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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)

INSTITUTO ARTE NA ESCOLA

Minha viagem em Wesley Duke Lee d’o helicóptero à Fortaleza de Arkadin /

Instituto Arte na Escola ; autoria de Rita Demarchi; coordenação de Mirian

Celeste Martins e Gisa Picosque. – São Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.

(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 54)

Foco: LA-7/2006 Linguagens Artísticas

Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia

ISBN 85-98009-59-8

1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Instalações 3. Vídeo experimental 4.

Lee, Wesley Duke 5. Silveira, Walter I. Demarchi, Rita II. Martins, Mirian

Celeste III. Picosque, Gisa IV. Título V. Série

CDD-700.7

MINHA VIAGEM EM WESLEY DUKE LEE D'OHELICÓPTERO À FORTALEZA DE ARKADIN

Copyright: Instituto Arte na Escola

Autor deste material: Rita Demarchi

Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa

Diagramação e arte final: Jorge Monge

Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar

Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express

Tiragem: 200 exemplares

Créditos

MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA

Organização: Instituto Arte na Escola

Coordenação: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação

MAPA RIZOMÁTICO

Copyright: Instituto Arte na Escola

Concepção: Mirian Celeste Martins

Gisa Picosque

Concepção gráfica: Bia Fioretti

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DVDMINHA VIAGEM EM WESLEY DUKE LEE D’OHELICÓPTERO À FORTALEZA DE ARKADIN

Ficha Técnica

Gênero: Vídeo experimental.

Palavras-chave: Instalação; vídeo experimental; arte contem-porânea; intertextualidade; poética pessoal; interpretação po-ética; geografia.

Foco: Linguagens Artísticas.

Tema: Interpretação poética de Walter Silveira da obra deWesley Duke Lee, focalizando, especialmente, o Helicóptero eFortaleza de Arkadin.

Artistas abordados: Wesley Duke Lee, Leonardo da Vinci,Walter Silveira.

Indicação: Ensino Médio.

Direção: Walter Silveira.

Realização/Produção: TVDO e Conecta Vídeo, São Paulo.

Ano de produção: 1982.

Duração: 10’.

SinopseWalter Silveira, destacado artista multimídia brasileiro, criouesta sensível interpretação pessoal da obra do artista plásticoWesley Duke Lee. Por meio de uma narrativa não-linear, sãoapresentadas as investigações do artista, desde trabalhos maisantigos como o Helicóptero e as pinturas Ligas, até a Fortaleza

de Arkadin, instalação presente na Bienal de Veneza de 1990.As imagens poéticas somam obras, o artista, cenas aéreas depaisagens escocesas que, sendo uma das origens da famíliaDuke Lee, tematizam a instalação em Veneza, da qual vemosparte da montagem. As narrações em off de uma crítica de arte

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e do próprio artista dão pistas e fazem um fundo sonoro nãodidático. O trabalho ganhou o prêmio de melhor videoarte noVI Fest Vídeo Cidade de Porto Alegre, em 1993.

Trama inventivaFalar sem palavras. Falar a si mesmo, ao outro. Arte, lingua-gem não-verbal de força estranha que ousa, se aventura a to-car assuntos que podem ser muitos, vários, infinitos, do mun-do das coisas e das gentes. São invenções do persistente atocriador que elabora e experimenta códigos imantados na arti-culação de significados. Sua riqueza: ultrapassar limites pro-cessuais, técnicos, formais, temáticos, poéticos. Sua resso-nância: provocar, incomodar, abrir fissuras na percepção, ar-ranhar a sensibilidade. A obra, o artista, a época geramlinguagens ou cruzamentos e hibridismo entre elas. Na carto-grafia, este documentário é impulsionado para o território dasLinguagens Artísticas com o intuito de desvendar como elasse produzem.

O passeio da câmera

Retratos de Wesley, em ritmo acelerado, atravessam nossaspupilas na velocidade do ritmo da música. Criança, jovem, adul-to. São fotos retiradas de documentos. Registro de vida desseartista inquieto.

Se esperarmos um documentário biográfico, podemos nossurpreender, pois Walter Silveira, o artista multimídia quecria e dirige o filme, interessa-se pelo pensamento e atu-ação do artista, mais do que por questões biográficas oudocumentais.

É a atuação inquieta de Wesley que move o que vemos. Atu-ação atenta aos antepassados, seja no encontro com as pai-sagens do norte de Portugal e da Escócia, de onde vieramsua mãe e seu pai, seja no interesse pelo imaginário da Ida-de Média, desde os tempos em que acompanha seu mestre

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Plattner no trabalho em têmperas e afrescos na velha Itáliae na Áustria.

Uma misteriosa figura passeia sobre as paisagens. Carregandouma espécie de caixa amarrada às costas, ela vagueia pela pai-sagem fotografada, também marcada por manchas vermelhasde tinta. Essa imagem nos faz lembrar o artista Iberê Camargo1 :

Nós somos como tartarugas, carregamos a casa. Essa casa são as

lembranças. Nós não poderíamos testemunhar o hoje se não tivés-

semos por dentro o ontem porque seríamos uns tolos a olhar as

coisas como recém-nascidos, como sacos vazios. Nós só podemos

ver as coisas com clareza e nitidez porque temos um passado. E o

passado se coloca para ajudar a ver e compreender o momento

que estamos vivendo.

A animação do desenho do helicóptero criado por Leonardo daVinci dialoga com a obra Helicóptero de Wesley Duke Lee, ondeo fruidor senta-se e faz uma viagem psicodélica2 . Essa é tam-bém a sensação do filme que nos projeta para uma outra rea-lidade. As falas do artista e da crítica de arte Cacilda Teixeirada Costa pontuam apenas peças de um quebra-cabeça que nãoestá sendo construído.

A montagem da instalação na Bienal é mais uma peça dessecaleidoscópio poético. Vemos apenas parte dela, suas fotogra-fias, o desenho da Fortaleza de Arkadin. O mesmo mistério quecercava as obras iluminadas por lanternas – série Ligas, de 1963,parece estar presente na releitura de Walter Silveira.

Várias proposições podem ser criadas a partir deste material,alocado em Linguagens Artísticas, especialmente por apre-sentar várias delas, como instalações, pinturas, desenhos, fo-tografias e o próprio vídeo que ganhou prêmio em 1993.

Além desse território, outros podem ser conectados, como: Sa-

beres Estéticos e Culturais – tradução intersemiótica, arte con-temporânea, representação; Processo de Criação – poética pes-soal, interpretação poética, deslocamentos, pensamento visu-al, repertório pessoal e cultural; Conexões Transdisciplinares –geografia, genealogia, arqueologia anímica; Mediação Cultu-

ral – montagem, Bienal de Veneza.

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Sobre os artistas

Wesley Duke Lee(São Paulo, 1931)

Nos meus ambientes envolvo pintura, ambientação, som e teatro,

pois tem algo de cênico nisso. A pessoa entra como ator e

expectador ao mesmo tempo (se entrar no jogo da coisa, é lógico).

A intenção era unir os elementos todos, pensei muito nisso antes

de iniciar a série.

Wesley Duke Lee 3

Ousadia, experimentação, liberdade. Conhecido por suairreverência e diversidade de temas, linguagens e suportes,Wesley Duke Lee sempre está rodeado pela criação. Sua avóé pintora acadêmica e, na oficina montada na casa dos avós,um helicóptero, um carro a vapor, são algumas das invençõesiniciadas. Descobre, aos 16 anos, o Museu de Arte, o futuroMASP. Lá inicia o curso livre de desenho.

Considerando que “a profissão de artista é a mais difícil de sedefinir e a mais longa para se formar”4 , segue para Nova Iorque,num curso livre para formação de diretor de arte. De volta aoBrasil, a formação de publicitário garante sustento por um tem-po, até tornar-se aluno do pintor italiano Karl Plattner, aquiradicado. Com ele experimenta a têmpera e o afresco. Embar-ca como ajudante do pintor para a Europa, a fim de realizartrabalhos na Itália e um grande mural na Áustria. No filme,Wesley faz referência a esse artista e ao seu interesse pelomundo medieval. Estuda também em Paris e volta a São Pauloem 1960, com toda essa bagagem cultural e artística.

O momento é de ebulição. Surge o realismo mágico5 . Nessaépoca, o artista adota o heterônimo do cavaleiro viajanteArkadin d‘y Saint Amer, inspirando diversos trabalhos que vãodesde pinturas até a instalação Fortaleza de Arkadin. Insere-se na vida artística paulistana com um estilo próprio, rebelde eirreverente. Em 1963, expõe a série Ligas no João Sebastião

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Bar, sendo as obras iluminadas por lanternas oferecidas aosvisitantes - o primeiro happening no Brasil. As obras do artistase aproximam do corpo feminino e da sexualidade por um viésmítico, repleto de referências simbólicas6 .

Cria ambientações. Em Trapézio ou uma confissão, 1966, daqual vemos parte no filme, o artista trata das relações entre ohomem e a mulher, como se fossem sair para se encontrar. Atrásde cada um, outras imagens. No teto do quadrilátero formadopelos painéis, um deles de acrílico repetindo a pose masculinaque relembra também o famoso homem dentro do quadrado deLeonardo da Vinci, um parafuso de Arquimedes provoca maiorpressão do som, ruídos provocados pela emissão de várias fre-qüências. O retrato de Assis Chateaubriand – A zona: conside-

rações, de 1968, é um comentário sobre o poder. O Helicópte-

ro é a ambientação seguinte – “era o conceito do vôo, mas ovôo virado para dentro. É você que voa, não o helicóptero”7 .

A ousadia, o universo mítico, a busca de poéticas visuais levamo artista a uma produção que envolve muitas linguagens e pro-cedimentos, conectando as tradições da têmpera, da cartogra-fia, da caligrafia oriental, dos desenhos de botânica às inovaçõesda fotografia, da polaroid, das colagens e frottages, do vídeo, dacomputação gráfica, da pintura escaneada eletronicamente,permanecendo o desenho como linguagem primordial.

Walter Silveira(São Paulo, 1955)

Walter Silveira foi originalmente um poeta que emergiu do movi-

mento da poesia concreta. Esse movimento, que produziu sobre a

cultura brasileira um impacto tão grande quanto a bossa nova na

música e o cinema novo no cinema, procurou experimentar uma

poesia de feição radicalmente contemporânea, com grande ênfa-

se dedicada aos aspectos mais propriamente visuais e sonoros do

poema. A poesia de Silveira, por exemplo, deve grande parte do

seu impacto aos aspectos gráficos da escrita, ao uso expressivo

das cores e à tipologia de suas letras manuscritas, exigindo muitas

vezes do leitor um trabalho de “decifração” prévia dos caracteres.

Arlindo Machado 8

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As poesias visuais de Walter Silveira são indícios de que a gra-duação em rádio e tv, em 1980, abriu ao artista múltiplos ho-rizontes. Videoartista, poeta visual, artista gráfico e profissio-nal de televisão (TV Gazeta e TV Cultura), funda em 1980 a TVDO(lê-se TV Tudo), produtora de vídeo independente com propos-tas renovadoras impactantes e experiências radicais, tanto nainvenção formal, quanto nos recursos expressivos do vídeo.

Com Pedro Vieira, cria AC/JC, 1986 – “homenagem ao com-positor do silêncio (JC/ John Cage) e ao poeta da página embranco (AC/ Augusto de Campos). É um vídeo em que o bran-co da tela predomina, cortado apenas por rápidos flashes deimagem, pulverizados pelos próprios dispositivos técnicos, jun-tamente com ruídos, impulsos e distorções. Para Arlindo Ma-chado, outra obra parece resumir bem as inquietações do gru-po: Caipira In (Local groove), 1987, de Roberto Sandoval, Ta-deu Jungle e Walter Silveira, que tem como mote a tradicionalfesta religiosa popular em São Luís do Paraitinga/SP.

Criador da primeira escola de vídeo brasileira, esse artistamultimídia desenvolve, em parceria com o poeta Augusto deCampos e o músico Cid Campos, um espetáculo intermídiachamado Poesia é risco, apresentado desde 1996. Participa dascoletivas A trama do gosto (1986), Arte/Cidade (1994), Bienalde São Paulo (1987, 1994 e 1998), Bienal do Mercosul (1998)e de Genebra (2002), entre muitas outras. Realiza projetosautorais e experimentais em torno do suporte eletrônico desde1977, participando de várias mostras, festivais e eventos cul-turais. Publica Mein kalli graphycs e Posterbook.

Olhos da arteMeus trabalhos sobre artistas plásticos sempre tiveram foco no espí-

rito de sua atuação, não em questões biográficas ou documentais.

Walter Silveira 9

Foram vários os vídeos experimentais nos quais Walter Silveiracriou interpretações poéticas das obras. Assim como em Mi-

nha viagem em Wesley Duke Lee d’o helicópetro à Fortaleza

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de Arkadin, 1992, ele fez outras leituras das obras de BettyLeirner em Les êtres lettres, 1991, de Ivald Granato em Painter:

model in video, 1991, de Maria Bonomi em Elogio da xilo, 1995.Silveira nos leva a problematizar a releitura como uma inter-pretação poética, que vai além das questões formais outemáticas, mas que focaliza “o espírito da atuação do artista”.

A interpretação poética também parece visível quando WesleyDuke Lee afirma sobre a sua Fortaleza de Arkadin: “queria daruma sensação de uma xilogravura da Idade Média e a repre-sentação que estou fazendo é mais para além das fotografiasde Portugal e Escócia. Isso virou uma paisagem mental”.

De modos diversos, ambos os artistas interpretam e

reinventam o mundo criando outro mundo, seja ele consti-

tuído pelas paisagens de Portugal e Escócia, seja ele pelas

obras de Wesley Duke Lee. Há um pensamento visual que

se expressa na intertextualidade de linguagens, nos convo-

cando a estar frente a ele e também inventando novos mun-

dos. Há traduções da visão de mundo para a linguagem, do pen-samento para a linguagem, de linguagem para linguagem.

O vídeo experimental Caipira In (Local groove), 1987, pode ilustraressa idéia: frente à tradicional festa religiosa popular em São Luísdo Paraitinga/SP, Walter Silveira, juntamente com Roberto Sandovale Tadeu Jungle, não filmam na linguagem do documentário. ParaArlindo Machado10 : ”o vídeo nega a função de registro da câmera,estabelece uma distância entre sujeito e objeto ou entre observa-dor e observado e apaga quase inteiramente as vozes e os enunci-ados daqueles sobre quem fala”. As imagens filmadas in loco sãotransformadas por efeitos eletrônicos e desintegradas pela monta-gem. Assim, não há uma “explicação” sobre o evento, mas uma“reflexão sobre a distância entre duas culturas irreconciliáveis”.

A leitura de mundo recria uma nova leitura. Releitura pautadana interpretação que cria um outro mundo, uma outra obra. ParaAlberto Manguel11 , em seu provocador livro Lendo imagens:

... o código que nos habilita a ler uma imagem, conquanto impregna-

do por nossos conhecimentos anteriores, é criado após a imagem se

constituir – de um modo semelhante àquele com que criamos ou ima-

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ginamos significados para o mundo à nossa volta, construindo com

audácia, a partir desses significados, um senso moral e ético, para

vivermos. Nos últimos anos do século 19, o pintor James McNeil

Whistler, esposando essa idéia de uma criação inexplicável, resumiu

seu ofício em poucas palavras: “A arte acontece”. Não sei se ele o

disse com sentimento de resignação ou de alegria.

Uma obra “nos acontece”, “nos atravessa” na experiência quese torna estética e faz criar novas obras. Alberto Manguel12

nos coloca outros exemplos em que a apreciação crítica e ainterpretação poética se transformam também em obras de arte,como a interpretação que Stephen Sondheim, compositor deteatro musical, fez da pintura La grande jatte, de GeorgesSeurat; os comentários musicais de Mussorgsky sobre as pin-turas de Viktor Gartmann em Quadros de uma exposição;

Shakespeare e as leituras poéticas de Henry Fuseli; a versãodo novelista Thomas Mann da obra musical de Gustav Mahler,recriada depois por Visconti em filme13 que transforma “a mú-sica em personagem e fio condutor da narrativa”.

De uma linguagem para outra linguagem. É esse o desafio queo lingüista Roman Jakobson, pioneiro da análise estrutural da lin-guagem, poesia e arte, definiu como tradução intersemiótica ou“transmutação” e que o artista e professor Julio Plaza14 aprofundouem seus estudos. A interpretação “dos signos verbais por meio desistemas de signos não verbais” ou “de um sistema de signos paraoutro” moveu também a criação de Plaza, grande produção plás-tica, livros de artista e, entre outras, uma tradução intersemióticapara os haicais de Paulo Leminski em videotexto.

Na genética, a transmutação forma uma nova espécie peloacúmulo progressivo de mutações na espécie original. Assim,também, as transmutações, as traduções intersemióticas pro-vocam novas criações, um outro olhar para a interpretaçãopoética e releituras de obras.

As paisagens fotografadas tornam-se paisagem mental paraWesley Duke Lee. O desenho da fortaleza, como uma planta,recebe um carimbo redondo, que parece muito antigo. Nele selê: “Instituto de Arqueologia Anímica – Santo Amaro”. Purainvenção do mestre, tecendo camadas e camadas de leituras

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possíveis a requerer de nós interpretações poéticas para alémde qualquer realidade visível.

O passeio dos olhos do professor

Um vídeo experimental pede uma disponibilidade e um tempodiverso de cada um de nós. Não pode haver pressa ou um olharsuperficial. Neste caso específico, sugerimos que você possaassisti-lo sem fazer nenhuma anotação e deixando que o silên-cio o leve à percepção das sensações, incômodos e estranha-mentos que ele possa causar.

Talvez o melhor seja escrever palavras soltas, escolher cores oudesenhar algumas imagens, para depois rever o vídeo experimen-tal e anotar idéias e fatos. São essas anotações que iniciarão oseu diário de bordo, como um instrumento para o seu pensarpedagógico durante todo o processo de trabalho junto aos alu-nos. Algumas questões podem ajudá-lo como uma pauta do olhar:

Que sensações o vídeo experimental lhe causa?

O que mais chama sua atenção?

O que você percebe em relação ao ritmo inicial do vídeo e aseqüência de imagens?

Quantas linguagens aparecem? A transmutação ou traduçãointersemiótica é visível?

A narrativa não-linear, muito diferente da que normalmentevemos na tv, requer o que de você?

Que questões ele lhe provoca?

Você se lembra de ter visto alguma obra de Wesley Duke Lee?É possível você conhecê-la por meio do vídeo experimental?Ou você pode perceber o “espírito de sua atuação” como quero seu criador e produtor Walter Silveira?

O que você imagina que seus alunos gostariam de ver nele?O que causaria atração ou estranhamento?

Para você, quais focos de trabalho podem ser desencadea-dos partindo do vídeo experiemental?

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qual FOCO?

qual CONTEÚDO?

o que PESQUISAR?

Zarpando

agentes

espaços sociais do saber

o ato de expor

artista, crítico de arte,diretor, montador

montagem

bienal de Veneza

MediaçãoCultural

SaberesEstéticos eCulturais

história da arte

sistema simbólico

arte contemporânea,arte conceitual, arte medieval

transmutação, tradução intersemiótica,intertextualidade, ex-libris, representação,signo, símbolo, códigos, letra, logotipos,linguagem, para além da aparência

Linguagens Artísticas

vídeo experimental

poesia visual,heterônimo

cinema

literaturameiostradicionais

desenho, pintura,xilogravura

fotografia, instalação, videoarte,objeto, happening, ambiente

artesvisuais

meiosnovos

Processo deCriação

ação criadora

ambiência de trabalho

produtor-artista-pesquisador

potências criadoras

poética pessoal, interpretação poética, séries,inquietude, projeto, deslocamentos, memória

artista-professor, pesquisa sobre arte, artista multimídia

ateliê, viagens de estudo

imaginário simbólico, corpo perceptivo,pensamento visual, repertório pessoal e cultural,devaneio poético

ConexõesTransdisciplinares

arte e ciênciashumanas

história, geografia, genealogia, mitologia,arqueologia anímica, arquétipo

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O convite é para a reflexão, a partir de suas anotações, sejamverbais ou não verbais. Elas revelam o seu modo peculiar ecriativo de dialogar com a obra dos dois artistas. A partir delas,como você introduziria o vídeo experimental? Quais questõesvocê colocaria em uma pauta do olhar dirigida a eles?

Percursos com desafios estéticosHá muitas possibilidades de trabalho que contemplam as Lin-

guagens Artísticas, mas certamente outros territórios serãopercorridos por você e seus alunos. Algumas idéias estão aquilançadas para sua recriação e invenção.

O passeio dos olhos dos alunos

Algumas possibilidades:

Antes dos alunos assistirem ao vídeo experimental, vocêpode provocá-los propondo a leitura de algumas imagens,como o estudo do helicóptero de Leonardo da Vinci e foto-grafias de vários helicópteros. O que lêem dessas imagens?Eles imaginam que um artista poderia utilizar essa aerona-ve como tema? A conversa pode prepará-los para ver o vídeoexperimental, iniciando pelo momento em que Wesley DukeLee fala sobre o seu Helicóptero. A obra não é apresentadadidaticamente. Vemos partes dela: as pinturas internas, osinstrumentos do pseudo vôo, a grande espiral. O que asimagens provocam neles?

Os alunos sabem o que é um heterônimo? Na literatura, otermo é empregado por um autor para indicar uma autoriaimaginária, inventada. Talvez seus alunos já tenham estu-dado os heterônimos do poeta Fernando Pessoa. A quaisidéias e imagens o heterônimo utilizado por Lee - Arkadind´y Saint Amer - pode remeter os alunos? É possível quepersonagens de cavaleiros sejam lembrados, pois eles po-dem fazer parte do imaginário dos seus alunos, com refe-rências aos contos de fadas, às histórias medievais e filmese até aos jogos de RPG15 . O convite para assistir ao vídeo

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experimental pode nascer dessa conversa, focalizando,especialmente, o imaginário do artista e do produtor.

Como você, os alunos podem assistir ao vídeo só tendo comoinformação o fato de que tem um caráter experimental. O quechama a atenção deles na primeira exibição? Depois da con-versa, uma pauta do olhar compartilhada e complementadapelos alunos pode ampliar o olhar para a repetição do vídeo.O que mudou nessa segunda vez? Você poderia conectar asimpressões com o conceito de interpretação poética?

As sugestões acima podem gerar outras que provoquem a sen-sibilidade dos alunos em relação ao vídeo experimental para acontinuidade do projeto.

Desvelando a poética pessoalO desafio aqui é abrir um espaço de criação pessoal para cadaaluno. Pensadas para alunos do Ensino Médio, as proposiçõesa seguir focalizam aspectos distintos, proporcionando escolhaspessoais para a continuidade das produções. Compreendidacomo uma série de trabalhos e não apenas como mais umaatividade, sugerimos algumas hipóteses:

Viagem de resgate das origens e/ou dos antepassados. Par-tindo da idéia de Wesley Duke Lee – “arqueologia anímica”, osalunos podem fazer uma série de trabalhos plásticos, retoman-do as suas origens. Fotografias podem ser os suportes iniciaispara a interpretação poética da história de pais e avós.

Interpretações poéticas de obras de artistas com os quaisjá trabalharam ou outros que podem ser buscados de mui-tas formas. Essa ação pode ser facilitada se a escola tiveruma boa sala de informática munida de internet rápida,banda larga, que facilita os sistemas de busca de imagens.O desafio é interpretar as obras em outras linguagens, comopor exemplo: da linguagem verbal para o desenho, ou dalinguagem do desenho para a linguagem da escultura, dalinguagem da pintura para a linguagem da escultura, etc.

Criação de um vídeo experimental de curta duração ou até

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mesmo um curta-metragem de um minuto. Mesmo saben-do que dificilmente você e seus alunos terão acesso a equi-pamentos profissionais sofisticados para a filmagem e edi-ção, a exploração possível com uma filmadora pode serprovocada e interessante. Isso pode levá-los à compreen-são do trabalho envolvido para a produção de um vídeo:roteiro, filmagem, cenografia, iluminação, trilha sonora, etc.

Ao final do projeto, a percepção da própria poética, do percursopessoal nem sempre é clara para o aluno. Nessa direção, você podeajudá-lo, ampliando o olhar para ver semelhanças e diferenças,oposições e identificações entre os trabalhos apresentados aolongo do processo. O seu acompanhamento pode nutri-lo comnovas idéias e obras, abrindo novas conexões para o aluno.

Ampliando o olhar

Diversos tipos de mapas: geográficos, históricos, antigos,astronômicos, etc., podem evidenciar a questão da interpreta-ção, da representação da realidade numa linguagem gráfica.Mapas antigos podem ser fascinantes, pois mesmo pretenden-do ser uma representação objetiva, neles o homem imprimiatambém a sua visão de mundo, carregada de subjetividade.

Uma viagem pela arqueologia anímica pode levar os alunosa descobrir as histórias de sua comunidade ou de suas fa-mílias. Entrevista com familiares, busca de fotos, pesquisana internet, consulta a mapas, investigações sobre as ori-gens dos sobrenomes e os movimentos migratórios podemlevar à criação de colagens e pinturas coletivas. É interes-sante que percebam como a imagem mental vai se forman-do ao longo do processo. Por fim, essa imagem mental podeser convertida em uma espécie de mapa significativo, quepoderá se concretizar por meio de formas, materiais e su-portes diversos em um projeto de instalação.

A paisagem dos lugares visitados pelo artista, norte dePortugal e a Escócia, pode ser investigada. Wesley DukeLee se refere a uma paisagem erma, vazia, onde parece que

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a civilização não andou, e conecta também a fortaleza depedra à Pedra do Baú em Campos de Jordão/SP. O que osseus alunos pensam sobre isso? Eles conhecem algum lu-gar que cause essa sensação?

Veneza é uma cidade mágica e carregada de mistério. Novídeo experimental, vemos algumas tomadas da cidade, mastais características não são mostradas. O que os alunos po-dem descobrir dessa cidade e sobre a Bienal de Veneza? Ainterpretação poética de cidades como Veneza ou outrasescolhidas pelos alunos pode gerar interpretações poéticasdo imaginário que provocam.

Qual a diferença entre um vídeo experimental, a videoarte,o videoclipe e um vídeo amador? Em que diferem de umfilme feito para o cinema? E para a tv? Entre umdocumentário e os chamados filme de ficção, de arte, aven-tura, musical? A pesquisa dos alunos pode ampliar o olharpara o que vêem na tv. Eles podem trazer trechos seleci-onados de filmes e vídeos para comentar as diferenças,especialmente em relação à narrativa e ao tempo. A apro-ximação desses trabalhos pode vir a sensibilizar os alunospara os novos meios na arte e para um olhar mais crítico esensível sobre o que vêem.

As viagens sempre povoaram o imaginário humano. Tantoas ousadas naves espaciais como a estética medieval es-tão presentes em filmes e imagens do passado, em livrosde Julio Verne, em cenas do Túnel do tempo ou Guerra nas

estrelas. Recentemente, Steven Spielberg lançou o filmeGuerra dos mundos e é interessante pesquisar que, em1903, o artista brasileiro Henrique Alvim Corrêa fez ilustra-ções para o romance que gerou o filme, publicado em 1898por Herbert George Wells. Os alunos podem pesquisar tam-bém o artista plástico H. R. Giger, que criou os personagenspara o filme Alien, sobre alienígenas. O que serão provoca-dos a criar a partir dessa pesquisa visual? Será interessan-te notar na cartografia da DVDteca que outros artistas tam-bém se utilizam do imaginário medieval.

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Conhecendo pela pesquisa

A mitologia faz parte do imaginário simbólico de WesleyDuke Lee. O seu heterônimo é um cavaleiro templário –Arkadin d´y Saint Amer. Quem foram os Templários? Emque contexto viveram? Há uma aura mística e lendáriaconstruída em torno deles. Pesquisar sobre o assunto en-riqueceria a compreensão sobre o percurso poético deWesley Duke Lee, uma vez que, na década de 60, ele fezvárias pinturas, das quais algumas fazem parte do acervodo Museu de Arte Contemporânea/SP.

Os registros em desenho dos estudos científicos de Leonardoda Vinci são instigantes. Entrar em contato com os seus dese-nhos e os seus tratados sensibiliza para a questão do artistacomo um criador visionário e investigador científico, que seutiliza dos meios tecnológicos de seu tempo. Esse estudopoderia ser centrado nos meios de transporte e nas máquinasde voar, uma vez que a sua produção é muito grande.

No vídeo experimental, Karl Plattner é citado como um mestreimportante na formação de Wesley Duke Lee. Por outro lado,Wesley também influenciou artistas que hoje ocupam um lu-gar de destaque, alguns dos quais estão presentes na DVDteca,como Fajardo e Baravelli. O que os alunos poderiam descobrirda aprendizagem da arte através de mestres artistas?

O mercado de arte tem uma influência marcante sobre adivulgação das obras de artistas. Com Nelson Leirner e Ge-raldo de Barros, além de outros, Wesley Duke Lee criou aRex Gallery & Sons, na década de 1960. As galerias conti-nuam a ser um ponto importante para a divulgação das obrasde artistas contemporâneos? Como elas operam? Há gale-rias em sua cidade? E nas cidades próximas?

Duke Lee se notabilizou pela variedade de linguagens esuportes, contudo, o desenho e a pintura permaneceramcomo base construtiva em toda a sua obra. Investigar sobrea têmpera e o afresco, procedimentos que remontam à Ida-

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MINHA VIAGEM EM WESLEY DUKE LEE D’O HELICÓPTERO À FORTALEZA DE ARKADIN

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de Média, e interpretá-los poeticamente pode aprofundar oconhecimento sobre o ofício do pintor.

Walter Silveira, o criador do vídeo experimental, é um artis-ta multimídia e agente cultural de grande importância nocenário brasileiro. Investigar sobre a sua trajetória, comopoeta, artista visual e diretor de tv, poderá despertar seusalunos para outras oportunidades de trabalho.

Um carimbo, aparentemente antigo, inventado por WesleyDuke Lee identifica o “Instituto de Arqueologia Anímica -Santo Amaro”. A casa e o amplo ateliê do artista são nessebairro, que no passado ficava muito distante do centro dacapital paulistana. Que carimbos os alunos poderiam criar,como ex-libris16 , para seus livros e cadernos? Poderiamexecutá-los com batata para imprimi-los?

Amarrações de sentidosDar sentido ao que se estudou é bastante importante para queo aluno se aproprie de suas descobertas. É importante tambémperceber e valorizar o percurso trilhado, composto por diversasações, que englobam a pesquisa, o fazer artístico, a apreciação,o pensar e discutir arte. O desafio não é o de produzir uma pastaque simplesmente guarde os trabalhos, mas registrar, organizare refletir sobre todo o projeto, com a marca pessoal do aluno.

Lembrando que o disparador de todas as discussões e propos-tas aqui colocadas é um vídeo experimental que narra o percur-so de uma “viagem”, uma das alternativas seria a elaboraçãode um “diário de bordo”. Nele estaria guardado todo o relatoda viagem ao longo do processo, como depoimentos, as pro-postas iniciais, as perguntas, as descobertas, as soluções en-contradas, os esboços, os estudos e trabalhos prontos. Desco-brir a maneira de elaborar esse diário, que não precisa ser,necessariamente, em formato de livro, podendo usar váriossuportes e técnicas, bi ou tridimensionais, e fazer uso de lin-guagem linear ou não-linear, seria uma forma de trabalhar cominterpretações poéticas e traduções intersemióticas.

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Valorizando a processualidadeOnde houve transformações? O que os alunos perceberam queaprenderam?

A discussão a partir da apresentação dos “diários de bordo” podelevar à reflexão sobre todo o processo. A fala dos alunos sobreo que mais gostaram e o que menos gostaram, sobre o que foimais importante, sobre as dificuldades e sobre o que faltou nodesenrolar do trabalho é um valioso instrumento de avaliação.

Um olhar atento e uma escuta sensível podem aproveitar as in-formações levantadas. Juntamente com o seu diário de bordo,você pode refletir sobre o seu próprio aprendizado. É o momentode perceber e anotar as suas descobertas, achados pedagógi-cos e faltas, e tomar consciência das novas idéias e possibilida-des despertadas a partir desta experiência. Que outras palavras/conceitos você poderia investigar na cartografia da DVDteca?

GlossárioFrottage – uma das técnicas do “automatismo” explorada pelossurrealistas. Termo francês para transferir texturas de uma superfície paraoutra, mediante o esfregamento de lápis ou crayons através do papel. Fonte:OSBORNE, H. The Oxford companion to twentieth century art. Oxford:University Press, 1984, p. 207.

Intertextualidade – o conceito foi introduzido por Julia Kristeva na te-oria literária em 1966, por influência da noção de dialogicidade deBakhtin. Presente na visão tradicional de literatura nos gêneros: sáti-ra, paródia, tradução, comentário, crítica e o plágio, ou em certas par-tes do texto como citações, notas, alusões, epígrafe. Presente tambémna pós-modernidade, especialmente com novos fenômenos textuais“multimidiáticos”, tais como o hipertexto e a internet, que utilizam umamultiplicidade de textos ou de partes de textos preexistentes de um oumais autores. Fonte: <http://sescsp.uol.com.br/sesc/convivencia/ofi-cina/livrovivo/intertextualidade.htm>.

Happening – o termo foi cunhado no final dos anos 50 pelo americano AllanKaprow (1927) para designar uma forma de arte, que combina artes visuaise uma espécie de teatro sem texto nem representação. Os espetáculosbuscam a aproximação do espectador, fazendo-o participar da cena propos-ta pelo artista (nesse sentido, o happening se distingue da performance,

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em que não há participação do público). Os eventos se caracterizam peloacaso e pela estrutura flexível, sem começo, meio e fim, que acontecem emlocais variados: ruas, antigos lofts, lojas vazias etc. Os happenings sãogerados na ação e, como tal, não podem ser reproduzidos. Fonte: Enciclo-pédia Itaú Cultural de Artes Visuais <www.itaucultural.org.br>.

Bibliografia

AMARAL, Aracy. Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burger (1961-1981). São Paulo: Nobel, 1983.

COSTA, Cacilda Teixeira da. Wesley Duke Lee: um salmão na correntetaciturna. São Paulo: Edusp, 2005.

___ (org.). Wesley Duke Lee. Rio de Janeiro: Funarte, 1980. (Coleção Artebrasileira contemporânea).

KHOURI, Omar. Poesia visual brasileira: uma poesia na era pós-verso,1996. Tese (Doutorado) - Programa de Estudos Pós-Graduados em Co-municação e Semiótica da PUC - São Paulo.

___. Visualidade: característica predominante na poesia da era pós-verso: apon-tamentos. Disponível em: <www.faap.br/revista_faap/revista_facom/artigos_visualidade1.htm>.

MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Institu-to Walther Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. 2v.

Seleção de endereços sobre arte na rede internet

Os sites abaixo foram acessados em 26 ago. 2005.

ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL DE ARTES VISUAIS. Disponível em:<www.itaucultural.org.br>.

LEE, Wesley Duke. Disponível em: <www.mac.usp.br/exposicoes/97/phases2/wesley.htm>.

___. Disponível em: <http://gowheresp.terra.com.br/21/entrevista/wesley.htm>.

GIGER, H. R. Disponível em: <www.hrgiger.com>.

GRUPO REX. Disponível em: <www.mac.usp.br/projetos/seculoxx/mo-dulo4/rex/intro.html>.

GUERRA DOS MUNDOS. Disponível em: <www.waroftheworlds.com>.

PLAZA, Julio. Disponível em: <www.mac.usp.br/exposicoes/04/plaza/index.html>.

SILVEIRA, Walter. Disponível em: <www2.uerj.br/~labore/cimagem/p13_poemas_7.htm>.

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Notas1 CAMARGO, Iberê. Gaveta de guardados. São Paulo: Edusp, 1998, p.342 Segundo o Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa, o termopsicodélico se refere a “qualquer produção intelectual que se assemelha ouprocura imitar as obras criadas sob efeito de alucinógeno”. Foi um termo uti-lizado também para vários tipos de produções na década de 60 do séc. 20.3 Cacilda Teixeira da COSTA (org). Wesley Duke Lee, p. 36.4 Ibid., p. 11.5 Ibid., p. 20. O Movimento do Realismo Mágico é formado por Lee e pelocrítico Pedro Manuel Gismonti, pela pintora Maria Cecília Gismondi, o fo-tógrafo Otto Stupakoff e o escritor Paulo Saldanha.6 Op. cit., Cacilda Teixeira da COSTA, p. 22. Diz ele: “… lidava com um as-sunto muito complicado (e para os homens é um terror): o princípio do femi-nino. Como manejar o feminino dentro de si? Estava me aproximando do vaso,o vaso máximo que é o útero, onde se põe tudo. Comecei pelo púbis, tentan-do vencer o medo: dele fui me avançando até conseguir fazer uma figura in-teira, o que levou 10 anos. A imagem aparecia por partes, faltando pedaços.”7 bid., p. 38.8 Fonte: <www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/comunica/video/gnovis/walters/apresent.htm.> Acesso em: 26 ago. 2005.9 Fonte: <www.copa.esp.br/divirtase/noticias/2000/jul/17/216.htm>.Acesso em 25 ago 2005.10 Fonte: <www.mre.gov.br/cdbrasil/itamaraty/web/port/comunica/video/indepen/tvdo/index.htm>. Acesso em. 26 ago. 2005.11 Alberto MANGUEL, Lendo imagens, p. 32-33.12 Op. cit, Alberto MANGUEL, p. 30.13 Morte em Veneza (Death In Venice, Itália, 1971) Direção: Luchino Visconti. Elen-co: Dirk Bogarde, Silvana Mangano. Leia mais em: <www.screamyell.com.br/secoes/morteemveneza.htm>. Acesso em: 25 ago. 2005.14 Disponível em: <http://paginas.terra.com.br/arte/PopBox/tradint.htm>.15 RPG - Role Play Game surgiu nos EUA em 1974 a partir dos jogos deguerra que simulavam batalhas em tabuleiros. Em ambientações especí-ficas (ficção científica, Idade Média, etc.), cada jogador cria um persona-gem de acordo com um sistema de regras que obedece a lógica do mundopara o qual ele está sendo criado, com variações infinitas.16 “A expressão latina ‘ex-libris’ quer dizer ‘dos livros de’, ou seja, algo quepertence à biblioteca de determinada pessoa” As pequenas etiquetasimpressas por qualquer meio, remontam à Antigüidade. Seu uso apareceno Brasil no final do século 18. Fonte: <www.bazardaspalavras.com.br/exlibris.asp>. Acesso em: 27 ago. 2005.

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