COSTA DA CAPARICA… … IMAGENS QUE VALEM MAIS DO QUE … · Marinha – que se os decisores...
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FOLHA INFORMATIVA Nº34-2010
COSTA DA CAPARICA…
… IMAGENS QUE VALEM MAIS DO QUE MIL PALAVRAS
As coordenadas 38º 38' N 9º 13' 30" O, marcam um local que dá que falar… em Portugal, e não
só! Basta uma pesquisa rápida em revistas nacionais e internacionais, em endereços de busca na
internet ou mesmo em endereços de redes sociais para se saber do que estamos a falar… a praia
da Costa da Caparica!
Conhecida pelos seus areais, ondas, falésias, dunas e… pelas suas casinhas de pescadores… os
Palheiros da Caparica!
Há 100 anos atrás, toda a costa era ocupada por casas de pescadores e para quem não sabe ou
não lembra… várias delas foram trazidas para ali sobre troncos, pela praia, puxadas por juntas de
bois, outras foram transportadas em barcaças… este é um pouco da sua história… mas agora, ano
de 2010, as poucas que sobreviveram estão em risco de demolição… 46 habitações próximas da
Praia da Saúde, na Costa da Caparica, algumas delas centenárias, originariamente edificadas por
pescadores, e que podem vir a ser demolidas na sequência da implementação de um dos planos
de pormenor do projecto CostaPolis.
Esta Folha Informativa apenas quer mostrar, através de imagens, como várias sessões
publicitárias de promoção turística, produções de moda (nas quais se inclui a top model Heidi
Klum), reportagens internacionais, ou gravações de telenovelas, aproveitaram um cenário tão
deslumbrante como o das praias da Costa da Caparica… cenário que pode deixar de ser
aproveitado… cenário que pode deixar de ter interesse por entidades nacionais e internacionais…
Fonte: http://flickr.com/photos/pantax_71/4974728879/
Fonte: Imagens retiradas de reportagens de revistas e jornais nacionais: TV Guia, TV&Culinária,
Tele Novelas Notícias TV e 24 Horas.
Fonte: Imagens retiradas de uma reportagem da revista “Caras Decorações Especial”
Fonte: Imagens retiradas de uma reportagem da revista “Vogue Brasil”
Fonte: Imagens retiradas de uma reportagem da revista “Attitude©Interior Design”
Fonte: Imagens retiradas de uma reportagem da revista “Check-In”
Fonte: Imagens retiradas de uma reportagem da revista “Leechee”
Depois de ter visto estas imagens… depois de descobrir a situação preocupante em que este
património nacional se encontra… como é possível ficar indiferente à decisão de destruir um
património cultural tão valioso?
… porque não deslocar-se neste sábado, 27 de Novembro, às 15h00 até ao Hotel Costa da
Caparica e participar no “Fórum Palheiros da costa da Caparica: Em defesa da Cultura Popular”?
É uma iniciativa da Comissão de Moradores, com os Amigos da Costa e outras instituições, com a
presença de especialistas, no sentido de pressionar as entidades competentes para não
demolirem aquele património que não prejudica nem nunca prejudicou ninguém, muito pelo
contrário…
… porque não ser a 352ª pessoa a aderir na rede social Facebook ao grupo: “SALVEM AS CASAS
TÍPICAS DA COSTA DA CAPARICA”? Alia-se a uma causa nobre, podendo ler uma descrição
completa e várias fotografias ilustrativas sobre esta temática…
… e porque não aceder ao endereço http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N3592,
ler o texto abaixo citado e ser a 299ª pessoa a assinar a Petição Pública “SALVEM OS PALHEIROS
DA COSTA DA CAPARICA”?
“O CostaPolis ameaçou demolir as últimas casas típicas da Costa da Caparica, em frente à Praia da Saúde e
até à Praia da Mata. Todas as outras foram já destruídas. Há cerca de 100 anos, toda a Costa era constituída
por este tipo de casas.
É evidente que as autoridades não se aperceberam que estas edificações não são barracas de uma qualquer
periferia urbana, mas sim valiosos exemplares das construções dos pescadores, os Palheiros, que se podem
encontrar ainda em certos sítios da costa atlântica portuguesa e em alguns pontos das margens do Tejo e do
Sado. Em muitos casos, como na Costa Nova, a sua tipologia foi adaptada à construção moderna, como as
famosas casas “de pijama”.
O caso específico destas casas da Costa da Caparica é ainda mais interessante, uma vez que várias delas
foram trazidas sobre troncos pela praia, puxadas por juntas de bois, desde a Cova do Vapor, havendo mesmo
relatos de alguns Palheiros serem transportados do Dafundo em barcaças. Há diversos estudos sobre os
Palheiros, como o da Profª Doutora Raquel Soeiro de Brito, que em 1958 publicou o seu famoso estudo sobre
os Palheiros de Mira. A autora considera hoje – na sua qualidade de vice-presidente da Academia de
Marinha – que se os decisores tivessem tido o bom senso e a visão estratégica e cultural necessárias,
poderíamos hoje estar a falar desses mesmos Palheiros de Mira como um património da Unesco. O que se
verifica, pelo contrário, é que na Praia de Mira, só para dar este exemplo paradigmático, dos mais de
trezentos palheiros históricos ali existentes há somente 50 anos atrás, existem hoje pouco mais de três!
Sendo construções históricas, a tipologia dos palheiros encontra-se muito bem estudada e identificada por
investigadores clássicos como José Leite de Vasconcelos, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano,
Benjamim Pereira, entre vários outros. O próprio Raul Brandão, que viveu parte da sua vida na Praia de Mira,
refere-se detalhadamente aos Palheiros.
Este património que agora se quer destruir na Costa da Caparica tem sido cenário de inúmeras sessões de
fotografia de moda, cenário de telenovelas (Mar de Paixão, TVI), postais ilustrados, artigos de revista,
inclusivamente na da TAP como destino turístico original. É simplesmente inacreditável que não se
compreenda que o património é uma mais-valia para o turismo e para o desenvolvimento, não uma ameaça.
Os proprietários das casas não estão a pedir subsídios do estado, eles querem fazer a sua manutenção e
preservar o património. Há muitos anos que as autoridades não lhes permitem fazer obras de manutenção
porque “é tudo para ir abaixo”. Os proprietários não são ilegais. Têm toda a documentação que legitima a
sua presença. Mais, os proprietários propõem-se, além da recuperação e manutenção das casas, contribuir
para a sua qualificação cultural, e deste modo para a qualificação da oferta turística da Costa da Caparica.
Começaram já, com o apoio da Comissão da Candidatura da Cultura Avieira a Património Nacional, a
trabalhar nesse sentido.
Foi igualmente contactada a Associação de Moradores da Cova do Vapor para também trabalhar no mesmo
sentido. A sua situação, sendo substancialmente diferente, partilha no entanto os efeitos destruidores da
incompreensão do valor do património cultural dos pescadores. A Costa da Caparica tem perdido todas as
suas referências identitárias, seguindo uma concepção de desenvolvimento cujo destino conhecemos todos
muito bem: temo-lo visto em inúmeras zonas do nosso litoral e ninguém fica feliz com ele.
A alma da Costa da Caparica são os pescadores e a sua cultura, sem ela resta o subúrbio à beira mar. Todos
temos a ganhar na preservação do património, ele é um factor de riqueza. A cultura dos pescadores, os
pobres entre os pobres, como dizia Raul Brandão, tem sido sistematicamente negligenciada, até pela
pobreza dos materiais empregues, os únicos possíveis dadas as circunstâncias. No entanto, são
manifestações culturais de uma comunidade centenária, riquíssima de tradições e uma voz de coragem no
sofrimento, de perseverança e solidariedade na aflição.
Os actuais proprietários já não são pescadores, são os guardiães dessa herança e têm as suas memórias, na
sua maioria ao longo de três gerações, intimamente ligadas estas casas. Para quem conhece a Costa da
Caparica há muitos anos, também são parte da nossa memória.
Neste momento temos, por um lado, a destruição pura e simples e, por outro, esta proposta de qualificação,
de reforço da identidade, de um futuro mais humanizado.
Assinar esta petição é mais do que salvar cerca de 40 casas, é dar uma oportunidade de qualificar a Costa da
Caparica e fazer uma ponte com o seu passado, reforçando a sua identidade.
Assinar esta petição é recusar a destruição da memória e dar oportunidade a um futuro em que os sítios, as
coisas e as pessoas fazem sentido.
Os signatários”
O Gabinete da Cultura Avieira
NOTA: na página seguinte pode ver uma foto aérea de algumas das casas de madeira,
ou Palheiros históricos da Costa da Caparica.