Curso Completo de Sonorizacao Ao Vivo

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    Sonorizao ao vivo para Igrejas

    Sonorizao ao vivo para Igrejas

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    Sonorizao ao vivo para Igrejas

    ndice Geral:1 - A importncia do trabalho de sonorizao de Igrejas.....................................1

    2 - Organizao do louvor nas Igrejas............................................................... 6

    3 - Os 7 elos da corrente de sonorizao ao vivo (PA) ...................................... 11

    3.1 - Captao ................................................................................................................. 113.2 - Processamento......................................................................................................... 113.3 - Projeo.................................................................................................................. 123.4 - Interligao ............................................................................................................. 123.5 - Acstica .................................................................................................................. 123.6 - Operao................................................................................................................. 123.7 - O stimo elo da corrente: a parte espiritual ................................................................ 13

    4 - O primeiro elo: Interligao - Cabos .......................................................... 144.1 - Cabos utilizados em sonorizao parte geral ............................................................ 144.2 - Cabos utilizados em sonorizao parte especfica ..................................................... 194.3 - Cabo Paralelo: ......................................................................................................... 194.4 - Cabos Coaxiais:........................................................................................................ 204.5 - Cabos Balanceados (ou coaxial duplo ou Blindado Estreo):......................................... 214.6 - Multicabos ............................................................................................................... 224.7 - Casos Reais envolvendo cabos .................................................................................. 24

    5 - Conectores (ou plugues)........................................................................... 255.1 - Conectores XLR ou Canon......................................................................................... 255.2 - Conectores P10 (ou ) : ......................................................................................... 265.3 - Conector Combo ...................................................................................................... 295.4 - Conectores RCA ....................................................................................................... 295.5 - Conectores Speakon................................................................................................. 295.6 - Conectores Banana................................................................................................... 305.7 - Conector P2............................................................................................................. 315.8 - Adaptadores ............................................................................................................ 315.9 - Casos Reais envolvendo cabos e conectores ............................................................... 325.10 - Soldagem de cabos e conectores ............................................................................. 335.11 - Teste de cabos....................................................................................................... 38

    6 -Captao os Microfones ......................................................................... 416.1 - Vazamento de captao............................................................................................ 466.2 - Microfonia (Realimentao ou Feedback).................................................................... 466.3 - Efeito de Proximidade............................................................................................... 486.4 - Sibilncia e efeito PB ................................................................................................ 496.5 - Tipos de microfone quanto cpsula ......................................................................... 496.6 - Microfones de Lapela................................................................................................ 506.7 - Microfones Goosenecks............................................................................................. 526.8 - Microfones de mo................................................................................................... 54

    6.9 - Microfones Headsets................................................................................................. 576.10 - Microfones Earsets ................................................................................................. 586.11 - Microfones para coral.............................................................................................. 596.12 - Microfones Overs.................................................................................................... 616.13 - Microfones de estdio............................................................................................. 636.14 - Microfones especficos ............................................................................................ 646.15 - Microfones sem fio ................................................................................................. 656.16 - Teste de sonoridade de microfones.......................................................................... 676.17 - Casos reais envolvendo microfones .......................................................................... 68

    7 - Processamento de sinal ............................................................................ 737.1 - Caixas Amplificadas (ou Amplificadores Multi-Uso) ...................................................... 73

    7.2 - Cabeotes................................................................................................................ 747.3 - Cubos ..................................................................................................................... 75

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    8 - A mesa de som (ou Console ou Mixer) ....................................................... 768.1 - Viso Geral .............................................................................................................. 768.2 - Mesa Ciclotron srie MXS .......................................................................................... 778.3 - Entradas de microfone e de linha (MIC IN e LINE IN).................................................. 788.4 - Seo de equalizao de Agudo, Mdio e Grave.......................................................... 798.5 - Como equalizar ........................................................................................................ 818.6 - Potencimetro de Efeito (EFF) do canal...................................................................... 828.7 - Potencimetro de ajuste de Panorama (PAN).............................................................. 838.8 - Fader de volume de canal ......................................................................................... 848.9 - Seo Master ........................................................................................................... 858.10 - Faders de Master Left e Master Right (Master ou Main ou MIX) .................................. 858.11 - Luzes indicadoras Peak Level Master (PEAK ou CLIP ou OL) ....................................... 868.12 - Sada Rec Out (plugue RCA).................................................................................... 868.13 - Entrada CD/MD/Tape In (plug RCA) e Volume CD/MD/Tape In................................... 86 8.14 - Conectores Efeito Send e Return (plugues P10)......................................................... 878.15 - Conectores Master L OUT e Master R OUT (plugues P10)........................................... 878.16 - Phone (ou Headphone) - plugue P10 - e boto Phone Volume................................... 878.17 - Mesa Ciclotron srie AMBW ..................................................................................... 888.18 - Entrada MIC IN com plugue XLR.............................................................................. 898.19 - Entrada/Sada INSERT (plugue P10)......................................................................... 908.20 - Controle de Ganho (GAIN ou TRIM) ......................................................................... 918.21 - Regulagem de ganho.............................................................................................. 918.22 - Controle de Auxiliar 1 (MON monitor, Aux Pr)....................................................... 928.23 - Chave MUTE (ou MIX ou ON) .................................................................................. 938.24 - Chave PFL (ou SOLO) ............................................................................................. 948.25 - Controles de equalizao de graves e agudos por Master ........................................... 958.26 - Volume de Retorno do Auxiliar 2 Eff por Master ........................................................ 96 8.27 - Volume Master do Auxiliar 1 Monitor ........................................................................ 968.28 - Volume de Retorno do Auxiliar 2 Eff para Monitor...................................................... 968.29 - Luzes indicativas de sinal por Master (VU Meter)....................................................... 96

    8.30 - Controle de Volume de Rec OUT.............................................................................. 968.31 - Phone (plugue P10), Phone Volume e chave L/R Aux 1/PFL..................................... 96 8.32 - Sadas Balanced Main Outs (sadas dos masters), com plugues XLR............................ 968.33 - Sada Auxiliar 1 Monitor Out, com plugue P10........................................................... 978.34 - Entrada Stereo Auxiliar 2 Effect Return, com P10 por canal........................................ 978.35 - A srie CSM e CMC ................................................................................................. 978.36 - Sada Direct Out (plugue P10) ................................................................................. 998.37 - Chave de acionamento do Phantom Power ............................................................... 998.38 - Chave de corte de graves (LOW CUT) a 100Hz.........................................................1008.39 - Equalizao e Varredura de freqncia de mdios ....................................................1008.40 - VU Indicativo por canal, com 3 leds, incluindo led de sinal. .......................................101 8.41 - Chave Mute ..........................................................................................................1028.42 - Fader de volume do canal ......................................................................................102

    8.43 - Seo Master ........................................................................................................1028.44 - Utilizando mesas com Subgrupos (ou Submasters)...................................................1028.45 - Mesas de grande porte (ou Consoles)......................................................................1048.46 - Mesas com recursos integrados ..............................................................................1068.47 - Mesas Digitais (ou Consoles Digitais).......................................................................1078.48 - Casos reais envolvendo mesas de som....................................................................108

    9 - Teoria geral de udio e sonorizao......................................................... 1119.1 - O que som...........................................................................................................1119.2 - Caractersticas da Onda Senoidal ..............................................................................1129.3 - Frequncia ou Tom .................................................................................................1139.4 - Amplitude (ou Intensidade ou Volume) .....................................................................113

    9.5 - Comprimento de Onda:............................................................................................1149.6 - Fase de onda ..........................................................................................................1159.7 - Vibrao.................................................................................................................117

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    9.8 - Fundamentais, Harmnicos, Oitavas e Timbre............................................................1189.9 - Tessitura Musical.....................................................................................................1189.10 - Envelope do Som ..................................................................................................1209.11 - Decibel decibis (dB). .........................................................................................1219.12 - O decibel como fator de multiplicao .....................................................................1229.13 - Frequncias graves, mdias e agudas .....................................................................123

    10 - Equalizadores Grficos.......................................................................... 126

    11 - Compressores / Expansores / Limitadores / Gates ................................... 131

    12 - Amplificadores de potncia.................................................................... 13412.1 - Componentes dos amplificadores ............................................................................13412.2 - Consumo eltrico e potncia do amplificador............................................................13512.3 - Consumo eltrico e instalaes eltricas ..................................................................13612.4 - Parmetros e circuitos de proteo dos amplificadores..............................................13712.5 - Circuitos de Proteo .............................................................................................13712.6 - Painel Frontal de um Amplificador...........................................................................14012.7 - Atenuadores de Volume .........................................................................................14012.8 - Painel Traseiro de um Amplificador .........................................................................14112.9 - Entradas de sinal...................................................................................................14112.10 - Conexes para as caixas acsticas ........................................................................14212.11 - Comprando amplificadores ...................................................................................14212.12 - Casos reais envolvendo amplificadores ..................................................................143

    13 - Conexes e interligaes entre equipamentos......................................... 14413.1 - Mono x Estreo .....................................................................................................144

    14 - Projeo de Som .................................................................................. 14614.1 - Alto-Falantes.........................................................................................................14614.2 - Caixas acsticas ....................................................................................................14814.3 - Impedncia de caixas acsticas ..............................................................................15014.4 - Associao de caixas acsticas................................................................................151

    14.5 - Posicionamento das caixas acsticas .......................................................................15314.6 - Crossovers Passivos e Ativos. .................................................................................15614.7 - Queima de alto-falantes .........................................................................................15714.8 - Relao Potncia RMS x Sensibilidade da Caixa Acstica ...........................................15814.9 - Caixas Ativas.........................................................................................................15914.10 - Comprando caixas de som....................................................................................160

    15- Acstica............................................................................................... 16115.1 - Reverberao........................................................................................................16215.2 - Materiais absorventes e no absorventes.................................................................16315.3 - Arquitetura absorvente e no absorvente ................................................................16415.4 - Acstica de igrejas.................................................................................................164

    16 - Operao de Som................................................................................. 16516.1 - Responsabilidade...................................................................................................16516.2 - Dedicao.............................................................................................................16516.3 - Compromisso ou Comprometimento........................................................................16616.4 - Pontualidade.........................................................................................................16616.5 - Zelo e Organizao................................................................................................16716.6 - Planejamento........................................................................................................16816.7 - Estudo..................................................................................................................17016.8 - Ateno................................................................................................................171

    17 - Anexo II Bibliografia e Direitos Autorais............................................... 172

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    1 - A importncia do trabalho de sonorizao de Igrejas

    "De sorte que a f pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus." Rom 10:17

    Quando observamos esse versculo, a primeira pergunta a se fazer : o que quer dizer aexpresso "a f ?". No contexto em que a expresso foi apresentada, o apstolo Paulo estavafalando da pregao da Palavra. E prega-se a Palavra para aqueles que ainda no aceitaramJesus. Logo, o sentido da expresso que aqueles que no tem f vo passar a ter f. Voaceitar Jesus como seu nico Redentor, vo alcanar salvao.

    Ns temos 5 sentidos: audio, viso, olfato, paladar e tato. atravs dos sentidos que temoscontato com o mundo. Alguns sentidos so mais importantes que outros dependendo dasituao. A comida precisa ter gosto, paladar. Um perfume ativa nosso olfato. Paraatravessarmos uma rua, usamos a viso e a audio. Na igreja a mesma coisa. O trabalho daigreja fazer com que as pessoas tenham contato com Jesus, que as pessoas "percebam" que

    Jesus est vivo e pode ajudar a todos. E a Bblia d a receita de como fazer isso: pelo sentidoda audio, por ouvir a pregao da Palavra (seja em um hino, seja pela pregaopropriamente dita).

    Mas existem denominaes que "esquecem" desse versculo. H igrejas que acham que a fem Deus vem pelo sentido da viso. Ento constroem igrejas suntuosas, enormes, altssimas,todas em mrmore e granito, bancos forrados com veludo, altares de ouro. Luzes, efeitosespeciais, teles. No discordo que o sentido da viso importante, mas no ele que vaifazer as pessoas terem f.

    Existem denominaes que acham que a f vem pelo paladar. Fazem ento a "Campanha da

    Cesta Bsica" ou a "Noite do Sopo", distribuindo comida para as pessoas carentes. Pregam opo da padaria, a gua da concessionria. gua e comida na mesa so essenciais para asobrevivncia do corpo, mas no isso que a alma quer. No vem f pelo paladar.

    Outras igrejas acreditam que a f vem pelo tato, pelo que sentimos com as mos. Que melhorexemplo disso que o dinheiro? E h igrejas pregam que o dinheiro vai levar a pessoa a Deus.E tome sacolinha, envelope, pedido de contribuies. Quem pode dar 100,00? Quem pode dar500,00? "Olha gente, quem puder dar 1.000,00 t com lugar garantido no cu!" Ou entofazem o contrrio: pregam que Jesus vai dar bom emprego, carro, casa prpria (a chamada"Teologia da Prosperidade"). "Nem se preocupe em estudar, em trabalhar muito. Se entreguea Deus que voc vai ganhar riquezas" dizem. S que essas riquezas so aqui na Terra,

    enquanto a Bblia ensina a ajuntar tesouros nos Cus. Dinheiro bom e necessrio, mas no por isso que algum vai ter f ou no.

    Ainda no conheo igrejas que investem no sentido do olfato. Ainda...

    O caminho para as pessoas terem f um s: pela audio. pelo ouvir da Palavra de Deusque as pessoas vo crer, acreditar que Jesus pode transformar as suas vidas. pelo ouvir deuma Palavra Revelada, viva, cheia do Esprito Santo de Deus, que o homem vai se arrependerdos seus pecados e aceitar a Jesus como seu nico Salvador. Pode ser o templo mais suntuosodo planeta, pode oferecer o banquete que for, pode prometer rios de dinheiro. Se no houveruma mensagem que atinja o profundo da alma, a necessidade do homem, ento no vai haver

    f, no vai haver verdadeira salvao.

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    A mensagem muito importante, pois ela que alcanar os coraes. Mas vamos falar agorado meio de transmisso dessa mensagem, a forma dela conseguir alcanar as pessoas. Vamosfalar das pregaes da Palavra de Deus que acontecem nos templos, nas igrejas. certo queexistem templos pequenos, para algumas dezenas de pessoas, como tambm grandes templos,

    para milhares de pessoas. Para algumas dezenas, um pregador com voz potente com certeza

    no precisar de ajuda para se fazer ouvir. Mas quando crescemos para centenas ou milharesde pessoas, a voz humana no mais conseguir atingir a todos, e ser necessrio um reforoatravs de equipamentos. desse reforo - os equipamentos e sua operao - que queremosfalar.

    Aqui cabe um aparte - falamos em "pregador de voz potente". E todo pregador tem vozpotente? No! H pessoas cheias do Esprito Santo mas cujo falar no alcana sequer umadzia de pessoas prximas. Se no houvesse os recursos tecnolgicos - microfones,amplificadores, etc - com certeza essas pessoas nunca seriam pregadoras. Escolheramos os

    pregadores pela potncia de voz, e no pelo seu testemunho, pelo seu corao. No assimque Deus escolhe as pessoas. Saul foi escolhido porque era belo e o mais alto de todos (I

    Samuel 9:2). Mas a Obra de Saul no prosperou. Mas Davi foi escolhido por ter um coraosegundo o Senhor, e a Obra de Davi prosperou.

    Trabalhar com sonorizao nas igrejas algo maravilhoso. O operador de som no precisaabrir sua boca em nenhum momento, mas atravs do seu trabalho a mensagem levada paratodos os presentes. Concretiza-se o que est expresso no verso - a f vem pelo ouvir - e as

    pessoas alcanam salvao. Em resumo, o trabalho do servo no som salvar vidas para Jesus.Da mesma forma que o pregador precisa se preocupar com a mensagem a ser transmitida, ooperador de som vai se preocupar para que essa mensagem chegue de maneira bastanteinteligvel (de fcil entendimento) a todos os presentes. Evidentemente, quanto maior a igrejae o pblico, maior a responsabilidade do quesito sonorizao.

    muito difcil conseguir que as pessoas que no conhecem ao Senhor venham s igrejas.Algumas pessoas s vo aps insistentes convites. So muitas as dificuldades materiais eespirituais que se levantam contra isso. Mas nada pode ser pior que conseguir levar umvisitante igreja e depois do culto a pessoa comentar que no conseguiu ouvir, no conseguiuentender parte (ou mesmo tudo) do que foi falado.

    absolutamente normal um visitante, ao entrar em um lugar desconhecido, se sentar em gerall atrs, no fundo, onde tambm em geral a sonorizao mais deficiente, seja pelos

    problemas acsticos do lugar ou por deficincia nos equipamentos. E todos os esforosmateriais (convites, telefonemas, visitas) e espirituais (orao, jejum) empregados para

    conseguir levar essa pessoa igreja foram perdidos por causa de uma falha de sonorizao.

    Precisamos entender que o trabalho de sonorizao no meramente aumentar volume eapertar botes. Nosso trabalho salvar vidas para Jesus! E salvar vidas um trabalho demuita responsabilidade, que no pode ser feito de qualquer jeito. Pode e deve ser feito damelhor maneira possvel, com todos os recursos que pudermos dispor, com todo o cuidado.

    J vi dezenas de cultos que foram "arrasados" por causa de uma sonorizao deficiente.Cultos em que ningum entendeu o que foi pregado; cultos em que o Senhor se manifestouatravs de dons espirituais mas ningum conseguiu ouvir nada; cultos em que houve tantasmicrofonias irritantes (toda microfonia irritante) que as pessoas no conseguiram prestar

    ateno em mais nada. J imaginou ser cobrado por Deus por causa dessas situaes? Vidasque o Senhor queria alcanar mas que no pde por causa de problemas no som?

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    A responsabilidade do tcnico de som na igreja muito grande. O resultado do seu trabalhono s audvel, mas tambm visvel. Uma boa pregao aliada a uma boa sonorizao faz orebanho do Senhor crescer a cada dia. Mas igrejas que sofrem com sonorizao deficienteacabam perdendo almas.

    importante que cada tcnico tenha plena conscincia da a utilidade e importncia do seutrabalho, e essa primeira parte da introduo foi exatamente para isso. Entretanto, na prtica,infelizmente, so muito poucos os que reconhecem esse valor. Na maioria das igrejas a"sonorizao" ainda relegada a um segundo plano, sem muita importncia. encarado comomais um gasto, como um "ralo de dinheiro". Em geral, quanto menor a igreja, tambm menosimportante a sonorizao (evidente que h excees, igrejas que valorizam o som). Pode

    parecer difcil de acreditar, mas em muitas igrejas mais fcil conseguir dinheiro para umareforma qualquer (algo visvel) ou para a compra de novos instrumentos musicais do que paraum novo amplificador, uma nova mesa de som ou mesmo treinamento de operadores.

    Existem inmeros motivos para a falta de valorizao, falta de reconhecimento desse trabalho.

    Acontece tanto por desconhecimento da finalidade da sonorizao (salvar vidas para Jesus),como tambm pelo alto custo dos equipamentos. Um bom equipamento custa muito, muitodinheiro e assusta as lideranas da igreja. At questes de esttica tem mais importncia svezes que um bom som.

    A questo de dinheiro muito complexa em qualquer igreja, mas existem casos que parecemabsurdos. Certa vez fui em uma igreja e estranhei o fato do microfone de lapela do pregadorser branco, pois nunca vi um microfone de lapela dessa cor, apenas preto. A voz estava

    pssima, mal dava para entender alguma coisa. Aps o culto, fui l na frente, quis olhar omicrofone. Na verdade, o microfone era um LeSon ML-70, mas como havia quebrado acpsula, algum adaptou no lugar a cpsula de um desses microfones de computador (desses

    com haste grande, de plstico), que deve custar no mximo R$ 5,00. E esse "microfone"estava sendo usado j a muito, sem ningum reclamar. Segundo o operador, ele no conseguiu

    juntar o dinheiro necessrio para comprar um microfone novo (R$ 50,00, a igreja muitohumilde), e a soluo foi o "quebra-galho" que foi ficando, ficando. Ser que ouvir bem novale R$ 50,00?

    Outra coisa que influencia o "costume". Se sempre ouvimos msica em um "radinho depilha", nos acostumamos com esse som e achamos que esse mesmo som bom!!! Muitasigrejas tm som de "taquara rachada" e aceitam isso como um fato normal. Conheci umaigreja assim, e os membros simplesmente no achavam que precisavam investir nisso. Squando a liderana foi trocada e o novo pastor comprou um som melhor do seu prprio bolso

    que os irmos se deram conta do quanto eles estavam perdendo.

    s vezes a questo de esttica da igreja importa mais que a qualidade de sonorizao. Viviessa situao em dois casamentos em uma mesma igreja. Um na sexta-feira, outro no sbado.

    Na sexta, levei tudo de bom, incluindo duas caixas de som realmente boas para ficar no lugardas caixas existentes, muito ruins. O casamento foi perfeito, tudo certo, alto e claro, deu paratodo mundo dentro (e at do lado de fora) ouvir tudo perfeito. S que a igreja erarelativamente estreita, e as caixas de som que levei ficaram muito perto da decoraocolocada, pois no havia outro lugar. No outro dia, pela manh, o pastor da igreja metelefonou, pediu para eu retirar as caixas. "Qual o problema? O som ficou ruim?" - perguntei."No, foi timo, mas as irms reclamaram que as caixas tiraram toda a beleza da decorao.Ento acho melhor tir-las de l." - respondeu o pastor. Por mais que eu falasse que as caixas

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    que havia levado foram as responsveis pela boa qualidade de som, por mais que euargumentasse, prevaleceu a idia de que a f vem pelo ver, no pelo ouvir.

    Pior ainda a escolha dos operadores de som. Em absoluto as igrejas querem que membrosoperem os equipamentos. No h problemas nisso. O problema que som exige tempo,

    chegar cedo (o primeiro a chegar), sair tarde (o ltimo a sair), como tambm exigeresponsabilidade, dedicao, zelo, organizao, estudo, ateno. E os adultos (em geral, osmais responsveis) nunca tm tempo. So todos ocupados com trabalho, com famlia. Sobra

    para quem a operao do sistema? Jovens, adolescentes. Inclusive, em algumas igrejas aescolha feita assim: quem tem aptido vai tocar instrumentos. Quem tem voz boa vai cantar.Quem no serve para essas duas funes ("mais nobres", no entender de muitos) "sobra" e vai

    para o som. H algo mais humilhante que isto?

    J vi um caso de um garoto de 11 anos cuidar do som de uma igreja com 400 pessoas. Aindapor cima ele se sentava no pior lugar possvel, na parede ao lado do plpito, sem retorno desom algum. O garoto confessou-me estar ali por exigncia do pai, um dos responsveis pela

    igreja. Que se pudesse largava aquilo na mesma hora, dava muito problema e todo mundoreclamava. Se som j complicado por si s, imaginem quando feito com m-vontade!

    E operadores de som no so formados da noite para o dia. Alm de qualidades, o tcnicoprecisa ter conhecimento, estudo. Um pregador precisa estudar a Bblia, conhec-la bem, e elefaz isso antes de subir ao plpito para pregar. Um msico precisa tambm conhecer bem seuinstrumento musical. Um cantor precisa conhecer muito bem as nuances da msica que vaicantar. Todos se preparam muito antes de pregar, tocar ou cantar. E o operador de som? Serque d para ser apenas um aumentador de volume e apertador de botes? Ser que uma leiturado manual do equipamento ser suficiente? Tanto quanto os pregadores, os msicos e oscantores - talvez at mais que eles - o tcnico de udio precisa conhecer muito bem o que est

    fazendo, precisa estudar, precisa se aprimorar.

    Apesar disso, so rarssimas as igrejas que possibilitam treinamento em udio para os seusoperadores. Na maioria dos casos, simplesmente escolher uma pessoa (uma vtima) ecoloc-la para operar os equipamentos, e cobr-la por resultados. Como o engenheiro de udioDavid Distler diz muito bem, "nas igrejas a escala do som a escola do som".

    Mas a despeito de todas essas situaes e de toda a falta de importncia para com asonorizao das igrejas, as cobranas por causa de problemas existem, so implacveis. Deumicrofonia? Repreenso no pessoal do som. Ningum conseguiu entender nada? "Culpa do

    pessoal do som".

    Tenho por costume visitar sempre que posso lojas de equipamentos de sonorizao. Vi umacena terrvel: uma igreja queria trocar sua antiga mesa (simples) por uma Behringer Xenixnova, com muito mais recursos. Estava ali um homem mais velho, que pagou o equipamento,e um jovem. O vendedor deu 10 minutos de aula para o rapaz sobre a mesa, e ao final ohomem perguntou: "Entendeu tudo?" Sem esperar resposta j disparou "Hoje noite vamosus-la no culto". Dez minutos e querem que o operador saiba tudo do equipamento?

    Trabalhar no som duro, difcil mesmo. O reconhecimento zero, o trabalho enorme.Quantas vezes carreguei (e ainda carrego) caixas de som pesadssimas enquanto vrios outrosrapazes prximos s olhavam. Rarssimas vezes algum me ofereceu ajuda, na maioria das

    vezes precisei conseguir algum "a lao". Quantas vezes fui o ltimo a sair da igreja depois deum culto de casamento, quando todo mundo j estava na festa?

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    O trabalho invisvel, s "aparece" quando d problema. idntico ao trabalho de juiz defutebol: no existe juiz famoso, nem ganhando rios de dinheiro como os jogadores, mas o juizcorre tanto quanto os outros jogadores (at mais, pois ele "joga" em todas as posies).Quando a arbitragem boa, nem uma nota sequer no jornal. Quando erra, ningum perdoa."Time X prejudicado por causa da arbitragem" uma notcia comum de se encontrar.

    Trabalhar com som exatamente assim.

    No raro, as pessoas desistem. Se olharmos as dificuldades todas, desistimos mesmo. Eutambm cheguei prximo disso. Cansei das reclamaes, da falta de apoio, cansei de fazer omeu melhor possvel, mas ningum valorizar isso. Busquei ao Senhor e pedi a ele umaPalavra para o meu corao, que estava dodo, machucado mesmo. E o texto que tive naBblia foi o seguinte: Jeremias 31:16: "Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz de choro, e aslgrimas de teus olhos, porque h galardo para o teu trabalho, diz o Senhor". Entendi orecado. De homens nunca vir nada, mas do Senhor no vo faltar as bnos.

    Se houvesse um personagem bblico para os operadores de som, eles seriam os "Valentes do

    Rei Davi". Davi teve centenas de milhares de soldados, mas apenas 37 tiveram seus nomesregistrados na Bblia. Esses fizeram coisas grandiosas para que o reinado de Daviprevalecesse. Arriscaram suas vidas por amor ao Rei. Trabalhar no som exige dedicao, emuitas vezes vamos ter que fazer sacrifcios para que tudo saia correto. preciso amar essafuno, pois s com amor esquecemos as dificuldades. No devemos esperar reconhecimentode ningum, mas devemos ter certeza que o Rei dos Reis reconhece o nosso esforo.

    Os valentes de Davi no recuavam diante da adversidade. Enfrentavam-nas, venciam-nas. Opessoal do som precisa tambm vencer as dificuldades. Mostrar a todos o valor que asonorizao nas igrejas deve ter. Ensinar os pregadores, msicos e cantores a como utilizar osseus microfones, os recursos disponveis; convencer as lideranas da igreja a investir em

    equipamentos, resolver problemas com vizinhos, tudo isso so batalhas enfrentadas todos osdias. A Bblia no cita, mas os valentes - como soldados que eram - treinavam muito antes das

    batalhas. Hoje, treinamento essencial para o operador de udio conseguir um bom resultado,e os servos envolvidos nesse trabalho precisam buscar aprender sobre o assunto. Estudarmesmo. Esta apostila e o manual dos equipamentos da igreja j so um bom comeo.

    Mas nunca, nunca se deixar abater pelo desnimo. Quanto maior a luta, maior ser a beno.No seu reinado Davi enfrentou muitas dificuldades e batalhas. Mas ao fim de seus dias,quando Davi foi passar o seu reino para Salomo, ele chamou a Zadoque, o sacerdote, a Nato profeta e a Benaia, o maior dos seus valentes. A misso deles: levar Salomo montado emcima da mula do rei por todo o Israel e apregoar um grito: Viva o Rei! Hoje ns no som

    fazemos o mesmo. Passamos lutas e dificuldades, mas com a certeza de que, com a graa deDeus (o sacerdote) e junto com o Esprito Santo (o profeta), vamos apregoando Viva o ReiJesus!

    Tambm temos que dar esse brado: Viva o Rei! VIVA O REI ... quando for necessriocarregar e montar o som sozinho... VIVA O REI, quando os outros viram o microfone para afrente da caixa, d microfonia e todo mundo olha para o cara do som... VIVA O REI... quandoa gente tem que tirar dinheiro do prprio bolso para comprar pilhas e baterias, cabos,conectores... VIVA O REI... quando todo mundo j foi embora, ou esta l lanchando... foi

    para a festa do casamento.... e ns estamos desmontando o som.... VIVA O REI JESUS!

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    2 - Organizao do louvor nas Igrejas

    O louvor uma das colunas de sustentao de qualquer igreja, no importando adenominao. A palavra "sustentar" empregada no sentido de salvar vidas e as manter na

    igreja. Atos 2:47 nos comprova isso: "Louvando a Deus e caindo na graa de todo o povo. Etodos os dias acrescentava o Senhor igreja aqueles que se haviam de salvar".

    O louvor constitudo por diversas pessoas, em diversos grupos que interagem entre si. So 3os grupos envolvidos com o louvor da igreja:

    a) Grupo de Msicos (ou Instrumentistas): responsveis por tanger os instrumentos.

    b) Grupo de Louvor (ou Coral): so os cantores. Usam suas vozes para louvar ao Senhor.

    c) Grupo de Som: so os responsveis por operar os equipamentos de som da igreja.

    Ajustam os volumes e equalizam os instrumentos e os microfones, para que oresultado final seja suficiente para todos ouvirem e agradvel, harmonioso.

    Note que as vrias denominaes tem nomes diferentes para tais grupos/equipes, mas osentido o mesmo. Da mesma forma, a maioria das igrejas tem um responsvel para cadaequipe e um responsvel geral para a parte de louvor (chamado de maestro, diriginte,ministro, etc).

    Esses 3 grupos devem trabalham em conjunto e harmonia. Um depende do outro. No h somse no houver quem toque e cante. Da mesma forma, s msica (sem ningum cantando) podeficar at belo, mas no transmite mensagem nenhuma. E cantar sem instrumentos pode at

    ficar bom, mas logo cansativo e ningum agenta muito tempo assim.Os grupos so dependentes entre si. No h grupo mais importante que o outro. O trabalho em conjunto. Tanto em conjunto que, quanto mais as pessoas de um grupo conhecem otrabalho do outro, melhor ficar o desempenho do louvor como um todo. E at normalencontrarmos uma pessoa que faa parte simultaneamente de dois, ou at dos 3 grupos. Uminstrumentista que tambm conhece canto muito melhor que um que s conhece seuinstrumento. Quem conhece canto sabe tambm o tom do hino em relao s vozes. Damesma forma, um cantor que conhea de instrumento pode tambm sugerir arranjos, detalhes.

    Quanto ao operador de som, ele pode ser uma pessoa que entende apenas dos seus

    equipamentos, e com isso ele conseguir fazer um servio bem razovel. Mas se o operadortambm conhecer vozes e instrumentos, ser um operador muito melhor. Um bom operadorsabe que A canta lindo, mas tem pouco volume de voz. Ento receber um microfone commais sensibilidade, mais volume. De outro lado, B desafinado, e canta fortssimo, ento ovolume do seu microfone ser bem baixo (s vezes, zero mesmo). Tambm saber que C estcom o violo desafinado, e abaixar o volume deste. E que D ainda um msico aprendiz,

    precisa estar com volume baixo, que E faz a base do louvor, e precisa ter mais volume que osoutros, etc.

    O trabalho do tcnico de som "colocar ordem" na casa, ajustando os volumes, fazendo comque todo o conjunto soe harmonioso. O operador precisa se preocupar em atender s

    necessidades dos msicos e cantores, mas tambm atender ao pblico. Um dos trabalhos dos

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    operadores ensinar ao outros como utilizar os equipamentos da melhor forma (por exemplo,como segurar o microfone) e at mesmo dizer o que possvel ou no possvel de ser feito.

    Tudo isso s se aprende com treino, muito treino. E onde treinamos? Nos ensaios. nosensaios que conhecemos as vozes, as facilidades e deficincias de cada um, como tambm as

    caractersticas dos instrumentos e da forma particular de cada msico tocar. Quanto maisensaios, mais treinado o ouvido do operador ficar. nos ensaios que tcnicas novas soensinadas e problemas que aconteceram sero corrigidos. Todo esse esforo resultar emmelhores resultados no louvor na igreja como um todo.

    A Bblia diz em Atos 4:32 o seguinte: "E era um o corao e a alma da multido dos quecriam, e ningum dizia que coisa alguma do que possua era sua prpria, mas todas as coisaslhes eram comuns".

    "Todas as coisas lhes eram comuns..." exatamente isso que todo o pessoal envolvido emlouvor precisa entender. O trabalho de um influencia diretamente no resultado do trabalho do

    outro. Se todos trabalharem bem, o trabalho individual de cada um ser melhor e at mesmomais fcil de ser feito. Mas mesmo com inmeros ensaios, com avisos e alertas dados pelosresponsveis pelas equipes ou mesmo pelo ministrio da igreja, s vezes encontramos umarelao conflituosa entre as pessoas envolvidas com o louvor.

    O primeiro fator que gera conflito entre as partes envolvidas no louvor o nvel deconhecimento tcnico da pessoa. Basicamente, o fato do msico tocar bem seu instrumento,do cantor saber cantar bem e do tcnico de udio saber operar bem seus equipamentos. Porincrvel que parea, nas igrejas existem muitos msicos, cantores e operadores sem o mnimode conhecimento tcnico necessrio para a funo.

    Quem nunca viu um instrumentista que toca um violo completamente desafinado e elemesmo o ltimo a notar isso? E cantores que desafinam mas acham que cantam muito bem,os outros que esto errados! E operadores de som que sentem-se "mais perdidos que cegoem tiroteio" diante dos inmeros botes dos equipamentos? Essas situaes so comuns, masno deveriam ser.

    absurdo ver msicos que tocam j a alguns anos mas que ainda no conhecem seus prpriosinstrumentos. Tecladistas que ficam perguntando "onde que liga o pedal?", "onde que ligao cabo que sai o som?". Tambm tem o caso do baixista ou guitarrista que o tempo todo fica

    pedindo "Pe mais grave". "Tira agudo", "Aumenta o volume". E a maioria dos baixos eguitarras tem volume e controle de tom, s que os prprios usurios no sabem disso! J fizsom com bons msicos que, aps uma regulagem inicial, usavam insistentemente essesrecursos do prprio instrumento, e no havia a menor necessidade de se mexer nos seus canaisna mesa de som durante todo o evento. Isso trabalho em equipe.

    Um operador de som precisa ter noes mnimas sobre seus equipamentos. Quando dou aulassobre sonorizao, uma das perguntas mais comuns de pessoas que j cuidamde som nassuas igrejas sobre como equalizar corretamente - Agudo , Mdio e Grave. Uma das funesmais primordiais e tambm das mais desconhecidas... Tambm costumo perguntar quem jleu os manuais dos seus equipamentos. Menos de 10% levantam a mo. Uma pena.

    O problema de desconhecimento do equipamento muito mais srio para o operador de somdo que para o msico. Se o msico no conhece bem seu instrumento o mximo que vaiacontecer no obter o resultado desejado. J se o operador no conhecer seu equipamento,

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    poder at mesmo causar danos aos aparelhos. Quem nunca viu um canal queimado porqueum instrumento foi ligado na entrada de microfone?

    Para o cantor, conhecer o seu "instrumento" (o microfone) pode ser de grande valia. Se oscantores tiverem noes de diagrama polar e de como uma microfonia causada, com certeza

    a vida do operador de som seria muito, muito mais fcil. Quem nunca viu um cantorpraticamente "apontar" o microfone para a caixa e ainda por cima achar que isso normal? Eo efeito de proximidade pode gerar sonoridades excelentes, mas os cantores precisamconhecer o funcionamento desse efeito para aproveit-lo. papel do operador de som ensin-los a se portarem diante do "instrumento" microfone. At mesmo o modo de repous-lo nocolo ou na cadeira ou banco importante. Isso trabalho em equipe.

    Outro ponto de conflito so msicos "surdos". Qual operador de som nunca reclamou que A eB so absolutamente "surdos", e querem os seus volumes muito mais alto que os dos outros?A parte de monitor de som para os msicos fruto de conflitos srios entre o sonoplasta e osmsicos. Os msicos querem mais, mais, mais volume, e o operador quase nunca pode dar

    tudo o que eles querem. Problemas na parte de monitorao podem causar at atritos entre osprprios msicos. Conheo uma jovem violonista que fala que "quando C toca, eu no querochegar nem perto do palco". Ele toca to alto que eu nem consigo me ouvir".

    Por incrvel que parea, esse problema de fcil soluo. O uso de fones de ouvidoindividuais pode acabar completamente com esse problema, tendo um custo relativamente

    baixo de implantao. Muitos msicos no conhecem essa soluo, que precisa ser levada aeles pelos tcnicos de udio. Isso um exemplo de trabalho em conjunto: o operador atuando

    para resolver um problema individual dos msicos e - com isso - melhorando todo o grupo.

    Um eterno motivo para conflito a (ir) responsabilidade com os equipamentos e instrumentos

    musicais. Aqui os cantores se salvam, pelo fato de no terem instrumentos/equipamentos paracuidar. Tenho alguns exemplos absurdos de irresponsabilidade.

    Conheo uma igreja que tem 4 violes. Quebrou a corda de um, algum tempo depois quebroua corda de outro, algum tempo depois quebrou a corda de outro, algum tempo depois quebroua corda do ltimo. E a no tinha mais violo. Detalhe: havia jogos de corda novos guardadose todos cientes disso. No havia era boa vontade para trocar as cordas. Teve que o pastor daigreja intervir para que algum se animasse para resolver o problema.

    Uma igreja para 150 pessoas tinhas 5 amplificadores. Dois Ciclotron DBK 720 em uso, umDBK 1500 com defeito, um DBK 2000 com defeito e um DBK 1500 "de reserva", guardado

    na caixa ainda. Conversando com o "responsvel" pelo som, ele sempre achou que o consertodos amplificadores devia ser muito caro, e no compensava, ento preferiu pedir paracomprarem novos logo. Detalhe: ele nem levou os equipamentos na autorizada para saberqual o problema. Pedi para ele deixar os amplificadores comigo, e levei para um tcnicoamigo. O DBK 2000 tinha queimado um CI de R$ 1,00. J o DBK 1500 estava com problemanos jacks P10 de entrada e sada, gastei R$ 8,00 para trocar. Gastei R$ 9,00 para recuperarequipamentos no valor de R$ 1.500,00.

    Um problema srio, principalmente em eventos fora da igreja, a desorganizao pessoal.Isso acontece muito com msicos. Mais uma vez, os cantores so privilegiados, pois andamsempre com seus equipamentos (cordas vocais), no os esquecendo em lugar nenhum.

    Quantas vezes vi os msicos levarem seus instrumentos com acessrios eltricos (pedaleiras,cubos, teclados, etc), mas no levavam sequer uma nica extenso de energia nem pilhas. Ou

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    ento levavam o teclado e esqueceram o suporte. J vi essas cenas inmeras vezes, e a osmsicos ficam pedindo para o pessoal do som providenciar uma extenso, uma mesa, etc. Emeventos o operador de som j tem inmeras coisas para fazer e ter que ajudar osdesorganizados algo penoso. Duro ver algum carregando um teclado de 2.000,00 reais eno ter uma msera extenso de energia de 10 metros e 15,00 reais no case.

    Mais um ponto de conflito: os "folgados". H gente que acha que os operadores de som soseus empregados. J ouvi inmeras vezes de alguns msicos "Vocs no trouxeram o meuinstrumento? Eu j avisei: "cuido de som, no de instrumentos. J tenho muito de som paracarregar."

    Aconteceu uma viagem de evangelizao para o interior do Estado. Um nibus iria levar opessoal. Cheguei cedo, fui levar os equipamentos e um rapaz que iria viajar para cuidar dosom. Chegamos cedo, antes do nibus e tiramos as coisas de som do carro (caixas, mesa,amplificador, cabos). As pessoas foram chegando, deixando suas malas, seus instrumentos,tudo ali perto. O nibus chegou, e junto com o rapaz coloquei as coisas no bagageiro e fui

    embora. Ele entrou no nibus e se acomodou. Aps algum tempo, com o nibus pronto parapartir, algum do lado de fora guitou "Ei, e essas coisas aqui?". Eram os instrumentosmusicais. Um dos msicos perguntou "Ei, voc do som, no vai guardar os instrumentosno?" O meu amigo respondeu "Sim, os meus equipamentos j esto guardados. Aqueles alno so meus". O pastor repreendeu nos msicos.

    Costumo ficar triste com os cantores. Qualquer evento fora da igreja envolve pelo menos umadezena de vares tenores e baixos (ou at bartonos). Terminado o evento, h um monte deequipamento para desmontar e os mesmos simplesmente fazem que no com eles. Tenhoque ficar pedindo ajuda, insistindo e muitos se negam a ajudar. "Vai sujar a minha roupa", jouvi, como se a minha roupa pudesse sujar e a dele no. duro e triste. Depois de se carregar

    mais de 100kg de equipamentos sozinho ou em dois, d um desnimo danado e uma vontadede desistir enorme. Alis, muitos ficaram pelo caminho porque som uma profisso ingratamesmo, neste aspecto de carregar peso e ningum querer ajudar.

    Outro conflito: comprometimento com os cultos e eventos. comprometimento com Deus,no com homens. Um tcnico de udio sabe que o primeiro a chegar e o ltimo a sair daigreja. Da mesma forma, os msicos e cantores precisam chegar cedo tambm. A passagemdo som antes do evento algo muito importante para o resultado sonoro. Costumo dizer que,se passar o som antes, tudo dar certo (as microfonias sero corrigidas, etc). Se no passar osom, s Deus...

    Muitas vezes os instrumentistas e cantores nos deixam em uma enrascada. Eles chegamfaltando minutos para o incio do culto/evento, e ainda querem ligar seus instrumentos /microfones. A somos ns operadores de som que nos levantamos e nos movimentamos para

    passar os cabos, pedestais e equipamentos. A o pblico que j chegou olha a situao e pensaque a falha nossa. H algum tempo no fao mais isso. J deixo cabos, microfones e at

    pedestais do meu lado, e caso necessrio eu passo para eles sem sequer me levantar dacadeira. Imaginem a cena de um pedestal passando por cima da cabea de um monte de gente.

    Vida de cantor sempre mais folgada. Pode chegar mais tarde que o msico, mas tem genteque abusa! O cantor vai fazer solo e chega faltando 3 minutos para o culto. E como ficou a

    passagem de som? No teve passagem de som! Depois d microfonia ou fica ruim e a culpa

    de quem: do sonoplasta! dureza. Comunique ao responsvel pelo louvor da igreja, situaesdessas no podem acontecer.

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    Um outro conflito que pode existir a questo de ego pessoal. D pena, mas j viinstrumentistas que no se "bicam" e no tocam juntos nunca, como tambm cantores queficam oprimidssimos porque no so escolhidos para fazer um solo na igreja, ou ento a"turma do contra", gente que s sabe colocar dificuldade em tudo. Reclamam dos hinosescolhidos, dos responsveis, dos msicos, dos cantores. Gente que atua nos bastidores, nas

    "conversar ao p do ouvido", etc. Gente que s quer tocar nos cultos mais importantes, porquestes de visibilidade. No vou entrar em detalhes porque quem trabalha com louvor nasigrejas provavelmente j presenciou isso. Mas que ficamos tristes ao ver isso, ficamos. Ficoimaginando como eles vo conseguir cair na "graa do povo" (Atos 2:47) se no conseguemnem sequer cair em graa uns com os outros. Depois a igreja comea a perder vidas eningum sabe o motivo.

    At mesmo entre tcnicos de som de uma mesma equipe h problemas. Claro que existemgente mais experiente ou menos, mais paciente ou menos, mais competente ou menos. Masque os mais experientes ensinem os mais novos. Que o mais paciente ensine o impaciente.Que o competente ensine ao que est aprendendo. Adianta ficar reclamando porque o culto foi

    um "festival de microfonias"? J aconteceu, no tem como voltar atrs. Mas tem como ensinara evit-las no futuro.

    Somos homens e passveis de falhas, mas temos a incrvel capacidade de aprender com nossoserros. Todos esses problemas que geram conflitos diversos entre os integrantes do louvor daigreja podem ser corrigido. Falhas tcnicas precisam de correes tcnicas, investimento emequipamentos, treinamentos. Algumas atitudes ruins precisam de novas atitudes.Responsabilidade pode ser ensinada e deve ser cobrada. Comprometimento da mesma forma.

    No basta ensinar msica nem canto nem sonorizao, mas tambm organizao,planejamento, soluo de pequenos problemas.

    E para terminar, vamos relembrar: o trabalho de um influencia diretamente no resultado dotrabalho do outro. Se todos trabalharem bem, o esforo individual de cada um ser melhor eat mesmo mais fcil.

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    3 - Os 7 elos da corrente de sonorizao ao vivo (PA)

    Ao considerarmos um sistema de sonorizao ao vivo (sistema de PA), vale a pena antes fazeruma abordagem geral que nos proporcionar uma compreenso mais abrangente do sistema

    de PA total.

    Antes de qualquer coisa, cabe a pergunta: O que um PA?

    O termo originalmente vem das palavras "Public Address" que no Ingls eram empregadaspara se referir a um sistema de som endereado (address) a um pblico (public). Maisrecentemente convencionou-se utilizar o termo "Performance Audio" em referncia aossistemas de sonorizao de shows e eventos mantendo-se, ainda a convenincia de podermosutilizar a sigla PA.

    Assim, quando aparecer nesta apostila a expresso PA, ela indica um sistema de

    sonorizao ao vivo, no importando se dentro de uma igreja, auditrio, ginsio ou qualqueroutro lugar, tambm no importando o tamanho do pblico.

    Dada a introduo, vamos anlise geral dos componentes de um PA. Todo PA compostodas seguintes reas:

    Captao Interligao;

    Processamento Acstica;

    Projeo Operao

    Existe uma interdependncia entre cada uma destas reas de modo que poderamos ilustr-lascomo uma corrente de seis elos. Cada um dos elos tem particularidades e exigeminvestimento. O que no se pode investir demais em uma rea e abandonar outra, pois afora de uma corrente medida pelo seu elo mais fraco.

    3.1 - Captao

    Envolve a captao de sons. Nesta parte vamos nos preocupar com os microfones, sua seleoe posicionamento. A idia otimiz-los, de modo que o som que eles enxergam (captam) sejade fato uma representao fiel da voz ou instrumento que desejamos amplificar. importanteque se faa bem a captao, pois no h como recriar ou consertar o som que no foi bemcaptado. Por ser a captao o primeiro dos elos ela que vai determinar a qualidade a sermantida em todos as demais etapas da nossa corrente de sonorizao.

    3.2 - Processamento

    Feita a captao, os sinais chegam mesa de mixagemonde tem incio o seu processamento.Nesta fase o som passa por todos os aparelhos: equalizadores, compressores, crossovers,gates,etc., at chegar nos amplificadores.

    Aqui, a qualidade dos equipamentos, o correto uso e at a ordem de ligao dos mesmos

    afetar o som. Saber aproveitar os recursos disponveis da melhor forma possvel essencialna vida do tcnico de udio.

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    3.3 - Projeo

    realizada pelas caixas de som, que iro projetar o som amplificado para o pblico.

    A qualidadedas caixas de som algo to importante quanto a qualidade dos microfones.

    Caixas de som ruins tero um som tambm ruim embolado, sem nitidez, sem brilho oupeso. No se consegue diferenciar os vrios instrumentos e vozes.

    O posicionamento das caixas acsticas tambm igualmente importante. O mauposicionamento pode criar zonas sem inteligibilidade, onde ningum situado nessas zonasconseguir entender o que est sendo falado ou cantado. Alm disso, o mau posicionamento

    pode gerar problemas de realimentao nos microfones a microfonia. Por ltimo, as caixastm ligao direta com a acsticado local a reverberao.

    3.4 - Interligao

    a parte que trata dos cabos e conectores, que faro a conexo dos equipamentos uns com osoutros. Existem cabos e conectoresadequados para usos especficos em sonorizao, e o usoinadequado deles pode estragar totalmente o som.

    Cabos e conectores so quase sempre menosprezados, mas so a maior fonte dos problemasem um sistema de PA. Em caso de falhas, so os primeiros e principais suspeitos.

    3.5 - Acstica

    O som projetado pelas caixas acabar sendo alterado pela acstica do ambiente. Quantomenor e mais uniforme for a alterao, melhor a acstica. A acstica do lugar a responsvel

    pela existncia da chamada reverberao - uma srie de rpidos reflexos do som que seconfundem com o som original, atrapalhando a nitidez e a compreenso da palavra falada oucantada e que, portanto, devem ser evitados ou minimizados.

    Saiba que muitos problemas de acstica so resolvidos com a mudana da posio das caixasde som, outros so resolvidos simplesmente com a alterao da distribuio de volumes pelascaixas, e algumas situaes se resolvem at com a diminuio da quantidade delas. Tambm

    possvel melhorar a acstica com o uso de materiais que aumentam a absoro do ambiente.

    3.6 - Operao

    a parte relacionada com o tcnico de udio, o operador do sistema de som. Quanto partetcnica, o elo mais importante de todos. Os equipamentos, por melhor que sejam, notrabalham sozinhos. uma pessoa que vai operar, fazer tudo funcionar. o elo maisimportante pois ser o responsvel por todos os outros elos, fazendo tudo funcionarconvenientemente. claro que equipamentos bons trazem bons resultados, mas somente sealgum souber aproveitar os recursos.

    Costumo dizer que prefiro um bom operador com equipamento mais simples, do qual ele vaitirar o mximo possvel, do que um operador inexperiente com equipamento de ponta. O bomoperador sabe at onde ir, evita as microfonias, faz o possvel. J o inexperiente...

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    3.7 - O stimo elo da corrente: a parte espiritual

    Quando uma empresa faz a sonorizao de uma palestra, um evento qualquer, um show, elatem que se preocupar com 6 elos da corrente, referentes ao aspecto material da sonorizao.Mas dentro de uma igreja, existe mais um elo para nos preocuparmos. Existe o inimigo das

    nossas almas, que est sempre a nossa volta procurando brechas e falhas. So as potestadesmalignas, as opresses deste mundo. O inimigo no gosta da pregao da palavra de Deus, eonde ele puder atuar para atrapalhar, ir faz-lo, e a parte de som um dos seus locaispreferidos para atacar.

    Cabe ao servo do Senhor que opera som nas igrejas ter o cuidado para estar com a sua vidaespiritual "em dia" com o Senhor. No basta ter os melhores equipamentos e os maioresconhecimentos sobre sonorizao. Tambm necessrio cuidar do testemunho pessoal, serum servo de orao, jejuns e madrugadas. Tudo isso importante na luta contra o maligno.Precisamos pedir livramentos ao Senhor para esse trabalho, que muito visado pelo inimigo.

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    4 - O primeiro elo: Interligao - Cabos

    Sempre todos esto ansiosos para aprender sobre mesa de som, microfones, amplificadores,etc. Mas o incio de tudo precisa ser sobre os cabos e conectores utilizados em udio.

    possvel algum imaginar que cabos e conectores no meream grande ateno, mas em umculto ou evento, teremos uma mesa de som, alguns amplificadores, algumas caixas e dezenasde cabos, com diversos tipos de conectores.

    Exatamente pela grande quantidade deles, e por serem os componentes mais frgeis, grandea chance de problemas. A maioria dos problemas de som (tiros, estalos, rudos, barulhos,falhas) causada pela utilizao de cabos ou conectores inadequados ou em mau estado.

    Engana-se quem no compreende, valoriza e cuida dos seus cabos e conectores, pois, emboracustem muito menos que os outros componentes, a utilizao de cabos imprprios oudefeituosos pode ter efeitos que vo desde a degradao da qualidade do som at a queima

    dos aparelhos a que estiverem ligados!

    Vamos dividir o estudo em duas partes. A parte geral abrange caractersticas comuns a todosos cabos. E a parte especfica aborda cada um dos tipos.

    4.1 - Cabos utilizados em sonorizao parte geral

    Que os cabos interligam os diversos equipamentos, ns j sabemos. Mas o que elesconduzem? Conduzem sinais eltricos, gerado por microfones e instrumentos at a mesa desom, desta para outros equipamentos, at chegar aos amplificadores e da s caixas acsticas.Da mesma forma que a energia eltrica 110V ou 220V, o sinal eltrico de som tambm tem

    Positivo, Negativoe at Terra, e tambm medido em Volts e Watts.

    Saiba que os sinais eltricos gerados por equipamentos de som so de voltagem bem baixa.Microfones e instrumentos geram sinais na casa dos miliVolts (menos que uma pilha

    pequena). Os sinais mais fortes* so gerados pelas sadas dos amplificadores e situam-se porvolta de 25 a 30 Volts.

    *Existem amplificadores com sadas na faixa dos 70V a 120V. No so utilizados emsonorizao profissional, mas sim em instalaes onde existem dezenas ou centenas de caixasde som distribudas, como grandes lojas, shoppings, aeroportos, etc.

    Caractersticas gerais dos cabos:Apresentamos a seguir caractersticas comuns a todos os cabos, sejam de energia ou desonorizao.

    Tipo de condutor de cobre - existem condutores slidos, formados por um nico fio decobre, quando chamado ento de fio rgido, ou na forma de cabo flexvel(na verdade vriosfios slidos bem finos - filamentos - formando um conjunto mais grosso). Em sonorizao, oscondutores utilizados so sempre flexveis, pois precisam ser enrolados e desenrolados. Fiosrgidos no so recomendados, mas at podem ser utilizados, desde que somente emtubulaes e conexes fixas, como canaletas ou eletrodutos. Se ficarmos mexendo muitoem um fio rgido, a tendncia dele se partir, pois no agenta trao mecnica.

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    Nesta apostila vamos apresentar a seguinte terminologia: chamaremos de "cabos" um fio comconectores instalados. O cabo sem conectores ser chamado de fio. Dentro de um fio

    poderemos ter um ou mais "condutores".

    Nmero de condutores como o sinal eltrico sempre formado por um positivo (ou fase) e

    um negativo (ou neutro), os fios utilizados em sonorizao sempre tero pelo menos doiscondutores. Mas muitas vezes so necessrios fios com 3 condutores, sendo o terceirocondutor utilizado para malha (ou terra).

    Bitola ou dimetro do condutor de cobre existem cabos finos e grossos. A diferena estna capacidade que esses fios tm de conduzir mais ou menos energia (mais ou menos Watts).Os condutores podem ser finos quando transportam pouca energia (ou por pouca distncia),mas precisam ser grossos quando transportam muita energia (ou por longas distncias).

    Daqui j se tira uma regra prtica: os cabos que vo ligar as caixas de som em umamplificador de 2.000 Watts no sero os mesmos cabos para fazer a ligao com um

    amplificador de 200 Watts. Quanto maior a potncia, maior ter que ser a bitola.Da mesma forma, uma extenso eltrica para ligar potentes amplificadores ter que ser maisgrossa que a extenso utilizada para a ligao de instrumentos (teclados, pedaleiras, etc).

    Existem duas normas para indicar a bitola de condutores: a americana, indicada pela siglaAWGe a norma ABNT, em que os cabos so medidos em milmetros quadrados. Na normaAWG, quanto menor o nmero, mais grosso o condutor. Um condutor 24AWG mais finoque um condutor 20AWG. Na norma ABNT, indica-se assim: 0,30mm2, 0,18mm2, 1,5mm2,4mm2, etc. Quanto maior o nmero, mais grosso o condutor.

    Resistncia ou Impedncia quando o sinal eltrico (eltrons) vai passar por um condutor,ele no faz isso de forma fcil. Os eltrons encontram uma resistncia, e isso faz com que umaparte do sinal eltrico se perca em forma de calor. Isso ruim, pois no chega tanto sinal aofinal quanto entrou. Se o fio for muito menor que o indicado, as perdas com certeza afetaro oresultado esperado.

    A regra geral que: quanto mais grosso (maior bitola) o fio for, menos resistncia haver. Aresistncia medida em Ohms, cujo smbolo . O tamanho do cabo tambm influencia.Quanto mais comprido maior a resistncia. Assim, sempre que possvel use cabos com amaior bitola possvel.

    J deu para perceber que bitola e impedncia dos condutores so fatores inter-relacionados.Cada tipo de uso exigir uma bitola diferente. Isso depender da potncia aplicada e docomprimento do cabo. Esteja sempre atento esses fatores.

    Isolao isolante o nome daquela borracha que envolve o fio, a capa externa. Quando ofio utilizado para energia eltrica, o isolante precisa agentar uma certa voltagem e umatemperatura que no so encontradas em sonorizao. Logo, o fio eltrico possui um isolantemais resistente que os fios de sonorizao. Estes, por sua vez, podem aproveitar as baixasvoltagens e temperaturas para terem isolantes mais maleveis, bons para serem facilmenteenrolados e dobrados.

    Dica prtica: fios voltados para o mercado eltrico podem ser utilizados em sonorizao,mas so difceis de manejar. Fios especficos para sonorizao so de fcil manejo, masno podem ser utilizados para energia eltrica.

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    Blindagem os sinais eltricos entre alguns equipamentos de sonorizao to baixo, masto baixo, na casa de poucos miliVolts (1 Volt dividido por 1000) que passam a sofrerinterferncias eletromagnticas causadas por sinais de rdio, TV e celular existentes naatmosfera, ou por motores eltricos prximos (ar-condicionado, elevadores, etc). Assim, oscabos precisam ser construdos de uma forma que o sinal trafegue protegido por uma

    blindagem.

    Essa blindagem feita com algum tipo de proteo metlica, tal como enrolar os condutoresem papel alumnio ou ainda fazer um condutor interno envolto por outro condutor externo(um fio dentro de outro fio), ou uma soma dessas solues. Dependendo do uso, se cabos

    blindados no forem usados, o resultado sonoro ser qualquer coisa menos o som desejado.

    Identificao dos cabos existe uma norma ABNT que obriga os fabricantes a colocaremcertas informaes gravadas no prprio fio. As informaes vo da marca do fabricante, otipo (ou uso) e at a sua bitola. Veja na prtica:

    1. RFS Brasil kmP AF Sonorizao 1P 22AWG (nota: 1P = 1 par de condutores)2. RFS Brasil kmP AF Sonorizao 1C 0,28mm2 (nota: 1C = 1 condutor)3. SC30 Supercord Santo ngelo microfone cable 2 x 0,30mm2 - NOV/20054. Tiaflex cabo para guitarra 0,30mm25. Condutti Microfone / Guitarra (udio Freqncia) 0,33mm26. Condumax PP 2 x 2,5mm2 750V7. High Grade Professional Microfone/Guitar Cable8. CES High Grade Professional Low Noise Cable

    Veja que os fios brasileiros (1 a 6) tm a marca RFS, Santo ngelo, Tiaflex, Condutti,Condumax; a utilizao (sonorizao, AF = udio freqncia, microfone, guitarra, PP = cabo

    paralelo de energia eltrica) e a bitola. O primeiro dos cabos bem mais antigo, ainda

    expressa a bitola em AWG. J o cabo da Santo ngelo recente, expressa at a data defabricao.

    As bitolas (em milmetros ou AWG) so referentes ao(s) condutor(es) interno(s). Nos fiosblindados, a malha de blindagem no recebe indicao de bitola (que sempre maior que abitola do condutor interno). Veja que 2 x 0,30mm2 indica haver dois condutores internos,enquanto 0,30mm2 indica somente um condutor (como se fosse 1 x 0,30mm2).

    O fio 6 para uso em energia eltrica. Note que a voltagem suportada de 750V, muito almdo encontrado em sonorizao.

    Agora, veja os fios 7 e 8. A traduo seria Cabo profissional de alta qualidade paramicrofone ou guitarra e CES cabo profissional de alta qualidade e baixo rudo. Qual abitola? Quem fabricou? Alta qualidade? So fios importados, que variam de norma, padro equalidade.

    Dica prtica: os fios que seguem a norma ABNT e tem selo do INMETRO so bons.Desconfie dos fios que no so fabricados no Brasil. Existem alguns excelentes, mastambm existem ruins. Na dvida, escolha um fio de fabricante renomado, como RFS ouSanto ngelo.

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    Trao mecnica caracterstica de o fio suportar trao - ser puxado, torcido, pisado,esmagado, etc. Tem a ver com a qualidade dos isolantes externos e internos. Existem fios comdupla isolao, com isolante reforado, com isolao prova de gua; alguns vm com cerdasde nylon ou algodo internamente, que aumentam a resistncia. Os fios utilizados emsonorizao no apresentam essa caracterstica explicitamente. Entretanto, na minha

    experincia pessoal, tenho visto que algumas marcas resistem bem mais que outras. Marcasrenomadas costumam ser melhores. Infelizmente, s a prtica pode mostrar isso.

    Vrias dicas prticas sobre fios e cabos:

    Apresentamos a seguir dicas prticas referentes a parte geral de cabos.

    - Nas casas de materiais eltricos possvel encontrar alguns dos fios utilizados emsonorizao, mas no todos. O certo comprar em uma eletrnica. Nelas encontramos todosos tipos de fios, inclusive alguns feitos para o mercado eltrico.

    - possvel comprar cabos prontos, mas tambm fcil comprar as peas (o fio e osconectores) e mont-los. A escolha depende inteiramente do bolso e do conhecimento desolda do comprador. A diferena entre comprar um cabo pronto e montar um pode chegar a50% de economia, mesmo usando exatamente os mesmos materiais. Uma solda bem feita emmateriais bem escolhidos pode perfeitamente gerar um cabo de padro profissional. Mas sequem for montar o cabo no souber fazer uma boa solda, prefervel comprar um j montado.

    Est com o dinheiro curto e no sabe fazer solda? Pergunte na eletrnica onde comprar omaterial se no tem algum que possa montar os cabos para voc. Quase sempre tem. Faaum teste e, se ficou bom, ento compre outros dessa mesma forma.

    - Os fios so feitos para durar anos e anos, mas tambm no so eternos. J vi cabos utilizadosem eventos em uso por 10 anos. Se estiverem dentro de tubulao, vo durar mais ainda.

    - Para durarem mais, os fios devem sofrer o mnimo de trao mecnica. Sempre que possvel,os fios devem estar embutidos na parede ou em canaletas, para no sofrerem trao mecnica.Se for possvel instalar a tubulao, no desperdice a chance. J cabos que so usados emeventos precisam de manuteno constante. Por sofrerem muito com traes, comum orompimento do cabo em alguma parte, principalmente prximo aos conectores. At mesmo aforma de dobrar o cabo pode romp-lo. Cabos no so feitos para serem dobrados em ngulosde 90 ou menos, eles vo se partir.

    - Nas igrejas, possvel aproveitar os mesmos condutes de energia eltrica para passartambm os cabos de sonorizao. Desde que se respeite o uso correto de cada tipo especficode fio (paralelos para caixas de som, coaxiais para instrumentos, balanceados para microfones

    conforme veremos adiante), podem-se embutir os cabos de sonorizao em canaletas,condutes ou eletrodutos, junto com energia eltrica, telefonia, antenas ou rede decomputadores, sem problemas de interferncias (no recebe nem emite interferncias). Claroque um caminho exclusivo ser melhor, para evitar que a manuteno de outra coisa estragueoutra.

    - Por causa da resistncia eltrica do fio, o ideal que o cabo tenha o menor comprimentopossvel. Teoricamente. Na prtica, tenha sempre em mente uma sobra. muito melhor sobrar

    comprimento de fio no final do que faltar alguns metros, o que vai gerar um enorme trabalhopara emendar ou substituir.

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    - Em um sistema de sonorizao, com certezas teremos dezenas de cabos instalados, a maioriada mesma cor (em geral, preta). Mas s vezes precisamos descobrir que cabo est ligando oqu aonde. Costumo identificar meus cabos assim: coloco pedaos de fita Durex (ou fitaisolante) colorida, nos conectores ou prximo, nas duas pontas do cabo, de forma que eu saibaqual o cabo somente olhando a cor dessa fita. De longe d para ver. A pena que no h

    tantas cores disponveis no mercado.

    Algumas pessoas usam etiquetas com nmeros ou texto, mas no gosto. De longe no d paraler. Alguns fabricantes de conectores j os fazem com cores, facilitando a identificao. Eutambm mantenho um nico cabo de cor diferente dos outros, reservado para uma funomais importante, como o microfone do cantor solo.

    - Quando for adquirir fios, saiba que a maioria das lojas vende-os a metro, mas o bom comprar a pea inteira (100 metros) e conseguir bons descontos. Se uma pea muito gasto

    para voc, procure outras igrejas e compre em conjunto.

    Erros mais comuns sobre cabos:- No os deixe no caminho das pessoas, onde o mesmo ser alvo de chutes, empurres, etc.,ou onde at mesmo colocar a segurana das pessoas em risco tropees, quedas. Passe seusfios sempre pelo local onde menos haver trfego de pessoas. Se necessrio, prenda o fio comfitas adesivas no cho ou no rodap, etc.

    - Nunca deixe os cabos esticados no exato tamanho: tenha sobra. Para uma caixa de som,deixe alguns metros sobrando junto da caixa (devidamente enrolados e escondidos atrs dacaixa). s vezes, na hora do evento, necessrio mudar a posio de uma caixa, e essa sobraser til. O mesmo acontece com microfones. Esses cabos devem ter sobra, pois as pessoas

    podem precisar mudar de lugar, um cantor pode precisar passar o microfone para outro, etc.Entretanto, lembre-se que, em caso de sobra de muito fio, a sobra maior deve estar junto doequipamento de som e no junto s pessoas.

    - No deixe os fios em baixo de objetos pesados, pois os mesmos podem ser esmagados. Duascoisas so fatais para os fios: ps de cadeiras ou bancos e sapato feminino de salto alto.Todos concentram grande peso em uma pequena rea do fio. Em geral, o fio se rompe logonessa parte que sofreu o peso, mas a capa externa estar intacta ( feita de borracha, agentaser torcida e dobrada sem danos). Observe a existncia de um calombo no fio. onde o fioest rompido.

    - comum o cabo romper logo aps o conector. Porque exatamente nesse lugar que o caboser mais retorcido, dobrado e virado. Nas mesas de som em que de som em que o plugue ficana vertical, em cima da mesa, o peso do cabo o faz arrebentar a.

    - Nunca se deve retirar um cabo conectado a um equipamento puxando pelo fio, mas sim pelocorpo do plugue, que feito para isso. O ato de puxar o cabo submete-o a um esforo para oqual no foi projetado, o que pode acarretar em rompimento dos fios internos, ou ento - atmais provvel que acontea - rompimento da solda do cabo no conector.

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    4.2 - Cabos utilizados em sonorizao parte especfica

    Essa parte introdutria apresentou caractersticas que sero encontradas em qualquer tipo decabo, para qualquer tipo de uso, seja energia ou sonorizao. Visto isso, agora necessrioentrar nos tipos de cabo. Existem vrias formas de se fabricar cabos, com essa ou aquela

    caracterstica especial. Mas saiba que, para cada uso, um tipo de cabo ser o mais adequado.A escolha errada pode fazer com que o seu cabo funcione como uma antena, captando todosos rudos de rdio e tv que circulam pela atmosfera e os inserindo no seu sistema de P.A.como rudo ou coisa pior (em alguns casos, a interferncia perfeitamente audvel). Jimaginou as vozes do pregador e do locutor da rdio saindo pela caixa de som? Pois isso no raro de acontecer.

    Os tipos de cabos mais utilizados em sistemas de PA so:

    Paralelo

    Coaxial Simples

    Coaxial Duplo (ou Balanceado ou Blindado duplo ou Blindado Estreo)

    Vamos estudar cada um deles. fundamental conhec-los muito bem.

    4.3 - Cabo Paralelo:

    O fio paralelo o tipo mais barato, mas no tem nenhum tipo de blindagem. Basicamente sodois condutores que so presos juntos, um ao lado do outro (um paralelo ao outro). Esses fiosdevem ser utilizados, em sonorizao, apenas onde o nvel de sinal eltrico sejasuficientemente elevado para que os sinais eletromagnticos presentes na atmosfera (TV,

    rdio, celular, etc.) no apaream. E nveis elevados de sinal eltrico s so encontrados entrea sada dos amplificadores e as caixas de som (aproximadamente 25 a 30 Volts).

    As extenses eltricas domsticas so bons exemplos de uso de fios paralelos. Entretanto,para sonorizao, melhor que os condutores tenham cores diferentes (o que raro emenergia eltrica). Embora no imprescindvel, cada fio ter uma cor facilita a identificao dos

    plos positivo e negativo, e isso tem uma grande importncia, principalmente na ligao dascaixas de som (estudaremos isso adiante). Em sonorizao, o mais comum o uso de fioschamados de bicolor, preto e vermelho ou "flamenguinho".

    Os fios paralelos so muito usados em instalaes fixas das igrejas, quando estaro dentro de

    condutes ou canaletas. Para quem realiza eventos externos, necessrio um fio que suportemelhor as traes mecnicas, e o fio paralelo bicolor tem pouca resistncia. Nesse caso, deve-se utilizar um tipo especial de fio paralelo, que alm do isolante individual de cada condutor,ainda tem uma terceira camada de isolante. So chamados de fio PP. O fio PP mais caro queo fio paralelo normal, mas muito mais resistente.

    A escolha do cabo paralelo certo to importante que os fabricantes de amplificadores citame do dicas do uso correto nos manuais, e isso por um motivo simples: fios finos demais (debitola insuficiente) podem causar perda de at 30% na potncia de um amplificador. A

    potncia perdida pelo cabo na forma de calor, deixando de ser aproveitada na forma de som.Pode parecer incrvel, mas por causa de erros na utilizao de fios inadequados, um

    amplificador muito potente pode ter o mesmo resultado que um amplificador menor (e maisbarato) usando os cabos corretos para ligao com as caixas.

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    Todos os fabricantes de amplificadores colocam nos manuais uma tabela com a indicao dabitola dos cabos indicadas para uma determinada potncia e comprimento do fio. No deixede consult-la.

    Cabo paralelo com capa protetora (cabo PP), de 2,5mm2 de bitola

    Erros mais comuns:

    - Como o fio paralelo mais barato em relao aos outros (coaxial, balanceado), algumas

    pessoas fazem a instalao de sonorizao somente usando esse tipo. Mas ele no temblindagem, e corre-se o risco de captar os sinais eletromagnticos do ambiente e o fio atuarcomo se fosse uma antena. No mnimo, pegam rudos, mas em algumas igrejas jpegaram coisa muito pior. Ele realmente s pode ser utilizado na ligao entre as caixasacsticas e os amplificadores.

    - Nunca, passe energia eltrica (110V, 220V) por um cabo paralelo do tipo "flamenguinho".Eles no foram feitos para suportar as altas tenses encontradas em energia eltrica. J oscabos PP so cabos feitos para uso em eletricidade, ento prprios para isso.

    -Um problema srio: um cabo de ligao entre amplificador e caixas de som que esteja

    defeituoso (em curto circuito, por exemplo), vai trazer problemas srios. O som sair"rachando" e, se insistirmos no uso, poder haver danos ao equipamento. Existemamplificadores que so "inteligentes" e desligam o canal em curto circuito e outros que cuja

    proteo queimar o fusvel do aparelho, parando de funcionar. Muito cuidado aoconfeccionar e utilizar cabos entre amplificadores e caixas acsticas. J imaginou issoacontecendo no meio de um culto?

    4.4 - Cabos Coaxiais:

    Fios coaxiais recebem este nome por serem compostos de dois condutores - um central e outroque o envolve. Como ambos tm o mesmo centro (eixo axial), recebem o nome co+axial. Ocondutor central (que conduz o sinal positivo) protegido pelo condutor externo, quefunciona como blindagem, e conduz o sinal negativo. O condutor externo tambm chamadode malha. As interferncias eletromagnticas que atingem o fio ficam presas no condutorexterno, que s conduz o retorno dos eltrons (sinal negativo).

    Como o fio apresenta blindagem, ele apto a transportar sinais eltricos de baixa voltagemtais como: de instrumentos musicais para mesa de som, ligao entre equipamentos (mesa desom, equalizadores, amplificadores). Nesses casos, a voltagem do sinal varia de 250 miliVoltsa 2,5 Volts.

    Esses fios tambm podem ser utilizados com microfones (nvel de sinal entre 30mV e 77mV).Muitos fabricantes de microfones mais simples at os vendem acompanhados de fios dessetipo. O problema que a malha faz parte do caminho necessrio ao sinal (conduz o sinal

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    negativo). Logo, as interferncias que foram captadas por este condutor externo, poderoacabar se misturando ao udio e at mesmo sendo ouvidas quando a sua intensidade forsuficiente. Esses fios so aceitveis em sistemas no profissionais, com comprimento menorque 10 metros. Mais que isso, arrisca-se captao de rudos.

    Da mesma forma, o fio coaxial tambm pode ser utilizado para ligao entre caixas acsticase amplificadores, desde que as potncias envolvidas sejam pequenas (100 a 200W RMS) eprincipalmente as distncias sejam pequenas, at 10 metros, como por exemplo a ligao decaixas de retorno. Mas esteja ciente que, por causa de sua bitola ser pequena, a perda sergrande. Para saber se as perdas do fio esto atrapalhando, "escute" o resultado dessa ligao.Se o volume desejado no foi alcanado, deve-se utilizar cabos paralelos de bitola maior.

    Cabo Coaxial repare que o condutor externo envolve totalmente o interno

    Erros mais comuns:

    - Nunca, nunca passe energia eltrica (110V, 220V) por um cabo coaxial. Eles no foramfeitos para suportar as altas tenses encontradas em energia eltrica.

    - No tente usar microfones com cabos coaxiais grandes, mais de 10 metros. Existe risco docabo virar uma "antena", igual aos paralelos.

    - No se pode utilizar cabos coaxiais em sistemas que exigem a presena de Phantom Power(mais detalhes adiante).

    4.5 - Cabos Balanceados (ou coaxial duplo ou Blindado Estreo):

    um tipo de fio coaxial que tem no seu centro no um, mas dois condutores, sempre em coresdiferentes, revestidos por uma malha o condutor externo. Os condutores internos carregamos sinais positivo e negativo, e a malha serve como aterramento. Qualquer interfernciacaptada pelo cabo fica presa na malha e vai para o aterramento no afetando o sinal de

    udio. Essa configurao proporciona uma melhor blindagem do que o fio coaxial, onde amalha carrega o sinal negativo. Mas isso tambm o torna um fio mais caro que os outros tipos.

    So os microfones os maiores beneficiados por este tipo de fio. O seu nvel eltrico detrabalho muito prximo do nvel das interferncias eletromagnticas encontradas naatmosfera, e somente o uso de cabos balanceados prov a proteo realmente necessria.

    Sistemas de sonorizao profissional (com maior compromisso com a qualidade) exigem ouso desse tipo de fio, na ligao entre microfones e a mesa de som e at mesmo na ligaoentre equipamentos, como da mesa de som para perifricos (equalizadores, compressores) eamplificadores. So os chamados sistemas balanceados, onde a chance de captao de rudo

    externo ser mnima.

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    Muitos chamam-no de fio estreo, pois permite transmitir um sinal neutro comum (atravs damalha) e dois sinais positivos distintos, um em cada condutor interno. Apesar dessa funoexistir realmente, em sonorizao profissional rarssimo se utilizar o fio dessa maneira.

    Cabo Coaxial Balanceado. Alm da malha, ainda h uma cobertura de papel alumnio.

    Erros mais comuns:

    Sistemas balanceados exigem fios balanceados e conectores balanceados (tambm compositivo, negativo e terra). O erro mais comum pegar um cabo balanceado e colocarconectores P10 no balanceados (s tem positivo e negativo). errado porque um cabocoaxial que custa menos poderia fazer exatamente o mesmo servio (o mesmo nvel de

    proteo), s que com economia.

    4.6 - Multicabos

    s vezes necessrio passar muitos fios de uma s vez e por longas distncias, como entre osmsicos no palco e uma mesa de som situada no meio do pblico ou nos fundos do local.

    Nessa situao, a passagem de vrios fios inconveniente, trazendo problemas de manejo,

    como por exemplo: fica muito grosso para passar atravs de canaletas ou tubulaes,possibilidade de embolar, identificao difcil, etc.

    Para solucionar isto, existem no mercado multicabos, que nada mais so que vrios fiosbalanceados reunidos em um isolante s. Os conjuntos todos possuem cores diferentes, cadaum tem seu terra e ainda cada um envolto em uma fita semelhante a papel alumnio, para

    proteger o sinal de cada conjunto. Existem modelos com 4, 6, 8, 12, 16, 20, at 60 vias (sendocada via um conjunto completo de condutores positivo, negativo e terra).

    utilizado para a montagem de medusas, um tipo de extenso especfica para sonorizao,com conectores machos XLR ou P10 numa ponta e uma caixa com conectores fmeas XLRou P10 na outra. Multicabos e medusas se prestam para conectar microfones e instrumentos mesa de som, mas tambm podem interligar equipamentos (mesa e amplificador, etc) queestejam distantes entre si. Funcionam basicamente como uma grande emenda.

    As medusas permitem que uma maior maleabilidade quanto colocao dos cantores einstrumentistas em relao aos equipamentos de som. Pode-se afastar a mesa de som para uma

    posio mais cmoda ou mais fcil de monitorar.

    sempre interessante ter medusas disponveis. Entretanto, o custo das mesmas muito, muitoalto. O metro do multicabo, a caixa de conexes e os conectores tornam as medusas de valormuito elevado.

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    Medusa montada. Caixa de um lado com conectores fmea, plugues macho na outra ponta.

    Erros mais comuns:

    - Os fios de um multicabo so extremamente finos; logo, no so adequados a transportar o -sinal de um amplificador at caixas de som. No utilize, no s por causa das perdas, as altas

    potncias podem at mesmo derreter o isolante e com isso o multicabo inteiro pode ficarimprestvel.

    - Os cabos de um multicabo so muito finos e prximos e a soldagem precisa ser excelente.

    Estes sos os principais tipos de fios utilizados em sonorizao ao vivo.

    Dicas prticas de fios e cabos (parte especfica):

    - Tenha cabos pequenos, mdios e grandes. Eles sero utilizados de acordo com anecessidade. Quem estiver mais prximo da medusa ou da mesa de som ficar com os cabos

    pequenos, assim como quem estiver mais afastado ficar com os cabos grandes.

    - Para quem faz muitos eventos fora das igrejas (praas, escolas, etc), prefervel ter somentecabos grandes. A razo simples: em um evento, voc no ter tempo para descobrir que umcabo pequeno demais, que precisa fazer uma emenda, etc. Mesmo que o microfone esteja aapenas 5 metros da mesa de som, melhor ter um cabo de 10 metros que pode ser recolhidono seu excesso do que um cabo de 4 metros que no alcanar ou ficar muito esticado.

    - interessante se ter uma maior quantidade de cabos do que o necessrio, para no caso de emqualquer emergncia termos uma alternativa fcil e rpida. A idia a seguinte: tenha 30%mais cabos de microfone e P10, e tenha 20% mais cabos de caixas de som. Vai ligar 4 caixasde som? Ento tenha mo 5 cabos, de diferentes tamanhos. Vai ligar 10 microfones? Tenhano mnimo 13 cabos. essencial ter sobra de cabos.

    - Teste seus ca