mais antigos e experientes, e esperavam grandes resultados.
Logo após a sua chegada à Africa, o vendedor escreveu para a companhia dizendo:
- É melhor vocês me chamarem de volta. Aqui ninguém usa sapatos.
Foi chamado de volta. A companhia decidiu então enviar outro
vendedor que não possuía muita experiência, mas era dotado de grande entusiasmo.
A companhia achava que ele seria capaz de vender alguns pares de sapatos. Pouco depois de sua chegada ele enviou um telegrama urgente para a firma dizendo:
- Por favor, enviem todos os sapatos disponíveis. Aqui ninguém usa sapatos!
Autor desconhecido
Busque relacionar esta história aos processos
avaliativos com o ensino e aprendizagem. Com qual dos
vendedores você se identifica? Naquele vendedor que
pensa que não vale a pena tentar por que há muitos
fatores externos que interferem no fazer de sua prática?
Ou naquele que acredita que devemos rever
constantemente nosso planejamento e prática avaliativa,
para alcançar os resultados desejados e acreditando que
podemos fazer a mudança?
Para fazer parte deste estudo, necessitamos de
muito entusiasmo, perfil do segundo vendedor.
1.1. Saberes docentes na perspectiva de Saviani
Saviani (1996), num trabalho apresentado em mesa
redonda sob o título: A Formação do Educador e os
saberes que o determinam, inicia sua fala dizendo que
precisamos saber responder à questão: “O que é necessário
a alguém saber para se construir, para se converter em
educador?”
Em resposta à própria pergunta, Saviani defende que
quem pretende ser educador precisa aprender, ou seja,
precisa ser formado, precisa ser educado para ser educador
e, para tanto, precisa dominar alguns saberes que estão
implicados na ação de educar. Além disso, explica que para
produzir o mundo humano, o homem necessita para a sua
sobrevivência, extrair da natureza sua subsistência. Porém,
para fazer isto, primeiramente precisa ter ideias de como vai
fazer. Assim, elabora mentalmente seus objetivos reais. Ou
seja, “trata-se da produção do saber, seja do saber sobre a
natureza, seja do saber sobre a cultura, isto é, o conjunto da
produção humana. Obviamente a educação se situa nessa
categoria do trabalho não material”. (Saviani, 1996)
Em outras palavras, o produto não se separa do ato
da produção. Neste caso, a aula propriamente dita é o
produto do trabalho do professor que o autor denomina de
trabalho educativo e a produção do saber é por conta do
discente, consumida no mesmo tempo. Não é material
porque se referem a produções de ideias, conceitos,
valores, símbolos, hábitos, atitudes, habilidades.
Para citar Saviani:
(...) os diferentes tipos de saber, do ponto de vista da
educação, não interessam em si mesmos. Eles
interessam, sim, mas enquanto elementos que os
indivíduos da espécie humana necessitam assimilar
para que se tornem humanos, isto é, para que se
integrem o gênero humano. Isto porque o homem
não se faz homem naturalmente; ele não nasce
sabendo ser homem; vale dizer, ele não nasce
sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. Para saber
pensar e sentir, para saber querer, agir ou avaliar, é
preciso aprender, o que implica o trabalho educativo.
(2006. p. 147)
Direcionado neste pensar, o autor destaca cinco
saberes que todo educador deveria dominar e,
consequentemente, integrar ao processo de formação do
educador. São eles:
1. Saber atitudinal – compreende o domínio dos
comportamentos e vivências adequadas ao trabalho
educativo. Neste contexto, destaca as atitudes e
posturas como disciplina, pontualidade, coerência,
clareza, justiça e equidade, diálogo, respeito às
pessoas dos educandos, atenção em suas
dificuldades, aspectos estes, que vão além dos
aspetos puramente técnicos.
2. Saber crítico-contextual – expressa a compreensão
das condições sócio-históricas em que o educando
está inserido, pois é importante que o educador
compreenda o contexto com o qual e para o qual se
desenvolve o trabalho educativo.
3. Saberes específicos – correspondem às disciplinas
curriculares, onde tem-se o recorte, a fragmentação
do conhecimento socialmente produzido.
4. Saber pedagógico – é o conhecimento produzido
pela ciência da educação e sistematizado nas teorias
educacionais.
5. Saber didático-curricular – corresponde ao
entendimento da dinâmica do trabalho pedagógico,
ou seja, os conhecimentos relativos às formas de
organização e realização da atividade educativa no
âmbito da relação educador-educando. São os
procedimentos técnicos-metodológicos, a dinâmica
do trabalho. Implica no saber fazer.
Após conhecer estes saberes e refletindo sobre os
professores que você teve, quais eram bons em saberes
específicos e não em saberes didáticos curriculares, isto é,
não sabiam ensinar? Quais professores foram significativos
em sua vida, contribuindo em sua formação humana? De
quais saberes fizeram uso para alcançar seus objetivos?
1.2. O saber docente sob a perspectiva de Pedro
Demo
Pedro Demo apresenta outras reflexões sobre o que
a escola deve proporcionar ao educando nos dias de hoje
para a formação de sua cidadania. Propõe como desafio
educativo a formação de um sujeito histórico inovador e
capaz, dotado de qualidade formal e política. Qualidade
formal, neste caso, se refere ao domínio de conteúdo, o
conhecimento sistematizado, ter fundamentação e preparo
suficiente para “atuar na vida”. A isso denomina de
qualidade política, uma cidadania ativa, organizada, ter
conteúdo, saber pensar para poder intervir.
Segundo o autor, o papel do professor básico precisa
mudar da situação atual marcada pela mera transmissão
copiada do conhecimento, mero repassador para a condição
ativo, dinâmica de (re)construtor de conhecimento e poder
emitir seus próprios juízos de valor.
Neste sentido sugere que o professor tenha uma
formação continuada, voltada à construção do conhecimento
para poder praticar com dignidade também a sua cidadania.
Formar um profissional do conhecimento implica
segundo o autor em autoconhecimento, uma reflexão sobre
a própria formação para a cidadania.
Ser professor é substancialmente saber fazer o aluno
aprender, desenvolver a capacidade de construir isto
significa “saber pensar, aprender a aprender para melhor
intervir e inovar de forma que o processo formativo, seja,
de dentro para fora, sempre participativo, baseado na
(re)construção da competência emancipatória do sujeito”
(1995).
Para Pedro Demo saber dá ideia de cumprir ordens,
descrever e aplicar situações seguindo exemplos. Já o
“saber fazer” supõe saber pensar, entrelaçando o
conhecimento de causa com a capacidade de raciocínio, ou
seja, pesquisando implicações lógicas e práticas aliadas à
base de argumentação. Neste sentido, pensar pressupõe
construir a autonomia no sentido de conquistar a cidadania
emancipada, ou seja, aquela que sabe o que quer, por que
quer e como quer.
Segundo o autor, todo o educador deve se valer da
pesquisa como princípio científico e educativo de sua ação,
incluindo a prática como componente necessário da teoria
por ser considerada a arma mais potente para poder inovar,
pois pesquisar significa duvidar, querer saber, buscar
avançar no conhecimento.
O educador também deve utilizar-se da pesquisa
como atividade cotidiana, para formar um sujeito crítico,
criativo, de tal forma que este, como cidadão, possa
perceber com olhos críticos o que está acontecendo ao seu
redor e poder reconstruir pelo questionamento todos os
papeis sociais dos quais participa.
Ao promover tal atitude, o professor, ao mesmo
tempo, também está potencializando o seu saber como
docente, para saber avaliar, desenvolver o espírito crítico,
possuir uma visão global, saber discutir, se comunicar.
Dessa forma, percebe-se que o desenvolvimento da
pesquisa, como prática, é imprescindível no preparo
profissional e político do professor para atuar na escola
básica, pois as atividades pedagógicas requerem o senso
crítico, tendo em vista a emancipação do sujeito.
Para desenvolver o senso crítico, o material didático
do professor deve provocar a criatividade, indicar pistas de
argumentação e raciocínio.
Todo professor precisa, em nome da competência
que deve representar e de sua renovação constante,
saber pesquisar e (re)fazer de maneira permanente
material próprio. O material próprio mais imediato é o
didático, ou seja, aquele construído para promover o
rendimento do aluno. (Pedro Demo, 2005.p 101)
Como se percebe, o autor sugere que o professor
produza material didático próprio o que, automaticamente,
implica em pesquisa, leitura sistemática, avanços científicos
e didáticos entre outros. O professor seria, portanto, um
pesquisador, formando um sujeito pesquisador.
Em síntese, em resposta à pergunta inicial de
Saviani sobre quais são os saberes necessários para formar
um professor, na ótica de Pedro Demo tem-se as seguintes
ideias:
a) A pesquisa, para poder participar o processo de
(re)construção do conhecimento;
b) Elaboração própria, para chegar a fazer e sempre
refazer proposta própria pedagógica;
c) Teorização das práticas, para unir conhecimento e
intervenção e para vivificar as práticas por intermédio do
retorno crítico e criativo à teoria;
d) Atualização permanente, para estar em dia com a
história por meio do Conhecimento sempre renovado e
inovador. (Demo, 1995, p. 166)
Na visão de Demo é este o caminho da autonomia,
objetivo máximo da educação. Destaca o saber pensar, o
pensar com lógica, o pensar pelo questionamento, de
perceber o mundo e tirar suas conclusões, ver além das
aparências, destacando, sobretudo, a pesquisa como
princípio científico e educativo, sobretudo para ser
professor.
Com base nos saberes propostos por Pedro Demo, elabore
um plano de aula, referente à sua disciplina em que os
saberes propostos por este autor se evidenciem, de acordo
com o seguinte roteiro:
Título
Justificativa
Objetivos
Atividades
Avaliação
Recursos
1.3. O saber docente sob a perspectiva de Paulo
Freire
Para abordar o saber docente sob a perspectiva de
Freire (2005) nos remetemos ao que o autor nos fala através
de seu livro: “Pedagogia da Autonomia”, saberes necessário
à prática docente.
A temática central a qual o autor se refere, é a
questão da formação docente ao lado da reflexão sobre a
prática educativo-progressista em favor da autonomia do ser
dos educandos.
A finalidade da educação segundo o autor deve ser a
de se desenvolver a autonomia que é construída de forma
relacional em grupos de pessoas, de diferentes idades,
ideias, comportamentos.
Sua fala permeia a palavra ética enquanto marca da
natureza humana, enquanto algo absolutamente
indispensável à convivência humana.
Escreveu que “não há docência sem discência”,
enfatizando que todo o professor é, primeiramente, um
aprendiz, destacando a leitura como essencial para a
construção da própria formação.
Segundo Freire, existem saberes fundamentais para
uma prática educativa crítica de forma que o formando,
desde o princípio mesmo de sua experiência formadora,
também se assuma como sujeito da produção do saber, se
convença definitivamente de que ensinar não é transmitir
conhecimento mas criar possibilidades para a sua produção
e construção.
Segundo o autor, na relação professor/aluno, um não
se torna objeto do outro, e sim, ambos ensinam um a outro e
ambos aprendem, pois como ensinar se não aprendeu.
Dessa forma, a dinâmica da relação
ensinar/aprender não se esgota, tanto o aluno como o
professor sabem que há muito mais para se aprender, pois
a curiosidade o desejo do aprender é inerente ao sujeito.
Freire defende a ideia de curiosidade epistemológica, que
para ele, tem papel significativo no processo ensino-
aprendizagem.
Neste sentido, o autor nos encaminha no pensar de
uma prática educativa mais progressista e inicia os saberes
necessários, partindo pelo método.
Destaca que a tarefa primordial do professor não é
treinar os alunos, a isto denomina “educação bancária”.
Nesta forma de ensinar, o saber do professor é depositado
no aluno, o professor é um simples transmissor de
conteúdo.
Para o autor, ensinar exige rigorosidade metódica.
Isto significa sair do senso comum e partir para um
conhecimento científico.
De acordo com Freire, uma educação
problematizadora, que objetiva o desenvolvimento da
consciência crítica, pelo fato de a escola ser um espaço
social que tem como função sistematizar o conhecimento
construído ao longo da história, porém com a função de
estimular a produção de um novo saber sobre o que já foi
construído e que é feito através da pesquisa.
A pesquisa amplia horizontes, colabora para a
formação de sujeitos críticos e conscientes. Nas palavras de
Freire “pesquiso para constatar, constatando, intervenho,
intervindo educo e me educo” (2003).
Aprofunde seu conhecimento teórico sobre
“educação bancária e “educação problematizadora” para a
execução de sua próxima tarefa,
Identifique três características conservadoras na escola em
que você atua e três características progressistas.
a) conservadoras
1. ________________________________________Justifique:____________________________________________________________________________2.Justifique:____________________________________________________________________________3. ________________________________________Justifique:____________________________________________________________________________
b) progressistas
1. ________________________________________Justifique:____________________________________________________________________________2. ________________________________________Justifique:____________________________________________________________________________3. ________________________________________Justifique:__________________________________
__________________________________________
Paulo Freire aponta alguns princípios sobre o ato de
ensinar:
a) Ensinar exige respeito aos saberes dos
educandos e sugere que se parta da realidade
do aluno, estabelecendo uma “intimidade” entre
os saberes curriculares fundamentais e a
experiência social que eles tem como indivíduo.
b) Ensinar exige criticidade como instrumento de
superação, é o caminho que leva à autonomia.
Enfatiza que uma das tarefas principais da prática
educativo-progressista é exatamente o
desenvolvimento da curiosidade crítica,
insatisfeita, indócil.
c) Ensinar exige estética e ética, pois educar é
substantivamente formar. Formar aqui é mais do
que conteúdo. Soma-se o método a ser usado e
o relacionamento com os alunos para que
tenham liberdade de perguntar e então criar.
d) Ensinar exige corporificação das palavras pelo
exemplo. Para formar, o professor precisa
praticar o que fala. Não precisa ser um modelo,
um exemplo de perfeição, porém, deve ser um
testemunho vivo de seu discurso, ou seja,
vivenciar o que fala em todas as suas posturas.
Pois segundo o autor, não podemos imaginar o
que representa na vida de um estudante, um
simples gesto do professor.
e) Ensinar não é transferir conhecimentos. O
professor precisa conhecer as diferentes
dimensões que caracterizam a essência de sua
prática pois devem ser o exemplo prático da
teoria a que se refere. Na profissão docente é
necessário boa preparação e qualificação,
segurança em si mesmo, pois a força moral vem
do saber fazer.
f) Ensinar é uma especificidade humana e na
formação docente o crescimento pessoal é de
suma importância, haja visto que isto implica na
promoção da curiosidade ingênua à curiosidade
epistemológica em todos os sentidos.
[...] o exercício de pensar o tempo, de pensar a
técnica, de pensar o conhecimento enquanto se
conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o
como, o em favor de quê, de quem, o contra quê, o
contra quem são exigências fundamentais de uma
educação democrática à altura dos desafios do
nosso tempo (FREIRE, 2000a, p. 102).
Paulo Freire, ao se referir à tecnologia em seu livro
Pedagogia da Indignação (2000), destaca que “quanto maior
vem sendo a importância da tecnologia hoje tanto mais se
afirma a necessidade de rigorosa vigilância ética sobre ela”.
Considerando as duas citações, escreva quais
poderiam ser as razões que levaram Paulo Freire a não citar
a tecnologia como um saber necessário para ensinar. E
acrescente em quais dos saberes poderia ser inserido o
saber tecnológico?
____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
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1.4. O saber docente sob a perspectiva de
Donald Schon
O autor Donald Schon em seu livro “Educando o
professor reflexivo” não fala especificamente de saberes,
mas destaca que devemos estimular e recompensar o
desenvolvimento de habilidades de ensinar.
O autor aponta um saber ligado à prática do
professor e que é construído durante toda a sua carreira
profissional, porém, a forma de como fazê-lo deve ocorrer
durante a sua formação.
(…) as escolas profissionais devem repensar tanto a
epistemologia da prática quanto aos pressupostos
pedagógicos sobre os quais seus currículos estão
baseados e devem adaptar suas instituições para
acomodar o ensino prático reflexivo como um
elemento chave da educação profissional (SCHON
2000.p 25).
Neste contexto, observa-se uma nova visão
epistemológica sobre a prática docente, a epistemologia da
prática, a racionalidade prática, uma nova maneira de se
pensar a escola. Segundo o autor, é importante que se
busque uma escola e um professor reflexivo. O aprender
está na prática a partir da reflexão sobre a própria prática,
pois nesta ação é que surgem os saberes profissionais.
Neste sentido, o ensino prático reflexivo é alicerçado
no conhecimento da ação e na reflexão da ação. É o próprio
professor quem analisa e reflete sobre sua prática
pedagógica. Esta ação, entende-se como atitude que
oportuniza ao professor voltar-se para si mesmo, pensar sua
prática, sua ação, de forma analítica, a fim de identificar
lacunas e, a partir delas, repensar o seu fazer docente.
A reflexão na ação não vem do nada. Segundo o
autor, pressupõe pré-requisitos, leituras, experiências
intelectuais interiorizadas, teorias, conceitos, crenças,
valores, procedimentos que têm suas raízes no contexto
social em que está inserido, de seus tipos familiares e
também derivados da bagagem dos conhecimentos
profissionais.
Ela aparece nas ações cotidianas do professor, em
situações reais do exercício de sua prática profissional e
podem ser descritos em termos de estratégias,
compreensão de fenômenos e formas de conceber uma
tarefa ou problema adequado (SCHON, 2000).
Dessa forma, surge o questionamento, ou o auto-
questionamento, pois enquanto reflexivo, o professor dialoga
com a realidade e constroi uma teoria própria alimentado
não só por um referencial de teorias epistemológicas que
constroi o seu saber teórico, mas, sobretudo, com um
referencial pedagógico, contribuindo para a sistematização
de novos conhecimentos, o que, automaticamente, implica
em novas leituras.
A reflexão sobre a ação, oportuniza refletir sobre o
que foi feito e como foi feito e a reflexão para a ação é a
reflexão feita no momento do planejamento.
Entende-se sob esta perspectiva que a reflexão deve
fazer parte do cotidiano do professor, pois segundo o autor,
a cada momento, a cada situação vivenciada, apresentam-
se situações novas a serem resolvidas.
Portanto, o professor deve ser um investigador um
pesquisador de suas próprias práticas, ao que chama de
professor reflexivo. O professor deve construir uma imagem
dessa prática, uma apreciação de seu lugar na relação com
a prática e um mapa do caminho por onde ela pode chegar,
de onde está, até onde quer estar (SCHON, 2000, p.40).
1) Tomando como referência o conteúdo abordado pelos
autores Saviani, Pedro Demo, Paulo Freie e Schon, liste os
saberes por eles destacados como necessários na formação
do docente.
a) Saviani:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Paulo Freire:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) Pedro Demo:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
d) Donald Schon:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Quais saberes são comuns entre os pensadores citados?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Depois de ler atentamente todos os argumentos dos
autores citados sobre os saberes necessários para uma
prática docente eficaz e elaborado todas as atividades
individuais, vamos analisar o PPP da escola, para identificar
quais dos saberes docentes estudados estão inseridos nele
e quais vamos acrescentar.
UNIDADE 2
2. Reflexões sobre o Ato de Avaliar
Ao tratar deste tema, geralmente nos sentimos
incômodos, o mesmo não nos deixa tão à vontade quando
somos nós a decidir se o avaliado sabe ou não sabe o que
deveria saber sobre o que eu ensinei.
Neste caso, o mais fácil é aplicarmos uma prova,
elaborar algumas perguntas do conteúdo e se ele repetir o
que eu falei, posso comprovadamente dizer que ele não
sabe ou sabe aquilo que eu ensinei.
Portanto, faremos algumas reflexões sobre o que
defendem os autores Saviani, Demo, Freire e Schon sobre
avaliação e a partir de então elaborar um plano de ação
para avaliar os saberes que constam no PPP.
Antes da leitura sobre o ato de avaliar, uma pequena
história retirada do livro Alice no País das Maravilhas, de
Lewis Carrol, um conhecido diálogo entre Alice e o gato.
Alice pergunta:- Você poderá me dizer que caminho eu
devo seguir?- Depende muito de onde você que
chegar – respondeu o gato.- Tanto faz – disse Alice.- Então não importa o caminho que vai
seguir – afirmou o gato.
A moral desta história nos faz refletir sobre a
necessidade de percebermos que não bastam os caminhos,
pois precisamos primeiro saber aonde queremos chegar.
São os objetivos ou finalidades, as capacidades que se
pretende desenvolver com o educando. Para saber se
encontramos este caminho, devemos nos valer da
avaliação.
Partindo deste enfoque, há relevância na forma como
um grupo de professores, responsáveis pela formação de
docentes, direciona a prática de avaliação para que seja
uma aprendizagem de sua própria prática.
É importante que o processo de avaliação destes
saberes docentes seja avaliado ao longo do curso e não
somente nos conselhos de classe.
Ao longo de cada ano, em cada série deve haver
algum tipo de avaliação dos saberes, adequados ao
contexto do momento, pois os mesmos podem e devem ser
aperfeiçoados no decorrer do curso, uma vez que o
educando também passa por estágios de maturidade e vai
aperfeiçoando seus saberes.
Sabemos que avaliar não é fácil. Diversos autores já
se dedicaram a este assunto buscando e sugerindo
caminhos de como fazê-lo.
Segundo Demo (1995. p. 183), “um processo
avaliativo sensível e criativo faculta, ademais, o
acompanhamento praticamente individualizado dos alunos,
algo que é muito solicitado hoje em dia essencialmente para
se combater o fracasso escolar.” Neste caso, ao se avaliar
estes saberes, não há como escapar de um
acompanhamento individualizado.
Há necessidade de se organizar os saberes de forma
que se possa visualizar um contínuo processo de
construção dos mesmos, com o envolvimento de todos que
participam em prol dos objetivos propostos.
Para isto, é imprescindível a participação de toda a
comunidade educacional, nos procedimentos de análise dos
resultados obtidos e na tomada de decisões, construindo
assim, uma cultura avaliativa.
A avaliação deverá ser um ato contínuo, sempre
acompanhado de relatórios e apresentados a todos os
envolvidos, para que possam situar-se no contexto do qual
fazem parte de forma que se identifique a situação atual e
possam propor ao educando as intervenções necessárias
para alterar a situação.
O ponto alto deverá estar na comunicação, para que
os critérios sejam práticos e transparentes, com o
envolvimento de todos que fazem parte do processo.
Para tanto, algumas reflexões devem ser
estabelecidas como ponto de partida: para que, porque,
quando e como vamos avaliar todos estes saberes? Neste
contexto nos perguntando sempre: para onde estamos indo?
Como sabemos? Que ajuste faremos? Como vamos
intervir?
Na LDB 9394/96, artigo 24, inciso V, consta:
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de
preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.
Vivenciando a avaliação no cotidiano escolar liste
quais destes itens estão presentes na escola em que você
trabalha. Liste também, propostas para implementar os que
não estiverem presentes.
Categorizados os saberes que todo educador deve
dominar e integrar no processo de sua formação, faz-se
necessário que os professores formadores dos futuros
profissionais da educação, busquem critérios e propostas
para avaliar os saberes dos discentes, tendo em vista o
processo de construção do conhecimento envolvendo as
diferentes modalidades de saber.
Os procedimentos de avaliação são imprescindíveis
para a formação do educando/futuro educador, para que o
mesmo possa conscientizar-se de seus conhecimentos e
capacidades, visando melhorar o que for necessário,
aprendendo assim, também a avaliar. Com isso, serve para
o professor, formador de professores, refletir sobre sua
própria prática.
A questão é como encontrar caminhos para mediar,
avaliar estes saberes. Colocar isto em prática, elaborar um
bom planejamento, requer discussão e reflexão com toda a
equipe escolar. De acordo com Freire, deve ser um
compromisso do profissional com a sociedade. Uma
educação como prática da liberdade.
Neste caso, a reflexão é citada pelos autores
abordados, como ponto chave de qualquer ato educativo.
Segundo Saviani (1985, p. 23), “ir é o ato de retomar,
reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar, numa
busca constante de significado. É examinar detidamente,
prestar atenção, analisar com cuidado.” Sob esta visão, o
que se propõem para a reflexão é o ato de praticar a
avaliação.
Para esse autor, os objetivos que são transformados
em meios, é que dão a ideia de desenvolvimento. Um fio
condutor que indica aonde se quer chegar, ou seja,
apontando o caminho.
Neste vai e vem entendemos que a avaliação é um
processo constante em que o professor também reflete
sobre sua ação. É um movimento dialético, nada é definitivo,
pois deve estar em constante movimento e mudança. É
dialético porque precisa estabelecer relações existentes na
sua totalidade.
Para Freire (2003), refletir envolve um movimento
dinâmico, dialético entre o fazer pensar e o pensar sobre o
fazer. Por isso, na formação permanente dos professores, o
momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática.
Além disso, sua proposta é a dialogicidade, baseada
numa ética de vida, sugerindo que o hábito de registrar a
prática é a reflexão sobre a prática. Teorizar a partir da
prática é um dos saberes.
Para Demo, avaliar não deve limitar-se a dar nota, à
frequência e à provas feitas. Sugere que cada aluno deve
possuir uma ficha específica em que se registre o histórico
cada dia, semana, mês, ano, sempre que possível,
registrando a evolução da aprendizagem. Não seriam
registradas somente as notas, mas, sobretudo as
expressões, os fatos, as atitudes, neste caso, o progresso
ao alcance destes saberes.
Certamente é algo trabalhoso para o professor,
porém é preciso avançar para uma avaliação mais eficaz,
mais transparente. Seria uma visão mais sistêmica de toda a
evolução da aprendizagem até chegar à sua formação.
Sistêmico, porque todos os elementos de um dado
processo, no caso da instituição escolar, os membros estão
em interação, movem-se juntos. De acordo com Polity
(2004), o termo sistêmico está relacionado aos membros
que fazem parte de um contexto em termos de relações,
informações e organização.
O termo sistêmico provem da palavra “sistema”.
Segundo Saviani, “sistema é uma organização objetiva
resultante da atividade sistematizadora que se dirige a
realização de objetivos comuns. É, pois um produto da
práxis intencional comum” (1985, p115).
O sistêmico neste caso, trazido para a educação, é
uma forma viável de elaborar um roteiro de avaliação em
que todos se comprometam a alcançar o ponto de chegada.
Cada um faz uma parte sem perder a percepção da
totalidade.
Também Schon em seu livro “Educando o professor
reflexivo”, ressalta que “quando disser/ouvir e demonstrar/
imitar são combinados, como geralmente o são, oferecem
uma grande variedade de objetos e modos de reflexão
possíveis que podem ser combinados para preencher os
espaços inerentes em cada subprocesso” (2000. p.95).
De acordo com Schon, é preciso desencadear uma
discussão onde perguntar, responder, aconselhar,
demonstrar, observar, imitar, criticar – todos estão
conectados de forma que uma intervenção ou resposta
possa desencadear ou construir outra, sendo que a cada
momento, a cada situação vivenciada novos problemas vão
se apresentando.
Cada situação, segundo esse autor, serve de ponto
de partida para novas situações o que possibilita ao
professor, a partir de estudos e valores que possui, melhorar
seu próprio desempenho.
Portanto, para formar um professor hoje, é
necessária e imprescindível a formação de um professor
reflexivo, que perceba o contexto em que está inserido. De
acordo Saviani (1966), uma relação prática determinada
socialmente como momento da prática social global, é o
ponto de partida e seu ponto de chegada ou seja, a
avaliação pensada como ato contínuo, em que todos estão
envolvidos.
Visto nesta perspectiva, é necessário criar um
sistema de comunicação constante, para reflexão,
discussão, com mecanismos e critérios que identifiquem os
problemas para poder fazer uma análise e propor melhorias
no processo da construção do conhecimento.
Neste sentido, a avaliação na construção dos
saberes docentes é entendida como um processo contínuo,
sistemático e integral de acompanhamento em que o
educando e educador podem analisar onde se encontram
em relação ao alcance dos objetivos, obtendo diagnósticos
periódicos de desempenho por ambas as partes.
Para tanto se faz necessário a construção de um
instrumento de avaliação que possibilite visualizar na prática
do cotidiano, se os objetivos propostos foram alcançados na
construção destes saberes.
No que se refere às funções de avaliação da
aprendizagem:
É importante estar atento à sua função ontológica
(constitutiva), que é de diagnóstico, e, por isso
mesmo, a avaliação cria a base para a tomada de
decisão, que é o meio de encaminhar os atos
subsequentes, na perspectiva de maior
satisfatoriedade nos resultados (LUCKESI, 2005, p.
175).
Na avaliação diagnóstica, o professor deve partir da
realidade onde o educando se encontra, captar sua
necessidade de aprendizagem para então planejar seu
ensino, intervindo conscientemente.
Neste processo, propiciado intencionalmente, cabe
ao professor observar, orientar, informar o progresso do
educando, saber de suas possibilidades e limites para que
estimule a assimilação dos conhecimentos, bem como suas
capacidades cognitivas, possibilitando ajustes quando for
necessário.
Portanto, para se construir uma cultura de avaliação
interdisciplinar, é imprescindível a participação de todos os
professores e educandos de cada série na análise e reflexão
sobre os procedimentos de avaliação e resultados obtidos.
Gaultier (1998), em seu livro “Por uma teoria da
pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber
docente”, traça um paralelo entre o juiz e o professor
defendendo a ideia de que assim como o juiz deve pesar os
prós e os contras antes de julgar, o professor faz o mesmo
antes de agir.
Após a reflexão da analogia juiz/professor, elabore
sugestões de como se pode tornar uma avaliação mais
eficaz.
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2.1. Esboçando propostas
Para a elaboração de uma proposta de avaliação dos
saberes docentes, a primeira questão a ser enfrentada é da
concepção teórica que deverá orientar esta prática. Se estas
concepções teóricas que nos fundamentam não estão
claras, corremos o risco de nos desviarmos dos objetivos
propostos.
No ato de ensinar, deve ser considerado em primeiro
lugar, o método que define o que, como e porque vou
ensinar algo. E, para elaborarmos um instrumento de
avaliação, temos que pensar numa metodologia que
possibilite a formação do homem em todas as suas
dimensões.
Método é concepção, é como me coloco diante das
coisas, ou seja, como concebo sociedade, homem,
educação. É desta forma que passo meus valores, minhas
crenças ao educando.
A metodologia é a forma de conduzir esta
concepção, é um saber didático. A didática de acordo com
os autores citados compromete-se com a qualidade
cognitiva da aprendizagem, o professor é um mediador que
deve usar o conteúdo contextualizado no cotidiano, na vida
social e pessoal do educando. A prática na sala de aula não
é neutra, está sempre numa posição e depende da
metodologia que o professor usa ao ensinar o educando.
Observa-se que a didática não está mais voltada
apenas nas técnicas de ensinar, no aspecto instrumental,
mas do ponto de vista da relação sociedade/educação.
O método, a partir dos saberes de Saviani, está
inserido no saber pedagógico, ou seja, está no
embasamento teórico de minha prática e metodologia no
saber didático, na forma de conduzir a concepção.
Portanto, se faz necessário, ao elaborarmos um
instrumento de avaliação destes saberes, aplicar uma
metodologia que possibilite uma leitura ampla e qualificada
da realidade e que possa ser utilizada em favor do conjunto
da humanidade, e não apenas em favor de uma
determinada classe social.
Fundamentando-se nos saberes docentes expostos,
propomos alguns caminhos ou técnicas, algumas
possibilidades de se pensar a avaliação de tal forma que se
tenha uma leitura da totalidade do processo, tendo em vista
os objetivos desejados na formação do profissional de
educação infantil e séries iniciais.
Quando nos referimos ao termo totalidade no
processo educativo, queremos dizer formação de uma
consciência coletiva, considerando a capacidade de cada
pessoa, na condição de sujeito que pensa, age, faz, reflete e
sugere.
Para esta consciência coletiva, há necessidade de se
fazer um mapeamento dos elementos formadores e dos
relacionamentos entre eles.
Como propostas tem-se basicamente: pensamento
sistêmico, portfólio e mapas conceituais.
2.1.1. Pensamento sistêmico
O pensamento sistêmico é uma técnica prática, que
pode nortear a evolução da aprendizagem e ajudar a
perceber o todo, pois nele, segundo Gasparian (2004) a
relação entre as partes e o todo é invertida. As
propriedades das partes só podem ser entendidas a partir
da dinâmica do todo.
Nesta técnica, o sistema caminha como um bloco,
agindo e interagindo para sua evolução, ou seja, não tem
fim, não é algo linear. De acordo com a autora, é uma teia
de relações e intrinsecamente dinâmica, circular. Não há
hierarquias, nem alicerces. Todos os elementos que fazem
parte deste processo, ou seja, instituição escolar, os
membros em interação, movem-se juntos.
Para colocar em prática o pensamento sistêmico, na
compreensão do todo, neste caso, podemos buscar um
modelo de (PhMeirieu 1989) quando diz que o ensino deve
estar estruturado num triângulo pedagógico.
Segundo este autor, entre o professor e o aluno
existe um caminho pedagógico. Entre o professor e o saber
um caminho didático e entre o aluno e o saber, estratégias
individuais de aprendizagem.
Desta forma estaria se fazendo um mapeamento
dos elementos formadores e suas interligações, conseguiria
se perceber o todo.
2.1.2. Portfólio
Outra forma de avaliar seria através de um portfólio,
uma modalidade ou técnica que a cada dia ganha mais
espaço nas escolas. Avaliar com portfólios significa registrar
passo a passo o avanço próprio da aprendizagem. O aluno
descreve com fidelidade o que de fato conseguiu.
O objetivo do portfólio é que o próprio educando
possa avaliar o seu crescimento no momento que o vai
montando, refletindo conscientemente sobre o que aprendeu
bem e o que tem que melhorar, podendo, a partir desta
análise, elaborar seus próprios objetivos de estudo. É
construído através de um fio condutor, delineado e
acompanhado pelos professores.
O coração do portfólio é a reflexão. O termo portfólio
significa uma coleção de trabalhos significativos de
engajamento com o estudo e pode ser documentado de
qualquer forma: testes, pesquisas, composições, desenhos,
fotos, textos, relatos, conclusões, entre outros. O sentido do
portfólio é o diagnóstico da aprendizagem.
2.1.3. Mapas Conceituais
Para sistematizar os saberes também poderíamos
partir de mapas conceituais, outra forma para avaliar os
saberes e outras aprendizagens de forma processual.
De acordo com as autoras Rita de Cásia Veiga
Marriot e Patricia Lupion Torres, do Programa Agrinho,
“existe uma técnica que encoraja o aluno a refletir, a
pesquisar, a selecionar, a elaborar o conhecimento e
aprender de uma maneira significativa, uma técnica que está
começando a ser muito usada em escola, universidade e até
mesmo em empresas em todo o mundo. Esta técnica é
chamada de mapas conceituais” (SENAR PR, 2007).
É uma metodologia, neste caso uma técnica,
representada graficamente, através de um mapeamento no
qual os conceitos aparecem dentro de formas geométricas e
com relações evidentes através de linhas que contém
palavras de ligação que unem esses conceitos,
proporcionando uma visão geral do que se pretende
averiguar.
É importante ressaltar que os mapas não possuem a
intenção de demonstrar sequências dos objetivos propostos,
porém estão interligados entre si. Refletem uma organização
conceitual.
Aos pensarmos em uma tarefa avaliativa os
instrumentos seriam portanto registros, ora feito por alunos,
ora feito pelo professor. Para isto temos que ter em mente
questões propostas que possibilitem o professor investigar,
problematizar os saberes construídos pelo educando com
todas as suas nuances.
Pesquise na internet ou em livros sobre os temas a seguir,
para aprofundar seu conhecimento.
Avaliação sistêmica: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Portfólio:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Mapas conceituais:
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A partir de sua realidade, sua instituição, de sua disciplina,
que tipo de avaliação poderia ser efetivamente
desenvolvida, tendo como referência os saberes docentes
citados neste caderno pedagógico.
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1) Tomando como referência as atividades individuais,
vamos consolidar as ideias para elaboração de um
documento a ser inserido no PPP da escola.
2) Diante das leituras, reflexões, escritos feitos e
experiências próprias, sobre os saberes docentes e
avaliação evidentes nesta produção pedagógica, de que
forma conduziremos a avaliação no curso de formação de
docentes, neste momento, para o 1º ano do curso de
formação de docentes, tendo como parâmetro estes os
estudos referenciados?
Referências
DEMO, P. Educar pela Pesquisa. Autores Associados,
Campinas. 1966.
_______________ Iniciação à competência
reconstrutiva do professor básico. Papirus, Campinas,
1995.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários
à prática educativa. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
_______________ Pedagogia da Indignação: cartas
pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000.
LIBANEO, J. C. Organizaçâo e gestão da escola: teoria
e prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2004.
LUCKESI, C. C. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São
Paulo: Cortez, 2005.
KUENZER, A. Z. Ensino Médio: construindo uma proposta
para os que vivem do trabalho. Editora Cortez, 2005.
SAVIANI, D. Saberes implicados na formação do educador.
In: BICUDO, Maria Aparecida; SILVA JUNIOR, Celestino
Alves (Orgs.). Educação do educador: dever do Estado,
tarefa da Universidade. São Paulo: Unesp, 1996.
_______________ Educação: do senso comum à
consciência filosófica. Cortez editora. 1985.
POLITY, E. (Org.) Psicopedagogia: um enfoque sistêmico.
Vetor Editora, 2004.
SACRISTÁM, G. Educar e conviver na cultura global.
Porto Alegre: Artmed, 2000.
SCHON, D. A. Educando o Profissional Reflexivo: um
novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre:
Artmed, 2000.