CRÔNICAS PRÉ-MODERNISTAS NA ESCOLA · Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais...
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CRÔNICAS
PRÉ-MODERNISTAS
NA ESCOLA
Realização
E.E.E.B. Lourenço Leon von Langendonck
Organização
Elenice Hoffmann Klippel
Elaboração de conteúdo
Analice Souza
Bárbara Fialho
Bruna Staudt
CarolaineKiles
Cristine Amaral
DieleBopsin
Diéssica Lopes
Elaine Dias
Gabriel Ribeiro
Gabriela Silva
Grasiéla Reis
Grasieli Dias
Jéssica Dias
Jocastha Reck
Jonas Dias
Kelvin Teixeira
Laudimir Gonçalves
Luís Miguel Rech
Maique Rolim
Manuela Bopsin
Mateus Lorensi
Mikaela Oliveira
Miriani Rodrigues
Natan Gross
Priscila Teixeira
Renata Jacobi
Roger Silva
ThaliaEssig
Yuri de Souza
Disponível em:
langendonckvirtual.wordpress.com
Maquiné, outubro de 2016
SUMÁRIO
Apresentação.....................................................................................................3
Superação constante .......................................................................................4
Basta recomeçar ..............................................................................................5
Uma vida de superação ...................................................................................6
Fruto de um amor inesquecível.......................................................................7
Mulher: violência não é o fim... .......................................................................9
O vaso de porcelana .......................................................................................11
Camaleão .........................................................................................................12
Um dia na vida de João ..................................................................................14
A realidade vivida por Ana .............................................................................15
Dificuldades de um operário ..........................................................................16
Humildade vem de berço ...............................................................................17
À procura de um emprego.............................................................................18
Repressão à mulher ........................................................................................19
Salário contado.........................................................................................................20
Médico do SUS............................................................................................................21
Apresentação A presente publicação reúne textos produzidos pelos alunos do terceiro
ano do Ensino Médio Politécnico do período diurno. Tais produções, inseridas
na categoria crônica, foram realizadas nas aulas de literatura ministradas pela
Profª Esp. Elenice Hoffmann Klippel, no ano de 2016 na Escola Estadual de
Ensino Médio Lourenço Leon vonLangendonck.
O ponto de referência para as referidas produções foi o estudo do Pré-
Modernismo Brasileiro, mais propriamente as temáticas de autores como
Euclides da Cunha, Monteiro Lobato e Lima Barreto, os quais - entre outros
representantes – passaram a expor uma visão crítica dos problemas sociais
pertinentes ao país, na época de referência.
Os alunos foram organizados em duplas a fim de concernir pontos de
vista críticos e culturais focando uma questão social da atualidade e usando de
focos narrativos diferentes respeitando o estilo próprio de cada autor. Os
textos, de modo geral, problematizam questões de relevância social e humana
de maneira clara e sucinta, enfocando personagens e situações
verossimilhantes ao contexto no qual estão inseridos e, visando sempre, a
reflexão de seus leitores.
Boa leitura a todos!
Superação constante
Mikaela Oliveira
A poluição dos rios é mais um problema ambiental que afeta a
população. As águas poluídas – além de prejudicar nossa saúde, afetar os
ecossistemas, entupir bueiros e atrapalhar o escoamento dos rios – provocam
sérias doenças à população.
Seu Mário é um senhor grisalho de 62 anos que provém de origem
simples e sofrida. Muito bem visto por seus conhecidos, um homem bondoso,
humilde e trabalhador. É da agricultura que tira seu sustento. Mora em uma
pequena casa ao fundo da sua lavoura de repolhos, perto do rio que fornece
água para toda a sua cidade.
Nos períodos chuvosos, seu Mário quase sempre é vítima da enchente,
pela qual - infelizmente - muitas vezes já perdeu suas plantações e alguns
objetos. Aos poucos ele reconstrói a lavoura, replantando, cuidando com
carinho e dedicação de cada fase e procedimento, comprando também o que
falta. Mesmo em meio às dificuldades e aos problemas, Seu Mário de jeito
nenhum pensa em sair de sua propriedade onde passou a maior parte de sua
vida, vivendo muitas alegrias e se superando a cada novo obstáculo que
surgia.
É um verdadeiro guerreiro, admirado e querido por todos. Nunca se
permitiu desistir e muito menos entristecer, deu sempre a volta por cima. Tendo
esperança de que o mundo se conscientize da gravidade da poluição e do
quanto ela pode nos prejudicar.
Basta recomeçar
Jonas Dias e Jéssica Dias
Brasil, julho de 1992 nascia James – aquele que mais tarde seria um
exemplo a ser seguido ao enfrentar uma cultura discriminatória. Tudo começou
por volta de seus sete anos de idade, vivenciando atos de violência racial em
seus locais de convívio.
Com o passar do tempo foi memorizando tudo aquilo que lhe acontecia,
assim tornando-se um garoto incapaz de enfrentar a sociedade que lhe
oferecia tal preconceito. Sua mãe – Dona Geralda - uma diarista que
trabalhava para suprir as necessidades de sua família, não suportou mais
assistir ao sofrimento de seu filho; mudaram-se do interior.
Foram para a capital onde poderia oferecer melhor condição de vida ao
filho, mas de nada adiantou, pois aqueles fatos ocorridos ainda não haviam
sido esquecidos. Contudo, com novas amizades e um novo cenário aos poucos
o jovem foi desbravando o mundo a sua volta.
Após muitos anos, apesar dos obstáculos impostos pelas dificuldades
da vida, James foi para Brasília, onde ingressou em um renomado cargo no
meio político, o que lhe permitiu desenvolver projetos voltados para o combate
ao racismo. O mesmo racismo que tanto o oprimiu durante sua vida inteira.
Uma vida de superação
Analice Silva, Bruna Staudt e Priscila Teixeira.
Conhecemos pessoas durante a vida inteira, a roda da vida é assim, ela
gira e gira, e dá margem a surpresas muito positivas como esta, de ter
ganhado um grande amigo. Tudo começou percorrendo juntos uma longa
caminhada, conheceram-se na rua, indo pelo mesmo caminho, à procura de
um futuro melhor.
Florismundo, um menino humilde, de coração puro, procurando alcançar
seus objetivos, trabalhava todos os dias de sol a sol, arrecadando alguns
trocados. Órfão de pai e de mãe, ele se mantinha do que recebia, sua vida era
difícil, porém sua esperança era maior ainda.
Roberto, de classe alta, vendo as condições precárias em que o menino
se encontrava, resolveu tomar uma atitude, comovido com a situação daquele
garoto. Com essa iniciativa a vida de Florismundo seguiu em rumo uma grande
mudança, assim ele teve a oportunidade de alcançar suas metas.
O menino carente teve a chance de estudar em uma escola privada,
logo após ganhou uma bolsa de estudos em uma universidade, mas sequer
imaginava que futuramente trabalharia nesta mesma instituição. Para mantê-la
trabalhava à noite, na firma de Roberto redator de jornais e isto lhe ajudava a
suprir suas necessidades.
Hoje aquele menino humilde tornou-se um grande escritor e professor
de uma boa universidade, agora Florismundo agradece pela oportunidade que
Roberto lhe deu e por isso são até hoje grandes amigos.
Fruto de um amor inesquecível
Miriani Rodrigues e Mateus Lorensi
Joana era uma jovem de 24 anos que trabalhava como doméstica
durante o dia e à noite como garçonete em uma boate. Ela era casada com
Paulo, um rapaz de 28 anos que trabalhava como jardineiro. Seus sonhos eram
semelhantes – ter uma filha – porém, Joana tinha uma doença que a impedia
de realizar este sonho.
Ao completarem dez anos de casados, Paulo começou a sentir dores em
seu peito, mas não deu muita importância, pois tinha uma vida corrida e por
isso não dispunha de muito tempo para se cuidar. Os meses foram se
passando e Paulo só piorava, até que em certo dia ele sofreu uma parada
cardíaca e foi parar na UTI. Joana, ao ficar sabendo, deixa seu serviço e vai
ver seu companheiro.
Os dias de trabalho de Joana viraram dias cuidando de Paulo. Ele fizera
mais de trinta exames até descobrir o que aconteceu. Então depois de duas
semanas a resposta veio: Paulo tinha um câncer no fígado há alguns meses e,
por este motivo estava agravado. Sua chance de viver estava resumida em
quinze por cento.
Após saber dessa notícia Joana decidiu que ficaria ao lado de Paulo até
o último instante. Ela levou um travesseiro e um cobertor e começou a passar
suas noites segurando a mão de quem tanto amava. E foi ali que ela lembrou
todos os momentos vividos ao seu lado. Após três semanas, o médico disse a
Joana que Paulo dependia de um medicamento muito caro e que o hospital
não poderia lhe oferecer, ela então se desesperou. Pegou o telefone e
começou a ligar para todas as pessoas que conhecia, porém, ninguém podia
ajudá-la. A agonia tomou conta de sua vida, pois a vida de seu marido estava
se esvaindo e ela sentia-se impotente.
Em certa madrugada, Paulo veio a falecer. Joana não via sua vida seguir
em frente sem seu amor, pior do que isto, sabendo que ela poderia tê-lo
salvado e fracassou. Contudo, o destino não a havia deixado só. Passados
dois meses em depressão, Joana percebeu que havia algo diferente com ela.
Ao consultar seu médico, descobriu que havia acontecido um milagre,
ela estava grávida de dois meses de Paulo. Joana havia ficado com um fruto
de seu amor em seu ventre. Sete meses depois nasce uma menina com o
rosto semelhante ao de seu marido. O nome que ela escolheu: Vitória, pois
além de ser filha de seu amor eterno, nasceu de um ventre que não poderia tê-
la gerado. Vitória então cresceu sabendo que seu pai, o grande amor da vida
de sua mãe, morrera por falta de remédios no hospital.
Mulher: Violência não é o fim...
Kelvin Teixeira e Laudimir Casagrande
Laura é uma moradora de Santa Rosa, tem 25 anos, estudante de
Medicina, atualmente namorando um jovem rapaz chamado Rodrigo, que é
facilmente reconhecido por seu temperamento particular.
Laura iniciou sua faculdade graças ao seu esforço, através do Exame
Nacional de Ensino Médio – o ENEM - ela foi uma das melhoras candidatas do
Brasil, conquistando assim uma vaga em uma das melhores e mais renomadas
faculdades do Brasil, a UFRGS. Rodrigo é um rapaz de 29 anos, formado há
três anos em Educação Física e atualmente trabalha em uma academia perto
de sua residência e de Laura. Certa noite, Laura chegou em casa toda feliz
dizendo que tinha uma boa noticia para dar a Rodrigo.
Ele, curioso com o entusiasmo da namorada, perguntou a ela qual a
novidade. Laura então diz que vai embora pra Porto Alegre para poder fazer
sua faculdade. No seu ponto de vista, Rodrigo aceitaria ir com ela, mas sua
verdadeira reação foi um tanto espantosa. Rodrigo disse que não iria e para
espanto de Laura, ele falou que ela também não iria. Na hora, a moça
considerou uma brincadeira e foi para o quarto para organizar suas coisas;
Rodrigo ficou na sala.
Por volta das dez horas da noite, Laura disse que ia à casa de sua mãe.
Quando estava saindo, Rodrigo a chama no quarto, mas quando ela chega é
recebida com várias agressões físicas. Laura tenta se defender, mas Rodrigo é
mais forte fisicamente e continua agredindo-a. Depois de ter apanhado, Laura
sai e vai direto à casa de sua mãe e conta tudo o que tinha acontecido.
Imediatamente mãe de Laura, Dona Vera, liga para a polícia e comunica do
acontecido.
A polícia vai à casa de Rodrigo e, chegando lá dão ordem de prisão a
ele por violência contra mulher. Ao chegar à delegacia, Laura conversa com o
delegado e descobre que Rodrigo já tinha antecedentes criminais por agressão
a outras mulheres, porém nenhuma levara adiante a denúncia, uma vez que
Rodrigo as ameaçava.
Depois de alguns meses do acontecido, Rodrigo foi a julgamento e por
decisão unânime foi condenado. Já Laura, está no semestre final de sua
Faculdade e não vê a hora de se formar e voltar para ver sua mãe e sua família
novamente.
O vaso de porcelana
Elaine Dias e Grasieli Dalpiaz
Betânia, mãe solteira, mulher batalhadora de 44 anos, trabalha como
diarista manhãs e tardes inteiras para dar de comer a seus três filhos
pequenos: Pietro, Pierre e Patrícia. Em sua cidade possui uma creche, mas
não há mais vagas para poder deixar as crianças. Então deixa com sua amiga
Andréia que é aposentada.
Às vezes, porém, não é possível deixá-los com Andréia, fazendo com
que Betânia seja obrigada a levar as crianças junto ao serviço, gastando três
passagens a mais no ônibus.
Numa tarde, ela estava limpando as janelas da casa de sua patroa, Ana
Paula, enquanto seus filhos estavam olhando TV, mas Pietro que sempre foi o
mais agitado, correu pela imensa sala, deslumbrado com tanto espaço e tantos
objetos diferentes, acabou quebrando um vaso de cerâmica chinesa que
custava muito mais do que poderiam imaginar. Quando viu aquele vaso partido,
Betânia ficou gelada, gritou com o menino, pois teria que repor o dinheiro do
vaso, ou sua patroa iria demiti-la.
Quando a patroa chega em casa, Betânia é obrigada a mostrar o objeto
quebrado, ela é repreendida pois o vaso tinha sido um presente de um grande
amigo que mora no Exterior. Betânia, obviamente, não se nega a pagar o
estrago. Pede, porém, que a patroa desconte mensalmente uma quantia de
seu salário para não ficar sem nada. O que os filhos da diarista não conseguem
entender é como um mero vaso pode custar tanto que deixaria a mãe sem
receber! Eles ainda não conseguem compreender a sociedade em que vivem.
Camaleão
Gabriel Ribeiro e Luís Miguel Rech
— ISSO É UM ASSALTO! — Esse é mais um dia ―comum em minha
vida. — PASSA A GRANA! TIO! (Gritos) — CALEM A BOCA QUE NINGUÉM
MORRE! Todos os dias quando saio em busca de um trabalho presencio
muitos assaltos em ônibus como esse.
Meu nome é Pedro, tenho 24 anos, moro na zona norte do RJ e estou
desempregado há seis meses. Aos 14 anos meus pais perderam minha
guarda, logo fui encaminhado para um orfanato, pois minha mãe se prostituía e
meu pai chegava todos os dias embriagado em casa e violentava a mim e à
minha mãe. Permaneci no orfanato até completar 18 anos, a partir daí, saí em
busca de um emprego e de um lar para morar. Por falta de escolaridade fui
rejeitado em muitos empregos, mas fui aceito em uma pizzaria como
entregador, lá permaneci durante cinco anos, comprei uma casa humilde no
morro onde nasci, conheci muitas pessoas no decorrer do tempo, cidadãos de
boa índole, que lutam diariamente por uma vida digna, misturam-se com
traficantes e com o crime.
— Vocês todos estão bem? – Pergunta o motorista.
— Sim, estamos. – Todos respondem.
— Já estamos cansados disso, todos os dias é a mesma coisa! – Escuto uma
voz feminina vindo do fundo do ônibus. – Olho fixamente, logo reconheço, era
Ana, mulher que cuidava de mim no orfanato, portanto vou logo conversar com
ela e com uma mulher que estava ao seu lado, a tal mulher era filha de Ana, já
formada em Língua Portuguesa. No decorrer da conversa perguntei se sua filha
poderia me dar algumas aulas particulares, pois queria aprender a ler e
escrever corretamente e, rapidamente consigo as aulas para começar logo na
semana seguinte. Agradeço-as e desço do ônibus.
Semanas depois concluo as aulas e já percebo uma grande mudança,
pois já tenho mais facilidade para ler e escrever. Tudo está correndo como
gostaria em minha vida, fui chamado para trabalhar de garçom em um
restaurante, ali conheci uma linda moça, fomos nos conhecendo melhor, hoje
estamos morando na mesma casa e batalhando sempre para conseguirmos
concluir nossos objetivos.
Vivendo cada dia mais na favela percebo que a violência, o tráfico e o
crime, estão presentes sim na realidade de nossas comunidades e vejo
também que pessoas inocentes sofrem as consequências por não terem
condições de morar em um lugar melhor, se submetem a viver lado a lado com
a marginalidade. Ainda que tenham toda vontade de sair dessa tortura, sofrem
com o preconceito da sociedade.
Um dia na vida de João.
Natan Gross e Yuri de Souza
Na grande cidade de Porto Alegre, João era só mais um jovem adulto
que recém tinha se formado e estava em busca de um emprego. No entanto,
ele já sabia que não seria tão fácil conseguir o ‘emprego dos sonhos’, pois teria
que passar por algumas dificuldades que a sociedade impunha. Assim que ele
chegou à grande empresa que o havia chamado, percebeu que era o único
negro entre os outros candidatos e também observou que estavam usando
ternos de grife e relógios de ouro, já ele estava usando um terno simples e um
pequeno relógio que não esbanjava riqueza. Percebeu também que nenhum
dos outros candidatos interagiu com ele, apenas conversavam entre si. Estava
ansioso, pois já haviam começado a chamar um por um dos candidatos.
Transcorrida uma hora, enfim o chamaram, viu que era o último a ser
entrevistado. Entrou na sala onde estava um homem bem vestido sentado
atrás de uma mesa e havia uma cadeira, onde seria entrevistado. Respondeu
todas as perguntas muito bem, via que estava indo bem. Passados alguns
minutos da entrevista, João percebeu que estava sofrendo um tipo de
discriminação racial, pois via que o empresário estava dando desculpas
racistas para não o contratar, mesmo sabendo que era o melhor entre os
outros candidatos, viu ali que estava perdendo uma grande oportunidade, não
por sua culpa, mas sim pelas barreiras que a sociedade impõe em sua vida.
Depois de alguns dias da entrevista, viu que outro bem menos
capacitado que ele havia sido contratado pela empresa, já estava ciente
disso. Com isso, João viu que o mundo em que vive hoje está repleto de
discriminações e dificuldades e que nunca vai ser fácil achar um lugar em que
reine a completa igualdade.
A realidade vivida por Ana.
Bárbara Fialho e Cristine Amaral
Ana vivia com seus pais, em uma cidade pequena chamada Riozinho,
onde tinham que plantar para poder comer. Um lugar muito distante de toda
civilização moderna, e sem nenhum tipo de poluição.
Ao passar dos anos, Ana foi crescendo e mudando seu jeito de pensar,
ganhou uma bolsa de estudos em uma faculdade e mudou-se para a capital
onde foi morar com seus tios. Ana vivia estudando para garantir um futuro
melhor para si mesma e para seus pais, mas em uma dessas desventuras da
vida, seus pais faleceram devido a uma peste que afetou toda a região onde
moravam. Sem saber o que fazer, Ana arranjou um emprego para sobreviver
ali naquela cidade tão grande.
O tempo passou e as necessidades aumentaram, pois o preço de tudo
era muito alto, e o salário que ganhava de atendente na lojinha era muito
pequeno. A jovem e sonhadora Ana, devido à necessidade decidiu largar os
estudos e voltar para o interior para seguir o mesmo destino de seus pais, com
a baixa renda. Agora manuseia a pesada enxada, o suor escorre, e uma
lágrima no olho desce sofrendo a triste realidade vivida, imaginando como seria
um dia sair daquele lugar e retornar ao seu antigo sonho de vida.
Dificuldades de um operário.
Thalia Essig e Maique Rolim
Carlos, um homem trabalhador, que mora em um bairro pobre de Porto
Alegre, vive uma rotina muito difícil em seu dia a dia. Ele acorda todos os dias
muito cedo para trabalhar em uma fábrica de calçados, como operário, ele tem
que pegar um ônibus que passa às 05h30min da manhã e que quase sempre
está lotado, muitas vezes ele não consegue pegá-lo e tem que se deslocar
para uma estação a fim de pegar o metrô, quando isso acontece ele acaba
chegando atrasado ao trabalho e tem que ouvir muitas reclamações de seu
chefe.
Ao sair do trabalho ele tem que esperar outro ônibus e precisa ficar em
torno de meia hora esperando, isso se torna muito perigoso, pois, a parada se
encontra em um ponto crítico da cidade onde há muita violência e falta de
segurança.
Ao chegar em casa, muita cansado, ainda tem que organizar suas
coisas e preparar seu jantar, pois mora sozinho, depois disso, vai tomar um
banho e, finalmente vai dormir, mas não consegue dormir direito. Há um
motivo: a fábrica onde ele trabalha está enfrentando uma grave crise financeira
e ele está com muito medo de perder seu emprego, pois depende dele para se
manter. Tenta achar uma solução para não chegar atrasado ao seu trabalho e
não ir para a rua, é isso que tira o seu sono durante esta noite e que o faz
refletir horas e horas deitado em sua cama.
Humildade vem de berço.
Carolaine Kiles e Roger Silva
João nasceu negro, pobre e natural de uma favela conhecida por possuir
grande número de traficantes. Com tais argumentos, ele teria tudo para seguir
o caminho da marginalidade, mas não. João cresceu sendo criado apenas por
sua mãe Judite que trabalhava dia e noite para poder pôr comida na mesa. A
cada dia que passava, João admirava-se ainda mais com a força de sua mãe e
jurou dar um futuro melhor a ela.
A partir daí, o rapaz estudou muito, durante anos até conseguir se
formar em Direito. Tudo foi muito difícil para ele, passava noites em claro
tentando dar conta dos deveres da faculdade para no outro dia poder trabalhar
na construção de um edifício na Zona Sul do Rio de Janeiro sem se preocupar.
Mal sabia ele que o problema maior ainda estava por vir.
Ao concluir a faculdade de João foi em busca de um trabalho em sua
área de conhecimento, mas infelizmente sofreu muito preconceito por ser negro
e morar em uma favela. Passando por cima de seus direitos como cidadão,
João aturou o racismo e por ser batalhador como sua mãe, conseguiu o
emprego que tanto sonhou. Hoje, João mora com sua mãe num apartamento
em Copacabana, e por mais que sua vida financeira tenha mudado e muito,
João nunca se esqueceu da sua humildade e nem de onde saiu.
À procura de um emprego.
Gabriela Santos e Manuela Bopsin
Mário, formado há oito meses no Ensino Médio, de classe social baixa,
não teve a oportunidade de fazer o ensino superior. Ele sonha em ter uma
faculdade e uma renda estável, para ajudar sua família. Na sua cidade, abriu
uma empresa de fazer alimentos enlatados. Com toda a expectativa e alegria,
o jovem foi para a fila de inscrição levar seu currículo. Já pensando em o que
fazer com o seu primeiro salário, e também ajudar a sua mãe a pagar as
contas de casa.
No dia da divulgação dos contratados, acordou ansioso
e esperançoso de que iria conseguir o tal emprego. Mas logo que chega lá seu
nome não está na lista, por ele não ter experiência e nem qualificação que era
preciso na área. Com isso, veio o grande desânimo, ou seja, o que acontece
com milhares de brasileiros.
Apesar da geração de empregos dos últimos anos em alguns setores,
ainda há milhões de brasileiros desempregados. A falta de boa formação
educacional e qualificação de qualidade também atrapalha a vida dos futuros
trabalhadores.
Na semana seguinte, desanimado foi ao mercado para sua mãe,
passando em frente a uma agropecuária viu a placa informando que estavam à
procura de um funcionário, sem muita expectativa, entrou e foi conversar com o
gerente, o qual lhe disse que qualificação não era necessário, mas que era
preciso experiência.
Repressão à mulher
Diéssica Lopes e Renata Jacobi
Meu nome é Denise. Desde minha infância cresci em um bairro pobre.
Há dois anos trabalho em uma empresa que fica longe da minha casa. Por este
mesmo motivo preciso pegar dois ônibus para chegar ao meu destino.
Ultimamente, minhas tarefas têm aumentado, e por isso tenho saído cada vez
mais tarde.
No dia 26 de março, eu estava indo até a parada de ônibus, quando me
dei por conta de que era muito tarde e o último ônibus já tinha passado. Sem
pensar duas vezes, comecei a andar. De repente, um táxi parou ao meu lado.
No exato momento, entrei no veículo. Ele, então, começou a andar em alta
velocidade, para qualquer direção. Bruscamente o motorista parou o carro em
um local totalmente desconhecido e me obrigou a sair do carro.
Em questão de segundos me deu um tapa na cara. Pegou uma arma e
apontando-a para mim, me obrigou a entregar minha bolsa e conta bancária.
Ainda por cima, levei alguns chutes e puxões de cabelo. Acordei caída no
chão, ouvindo som de sirenes. Era a polícia que tinha me encontrado, e eu
estava sendo levada pela ambulância. Após algumas horas já estava bem
melhor.
Fui à polícia registrar ocorrência e logo após fui pra casa. Com tudo isso,
pude ver e presenciar o quanto a mulher continua sendo reprimida mesmo no
século XXI.
Salário contado
Diele Bopsin e Jocastha Reck
Tocou o sinal, e todos os seus alunos lhe deram adeus. Pegou sua bolsa
cheia de livros, chaveou a porta da sala e seguiu para casa. Bibiana tinha pele
e cabelos claros, olhos como o azul do céu, na face trazia a preocupação e o
cansaço de quem trabalhava pensando nas contas que não iria conseguir
pagar naquela semana, pois com o salário de professor sendo parcelado e
viúva, tinha que sustentar suas filhas de qualquer maneira.
Com seus passos rápidos chega em casa e bate na porta duas vezes,
espera um pouco, bate mais duas. Era um código que havia combinado com
Ana, a mais velha, para que esta não abrisse a porta para qualquer estranho. A
porta se abre e a pequena Alice a recebe com um abraço caloroso de criança.
Ao chegar à cozinha, liga a TV, está começando o jornal, olha sua mesa, há
mais duas contas a serem pagas: “Vou pagar a luz e a água esta semana. Se
cortarem o telefone não me fará tanto mal.” Pensa ela.
Escuta que há notícias sobre seu Estado. É seu salário! Seu décimo
terceiro ficará para o próximo ano. E agora? Contava com ele para os
presentes da Natal das meninas. Senta-se à mesa com seu caderno de contas,
e põe-se a somar. E fala baixinho, como quem fala pra si mesmo: Tantos anos
de estudo e dedicação, pra não receber nem meu salário!
Médico do SUS
Grasiéla Reis
Carlos é um jovem que se formou na área de Medicina com seus 28
anos e muitos sonhos. Começou a trabalhar em um hospital público na cidade
de Porto Alegre, o qual como tantos outros, sofria com a superlotação e a falta
de recursos materiais e humanos.
No ano de 1997, com a falta de médicos no SUS, Carlos assumiu um
cargo com maior responsabilidade, por meio do qual ele pôde acompanhar a
situação de um idoso à espera de uma cirurgia de transplante de rins. Como se
tratava de um hospital público e de um paciente sem recursos - além da fila
pela espera de um doador compatível - Carlos presenciou aos poucos o
declínio de vida daquele senhor.
Perante o fato ocorrido e, com o coração na mão, Carlos decidiu tomar
uma atitude inesperada: doar um de seus rins para o idoso. Com isso, durante
os exames de rotina descobriu que o idoso era seu pai, o qual havia
desaparecido há vários anos em Porto Alegre.
Em meio a tanta tragédia ocorrida, Carlos encontrou um ponto positivo
nessa história, doou seu rim e esperou a recuperação de seu pai no hospital,
para a adaptação do novo órgão, mas agora, após algumas semanas, o idoso
se recupera e pode enfim ir para casa com Carlos, seu filho, o qual ele não via
há anos.
3º Ano A Politécnico/2016
CRÔNICAS
PRÉ-MODERNISTAS
NA ESCOLA