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Dhlakama volta a alertar sobre a lentidão, mas apela à calma
Corridos!
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Dança de cadeiras na Frelimo
TEMA DA SEMANA2 Savana 16-06-2017
Numa altura em que o Presidente da Repúbli-ca, Filipe Nyusi, encon-tra-se em Washington
a participar na cimeira bienal EUA-África, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, voltou a acu-sar o Governo de lentidão nas ne-gociações de paz e de resistência no abandono do cerco à serra da Gorongosa e alertou aos “cama-radas” para um tratamento sério do assunto, para a mudança da imagem de Moçambique, garan-tido que não vai recuar enquanto não democratizar Moçambique e que um acordo será alcançado ainda este ano.Em entrevista ao SAVANA nesta quarta-feira, dia em que Nyusi se reunia com o secretário do Esta-do norte-americano, Rex Tiller-son, o líder do maior partido da oposição reconheceu o mal-estar dos moçambicanos causado pela demora nas negociações de paz, afiançando que está a usar gol-pes de mestria para o alcance de um acordo, face às experiências amargas do passado, e assegurou que não vai “acobardar e decep-cionar” na luta pela democracia.
Após considerar lentas as ne-gociações, abordou o PR Filipe Nyusi? E como está a andar o processo agora?Até agora não há nenhuma mu-dança. Tudo é lento, mas a pro-messa é que talvez já na próxima semana as coisas possam avançar já um pouco com pressa, quer na descentralização, assim como nos assuntos militares. Mesmo o as-sunto da retirada aqui no cerco da Gorongosa.É claro que ainda não esgotamos o prazo, que foi marcado, até finais do primeiro semestre, isto é, até dia 30 deste mês de Junho, todas as posições militares das forças governamentais teriam de sair da serra da Gorongosa. Mas podemos dizer que há um atraso, porque este assunto foi tratado em Abril, e a retirada começaria a partir da pri-meira semana de Maio e até aqui ninguém saiu. Os que tentaram sair, umas três posições, de Ma-panga-panga, de Siua, assim como uma posição chamada Mazembe, não se retiraram para Mapundo ou onde haviam saído, retiraram-se aí, para mostrar que saíram, mas es-tão a uns 5 ou 10 quilómetros, na mesma área. O prazo combinado, de 30 de Junho, ainda não chegou. Posso crer e acreditar que, se ca-lhar, até o dia 30 todos sairão mes-mo, mas há morosidade.A não retirada dos militares po-deria se traduzir numa desobedi-ência ao comando do PR Nyusi?É difícil eu responder com preci-são ou taxativamente, mas eu sou um general. Sou político, líder e general. Dirigi a luta desde 1977 até hoje. Desde os 23 anos a cres-cer nesta revolução, sei o que é um militar desobedecer ordens. Não é
possível alguém das forças armadas, governamentais, rejeitar ordens do Comandante-em-chefe, constitu-cionalmente, que é (Filipe) Nyusi. Portanto, ele sabe das demoras, ele sabe das lacunas, da falta de coor-denação entre ministérios, porque isto é um componente misturado, temos forças da FIR, da Inter-venção Rápida, que pertencem ao Ministério do Interior, usando o fardamento das “fademos”, e te-mos mesmo as “fademos” que per-tencem ao Ministério da Defesa, e depois é uma confusão, não há coordenação entre ministérios, e ele (Filipe Nyusi) é novo no poder. ( Joaquim) Chissano e (Armando) Guebuza foram presidentes, não é fácil, mas eu não quero achar que ele esteja isento, que haja indisci-plina, ele tem conhecimento, a isto chamaríamos de uma desorgani-zação organizada. Mas acabarão por se retirar, porque não foi uma conversa particular entre Dhlaka-ma e Nyusi, em que as pessoas po-deriam condenar-me, dizendo que Dhlakama é que disse, não, ele, o próprio Presidente da República, na presença do grupo de contacto, disse que se estavam a retirar, por-tanto, se não se cumprir, quem fica manchado? E toda a gente fica a acreditar que aquilo que ele está a tratar com Dhlakama não será im-plementado, será igual àquilo que eu fiz com Chissano e Guebuza, ele é que ficará a dever ao público. Mas quero ainda acreditar que se vão retirar porque o prazo combi-nado ainda não terminou.Ocorreram incidentes desde a declaração da trégua indetermi-nada?Bom, não de disparos. Posso dizer que é um grande sucesso, isso eu posso falar com todo o orgulho, porque quando dei a trégua sem prazo, era de facto suicídio, sem controlo, sem monitoria, num país tão grande, com todas as provín-cias com as forças armadas do Go-verno e da Renamo.Não tem havido incidentes de dis-
paros uns contra outros, mas há um problema da indisciplina por parte das “fademos”. Usam e vio-lam a trégua, usam fardamentos, levam armas, vão às barracas, isto é, nos mercados informais, bebem fardados, mas os militares não podem beber fardados, pedem di-nheiro e, às vezes, arrancam bens. Isto tem acontecido, na Zambézia, sobretudo, em Manica. Em Tete houve um bocadinho de violação, e os polícias a dizerem que os da Renamo não podem içar bandei-ras, sobretudo, naquelas bandas de Tsangano. Mas os deputados da Renamo têm estado a falar com o próprio comandante provincial e são essas coisinhas que aconte-cem, porque também porque, para quem conhece o exército da Freli-mo, são indisciplinados. Não sei se é problema de formação, por causa da ética profissional, nunca foram militares assim e obedecer o regu-lamento militar.Há um crescente mal-estar de que o líder da Renamo estaria a ser enganado pelo PR Nyusi e a Frelimo, porque não estão a acontecer as principais coisas que deviam acontecer. Que leitu-ra faz deste mal-estar?Há sim, há reclamações! Até por-que essas coisas, esses comentários começaram quando dei entrevistas a jornais e falei numa das telecon-ferências, dizendo que as coisas estavam a andar lentamente e, de facto, as pessoas começaram a co-mentar.Eu ainda não posso dizer que o Presidente Nyusi me tenha en-ganado, porque sempre é um processo, eu reconheço que é um processo. Não comecei a dialogar com o Nyusi, já trabalhei com o ex-Presidente Joaquim Chissano, assinei um acordo com ele, as coi-sas não foram cumpridas, já traba-lhei também com o ex-Presidente, Armando Guebuza, assinei aquele acordo de 5 de Setembro de 2014, o acordo de cessação das hostili-dades militares, também não foi
implementado e, por isso, esse é o terceiro líder da Frelimo, pode ser a cultura dos dirigentes da Freli-mo. Mas agora quero acreditar que a situação pode ser outra, porque há muita vigilância, mesmo ao nível de análise, dos quadros mo-çambicanos, não digo quadros da Renamo ou da Frelimo, quadros, técnicos, jornalistas. Estamos a exigir a descentralização e enqua-dramento dos comandos da Re-namo no exército, como forma de despartidarizar o exército. Não são coisas do outro mundo, são coisas visíveis.A paz, o desenvolvimento, a des-centralização, aproximar o poder às populações, é um assunto que interessa a todos. Europeus, ame-ricanos já estão a pressionar para que haja um entendimento entre o Governo e a oposição, e a oposição referida é a Renamo, acredito que as coisas vão andar.Duas coisas estão na mesa, a des-centralização e a desmilitariza-ção. Qual das duas seria prioritá-ria para a Renamo?As duas coisas. As duas coisas são prioritárias e são diferentes em es-pecialização. É claro que podemos dar a descentralização como prio-ritária, porque tem de ser aprova-da na Assembleia da República, enquanto que questões militares têm a ver com a implementação daquilo que devia ter sido feito no passado, é um assunto pendente.Agora, em termos de correr atrás dos prazos, prioritária é a descen-tralização, porque é preciso que, até finais deste ano, o processo entre na Assembleia da República, seja discutido e aprovado, ainda dentro deste ano ou finais deste ano, para permitir que o Presiden-te da República, constitucional-mente, anuncie a data das eleições gerais de 2019, com 18 meses de antecedência, e 18 meses antes das eleições de 2019 vai calhar nos meados de Abril do próximo ano. Por isso é bom que o tratamento do assunto da descentralização
seja finalizado ainda antes do fim deste ano. É esta prioridade que podemos dar, mas em termos de peso e de importância, também é muito importante que o assunto de enquadramento dos comandos da Renamo, ao nível da chefia nas “fademos”, seja tratado com muita seriedade, que seja terminado este ano, como forma de garantir que, doravante, teremos as forças arma-das apartidárias, técnico-profissio-nais e não como instrumentos de opressão do partido Frelimo, como agora está a acontecer.Face a este cenário todo, ainda se pode pensar numa paz num curto prazo?Sim. Sim senhor, porque eu estou a ver as coisas, embora continue aqui nas matas da Gorongosa, vejo a compreensão e o crescimento dos moçambicanos, sobretudo, na camada intelectual. Os jovens já conseguem se expressar, já querem um verdadeiro desenvolvimento, já querem andar à vontade sem guerras, condenam os esquadrões da morte e sequestros, já são pes-soas que estão a crescer, o que não acontecia há 10 anos. As pessoas ficavam assim escondidas, agora, abertamente, há pressão sobre a Renamo, há pressão sobre o Go-verno, sobretudo, o Governo, por-que as pessoas sabem que o Go-verno é que provoca, é que ataca a Renamo. A Renamo está apenas a autodefender-se para não ser li-quidada.Voltando à sua pergunta se pode-mos alcançar um acordo a curto prazo, sim senhor, porque há inte-resse, mesmo do povo moçambica-no, de andar tranquilamente, sem disparos e sem nada, produzirem bem, para que haja o desenvol-vimento económico, também há pressão internacional. Geografica-mente, Moçambique é um ponto estratégico através dos seus corre-dores, mesmo a África do Sul que é um país muito rico, muitas das suas exportações passam via porto de Maputo, Suazilândia, Malawi, Zimbabwe, Zâmbia, dependem dos portos da Beira e Nacala--porto, esses interesses económi-cos, nestes países vizinhos, não são só as empresas dos zimbabweanos, de zambianos e de malawinos, até empresas europeias estão nestes países vizinhos, e querem que as suas mercadorias passem tranqui-lamente pelos corredores de Mo-çambique.E nisto tudo, há pressão para que, de facto, as partes, quer a Rena-mo, quer a Frelimo, saibam que Moçambique pode recuperar a sua imagem, política, governação, justiça, desenvolvimento econó-mico e paz efectiva. Se levarmos as coisas seriamente, eu não sou pes-simista, estou a acreditar embora com experiência amarga do passa-do com Chissano e com Guebuza, vamos experimentar esse Nyusi para ver como as coisas vão, eu quero acreditar.
Dhlakama acusa lentidão e avisa que está a negociar com experiência amarga do passado
“Não se decepcionem”Por André Catueira
“Até agora não há nenhuma mudança” - Afonso Dhlakama
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TEMA DA SEMANA 3Savana 16-06-2017 TEMA DA SEMANA
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Quero garantir ao povo de Mo-çambique uma mensagem da paz. Nós queremos uma paz efectiva, a paz verdadeira e não a paz do ca-lar das armas, como essa da trégua sem prazo, mas a paz verdadeira que irá atingir os corações, sobre-tudo, dos jovens, olhando o futuro com desenvolvimento, o futuro com boa governação, constitui-ções democráticas a funcionarem a favor das populações de Moçam-bique, e ver de facto o desenvolvi-mento equilibrado, para melhorar a vida das famílias.Veja que o salário dos funcioná-rios públicos desvalorizou 50 por cento, com a inflação, as famílias que faziam estudar os seus filhos nas escolas privadas, estão a trocar porque já não aguentam pagar as propinas, e nesta situação em Mo-çambique, tudo está parado. Toda a produção nacional vai para aco-modar o partido Frelimo, através da corrupção, das dívidas absurdas, e tudo isto pode ser resolvido não com bazucas, não com helicópte-ros, nem com canhão, por via do diálogo, com a alternância gover-nativa em Moçambique. Eu não estou emocionado, já sou uma pes-soa com mais de 60, e comecei a lutar pela democracia aos 23 anos, já passei por fases difíceis, de esca-par à morte e tudo, porém, nunca recuei porque no dia em que recuar serei cobarde, depois de ter dado a esperança aos moçambicanos sem temer a morte.É para tranquilizar os moçambi-canos de que teremos os melhores dias, teremos um estado de direito, teremos a economia equilibrada, o desenvolvimento. Temos mar, te-mos boas terras para agricultura,
ouro carvão, essas coisas minerais, tudo, e mesmo o turismo, por isso não é um país pobre, se Moçam-bique é pobre, foi empobrecido por causa das políticas sectoriais do governo da Frelimo. Quero acreditar que, nos próximos anos, teremos um estado de direito, e até europeus virão pedir emprés-timos ao governo moçambicano, com os empresários ricos em Mo-çambique. Tenho esta perspectiva, a minha mensagem é que o povo não esteja decepcionado, sem es-perança, estamos a trabalhar para o povo.
Visita de Nyusi aos Estados UnidosA Frelimo tem lhe acusado de fal-ta cultura democrática, pela sem-pre recusa dos resultados eleito-rais, mesmo chanceladas por ob-servadores internacionais. Desta vez, após estas negociações, vai aceitar os resultados?Bom, isto toda a gente sabe, nunca tivemos eleições democráticas nes-te país. É o mesmo que acontece em Angola, ou aqui no país vizi-nho, no Zimbabwe, e nos outros países africanos, posso lhe dizer, com toda a clareza, que nunca ti-vemos eleições livres e transparen-tes. Desde que iniciamos com as elei-ções em 1994, a Frelimo nun-ca ganhou, nem Chissano, nem Guebuza, nem ele Nyusi, isto não é dito por mim como Dhlakama, porque não sou o dono do país, eu sou um dos líderes políticos, é dito pelo povo moçambicano. Os próprios interessados em ver diri-gentes democraticamente eleitos nunca tiveram dirigentes eleitos
democraticamente. Falta da de-mocracia por parte da Frelimo. Isto revela-se com as próprias ins-tituições. Veja como é possível que o Conselho Constitucional, num processo cheio de fraude, que nem uma criança de três anos vê que é fraude, por uma questão partidá-ria, porque tudo é Frelimo, Comité Central, valida as eleições. Nyusi diz aquilo que também o Guebuza disse, e aquilo que o Chissano sempre disse, os três nunca ganharam as eleições, o que nós pretendemos agora é que haja Moçambique, e Moçambique tem de mudar, não podemos continuar a chamar “sua excelência”, pesso-as que perdem, mas usam a força, militares, polícias, subornos. A luta que a Renamo iniciou em 1977, pela democracia multipartidária, até hoje o povo está a exigir.Agora, quando me pergunta o que vai acontecer, nas eleições autár-quicas, e nas eleições presidenciais de 2019, não sei, mas como líder político, não posso ficar com as mãos cruzadas, porque a Frelimo rouba votos e tudo, é o problema africano, não é só Moçambique, muitos países africanos não sa-bem o que é cultura democrática, acham que ser chamado presidente a roubar voto é assim. África não pode continuar nas mãos de dita-dores.Ninguém reconheu as eleições, em termos éticos, em Moçambi-que. Os europeus, os americanos, como os outros, não têm culpa. O que interessa aos estrangeiros é um terreno livre, desde que consigam as concessões, tudo fazer e tirar os lucros, não estão preocupados com ditadores africanos.Se de facto houvesse em Moçam-
bique uma norma própria, segun-do a qual aquele que rouba voto não pode governar, Chissano não teria governado dois mandatos, Guebuza não teria governado dois mandatos, nem este Filipe teria, porque ninguém ganha as eleições. Mas como a comunidade inter-nacional não está interessada em olhar para o sofrimento dos afri-canos, há interesses económicos, eu sei muito bem, cada país quer priorizar o desenvolvimento de cada país, pronto.Agora cabe a Dhlakama, com os moçambicanos, lutar pela paz e de-mocracia, para fazermos com que as eleições, as próximas eleições, tragam alternância governativa, constituições fortes, a trabalhar a favor das populações, não aquilo que está a acontecer em Moçam-bique, em que os tribunais e outros sectores é tudo Frelimo, algo tem que mudar no país.O PR Filipe Nyusi encontrou-se quarta-feira, 14, com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson. Isto se enquadra tam-bém no processo das negociações de paz?Eu acho que a visita dele e o en-contro pode ser para tratar de ou-tros assuntos, de interesse também do país, que não posso especificar, mas eu conheço a situação. É que os americanos sempre disseram que, havendo boa vontade das par-tes, Governo e a Renamo, de de-monstrar o fim do conflito militar e criar condições para a paz efecti-va, estariam disponíveis para aju-dar o processo, e isto o embaixador americano tem afirmado. É por isso, para o seu conhecimento, que os americanos no grupo de contac-
to, que tem como responsabilidade observar o processo, puxam para os dois lados, e América está no segundo lugar como adjunto, e a Suécia está com a presidência do grupo de contacto, e estão também os europeus, neste âmbito. Portan-to, ele como Presidente da Repú-blica a visitar os Estados Unidos, é possível também que se encontre com chefes importantes e falar da paz e se calhar falar também dos interesses económicos. Sabe que os americanos consideram Moçam-bique. Há a questão de petróleo e gás de Palma, na bacia do Rovu-ma, e estão também interessados, mas que eles querem garantias por parte de Moçambique, que haja coisas sérias. Que o Governo acor-de com a oposição, Renamo, para que de facto haja condições para eles iniciarem com as actividades ou exploração, dos combustíveis em Rovuma e, por isso, acho que pode haver duas coisas ao mesmo tempo, relações diplomáticas entre Estados Unidos e Moçambique e os interesses económicos.Já que tocou no gás do Rovuma, gostou de saber que a Eni vai co-meçar a explorar o gás?Eu ouvi na semana passada coisas que ainda não tem, digamos, mui-ta confirmação, porque não são só americanos que exigem condições da paz, e muitas outras empre-sas estrangeiras, não só que estão ligadas à questão de gás, mesmo para agricultura, para construção, todos pensam que a condição cha-ve de incentivar os nacionais e es-trangeiros a investirem com tran-quilidade é o fim do conflito, um acordo que ponha fim ao conflito político-militar.
TEMA DA SEMANA4 Savana 16-06-2017
Com o aproximar da data do XI Congresso da Freli-mo, um evento a realizar--se no próximo mês de
Setembro, na Matola, começa a
desenhar-se o futuro xadrez políti-
co de Filipe Nyusi nos órgãos deci-
sórios do partido.
As conferências provinciais que a
semana finda elegeram os primeiros
secretários provinciais, os comités
provinciais, juntamente com os de-
legados ao Congresso de Setembro,
mostraram-se determinante no de-
senho daquilo que será um Comité
Central (CC) com a cara de Nyusi.
Com o resultado das eleições das
conferências províncias foram já
preenchidos 133 lugares no novo
Comité Central que serão homolo-
gados durante o Congresso. Assim,
ficam por completar os restantes 47
para perfazerem os 180 membros
que compõem aquele órgão decisó-
rio no intervalo entre os Congressos.
Espera-se por isso uma disputa
muita renhida nas posições rema-
nescentes tomando em considera-
ção que é desta vez que Filipe Nyusi,
presidente do partido, poderá ter a
máquina partidária sob seu controlo,
fazendo eleger os seus próprios apa-
niguados.
A expectativa é enorme porque
poderá ser também desta que, em
função do novo desenho do CC, se
pode aguardar pela dança de cadei-
ras nos principais cargos governa-
mentais, tal como procedeu o seu
antecessor depois do Congresso de
Muxara, nos arredores da cidade de
Pemba, na província nortenha de
Cabo Delgado, em 2010. A actual
composição governamental é um
compromisso com a anterior lide-
rança de Armando Guebuza.
O tombo dos intocáveisNeste processo foi notável a queda
de algumas figuras que sobressaí-
ram durante o reinado de Armando
Guebuza.
Ao nível da cidade de Maputo, o
actual edil David Simango perdeu
a corrida pelo Comité Central, um
indicador de que a sua popularidade
nas bases já teve melhores dias.
Na queda, Simango foi acompanha-
do por Iolanda Cintura, governado-
ra da cidade de Maputo. Cintura,
que é familiar da esposa de Gue-
buza, havia entrado para o CC no
Congresso de Muxara. Embora se
atribuam as quedas, sobretudo como
resultado de “lutas palacianas” pelo
protagonismo na capital, no velho
dilema Estado versus obediência
partidária, o voto secreto também
propulsiona o populismo, acaban-
do por penalizar os dirigentes que
tentam dar um acento moderno à
cidade e têm de atacar o informalis-
mo que ganhou grande espaço nos
assentamentos urbanos, incluindo
na capital.
As bases da cidade de Maputo apos-
taram no regresso de figuras conhe-
cidas na ala chissaniana como é o
caso de Castigo Langa e também do
“camaleónico” Teodoro Waty, que
caiu em desgraça em Muxara ao sair
da Comissão Política. Em Muxara,
Waty também não conseguiu se-
gurar um lugar efectivo no Comité
Central e passou para suplente. A
desgraça de Waty foi motivada pelo
oportunismo de se tentar fazer ele-
ger para o Comité Central antes
da chegada ao Congresso, quando
havia “orientações” presidenciais
para que os membros da direcção
do partido fossem escrutinados
eleitoralmente pelo Congresso. Os
militantes que não simpatizam com
Waty consideram que a sua eleição
“foi o preço a pagar pelo afastamen-
to de David Simango” visto como
um estorvo à liderança partidária de
Francisco Mabjaia.
Na província de Maputo, o “di-
nossauro” Casimiro Huate foi co-
locado fora da corrida. Na mesma
situação estão Maria Jonas, antiga
governadora da Província de Ma-
puto, Arnaldo Bimbe, Inspector do
Ministério da Cultura, com passa-
gens desastrosas pela área gover-
namental. Não conseguiu o passe
também Suzete Dança, uma jovem
administradora da Namaacha. Ela
havia entrado em 2012 em Muxa-
ra na quota reservada à juventude,
ao mesmo tempo que jovens como
António Niquice, o actual secretário
para a Mobilização e Propaganda
(visto por muitos como o de facto
Secretário-Geral do partido) e Os-
valdo Petersburgo, o vice ministro
do Trabalho, Emprego e Segurança
Social, agora ligado ao círculo restri-
to da confiança de Nyusi.
Cara nova será a do edil da Mato-
la, Calisto Cossa, uma das estrelas
da gestão municipal e dos círculos
da comunicação social, cuja eleição
para o CC pode abrir caminho a re-
novação do seu mandato como edil.
Um verdadeiro furacão atingiu a
província de Sofala, cuja conferência
provincial teve lugar na cidade da
Beira. É um terreno sempre difícil
- a Frelimo é ali um partido mino-
ritário - o que justifica muitos gol-
pes baixos nas lutas intestinas para
se ascender a cargos partidários. A
voluntariosa Governadora de Sofa-
la, Helena Taipo, foi chumbada do
Comité Central. Ao que apurámos,
Taipo, apesar do seu mediatismo e
da sua presença permanente nas te-
levisões, tem relações tensas com o
partido a nível provincial, sobretudo,
com o primeiro secretário reeleito,
Paulo Majacunene. Observadores
em Sofala fazem notar que um dos
pecados de Taipo foi o de desman-
telar as redes clientelistas de alguns
camaradas com epicentro na Unida-
de de Gestão Executora de Aquisi-
ções (UGEA) em Sofala.
“Isto irritou os camaradas que co-
miam nas obras, aliado a isso, junta-
-se o caso dos tractores (dez tratores
retirados de Nhamantada para Bá-
rue) que envolviam o camarada Ne-
linho, um influente cá em Sofala”,
frisou um frelimista que participou
conferência. Taipo, desde 2006, no
Congresso de Quelimane, tenta sem
sucesso atingir o Comité Central.
Aquando da escolha do primeiro
governo Nyusi, ela foi seleccionada
in-extremis para governadora de
Sofala, um “presente envenenado”,
dado tratar-se de um indefectível
bastião da oposição. Na campanha
eleitoral em Nampula esteve em
permanente atrito com Filipe Paun-
de, visto como um dos “submarinos”
com enorme influência nas políticas
partidárias de Sofala.
Na companhia da Governadora de
Sofala está o vice ministro da Justi-
ça, Assuntos Constitucionais e Reli-
giosos, Joaquim Veríssimo, um vice-
-ministro tido, dentro do ministério,
como incompetente e seguidista,
que, entre outros episódios, ficou
mal na fotografia pela fora ataba-
lhoada como conduziu o inquérito
dos refugiados moçambicanos em
Kapise, no Malawi. Em Sofala re-
gressam ao Comité Central dois
controleiros tradicionais do partido
nesta zona, os empresários Louren-
ço Bulha e Ganha Ah Kon.
Na “capital do norte”, Nampula,
o antigo primeiro secretário pro-
vincial, Zacarias Ivala e Abel Sa-
frão não conseguiram manter-se
no Comité Central, enquanto que
o ambicioso empresário e edil de
Nacala Porto, Rui Shong Sau, uma
vez mais, viu gorada a intenção de
entrar no mais importante órgão
partidário no intervalo entre os con-
gressos.
Em Tete, quem não renova o car-
go no CC é Manuel Vasconcelos,
vice-presidente da Comissão dos
Assuntos Constitucionais, Direitos
Humanos e de Legalidade da As-
sembleia da República.
Foi renovação e continuidadeComo era de esperar, o porta-voz
da Frelimo, António Niquice, faz
um balaço positivo das conferências
provinciais e assinalou que se cum-
priu o objectivo central plasmado
nos estatutos partidários que vin-
cam o princípio de 40% renovação
e 60% continuidade.
Assinalou que ficou provada uma
vez mais a génese democrática da
Frelimo e que aquelas conferências
foram uma antecâmera do Congres-
so. Dos 11 primeiros secretários,
10 mantiveram os cargos, sendo
que destaque vai para a eleição de
Avelino Muchine, na Província de
Maputo, que suplantou Telmina Pe-
reira, uma antiga governadora. Ana
Chapo continua a chefe do partido
em Manica, a única mulher no nai-
pe de responsáveis provinciais. Com
o exercício partidário do passado
fim-de-semana foram eleitos 119
membros, para integrarem o Comi-
té Central que se deverão juntar aos
11 primeiros secretários provinciais,
também saídos nos escrutínios do
fim-de-semana passado, por inerên-
cia de funções.
A este número juntam-se, ainda
por inerência de funções, os três
secretários gerais das Organizações
Sociais do partido, (OJM, OMM e
ACLLIN) perfazendo 133 mem-
bros já com assento no Comité
Central.
Os restantes 47 postos para comple-
tar os 180 membros, que compõe o
CC da Frelimo, serão disputados a
nível do Congresso.
“Há uma lista dos órgãos centrais
que será estratificada em vários
modelos, desde jovens, mulheres,
agentes económicos, antigos com-
batentes, entre outros. Esta quota
remanescente será eleita durante o
congresso através dos órgãos cen-
trais”, disse.
Continuando, apontou que haverá
vários processos eleitorais a começar
pela eleição do Presidente do Par-
tido, seguindo o Comité Central e,
finalmente, a Comissão Política.
Obedecendo o princípio estatutário
de 40% renovação e 60 continuida-
de, 11 membros da CP deverão con-
tinuar, enquanto sete caras deverão
ceder espaço para entrada de igual
número de membros. “A Votação da
CP começa com a eleição dos mem-
bros para continuidade e depois a
lista da renovação na qual deve se
analisar a questão do género”.
Questionado se os membros do
actual Comité Central, que não
conseguiram se reeleger nas confe-
rências provinciais, têm ou não uma
oportunidade de integrarem aquele
órgão durante o congresso, Niqui-
ce foi peremptório: “não existe essa
possibilidade”.
Sublinhou que a directiva eleitoral
do partido reza que os processos
são consequentes. “Se alguém can-
didatar-se para um órgão inferior e
não for eleito, automaticamente não
é elegível no processo subsequente.
Os que ficaram não têm como ser
resgatados para um outro órgão
imediatamente superior”.
O porta-voz da Frelimo comunicou
que, até ao momento, já foram elei-
tos 1770 delegados para Congresso
de um universo de três mil que se
esperam, sendo que caberá à Co-
missão Política eleger os restantes.
Quanto a outras iniciativas, Niqui-
ce avançou que se seguem reuniões
preparatórias, formação e capacita-
ção dos delegados para dinamiza-
rem as bases sem, com isso, deixar
de lado a apresentação dos novos ór-
gãos eleitos ao nível das províncias.
Este processo vai até à realização da
reunião ordinária do CC nas vés-
peras do Congresso para aprovação
dos diversos instrumentos.
Círculos leais a Nyusi ouvidos pelo
SAVANA consideram que o balan-
ço eleitoral acaba por ser positivo
e que os “guebuzistas sofreram um
rude golpe” nas suas aspirações no
Congresso.
Salientando que o presidente prefe-
riu não se envolver directamente nos
processos eleitorais, avançam que a
próxima batalha será o controlo pela
Comissão Política. As nossas fontes
questionadas sobre a eventualidade
de um outro candidato para as elei-
ções de 2019 responderam que “é a
primeira vez que nos bastidores an-
dam a levantar essas questões, quan-
do no passado os “candidatos do sul”
sempre renovaram”.
Fora das lides partidárias, mais que
as lutas intestinas e os golpes baixos,
considera-se que se Nyusi alcançar
um acordo com Afonso Dhlakama
até Setembro, “terá o Congresso a
seus pés” e “acabam-se os debates
personalizados e carregados de re-
gionalismo”.
Xadrez de Nyusi ganha forma- Furação Beira faz cair Taipo e Veríssimo
- O controverso Teodoro Waty regressa como membro efectivo do CC, após cair em desgraça no congresso de Muxara
Entre lágrimas e o lamber das feridas
Teodoro Waty Calisto Cossa David Simango Helena Taípo Joaquim Veríssimo Rui Chong Sau Iolanda Cintura Maria Jonas
TEMA DA SEMANA 5Savana 16-06-2017 TEMA DA SEMANAPUBLICIDADE
6 Savana 16-06-2017SOCIEDADE
A Alta Comissária do Reino Unido em Mo-çambique, Joanna Kuenssberg, juntou-se,
esta quarta-feira, às diversas vo-zes que clamam pela divulgação dos resultados da auditoria às dívidas ocultas pela Procuradoria Geral da República, bem como saber dos passos subsequentes que serão tomados pelas autori-dades moçambicanas.
O dia estava reservado para a ce-
lebração dos 91 anos, da Rainha
Isabel II e da parceria entre Mo-
çambique e Reino Unido que já
dura há 42 anos. Mas assuntos
como paz, auditoria da Kroll e
ajuda a Moçambique não pas-
saram despercebidos apesar de
muitas reservas na sua comuni-
cação.
Primeiramente, a Alta Comissá-
ria saudou a coragem do presi-
dente da República, Filipe Nyusi,
e do líder da Renamo, Afonso
Dhlakama, pelas tréguas sem pra-
zo.
“Sem paz e sem estabilidade,
não se constrói prosperidade.
Orgulhamo-nos por podermos
contribuir para o diálogo de paz
em Moçambique através do novo
mecanismo para o qual fui indi-
cada a fazer parte, na qualidade
de representante do Reino Uni-
do”, disse, sem entrar em muitos
detalhes.
Em Março do presente ano, o
presidente da República criou um
grupo de contacto, composto por
sete países dentre os quais está
a representante do Reino Uni-
do em Moçambique. O grupo
de contacto tem missão de criar
condições logísticas para mate-
rialização das negociações entre o
Governo e a Renamo.
Se, por um lado, congratula o
rumo das negociações, por outro,
revelou sua preocupação face à
demora na divulgação dos resul-
tados da auditoria pela Procura-
doria-Geral da República (PGR).
Depois de louvar os esforços
empreendidos para garantir que
a auditoria às dívidas ocultas fos-
se efectuada e concluída, disse
aguardar com muita expectativa
a divulgação dos resultados, bem
como os passos subsequentes por
parte das autoridades nacionais.
Recordou que, em 2014, o Reino
Unido abandonou o mecanismo
de apoio directo ao Orçamento
do Estado por outras modalida-
des focalizadas em programas
sectoriais, como o alívio à pobreza
entre outros, por entender que a
sua contribuição é sujeita a con-
trolo e escrutínio a todos os níveis
para garantir a valorização do im-
posto do contribuinte. Sublinhou
que a modalidade de apoio aos
programas nos diferentes sectores
deverá continuar de modo a con-
tribuir para minimizar a pobreza
e promover o desenvolvimento
de um país mais próspero e mais
seguro.
Intervindo na ocasião, em repre-
sentação do governo moçambi-
cano, Cidália Chaúque, ministra
do Género, Criança e Acção So-
cial, considerou o Reino Unido
como um parceiro estratégico
na implementação de programas
que visam reforçar as habilidades
particularmente das mulheres e
da rapariga, contribuindo para
o processo da sua afirmação na
sociedade, sobretudo a nível po-
lítico, educacional, económico e
social.
Alta Comissária do Reino Unido
“Aguardamos com muita expectativa os resultados da auditoria”Por Argunaldo Nhampossa
Joanna Kuenssberg
Sasol Petroleum Temane Limitada (hereafter referred to as Sasol) operates facilities in Mozambique, including the Temane Central Processing Facility (CPF) and various production wells and gas flow lines in the Pande area. In order to maintain the supply of raw gas to the CPF and meet its long term gas sales agreements, Sasol is planning to install additional wells in the Pande field.
The Project seeks the services of a mechanical, piping and pipeline civils Contractor. The Contractor will be required to:
▪ Fabricate pipe spools, bends and valve stations;
▪ Field install 10 kilometres of coated underground 10 inch gas flow lines (pipe materials will be free issued);
▪ X-ray inspection and other non-destructive testing of welds;
▪ Apply field joint coating at welds;
▪ Hydro-test, cleaning plus drying and certify the constructed flow lines;
▪ Dimensional inspection (pigging) of the line.
The Contractor will need to mobilise qualified personnel, at a remote location, for the duration of the works. The mechanical, pipeline and cathodic protection design will be provided by the Employer. The Contractor shall be responsible for the management of own sub-contractors and service providers, if required.
Sasol hereby invites eligible Contractors to indicate their interest in providing the work described above. Interested eligible Contractors should supply information proving that they have the required qualification and relevant experience to perform such work in Mozambique. Respondents are advised to keep their response brief (i.e. a maximum of 10 pages will be accepted), to the point and only provide the essential information. Essential documentation and information required include:
1. Company Shareholding and registration in terms of Mozambican legislation and other Shareholding held outside the borders of Mozambique;
2. Financial status of company to be provided;
3. Technical capability:
▪ Provide track record of work done;
▪ Qualification and experience of personnel;
▪ List of projects done in the last two years with similar scope;
▪ Capable of working to Sasol specifications and quality standards.
4. Proven safety track record and accredited safety system must be in place;
5. Contractor must be well established and have an accredited quality management system. Certification to ISO 9001 and ISO 3834 are required;
6. Cover Letter with contact details (e-mail address, name and phone number) of person responsible for Tenders.
All interested and eligible Contractors must submit their company profile documentation, with inclusion off all essential documentation (in English) as stated, to the following address:
Email Address: [email protected]
Description of Project: PPA Pande Infill Wells Project
Closing Date: 23 June 2017
Closing time: 12:00
The information required above serves as an expression of interest only and shall in no way be construed as a commitment from Sasol to award a contract or issue an RFQ (Request for Quotation) to any party or parties as a result of the participation of a party or parties in this process. Sasol is under no obligation to only consider the respondents to this Expression of Interest. Responses by
Sasol will only be made to short listed prospective Contractors where Sasol may request further information and also arrange for auditing of information that has been provided.
A Sasol Petroleum Temane Limitada (designada a seguir por Sasol) opera instalações em Moçambique, incluindo a Unidade Central de Processamento (CPF) de Temane e vários poços de produção e linhas de fluxo de gás na área de Pande. Para manter o fornecimento de gás bruto à CPF e cumprir os seus contratos de vendas de gás a longo prazo, a Sasol planeia instalar poços adicionais no campo de Pande.
O Projecto procura os serviços de um Empreiteiro mecânico, de tubulação e de construção civil do gasoduto. Será exigido que o Empreiteiro:
▪ Fabrique carretéis de tubulação, curvaturas de tubos e estações de válvulas;
▪ Instale no campo 10 quilómetros de linhas de fluxo de gás revestidas subterrâneas com 10 polegadas (os materiais da tubulação serão emitidos gratuitamente);
▪ Inspecção por raios-X e outros ensaios não-destrutivos dos cordões de soldadura;
▪ Aplique o revestimento conjunto no campo nas soldaduras;
▪ Teste didráulico, limpeza mais secagem e certificar as linhas de fluxo construídas;
▪ Inspecção dimensional (pigagem) da linha.
O Empreiteiro necessitará de mobilizar pessoal qualificado, numa localização remota, durante todo o período de duração das obras. O projecto mecânico, de tubulação e de protecção catódica será fornecido pelo Dono da Obra. O Empreiteiro será responsável pela gestão de seus próprios subempreiteiros e prestadores de serviços, se necessário.
A Sasol convida por este meio Empreiteiros elegíveis para indicarem o seu interesse em realizar o trabalho acima descrito. Empreiteiros elegíveis interessados devem fornecer informações que demonstrem que eles tenham a qualificação exigida e relevante experiência para realizar tal trabalho em Moçambique. Os respondentes são aconselhados manter a sua resposta breve (isto é, um máximo de 10 páginas serão aceiteis), ao ponto e apenas fornecer as informações essenciais. As documentações e informações essenciais exigidas incluem:
1. Participação e registo da empresa nos termos da legislação Moçambicana e outra Participação detida fora das fronteiras de Moçambique;
2. Deve ser fornecida a situação financeira da empresa;
3. Capacidade técnica:
▪ Forneça um historial do trabalho realizado;
▪ Qualificações e experiência do pessoal;
▪ Lista de projectos executados nos últimos dois anos com âmbito similar;
▪ Capacidade para trabalhar de acordo com as especificações e padrões
de qualidade da Sasol.
4. Historial de segurança comprovado e sistema de segurança acreditado deve estar em vigor;
5. O Empreiteiro deve estar bem estabelecido e possuir um sistema de gestão de qualidade acreditado. São exigidas Certificação para ISO 9001 e ISO 3834;
6. Carta de apresentação com detalhes de contacto (endereço de e-mail, nome e número de telefone) da pessoa responsável por Concursos.
Todos os Empreiteiros interessados e elegíveis devem submeter a documentação do perfil da sua empresa, com inclusão de toda documentação essencial (em Inglês) como especificado, para o seguinte endereço:
Endereço de Email: [email protected]
Descrição do Projecto: Projecto PPA de Poços de Edificação de Pande
Data de Encerramento: 23 de Junho de 2017
Hora de Encerramento: 12:00 horas
As informações acima exigidas servem apenas como uma manifestação de interesse e não podem de nenhuma maneira ser interpretadas como um compromisso da Sasol para adjudicar um contrato ou emitir uma Solicitação de Cotação (RFQ) a qualquer parte ou partes em consequência da participação de uma parte ou partes neste processo. A Sasol não tem nenhuma obrigação de somente considerar os respondentes à presente Manifestação de Interesse.
Respostas pela Sasol apenas serão feitas à potenciais Empreiteiros pré-seleccionados on de a Sasol pode solicitor informações adicionais e também providenciar para auditar as informações que tenham sido fornecidas.
Pedido de Manifestação de Interesse para: A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS MECÂNICOS, DE TUBULAÇÃO E DE CONSTRUÇÃO CIVIL DO GASODUTO
Request for Expression of Interest for: THE PROVISION OF MECHANICAL, PIPING AND PIPELINE CIVILS SERVICES
Sasol Petroleum Temane Limitada (Pty) Ltd Reg. (2000/013669/07) (Designada a seguir por Sasol) (Hereafter Sasol)
PROJECTO PPA DE EDIFICAÇÃO E POÇOS DE DELINEAÇÃO DE PANDE(Instalações de Superfície) (Designado a seguir por o Projecto)
PPA PANDE INFILL AND DELINEATION WELLS PROJECT(Surface Facilities) (Hereafter the Project)
SOCIEDADE 7Savana 16-06-2017 PUBLICIDADE
8 Savana 16-06-2017SOCIEDADEPUBLICIDADE
9Savana 16-06-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE
10 Savana 16-06-2017SOCIEDADESOCIEDADE
Prosseguiu, esta quarta-feira, o julgamento do ex-ministro da Justiça, Assuntos Consti-tucionais e Religiosos, Abdu-
remane Lino de Almeida, acusado de
pagar, indevidamente, despesas de três
pessoas sem vínculo com aquele Mi-
nistério, num valor de cerca de 1.200
mil meticais, com recurso ao Cofre dos
Registos e Notariados.
Entretanto, de uma sessão reservada
para audição das testemunhas de defesa
(três), tornou-se numa sessão “contra-
ditória”, na medida em que a defesa
queria prescindir de algumas, assim
como substituir outras, mas o Tribunal
manteve a agenda inicial, considerando
que são fundamentais para o esclareci-
mento do caso.
O facto é que o juiz da causa, João Gui-
lherme, anunciou, no fim da primeira
sessão, que nesta semana seriam ou-
vidas as testemunhas de defesa, a Mi-
nistra da Presidência para os Assuntos
da Casa Civil, o Secretário-geral do
Conselho Islâmico de Moçambique e
o Director-geral da Agência de Viagem
contratada para a expedição à Meca.
Porém, dos três, apenas o Director-ge-
ral da Agência de Viagem compareceu
ao Tribunal, sendo que a Ministra da
Presidência para os Assuntos da Casa
Civil encontra-se nos Estados Unidos
da América a acompanhar a visita do
Presidente da República (PR) àquele
país.
Por sua vez, o Secretário-geral do Con-
selho Islâmico de Moçambique, Abdul
Carimo Sau, não compareceu ao Tribu-
nal e, segundo o réu, a ausência deve-
-se ao facto deste argumentar que não
pode ser ouvido no Tribunal Distrital
de KaMpfumo, mas sim no Tribunal
Supremo, uma vez que é Presidente da
Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Como solução, a defesa pretendia pres-
cindir de Adelaide Amurane como tes-
temunha, assim como solicitou a subs-
tituição do Sheik Abdul Carimo Sau
por Sheik Aminudine Mohamed, que
também não compareceu.
A defesa queria ainda, na próxima ses-
são, substituir Aminudine Mohamed
por um outro membro do Conselho
Islâmico, de nome Juma, mas o Minis-
tério Público não concordou, alegando
que este não foi ouvido em sede da ins-
trução preparatória.
Apesar do juiz ter aceitado ouvir outra
testemunha, na sessão do próximo dia
23 de Junho, o facto é que o Tribunal
solicitou também a audição de Abdul
Carimo e Adelaide Amurane por con-
siderá-los peças-chave para o esclareci-
mento do caso.
A insistência, segundo João Guilher-
me, deve-se ao facto de, por exemplo,
o depoimento de Abdul Carimo Sau,
em sede da instrução preparatória, ser
oposto ao do réu.
Segundo Guilherme, Abdul Carimo
Sau disse que o Conselho Islâmico é
que convidou o ex-Ministro para a pe-
regrinação à Meca, tendo respondido
tarde ao convite (duas semanas depois),
alegando que aguardava a opinião de
Filipe Nyusi.
Porém, no Tribunal, Abduremane afir-
mou que viajou à Meca em nome do
PR e que pediu assessoria àquela or-
ganização religiosa, em resposta ao seu
convite, que chegou após receber esta
missão.
Por isso, o juiz da causa diz que o Tri-
bunal irá analisar a legislação para per-
ceber se há ou não condições para que
Abdul Carimo Sau seja ouvido naquela
instância. Acrescentou ainda que não é
solicitado na qualidade de Presidente
da CNE, mas de Secretário-geral do
Conselho Islâmico.
Quanto a Amurane, o juiz não justifi-
cou a insistência. Mas, durante o julga-
mento, o réu afirmou que remeteu os
esclarecimentos do ponto 22 do Rela-
tório de Auditoria, efectuado ao seu ex-
-Ministério, à Ministra da Presidência
para os Assuntos da Casa Civil.
Recorde-se que, no referido ponto, o
Ministério da Economia e Finanças
notifica o ex-ministro da Justiça a repor
o valor, visto que “não havia nenhuma
autorização competente” para que o réu
viajasse à Meca.
“Nunca viajei com um Ministro”, Valige TauaboO Director-geral da Agência de Via-
gens contratada para organizar a expe-
dição à Meca, Valige Tauabo, confirmou
que a sua instituição é especializada
nessa matéria, desenvolvendo a activi-
dade desde 1991.
Tauabo contou, ao Tribunal, como foi o
processo: “o primeiro contacto foi atra-
vés dos funcionários do Ministério, que
queriam se informar dos pacotes que
estavam à venda para a peregrinação. O
segundo foi quando o Ministro trazia
o passaporte físico diplomático para
acelerarmos o processo. Não podíamos
usar a cópia porque o processo já estava
fechado e a Embaixada encontrava-se
em Lusaka, na Zâmbia”, disse aquela
testemunha.
Explica ainda que não sabe em que
circunstâncias foi escolhido o pacote
da viagem, mas garantiu que orientou
os seus colaboradores a não indicarem
alguns pacotes por não serem compatí-
veis à personalidade em causa.
Questionado, pela defesa, se após a pe-
regrinação houve algum encontro de
destaque, aquela testemunha respondeu
que os peregrinos foram recebidos pelo
PR, no seu local de trabalho. Sublinhou
que, anualmente, o Governo tem acom-
panhado, atentamente, a peregrinação
à Meca, proporcionando também boas
condições para o efeito.
A uma pergunta do Ministério Público,
se alguma vez organizou uma expedi-
ção à Meca, envolvendo um Ministro
da Justiça, Tauabo disse que “nunca
viajei com um ministro”, esclarecendo
ainda que o antigo Ministro da Justiça,
José Abudo, viajou à Meca, mas “não na
qualidade de Ministro”.
Discrepância nos númerosAntes de ouvir Valige Tauabo, o Tribu-
nal solicitou, mais uma vez, o Director
Nacional de Administração e Finanças,
naquele Ministério, para esclarecer o
uso das Receitas Consignadas.
Nelson Sitoe explicou que o decreto que
cria o Cofre dos Registos e Notariados
não prevê, no elenco das despesas, a re-
tirada de fundos para financiar o deficit de Tesouraria do Ministério, mas que é
uma prática institucional corrente.
A defesa aproveitou o momento para
questionar aquele “financeiro” sobre
a “discrepância nos valores”. O facto
é que a Inspecção-Geral de Finanças
pede o reembolso de mais de 1.700 mil
meticais, porém, a acusação aponta um
valor aproximado a 1.200 mil meticais.
Entretanto, o juiz da causa tratou de
esclarecer que tem sido normal a acusa-
ção ser imprecisa nos números, porém,
estes podem ser confirmados nos autos.
Os autos referem que, só de passagens,
o Ministério desembolsou mais de
1.600 mil meticais (900 mil para os três
acompanhantes e 700 mil para o ex-mi-
nistro), valor superior ao da acusação.
Defesa pede substituição de algumas testemunhas
Abduremane encurralado!Por Abílio Maolela
Abduremane Lino de Almeida
11Savana 16-06-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE
P R O M O V E N D O A I N C LUS ÃO F I N A N C E I R A E AVA LO R I Z AÇ ÃO D O M E T I C A L
1980 - 2017
12 Savana 16-06-2017SOCIEDADESOCIEDADE
Numa altura em que o país entra para uma das mais decisivas fases de todo o enredo à volta das dí-
vidas ocultas, com dúvidas a pai-rarem sobre a actuação da justiça moçambicana, o representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI) entende que Moçambique pode aproveitar al-gumas lições da Lava Jato, a maior investigação de corrupção e de la-vagem de dinheiro na história do Brasil.Ari Aisen fez estes pronuncia-
mentos, esta quarta-feira, em
Maputo, quando interpelado pelo
SAVANA à margem do Seminá-
rio de Reflexão sobre os “Desafios
no Combate à Corrupção em Mo-
çambique”, organizado pela U4-
-Anti-corruption Resource Cen-
tre, com facilitação da Embaixada
da Suíça e com apoio de diversos
parceiros.
“Casos realmente importantes
como a Lava Jato, no Brasil, são
uma oportunidade para Moçam-
bique aproveitar algumas lições
num episódio tão complexo como
esse”, disse Aisen, para quem a
maior investigação de corrupção
e de lavagem de dinheiro que o
Brasil já teve pode ajudar o país na
busca pela boa governação e por
uma boa administração financeira
de fundos públicos, na gestão de
recursos e nas dívidas.
“Precisamos de escutar essas ex-
periências e implementar algumas
das ideias neste caso da Lava Jato
na Petrobras”, respondeu ao nosso
Jornal.
Ari Aisen não entrou ao detalhe
sobre o assunto do momento, mas
suas declarações surgem numa
altura em que Moçambique está
envolto ao maior escândalo finan-
ceiro na sua história, nomeadamente,
o caso das dívidas ocultas avaliadas
em mais de USD 2 mil milhões de
Meticais.
Depois de uma auditoria impos-
ta pela comunidade internacional a
contra-gosto de alguns sectores do
Estado e da Frelimo, neste momento,
aguarda-se pela divulgação do su-
mário executivo dos resultados que
deverão determinar os passos subse-
quentes.
Depois de ter exigido a divulgação
do sumário executivo do relatório, o
mais breve possível, agora o FMI está
com um tom mais polite.Confrontado com a demora na di-
vulgação dos resultados do relatório,
O representante da organização disse
que é preciso aguardar com serenida-
de e tranquilidade.
“O processo de consulta leva tempo
que precisa de ser dado para que a
Procuradoria se sinta satisfeita com
a qualidade do relatório”, reagiu, esta
semana, Ari Aisen, que reconhece, no
entanto, a ansiedade do público pela
divulgação do documento que deverá
determinar o futuro do país.
Lava Jato só terá valido a pena se tiver deixado um legadoEntrevistamos o representante resi-
dente do FMI, à saída da sessão su-
bordinada ao “caso Petrobras” como
exemplo dos riscos de corrupção na
cadeia de valores da indústria extrac-
tiva.
A Petrobras é a maior empresa estatal
do Brasil que está no centro daquela
que é a maior investigação de corrup-
ção e lavagem de dinheiro na história
do país.
Tudo começou em 2014, quando a
inteligência financeira brasileira co-
meçou a suspeitar de transacções mi-
lionárias num posto de gasolina que
tinha movimentações muito acima
do volume do seu negócio, que se re-
sumia a bombas de fornecimento de
combustível, café e uma lavandaria,
incluindo a lavagem de automóveis
a jacto, nome que deu origem à de-
signação da operação.
Trata-se de uma investigação que
iniciou em Março daquele ano e
continua em curso, tendo já conhe-cido mais de 30 fases de desdobra-mentos, com mais de 200 pessoas já presas, desde deputados, senadores até ministros.O que no início era uma simples suspeita de lavagem de dinheiro, acabou mostrando grande corrup-ção envolvendo gestores da Petro-bras, políticos e grandes companhias brasileiras, num sofisticado esquema que lesou a firma estatal de óleo e gás em USD 22.6 mil milhões.Depois de partilhar os meandros do caso, Luiz Navarro, da Comissão de Ética Pública da presidência brasi-leira, disse que a operação Lava Jato só terá valido a pena se tiver deixado um legado de combate à impunida-de.“Se as empresas passarem a assumir o combate à corrupção, então, terá valido a pena”, disse.Navarro, que contou que, tamanho que foi o dano, hoje há pessoas com vergonha de dizer que trabalham na Petrobras, a ética institucional, a transparência, o compliance e o mérito como critério para indicação dos dirigentes devem ser os valores supremos na gestão corporativa.Na abertura do Seminário de Refle-xão sobre os “Desafios no Combate à Corrupção em Moçambique”, o
Governo fez-se representar pelo mi-
nistro da Justiça, Assuntos Consti-
tucionais e Religiosos, Isac Chande,
que reconheceu que a corrupção é
um flagelo que deve ser combatido.
Sarcástico, mas severo, Adriano Nuvunga, o di-rector do Centro de In-tegridade Pública (CIP),
voltou a desferir, semana passada,
duros golpes contra o sector da jus-
tiça em Moçambique. Desta vez
com uma particularidade: fê-lo em
própria casa dos fazedores da jus-
tiça.
Decorria o Seminário sobre Ética e
Boa Governação, na Procuradoria-
-geral da República (PGR), quan-
do o docente de Ciência Política afirmou que a justiça moçambicana tem vindo a acarinhar casos de cor-rupção que lesam o Estado.Orador sobre Conflito de Interesses na Adjudicação de Empreitadas de Obras Públicas e Fornecimento de Bens e Serviços no Estado, Adriano Nuvunga fez notar que os conflitos de interesses, na administração pú-blica, verificam-se desde o reinado do presidente Joaquim Chissano, mas ressalvou que foi na governação de Armando Guebuza que se con-solidaram.Citou o polémico negócio de mi-gração digital, avaliado em USD 300 milhões, que foi adjudicado, em 2014, sem concurso público, à Star-times, empresa onde a família Gue-buza detém interesses económicos, através da Focus 21, como apenas um exemplo.E como o festival continua, Adria-no Nuvunga vê no ministro Carlos Mesquita, dos Transportes e Comu-nicações, o rosto mais emblemático de conflito de interesses na actual era de Filipe Nyusi.É preciso apenas recuar para o ano passado para se encontrar um dos casos de manifesto conflito de inte-resses envolvendo Carlos Mesquita.Foi em 2016 que o ministro conces-sionou os Portos da Beira, Quelima-ne e Nacala a uma das suas empresas, a Cornelder. Mas este ano, o gover-nante voltou a atacar: a “Transpor-tes Carlos Mesquita”, uma das suas empresas, foi adjudicada, por ajuste directo, um negócio do Instituto de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) para prestação de serviços de transporte e carga.São casos de alta finança que, para o director do CIP, apresentam dois padrões: beneficiam os detentores do poder público e um sistema es-truturado que, mais tarde, retorna os benefícios a esses mesmos detento-res do poder público.Explicou que servidores públicos há que criam empresas com nomes de familiares e até com nomes abu-sivos, como “Xihivele”, que definiu como “alambique de roubalheira”, para lesar o Estado.São empresas que, mesmo se tive-rem sido constituídas uma semana antes, ganham concursos e, depois, subcontratam outras empresas para executar as obras.
E, nos cálculos do CIP, que tem vin-
do a avaliar os custos da corrupção
no país, esses esquemas encarecem
em mais de 45% as empreitadas pú-
blicas e reduzem para a metade o
seu tempo de vida.
Deu exemplo de edifícios cons-
truídos na era colonial, mas que
continuam intactos, quando infra-
-estruturas mais recentes não resis-
tem aos simples fenómenos natu-
rais, como aconteceu, ano passado,
com o muro da piscina olímpica do
Zimpeto que, cinco anos depois da
sua inauguração, em 2011, desabou,
matando o seleccionador nacional
de Natação, Frederico dos Santos,
e ferindo oito pessoas, para além de
avultados danos materiais.
Ainda de acordo com a pesquisa do
CIP, mais de 90% do procurment é
lesivo ao Estado e enferma de con-
flito de interesses.
Nuvunga diz que a apetência de
empresários de sucesso em se tor-
narem ministros, um cargo cuja
remuneração está muito abaixo dos
rendimentos que têm no mundo
empresarial, é sintomático de que há
benefícios que se tiram à calada da
noite, altura em que esses dirigentes
estão no sector privado a tirar recei-
tas do mesmo Estado que servem
durante o dia.
“O caso do ministro Mesquita é
uma agressão a todos nós como ci-
dadãos”, rematou o director do CIP
que, recentemente, exortou o presi-
dente Filipe Nyusi a demitir o actual
ministro dos Transportes e Comu-
nicações.
Por outro lado, o orador precisou
que um dos elos mais fracos e per-
missivos para a prática de casos de
conflito de interesse são as figuras
dos Secretários Permanentes que,
em Moçambique, deixaram de ser
permanentes, pois cada ministro co-
loca o homem de sua confiança.
Adriano Nuvunga aproveitou as
instalações da PGR, uma das peças-
-chave da administração da justiça,
para afirmar que, perante tantos ca-
sos de conflito de interesses e cor-
rupção, a justiça moçambicana tem
sido carinhosa.
“A Procuradoria e os Tribunais aca-
rinham a corrupção”, disse, numa
sala abarrotada pelos fazedores da
justiça.
Presente no seminário subordina-
do ao lema “Pela Moralização da
Função Pública”, o presidente da
Associação Moçambicana de Juízes
(AMJ), Carlos Mondlane, não gos-
tou de ouvir os recados de Adriano
Nuvunga.
Como tal, Mondlane procurou ili-
bar os Tribunais, afirmando que
esses apenas recebem e julgam os
casos.
Em reposta, Nuvunga repetiu que
os Tribunais acarinham a corrupção
porque há muitos casos que recebe-
ram e que terminaram em “banho-
-maria”.
Indicou que, se os Tribunais tives-
sem mostrado ser guardiões, muitos
casos de corrupção que têm vindo a
acontecer, provavelmente, não esta-
riam a acontecer.
Contra uma corrente que defende
a sensibilização contra a corrupção,
Nuvunga disse que a administra-
ção da justiça não se deve distrair
em sensibilizações, mas sim actuar
sobre os actuais servidores públicos
que se envolvem nesses casos.
Para Nuvunga, a sensibilização deve
ser reservada para a educação, igre-
jas e a sociedade, em geral, e não à
administração da justiça.
Dirigentes são os primeiros – Sinai NhatitimaPor sua vez, o antigo Procurador-
-geral da República, Sinai Nhatiti-
ma, que falou sobre o Papel da Ética
na Boa Governação, precisou que,
apesar do esforço no combate à cor-
rupção, como a aprovação do pacote
anti-corrupção, ainda existe um dis-
tanciamento entre o preconizado na
Lei e a prática diária.
“A Lei tem sido clara e fornece mui-
to instrumento para que o servidor
público desempenhe melhor as suas
funções de servir os cidadãos, mas
ainda há distância com o dia-a-dia e
isto constitui preocupação”, lamen-
tou Nhatitima.
Entende que a mudança de com-
portamento por parte dos servido-
res públicos tem sido lenta e não
faz sentido a justificação de falta de
leis. Para ele, é tudo uma questão de
vontade daqueles que manipulam a
Lei.
Lamenta que, desde o executivo,
passando pelo legislativo até ao ju-
diciário, muitos dirigentes, que de-
viam ser o exemplo, são os primeiros
a violar a Lei e a Ética, envolvendo-
-se em situações de conflito de in-
teresses.
“Todos os dias há dirigentes que são
citados como estando envolvidos
em situações que não deviam estar”,
destacou, ressalvando que, ao serem
os primeiros a violar a Lei, certa-
mente, que não estão a passar exem-
plo aos seus subordinados.
Para Nhatitima, é preciso repensar
o modelo de funcionamento do Es-
tado para avaliar se serve ou não aos
interesses da Nação, pois não basta
apenas ter instituições.
E um dos aspectos a rever é a Lei
de Probidade Pública para confe-
rir poderes à Comissão Central de
Ética Pública (CCEP). É que nas
actuais condições, a CCEP só pode
emitir pareceres de censura e as ac-
ções subsequentes cabem aos órgãos
subsequentes.
E Nhatitima reconhece o poder da
censura na persuasão, mas diz que
não resolve o problema.
Adriano Nuvunga volta a disparar contra o sector
Justiça moçambicana acarinha corrupçãoPor Armando Nhantumbo
Segundo representante do FMI no país
Moçambique pode tirar lições da Lava Jato
Adriano Nuvunga
13Savana 16-06-2017 SOCIEDADESOCIEDADE
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A Companhia de Assistência Marítima (CAM), parcial-mente detida pelo general Alberto Chipande, está à
procura de uma empresa parceira
para as suas operações ao longo dos
2.470 quilómetros da costa moçam-
bicana.
A CAM, que detém uma licença
passada pelo Instituto Nacional da
Marinha (INAMAR) para activi-
dades de cabotagem e de reboque
marítimo, divulgou esta semana que
está à procura de parceiros que pos-
sam participar no financiamento do
objecto da actividade da companhia
e com “know how”, para operar, gerir
e desenvolver actividades de navega-
ção.
De acordo com o portal de notícias
sobre Moçambique Zitamar, a CAM
não é a única firma moçambicana do
sector marítimo a anunciar que está
à procura de parceiros.
A empresa pública Transmarítima
anunciou em Agosto do ano passa-
do que está disponível para parcerias
com o arcaboiço do que a CAM pro-
cura, mas até à data não divulgou os
resultados da operação.
A cabotagem, que é transporte marí-
timo interno realizado por entidade
estrangeira, foi muito frequente em
Moçambique durante a era colonial,
mas entrou em desuso pouco depois
da independência.
Em declarações à Zitamar, o pre-
sidente da CAM, Patrício Palolite,
afirmou que a companhia espera ini-
ciar as suas operações em breve, mas
Empresa de Chipande procura parceiro para navegação marítima
não precisou quando é que tal iria
acontecer.
“Esta (início das operações) é uma
das questões que serão discutidas
entre a CAM e o parceiro estraté-
gico, porque, praticamente, nada foi
ainda feito em relação à cabotagem,
a não a ser a criação da empresa”,
adiantou Palolite.
A fonte indicou esperar que a futura
“joint venture” entre a sua compa-
nhia e o parceiro estratégico possa
expandir no futuro as suas operações
para o estrangeiro, depois de uma
aposta inicial nas águas nacionais.
A CAM está registada em Moçam-
bique e é detida em 100% por accio-
nistas moçambicanos. Patrício Palo-
lite declinou fornecer detalhes sobre
os accionistas da empresa.
Contudo, um artigo publicado pela
Africa Intelligence, uma entidade
de análise sobre assuntos africanos
baseada na Inglaterra, referiu que a
CAM foi criada em junho de 2016
pelo general Alberto Chipande, fi-
gura muito próxima do actual che-
fe de Estado moçambicano, Filipe
Nyusi.
Uma base de dados do CIP refere
que a CAM é detida pela C2P Lda.,
com 30% das acções, que por sua
vez é detida por Alberto Chipande,
Patrício Palolite e Fernando Paulo
Teixeira.
Os outros accionistas da CAM são
uma entidade designada Arca e Fi-
lhos, com 28%, Tena Consultores
(Fernando Carlos Bambo e Tomaz
Carlos Bambo), 24%, e, por fim,
Berkut, com 18%. A CAM está re-
gistada no BR nº 73, III Série de 20
de Junho de 2016 - pág. 4301. Com
o capital social de cinco milhões
de meticais, a CAM tem como ob-
jecto social a prestação de serviços
de assistência a embarcações nos
portos providenciando serviços de
rebocadores, pilotagem, amarração,
lanchas, mergulho profissional, ve-
rificação e inspecção subaquática,
transporte marítimo, soldaduras su-
baquáticas, estiva, serviços auxiliares
de estiva, agenciamentos de navios e
navegação, abastecimentos a navios
e embarcações, aluguer de lanchas,
embarcações e serviços complemen-
tares.
O analista da Standard & Poor’s que segue Moçambique disse, nesta quarta-feira, que a instabilidade política no Qatar pode ter um efeito positivo no país porque mostra a
necessidade de diversificar as fontes de produção de
gás.
“Do ponto de vista da análise do crédito de Moçam-
bique, a situação no Qatar é positiva porque é como
um ‘cartão amarelo’ para o Qatar e motiva os com-
pradores de gás a olharem para opções de diversifica-
ção, especialmente a Índia, que está a crescer muito
depressa e tem muita procura e pouca oferta”, disse
Ravi Bhathia.
Em declarações à Lusa, o analista desta agência de
notação financeira disse também que a assinatura da
Decisão Final de Investimento por parte da italia-
na ENI “vai ajudar na perspectiva do ‘rating’ porque
comprova um cenário em que Moçambique terá um
significativo fluxo de verbas a entrar”.
Uma questão diferente, disse, é saber se o Governo
vai conseguir capitalizar o megaprojecto da ENI
devido à inexperiência na negociação de grandes
contratos internacionais e à falta de capacidade ins-
titucional.
“O projecto da ENI é uma boa notícia, mas o país está
numa fase de crescimento baixo, com a inflação alta
e o metical agora a valorizar-se, mas a fase de cresci-
mento rápido abrandou, e isso pode até ser positivo
porque o crescimento estava sobreaquecido e, sendo
muito pobre, com capacidade institucional limitada
e um PIB baixo, e vindo de um quadro ideológico
socialista, teve dificuldades em lidar com transacções
comerciais difíceis e complicadas”, considerou.
“Moçambique não lidou bem com esta fase exube-
rante de crescimento e interesse internacional” mo-
tivado, primeiro pelo carvão, e depois pelo gás, con-
cluiu o analista da S&P.
No dia 05 de Junho, a Arábia Saudita, seguida dos
Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto, anun-
ciou o corte de relações com o Qatar, acusando o país
vizinho de “apoiar o terrorismo” e de manter relações
próximas com o Irão.
O corte de relações diplomáticas foi complementado
com o encerramento de fronteiras e fortes restrições
ao tráfego aéreo, e para já todas as partes recusam
qualquer intervenção militar.
O Qatar é o maior produtor mundial de gás natural
e será, na próxima década, um dos principais concor-
rentes de Moçambique na produção desta matéria-
-prima se os projectos em curso ou previstos para o
país forem em frente.
Instabilidade no Qatar pode ser positiva para Moçambique - S&P
14 Savana 16 -06-2017Savana 16-06-2017 15NO CENTRO DO FURACÃO
Esse facto, segundo Buchili, mostra
que o negócio de recursos florestais e
faunísticos no nosso país compartici-
pa na lavagem do dinheiro do crime.
Conta a PGR que o Ministério Pú-
blico está a trabalhar com alguns
bancos nacionais e internacionais, a
fim de seguir a rota do dinheiro ob-
tido de forma ilícita e foi possível ve-
Número de processos em instrução criminal no centro da discórdia
“Operação Tronco” divide PGR e MITADER mudar este cenário”, disse Buchili.
No entender da PGR, o sucesso na
luta contra a delapidação dos recur-
sos florestais passa pela coordenação
institucional. Todas as acções que são
desenvolvidas pela AQUA e pela Di-
recção Nacional das Florestas, pros-
seguiu, devem ser compartilhadas
com outros órgãos de Estado, como
é o caso da PGR, para também fazer
a sua parte.
Segundo Beatriz Buchili, as auto-
ridades florestais recolhem a infor-
mação e não partilham com outros
intervenientes, o que mina o combate
aos crimes florestais.
De acordo com a PGR, a sua insti-
tuição está a concentrar as suas ac-
tividades, em parte, na luta contra a
delapidação dos recursos florestais, a
fim de neutralizar e responsabilizar
os possíveis infractores.
Porém, para que as actividades da
PGR alcancem sucesso, é preciso
que as entidades especializadas, em
termos de conhecimento técnico-
-científico e com instrumentos de
fiscalização no terreno, colaborem.
Olívia Amosse, directora-geral da
AQUA, disse, durante a visita da
PGR à sua instituição e à Direcção
Nacional de Florestas, na passada
sexta-feira, que o sector florestal es-
teve completamente a saque, mas que
medidas cirúrgicas estão a ser toma-
das pelo Governo com vista a com-
bater o mal.
Os resultados, considerou, são enco-
processos resultantes da fiscalização
de rotina.
Porém, confrontada com os números
de casos submetidos à sua instituição,
Beatriz Buchili discordou completa-
mente dos mesmos, referindo que
não tem conhecimento da entrada
dessa demanda processual na sua
instituição, sobretudo, no capítulo
referente à “Operação Tronco”.
“O número de processos que temos
em mão é diferente do vosso. Não me
recordo de ter recebido essa deman-
da processual. Vou inteirar-me junto
ao meu gabinete, mas esses números
são elevados”, duvidou.
A preocupação da PGR com a dis-
paridade de dados estatísticos das
entidades de controlo e fiscalização
florestal e os números em seu poder
não se limita apenas ao nível de casos
merecedores da acção penal.
Dados da AQUA indicam que, de
2015 a 2017, foram fiscalizados cer-
ca de 1.119 empreendimentos, o que
permitiu a descoberta de várias irre-
gularidades, que culminaram com a
aplicação de 2.338 multas. Deste nú-
mero, foram pagos apenas 30%.
Confrontada com estes números, a
Procuradoria-Geral da República
optou por um desabafo: “é de lamen-
tar que entre o número de inspecções
feitas por V. excias e o número de
processos que recebemos para averi-
guações de índole criminal, haja uma
enorme disparidade. Sentimos que
alguma coisa está a falhar. Há que
O número de processos--crime instaurados con-tra operadores florestais, neutralizados em situação
de exploração ilegal de recursos flo-
restais, está a dividir a Procuradoria-
-Geral da República (PGR) e as
entidades governamentais responsá-
veis pelo controlo e fiscalização dos
recursos florestais.
A Agência Nacional de Controlo
de Qualidade Ambiental (AQUA),
uma instituição sob tutela do Mi-
nistério da Terra, Ambiente e De-
senvolvimento Rural (MITADER),
diz que, no quadro da penalização
de entidades suspeitas de delapidar
os recursos florestais, foram instau-
rados e entregues à PGR, para pro-
cedimento criminal, um total de 89
processos, dos quais 45 relacionados
com a “Operação Tronco”.
A “Operação Tronco” é uma ofensiva
desencadeada pelo Governo, através
do Ministério da Terra, Ambiente
e Desenvolvimento Rural (MITA-
DER), em Março passado, visando
a neutralização de operadores flores-
tais em situação ilegal.
No âmbito da operação, terão sido
remetidos ao Ministério Público
sete processos ligados à apreensão
de 1.200 contentores de madeira no
Porto de Nacala, província de Nam-
pula, quando estavam prestes a em-
barcar para China, em Dezembro
passado. Foram também abertos 34
Por Raul Senda
rajadores, na medida em que a situ-
ação está, paulatinamente, a norma-
lizar-se.
Sublinhou que no sector florestal
abundam transgressões relacionadas
ao corte de toros de diâmetro inferior
ao previsto na lei, tentativa de explo-
ração de madeira sem a devida auto-
rização, tentativa de exportação de
produtos florestais com dimensões
acima do estabelecido na legislação,
para além de transporte de produtos
florestais sem a devida autorização.
Segundo Amosse, tendo em conta
a anarquia que reinava na área flo-
restal, o Governo decidiu tomar um
conjunto de acções com vista a res-
truturar o sector, onde se destaca a
interdição da autorização de novos
pedidos de áreas de exploração flo-
restal, interdição de exploração de
madeira em toros e vigas, harmoni-
zação e uniformização dos modelos
de licenciamento florestal e introdu-
ção de dispositivos de segurança, iní-
cio da revisão da legislação florestal,
bem como a suspensão de exploração
florestal por 90 dias para operadores
sem unidades de processamento ope-
racionais.
Sobre os números de processos ques-
tionados pela PGR, Olívia Amosse
disse que vai procurar se inteirar dos
factos junto às províncias onde foram
detectadas as infracções e, em caso de
falhas, prosseguir-se-á com a respec-
tiva correcção.
A directora da AQUA reconheceu
que trabalhar com a PGR, no capítu-
lo concernente a crimes ambientais,
tem sido um desafio enorme para a
sua instituição.
“Durante muito tempo trabalhamos
sem a PGR, a relação com esta insti-
tuição tornou-se mais frequente nos
últimos dois a três anos. Nessa cola-
boração sentimos que há muita coisa
por aprender, sobretudo na vertente
de tramitação processual. Acredi-
tamos que com esta parceria muita
coisa vai melhorar”, explicou.
A delapidação dos recursos
florestais não se limita
apenas ao abate, explora-
ção e exportação indiscri-
minada de madeira, mas também
dos recursos faunísticos.
Esta situação é muito mais frequen-
te nas regiões fronteiriças.
Segundo Bartolomeu Soto, direc-
tor da Administração Nacional das
Áreas de Conservação (ANAC), o
cenário que se vive no sector faunís-
tico é desolador.
De acordo com o dirigente, o país
está a perder recursos financeiros e
a biodiversidade a favor do crime
organizado com ramificações inter-
continentais.Soto referiu que as espécies mais preferidas pelos furtivos são: rino-cerontes, elefantes, leões e macacos.China, Vietnam, Tailândia, Malásia, Indonésia e Índia são os principais destinos dos produtos da fauna reti-rados de Moçambique.O director da ANAC referiu que as principais incidências da caça de rinoceronte para a extracção de cor-nos verificam-se na região do Kru-ger National Park, na vizinha África do Sul, mas têm maior impacto no nosso país, na medida em que parte das pessoas envolvidas neste crime saem de Moçambique.Soto disse que, em 2016, 102 mo-çambicanos foram mortos pela po-lícia sul-africana quando tentavam caçar rinocerontes.Nesta incursão de furtivos, as auto-ridades sul-africanas registaram o abate de 662 animais, enquanto em Moçambique foram mortos apenas cinco animais.
O número reduzido de rinocerontes
abatidos em Moçambique resulta do
facto de esta espécie escassear.
Para além de rinocerontes, o elefan-
te é outra espécie que mais atrai os
furtivos.
Olívia Amosse lamentou
o facto de os infractores
não pagarem as multas
que lhes são aplicadas.
A directora da AQUA referiu que,
de 2015 a 2017, foram aplicadas
2.338 multas, mas apenas foram
pagas 1.123.
Explicou que, numa situação em
que o infractor não paga dentro do
prazo legalmente estabelecido, que
é de 15 dias, a sua instituição ca-
naliza o processo ao juiz das execu-
ções fiscais para efeitos de cobrança
coerciva, tal como defende o De-
creto 12/2002 de 6 de Junho da Lei
10/99 de 7 de Julho.
Porém, esta situação deixou perple-
xa a PGR que referiu que sob pon-
to de vista legal, a única entidade
responsável pela cobrança coerciva
de multas no país é o Tribunal da
Polícia e que em caso de inexis-
tência, deve-se recorrer ao tribunal
comum.
“Não é legal canalizar processos de
multas ao juiz de execuções fiscais. A
cobrança coerciva de multas é da com-
petência do tribunal da polícia ou tri-
bunal comum. Devem verificar muito
bem a legislação”, elucidou a magistra-
da.
Buchili reconheceu que no sector flo-
restal há muita legislação avulsa,
facto que origina divergências en-
tre a mesma.
A magistrada apelou à equipa do
MITADER no sentido de unifor-
mizar e harmonizar a legislação
para que se evite incidentes de in-
terpretação.
de recursos usam intermediários que
aliciam as comunidades de baixa ren-
da nas zonas rurais e estas arriscam as
suas vidas, entram nas zonas de pro-
tecção especial para abater animais
ou devastar florestas em seu redor e
recebem quantias irrisórias que nem
minimizam a sua situação social.
Alguns sectores da justiça não cooperam Beatriz Buchili falou da tramitação
processual no quadro dos crimes
ambientais e disse que este é um ele-
mento fundamental para a investiga-
ção e condenação dos infractores.
Para a magistrada, o pessoal ligado à
fiscalização florestal instaura proces-
sos de forma errada, o que faz com
que, quando chega ao magistrado do
Ministério Público ou Judicial para
efeitos de análise, os infractores são
libertos por insuficiência de elemen-
tos incriminatórios.
Segundo Buchili, é comum ouvir
que um camião transportando ma-
deira em situação ilegal foi apreen-
dido. Contudo, quando se chega ao
julgamento não se apresenta os ins-
trumentos de prova de crime, mor-
mente: a viatura ou armas em caso de
caça furtiva.
Sublinhou que todos os elementos
de prova não podem desaparecer do
processo, porém, a realidade mostra o
contrário e aí o juiz nada pode fazer
se não ilibar o arguido.
“Apelamos aos colegas que, sempre
que fazem uma apreensão, devem
manter todos os elementos de pro-
va, como é o produto apreendido, a
localização dos infractores, em caso
de liberdade condicional, os instru-
mentos usados para o cometimento
de infracção (viaturas e armas) entre
outros elementos até ao desfecho do
processo que se verifica depois da de-
cisão judicial”, elucidou.
Perante esses factos, Emília Fumo
retorquiu referindo que as entidades
florestais nada podem fazer perante
ordens judiciais.
De acordo com Fumo, sempre que
os fiscais florestais apreendem um
produto florestal a ser explorado de
forma ilegal, retêm também os ins-
trumentos do crime.
Contudo, dias depois, vêm ordens
judiciais a mandar libertar os bens
apreendidos, incluindo a viatura que
transporta o produto.
“Digníssima, esta semana, os nos-
sos colegas em Changara, província
de Tete, apreenderam um camião
transportando de forma ilegal uma
espécie de madeira cuja exportação
é proibida por lei. A viatura e a ma-
deira foram retidas no nosso posto
de controlo e o processo conduzido
à procuradoria local para efeitos de
tramitação penal e do nosso lado
aplicamos as devidas multas. Porém,
o tribunal local ordenou a libertação
da viatura. As pessoas ainda não pa-
garam a multa e a viatura era a nossa
garantia. A história reza que sempre
que os infractores conseguem recu-
perar seus bens não pagam multas.
Assim teremos de libertar a viatura”,
porque não podemos desobedecer
ordens do tribunal”, queixou.
Outra situação que preocupa a ins-
pectora do MITADER são os pro-
cedimentos usados pela justiça para
libertar os infractores.
Quase todas as pessoas que são fla-
gradas a praticar crimes ambientais
são restituídas à liberdade sob termo
de identidade e residência e depois
Interpretação descoordenada da legislação
desaparecem.
A inspectora-geral do MITADER
queixou-se também do papel da Po-
lícia de Protecção de Recursos Natu-
rais, assinalando que muitos dos seus
membros não conhecem as suas reais
competências.
“Sentimos que a missão da Polícia de
Protecção dos Recursos Florestais é
conhecida ao nível do topo, na base,
os agentes não têm noção do seu pa-
pel e isso atrapalha as actividades dos
nossos fiscais”, declarou.
Há necessidade, disse, de se explicar
aos agentes da polícia sobre a sua real
missão no terreno.
Beatriz Buchili reconheceu que há
uso abusivo do instituto de termo
de liberdade e residência para soltar
infractores.
Para a magistrada, não se explica que,
por exemplo, um cidadão estrangeiro,
sem residência fixa no país, beneficie
deste direito, sabendo-se que a sua
localização pode ser difícil.
Sobre este capítulo, Buchili criticou
também os seus pares, referindo que
não nota nenhum esforço do Mi-
nistério Público com vista a limitar
o uso excessivo do instituto de li-
berdade do termo de identidade e
residência da parte dos magistrados
judiciais, na medida em que os pro-
curadores podem recorrer da decisão,
mas que não se lembra duma situa-
ção em que houve esse recurso.
Conta Soto que esta situação tinha
maior ocorrência na região norte de
Moçambique, mais concretamente nas
regiões da Reserva do Niassa.
Contudo, nos últimos anos, também se
verificava na Reserva Especial de Mapu-
to, estando a espécie a desaparecer.
Soto contou que, em 1970, o país tinha
cerca de 50 mil elefantes e hoje conta
com menos de 10 mil.
Em 2017, foram abatidos, no território
nacional, 33 elefantes.
Sem meios para contornar o mal, referiu
que a sua instituição está a fazer o que
pode e que, em alguns casos, há sucessos.
Bartolomeu Soto narrou que, em 2016,
no quadro do controlo do comércio
transfronteiriço ilegal de recursos fau-
nísticos, foram detidas 25 pessoas.
Desse número, 10 são moçambicanos,
quatros chineses e 11 vietnamitas, que
depois pagaram caução e fugiram do
país. Foram ainda apreendidas 42 qui-
logramas de cornos de rinoceronte e
1.374.4 quilogramas de marfim.
Bartolomeu Soto também se queixou à
Procuradora-Geral da República, da fal-
ta de meios para combater o crime
bem como do abuso do instituto da
liberdade sob termo de identidade e
residência, para soltar criminosos. A
título de exemplo, referiu que todos
os cidadãos estrangeiros detidos em
conexão com a caça furtiva foram
soltos e fugiram do país.
Por isso, continuou, torna-se difícil
descobrir a génese do tráfico e loca-
lizar os verdadeiros mandantes.
Segundo o director da ANAC, a
instituição conta com apenas 368
fiscais, dos mais de mil necessários.
Deste grupo, cerca de 41% é com-
posto por funcionários inaptos.
Esta situação faz com que cada fis-
cal controle uma área de 315 qui-
lómetros quadrados, muitas vezes
sem meios de locomoção, contra o
padrão internacional, que é de 50
quilómetros quadrados por fiscal.
De recordar que 25% do território
nacional, o equivalente a 95 mil qui-
lómetros quadrados, é constituído
por áreas de conservação.
Mais de 100 moçambicanos mortos na RAS
Beatriz Buchili referiu que a questão
de contrabando de recursos florestais
e faunísticos deve ser vista com ta-
manha cooperação e preparação téc-
nica, na medida em que é praticada
por redes com ramificações interna-
cionais e que movimentam consigo
elevadas somas monetárias.
A PGR diz que, nas investigações
do Ministério Público sobre o bran-
queamento de capitais, é notável o
envolvimento de empresas de explo-
ração madeireira nesta tipologia de
crimes.
rificar que algumas firmas ligadas ao
negócio de madeira estão nestes es-
quemas. Porém, não apontou nomes.
A movimentação de elevadas somas
monetárias no contrabando de recur-
sos florestais e faunísticos foi tam-
bém reconhecida por Emília Fumo,
inspectora-geral do MITADER.
Segundo Fumo, o mais preocupante
é que quem se beneficia desses ga-
nhos é uma minoria, enquanto a es-
magadora maioria dos intervenientes
no processo continua num estado de
pobreza extrema.
Sublinhou que os barões de tráfico
Olívia Amosse
Beatriz Buchili, Procuradora-Geral da República
Bartolomeu Soto
16 Savana 16-06-2017SOCIEDADE
A Eni East Africa S.p.A. (EEA) convida à todas as empre-sas interessadas e experientes a submeterem a sua Manifes-tação de Interesse para Prestação de Serviços de Perfuração em Alto Mar Por Meio de Uma Sonda a serem executados na República de Moçambique com as seguintes caracteris-ticas:
-tima, equipada para ambientes H2S
As empresas interessadas neste convite podem apresentar a sua Manifestação de Interesse para participar do proces-so de concurso para a Prestação de Serviços de Perfuração em Alto Mar Por Meio de Uma Sonda, procedendo com o registro no nosso website indicado abaixo e submetendo a seguinte documentação:
nome da entidade jurídica e da pessoa de contacto para a
--
-
As empresas interessadas podem submeter a sua Manifes-tação de Interesse através do registo da empresa no nosso
--
IMPORTANTE:
SS05BA01 OFFSHORE RIGS – FLOATERS
-tada do seguinte modo: “Drilling Operations Offshore By Drillship” objecto a ser entregue e em conformidade com os documentos acima
-
-
endereço de email:
Sujeito à submissão da Manifestação de Interesse e ao cum-primento com toda a documentação acima indicada, as
-tação acima solicitada e, caso o resultado da avaliação seja
-cedores com vista a considerar a empresa em futuros pro-cessos de concurso relacionados com as actividades em
-
fornecimento do serviço acima exigido serão considerados -
A solicitação de informação e documentação tem como ob-
oportunidade às empresas seleccionadas de fornecer deta-
um convite para concurso e portanto, não representa nem -
celebrar contratos ou acordos com qualquer empresa que
-dos pela empresa não deverão ser considerados como um
-
Manifestação de Interesse serão tratados como estritamen-
-30 de Junho de 2017
na preparação da Manifestação de Interesse serão da total responsabilidade das empresas, as quais não terão direito
-
em Moçambique por mais de um ano devem registrar uma
PEDIDO DE MANIFESTAÇÃO DE INTERESSEPARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PERFURAÇÃO EM ALTO MAR POR MEIO DE UMA SONDA
PARA ENI EAST AFRICA S.p.A. NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
PUBLICIDADE
17Savana 16-06-2017 SOCIEDADEPUBLICIDADE
-
H2S Service
required documentation:
-
-
-
--
-
-
--
-
-pleted as follows: “OFFSHORE RIGS”
-
-
-
-
-
required services will be considered for potential tenders for
-
structure, management, experience, resources and overall ca-
-
-
-
--
--
-
EXPRESSION OF INTERESTFOR DRILLING OPERATIONS OFFSHORE BY DRILLSHIP
18 Savana 16-06-2017OPINIÃO
Registado sob número 007/RRA/DNI/93NUIT: 400109001
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CartoonEDITORIAL
Em muitos países, as pesso-as acusadas de crimes são mantidas em detenção, antes do julgamento. A lei permi-
te esta detenção, geralmente para garantir a presença do arguido no julgamento. O projecto de pesqui-sa conduzido pela Africa Criminal Justice Reform da Universidade de Western Cape, em colaboração com o Centro de Direitos Humanos da UEM, procurou compreender e quantificar a forma como a decisão de deter um arguido afecta os seus direitos sócio-económicos e dos seus familiares. Os locais de reclu-são, seleccionados para o estudo, estão situados nos principais cen-tros urbanos do Quênia (Nairobi), Moçambique (Maputo) e Zâmbia (Lusaka). O projecto descobriu que, embora existam semelhanças signi-ficativas entre os três centros urba-nos, também há tendências particu-lares, no impacto sócio-económico em cada país.Com enfoque na cidade de Maputo, o estudo mostrou que a maioria das famílias é altamente dependente do rendimento e do apoio não monetá-rio, anteriormente gerado pelos pre-ventivos. Entre os homens, mais de dois terços contribuíam para o total do rendimento familiar, enquanto entre as mulheres mais de 40%. O encarceramento contínuo do pre-ventivo, na maioria dos casos, reduz na metade o rendimento da família e coloca uma adicional pressão eco-nómica e social na família, incluindo o custo e o ónus de visita. A maioria dos preventivos tinha filhos e três quartos disseram que os seus filhos tiveram de se mudar e morar com outro parente ou com vizinhos, de-vido à prisão.
A Zâmbia e o Quénia assinaram o Pacto Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais (ICESCR), com o qual os Estados se comprometem a proteger e pro-mover os direitos sócio-económicos, e os três Estados assinaram a Carta Africana dos Direitos dos Homens e dos Povos, que protege o direito ao trabalho, à protecção da família e os direitos à alimentação, à água e ao saneamento. O dever de respeitar esses direitos sociais e económicos implica a obrigação de não interferir injustificadamente com os recursos dos indivíduos; a liberdade de tra-balhar; nem a liberdade de tomar as medidas necessárias e usar recursos para satisfazer as suas necessidades. Por conseguinte, existe um dever no estado de garantir que a prisão pre-ventiva ocorra apenas quando abso-lutamente necessária para respeitar os direitos sócio-económicos.Cerca de 72% dos preventivos es-tavam ganhando dinheiro no mo-mento da sua detenção. As mulhe-res, através do trabalho doméstico (29%), venda de roupas e móveis (23%) e emprego formal (23%). Entre os homens, as actividades de renda mais comuns eram constru-ção (22%), emprego como guar-da (19%), vendedores ambulantes (11%) e motorista (7%). Mais de dois terços dos agregados relataram uma perda do rendimento como resultado da prisão, sendo um terço obrigado a pedir emprestado dinheiro para compensar a perda, enquanto 10% teve de vender um bem.A maioria dos preventivos tinha filhos (92% entre mulheres e 82% entre homens). Três quartos (75%) dos preventivos tinham familiares a
cargo além dos seus próprios filhos e
três quartos das crianças foram afec-
tadas pela prisão. O tipo de cuidados
prestados a crianças não ficou mais
disponível e algumas crianças tive-
ram de se mudar de casa ou parar de
ir à escola.
Cerca de 85% das pessoas em prisão
preventiva foram visitadas regular-
mente, com grandes valores gastos
pelos visitantes em apoiar o preven-
tivo.
Para a maioria (81%), essa foi a
primeira vez em prisão preventiva.
Cerca de 37% dos preventivos eram
ou ficaram doentes durante o perí-
odo num estabelecimento peniten-
ciário. Pouco mais da metade (54%)
disseram que receberam assistência
jurídica. Cerca de 41% (76% dos
que recebem assistência) disseram
que isso ocorreu com o Instituto
do Patrocínio e Assistência Jurídi-
ca. No entanto, a assistência não foi
avaliada como muito positiva.
As ofensas das quais as mulheres
entrevistadas foram acusadas fo-
ram principalmente relacionadas à
fraude ou furto (juntos 46%). Havia
também uma série de ofensas pos-
sivelmente relacionadas a crianças,
incluindo o abandono do bebê, ne-
gligência no cuidado com as crian-
ças e abdução. Os homens preven-
tivos entrevistados foram acusados
de roubo (47%), homicídio (8%) e
furto (11%).
Apenas 20% dos homens preven-
tivos entrevistados tinha registado
um valor de caução (inacessível) de
MT 10 000 (US $ 319) até MT 260
000 (US $ 8240), com uma media-
na de MT 120 000 (US $ 3800). O
valor mais baixo representa mais de
três meses de salário mínimo.
Vidros fumados
A prisão preventiva tem impactos sócio-económicos Por Tina Lorizzo
Em sistemas democráticos, onde o primado da lei regu-
la as relações entre os cidadãos e o Estado, não basta
evocar o bem-estar social comum e a harmonia para
que uma autoridade se outorgue ao direito de decidir
como bem o entender, sobre o que é permitido ou é proibido
de fazer. Nem que tal acto seja ostensivamente para proteger
a própria sociedade.
Nesses sistemas as proibições são impostas por lei, e tudo o
que não for proibido se presume que seja permitido.
É assim que a PRM não pode vir a público, e de ânimo leve
se encontrar no direito de aplicar multas a automobilistas
que circulam com viaturas com vidros fumados, usando
como motivo simplesmente o facto de que existem crimino-
sos que usam viaturas com essas características para cometer
crimes. É preciso que a lei diga expressamente que na Re-
pública de Moçambique é proibido conduzir viaturas com
vidros fumados.
Automobilistas estão a ser prejudicados com a aplicação de
multas que são ilegais, simplesmente porque no seu melhor
juízo, os agentes da Polícia de Trânsito entendem que estão
a circular com viaturas de vidros fumados, o que na sua óp-
tica configura em alteração das características do veículo em
causa.
O facto é que as características de uma determinada viatura
estão inscritas no livrete da mesma, e não há nenhum campo
neste documento onde é preciso especificar a cor dos vidros.
É importante também sublinhar que com a excepção de casos
em que os vidros são claramente alterados de tal forma que
não se consegue ver o interior da viatura, em muitos casos
trata-se de uma película que se coloca no vidro como forma
de proteger os ocupantes da viatura da penetração violenta
da luz solar. Mas isto nunca pode ser construído como uma
alteração substancial das características da viatura. Não é isso
o que se pretende aludir com o número 1 do artigo 118 do
Código de Estrada, que diz taxativamente que “considera-se
transformação de veículo qualquer alteração das suas carac-
terísticas constitutivas ou funcionais”.
Outra verdade é que muitas destas viaturas foram importa-
das nas condições em que se encontram, tendo no seu pro-
cesso de importação sido sujeitas a um minucioso trabalho
de inspecção. Só nestas condições é que depois foram emi-
tidos os respectivos livretes, documentos perfeitamente le-
gais ao abrigo da legislação em vigor. Ademais, estas viaturas
são sujeitas a uma inspecção anual mandatária que visa, para
além de testar o seu estado mecânico, verificar se as suas ca-
racterísticas físicas se conformam com o que está detalhado
no livrete.
A PRM tem o papel de obrigar os cidadãos a respeitar e
cumprir as leis aprovadas pelo órgão legislativo do Estado ou
outros dispositivos legais relevantes. Mas não tem a prerro-
gativa de produzir as suas próprias leis, para as fazer aplicar
sempre que isso bem lhe apetecer. Se não, qualquer dia, em
nome do combate cerrado contra o crime, a polícia venha
também impor a proibição do uso de óculos escuros.
Se a vontade não lhes falta, a polícia tem outras formas de
prevenção contra o crime, sem ter de incomodar cidadãos
cumpridores da lei. Por exemplo, não é vedado à polícia o
poder de, em caso de suspeita, mandar parar qualquer viatura
e verificar o seu interior.
19Savana 16-06-2017 OPINIÃO
532
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A programada visita, de três dias, da Ministra da Justiça portuguesa Fran-cisca Van Dunem a Angola em Fevereiro, bem como as reuniões com os membros do governo angolano e responsáveis do sistema judicial e a sua participação no fórum sobre os serviços de justiça foram repentina-mente cancelados e adiada sine die “a pedido das autoridades angolanas aguardando-se o seu reagendamen-to”, segundo um comunicado das au-toridades portuguesas. Este cancelamento poderá eventual-mente ferir a programada visita do Primeiro-Ministro português, cuida-dosamente preparada pelo chefe da diplomacia portuguesa em Luanda. Nesta problemática não se prevê que as relações Portugal-Angola venham a tornar-se mais transparentes. Os motivos do adiamento não fo-ram especificamente revelados mas é evidente a ligação da acusação de corrupção activa e de branqueamento de capitais pelo processo do DCIAP1 português contra Manuel Vicente, o Vice Presidente de Angola e ex--Presidente da Sonangol, a toda po-derosa empresa petrolífera angolana agora sob a direcção de Isabel dos Santos, mais conhecida por filha do Presidente angolano. Actualmente, MV é o Presidente em exercício de-vido a ausência de JES por motivos de doença.A “Operação Fizz” como foi bapti-zado este inquérito é linear. Quando Manuel Vicente foi nome-ado para o número dois do Governo de Angola, primeiro como ministro de economia, em 31 de Janeiro de 2012, e depois Vice-presidente em Setembro desse ano, terá subornado
o Procurador português que estava a investigá-lo por suspeitas de bran-queamento de capitais. Orlando Figueira, o Procurador do Ministério Público português que in-vestigava o processo é acusado de ter recebido um total de 763 mil euros, entre Dezembro de 2011 e Julho de 2015, para que arquivasse dois pro-cessos crimes que estavam a decorrer sobre Manuel Vicente.Depois de os ter arquivado, em 2012, o magistrado saiu do sistema judi-cial e foi trabalhar para o BCP, de cujo concelho geral e de supervisão Manuel Vicente foi vice-presidente, em representação da petrolífera an-golana, mas Figueira aparece, pouco depois, com a assinatura dum con-trato de trabalho com uma empresa--fantasma da Sonangol, a Primagest, da qual recebe mais de 600 mil euros. Estes factos levaram o DCIAP a acu-sar não só Manuel Vicente e Orlan-do Figueira, mas também mais dois arguidos: Paulo Blanco, advogado de Manuel Vicente e do estado angola-no em Portugal, e Armindo Perpé-tuo Pires o gerente dos interesses de Manuel Vicente em Portugal ao qual tinha sido passada uma procuração com amplos poderes para o repre-sentar. Os quatro vão ter de responder, de acordo com a acusação, em coautoria, por crimes de corrupção qualificada, branqueamento de capitais e falsifi-cação de documento sendo que este último diz respeito ao contrato com a Primagest.Embora a Primagest não fosse uma subsidiária da Sonangol, não apa-recendo nos seus relatórios e contas anuais, as procuradoras Inês Bonino
e Patrícia Barão concluem que se tratava duma mera sociedade veículo (“não dispondo de instalações, traba-lhadores, volume de negócios”) usado pela petrolífera estatal angolana para adquirir acções de outras sociedades e para fazer pagamentos a partir de uma conta em Luanda no Banco Pri-vado Atlântico (BPA) – um Banco também ele controlado pela Sonan-gol e, à época dos factos, pelo próprio Manuel Vicente. O dinheiro passava, depois para o BPA Europa, em Lis-boa, sendo possível contornar a obri-gação de reportar movimentos sus-peitos às autoridades portuguesas2.A PGR angolana, a um pedido das autoridades portuguesas para que MV fosse ouvido, limita-se a infor-mar que MV “tem imunidade” e que a mesma só poderia ser levantada por decisão da Assembleia da República. Posteriormente, o Jornal de Angola, acusa, duma forma infantil, de perse-guição e denegrimento dos dirigentes angolanos por parte da informação portuguesa. Neste caso, face ao pedido enviado pela PGR de Portugal a resposta tem sido ou a “imunidade” ou o silên-cio, quer da parte da Presidência da República, do MPLA , e da própria comunicação social angolana que ro-deia este caso. Se, porém, sob o ponto de vista polí-tico, o actual Governo angolano ten-ta apresentar ainda uma máscara de honestidade – não é só a questão de MV pois há milhões de dólares a ro-lar por essa Europa fora pertencentes ao stablisment angolano – sob o ponto comercial as “jogadas” da Sra. Isabel dos Santos parecem não ter esse pru-rido.
Isabel dos Santos, sempre com o epíteto de a “ filha do Presidente” pa-rece não se importar muito nem com questões políticas nem com questões de honestidade.Considerada a mulher mais rica de África, cuja fortuna foi avaliada pela revista “Forbes” em mais de 3 mil milhões de euros, “tornou-se uma figura relevante em Portugal onde é dona da empresa de telecomunica-ções NOS (a meias com a Sonae), do Banco Bic (antigo BPN) ou da Efacec, além de ser uma acionista de referência em outras empresas como a Galp Energia” 3.E a aproximação com os portugueses não se cifra apenas na compra de par-ticipação nas Empresas de Portugal.A extensa investigação efectuada pelo semanário Expresso4 releva-nos uma verdadeira teia de aranha onde se destaca vários nomes de advoga-dos portugueses com prevalência em dois: Mário Leite da Silva, gestor principal de todos os negócios da em-presária, ocupando 28 cargos em oito companhias em Malta e Jorge Brito Pereira, o seu principal advogado, que surge 12 vezes em órgãos sociais.A intricada teia de empresas que Isa-bel dos Santos detém ou na qual é sócia, apresenta-se como uma extensa e complexa rede de negócios, agora com a sede preponderantemente em Malta, e inclui uma sociedade com a Sodiam, a empresa estatal angolana com exclusividade de comercializa-ção dos diamantes em Angola, indo terminar numa outra empresa con-trolada por uma sociedade na Suíça, a Exem Holding SA, cujo beneficiário é o seu marido Sindika Dokolo!5
E como se toda esta deprimente e chocante situação, para um país que como Angola lutou bravamente pela sua independência, não bastasse, foi lançado, no dia 27 de Maio, o livro de José Reis “Angola o 27 de Maio, memórias de um sobrevivente” onde se recorda os terríveis acon-tecimentos de 27 de Maio de 1977 que sucederam após uma tentativa de golpe, segundo a versão oficial, leva-da a cabo por um grupo chefiado por Nito Alves e que, tendo fracassado,
foi barbaramente reprimida, atin-gindo um total de cerca de 30.000 pessoas entre os executados e desa-parecidos. A brutalidade do regime na repres-são, em particular, da sua polícia polí-tica da altura, a DISA ,foi notória, deixando um rastro de sangue e de mortandade onde as téc-nicas de tortura eram impiedosas e selvagens com recurso frequente às execuções extrajudiciais. Particularmente visado foi o sector feminino, onde a tortura, o espanca-mento e a execução era sempre pre-cedido de violação. Sita Valles, uma das implicadas, esteve presa na for-taleza de São Miguel onde foi selva-ticamente torturada e violada tendo, porém, na altura da sua execução re-cusado a que lhe vendassem os olhos. O seu marido, José Van-Dunem, foi também capturado e executado. O filho do casal, então com três meses de vida, foi recolhido pelos avós e mais tarde entregue aos cuidados da tia Francisca Van-Dunen, actual Mi-nistra portuguesa da Justiça.Depois da sucessão de Agosti-nho Neto e quando José Eduardo dos Santos, o actual Presidente do MPLA e de Angola sobe ao poder , uma carta dos órfãos e das famílias diz abertamente que “a ferida do 27 de Maio de 1977 continua em aber-ta”. Ainda recentemente uma nova petição dirigida a JES, e publicada no SAVANA, reafirma o desejo dos familiares de ver reaberto o processo afim de se encontrar uma solução digna para as “mulheres e homens que, com lealdade à Pátria, procura-ram edificar uma sociedade melhor.”
*colaboração
Um vice atravessado na gargantaPor Leonel de Andrade*
Quanto menor for a es-
colaridade e mais forte
o peso das tradições e
da palavra dos guardi-
ões do pensamento local, mais
forte é a tendência para seguir
o que é proposto ou imposto.
Chefes comunitários, caciques
políticos e curandeiros podem
jogar aí um papel fundamental.
A patronagem, o clientelismo,
a ameça e o medo não podem
ser excluídos da análise dos fac-
tores que influenciam e muitas
vezes determinam o lado votal
escolhido, mesmo a nível urba-
no, onde a gestão dos recursos
de poder é uma arma eficaz
para monitorar e assegurar le-
aldades.
As zonas que foram ou são
epicentros de conflito armado
podem fazer a balança das pre-
ferências inclinar-se para um
dado rumo, em função de leal-
dades castrenses consolidadas,
da memória de sevícias sofri-
das, do registo magnificado de
epopeias heróicas, da produção
de heroísmos de luta, etc.
Eleições e fenómenos
Relações Angola-Portugal
Em 7 de Junho de 2017, o de-
sembargador Ricardo Cardo-
so, do Tribunal da Relação de
Lisboa, tomou uma decisão em
relação à investigação criminal que
corre em Portugal contra Tchizé dos
Santos (NR: Filha do presidente an-
golano, José Eduardo dos Santos) no
âmbito do processo de inquérito n.º
208/13.9. Embora o documento ela-
borado seja extenso, com cerca de 100
páginas, cinco delas são de fundamen-
tal importância, e que merecem uma
leitura atenta.
A importância desta decisão extrava-
sa a investigação a Tchizé, pois pode
representar o fim da impunidade dos
negócios angolanos em Portugal, e a
obrigatoriedade, doravante, de, em
relação a todas as PEP (Pessoas Ex-
postas Politicamente) como Isabel
dos Santos, Tchizé, Kopelipa, Higino
Carneiro e muitos outros, existir um
efectivo escrutínio acerca da origem
do seu dinheiro quando investem em
Portugal.
O Tribunal de Relação de Lisboa
considera que Portugal não pode ser
“porto de abrigo” para “senhores do
crime”, “barões da droga” ou “moder-
nos piratas internacionais do crime
organizado”, equiparando a eventual
circunstância dos oligarcas angolanos
aos tempos de uma lei inglesa de 1662,
a qual oferecia aos antigos piratas que
declarassem renunciar à actividade
corsária um perdão total que, toda-
via, lhes garantia o direito de manter
o produto dos seus saques. Trata-se
efectivamente de uma comparação
duríssima para os actuais senhores de
Angola, assim colocados ao nível dos
piratas do século XVII.
A doutrina expendida é muito simples.
A partir de agora, Portugal arroga-se
o poder de investigar qualquer movi-
mento financeiro dos senhores de An-
gola, mesmo que não exista qualquer
procedimento criminal contra eles no
seu país de origem. Basta a suspeita de
que o dinheiro tenha sido obtido de
forma corrupta ou ilícita em Angola, e
depois introduzido no território por-
tuguês, para que as autoridades por-
tuguesas possam investigar a origem
dos fundos. Repetimos, de modo que
não haja margem para equívocos: para
que Portugal investigue os dinheiros
de Angola, deixou de ser necessário
que exista qualquer caso criminal em
Angola; basta que o dinheiro surja a
circular em Portugal.
É portanto inegável a importância e
o alcance deste acórdão. A partir de
agora, nenhum investimento angola-
no realizado por pessoas com ligações
ao poder, como Isabel dos Santos,
Filomeno dos Santos, Leopoldino
do Nascimento, Kopelipa e tantos
outros políticos-generais angolanos,
está isento de ser investigado pelas
autoridades portuguesas quanto à ori-
gem legal ou ilegal dos seus fundos. Já
não basta uma certificação da procu-
radoria-geral da República de Angola
afirmando que não decorre qualquer
investigação dentro de fronteiras.
De acordo com esta decisão histórica,
Tchizé continuará a ser investigada
pelos mais de dois milhões de euros
que introduziu em Portugal. Contudo,
o mais importante aqui não é tanto o
que vai acontecer ao caso de Tchizé,
mas aquilo que pode acontecer em re-
lação aos outros casos; a todos os casos
que envolvam ou venham a envolver
personalidades angolanas. O patamar
de exigência em relação à transparên-
cia do dinheiro que os membros do
regime angolano aplicam em Portugal
acabou de ser elevado radicalmente, e
a partir de agora a justiça portuguesa
passará a combater estes aspirantes a
novos piratas ingleses do século XVII.
\*makaangola.org
1. O Departamento Central de Investiga-ção e Acção Penal (DCIAP) é a estru-tura do Ministério Público vocacionada para as investigações mais complexas.
2. Expresso de 18/02/173. Expresso de 3/06/174. Expresso de 3/06/175. Ibidem
O caso Tchizé e o Fim da Impunidade Angolana em PortugalPor Rui Verde*
20 Savana 16-06-2017OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
Dentro do “my love” a conversa
desenrolava-se num ambiente de
cordialidade num claro esforço
de equilíbrio entre a forte pres-
são do excesso de bunda acima do cinto
de um homem magro e dos estontean-
tes cheiros entremeados com intervalos
de ar puro. Se se fizesse o exercício de
retirar todos os clientes deixando apenas
dois, obter-se-ia, com certeza, um qua-
dro meio sensual e meio pornográfico, ou
seja, um ponto de interrogação invertido,
cujo nome pode ser Maria ou Mercedes,
seguido por um ponto de exclamação
também invertido, Sadam ou José. Qua-
se a perder a respiração, devido a um so-
lavanco que reforçou os apertos entre os
passageiros, ouviu-se novamente a voz
da dona da referida bunda, a Maria:
- As pessoas não estão a perceber, o pro-
blema não são os Mercedes-Benz que
foram anunciados para aqueles deputa-
Mercedes-Benz no “my love”dos, o problema são os deputados que não
apanharam nada. Até está muito bem assim,
se fosse para distribuir para todos os deputa-
dos, aí sim, seria muito dinheiro nesta altura
de crise. São só uns dezassete Mercedes-
-benz, não é? São poucos, não há motivos
para alarmes quando já se anunciou que o
país está de volta. Dizem que isso nem afecta
o Orçamento do Estado. Epa, as pessoas…
- Minha senhora, eu já pedi para não me
apertar. É muito calor junto ao meu umbigo.
Isso acelera a digestão e pode provocar pro-
blemas incontornáveis de fórum inconfessá-
vel.
- Eu não obriguei o senhor a apanhar “my
love”. Se o Governo, por consenso, não con-
segue pôr aqui transporte público, o proble-
ma não é meu. Deixa-me conversar em paz…
As crises são um momento de oportunidades.
- Minha senhora é deputada? Comprar Mer-
cedes-Benz caros é uma grande oportunida-
de para sairmos da crise, não é verdade?
- Qual é o problema se eu disser que sou de-
putada? Deputada não apanha “my love” para
sentir o que o povo sente? Deputada não
come tseke para activar paladares perdidos?
Deputada não pode concordar com patinhas
para o povo? Qual é o problema de tseke, de
patinhas, de “my love”, de Mercedes-Benz?
Vejam só: enquanto o povo está calado os tais
académicos, agitadores, aparecem… Como
recebem salários baixos não param de mur-
murar!
- Sim, obrigado. Aqui no “my love”… Há
pessoas que já caíram e morreram nesta coisa
aqui. Onde está a dignidade? E a compra de
carteiras, e os problemas de reabilitação de
escolas, hospitais, centros de saúde, estradas
esburacadas, salários atrasados, pagamento
de horas extras? Aí não se coloca a questão
da dignidade, não é?
- Que exagero! Então o senhor não concorda
que os dezassete deputados, pela posição que
ocupam, tenham uma situação protocolar
condigna? Cada um deve lutar pela sua
dignidade. Se nos recusarmos a apanhar
“my love” eles deixam de circular. Se nos
erguermos contra os baixos salários fa-
zendo greves e paralisações as coisas mu-
dam. Só os académicos é que estão por aí
com bocas a disparar no escuro. Parecem
o Papa quando fala dos basquetebolistas
norte americanos que ganham balúrdios
de dinheiro enquanto a pobreza continua
no mundo. Querem ser Papas à força!
O “my love” parou. Todos desceram. Sa-
dam viu Maria a desaparecer entre os
passageiros em direcção a um Ford ranger
que a esperava. O cobrador aproximou-se
dele a rir e disse:
- Mas como é mano? Não sabe que aque-
la senhora é deputada? Este “my love” é
dela. Estava-nos a controlar! Mercedes
para ela não é nada, mano. Quem não
tem Mercedes afinal?
Sou Albertina Pedro Guiloviça, fiz 77 anos no passado mês de Maio, dia 20, um sábado cheio de sol e luz e cor. Já tenho fartas franjas de cabelo branco nas
têmporas e no cimo da fronte. Estas franjas bem que poderiam fazer uma parceria feliz com os meus dentes, que já foram de facto muito brancos, mas agora estão amarelecidos – não tanto pelo tempo, mas pelo vício que cultivo, desde jovem, de entalar uma lâmina de rapé entre a gengiva e o interior do lábio inferior. É um vício que herdei da minha avó materna e sem o qual não posso passar, agora.A minha infância vai longe no tempo, mas lembro-me perfeita e claramente de que a casa paterna se erguia no meio de um imenso círculo de areia cinzento-clara, delimitado por uma fileira de tangerineiras, limoeiros e laranjeiras. Embora de forma vaga, lembro-me de que por estas alturas do ano, ou seja, Maio/Junho, tempo da floração destes citrinos, o odor do ar circundante, principalmente à noite, se tornava agradavelmente adocicado e suave.Do limiar do círculo da minha casa paterna até ao mar ia a distância de apenas um grito bem dado. Era preciso descer uma pequena encosta para se chegar lá. E no palmar que estava entre a areia branca da praia e o capim da encosta situava-se um poço. Era nesse poço que a comunidade a que eu pertencia se supria da água necessária para as suas necessidades. Mais ainda, era à volta desse poço que, às sextas-feiras, as senhoras e as suas filhas faziam a lavagem semanal da roupa que se usava quotidianamente; ou então, nas vésperas das grandes datas, era ali que se faziam as grandes barrelas para passar a limpo as longas capulanas que serviam em muitos lares como lençóis e os cobertores; e, mais lá para frente, era ali se exumava com água salgada a gordura que aderia às peneiras com o uso ou que resultava dos suores decantados nas esteiras.Fiz o percurso da minha casa até ao poço, do poço até ao mar, milhares de vezes com a minha mãe, durante a adolescência e a juventude. Diria que a minha vida decorreu, nesse período, praticamente naquele trajecto e naquele universo. A excepção era feita aos domingos, para ir à missa, e passou a ser mais frequente quando, um pouco mais adulta, entrei para a escola.Embora fosse desaconselhável, eu aventurava-me muitas vezes a ir ao poço sozinha, porque já tinha chegado à conclusão de que quanto mais cedo fosse lá, mais limpa seria a água que eu traria para casa, e
portanto mais própria para o nosso consumo. Uma conclusão a que cheguei de modo empírico, claro. A minha mãe desaconselhava, porque no fundo temia que me acontecesse alguma coisa. De facto, apesar de não serem frequentes estes casos, de tempos em tempos relatavam-se acontecimentos de certo modo sinistros, de violações de mulheres por homens ao longo do percurso para o poço. Mas eu sossegava-a – “Não há-de acontecer nada, mãe.”Isto talvez não funcionasse bem, porque ela não se convencia, uma vez que, para além do vício do rapé, herdei da minha avó materna um certo gosto pela brejeirice e certos hábitos licenciosos – sem exagero, claro. Mas este meu carácter tornava-me, e eu tinha consciência disso, uma companhia agradável para as minhas amigas, tanto à minha ida para o poço como na apanha do caranguejo, um pouco para dentro do mar, ou mesmo para as companhias mais adultas, quando de noite íamos à pesca de camarão, com as capulanas arregaçadas até muito acima dos joelhos, e contávamos histórias de que nos ríamos, e não eram histórias assim tão inocentes.Aos 19 anos fui requestada, lobolaram-me e, para alegria dos meus pais, fui tomada em casamento. Foi uma festa singela, mas muito concorrida, porque na comunidade o casamento era uma festa para a qual não era preciso convite. Mas durante o repasto trocava olhares preocupados com a minha mãe, e nós sabíamos porquê. Mas assim mesmo, com o olhar, tentava transmitir-lhe confiança e serenidade. O que não valeu de nada. Nessa noite de núpcias e perante os factos evidentes, tive de confessar ao meu marido que três anos antes, aos 16, eu tinha sido violada por 3 homens quando, manhã cedo, me dirigia ao poço, e dessa violação tinham ficado marcas evidentes, porque depois de tudo me deixaram estatelada na areia branca. Era um segredo que até aí eu só tinha compartilhado com a minha mãe.Ele reagiu de forma violenta, mas não violência física: uma violência verbal que tive de suportar quase toda a noite em silêncio. A vida tornou-se um inferno cada vez mais difícil de suportar, porque esta violência subia de tom a cada dia que passava, até que naquela manhã peguei na minha mala de noiva, embrulhei o meu vestido de casamento e mais as minhas parcas roupas e tomei o rumo que me levou de volta à minha casa paterna. A minha mãe recebeu-me sem lágrimas nos olhos, sem dramas, e nesse dia começou a longa e verdadeira história da minha vida como mulher adulta.
O Segredo Combates casa a casa, bombardeamentos
aéreos, mais de uma centena de reféns en-
curralados pelos confrontos entre jihadis-
tas e militares, tal era o cenário na devas-
tada cidade de Marawi no último 12 de Junho, dia
em que as Filipinas comemoram a proclamação da
independência.
A maior parte dos 200 mil residentes fugiu da ci-
dade capturada pelos jihadistas a 23 de Maio e o
Presidente Rodrigo Duterte, após proclamar a lei
marcial em Mindanau, a segunda maior região do
arquipélago, confrontava-se com as críticas dos es-
tados vizinhos alarmados com o vigor da violência
islamita.
Ao entrar na terceira semana de combates havia
registo de cerca de 140 jihadistas mortos, seis de-
zenas de baixas militares, pelo menos 30 mortes de
civis, e a ansiedade aumentava ante a incapacidade
de as Forças Armadas porem termo à insurreição.
Em represália por uma tentativa falhada das forças
de segurança para capturar Isnilon Hapilon - che-
fe da organização Abu Sayaf vinculada ao Estado
Islâmico - um bando jihadista local liderado pela
família Maute apoderou-se de Marawi, atacando
os cristãos desta cidade maioritariamente muçul-
mana e representantes da administração.
A virulência da ofensiva, envolvendo jihadistas
sauditas, iemenitas e malaios, entre outras nacio-
nalidades, surpreendeu as autoridades ao menos-
prezarem o bando liderado por dois irmãos que se
radicalizaram no Egipto, Jordânia e Indonésia.
O bando Maute foi responsável por atentados
bombistas em Cagayan de Oro, em 2013, e Davao,
em 2016, e aliou-se, entretanto, a Hapilon que no
ano passado levou Abu Sayaf a jurar obediência ao
califa Abu Al Baghdadi, tendo sido nomeado emir
na Filipinas do Estado Islâmico.
A radicalização jihadista tornou ainda mais letal
Abu Sayaf, organização com um sangrento histo-
rial de raptos, pirataria, bandidismo e atentados
nas Filipinas e Malásia desde o início da déca-
da de 1990 que se mostra agora capaz de atrair
militantes islamitas além dos mares em redor de
Mindanau.
Cerca de 30% dos 22 milhões de habitantes do
Mindanau são sunitas e é longa a tradição de re-
sistência muçulmana no arquipélago à colonização
espanhola e às ocupações norte-americana e japo-
nesa.
O separatismo grassou numa região em que os
clãs muçulmanos, tal como em Palawan, não se re-
conheceram na proclamação independentista em
Manila de líderes católicos como Ambrosio Bau-
tista e Emilio Aguinaldo a 12 de Junho de 1898.
Nas ilhas de tradição muçulmana, muito próximas
dos crentes das vizinhas Malásia e Indonésia, foi
forte a resistência à presença americana após a ca-
pitulação de Madrid na curta guerra de 1898 com
Washington e tumultuosa a relação com as elites
que passaram a governar o arquipélago depois da
retirada dos Estados Unidos e da concessão de in-
dependência em 1946.
“Os 300 anos de convento e 50 de Hollywood”
soam diferentes na região austral do arquipélago.
A partir dos anos 1970 sucessivas revoltas em
Mindanau, Palawan e Sulu justificaram campa-
nhas militares de Manila contra separatistas islâ-
micos e rebeldes comunistas.
Acordos de paz foram celebrados com a Frente
Nacional de Libertação Moro (1996) e a Frente
Islâmica de Libertação Moro (2014), mas arreiga-
dos sistemas de patrocínio e clientelismo obstam
a consensos políticos capazes de promover regiões
tradicionalmente desfavorecidas, apesar da criação
em 1989 da Região Autónoma no Mindanau Mu-
çulmano.
Duterte, antigo presidente da câmara de Davao, a
maior cidade do Mindanau, ainda que favorável à
autonomia muçulmana, tem descurado o combate
ao jihadismo e ignorado redes de financiamento
que se aproveitam de um sistema financeiro atrei-
to à expedita lavagem de capitais de proveniência
dúbia.
Desde a tomada de posse como Presidente em Ju-
nho de 2016 Duterte, fazendo jus à sua fama de
demagogo autocrático, concentrou-se numa “guer-
ra às drogas” mobilizando forças de segurança, mi-
litares e bandos de civis armados com cobertura
oficial.
O balanço da muito popular campanha de execu-
ções sumárias para extirpar as Filipinas de alega-
dos quatro milhões de toxicodependentes salda-se,
segundo dados oficiais, na morte de mais de 7 mil
traficantes e consumidores, agravando o clima de
violência.
Outras violências e ameaças vicejam nas Filipinas
e, por sinal, foi em Manila, em 1994, que Khalid
Sheik Mohammed testou a viabilidade da opera-
ção Bojinka, uma conspiração para fazer explodir
no mesmo dia 12 voos entre os Estados Unidos,
Leste e Sudeste da Ásia.
Só se consumou uma explosão a bordo de um voo
das Philippine Airlines entre Cebu e Tóquio, ma-
tando um passageiro, mas Khalid Sheik Moham-
med tirou as devidas lições para rever o plano de
atentados aéreos.
Depois, Khalid concretizou o ataque a 11 de Se-
tembro de 2001 e são coisas destas que acontecem
quando tudo arde lá longe.
Jornaldenegocios.pt
Quando tudo arde lá longePor João Carlos Barradas
21Savana 16-06-2017 PUBLICIDADE
No dia 24 de setembro de 2017 realizar-se-ão as eleições para a 19.ª Legislatura do Bundestag Alemão.
Cidadãos alemães que residam fora da República Federal da Alemanha e que já não mantenham domicílio no terri-tório federal poderão votar nas eleições se preencherem as demais condições previstas pela legislação eleitoral.A participação nas eleições exige, entre outros requisitos, que os cidadãos
1. após terem completado 14 anos de idade, tenham tido um domicílio ou uma residência habitual durante um mí-nimo de três meses consecutivos na República Federal da Alemanha , e não hajam transcorrido mais de 25 anos desde essa permanência,ou que tenham adquirido, pessoal e diretamente, familiari-dade com a realidade política da República Federal da Ale-manha por outras razões e se vejam afetados pela mesma; e que
2. estejam registados nos cadernos eleitorais da República Federal da Alemanha. Este registo ocorre apenas median-te requerimento. O requerimento deverá ser apresentado utilizando o formulário correspondente e enviado com
brevidade após a publicação deste aviso. Requerimentos que só deem entrada na autoridade municipal competente após o dia 3 de setembro de 2017 não serão tidos em consi-deração (§ 18, número 1 do Regulamento Eleitoral Federal).
Os formulários de requerimento e folhetos informativos estão disponíveis online na página Web do presidente da comissão eleitoral federal (www.bundeswahlleiter.de). Po-derão também ser obtidos junto - às missões diplomáticas e aos consulados de carreira da República Federal da Alemanha,- ao presidente da comissão eleitoral federal (Bundeswahl-leiter), Statistisches Bundesamt, Zweigstelle Bonn, Postfach 17 03 77, 53029 BONN, GERMANY, ou por correio eletróni-co através do formulário de contacto do gabinete do presi-dente da comissão eleitoral federal,- aos presidentes das comissões eleitorais regionais (Kreiswahlleiter) na República Federal da Alemanha.
As embaixadas e os consulados de carreira da República Federal da Alemanha estão à disposição para quaisquer in-formações suplementares.
Maputo, 30.05.2017
Avisoaos cidadãos alemães sobre as eleições para o Bundestag Alemão
ENDEREÇO POSTAL: C.P. 1595, MaputoINTERNET: www.maputo.diplo.deTEL (+ 258) 21 48 27 00FAX (+ 258) 21 49 28 88Horário de expediente ao público:Segunda-Sexta 9.00 – 12.00 h
22 Savana 16-06-2017DESPORTODESPORTO
O dossier “muro do Zim-peto” está longe de ter um final feliz. Depois da promessa do empreitei-
ro português, constituído pelo consórcio Mota-Engil e Soares da Costa, de reparar os danos, o Director do Fundo de Promoção Desportiva (FPD), Arsénio Sar-mento, revelou que tudo não pas-sou de promessa.Em entrevista ao nosso jornal, Sarmento explicou que, das con-versas que tem tido com o consór-cio, este tem resistido a assumir as suas responsabilidades, alegando que o período de garantia já ven-ceu, apesar da Piscina estar numa situação deplorável. Acrescenta que o concurso público lançado, em finais de Maio, visa garantir financiamento para a reabilita-ção da piscina; e que a concessão do Estádio Nacional do Zimpe-to (ENZ) não está descartada, adiantando a possibilidade da venda do seu nickname.Acompanhe os excertos da con-versa:
Há dois meses, o FPD lançou um concurso a concessionar as bi-lheteiras da zona norte do ENZ. Qual é o objectivo do concurso e quais são os resultados? -O concurso tem a ver com aqui-
lo que sentimos que deve ser a
gestão do empreendimento para
a sua sustentabilidade. Fizemos
uma análise, em que concluímos
que podemos prescindir de algu-
mas bilheteiras, tendo em conta
que quem ocupar irá pagar renda e
isso irá contribuir para as despesas
fixas do Estádio. Houve adesão e,
neste momento, a UGEA (Unida-
de Gestora Executora de Aquisi-
ções) está a avaliar as propostas.
Será que foi definido o tipo de ne-gócio a ser desenvolvido pelo con-cessionário, tendo em conta que se trata de um empreendimento desportivo?-Queremos que a actividade de-
senvolvida seja compatível ao
desporto e outros eventos sociais
que têm decorrido neste local. É
um Estádio certificado pela FIFA,
não se pode desenvolver uma ac-
tividade que coloque em causa a
própria inspecção. Há propostas
para a abertura de um salão de ca-
beleireiro, uma agência de viagens,
entre outros serviços.
“ENZ não é elefante branco”A par das bilheteiras, o FPD lan-çou outro concurso para a gestão da Piscina Olímpica. Pode deta-lhá-lo: tipo de gestão; período de concessão; e as competências do gestor?-O concurso é para quem queira
Director do FPD revela resistência do empreiteiro para a reparação da Piscina Olímpica do Zimpeto
“Deve haver responsabilidade de quem edificou a piscina”-Para garantir a segurança dos funcionários e a prática da natação, na piscina de aquecimento, a obra está a ser exe-cutada por outra empresa
Por Abílio Maolela
pôr a sua marca na Piscina Olím-
pica. É de conhecimento público
que aquela infra-estrutura tem
problemas graves e o consórcio
(Mota-Engil e Soares da Costa)
refere que o período de garantia
já venceu, embora a piscina esteja
naquele estado. Tivemos de inter-
ditar o seu uso porque, se tivésse-
mos deixado, teríamos tido mais
problemas. Fizemos três levanta-
mentos técnicos-financeiros para
apurarmos os reais problemas do
empreendimento. O primeiro, que
foi de forma geral, deu 45 milhões
de MT; no segundo, constatamos
que com 20 ou 25 milhões de MT
podemos trazer aquele empreen-
dimento com toda a segurança;
e o terceiro foi para a reabertura
da piscina de aquecimento, que
deu um valor mais baixo (cerca
de cinco milhões). Portanto, será
uma parceria público-privada, em
que a entidade traz-nos uma pro-
posta para a reabilitação da infra-
-estrutura. A gestão será público-
-privada porque não queremos
entregar a um privado e o Estado
se exonerar das suas competências,
que é manter a Piscina para o uso
público. O concurso envolve tam-
bém a mudança do nickname, caso
a entidade queira investir mais. O
período de concessão será nego-
ciado, em função das propostas.
Por exemplo, a área ocupada pelas
bombas está concessionada por
20 anos, com uma taxa de actua-
lização da renda, anual a favor do
FPD. Sairíamos a perder, se im-
puséssemos o período de conces-
são sem sabermos qual é o tipo de
negócio.
Que tipo de negócio o parceiro
terá de desenvolver, de modo a
recuperar o seu investimento, mas
também não colocando em causa
a modalidade?
-Apostamos na marca e publici-
dade. O ENZ está implantado no
Distrito Municipal mais populoso
da Cidade de Maputo (KaMu-
bukwana), num distrito com uma
grande circulação e já recebemos
propostas para a colocação de pla-
cas de publicidade que, por si só, já
constituem um retorno para quem
está a investir.
Retirando os Jogos Africanos, a
Piscina Olímpica nunca acolheu
uma competição continental ou
regional de grande magnitude.
Que garantias se dá ao candidato
de investir num empreendimento
que acolhe poucos eventos des-
portivos?
-É um desafio muito grande que
temos em relação à Piscina Olím-
pica, mas assumimo-lo desde o
momento em que recebemos a
responsabilidade de coordenar as
actividades desportivas. Por exem-
plo, vinha se dizendo que o ENZ
é um elefante branco, mas não é.
Neste momento, estamos a tra-
balhar numa consultoria que está
a dar resultados. No dia em que
abrimos a piscina de treinos (06
de Junho), assinamos memoran-
do com seis novos parceiros, que
irão trazer mais-valia para o Es-
tádio. Os que querem investir nas
marcas sempre nos questionam:
o que acontece, ao ano, aqui? Por
isso, começamos a recensear as ac-
tividades de 2018 para termos um
calendário global, seja da Liga e/
ou da Federação Moçambicana de
Futebol. Queremos ter um calen-
dário do que vai acontecer aqui no
próximo ano e as entidades que
querem colocar as suas marcas já
sabem que eventos irão acontecer
e o número estimado de especta-
dores a olharem para a sua marca.
Portanto, é o que queremos para a
piscina também, apesar de não ter
o mesmo condão do Estádio.
“O consórcio não esteve à altura”Diz estarem a discutir com o con-
sórcio para ver se pode intervir na
reabilitação do empreendimento,
apesar de ter vencido o período
de garantia. Que tipo de conversa
têm tido?
-A nossa tendência é de garantir
que o investimento feito pelo Es-
tado seja reparado. Penso que a
questão do período de garantia é
marginal porque a maior parte das
constatações mostram que no pro-
cesso de construção houve muitas
falhas. Ninguém constrói própria
casa com parede de três metros
sem nenhuma viga e pilares. Por
isso, estamos a transmitir ao con-
sórcio de que aquela construção
foi feita com muitas deficiências.
Não é preciso ser arquitecto ou
engenheiro civil para perceber que
aquilo não foi bem feito. Depois
de termos interditado as piscinas,
nós olhávamos para aquelas pare-
des com muita preocupação por-
que, apesar de termos interditado,
temos o pessoal de segurança, de
limpeza, de manutenção que, dia-
riamente, circula naquele local.
Entedíamos que o trabalho que
era feito pelo consórcio devia ser
célere, como é o caso da remoção
das paredes longas, porém, o con-
sórcio não esteve à altura. Contac-
tamos um novo empreiteiro para
que, no mínimo, removesse aque-
las paredes e está a fazer o traba-
lho. Aliás, o consórcio entendeu
que aquelas paredes não deviam
ser removidas, entretanto, os enge-
nheiros dizem que aquela parede
não traz nenhuma segurança.
Ou seja, apesar do consórcio ter
se comprometido a reparar os da-
nos, não cumpriu...
-Fez parte do trabalho, mas da
forma como vinha agindo, tenta-
mos assegurar que tivéssemos o
processo consolidado na retirada
das fragilidades, porém, nunca
conseguimos com a celeridade
que pretendíamos e havendo con-
dições tivemos de avançar. Esta-
mos a trabalhar com muita pres-
são porque foi muito grave o que
aconteceu naquela piscina, pelo
que deve haver uma responsabili-
dade e responsabilização de quem,
numa infra-estrutura pública,
foi edificar naquela perspectiva.
Quando chove, há infiltração e, a
qualquer momento, podemos ter
incêndio. Aliás, o processo de in-
deminização ainda não está con-
cluído. Gostávamos de ter uma
melhor relação com o consórcio,
gostávamos que tivesse entendido
que houve uma ocorrência, que
levou à perda de vidas humanas.
Mas, insiste que o período de ga-
rantia já venceu.
Podemos dizer que o perigo ainda
está à solta na Piscina Olímpica
do Zimpeto...
-Agimos preventivamente na
perspectiva de retirarmos aquelas
fragilidades iminentes, mas ainda
há trabalho a fazer. O que mais
nos preocupa é fazer as interven-
ções necessárias para termos a Pis-
cina de volta.
Quando é que será reaberta a Pis-
cina, na totalidade?
-A ideia é termos a médio prazo
a piscina aberta, mas não há data
exacta. Dependemos do concur-
so lançado. Caso não haja reação,
teremos de nos reinventar, mas a
verdade é que não teremos um pe-
ríodo longo sem a Piscina a fun-
cionar.
“A gestão do ENZ também passa pela sua concessão”No princípio houve debate em
relação ao modelo de gestão do
ENZ. Neste momento, ainda se
projecta a concessão deste em-
preendimento ou esta hipótese foi
descartada?-Não foi descartada. Houve um estudo de viabilidade económica, que prevê que a gestão sustentável deste Estádio passa também pela sua concessão. Já lançamos um concurso que ficou deserto, mas não desistimos. O concurso das piscinas é um ensaio para aqui-lo que queremos deste complexo desportivo. Podemos adoptar o modelo internacional, como são os casos do FNB, Emirates ou Etihad Stadium.Ou seja, o nickname do Estádio pode alterar...-É um Estádio Nacional, mas se houver proposta de uma entidade privada e dentro dos condiciona-lismos de gestão, vamos avançar. Não estamos a inventar nada, há muitos estádios que levam uma componente nacional e, por ques-tões de gestão, adoptaram este ca-minho. O ENZ gasta, anualmen-te, 54 milhões de MT para a sua manutenção e o FPD foi criado para encontrar soluções financei-ras alternativas ao Orçamento do Estado. Estes projectos surgem após a vi-sita do Presidente da República (PR). Será que o FPD estava à es-pera das críticas para “trabalhar”?-A visita que tivemos do PR foi energizante para todos nós, por-que quando um pai faz as suas constatações, os membros da fa-mília devem olhar para si mesmos para se encorajar e se fortalecer. Mas, as ideias já estavam traçadas.
“A questão do período de garantia é marginal porque a maior parte das constatações mostram que no processo de construção houve
muitas falhas”, Arsénio Sarmento
23Savana 16-06-2017 DESPORTOPUBLICIDADE
Dia 12 de Junho - dia Mundial de Luta Contra o Trabalho InfantilMaputo, 12 de Junho de 2017 - Sob o lema: “
”, celebra-se hoje, 12 de Junho, o dia mundial contra o trabalho infantil. A nível mundial, de crianças estão envolvidas no trabalho infantil. Metade (85 milhões) realizam trabalho perigoso, segundo dados do mais recente relatório publica-do pela Save the Children, intitulado “ Infância Roubada”. A infância deve ser um momento seguro da vida para cres-cer, aprender e brincar. Toda criança merece uma infância de amor, cuidado e protecção para que possa desenvolver seu pleno potencial agora e no futuro. Mas esta não é a experiên-cia de pelo menos um quarto das nossas crianças em todo o mundo. Em Moçambique, resultados do Estudo sobre Trabalho Infan-til em Moçambique (2014-2016) realizado pela UEM em coor-denação com o Ministério do Trabalho, Emprego e Seguran-ça Social mostram que os maiores focos de concentração do trabalho infantil em Moçambique são caça (1,1%), mineração do tipo garimpo (2,2%), comércio formal (2,8%), pesca (5,6%), agricultura (11,2%), casas de pastos (12,4%), trabalho domés-tico (18,5%) e comércio informal (44,4%) e de uma maioria geral, mineração do tipo garimpo (33%), prostituição infan-til (16%) e transporte de carga pesada (11%) e outras formas (17%) - constituem
. As províncias de Maputo, Maputo-cidade, Manica e Tete são as que apresentam as maiores ocorrências de trabalho infantil em Moçambique devido a uma séria de causas que incluem causas (ganhar dinheiro, aju-dar na renda familiar, ambição ou desejo de aquisição de bens materiais individuais, etc.); questões (práti-cas de hábitos e costumes culturais negativos, obrigação das crianças pelos parentes, etc.) associadas à pobreza e baixo nível de escolaridade da população (pais e encarregados de educação das crianças envolvidas no trabalho infantil).Com efeito, Governo e parceiros bilaterais, multi-laterais, Or-ganizações da Sociedade Civil, Agências das Nações Unidas e a media estão na linha da frente para inverter esse cenário que hipoteca o futuro das crianças; e como tal há medidas que vão desde âmbito jurídico-legal e sócio- económicas que têm sido tomadas com vista a garantir a promoção do cum-primento dos direitos da criança, sobretudo combatendo o seu envolvimento nas , que são totalmente prejudiciais à criança, pois oferecem ris-cos à saúde, ao desenvolvimento integral e harmonioso e a moral das crianças. A estabelece no seu artigo 47 (1), que as crianças têm direito à protecção e aos cuidados necessários ao seu bem-estar e no seu artigo 84 (3), proíbe o trabalho compulsivo. O Governo está empenhado em garantir o bem - estar das crianças, razão pela qual, de entre outras acções e medidas políticas, adaptou as seguintes medidas:
às Piores Formas do Trabalho Infantil;
Mínima Para o Trabalho;
combater as Piores Formas do Trabalho Infantil em Mo-çambique; e
Piores Formas do Trabalho Infantil, em 2016.
No nosso país, por razões de natureza sócio-económica e cul-tural, muitas crianças veem-se na contingência de bem cedo ingressarem no mercado de trabalho, tornando-se dessa for-
piores formas.O desenvolvimento de actividades por crianças, como alter-nativa à escola e como forma de aprendizagem e socialização não é mau. Este torna-se mau quando priva o menor do seu direito de ser criança, negando-lhe o acesso `a educação, la-zer, proteção e participação em tudo o que lhe diz respeito, sujeitando-a a longas horas de trabalho e expondo a riscos. Muitas vezes, as Piores Formas de Trabalho Infantil ocorrem em locais que escapam ao controlo das autoridades, como em ambientes informais e/ou domiciliares. Este facto chama a nossa atenção para a necessidade de envolvimento das famí-lias e comunidades onde as crianças estão inseridas para uma acção conjunta que contribua para a mitigação deste mal.Reconhecendo as Piores Formas do Trabalho Infantil como um problema para o qual se deve buscar solução, o Governo com apoio dos seus parceiros de ajuda ao desenvolvimento está a levar a cabo as seguintes actividades:
Formas do Trabalho Infantil; e -
ças, ambas a serem aprovadas ainda no presente ano.
Ao celebrarmos este dia, gostaríamos de fazer um convite
assegurarmos os direitos da criança, protegendo-a contra as Piores Formas do Trabalho Infantil e denunciando tais práti-cas.Combater as Piores Formas do Trabalho Infantil é assegurar o futuro das próximas gerações. Por isso, é imperioso que se invista em crianças para se alcançar os Objectivos de De-senvolvimento Sustentável (ODSs) e assegurar que todas as crianças tenham acesso aos serviços básicos de qualidade, in-cluindo serviços de protecção e protecção social, os governos (incluindo os doadores) necessitam de mobilizar os recursos necessários. É nossa missão assegurar que esses recursos cheguem às crianças excluídas, de acordo com o foco no in-vestimento público em crianças delineado pelo Comité das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança.Assim, pela protecção das nossas crianças, ergamos o cartão vermelho às Piores Formas do Trabalho Infantil .
Todos Juntos Contra as Piores Formas do Trabalho Infantil
________________
24 Savana 16-06-2017CULTURA
A laranja é fruto da laran-
jeira, a maçã é fruto da
macieira, a pera é fruto
da pereira. É assim na
natureza, cada ser origina subs-
tratos à sua imagem. Assim sen-
do, como o Heliodoro Baptista
Jr. não seria filho de Heliodoro
Baptista, um dos grandes nomes
que a literatura moçambicana
teve como seus cultores!
Diz o adágio que «quem aos seus
sai não degenera!», pois, estamos
em presença de um poeta jovem
que para se anunciar publica-
mente saiu de uma forja em que
foi moldado, em que a morte do
seu pai e o amor da mãe se mes-
claram, lançando-o para a arte
de observação de tudo quanto o
rodeava e do vaticínio dos rumos
do seu país. Não que se lhe te-
nha transmitido o dote, geneti-
camente mas, apenas lhe tenham
sido expostos, talvez, até, sem
propósito algum, os instrumen-
tos de que, não deles se alhean-
do, ajudaram-no a desenvolver
o traquejo poético, respondendo
aos seus estímulos, ao seu pró-
prio sentimento por aquilo que o
rodeia. Este livro que Heliodoro
Baptista Jr. nos oferece mostra
que ele não bebeu, meramente,
Detalhes de uma vida de silênciode Heliodoro Baptista jr.
da fonte perene que era e é, ain-
da, o falecido pai, apenas usou,
e sobretudo isso, as ferramentas
que aquele lapidador da palavra
poética lhe deixou como legado,
para, com engenho e arte, lapidar
as suas próprias criações literá-
rias.
Detalhes de uma vida de silêncio
é o anúncio da chegada de uma
voz nova na literatura moçambi-
cana, particularmente na poesia
que marca a essência da alma na-
cional. São sons novos acrescidos
ao diapasão da escala sinfónica
do fazer poético do nosso país,
aos quais não nos podemos furtar,
sob o risco de estarmos a renegar
a força da juventude que hoje se
levanta predisposta a erguer bem
alto a tocha que exibe ao mundo,
a ardência da arte moçambicana,
pura e nobre.
São poemas que não diferem do
nosso linguajar quotidiano, da
nossa interacção coloquial, daí a
sua capacidade extrema de sim-
bolizarem as vivências do povo
moçambicano.
Este poeta canta a alma moçam-
bicana, através das dinâmicas
que ela lhe expõem; através dos
anseios que os sinais do tempo
lhe fazem perceber.
Heliodoro Jr. é, apenas, um con-
dutor da energia que o seu povo
quer que atinja mais longe onde
ele possa ser entendido, querido,
amado e incluso, no espírito da
contemporaneidade, na grande
tarefa da comunhão universal
dos povos.
Heliodoro Jr. é um poeta jovem,
ainda, mas as suas marcas, os sin-
tomas que nos faz perceber a sua
obra, cantam bem alto em nós,
que já auguramos sucessos para
a literatura/poesia moçambicana.
Não pertencendo, ainda, à galeria
dos grandes nomes da literatura
moçambicana, o seu lugar na-
quela grande lápide, estará reser-
vado.
O telefonema que mais me doí!!! Ligaste a dizerque poderias partir, para nunca mais voltar
Partiste sem sequer dizer um adeus
parece que não sabias
que eu
ainda haveria de precisar imenso de ti…
Lembro-me
que no último telefonema que me deste
dizias que poderias partir para só um dia voltar.
Acho que essas foram lindas palavras
proferidas para tentar abrilhantar
o vazio no meu coração.
Abrigo este clandestino ábrego
proveniente das águas do nosso Zambeze.
Escondo-me nesta mareta
suave de Abril
das andorinhas perfeitas.
Ainda tenho gravados comigo
aqueles dias em que
quando saíamos de manhã
só para à tarde voltar
e a mamã Celeste
só à espera
para contigo se zangar
berrar, falar e chatear-se…
Foram ou não foram
momentos marcantes?
Esquecê-los?
Arquivá-los?
ou confiscá-los?
Não
talvez protegê-los
para ao canto mágico do galo
eles se soltarem!!!
*Heliodoro Baptista Jr
A morte do meu pai*
De súbito
desapareces
no absurdo da noite
cibernética.
E toda a magia se apaga,
num inesperado instante.
O vazio alonga-se
como uma asa
no espaço
deixado em branco,
nesta ardósia virtual.
A longa espera
é uma adaga
cravada
no peito do tempo,
presságio antigo
do que estará para vir.
Até que,
a tua imagem,
aberta num sorriso,
finalmente,
se pixiliza no écran.
De súbito, LOL
é sinal de paz
e de esperança...
*Comunicóloga, Política, Poetisa.
Poemas de Ivone Soares*
De SúbitoO
escritor Manuel Alegre venceu a 29ª edição do Prêmio Camões 2017, concedido pela Funda-
ção Biblioteca Nacional. Manuel
Alegre nasceu na cidade portu-
guesa de Águeda, em 1936. No
campo da poesia, começou a ga-
nhar destaque com as coletâne-
as Poemas Livres, datadas entre
1963 e 1965.
Seu reconhecimento foi amplia-
do com a publicação de dois vo-
lumes de poemas: Praça da Can-
ção (1965) e O Canto e as Armas
(1967). Em 1989 Manuel Alegre
estreou na ficção com o livro Jor-
nada de África. O escritor assina
diversas outras obras. No entanto,
foram estas as consideradas pelo
júri de 2017 para condecorá-lo
com o principal prémio da língua
portuguesa.
O Prémio Camões escolhe todo
o ano um escritor lusófono pelo
conjunto de sua obra, que recebe
100 mil euros como prêmio.
O último português a vencer o
Camões havia sido a escritora
Hélia Correa, em 2015. O troféu
contempla anualmente autores da
Comunidade dos Países de Lín-
gua Portuguesa (CPLP). O júri é
Manuel Alegre vence Prémio Camões 2017
composto por representantes do
Brasil, Portugal e de países africa-
nos de língua oficial portuguesa.
O Prémio Camões de Literatura
foi instituído em 1988 com o ob-
jectivo de consagrar um autor de
língua portuguesa que, pelo con-
junto de sua obra, tenha contri-
buído para o enriquecimento do
património literário e cultural da
língua.
O júri foi constituído pelo reitor
Universidade Politécnica, o mo-
çambicano Lourenço do Rosário,
Leyla Perrone-Moisés e José Luís
Jobim, pela parte brasileira, Ma-
ria João Reynaud e Paula Morão,
pela parte portuguesa. Lourenço
do Rosário e José Luíz Tavares
Por Juvenal Bucuane
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
integram o corpo de jurados pela
parte dos Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa (PA-
LOP).
Refira-se que José Craveirinha,
considerado o poeta maior de
Moçambique, tornou-se, em
1991, o primeiro autor africano
galardoado com o Prémio Ca-
mões, o mais importante prémio
literário da língua portuguesa.
A.S
Letra para um hino
Do
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SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1223 DE JUNHO DE 2017
E PORQUE HOJE É 16 DE JUNHO, RECORDAMOS A HOMENAGEM DO RUY GUERRA
16 D
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SUPLEMENTO2 3Savana 16-06-2017Savana 16-06-2017
27Savana 16-06-2017 OPINIÃO
Abdul Sulemane (Texto)
Ilec Vilanculo (Fotos)
O momento nebuloso da liberdade de imprensa que o país
atravessa foi recordado no recente livro intitulado “25 anos
de liberdade de imprensa em Moçambique - história, per-
curso e percalços”, do jornalista Tomás Vieira Mário.
O jornalista aproveitou a ocasião para fazer uma radiografia da
imprensa nacional e um dos momentos que despertou atenção foi
quando Tomás Vieira Mário fez referência ao facto de “a tolerância
política em relação à imprensa ter terminado em 2004. Há inter-
ferência das forças políticas, económicas e o crime organizado nas
redacções e este último aspecto deixa qualquer um com olhos em
bico.
Não é por acaso que Manuel Tomé, administrador não executivo da
HCB, deve estar a indagar a coragem e ousadia que Tomás Vieira
Mário teve em abordar vários cenários marcantes da imprensa na-
cional.
Isto tudo fez e faz reflectir sobre a deontologia jornalística. Os abu-
sos de que são alvo jornalistas e outros actos mencionados deixa-
ram boquiabertos e atónitos o jornalista do grupo Soico, Jeremias
Langa, e o funcionário da embaixada dos EUA, no país, Ângelo
Fernandes. Até os jovens profissionais de comunicação social tive-
ram um momento de reflexão sobre estes e outros aspectos e apro-
veitaram, no intervalo das suas actividades, junto à barreira do cais
de travessia Maputo-Catembe.
Outros aproveitaram para ter uma conversa mais intelectual e
tranquila. É o caso do reverendo Jamisse Taímo e do director do
Instituto Superior de Artes e Cultura (ISARC), Filimone Meigos.
Nesta quarta imagem, o que nos chama atenção é a mudança de vi-
sual dos dois. Estávamos habituados a ver Jamisse Taímo com uma
barba e Filimone Meigos sem ela. As coisas mudam.
A Lei de Probidade Pública continua a ser pontapeada por alguns
gestores públicos do país. Não é porque esses gestores não tenham
conhecimento sobre esta questão. Simplesmente ignoram o assunto
em benefício próprio. Até onde vai a ambição humana.
Entretanto, estes comportamentos já não nos surpreendem. Encar-
ramo-los como situações cómicas. Foi por isso que o Director-geral
do Centro de Integridade Pública (CIP), Adriano Nuvunga, e o
porta-voz da Comissão Nacional de Ética Pública, Alfredo Gami-
to, desataram a rir até perderem o controlo, depois de partilharem
várias informações, confirmando que houve violação por parte de
alguns gestores públicos nos últimos assuntos candentes do país. É
preciso ser ousado.
É preciso ser ousado
IMAGEM DA SEMANA
À HORA DO FECHOwww.savana.co.mz o 1223
Diz-se... Diz-se
O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MI-REME) assinou três con-tratos com o consórcio
liderado pela multinacional norte-
-americana Anadarko e concessio-
nário da Área 1 das reservas de gás
natural da Bacia do Rovuma, dando
um passo importante para a mate-
rialização do projecto em Afungi,
distrito de Palma, província de
Cabo Delgado.
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Governo moçambicano e consórcio da Anadarko assinaram três contratos
Naíta Ussene
Gás da bacia do Rovuma
Em voz baixa
Savana 16-06-2016EVENTOS
1
o 1223
EVENTOS
O Standard Bank ofereceu ao Banco de Sangue do Hospital Central de Ma-puto (HCM) caixas tér-
micas para a conservação daquele
líquido precioso, no âmbito das ce-
lebrações do Dia Mundial do Da-
dor, que se assinala todos os anos a
14 de Junho.
A oferta, que inclui bolas anti-
-stress, usadas para estimular o
fluxo de sangue nas veias durante
o processo de doação, surge tam-
bém na sequência da campanha
de doação de sangue envolvendo
colaboradores do banco, levada a
cabo em Março último, para ajudar
a realização de cirurgias cardíacas
gratuitas a crianças desfavorecidas.
De acordo com Hélia Campos,
directora de Recursos Humanos
do Standard Bank, este gesto tem
como objectivo ajudar o Banco de
Sangue a suprir parte das suas ne-
cessidades, algumas das quais liga-
das à conservação de sangue.
“Durante a campanha de doação
Banco de Sangue recebe caixas térmicasde sangue, envolvendo os nossos
colaboradores, notámos que o Ban-
co de Sangue tinha algumas neces-
sidades, por isso estamos aqui para
oferecer este material. Esperamos
que contribua para a melhoria das
condições de colecta e acondicio-
namento deste líquido precioso”,
explicou Hélia Campos, que enal-
teceu o trabalho dos profissionais
daquela unidade, que tem ajudado
a salvar inúmeras vidas.
Por seu turno, Sandra Oficiano, di-
rectora do Banco de Sangue, referiu
que o material vai ajudar, de certa
forma, a melhorar os serviços pres-
tados por aquela unidade do Hos-
pital Central de Maputo, para além
de facilitar o trabalho das brigadas
móveis.
“É imensurável este gesto do Stan-
dard Bank, tendo em conta as di-
ficuldades por que tem passado o
Banco de Sangue. Tínhamos falta
deste material e o banco dispôs-se
a ajudar, depois de os seus colabo-
radores terem doado sangue”, disse
Sandra Oficiano.
Felisberto Manuel, um “homem das pescas” , é o primeiro presi-dente da Câmara de
Comércio Moçambique-
-Espanha lançada a semana
passada Maputo, com vista
a intensificar as relações
comerciais entre os dois pa-
íses.
Manuel, ligado às admi-
nistrações da “Pescamar” e
da “Ematum”, disse que a
organização era há muito
esperada pelo empresariado
dos dois países.
“Moçambique é um país
jovem com grandes poten-
cialidades e que precisa de
investimentos, quer em ter-
mos de grandes projectos
como também nas Pequenas
e Médias Empresas. Por-
tanto, é dentro destas áreas
que devemos olhar, temos
potencial na agricultura, nas
pescas, na mineração. Pen-
samos que através da câma-
ra iremos fazer a difusão da
realidade e potencialidades
moçambicanas e atrair mui-
tos mais investidores para o
Nova Câmara de Comércio Moçambique-Espanhapaís”, disse Manuel.
“Nós, como Câmara de Comér-
cio iremos ajudar os investidores
nacionais, particularmente na
área de exportação, a introduzi-
rem seus produtos no mercado
espanhol, a identificar as oportu-
nidades em termos de orientação
dos seus produtos para o mercado
espanhol. As empresas já estão a
trabalhar, não há necessidade de
serem criadas muitas áreas no-
vas. Vamos concentrar as acções
no reforço e no incremento das
parceiras e trocas comercias exis-
tentes entre as duas nações”, disse
presidente da câmara.
Segundo apurou o SAVANA
Eventos, há cerca de 20 empre-
sas filiadas nesta primeira fase na
nova Câmara de Comércio.
O embaixador espanhol, Álvaro
Alabart, por seu turno, considera
que a criação da câmara vai re-
forçar ainda mais as relações de
cooperação entre os dois países.
Alabart considera baixo o volume
de transacções entre os dois paí-
ses. “As cifras agora são pequenas,
nós exportamos agora 20 milhões
de dólares e importamos 110 mi-
lhões de dólares de Moçambique.
Estes números nos dão optimis-
mo e muito facilmente iremos ul-
trapassar estes valores. A câmara
irá dar maior dinamismo para
os investimentos e cooperação,
através dela iremos aumentar o
número de empresas espanholas
no mercado moçambicano,” disse
Álvaro Alabart.
A Espanha está envolvida na área
da construção civil e turismo,
mas é sobretudo nas pescas que
a parceria Moçambique-
-Espanha é mais conhecida,
através da empresa de cap-
tura de camarão sedeada na
Beira, a Pescamar.
Savana 16-06-2017EVENTOS2
O embaixador da Tailândia
em Moçambique, Russ
Jalichandra, visitou no
dia oito de Junho último
a Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas, da Universidade Uni-
lúrio, localizada na Ilha de Mo-
çambique, Nampula. A sua visita
foi celebrada com algumas in-
tervenções, desde a oferta de um
conjunto de livros das áreas de
turismo e cultura, a uma palestra
proferida pelo embaixador, sobre
o tema “A Indústria do Turismo
Unilúrio e Embaixada da Tailândia projectam parceriasna Tailândia”.
Na sua intervenção, o dirigen-
te explicou a importância da sua
aparição àquela instituição de
ensino superior, dando uma vi-
são geral sobre a importância do
Turismo como chave para o de-
senvolvimento sócio-económico
de um país. Moçambique e Tai-
lândia partilham o facto de se si-
tuar no oceano índico e de ambos
estarem localizados na parte su-
doeste dos seus continentes, o que
para Jalichandra representa uma
vantagem para o sector do Turis-
mo. Da Tailândia, o embaixador
explicou que o Turismo é um dos
principais sectores de rendimento
e que anualmente recebe cerca de
34 milhões de turistas de todo o
mundo, sendo este um dos maio-
res destinos mundiais.
As áreas mais procuradas são tão
idênticas às que são procuradas
em Moçambique, dentre as quais
a gastronomia, paisagem, sol e
mar, ecoturismo e cultura, sendo
apelidado como a “terra dos sor-
risos” pela hospitalidade de seus
povos, aliás, factor chave do su-
cesso.
Ainda nesta visita, foi revelado o
interesse das partes, Embaixada
da Tailândia e Unilúrio, em fir-
mar parceria e desenvolver pro-
jectos conjuntos. Um dos mais
ambiciosos projectos é a ligação
da Unilúrio com outras universi-
dades e instituições na Tailândia,
no âmbito da partilha de progra-
mas de formação em turismo e
da experiência do projecto “Su-
fficiency Economy Philosophy –
SEP”, de machambas integradas
(divisão de pedaços de terra para
diferentes culturas – cereais, aves,
pisciculas, etc.) que visam o de-
senvolvimento sustentável.
Na sua primeira visita à Ilha de
Moçambique, Jalichandra não
deixou de comentar sobre a bele-
za inquestionável e quase mítica
daquele ponto do país.
Mais de dez obras da autoria do fotógrafo e artista plástico mo-çambicano Mário Ma-
cilau acabam de ser adquiridas por
um grupo de curadores do Museu
de Prompidou (França), um dos
maiores do mundo.
Macilau é, deste modo, um dos
sorteados por esta escolha que vai
colocar, mais uma vez, o seu traba-
lho aos olhos da humanidade num
dos melhores espaços para o efeito.
“Nunca desisti de fazer o que mais
gosto, mesmo aparecendo turbu-
lências durante o caminho, procu-
ro manter os pés assentes ao chão”,
disse Macilau momentos depois
de receber a informação.
Passam aproximadamente três
anos desde que os responsáveis
pela colecção do Museu Prompi-
dou iniciaram uma pesquisa so-
bre o trabalho de Mário Macilau.
Os pesquisadores encontram nas
obras de Macilau uma perspecti-
va firme e promissora de trabalho
com a fotografia e um compro-
misso do artista em salvaguardar a
fotografia como arte e objecto que
produz influências positivas.
“Temos de aceitar erros e falhas.
Se não aceitas falha e fracasso
como uma possibilidade então não
tens como definição metas altas,
lembre que quem não arisca não
petisca? E como diz a sabedoria
antiga, só tem o mel quem passar
pelas abelhas”, acrescentou Mário
Macilau.
O trabalho de Mário Macilau vem
sendo reconhecido internacional-
mente por diversas entidades. Em
2016 Macilau foi escolhido como
um dos vencedores das “100 Lea-
ding Global Thinkers”, já no ano
de 2016, em Washington DC
(2015) ao lado de Akon e outras
figuras, foi seleccionado como pro-
fessor associado da Universidade
de Harvard em Boston e como um
dos panelistas da conferência Bos-
ton Global Forum (BGF). Esta
mesma organização seleccionou o
fotógrafo em 2016 como vencedor
do Prémio de liderança de Micha-
el Dukakis para 2016-2017.
Mário Macilau nos maiores Museus do Mundo
SUPLEMENTO 3Savana 16-06-2017
SUPLEMENTO
Desde que Moçambique se tornou num Estado soberano, em 1975, a
como a base para o desenvol-vimento, mas volvidos 42 anos depois da independência nacio-nal, o país continua a produzir muito abaixo do que consome, chegando a recorrer ao exterior para importar produtos bási-cos como o tomate e a cebola. E
-mente de aumentar a produção e a produtividade, a Agência de Desenvolvimento do Vale do Zambeze, ou simplesmente, Agência do Zambeze, uma ins-tituição estatal, mas com auto-
-tiva, está a levar a cabo, desde 2013, um programa de mecani-zação agrícola naquela região e, 4 anos depois, os resultados, no terreno, são encorajadores e
agrícola é mesmo a via para fazer da agricultura uma ver-dadeira base para o desenvolvi-mento do país.Foi com olhos postos no aumen-to dos índices de produção, pro-dutividade e competitividade, com vista ao aumento da ren-da e redução de importação de produtos agrícolas, que a Agên-cia do Zambeze vem desenvol-vendo, desde 2013, um Progra-ma de Mecanização Agrícola na
coincide com as quatro provín-cias do centro de Moçambique, nomeadamente, Tete, Zam-bézia, Manica e Sofala.De lá para cá, foi criada uma linha de Financiamento para Agro Negócios, denominada Fi-nAgro, para apoiar a cadeia de valor de agro negócios do sector privado nacional, tendo sido já
-sultaram na alocação de 23 trac-tores e respectivas alfaias.No âmbito desta linha, a Agên-cia do Zambeze comparticipa com 70% a fundo perdido, sen-
-ciário contribuir com os restan-tes 30 de modo a completar o valor do investimento.Porque o FinAgro inclui a com-ponente de comercialização,
-ceberam carinhas de 4 a 5 tone-ladas para apoiar na comercia-
Mecanização agrícola com resultados animadores na região
Os ventos que sopram do Vale do Zambeze
lização, bem como sistemas de rega, construção de armazéns e fábricas de processamento de ração.Paralelamente ao FinAgro, a Agência do Zambeze adquiriu, no âmbito da operacionalização da Estratégia de Mecanização Agrícola, tractores que, poste-riormente, alocou a gestores privados, seleccionados por meio de concurso público. São esses gestores que, por sua vez, prestam serviços aos pro-dutores. Em cada operação, o gestor paga 20% à Agencia
numa lavoura cobra 1500 Meti-cais, vai canalizar, à Agencia do Zambeze, 300 meticais corres-pondentes aos 20% da taxa de gestão.Trata-se duma taxa que é paga durante os primeiros cinco anos porque, vencido esse perío-do de amortização, se o valor amortizado corresponder ao valor total do contracto celebra-do, o equipamento reverte-se a favor do gestor.No âmbito desta linha, encon-tram-se já estabelecidos e ope-racionais 44 parques de má-quinas, com um total de 167 tractores e implementos agrí-colas, o que perfaz uma capaci-dade de 20 mil hectares e terra lavrada. No geral, o Programa de Meca-nização Agrícola envolve cerca
entre gestores e operadores e cerca de 10.600 produtores que
-dos pelos Parques de tractores.É um Programa que abarca to-dos os distritos das quatro pro-víncias do Vale do Zambeze, com excepção de Manica, onde cobre cinco distritos, nomeada-mente, Báruè, Guro, Tambara, Vanduzi e o distrito de Manica e, neste momento, a percenta-gem de utilização dos equipa-mentos é de 92%.O coordenar do Programa de Mecanização Agrícola no Vale do Zambeze, Adamuge Cebo-la, refere que o Programa tem
os níveis de produção agrícola naquela região. Fala dos benefí-cios da agricultura mecanizada em detrimento da agricultura de cabo, seja curto ou longo e deu como exemplo o ciclo de produção.“Com a mecanização, pratican-do agricultura irrigada, é pos-sível produzir durante dois ou três ciclos por ano, e colocar ra-pidamnete os produtos no mer-cado” anotou Cebola.Iniciado em 2013, numa fase piloto, o estabelecimento de Parques de Máquinas decorreu até 2015 e, neste momento, o
-presarial.“Quer dizer que não estamos com intenção de continuar a es-tabelecer Parques de Máquinas. Agora o nosso esforço é levar os Parques de Máquinas a se tornarem em empresas de me-canização agrícola que prestem
serviços, através dos gestores que têm recebido treinamentos, de modo a reforçar as capacida-des de gestão e acrescentarem outros serviços aos Parques” explica o coordenador do Pro-grama de Mecanização Agrícola no Vale do Zambeze.Sublinha que “a visão empre-sarial está no sentido de que o gestor deve ser capaz de adicio-nar outros serviços aos Parques de Máquinas para serem autên-ticos centros de prestação de serviços como a disponibiliza-ção de insumos agrícolas e não apenas a preparação dos solos”.O centro de Moçambique, que
o Vale do Zambeze, foi o epicen-tro das confrontações armadas entre as forças governamentais e os homens armados da Re-namo, no quadro da chamada tensão político-militar, situação que afectou o programa de fo-mento agrário na região.“Temos alguns parques, e já agora posso falar do de Nkon-dedzi (Moatize, Tete), que foi, fortemente, afectado, tendo os níveis de produtividade bai-xado” conta Adamuge Cebola, que apontou a deslocação das populações (que são os princi-pais consumidores dos serviços prestados) à busca de segurança como uma das causas.Efectivamente, o Parque de Nkondedzi, prossegue Cebola,
sendo redimensionado, estan-do, neste momento, as máqui-
nas a operam não apenas em Nkondedzi, mas também em Benga e Caphiridzange, para não ter que parar por falta de demanda.O Programa de Mecanização Agrícola no Vale do Zambeze compreende 4 pilares, designa-damente, a gestão operacional, a visão empresarial, sustentabi-lidade e compromisso da taxa de gestão, este último pilar que tem que ver com o cumprimen-to das obrigações por parte dos
-pamentos.No que à assistência técnica diz respeito, por exemplo, todo o
-do destes serviços, mas decor-rem esforços para o seu alarga-mento bem como a implantação de unidades de apoio.Caia, em Sofala, Nicoadala, na Zambézia, Chiúta e Guro, em Tete, são os distritos para aon-de está prevista a instalação das unidades de apoio técnico aos
ano, pelo menos duas unidades, as de Caia e Nicoadala, estejam em processo de conclusão”, pre-vê o coordenador do Programa.E porque a cadeia de valor na produção agrícola inclui vias de acesso para o escoamento da produção, está prevista a reabilitação de estradas em lo-cais, potencialmente, agrícolas, como no planalto de Angónia, não só para estimular a comer-cialização dos produtos agríco-las, mas também a circulação de pessoas e bens.
SUPLEMENTO4 Savana 16-06-2017
Um dos exemplos vivos de como o Programa de Mecanização Agrí-cola tem vindo a im-
pulsionar a actividade no Vale do Zambeze, vem do distrito de Angónia, no extremo nor-deste da província central de Tete. O distrito, que faz fronteira com o vizinho Malawi, está declarado livre de fome. Até porque contas feitas pelas au-toridades locais indicam ha-ver grandes quantidades de excedentes, pelo que, a falta
E um dos agricultores de re-ferência não só em Angónia, mas em toda a província de Tete, é Manuel Palusso.Tem, no total três tractores. Um comprou com seus pró-prios fundos, outro no âmbito da operacionalização da estra-tégia de mecanização agrícola, enquanto o terceiro adquiriu no quadro do FinAgro, tendo para o efeito comparticipado com 300 mil Meticais referen-tes aos 30%.Cultiva, entre outras, alho, fei-jão, repolho, batata e tomate, mas é no milho onde mais se evidencia. São 97 hectares só daquele cereal. Não tem em mente o número de toneladas de milho que colhe por ano, mas fala de 15 camiões cheios. Mas para além dos 97 hectares de milho, este ano lavrou 8 hectares de hortícolas, 3 hecta-res de feijão e 1 hectar de bata-ta. Emprega 15 trabalhadores
os restantes 10 homens. Para além da comunidade no geral, Palusso ajuda ainda a lavrar a terra da associação “susumire” (nome que pro-vém de um rio local) que é composta por 44 membros.“Há muita produção graças ao uso dos tractores. Aqui não há fome” explica Manuel Palusso que, a dado passo, queixa-se de mercado para colocar tanta produção que tira dos seus ex-
Angónia declarado livre de fome
mente, com o trabalho manual ou de tracção animal” comen-ta, acrescentando que mercê da mecanização, aumentou a sua área de cultivo dos an-teriores 15 hectares para os actuais 25, divididos entre o milho, tomate, batata, entre outras culturas de consumo e de renda. Como resultado, conseguiu adquirir animais, carroça e motorizada. O testemunho do Governo distritalE o governo distrital de An-gónia está atento a estes avan-ços. O administrador Paulo Sebastião defende a aposta na agricultura mecanizada por-
num distrito onde 91% da po-pulação vive na base da agri-cultura.“A maquinaria está a trazer impacto muito grande” diz o administrador de Angónia, um distrito que, no âmbito da iniciativa presidencial, tem o milho, feijão e a soja como as três culturas de bandeira.E, como resultado da meca-nização agrícola, Paulo Se-bastião faz saber que, só na cultura de milho, distrito vai colher na presente campanha agrícola, qualquer coisa como 357 mil toneladas, mas Angó-nia, com 8 localidades, precisa de apenas 57 mil toneladas, o que implica um excedente de cerca de 300 mil toneladas que serão postos no mercado. Aliás, com tanta produção, surge um problema chamado mercado. É neste contexto que o governo distrital e a Bolsa de Mercadorias chegaram a um acordo através do qual os
agricultores poderão colocar seus produtos em silos e ar-mazéns, recebendo, na hora da colocação, 75% do valor da comercialização, enquanto os restantes 25% receberão quan-do a Bolsa vender o produto. Paulo Sebastião diz que há pa-íses como Quénia e Ruanda, num total de 4 que, por esta-rem a braços com a fome, irão adquirir as culturas produzi-das em Angónia.Por isso, o administrador apela aos agricultores a não caírem nas malhas dos comer-ciantes que, para o enriqueci-mento fácil, enganam os agri-cultores, comprando-lhes os produtos a preços baixíssimos que não compensam o seu es-forço.Reitera o apelo aos agriculto-res para não aceitarem vender os seus produtos a qualquer preço. Aliás, diz que o Go-verno distrital está atento aos
comerciantes desonestos que tentarem adquirir produtos abaixo dos padronizados pelo Ministério da Indústria e Co-mércio, bem como a viciação de balanças de medição para lesar os agricultores.Garante que medidas duras serão tomadas contra os in-fractores, desde a apreensão dos produtos até à aplicação de multas.Declara tolerância zero tam-bém para o uso da moeda ma-lawiana na compra de produ-tos que, por ser desvalorizada em relação à moeda moçambi-cana, lesa os agricultores que,
o que o administrador cha-mou de migalhas.E para facilitar o escoamento dos produtos, estão em curso acções de reabilitação de es-tradas e pontecas. Este ano, por exemplo, 2 pontes e 1 pon-teca serão concluídos.
tensos campos agrícolas.Diz que, as vezes, vê se obriga-do a recorrer ao vizinho Mala-wi para vender os produtos. De resto, a sua vida tem vindo a mudar graças à prática da agricultura. Tem, por exem-plo, uma frota de viaturas de fazer inveja aos “doutores” e outra gente “urbana” que vê a agricultura como uma activi-dade marginal. Entre viaturas ligeiras, passando por pesa-das como os famosos D4D´s até camionetas de transporte de carga, contabilizam-se em nove os meios circulantes em estado operacional.Onésio Mujacob, um agricul-tor de Mulanguene, é um dos
gestão de Palusso. Conta que com a mecanização, há muitos ganhos. “Com o tractor, o trabalho é
-
Paulo Sebastiao, administrador de AngóniaManuel Palusso, um agricultor de referencia na provincia de Tete e gestor do
Parque de Máquinas de Mulanguene, Angónia
Uma das plantações de milho do agricultor Manuel Palusso, Mulanguene, Angónia
SUPLEMENTO 5Savana 16-06-2017
Na vila sede do distrito de Vanduzi, província de Manica, encontra--se o agricultor Fabião
Miguel que, desde 2015, gere o Parque de Máquinas local. Agora tem 5 hectares, contra o anterior 1 que conseguia lavrar antes de ter os quatro tractores que mudaram a sua vida.Está a lavrar apenas 5 hectares, dos quais 2 de milho (colhe 7 toneladas por hectare), porque está mais virado à componen-te empresarial do negócio, ou seja, usa os tractores mais para fazer dinheiro na lavoura das áreas das comunidades locais. E a procura sobe a cada ano. De cerca de 400 hectares no primei-ro ano, o número de área lavra-da subiu para a casa dos 600 na campanha agrícola 2016-2017.
aos 900.-
mentar as suas áreas, abrindo mais machambas, por isso, os 4
-cientes” relata. E Maria Joaquim é uma das
-quinas de Vanduzi. Conta tam-bém que, desde que aderiu à Mecanização Agrícola, muita coisa melhorou. Para além de aumentar as áreas de cultivo, melhorou a sua vida, graças aos rendimentos que consegue da actividade. Comprou carros, motociclos, construiu casas e consegue custear as despesas
Maria Joaquim é ainda mem-bro de uma associação agrícola composta por 40 elementos que, presentemente, tem lavrados 58 hectares. Sobre o mercado, não tem motivos de queixa. Fora do mercado local e o de Chimoio,
Sinais encorajadores
a capital provincial, Maria con-tou que a sua associação, assim como cada agricultor, indivi-dualmente, têm, acordos com a companhia de Vanduzi, que fomenta o cultivo de certas cul-turas que depois garante a sua aquisição.Garantida segurança alimentarSão melhorias que também não passam despercebidas aos olhos do Governo distrital de Vandu-zi. A directora do Serviço Distri-tal de Actividades Económicas,
-pacto positivo da mecanização agrícola em Vanduzi, indicando que, fora o aumento das áreas de cultivo e a consequente pro-dutividade, o Programa garan-tiu emprego na comunidade. E não é para menos. Na presen-te campanha, Vanduzi poderá colher 305 mil toneladas de cul-turas diversas. Dessa produção,
-te para a comercialização, sen-do que neste momento o Gover-
no distrital diz estar a negociar com parceiros para a aquisição da produção.Marta Regina diz que a segu-rança alimentar está garantida no distrito. E tem um apelo aos agricultores: não comercializem toda a produção. Milho, soja e hortícolas são alguns dos pro-dutos de eleição do distrito.
Marávia, Tete Há dois anos e meio que Cofe Andissene, agricultor do distri-to de Marávia, em Tete, aderiu ao Programa de Mecanização
três tractores.E Andissene fala de ganhos des-de que trocou a enxada de cabo curto pelo tractor. Mesmo sem precisar os números, garante que os níveis de produção subi-ram extraordinariamente. Este ano, lavrou 98 hectares, contra 52 no primeiro ano. Três anos depois, conta que a procura pelos tractores tende a crescer em cada campanha agrí-cola.Milho, gergelim, bata reno e verduras estão na lista das prin-cipais culturas ali produzidas. Na campanha passada, por exemplo, Andissene conseguiu qualquer coisa como 278 sacos (de entre 50 a 60 kg) de gerge-lim.E para além de produção de mais comida, dá emprego a po-pulação local. Com efeito, conta com 40 trabalhadores, 20 dos quais efectivos.Para além das suas próprias áreas, assiste as comunidades não só da localidade de Un-canha, mas também de outras duas localidades daquele dis-
trito localizado a cerca de 270 quilómetros da cidade de Tete e a 200 da Zâmbia. E Taissone Manda é um dos agricultores que usufrui do Par-que de Máquinas de Uncanha, desde a presente campanha agrícola. E, graças ao Programa, já conseguiu lavrar 21 hectares, o que era impensável antes da chegada de tractores naquele distrito da província central de Tete. E o estágio actual das culturas faz de Manda um homem opti-mista em relação aos resultados da presente campanha.
Nhamatanda, SofalaSinais encorajadores também registam-se na província de So-fala, que também faz parte do Vale do Zambeze. Gradualmen-te, a agricultura mecanizada está a ganhar espaço na provín-cia. O distrito de Nhamatanda, por exemplo, tem um centro de serviços com três tractores ca-nalizados através da Agencia do Zambeze. Mas o distrito tem outras 44 máquinas e uma rede de armazéns de conservação geridos por associações locais.Caetano Benedito é director do Serviço Distrital de Actividades Económicas de Nhamatanda. Diz que na campanha agrícola 2016-2017, o distrito já colheu 139 toneladas de produtos di-versos, sobretudo o milho, que é uma das culturas de bandeira de um distrito cuja necessidade de consumo é de apenas 40 mil toneladas de cereais por ano.Mas no global, o distrito plani-
-turas diversas. Os cereais, como o milho, são o forte do distrito.
Uma das plantações de tomate do agricultor Manuel Palusso, Mulanguene, Angónia
Marta Regina, directora do SDAE de Vanduzi
SUPLEMENTO6 Savana 16-06-2017
Nicoadala, ZambéziaZambézia, que totaliza as 4 províncias que integram
para trás nos esforços de meca-nização agrícola.Por exemplo, a Zambézia Agro-
-Pecuária (ZAP) vai já ao tercei-ro ano que presta serviços de lavoura através de um Parque de Máquinas Agrícola situado em Nicoadala. Trata-se de um Parque que re-cebeu, da Agência do Zambeze,
no âmbito da operacionalização da estratégia de mecanização agrícola, um total de 6 tractores, operados por 12 tractoristas que trabalham em turnos, ou seja, 6 no período de manhã e os ou-tros 6 à tarde.
O gerente do Parque, Horácio Lemos, explica que a ZAP é apenas prestador de serviços às populações e anota que a pro-cura tem vindo a crescer de ano para ano porque os agricultores têm se apercebido de que com
quer na redução do tempo de trabalho e no aumento das áre-as de cultivo.Na baixa de Nicoadala produz--se mais a cultura de arroz que até é, localmente, processada.
O Vale do Zambeze abarca os distri-tos de Angónia, Cahora Bassa,
Changara, Chifunde, Chiúta, Mágoe, Marávia, Macanga, Moatize, Mu-tarara, Tsangano, Zum-bo, Marara, Doa e cidade de Tete, na província de Tete; Chinde, Mopeia, Inhassunge, Maganja da Costa, Milange, Mocuba, Morrumbala, Namacurra, Nicoadala, Dere, Luabo, Mocubela, Molumbo e cidade de Quelimane, na província da Zambézia; Caia, Chemba, Cherin-goma, Gorongosa, Ma-ríngue, Marromeu e Mu-
Um vale de fazer inveja na África australanza, na província de Sofala, bem como os distritos de Bárue, Guru, Tambara e Macossa, na província de Manica.Uma das regiões com alto po-tencial de recursos, desde o solo, passando pelo subsolo, o clima, assim como os recursos energéticos, o Vale do Zambe-ze, representa, ao nível da Áfri-ca Austral, a maior reserva de água no sub-continente a maior reserva de energia renovável (é a fonte da energia de Cahora Bassa, que ilumina Moçambi-que e países vizinhos), a maior reserva de carvão de coque, de alta qualidade, para além de ser a região com o maior potencial agrícola, em termos de vastidão de terras e de qualidade, com
-simos e uma biodiversidade pesqueira.É aqui onde a Agência de De-senvolvimento do Vale do Zambeze, ou simplesmente, Agencia do Zambeze, está a implantar uma vasta pauta de serviços, desde a assistência
de desenvolvimento económico e social até à assistência aos Go-vernos locais nas componentes de planeamento e ordenamento territorial e do desenvolvimen-to sócio-económico local, in-cluindo a realização de estudos e desenho de estratégias para o desenvolvimento da região.Órgão estatal, mas com autono-
a Agencia do Zambeze foi cria-da através do decreto23/2010, de 30 de Junho, tendo como missão a promoção do desen-volvimento económico e sus-tentável do Vale do Zambeze, impulsionando o investimento entre as entidades públicas, pri-vadas e sociedade civil. A sua visão é de catalisar opor-tunidades de investimentos pú-blicos ou privados, garantindo o uso e aproveitamento dos re-cursos naturais da Bacia Hidro-
sustentável, contribuindo assim para o rápido desenvolvimento económico e social da região.A Agencia cobre toda a bacia do rio Zambeze, no interior de Moçambique, com uma área
aproximada de 228 mil quilómetros quadrados de superfície e uma popula-ção de cerca de 5 milhões de habitantes, o que repre-senta um quarto da popu-lação de Moçambique.Como entidade facilitado-ra e promotora do desen-volvimento sócio-econó-mico no Vale do Zambeze, a Agencia tem focalizado a sua actuação na expansão e modernização da capa-cidade produtiva, assis-
e prestação de serviços aos agentes económicos, públicos e privados na re-gião.
Adamuge Cebola, coordenador do Programa de Mecanizacao no Vale do Zambeze
Caetano Benedito, director do SDAE de Nhamatanda Horácio Lemos, gerente do Parque de Máquinas de Nicoadala
Fabiao Miguel, produtor e gestor do Parque de Máquinas de Vanduzi
Savana 16-06-2016EVENTOS
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Introdução
O Centro de Estudos e Pesquisa de Comunicação SEKELEKANI vai lançar este mês de Junho uma nova iniciativa, no âmbito do seu programa de Demo-cracia e Governação, denominada Comunidade Ubuntu: Debates Abertos. Trata-se de um ciclo de debates públicos em que, em ambiente de total abertura e informalidade, cidadãos de várias partes do país vão ser convidados a exprimirem as suas opiniões em torno de temas de actualidade, de natureza política, social, económica ou cultural. O objectivo principal da iniciativa é proporcionar espaços e oportunidades a cidadãos nas províncias, para exercerem o seu direito constitucional de participação política, exprimindo os seus pontos de vista sobre assuntos da agenda do desenvolvimento social e económico das suas regiões.Dois conhecidos académicos moçambicanos, nomeadamente os Professores José Castiano e Severino Ngoenha, vão dinamizar este ciclo de Debates Abertos, interagindo com cidadãos de cinco capitais provinciais, através da apresentação de resumos de temas pré-seleccionados, no interesse e perspectiva de cada região.
mais ampla participação do público.Neste sentido, as cinco sessões de Debates Abertos vão ser organizadas, na última Sexta-Feira de cada mês, a partir de Junho, sucessivamente nas Cidades de Pemba, Lichnga, Nampula, Tete e Chimoio, de acordo com o seguinte calendário e temário:
Comunidade Ubuntu: Debates AbertosAnúncio Público
Local Tema Data
Exploração de recursos naturais versus instabilidade social
Na capital provincial de Cabo Delgado, o Debate Público destina-se a levantar e discutir si-tuações prejudiciais às populações locais, resultantes da descoberta e exploração de recursos naturais, em diferentes regiões desta província, tais como a sua transferência dos locais de ori-gem e seu reassentamento em novos locais, implicando a criação de condições de vida digna, como a garantia de meios de subsistência, canalização de água potável, instalação de corrente eléctrica, construção de escolas e centros de saúde, etc. e ainda a necessidade da contratação de empresas locais/nacionais para a prestação de serviços e fornecimento de bens às multina-cionais que operam ou vão operar em megaprojectos como os de exploração do gás na Bacia do rio Rovuma, no Distrito de Palma.
Projecto Pro-Savana: vantagens e desvantagens
Na capital provincial do Niassa, o Debate Público vai girar em torno do projecto pro-savana, um mega empreendimento de agricultura mecanizada, implementado a partir de um acordo de cooperação trilateral entre os governos do Brasil, Japão e Moçambique. O pró-savana pre-tende empoderar os agricultores e camponeses não só locais como também de outras regiões do país. O debate deverá abordar fundamentalmente os procedimentos de ocupação de terra, bem como o (des) respeito pelo direito costumeiro de ocupação das populações nela residen-tes, detentoras dos espaços, no sentido de se saber se ha mais vantagens do que desvantagens para os moçambicanos ou se é o contrário! Serão confrontados os procedimentos do projecto com os ditames da Lei de Terras.
Corredor do Desenvolvimento do Norte: Factor de Desenvolvimento ou de instabilidade social?
O Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN) é um mega projecto ferroportuário que abar-ca a região norte do país. O projecto CDN começa no porto de Nacala na província de Nampula e termina no Niassa, passando por Cabo Delgado. O debate deverá basear-se na questão de se saber até que medida e de forma este projecto constitui, efectivamente, factor de promoção do desenvolvimento das populações, sobretudo, locais ou, se pelo contrário, é factor de insta-
resultantes de reassentamentos e indemnização das populações abrangidas pela execução do projecto?
Reassentamento de populações e danos ao meio ambiente resultantes da exploração de recursos naturais, nomeadamente de carvão mineral
Como é de domínio público, a Província de Tete, nomeadamente os distritos de Moatize e Marara, tem s maior concentração de projectos de exploração de carvão mineral, por parte de diferentes em-
-tagio dos diferentes processos de reassentamento das populações abrangidas e o (in) cumprimento da legislação nacional sobre a gestão do meio ambiente, com impacto sobre a saúde das populações locais. Isto inclui a obrigação de tapamento dos buracos/furos abertos pelas empresas quando da extracção do carvão mineral.
Recursos naturais (madeira e ouro): Como transformá-los em factores de desenvolvimento e riqueza para as populações?
Na capital provincial de Manica o Debate Público vai centrar-se na necessidade de transfor-mar o processo da exploração de dois imporantes recursos da actualidade nesta província, nomeadamente a madeira e o ouro, em factores de desenvolvimento e riqueza para as popula-ções, tendo em conta os graves problemas prevalecentes actualmente em resultado da explo-ração destes recursos. Tratar-se-a de questionar se os moldes actuais de exploração daqueles
-as, incluindo estrangeiros que, de forma ilegal, os exploram? Quais são os ganhos do Estado?
Chimoio
Tete
Nampula
Pemba
Lichinga
27 de Junho
28 de Junho
25 de Agosto
29 de Setembro
27 de Outubro
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