CSO 089 – Sociologia das Artes Aula 6 – 09/04/2012 [email protected]...
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Theodor W. Adorno (1903-1969)
• 1924 – Instituto de Pesquisa Social - Escola de Frankfurt (Félix Weil).
• Estudos sobre a sociedade mesclando empiria e filosofia em marxismo inovador (1931).
• Max Hokheimer (diretor), Herbert Marcuse, Walter Benjamin, Theodor Adorno.
• Em 1934 IPS se muda para a Suiça, depois para os EUA.
• Adorno: Trabalhos sobre música, artes em geral e filosofia.
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Dialética do Esclarecimento (1947)
• Texto colaborativo entre Adorno e Horkheimer.• Tese central: procura compreender o modo
pelo qual a razão burguesa, ao combater o mito de modo irrefletido, converte-se em mito sem deixar de se apresentar como razão.
• Origens mitológicas do domínio da natureza (pavor dos fenômenos naturais, consciência da diferenciação do homem para outras espécies, auto-preservaç ão).
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Mito e Racionalidade
• Possuem origem comum e continuidade: “No lugar dos espíritos locais e demônios entrou o céu e sua hierarquia; no lugar das práticas de conjuração do feiticeiro e da tribo, o sacrifício bem qualificado e o trabalho dos não-livres mediados pelo comando”.
• Teorias viram “crenças”, necessitando ser derrubadas.
• Intervenção irrefletida sobre a natureza (o progresso inexorável é a regressão inexorável).
• Repetibilidade da ciência (explicação mitólógica).
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Iluminismo
• Preocupação é com critica interna ao Iluminismo, à cobrança de suas promessas, de seus princípios, não de antirracionalismo.
• “Se o Iluminismo não incorporar a reflexão sobre esse seu momento regressivo, então ele estará selando seu destino”.
• Iluminismo se propôs a combater o medo; no entanto, ele é presa de seu medo, o de sua verdade (a de que ele contém o mito). Daí o progresso desenfreado da Razão, irrefletido, autodestrutivo da humanidade.
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Odisséia: símbolo da Razão atada
• Ulisses, o mastro, a cera, as sereias e a auto-conservação.
• Demostração de pânico relacionado às forças da natureza, que podem destruir o ego ocidental em seu início (não devemos nos entregar à vida, sob risco de recairmos na pré-história, na pré-civilização).
• Ouvidos abertos para ouvir, membros impedidos para agir: situação dos senhores, dos escravos e das massas.
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Alto grau de civilização, alto grau de barbárie
• “A regressão das massas hoje é a incapacidade de ouvir o inaudito com seus própios ouvidos, de poder tocar com suas próprias mãos o intocado, a nova forma de cegueira, que substitui toda aquela derrotada, mítica”.
• Questão é decifrar a manutenção ideológica da dominação da imensa maioria por uns poucos no capitalismo monopolista, isto é, de como o sistema se mantém.
• Aqui entra a análise da indústria cultural e de sua função em tal sociedade.
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Indústria Cultural
• Termo “Indústria cultural” une dois elementos aparentemente díspares: um relacionado à serialidade, outro à unicidade.
• Ideía de Adorno e Horkheimer era justamente a de se contrapor ao termo “cultura de massa”, “arte de massa” ou “arte popular”, usuais no período e amiúde elogiadores de tal estado de coisas.
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Sistema Ideológico Unificado
• Pretenso “caos cultural” não se verifica com o declínio da religião.
• Surge em seu lugar um sistema de cooptação ideológico composto pelo cinema, rádio e revistas ilustradas, que formavam um todo. Não há possibilidade individual que retroaja sobre a totalidade social.
• “Até mesmo as manifestações estéticas de tendências políticas opostas entoam o mesmo louvor do ritmo de aço. As decorativas sedes de administração e representação da indústria são muito pouco diferentes nos países autoritários e nos outros”.
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Só se dá o que o povo quer?
• Projetamos algo para além de nossas funções metabólicas e reprodutivas: fato.
• Padronização e baixo nível dos produtos culturais seriam apenas reflexo do que o público deseja?
• Círculo de manipulação se cala sobre o fato de que meios tecnológicos, de propriedade e a concentração de capital forjaram o “baixo nivel” das massas e o mantêm.
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Capitalismo Liberal – Capitalismo Monopolista
• Telefone era liberal (pessoas desempenhavam papéis de sujeitos); rádio “democrático” (meros ouvintes; não há réplica). E a televisão (obra de arte total às avessas)?
• Indústria cultural é criação do capitalismo em sua era monopolista, quando lei de “oferta e procura” tornou-se mera ideologia.
• IC é dependente de ramos econômicos mais fortes, que lidam com a infra-estrutura. Todos estes ramos, no entanto, imbricam-se entre si.
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Classes A, B, C…
• Produtos da IC são guiados pelo consumo: a qual camada social ele pode corresponder e ser consumido?
• Hierarquia de qualidades dos objetos (Filmes A, B, Revistas A, B) serve apenas para a quantificação mais completa, não para a qualificação artística.
• Autonomia artistica vê-se abolida pela IC (a cultura deveria servir de contraponto à condição esclerosada; agora, ela torna-se integrada a essa condição).
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Esquematismo de Kant?
• Instância exterior ao sujeito, industrialmente organizada no sentido de proporcionar rentabilidade ao capital investido usurpa do homem a capacidade de interpretar dados fornecidos pelos sentidos por padrões que lhes eram antes internos.
• “Para os consumidores nada há mais para classificar, que não tenha sido antecipado no esquematismo da produção”.
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Arte autônoma, arte autômata
• “O ouvido treinado é capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto”.
• “Emancipando-se, o detalhe tornara-se rebelde, e do romantismo ao expressionismo, afirmara-se como expressão indômita, como veículo do protesto contra a organização. (…) A indústria cultural ataca o todo e as partes em igual medida. O todo se apresenta aos detalhes inexoravelmente e sem relação”.
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Cinema
• Tornou-se prolongamento da vida cotidiana, a ponto de esta mercadoria cultural não mais se distinguir da “realidade”.
• Necessidade mencionada de transcendência é, portanto, preenchida sem qualquer crescimento espiritual dos indivíduos, que regridem (criança de onze anos).
• Não há reconciliação com a correta idéia de universalidade, mas sim com a falsa totalidade forjada pela IC, isto é, um redobramento do existente.
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Dupla necessidade da IC
• Por um lado, devem ofertar certa possibilidade de escolha;• Por outro, devem garantir a lucratividade e a adesão ao
sistema do qual o IC faz parte (capitalismo monopolista).• Resultado: deve haver encrustado nos produtos o estímulo
de um conformismo, base para a não-ocorrência de inovação na IC.
• “O amor funesto do povo pelo mal que a ele se faz chega a se antecipar às instâncias de controle” (masoquismo social). O novo deve ser afastado pelo risco que representa.
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Técnica da IC
• IC vive de impor a técnica extra-artística (remuneração do capital, produção de bens materiais) sem se importar com o resultado na forma intra-artística ou a autonomia do domínio artístico.
• Daí a mistura de elementos de reprodução da realidade fotográfica e de certo romantismo putrefato, de uma aura em decomposição.
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Popular X Erudito?
• IC também mescla elementos de arte erudita, ou séria, com a “leve”, ou popular, estragando a autenticidade das duas formas.
• Sendo que elas possuem elementos reais das sociedades das quais foram engendradas, arte leve e séria fundidas aumentam o espectro do sucesso de vendas, pois guardam a seriedade de uma e a popularidade de outra, com um toque de distração e conformidade ao status quo.
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Repetição ad nauseam
• Características das mercadorias da IC, infinitamente repetitivas, assemelham-se a um prolongamento, durante o ócio, dos procedimentos da fábrica ou do escritório.
• “Toda ligação lógica que pressuponha um esforço intelectual é escrupulosamente evitada. Os desenvolvimentos devem resultar tanto possível da situação imediatamente anterior, e não da idéia do todo”.
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Princípio de castração e masoquismo
• A IC também é disciplina para o trabalho nos momentos de “folga”. A tendência masoquista é estimulada: “Assim como o Pato Donald nos cartoons, também os desgraçados na vida real recebem a sua sova para que os espectadores possam se acostumar com a que eles próprios recebem”.
• Princípio de Castração (mostrar o que jamais se terá e estimular o desejo por aquilo) é o princípio fundamental do capitalismo, que é incutido pela IC.
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Divindade do Real
• Formas ideológicas tradicionais eram veiculadas mediante interpretações da realidade (religiosas etc.).
• Hoje, “para demontrar a divindade do real, a indústria cultural limita-se a repeti-lo cinicamente”.
• Há uma reconstrução do mundo que dispensa interpretações, ele é dado como é, confundido e escamoteado com o que deve ser (novelas, produtos anunciados).
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Liquidação do Trágico
• Trágica era a situação em que o indivíduo se defrontava com forças muito mais poderosas do que ele.
• Na era da IC esse sentido foi invertido: o trágico é aquele que será destruído por não cooperar, não o que deixou sua própria marca de indivíduo e serviu de inspiração para os que vieram depois.
• Liberdade formal é garantida, porém, quem não se adequa e ama o sistema é eliminado dele.
• Tal movimento de resignação incrusta-se nas obras da IC (jazz, p. e., filmes com finais felizes etc.).
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Liquidação do Indivíduo
• “Todos podem ser como a sociedade todo-poderosa, todos podem se tornar felizes, desde que se entreguem de corpo e alma , desde que renunciem à pretensão de felicidade”.
• Indivíduos não têm mais o menor poder de decisão, mesmo sobre o mais íntimo de suas vidas particulares.
• Público, já atordoado de tanto sofrimento no trabalho e na vida social bárbara, “agradece” à IC por não ter que se esforçar, por não ter que sofrer o doloroso processo de individualização (seguir personalidades).
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Falta de utilidade da arte?
• Aparente falta de utilidade dos produtos artísticos da IC, proveniente da lógica do mundo estético, são convertidos em glamour, em consumo supérfluo, logo, nobre, ostentatório.
• Fora isso, há todo um sistema de imposição de tais necessidades interligado no rádio, na televisão, nas revistas etc.
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Caráter Publicitário
• Publicidade enceta eterno fluxo de promessas e frustrações que mantém economia capitalista em funcionamento.
• Linguagem superobjetiva da publicidade desemboca em espécie de sortilégio mágico, representação exata do mito habitando a razão.
• “A palavra, que não deve significar mais nada e agora só pode designar, fica tão fixada na coisa que ela se torna uma fórmula petrificada”. (mágica)