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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

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I

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE 2009 NELSON VALDIR KARPINSKI

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

A VEGETAÇÃO NATIVA E EXÓTICA INVASORA: UMA SALADA VERDE NOS ARREDORES DO COLÉGIO ESTADUAL SÃO CRISTOVÃO EM UNIÃO DA VITÓRIA -

PR.

UNIÃO DA VITÓRIA2010

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE 2009

PRODUÇÃO DIDÁTICA PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

A VEGETAÇÃO NATIVA E EXÓTICA INVASORA: UMA SALADA VERDE NOS ARREDORES DO COLÉGIO ESTADUAL SÃO CRISTOVÃO EM UNIÃO DA VITÓRIA -

PR.

Produção Didática Pedagógica elaborado pelo professor Nelson Valdir Karpinski , da disciplina de Geografia, Núcleo Regional de União da Vitória, como parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE), sob a orientação da professora Ms. Helena Edilamar Ribeiro Buch – FAFI-União da Vitória

UNIÃO DA VITÓRIA2010

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Nelson Valdir Karpinski

Área PDE: Geografia

NRE: União da Vitória

Professor Orientador na IES: Profª. Ms. Helena Edilamar Ribeiro Buch

IES vinculada: Fafiuv – União da Vitória

Escola de Implementação: Colégio Estadual São Cristovão – Ensino Fundamental e Médio

Profissional.

Público objeto da intervenção: Alunos 1ª série do Ensino Médio

Período de realização: Agosto, Setembro e Outubro de 2010.

INTRODUÇÃO

A maior parte das florestas existentes no mundo, está concentrada em cinco países, onde o Brasil

destaca-se como possuidor das maiores extensões de cobertura vegetal original, como a Mata Atlântica,

que apesar da violenta exploração de recursos naturais desse ambiente, ainda é composta por uma

infinidade de espécies nativas, a ideia de natureza como recurso a ser explorado pelo capital foi

enfatizada numa perspectiva de crítica a exploração internacional de recursos nacionais principalmente

dos países subdesenvolvidos DCE, (2008), sobretudo o país possui hoje remanescentes ainda originais

que devem ser preservados.

As florestas nativas no estado do Paraná foram alteradas significativamente nos últimos

anos, permanecendo hoje com menos de 10% das suas reservas naturais originais, encontradas

principalmente em reservas ou parques nacionais e estaduais. Algumas regiões do Paraná, ainda

congregam , fatia restrita de área de vegetação nativa, sendo assim, fala-se muito, em preservação

das florestas nativas, em reservas, parques ambientais etc... mas o que é preocupante, é a opção pela

vegetação exótica invasora que está acarretando a perda incondicional da biodiversidade nativa, a

modificação dos ciclos naturais dos ecossistemas atingidos, e além disso, a alteração fisionômica da

paisagem natural tanto na área urbana como também estendendo a área rural.

Na área de influência ou convivência da Mata Atlântica nativa se origina mais da metade das

riquezas do nosso País. Os centros urbanos dificilmente deixarão essa área de influência da referida

floresta tropical no Brasil. Nessa conjuntura as árvores nativas são mais adequadas ao panorama dos

centros urbanos por se mostrarem resistentes a ação antrópica local e por alimentarem as muitas

espécies que dependem delas nessa cadeia alimentar. As plantas nativas produzem frutos, flores e

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sementes que muitos animais e aves que vivem local consomem e as plantas exóticas invasoras

ocasionam a subtração da dinâmica desse ciclo natural. Precisamos aprender a conviver com todas

as florestas e suas respectivas espécies nativas, como também todos seus recursos naturais, correndo

risco eminente de se tornarem inviáveis para essa área.

Dessa forma, afirmou PLATÃO 400 anos a. C. a retirada da madeira sem a reposição das

árvores é um desastre. O desenvolvimento industrial e tecnológico da humanidade nos últimos anos

tem levado o homem a uma intensa captação de recursos naturais indiscriminadamente,

principalmente a madeira de algumas espécies nativas da Mata Atlântica como a araucária, angico,

baguaçu, cedro, canafístula, louro pardo entre outras, de forma desordenada, levando a quase

extinção de algumas espécies dessa floresta. A exploração sistemática destes recursos, conforme

MENDONÇA (2002) apud DCE (2008, p.66) afirma que “a natureza é um conjunto de elementos,

dinâmicos e processos que se desenvolvem no tempo geológico e, por isso, possui dinâmica própria

que independe da ação humana, mas que, na atual fase histórica do capitalismo, foi reduzida apenas

a ideia de recurso”, ou mesmo a sua substituição pela cultura florestal, sempre estão associadas à

ideia de progresso. Jamais alguma civilização teve em âmbito planetário o poder destruidor que tem

a sociedade humana contemporânea. Isto também é afirmado pela AGENDA 21 (1995), a

humanidade encontra-se em um momento de definição histórica.

Nesta pesquisa também nomeia o desenvolvimento da monocultura da silvicultura em nosso

país, a partir da década de 70, os plantios florestais com espécies exóticas invasoras tiveram grande

incentivo, principalmente por grandes empresas do setor de base florestal. As principais espécies

invasoras introduzidas e consequente mais cultivadas no Brasil, no Estado do Paraná e também na

região de União da Vitória, são o Pinus elliottii, o Pinus taeda e também espécies de Eucalyptus,

tendo principal função abastecer a produção de celulose e também o fornecimento de matéria prima

para o setor moveleiro. Muitas são as espécies de árvores já deflagradas como invasoras no Brasil

dentre elas podemos citar o Pinus elliottii, o Pinus taeda, a Casuarina equisetifolia, muito comum

no litoral, a Melia azedarach (cinamomo), a Tecoma stans (amarelinho), a Hovenia dulcis (uva-do-

japão), a Cassia mangium, a Eriobothrya japonica (nêspera), a Cotoneaster sp., a Ligustrum

japonicum (alfeneiro), este usado largamente para fins ornamentais PORTARIA IAP (2007). Entre

as plantas de pequeno porte estão o gênero Bracchiaria, de capins introduzidos para pastagens, é

considerado um dos mais problemáticos no Rio Grande do Sul, Eragrostis spp. (capim-anoni),

mesmo capim é encontrado nos campos naturais dos estados de Santa Catarina e Paraná, ameaça os

sistemas de produção de gado estabelecidos na região dos campos naturais em função da perda da

cobertura vegetal nativa, composta de uma grande diversidade de espécies de gramíneas,

leguminosas e outras famílias importantes do ponto de vista alimentar. Dentre as plantas

ornamentais, estão amplamente estabelecidas Impatiens walleriana (maria-sem-vergonha) e

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Hedychium coronarium (lírio-do-brejo), para citar algumas como exemplos. Essas espécies exóticas

invasoras encontraram áreas completamente ideais ao seu desenvolvimento, em certos casos

tornando-se “praga”, tamanho é o potencial de espécies exóticas invasoras de modificar os sistemas

naturais, onde as plantas exóticas invasoras são atualmente consideradas a segunda maior ameaça

mundial à biodiversidade natural, perdendo apenas para a destruição de habitats causada pela

exploração humana direta ZILLER, (2003). Os principais resultados obtidos dessa opção, pela

vegetação exótica invasora, são a perda incondicional da biodiversidade e a modificação dos ciclos

e características naturais dos ecossistemas atingidos, e isso sem levar em consideração a alteração

fisionômica da paisagem natural da área rural atingindo também áreas urbanas.

Considerando que, a nossa geração atual recebeu toda essa vegetação modificada, perdendo

sua identidade nativa, encontra dificuldades em distinguir espécies nativas das espécies exóticas e

principalmente da exótica invasora, pretende-se através do desenvolvimento desse estudo, ser

gerador e mediador de maior conhecimento e consequente novos conceitos e atitudes em relação a

introdução da vegetação exótica invasora na área de estudo e na região, em função disto para a

valorização e uso das espécies nativas locais. O que proporciona essa situação? Como proporcionar

apreensão de valores socioambientais ao aluno do Ensino Médio do Colégio Estadual São Cristóvão

em União da Vitoria – PR, considerando as paisagens naturais um legado que perpassa gerações,

focando na importância dos remanescentes da vegetação nativa após a introdução da vegetação

exótica invasora, que transforma a paisagem em uma imagem homogênea na visão do aluno e da

comunidade não dando condições de identificação.

É extremamente preocupante essa problemática ambiental da substituição das espécies nativas do lugar

por espécies exóticas invasoras que fogem do controle de manejo, se espalhando sem controle pelos

centros urbanos, e mais, do ponto de vista da sociedade estudantil juvenil que serão veículos do saber do

futuro, a qual no momento, ainda não está suficientemente preparada para enfrentar as causas da

problemática ambiental. Falta de conhecimento aliada a falta de visão de políticas e pesquisadores,

resulta em despreparo de ações efetivas de importância ambiental e ainda o mais grave é o aluno

acreditar que todas as espécies vegetais encontradas na sua área de vivência, pertencem a região, pois a

vegetação perpassa gerações, não dando condições de análise crítica do aluno em relação a vegetação

local.

Na verdade este estudo alicerça uma base de conhecimento da problemática ambiental como

apontamos no estudo desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento

Econômico OCDE (2006), mostra que 37% dos alunos brasileiros com 15 anos de idade – a

pesquisa foi realizada em 57 países em diferentes regiões do mundo – apresentam um nível mínimo

de conhecimento ambiental, ficando abaixo do Brasil apenas países como Catar, Quirquistão e

Azerbaijão, fato que classifica os jovens do Brasil sem o conhecimento mínimo necessário para

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enfrentar os desafios ambientais contemporâneos. Nos deixa claro que, o percentual de jovens que

apresentam nível mínimo ou desprovido de conhecimento sobre a problemática ambiental é muito

grande. Neste estudo menciona-se também que: os estudantes estão preocupados com a questão

ambiental, entretanto não possuem condições plenas de assumir seu papel no processo de ação

desejada.

É através dos meios de comunicação que muitos jovens obtêm o primeiro contato sobre

informações referentes a problemas ambientais, sendo a escola quem trabalha de forma explanatória

essa problemática, a maioria dos jovens fazem comentários a respeito da problemática ambiental,

mas defronta-se com a falta de informações mais detalhadas das causas e consequências, do tipo de

degradação ambiental, das espécies nativas que constituem a vegetação da Mata Atlântica e

substituição da mesma por espécies exóticas invasoras, tanto em áreas rurais como em áreas

urbanas, foco desta pesquisa.

Durante o desenvolvimento da produção didática pedagógica, com o processo de ensino e

aprendizagem, pretende-se desenvolver uma unidade didática composta de atividades didáticas

pedagógicas que venham mediar conhecimento e que ocorra a apreensão deste conhecimento com o

propósito de modificar e criar novos conceitos e atitudes, resultado esperado na conclusão deste

estudo.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Proporcionar apreensão de valores socioambientais ao aluno do Ensino Médio do Colégio Estadual

São Cristóvão em União da Vitoria – PR, considerando as paisagens naturais um legado que

perpassa gerações, focando na importância dos remanescentes da vegetação nativa após a

introdução da vegetação exótica invasora, que transforma a paisagem numa salada mista, onde o

aluno não identifica as plantas naturais do lugar onde nasceu.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Relacionar espacialmente as atuais espécies nativas remanescentes no Bairro Sagrada Família em

União da Vitória – Paraná, através de aula de campo, utilizando fotografias antigas do lugar e outras

mais recentes, e fazer comparação entre elas;

b) Distinguir como os alunos conseguem em sua observação empírica distinguir espécies nativas

das espécies exóticas invasoras em sua área de vivência, através de desenho;

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c) Identificar a diferença entre vegetação nativa e vegetação exótica invasora na sua área de

vivência, através de fotos antigas e telas de pintores locais;

d) Localizar os recursos naturais arbóreos e arbustivos nas imediações do colégio, através da

pesquisa de campo;

e) Confeccionar um mapa da área de estudo que identifique as quadras e pontos de maior incidência

de vegetação exótica invasora;

f) Listar informações que definam ações preventivas e corretivas que assegurem um nível de

conhecimento ambiental.

UNIDADE 1

A VEGETAÇÃO CONTEMPORÂNEA E SEU CONTEXTO:

As florestas no mundo somam cerca de quatro bilhões de hectares, cobrindo aproximadamente

30% da superfície terrestre do globo (FAO, 2007). Existem cinco países que concentram mais da

metade da área florestal total da Terra – a Federação Russa 808,8 milhões ha, Brasil 477,7 milhões

ha, Canadá 310,1 milhões ha, Estados Unidos 303,1 milhões ha e China 197,3 milhões ha. O Brasil

nesse contexto ocupa o segundo lugar no mundo em cobertura florestal.

Estima-se que a 2 mil anos as florestas tropicais ocupassem 12% da superfície do planeta (16 Km²). Hoje não passam de 60% da área original (9,7 milhões de Km²) e cobrem pouco mais de 9% da superfície terrestre! A gravidade está em reconhecer que a maior parte do desmatamento foi após a Segunda Guerra Mundial, ao longo dos últimos 50 anos. (MEIRELLES FILHO 2004, p.24).

Mesmo ocorrendo tantos desmatamentos, como na floresta Amazônica e Mata Atlântica, das

florestas tropicais do mundo 47% do total, está concentrada no Brasil.

Quando da chegada dos primeiros grupos de europeus ao Brasil por volta do século XV, a

floresta tropical exuberante e intocável cobria aproximadamente 15% do território brasileiro. A

condição ambiental natural da Mata Atlântica faz surgir um riquíssimo número de espécies,

englobando conjunto de ecossistemas que incluem a faixa litorânea do território brasileiro, com seus

manguezais, floresta litorânea e de encosta da serra do mar, as florestas interiores, as belas matas de

araucárias e os campos de altitude.

Atualmente a Mata Atlântica esta reduzida a aproximadamente 7% da sua área nativa original, é

o segundo bioma mais ameaçado do mundo. Mesmo sendo reduzida e muito fragmentada, essa mata

ainda hoje abriga mais de 20 mil espécies de plantas das quais muitas são endêmicas, é a floresta

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mais rica do mundo em diversidades de árvores nativas.

Aproximadamente 120 milhões de pessoas se agrupam na área de abrangência dessa riquíssima

floresta, o que significa que a qualidade de vida de aproximadamente 70% da população brasileira

esta por um fio, dependendo mais do que nunca da preservação dos remanescentes da vegetação

nativa, do qual mantêm nascentes e fontes, regulando o fluxo dos mananciais de água que

abastecem as cidades e comunidades do interior, também ajudam a regular o clima, a temperatura, a

umidade, as chuvas, asseguram a fertilidade do solo e protegem ainda escarpas e encostas de

morros. A Mata Atlântica, com apenas 7% de seus remanescentes ainda originais, continua a ser um

dos ambientes nativos que mais sofre com a pressão urbana no País, e não é diferente no Paraná.

Levantamento realizado pela SEMA – Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

indica que dos 80% das florestas originais do Estado do Paraná restam hoje apenas 20% das

florestas nativas. O capital, de fato, continua interessado em se apropriar e/ou explorar os grandes

domínios naturais que ainda existem no planeta (DCE, 2008). Com esta frase, analisamos a real

necessidade de entendermos atualmente a relação sociedade/natureza, principalmente a apropriação

de recursos naturais por parte do homem que não se preocupa com o desaparecimento de espécies

vegetais nativas de áreas cobertas pela Mata Atlântica que estão presente no estado do Paraná, e

principalmente a substituição de espécies vegetais nativas por espécies exóticas invasoras.

Conforme IBAMA, (1995) é considerada nativa toda vegetação original, remanescente ou

regenerada, caracterizada pelas florestas, capoeiras, cerradões, cerrados, campos, campos limpos,

vegetações rasteiras, etc.

Não se trata apenas de vegetação arbórea mas também de vegetação arbustiva, que as vezes

aparenta ser inofensiva e não causar efeitos nocivos ao ecossistema local, mas possui uma grande

dominância quando verificada, conforme publicação na CONSTITUIÇÃO FEDERAL, (1988) o

artigo 225 da Constituição Federal diz que “todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado. É dever do governo e do povo defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações”.

A atual crise ambiental que se mostra através de catástrofes naturais ocorridas em vários pontos

do planeta, tem sido bastante discutido na atualidade. Conferências são realizadas Rio/92, a Rio +

10 (Joannesburgo), chegam a determinados consensos como: necessidade de disseminar entre as

crianças e os jovens uma nova consciência e atitudes com relação ao cuidado com o planeta que

habitamos CEDI (1994).

Esta Produção Didática Pedagógica trabalha tema de interesse que contempla nas DCEs de

Geografia (2008), para se efetivar, deve promover simultaneamente, o desenvolvimento do

conhecimento ambiental e fomentar a ação da prática, acreditando que através do desenvolvimento e

participação dos alunos de forma articulada eles consigam apreender conceitos e valores ambientais

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atinjindo seu objetivo. Deverá proporcionar conhecimento da importância da vegetação nativa,

considerando as paisagens um legado que perpassa gerações, daí a necessidade de preservar o meio

ambiente, identificando a vegetação exótica invasora na região ou área de estudo.

A T I V I D A D E – 1

O primeiro passo é investigar o conhecimento empírico do aluno através de atividade que

contemplem, o que o aluno vê e observa no entorno do colégio e ao longo de seu caminho, quando

se dirige para a escola e no caminho de volta a sua casa, onde muitas vezes adquire até certo ponto

observação pré-científico, mas não dá sequência a essa afirmação, fazendo com que a paisagem

vegetacional a sua volta se torne igual, não percebendo ou distinguindo as alterações ocorridas,

acreditando que tudo o que vê é parte integrante do todo, ou seja, nativo daquele lugar, assim

através do desenvolvimento de atividades poderemos constatar através dessa investigação, sua

capacidade de dicernimento, de quais são as espécies de vegetação nativa e quais são espécies de

vegetação exótica invasora. Propomos o desenvolvimento de algumas atividades com o fim de

alavancar objetivo proposto.

A) Desenhando e pintando: é desenhando e pintando a vegetação que os meus olhos vêem, e ou a

vista da janela, pátio ou frente da escola;

Através de uma folha de papel distribuida aos alunos envolvidos com lápis de cor ou de cêra,

orientá-los a desenharem a vegetação nativa que conseguem visualizar, podendo também registrar

elementos culturais observados naquele espaço, através da janela da escola, no pátio da escola ou a

frente da escola, aí é o professor que determina, conforme o espaço geográfico que se apresenta.

Através dessa atividade inicial procura-se detectar qual é o grau de conhecimento que o aluno

possui sobre o tema de estudo.

B – Diagnóstico da vegetação e seus elementos: Para se obter um diagnóstico do real nível de

conhecimento a respeito do tema proposto, sugere-se a aplicação de um questionário para que os

alunos respondam individualmente, cinco questões relacionadas a vegetação nativa e vegetação

exótica, indagando suas próprias criações (desenhos). Dentre as questões citamos as seguintes:

1- Você acredita que, o que você viu, desenhou e pintou é uma vegetação nativa? Por quê?

2- O que é uma vegetação nativa para você? Dê um exemplo.

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3- Descreva o quê você viu pela janela, patio ou frente da escola, fazendo uma lista com tudo o que

lembrar?

4- Você conhece alguma espécie de vegetação exótica invasora? Se conhece dê um exemplo.

5- Através da sua observação, você consegue constatar se possui mais vegetação nativa ou mais

vegetação exótica invasora representado no que você desenhou?

6- Se você fosse um artista plástico (pintor de telas) o que você acrescentaria de importante na

paisagem natural que você representou em seu trabalho?

Posteriormente a aplicação de questionário, distribuiremos algumas figuras de espécies que retratam

a vegetação nativa da mata atlântica e também figuras de espécies da vegetação exótica introduzidas

na região e assim orientá-los a identificar as suas diferenças paisagísticas.

C) Por que a fisionomia da paisagem (vegetação) nativa muda? Um olhar sobre as paisagens

(vegetação) nativas:

Primeiramente sugerimos, o desenvolvimento de uma aula com audio visual produzido no

PowerPoint, direcionando a construção do conhecimento do aluno para o tema proposto, com

informações de paisagens naturais vegetais (matas nativas) do mundo e do Brasil cada uma

respeitando suas características naturais locais, ou seus ecossitemas, destacando o bioma da mata

atlântica e sua área de abrangência principalmente no estado do Paraná e região de União da Vitória.

Podendo também usar vídeos que, em seu contexto, retratam a alteração fisionômica da paisagem

(vegetação) nativa e a inclusão da vegetação exótica principalmente a exótica invasora.

Em seguida elaboraremos uma pesquisa em grupo, onde alguns alunos estudarão o bioma da mata

atlântica a qual abrange o território do estado do Paraná e também a região de União da Vitória

notadamente o bairro sagrada família área de estudo deste projeto e identificará espécies da

vegetação nativa dessa área, comcomitantemente outro grupo de alunos, identificará espécies da

vegetação exótica invasora introduzidas no Paraná. Cada um dos grupos construirá em uma

cartolina com colagens as características da paisagen estudada, sua origem, no caso das exóticas.

Em seguida, faremos a apresentação dos trabalhos, da vegetação natural (mata atlântica) e

vegetação exótica invasora (introduzida), com tudo isso fecharemos o assunto, faremos a conclusão

da atividade.

D) Quais são os principais pintores que retratam em suas obras paisagens da vegetação nativa

da região de União da Vitória:

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Inicialmente faremos a distribuição de um texto sobre vegetação nativa e vegetação exótica

invasora, em seguida faremos discussão dirigida do texto apresentado, após iniciaremos

apresentação de reproduções de paisagens (vegetação natural) de obras de pintores locais

conjuntamente com suas biografias. Após toda essa exposição teórica sobre vegetação nativa e

vegetação exótica invasora, desenvolveremos junto aos alunos a produção de um pequeno texto

crítico da impressão causada do texto e das telas apresentadas, identificando quais elementos

naturais e culturais que estão presentes na área de representação da paisagem.

E) Novo olhar sobre a paisagem (vegetação) natural local; Avaliação final da atividade:

Nesta última etapa da 1ª atividade, se repetirá um novo olhar sobre a vegetação local, com a

atividade desenhando e pintando a vegetação local, espera-se que traga a compreensão desejada.

A avaliação final é obter através das atividades a apreensão da importância da vegetação nativa e a

preservação delas para as gerações futuras. Os alunos deveram avaliar o conjunto de atividades

individualmente por escrito.

UNIDADE 2

EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESCOLA:

A maioria dos brasileiros desconhece ou tem pouca informação sobre as questões ambientais, a

complexidade da questão ambiental decorre do fato de ela se inscrever na interface da sociedade

com o seu-outro, a natureza. GONÇALVES (2005, p. 140) e as vezes em nível pessoal não

considera estar ao seu alcançe uma possível resolução do problema, ele até menciona os elementos

do meio ambiente, mas é interessante que ele não se coloca como integrante natural desse sistema.

A concepção de meio ambiente não exclui a sociedade, antes, implica compreender que em seu contexto econômico, político e cultural estão processos relativos às questões ambientais contemporâneos, de modo que a sociedade é componente e sujeito dessa problemática (DCE 2008, p. 72).

A qualidade de vida que tanto se fala e almejamos não se restringe a preservação da fauna e da

flora, mas a relação de interdependência entre a sociedade e os recursos naturais e sua expropriação,

passando também a determinar, questões da pobreza, da fome, do preconceito, das diferenças

culturais que estão materializadas nesse espaço geográfico, as ciências da natureza e as do homem

vivem dois mundos à parte e, pior, sem comunicação. GONÇALVES (2005, p. 140).

Toda essa organização social atualmente constituída, precisa tomar novos rumos, engajada no

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respeito a natureza, na formulação de novos saberes ambientais.

A educação ambiental inscreve-se nessa transição histórica que vai do questionamento dos modelos sociais dominantes (o neoliberalismo econômico, o socialismo real) até a emergência de uma nova sociedade, orientada pelos valores da democracia e pelos princípios do ambientalismo. Dai a necessidade de rever criticamente o funcionamento dos sistemas educacionais, como também os métodos e práticas da pedagogia. (LEFF 2001, p. 255).

Precisamos entender quais ações, afetam de maneira direta ou indiretamente as condições de

existência de muitas comunidades, somente assim conseguiremos atacar o problema por completo,

desenvolvendo novos métodos com atividades que realmente deem resultados positivos.

O desenvolvimento de práticas erradas de manuseio de ecossistemas florestais especificamente,

como a remoção de florestas, roçada e queimadas anuais da mata para preparo da terra para plantio

de sementes, erosão e pressão excessiva de pastoreio, a urbanização rápida e desenfreada,

contribuem para a perda incondicional da diversidade natural da área, com todas essas práticas

permite a fragilidade do meio a invasões de espécies exóticas invasoras. Quando determinadas áreas

transformam-se em ambientes abertos e que possuam similaridade relacionada ao clima, torna-se

campo ideal para a proliferação desenfreada de espécies exóticas invasoras arbóreas e arbustivas, na

atualidade muitas espécies dão preferência por áreas onde já existem florestas, relacionada com a

adaptabilidade. De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica - CDB, "espécie exótica"

é toda espécie que se encontra fora de sua área de distribuição natural. "Espécie Exótica Invasora",

por sua vez, é definida como sendo aquela que ameaça ecossistemas, habitats ou espécies.

Segundo Paula Silva, Fórum Eco-Escolas (2009), Planta exótica (introduzida, alóctone) ocorre

fora da sua área de distribuição natural, depois de ser transportada e introduzida pelo Homem,

ultrapassando as barreiras biogeográficas. Planta invasora refere-se a espécie exótica que produz

descendentes férteis frequentemente e em grande quantidade, com capacidade de dispersão muito

para além das plantas mãe, com potencial para ocupar áreas extensas em habitats naturais ou semi-

naturais. Pode produzir alterações significativas ao nível dos ecossistemas.

Espécies exóticas são aquelas que ocorrem numa área fora de seu limite natural historicamente

conhecido, como resultado de dispersão acidental ou intencional por atividades humanas segundo o

Instituto de Recursos Mundiais; União Mundial para a Natureza; Programa das Nações Unidas para

o Meio Ambiente, (1992). Espécies exóticas invasoras, por outro lado, são aquelas que, uma vez

introduzidas a partir de outros ambientes, adaptam-se e se reproduzem a ponto de substituir espécies

nativas e alterar processos ecológicos naturais, tornando-se dominantes após um período mais ou

menos longo, requerido para sua adaptação (Ziller, 2000).

Da mesma forma, a contribuição proveniente do plantio de espécies exóticas invasoras tendo

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objetivo a restauração dos ecossistemas naturais nos vários biomas brasileiros, para incorporar nas

áreas de reserva nativas é significativamente nula para a conservação da biodiversidade local. Essa

é a conclusão de um estudo realizado por cientistas da Conservação Internacional (CI-Brasil)

compilado na 5ª edição da revista eletrônica Política Ambiental. Em “Áreas recuperadas com

vegetação exótica contribuem para a conservação da biodiversidade?”, os pesquisadores avaliam

uma série de trabalhos que mostram a incapacidade das culturas de plantas exóticas em proteger a

biodiversidade.

Isso também pode ser visto na área de estudo, com a introdução de espécies exóticas invasoras

que detêm a incapacidade de conservar e recuperar as áreas degradadas, trazendo prejuízos para a

fauna e principalmente a flora local provocando consequências não observadas pelos educandos e

população local, que inocentemente contribuem ainda na proliferação significativa das espécies

exóticas invasoras na área de estudo.

Na antiguidade quando o homem começou a formar e viver em sociedade surgiram as grandes

aglomerações urbanas, necessariamente ele alterou a natureza de forma a assegurar a própria

sobrevivência e também para lhe proporcionar maior conforto. Com a urbanização e o

desenvolvimento de atividades como, a agricultura, a pecuária, o artesanato e a indústria e por fim o

progresso das atividades técnicas acabou por modificar diretamente a natureza original. Assim

transformaram características geográficas primárias como a vegetação nativa, a permeabilidade do

solo, a absortividade e a refletividade da superfície terrestre, as características do solo, do ar

atmosférico, das águas de superfície e das águas subterrâneas, se caracterizando como degradação

ambiental, de proporções incontroláveis, refletindo em efeitos ambientais negativos em toda a

esfera terrestre.

A degradação do meio ambiente está intimamente ligada à ideologia desenvolvimentista,

voltada principalmente para a maximização do lucro, a ideia de natureza como recurso a ser

explorado pelo capital foi enfatizada numa perspectiva de crítica à exploração internacional de

recursos nacionais, principalmente dos países subdesenvolvidos. (DCE, 2008, p. 65-66) O capital,

de fato, continua interessado em se apropriar e/ou explorar os grandes dominios naturais que ainda

existem no planeta, quanto mais rápido o desenvolvimento tecnológico, maior é o ritmo de

alterações provocadas no meio ambiente.

Um dos principais impactos ambientais que ocorre em um ecossistema natural é a devastação

das florestas nativas, notadamente das tropicais, consideradas a mais rica em biodiversidade do

planeta com algumas plantas endêmicas, resta saber por que ocorre com tanta avidez o

desmatamento de milhares de quilômetros quadrados de florestas tropicais. Essa devastação ocorre

basicamente por fatores econômicos com a retirada de madeira para abastecer a demanda da

indústria moveleira e de celulose e papel. Por sua vez, a ideia de natureza como recurso ganha,

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atualmente, um elemento que torna mais complexa sua análise: a crescente artificialização do meio,

com a introdução de vegetação exótica invasora, tanto na cidade quanto no espaço rural. (DCE,

2008, p. 66).

A devastação de florestas tropicais, como é o caso da Mata Atlântica, acontece principalmente,

em decorrência da exploração de madeira, sem considerar a sua capacidade de renovação, explora-

se essa fonte ao máximo.

As mobilizações internacionais para a busca de soluções aos problemas ambientais mundiais se

iniciaram na década de 1970. Diante de tal quadro, desde 1972 com a declaração da ONU sobre

meio ambiente humano, editada em Estocolmo na Suécia, a humanidade vem se preocupando em

normatizar a utilização que faz do meio onde vive. Em seu artigo 10, o referido documento afirma:

“O homem tem direito fundamental à liberdade e ao desfrutar de condições de vida adequadas, em um meio ambiente de qualidade tal que lhe permita levar uma vida digna e gozar de bem-estar e é portador solene da obrigação de proteger e melhorar o meio ambiente, para as gerações presentes e futuras”. (ONU, 1972)

O marco histórico para a Educação Ambiental foi em 1977, quando a ONU através da UNESCO

organizou a I Conferência Intergovernamental sobre Educação para o Ambiente, em Tbilise-

Geórgia. Nesta Conferência foram propostos objetivos, características, estratégias, recomendações e

princípios que se tornaram referência para a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino,

dentro e fora do sistema escolar, sendo um dos eventos mais significativos ocorridos para a

legitimação e institucionalização que fundamentou todo o processo de criação da educação

ambiental no mundo e no Brasil. Postulou-se, que a educação ambiental é fator elementar, essencial

para a educação global, orientada para a resolução dos problemas ambientais por meio da

participação ativa dos educandos na sociedade através da educação formal e não-formal, em favor

do bem-estar da coletividade humana.

Nestas mobilizações, foram apontadas estratégias para modificar e também restringir o processo

de destruição da natureza, que deve iniciar-se com a educação e conscientização dos povos. Surgiu

assim a chamada Educação Ambiental, que é divulgada como a grande responsável para solucionar

os graves problemas pelos quais passamos hoje. Na conferência de Tbilisi, a educação ambiental foi

definida como:

Uma dimensão dada ao conteúdo e a prática da educação, orientada para a resolução dos problemas concretos do meio ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade. (DIAS, 1994, p. 9).

Já no Brasil com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil em 1988, a

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sociedade conquistou um capítulo muito importante sobre o meio ambiente e também um item

específico sobre a educação ambiental (Art.225, itemVI) que diz: cabe ao Poder Público promover a

Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do

meio ambiente, o que acontece muito pouco.

A ideia do desenvolvimento sustentável apresentada em 1987 foi considerada uma das chaves

para a solução dos inúmeros problemas ambientais e o principal tema a nortear os debates durante a

Rio-92 ou Eco 92, realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992.

Das discussões na Rio-92 surgiu a Agenda 21, que reúne em 700 páginas de documentos, as

ações que visam melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas do planeta, no século XXI ( daí a

razão do nome “Agenda 21” ). Esta considera como nocivo para o planeta o consumo insustentável,

sendo possível um consumo sustentável através da reciclagem e uso de tecnologias limpas e

eficientes.

Para atingir os objetivos de proteger e melhorar o meio ambiente, conforme proposições da

ONU a sociedade tem necessidade em adotar medidas políticas, jurídicas e administrativas em todos

os níveis de decisão, mas sobretudo, promover uma mudança radical de mentalidade em relação aos

recursos naturais e aos ecossistemas. Esta deve ser a tarefa da educação ambiental. A concepção de

meio ambiente não exclui a sociedade, antes, implica compreender que em seu contexto econômico,

político e cultural estão processos relativos às questões ambientais contemporâneas, de modo que a

sociedade é componente e sujeito dessa problemática (DCE, 2008, p.72). A relação que o ser

humano tem com o ambiente onde vive sempre teve sua essência em transformar a natureza

mediante a dominação da mesma.

As primeiras iniciativas mundiais que ocorreram sobre Educação Ambiental se desencadearam,

como componente educativo primeiro na tentativa de deflagrar uma ação consciente, crítica e

transformadora das várias posturas em relação ao modo de conceber o ambiente, o mundo e seus

semelhantes.

A intenção da Educação Ambiental é a busca incessante em formar educandos que levem em

conta a diversidade de olhares sobre o mundo, que essa educação voltada ao ambiente natural não

seja idealizada como salvadora da pátria na resolução de todos os problemas, mas, sim, como uma

via de acesso para a construção de uma sociedade mais crítica e reflexiva. Por sua vez:

(...) ao analisar documentos decorrentes dos eventos em destaque no cenário da educação ambiental mundial, é perceptível que o discurso da educação ambiental, com a sua institucionalização, acompanha uma corrente conservadora. Dessa forma, a educação ambiental se apresenta dentro de um discurso superficial e ingênuo, que vem ao encontro do discurso dos segmentos dominantes e hegemônicos. (CADERNOS TEMÁTICOS EDUCAÇÃO AMBIENTAL, 2008 p.22).

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Daí a importância da prática da instrução ambiental onde ela ajuda a identificar os problemas

ambientais que venham a afetar a qualidade de vida das populações na sua área de vivência, levanta

informações das causas dos problemas, responsabilidade, omissão, bem como ajuda a encontrar

soluções práticas definitivas ou alternativa, relacionada ao problema detectado, e ainda através da

participação comunitária, ajuda a prática da ação na busca dos interesses da comunidade local.

Atualmente a sociedade local, bem como a classe estudantil, possui visão análoga da vegetação

abrangente na sua área de vivência, pois ocorreu a modificação da vegetação nativa pela introdução

de espécies exóticas invasoras, ocorrendo muito antes da atual geração, ou seja, perpassou gerações,

para o aluno e comunidade a vegetação local visível não tem diferença, é uma só.

A apreensão ambiental deve estimular nos educandos o desenvolvimento de uma nova

consciência com relação ao seu ambiente de vivência na escola como também no seu bairro e

residência, produzir novas formas de agir de maneira consciente, capaz de levar a sociedade o

conhecimento, a definição, o conceito sobre a vegetação exótica invasora e a capacidade de se

envolver plenamente com questões ambientais nos locais de vivência.

O Brasil é um dos países que detêm uma parcela significativa de florestas em comparadas com

outros países mundiais, fato que coloca o país como líder mundial em biodiversidade, daí a real

necessidade em desenvolver uma proposta de ensino da vegetação paranaense identificando a

vegetação exótica invasora, voltado ao aluno do Ensino Médio para o conhecimento e apreensão de

valores socioambientais.

O levantamento de informações sobre a vegetação exótica invasora, através de inúmeros

trabalhos trouxe a conclusão que a cultura da vegetação exótica invasora é incapaz de proteger a

biodiversidade, trazendo sérias consequências ao meio ambiente e a vida do ser humano.

Constata-se que a sociedade ou parte dela pode ser considerada analfabeta ambiental, pois ela

não compreende que é sujeito dessa problemática, daí a constatação da qualidade de vida que

atualmente se depara, onde gerações e gerações desconhecem as espécies da vegetação nativa local.

Notadamente busca-se uma nova sociedade orientada por valores democráticos e princípios

ambientais, com devida necessidade de rever criticamente os sistemas e métodos educacionais, onde

o educando cidadão consiga reconhecer, compreender e agir sobre o meio, sem causar ameaça aos

ecossistemas, habitats ou espécies nativas locais.

As ideias que os autores trazem, fundamentam o objetivo deste estudo de caso, sendo de

fundamental importância na apreensão de valores e atitudes socioambientais dos alunos envolvidos,

contribuindo para a construção de uma sociedade mais sensível e atuante nas questões ambientais.

A T I V I D A D E – 2

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1) Deverão ser listados alguns indicadores desse processo, eventos que levaram a alteração da

vegetação originária promovida pelo homem ao longo da historia da ocupação da área de estudo, até

os dias de hoje. Desta forma, mediante o levantamento de documentação bibliográfica histórica

sobre a cobertura vegetal da região, pretende-se identificar as características da vegetação original,

destacando as alterações ocorridas na paisagem vegetal original, no entorno do Colégio e área de

vivência da maioria dos alunos, procurando caracterizar algumas categorias de identificação, a

partir de eventos que foram significativos na história da ocupação da região ou área de estudo.

Assim deverão ser analisados os primeiros relatos históricos dos pioneiros que ocuparam a região,

aquilo que de mais importante ocorreu na apropriação da vegetação nativa da região, ou seja,

eventos significativos que relatam a ocupação da região e a introdução de espécies vegetal exótica

arbórea ou arbustiva invasora. Desenvolveremos pesquisa, sobre registros fotográficos e

documentos antigos, que por ventura ficaram gravados no tempo a originalidade do local de estudo

bem como, outros documentos importantes que revelem as formas de apropriação do meio físico e

também eventos significativos e suas alterações na paisagem natural da vegetação original;

a) Navegação do Rio Iguaçu entre 1822 até 1930:

Analisando a introdução do período da navegação a vapor do Rio Iguaçu no século XIX, entre as

cidades de Porto Amazonas a Porto Vitória, a vegetação ao longo do Rio Iguaçu era praticamente

intocada, com o advindo da navegação e a fixação de um porto de embarque de produtos naturais

(vegetação nativa) da região como a erva mate, madeiras e principalmente lenha para abastecer os

vapores, eram extraídos da margem do rio, referindo-se ao local da pesquisa, naquela área ocorreu

os primeiros desmatamentos da história;

FIGURA 01: VAPOR LEÃO em um Porto, à beira do Iguaçu. ACERVO: Cordovan F. de Melo Junior.

FIGURA 02: VAPOR SARA. Carregando em um dos portos das margens do Iguaçu. ACERVO: Cordovan F. de Melo Junior.

b) Os primeiros imigrantes:

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Os relatos históricos da chegada dos primeiros imigrantes por volta de 1881, na região de União da

Vitória, pessoas que detinham conhecimentos voltados ao trabalho do campo sendo destinados a

essa atividade, derrubando a mata nativa local para a introdução do plantio de grãos e também o

plantio de espécies exóticas frutíferas como a laranjeira, a macieira, a pereira entre outras, processo

importante na transformação fisionômica vegetacional da região;

FIGURA 03 – FAMÍLIA DE IMIGRANTES. ACERVO: Nelson Valdir Karpinski

c) Com o surgimento das ferrovias:

Com a construção da ferrovia São Paulo/Rio Grande do Sul veio a rasgar a mata nativa da região

(área de estudo) sendo que a companhia responsável pela construção da ferrovia obteve o direito

contratual de extrair espécies da vegetação nativa (madeira nobre como a imbuia, o pinheiro, o

cedro etc.), ao longo de 15 quilômetros distante da margem esquerda e direita da ferrovia, fato que

não houve devido respeito relacionado a essa margem, ultrapassando esse limite, ocorrendo uma

verdadeira devastação de espécies da vegetação nativa da área de estudo;

FIGURA 04: ESTAÇÃO DE PORTO DA UNIÃO, em

FIGURA 05: PRIMEIROS ESTUDOS PARA CONSTRUÇÃO DA PONTE NOVA. ACERVO: Cordovan F. de Melo Junior.

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1906, à margem direita do Iguassú. Agente Sr. Egídio Piloto. (Foto Claro Janson) ACERVO: Cordovan F. De Melo Junior.

d)Construção da ponte férrea:

No ano de 1906 necessitava da construção de uma ponte para a transposição da linha férrea sob o

Rio Iguaçu, fato que levou também a intensificar o desmatamento da mata ciliar ribeirinha, como

também o corte de outras espécies vegetais nativas para utilização na construção da ponte, com isso

houve uma atração populacional para a área de estudo, pois nesse momento, havia como transpor

esse acidente natural.

FIGURA 06: PONTE PROVISÓRIA DE MADEIRA. Inaugurada em 1906. ACERVO: Cordovan F. de Melo Junior.

FIGURA 07: PONTE METÁLICA – Vista de Frente. ACERVO: Cordovan F. de Melo Junior.

e) Construção do aeroporto;

Este último evento veio intensificar o processo de ocupação da área de estudo e também da região,

veio concretizar a transformação e substituição da vegetação nativa pela vegetação exótica invasora

na área de estudo, pois o processo atrativo urbano teve grande êxito abrindo ruas, na construção de

casas, praças, escolas, igrejas etc.

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FIGURA 08: CONSTRUÇÃO DO AEROPORTO MUNICIPAL. ACERVO: Wilson Winter

FIGURA 09: CONSTRUÇÃO DO AEROPORTO MUNICIPAL. ACERVO: Wilson Winter

UNIDADE 3

O ENSINO E A APRENDIZAGEM NA GEOGRAFIA:

Segundo CAVALCANTI (2005) o ensino que a Geografia deve propiciar aos educandos deverá

estar pautada na compreensão do espaço geográfico da qual ele faz parte em todos os seus aspectos,

mesmo contradizendo seus conceitos do senso comum no seu espaço de vivência.

Em muitas propostas geográficas elaboradas, quanto ao aspecto pedagógico didático, expressam

opinião de que, para ensinar bem é somente necessário atribuir enfoque crítico ao conhecimento do

conteúdo da matéria, ou seja, o professor poderia trabalhar em sala de aula usando somente textos

críticos a realidade do aluno, sendo assim não há como conseguir que o ensino de geografia forme

cidadãos críticos e participativos. É de fundamental importância, proporcionar aos alunos o

desenvolvimento de um modo de pensar dialético, que é um pensar em movimento e por

contradição. A relação entre espaço físico e o homem resulta numa constante dialética,

transformando constantemente esse espaço com seu trabalho, suas atividades, seu modo de pensar,

referindo-se a toda coletividade, onde são construídas as suas percepções e concepções mais

articuladas no decorrer da formação humana, que passa pela formação escolar.

Dentro da linha didática crítico-social, o ensino é um processo de conhecimento adquirido pelo

aluno, mediado pelo professor e pela matéria de ensino definindo conteúdos que permitam aos

alunos pensarem dialeticamente. O Professor deve dar condições e instrumentos para que o aluno

conheça e compreenda a realidade em que vive que, possa formar conceitos e valores em termos de

espaço próximos e distantes tendo mais facilidade em compreender os fenômenos, nisto se insere a

proposta elaborada sob o tema a vegetação nativa como proposta de ensino da vegetação paranaense

identificando as exóticas invasoras no município de União da Vitória – PR, e o título a vegetação

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nativa e exótica invasora: uma salada verde nos arredores do colégio estadual São Cristovão em

União da Vitória - PR.

Considerando que todo aluno traz um conhecimento que vem de casa, e a função da escola

como também do ensino da Geografia é fazer com que ele supere o seu senso comum com

responsabilidade, ao confrontar o seu conhecimento e a sua realidade com o conhecimento

cientificamente produzido. Segundo Gramsci apud Mochcovitch (1990) e Callai (2003), as

representações do mundo que o senso comum permite são sempre ocasionais e desagregadas, são

formas de um conformismo imposto pelo ambiente exterior (ideologia dominante) e por outros

grupos sociais.

O professor tem uma tarefa importante a desenvolver, é garantir a unidade didática entre ensino

e a aprendizagem, num processo que contemple a atividade em atitude própria dos alunos,

objetivando a sua aprendizagem.

Qualquer atividade humana que desenvolvemos, desde o início da nossa vida e na sua

continuidade nos leva ao aprendizado, quando nos tornamos mais capacitados começamos a

aprender processos de pensamentos mais complexos, chegando a determinadas conclusões do que é

bom e necessário para a pessoa, principalmente nas tomadas de decisões, nas múltiplas experiências

de vida.

Quando frequentamos uma escola aprendemos muitas formas de pensar e agir que são

orientados dentro de um processo de ensino, repetidamente utilizado na vida cotidiana do sujeito

seja nas relações com a sociedade ou com seu espaço natural. Muitas atitudes, hábitos e valores são

resultado do ensino que vem de berço, muitas delas aprimoradas durante o processo de ensino da

qual está inserido.

A aprendizagem efetiva só acontece na vida escolar do aluno, quando o professor com a sua

influência mobiliza as atividades físicas e mental do educando através das matérias. Essa

assimilação ou apropriação do conhecimento bem como o processo de percepção, compreensão,

reflexão e aplicação se desenvolve no educando somente com a participação e orientação do

professor.

As matérias de ensino apresentadas aos alunos estão carregadas de formas de apreender e de

conhecimento, onde de forma geral apreendemos mentalmente os fatos e as relações do mundo

dependendo da concepção que temos, abrangendo o natural e o social através do processo de

ensino, obtendo resultado determinado, dependendo da compreensão e ampliação da realidade para

transformá-la conforme os interesses da sociedade ou não.

Estão presentes em nosso desenvolvimento níveis de aprendizagem, aqueles referentes a

sensações onde estão incluídos os processos de observação e percepção do que somos e do que

temos ao nosso redor, e aqueles de cognição, relação entre palavra e objeto, importante condição

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para a aprendizagem com os quais podemos pensar. Assim podemos descrever que:

As situações didáticas devem ser organizadas para o aluno perceber ativamente o objeto de estudo, seja de forma direta (ações físicas com as coisas do ambiente, ilustrações, demonstrações), seja de forma indireta pelo uso das palavras. (LIBANEO, 1991, pg. 85)

Nas relações entre objeto e fenômenos surgem compreensões formando conceitos mais definidos e

bem mais abrangentes, desprendendo do concreto tornando-a mais elaborada.

Muitos conceitos de caráter científico como o desenvolvimento intelectual verbal, são

apreendidos pelos alunos, resultando em uma comunicação de nível superior, ampliando a

capacidade de raciocínio do aluno. As várias formas de linguagens expressam as condições sociais e

culturais de vida das pessoas.

O ensino é um instrumento utilizado pelos professores na escola, que leva a um crescimento

intelectual dos alunos, abrangendo a apropriação de conhecimentos através de exercícios práticos,

despertando interesse em aprender.

O professor é um mediador no processo de ensino e aprendizagem e a apropriação de

conhecimentos pelos alunos e a sociedade, fazendo com que dominem esses conhecimentos

democratizando o saber beneficiando alunos na superação das suas condições sociais. O que não

pode acontecer no processo de ensino e aprendizagem é a memorização da matéria pelo aluno tendo

o professor como mentor desse processo. Cabe ao professor criar condições de apropriação de

conteúdos pelos alunos que leve a refletir sobre as contradições presentes na forma de organização

da vida em sociedade.

A T I V I D A D E – 3

1) É nesta atividade que teremos a apreensão do objetivo proposto no projeto, esta atividade terá o

seguinte formato:

Propomos a identificação do estágio atual de como se encontra a vegetação nativa da área de

estudo, as formas de substituição dessa vegetação pela mata exótica invasora, impetrando ações

através de aula de campo, utilizando-se do critério de grau de hemerobia proposto por JÁLAS

(1953, 1965 apud PROPPMAIR, 1989), Sukopp (1972) e conforme Fávero ET al (2004), após esse

processo como parte conclusiva a construção de um mapa que localize a presença das espécies de

vegetação exótica invasora na área de estudo.

Desenvolveremos uma análise hemeróbica da vegetação natural das imediações do colégio e área de

vivência dos alunos envolvidos, procurou-se dar uma ênfase maior a vegetação nativa local em

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relação a vegetação exótica invasora, segundo o grau de artificialidade/naturalidade de acordo com

o conceito de hemerobia. Fez-se a hierarquização hemeróbica, mediante as categorias de

naturalidades e artificialidades em cinco categorias: A, B, C, D, E., considerando a categoria A de

predominância de naturalidade e sucessivamente. Sukopp (1972) define hemerobia como a

totalidade de efeitos e ações, voluntaria ou não, do ser humano sobre os ecossistemas/paisagens e

classifica as paisagens em relação aos graus de naturalidade e de estado hemerobiótico: natural

(anhemerobiótico), quase natural (oligohemerobiótico), semi-natural (mesohemerobiótico), agri-

cultural (euhemerobiótico), quase-cultural (polihemerobiótico) e cultural (metahemerobiótico),

levando-se em consideração mudanças na vegetação e na flora (perda de espécies nativas).

Sendo assim, as interferências antrópicas na paisagem, como por exemplo, a substituição de

espécies de vegetação nativa por espécies de vegetação exótica invasoras, onde deverão ser

identificadas e consideradas na avaliação do grau de artificialização da área de estudo. Pretende-se

não uma avaliação da vegetação em termos biogeográficos, mas sim compará-la com o propósito de

verificar o grau de interferência antrópica responsável que levou ao seu afastamento da paisagem

natural.

DIFERENCIAÇÃO DOS PONTOS DE INTERFERÊNCIA ANTRÓPICA OU HEMEROBIA.

Para comparar o grau de interferência antrópica relacionada à implantação de espécies vegetais

exóticas e invasoras na área de estudo, estabeleceu-se uma classificação da paisagem em graus de

hemerobia de forma relativa, comparando os diferentes usos de coberturas entre si, optando-se em

não utilizar os termos sugeridos por serem de difícil compreensão e aplicação, apesar da ideia geral

ser a mesma, ou seja, procurando refletir sobre a intensidade da ação humana na paisagem natural,

as seguintes categorias ficam caracterizadas conforme segue:

Classe “A” Considerando alguns remanescentes como pinheiro do Paraná (Araucária Angustifólia),

a bracatinga, a erva-mate, a jabuticaba e outras, espécies de vegetação arbórea nativa da região,

pertencente a floresta ombrófila mista, espécies presente em quase toda área de estudo. Vegetação

alta preservada parcialmente, remanescente como o branquilho com maior presença na área de mata

ciliar. A provável explicação para o predomínio da naturalidade refere-se a propriedade particular

(imóvel vago) que permaneceu inalterado, mais distante do centro da cidade, o que favoreceu o

crescimento natural da vegetação nativa ou a conservação de espécies que sobreviveram a

exploração;

Classe “B” Nesta categoria observa algumas espécies nativas como a aroeira, a bracatinga, o

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pinheiro do Paraná etc. Nesta área podemos observar a retirada da mata nativa original para o

plantio da cultura do milho e outras espécies e também a construção de casas de moradia, em

função dessa urbanização, ocorreu a introdução de espécies exóticas e/ou invasoras como o

cinamomo, a Uva-do-japão, etc., encontramos também a vegetação arbórea e frutíferas, com

presença de bosques nativos em diferentes estágios de crescimento, permeados com alguns

remanescentes de araucárias, erva-mate, bracatinga, etc.;

Classe “C” Nesta categoria verifica-se a presença de um número maior de plantas exóticas e/ou

invasoras como exemplo o Pinus eliotti, o eucalipto e nos jardins o cedrinho, além de árvores

frutíferas como a laranjeira, a mimoseira, a macieira etc. Vegetação arbustiva com predomínio de

folhagens. Ainda resistem algumas araucárias. Essa área apresenta-se bastante modificada;

Classe “D” Predominância de artificialidades como desmatamentos, ocupação urbana mais intensa,

roçadas, sinais de queimada a existência da vegetação exótica como o eucalipto, o pinus, o álamo e

outros. A introdução de espécies arbustivas e arbóreas frutíferas exóticas como a laranjeira, a

bananeira, o abacateiro, podendo ser encontrado ainda algumas espécies de vegetação arbórea

frutífera nativa como a uvaia, jabuticaba, pitanga e outros;

Classe “E” Área praticamente impermeabilizada com pavimentação de algumas ruas, construção de

imóveis etc. Esta categoria apresenta predominância de vegetação exótica e/ou invasora, com lote

de reflorestamento de eucalipto, as espécies Pinus ellioti, cinamomo, Uva-do-japão, espalhado sem

controle por toda a área de estudo, além de encontrar vegetação arbustiva como Maria sem

vergonha (beijinho), espécies de cipéstre etc., está categoria é a mais artificializada ou exótica

possível encontrada na área de estudo.

No ano de 1933, o historiador José Cleto da Silva, apud (BUCH, 2007) já descrevia a quase

inexistência de Pinheiros e Imbuias na região. As árvores predominantes e principais eram:

“canjarana”, “cabriúva”, “tarumã”, “monjoleiro”, “amarelinho”, “angico”, “canafrista”, “cedro”,

“caneleira”, “louro”, “soita”, “guabiroba”, “jabuticaba”, “araçá”, “cereja”, “ipê”, “palmeira”,

“cambará”, “peroba”, “guamirim”, “cambuí”, “carvalho”, “chifre de carneiro”. Pela análise pode-se

constatar que alguns pontos da área de estudo, apresentam maior grau de hemerobia com

substituição da vegetação nativa pela exótica e/ou invasora, considerando a área de estudo participar

de acontecimentos como os ciclos econômicos da erva-mate e da madeira, da navegação, da

ferrovia, construção da ponte de ferro e construção do aeroporto intermunicipal.

Através desta classificação pretendeu-se não uma avaliação absoluta e independente, mas sim, uma

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comparação da vegetação nativa, com o propósito de ordená-las de forma relativa de acordo com

uma maior ou menor interferência antrópica que levou o afastamento de uma vegetação natural,

tornando-se uma vegetação exótica e/ou invasora monótona e quase homogênea. É por esse motivo

que a classificação do grau de naturalidade/artificialidade da vegetação muito alterada pelo ser

humano, não deve se preocupar em alcançar a perfeição, ou seja, deve-se considerar certo grau de

subjetividade.

Pretende-se envolver os educandos, através de aula de campo, na coleta de dados referentes a

contagem em números de espécies da vegetação nativa bem como da vegetação exótica invasora

distribuída por quadras dentro da área do bairro Sagrada Família da qual se encontra o Colégio

Estadual São Cristovão. Cada educando receberá uma mapa das quadras representativo da área de

estudo da qual farão a coleta destas informações, que serão posteriormente repassadas por eles, para

a elaboração do mapa.

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