Cordel - No Semiárido: a peleja da agroecologia contra o agronegócio
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01Pela voz do maquinárioEu espalho o meu grito Semeio monocultura Sou vencedor de conflitoDo progresso eu sou o sócio Eu me chamo agronegócio Faço o meu Brasil bonito.
02Com o vento soprando árvores, E o sol que me alumia Planto o roçado ecológicoQue me traz muita energia Cuido da terra com as mãosProduzo alimentação Sou a agroecologia.
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03Te falta sabedoriaÉs a prática de cativoÉs a força do atrasoA preguiça é teu crivoDa ignorância és enlaceNa boa, se tu prestasses, Os índios estavam vivos.
04O nosso povo nativoEstá vivo e resistenteTem força e sabedoriaGuardada na sua menteTira o sustento da terraLitoral, sertão e serraCuidando de sua gente.
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05És um fruto do acaso Te falta planejamentoEu que gero a riquezaTambém desenvolvimentoBato recorde de grãosSou orgulho da naçãoMeu projeto é cem por cento.
06Agronegócio é nojentoDo latifúndio é irmãoProduzindo a transgeniaContamina nosso chãoÉ da pequena agriculturaA produção, a farturaQue alimenta a nação.
07Eu que fiz o CastanhãoBarragem do FigueiredoÁgua para quem produzEsse é o meu enredoTornei açudes perenesSou Dnocs e a Sudene,Digo e não peço segredo.
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08Fiz um milhão de cisternasNo nordeste brasileiroDescentralizei a águaQue era só do fazendeiroPerenizei o sertãoCom agroflorestaçãoNo roçado e no canteiro.
09Eu tenho a força do tremQue rasga a terra e someBarateio a produçãoE mato do povo a fomeSe tem quem acabe pragaQue cura da terra a chagaAgronegócio é o nome.
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10Eu tenho a força da vidaCuido da terra sagradaProduzindo sem venenosSem transgênico na chapadaFaço comida sem medoSaúde é o meu enredoDe pança cheia animada.
11É melhor viver erradoDo que um dia morrer certoA gente usa venenoPra ver o povo libertoChico Mendes já morreuImportante é Kátia AbreuO mundo é do mais esperto
12É melhor viver certinhoSe morrer, mas de alegria.Sem o usar o tal venenoQue da morte se alia Chico Mendes ensinou Povo de vez enxergouA agroecologia!
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13. Agroecologia é um nichoEspecialista em mancadaNão reconhece o progressoTem a visão atrasadaNas obras que a gente fezO povo a primeira vezTeve a carteira assinada.
14.Teve a carteira manchadaAceitou o subempregoPois o progresso que trazesÉ um presente de gregoVocê a terra exploraCom o tempo vai emboraFica o povo a ver morcego.
15.O que eu quero é sossegoPara todo e qualquer patrãoQuanto mais ele for ricoTem emprego pra naçãoPois o pobre é descansadoSó dá pra fazer mandadoSozinho não anda não.
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16.É errada essa visãoE não faz nenhum sentidoO que nós temos de ricoFoi por pobres construídoÉ pobre quem planta amorSalvará o opressorLibertando o oprimido.
17.Fizeram uma cisterna Coisa feia sem valorA bicha é tão pequenaÉ coisa de perdedorNão vale meia patacaForam dar água a uma vacaE a cisterna secou.
18.A quem você enricou,Conto nos dedos da mãoE quem já tem a cisternaJá passa de um milhãoE pra o nosso SemiáridoO bode é apropriadoResiste inverno e verão.
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19.Eu trago a inspiraçãoDo hambúrguer e coca-colaGosto das coisas prontasPra tudo tenho sacolasDetesto mulher que pensaAdoro ver na imprensaAquelas que só rebola.
20.Meu pensamento é limpezaComo ata e graviolaNão faço conta de imprensa Que nosso corpo exploraMulher e homem pensandoOs dois vão se igualando Do sertão a mundo afora.
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21.Pois estou com todo gásPra vossa América LatinaTenho cadeia pra jovensProstíbulos para meninasSe você não aceitarMinha ira enfrentarDesde já é tua sina.
22. Possuo para as meninasA canção e poesiaVamos construindo juntosMuita força e rebeldiaContra a tua depressãoTeu estresse e solidãoEu semeio a alegria.
23.Tudo isso é porcariaImportante é o mercadoDefendo sempre o lucroE redução do estadoContrato os pistoleirosQue é pra eu ganhar dinheiroCada um no seu quadrado.
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24.Pois espere bem deitadoQue de pé vai dar fadigaUnidos nós somos fortesPra enfrentar qualquer brigaEu pratico o Bem ViverNo amor, no bem quererCamponês que nos diga.
25.Você tá querendo é brigaMe insultando desse jeitoUnir pobre é na fábricaOu no trabalho do eito,Ou então no camburão;Pobre em associaçãoEssa coisa eu não aceito.
26.Nós exigimos direitosQue por vocês são negadosPor isso nunca sozinhoMas todos organizadosFaremos Reforma AgráriaE a ordem fundiáriaVai ser coisa do passado.
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27.O povo da zona ruralNão merece ter escolaMandei fechar elas todasPara pobre o que colaÉ apertar parafusoO que tiver sorte eu usoPara ser jogador de bola.
28.Não aceitamos esmolaDesse teu coração duroCairão as tuas cercasTuas grades e teus murosNão restarão nem os gramposSem Educação do CampoO progresso é sem futuro.
29.Você vive em apuroCom o pé no cemitérioPara combater a secaEu tenho todo critérioExperiência e compromissoPois eu já faço issoDesde o tempo do império.
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30.Para mim não é mistérioQue você só atrapalhaQueres ver o nosso povoVivendo só de migalhaDesde Marechal FonsecaQue o seu combate à secaÉ uma política falha.
31.Me despeço de vocêsCom o meu faro de loboTenho minha estratégiaPor que não sou nenhum boboPobre não pode pensar;Deixo a lhes vigiar A Veja e a Rede Globo.
32.Nosso povo não é boboGritamos dias atrásCuidemos dos nossos filhosE da memória dos paisNunca mais a ditaduraAbaixo a monoculturaE o quinze nunca mais.
Manoel Leandro e Erivan Silva
Autores:Manoel Leandro do Nascimento e Erivan Camelo da Silva
Realização:Rede Cáritas Ceará pela Campanha Água Nossa de Cada Dia
Planejamento gráfico: Mandalla Comunicação Projeto gráfico: Sâmila BragaDiagramação e infogravuras: Sâmila Braga e Roger Reurian
Tiragem:1.000 exemplares2015
LICENÇA - Creative COMMONS: